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AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO TEA E A TECNOLOGIA ASSISTIVA AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO TEA E A TECNOLOGIA ASSISTIVA .04 Neste mundo em que o tempo, no sentido de hora, passa tão rápido e com aceleradas transformações, a Tecnologia Assistiva emerge como uma área do conhecimento e de pesquisa que tem se revelado como um importante horizonte de novas possibilidades para a autonomia e inclusão social dos alunos com deficiência. Buscando entender e discutir como “os espaços de interação” têm percebido e vivenciado essas possibilidades em suas práticas e processos, principalmente os relacionados com a Educação Inclusiva, o desenvolvimento de recursos e outros elementos de Tecnologia Assistiva têm propiciado a valorização, integração e inclusão dessas pessoas, promovendo seus direitos. Segundo a Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH, 2009, p. 11): A Tecnologia Assistiva (TA) é fruto da aplicação de avanços tecnológicos em áreas já estabelecidas. É uma disciplina de domínio de profissionais de várias áreas do conhecimento, que interagem para restaurar a função humana. Tecnologia Assistiva diz respeito à pesquisa, fabricação, uso de equipamentos, recursos ou estratégias utilizadas para potencializar as habilidades funcionais das pessoas com deficiência. A TA é utilizada como instrumento de acessibilidade e inclusão, e visa integrar tecnologia e inclusão em uma ferramenta capaz de atender e auxiliar alunos com necessidades educacionais especiais (TENÓRIO et al., 2015). Quando unimos o TA e TEA conseguimos perceber que a personalização só é possível devido aos benefícios tecnológicos, afinal o TEA se caracteriza como um conjunto de fatores específicos que afetam o desenvolvimento de diferentes formas, ocasionando geralmente comprometimento nas áreas de convivência social. Os autistas apresentam padrões restritos de atividades, interesses restritos e comportamentos estereotipados. Com os novos estudos e abordagens em relação ao TEA, somado aos avanços científicos, a forma de compreensão do mesmo tem se modificado, em níveis de eventuais diagnósticos e a inserção de novas formas de tratamento, sendo a psicanálise um dos modelos teóricos e assistência técnica mais influente (GONÇALVES et al., 2017). Organização Ana Clarisse Alencar Barbosa Marcelo Martins Valéria Becher Trentin Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora do EAD Prof.ª Francieli Stano Torres Edição Gráfica e Revisão UNIASSELVI Autoras Luciana Fonfoka Karen Sartori AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO FONTE: As autoras FIGURA 1 – AUTISMO E AS TECNOLOGIAS As possibilidades tecnológicas hoje existentes, as quais disponibilizam diferentes alternativas e concepções pedagógicas, para além de meras ferramentas ou suportes para a realização de determinadas tarefas, se constituem elas mesmas em realidades que configuram novos ambientes de construção e produção de conhecimentos, que geram e ampliam os contornos de uma lógica diferenciada nas relações do homem com os saberes e com os processos de aprendizagem. As transformações na escola tradicional rumo à atualização do seu discurso e das suas práticas, e em direção a um maior diálogo com o que ocorre no mundo e na sociedade hoje, tornam-se condição indispensável para a retomada de relevância do seu papel social e para a construção de uma escola verdadeiramente inclusiva (FILHO, 2009). 4. 1 A T EC N O LO G I A A S S I S T I VA N A M E D I AÇ ÃO DA APRENDIZAGEM DO UNIVERSO AUTISTA A tecnologia é um dos modelos que auxiliam no processo educativo para dar autonomia às crianças com TEA e auxilia no aprendizado delas, por meio de recursos técnicos que contribui no processo de desenvolvimento da linguagem e inclusão das crianças com o transtorno do espectro autista. Esta é uma dessas possibilidades que conseguimos alcançar com o uso tecnologia que auxilia, por exemplo, na comunicação e na interação social. AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO [...] intervenção presente hoje no ensino do aluno com TEA possibilitam a criação de alternativas educativas com adaptação curricular funcional que proporcione a autonomia e o aprendizado destes. Por meio de programas de mudanças na conduta do indivíduo com TEA é provável que se observe melhoras nas manifestações cl ínicas presentes no TEA e favoreça a aprendizagem propriamente dita (SILVIA, 2014, p. 28). O ambiente educacional tende a ser um lugar onde a tecnologia se torna um meio de transformação. A partir da perspectiva da abordagem histórico- cultural de Lev S. Vygotsky temos hoje ambientes organizados como a sala de recurso e a sala de informática, que se tornam os mediadores do processo de aprendizagem da criança com TEA, e a tecnologias assistivas (TA) através do núcleo de tecnologia da universidade auxiliam ainda mais nesse processo que estimulam no desenvolvimento da autonomia do aluno com autismo, pois, o próprio aluno estará à frente do seu desenvolvimento utilizando os recursos tecnológicos como meio de progredir e aprender. Dessa forma, como descreve os autores Bersch e Tonolli (2006), a Tecnologia Assistiva, mesmo ainda sendo um termo recente, é utilizada para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades. Ao trabalhar com a união do TA com as crianças com TEA, faz-se necessário levarmos em consideração os aspectos relativos à construção e compreensão de conteúdos que foram passados tendo que pressupor a necessidade de considerar os diferentes estilos de aprendizagem dos alunos, e consequente necessidade de novos ambientes de aprendizagem que, mediados pelo professor, permeados por diferentes técnicas e métodos, e apoiados em aportes teóricos e recursos tecnológicos, podem constituir-se em instrumentos que atendam os interesses e demandas de estudantes com o transtorno (CÃNDIDO, 2015). As TAs têm como grande objetivo proporcionar ao aluno com TEA um maior desenvolvimento de suas capacidades funcionais e segundo o site “Autismo em Dia” (2020, p. 2), existem níveis de tecnologia assistiva: As tecnologias assistivas nem sempre têm a ver, por exemplo, com telas e softwares. Às vezes elas se encontram no formato de ajustes de coisas do dia a dia. Por isso, elas se dividem em ferramentas de baixa, média e alta tecnologia. Baixa tecnologia As ferramentas de baixa tecnologia são aquelas que não precisam de bateria ou eletricidade para funcionar. Por exemplo, numa sala adaptada para alunos com TEA, é possível ver exemplos como: empunhadura de lápis, quadros inclinados, programações visuais, uso de ícones, etc. ² Média tecnologia Essas já exigem um pouco mais de conhecimento para utilizar, pois podem depender de energia ou até mesmo aprendizado. Aqui se encontram dispositivos sonoros, audiolivros, projetores, etc. AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO Alta tecnologia Precisam de mais treinamento, pois são muito especializados e personalizados de acordo com cada necessidade individual. Programas de computador e dispositivos móveis e cadeiras de rodas motorizadas são apenas alguns exemplos. Assim, o TA não está apenas alicerçado ao equipamento em si tecnológico, como mostra o site Autismo em Dia (2020, p. 6): “a empresa Don Johnston, uma gigante dos Estados Unidos em tecnologias de aprendizado, tem desenvolvido suportes para que autistas possam se envolver com a escrita, mesmo que eles não consigam segurar um lápis ou soletrar palavras”. Exemplos de tecnologia assistiva para a escrita incluem: • Digitação por voz. • Papel adaptado. • Punhos para lápis. • Previsão de palavras. • Bancos de palavras e frases. • Ferramentas de mapeamento mental. • Organizadores gráficos. • Apresentação digital multissensorial. Segundo Lanza (2020, p. 4), o aprendera ler e escrever é um ato de comunicação que para muitos pode ser fácil e simples, mas para o autista não. Ler é, de fato, uma tarefa que mistura várias habilidades. É preciso segurar o livro ou qualquer objeto onde esteja sendo feita a leitura. Também observar de modo visual o texto e as imagens. O aluno também precisa ler e compreender o que é lido. Para esses alunos, as tecnologias assistivas envolvem: • Mesa inclinada para sustentar o livro. • Programas que leem o texto em voz alta. • Audiolivros. • Janelas de leituras simplificadas, a fim de tirar as distrações. Segundo o site Assistiva.com (2018, p. 4), existem formas de tecnologia assistiva que podem ajudar os autistas no seu desenvolvimento, as quais são: • Aquelas que auxiliam na vida diária, em tarefas como comer, se vestir, tomar banho, entre outros. Não se esqueça, contudo, que os autistas vão crescer e se tornar adultos que, em algum momento, talvez não tenham mais a ajuda dos pais. • Recursos de comunicação aumentativa. Estes podem ou não ser digitais e, em geral, ajudam autistas que não têm uma comunicação funcional a expressarem, portanto, o que querem e o que sentem. Temos uma matéria sobre isso, é só clicar aqui. https://www.autismoemdia.com.br/blog/o-que-significa-pecs-entenda-a-comunicacao-alternativa-para-autistas/ https://www.autismoemdia.com.br/blog/o-que-significa-pecs-entenda-a-comunicacao-alternativa-para-autistas/ AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO • Recursos digitais de acessibilidade. Quando falamos de acessibilidade, não é só para pessoas cegas ou deficientes físicos. Autistas de grau mais grave têm, muitas vezes, dificuldades motoras. E eles podem precisar, por exemplo, de teclados adaptados ou mesmo softwares que atendam outras necessidades. As diversas áreas do conhecimento são beneficiadas com o uso das TA quando sabemos onde queremos chegar, ou seja, quando a ação é feita de forma planejada e conjunta com a família e demais atores das intervenções. Uma das alternativas é apresentada no site Autismo em Dia, na reportagem do dia 18 de maio de 2020, que traz o Picture Exchange Communication System (PECS) como forma de interação com o autista. É importante entender que o PECS é uma marca registrada e já é vendido e aplicado em vários países, e tanto pode ser feito em casa como também na escola. Além disso, é perfeitamente adaptável à realidade de cada criança ou adolescente com quem seja preciso utilizá-lo. Parece algo simples, mas foi pensado a partir de vários estudos que demonstraram que o método pode ser bastante eficaz como forma de comunicação alternativa. Por ser um método cuja principal matéria-prima é a imagem, ele é aplicado, principalmente – mas não exclusivamente –, em autistas não verbais, que são aqueles que não desenvolvem a capacidade de utilizar os códigos linguísticos – muitas vezes, nem mesmo fazem gestos para compensar as inconsistências da fala (AUTISMO EM DIA, 2020, p. 1). FONTE: <www.autismoemdia.com.br/bblog/o-que-significa-pecs-entenda-a- comunicacao-alternativa-para-autistas/>. Acesso em: 28 mar. 2021. FIGURA 2 – USO DO PECS Para que o PECS seja eficaz é preciso entender que existem seis etapas, segundo o Autismo em Dia (2020, p. 2): AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO 1 – Comunicando: o adulto entrega à criança uma única figura com algo que ele pode querer ou precisar no dia a dia, como um brinquedo, alguma comida, etc. A criança deve ser estimulada a entregar o cartão toda vez que ela precisar daquela coisa. 2 – Persistindo e distanciando: Ainda utilizando a mesma figurinha, a criança é estimulada a usar para outras situações e com outras pessoas e locais. A ideia é deixar o significado daquela figura um pouco mais generalizado. 3 – Diferenciando as imagens: a partir desta fase, o adulto deve apresentar duas ou mais imagens à criança, impulsionando-a a fazer escolhas a partir de suas preferências. No sistema PECS, essas figuras armazenadas numa pasta personalizada que será utilizada na próxima fase. 4 – Estruturando as sentenças: Agora, usando o mecanismo da pasta, as escolhas da criança serão formadas por frases maiores. Por exemplo: a criança utiliza a figura que representa a frase “eu quero” junto da que condiz com o que ela quer. 5 – Gerando atributos e expandindo a linguagem: agora, a criança começa a adicionar às suas frases adjetivos, verbos e preposições. Dessa forma, cria-se uma profundidade e deixa o indivíduo mais familiarizado com a linguagem. 6 – Comentando: na última fase, a criança é estimulada a comentar suas escolhas, respondendo a perguntas como “o que você está sentindo?”, “o que é esta coisa?”, etc. Seguindo a lógica do que aprendeu nas fases anteriores, as respostas devem começar com frases como “isto é…”, “eu vejo…”, “eu sinto…”. Essas etapas são válidas para o uso tanto com recursos das tecnologias ou não, mas precisam ser planejadas para que o método possa de fato auxiliar no desenvolvimento do autista. Dica de site contendo diversas atividades e sugestões. Clique na imagem! FONTE: <https://twitter.com/autismparentmag>. Acesso em: 29 jun. 2021. 4.2 O USO E A CATEGORIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS PARA OS ALUNOS COM TEA Trabalhar com o uso das tecnologias e seus recursos é entendermos que não somos iguais e que é necessário aprendermos mais sobre as potencialidades das tecnologias assistivas. Vamos assistir um vídeo para auxiliar? Clique na imagem. AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO Com base no vídeo podemos compreender: FONTE: Adaptado de Prietch (2018) No vídeo, percebemos que, pela fala da Doutora Prietch (2018), as Tecnologias Assistivas são para todos os indivíduos que apresentam algo que necessita de um olhar mais personalizado. Com o uso podemos unir diversos recursos e estratégias que possam buscar o protagonismo e a autonomia do autista ou de qualquer outra doença, transtorno ou dificuldade. Segundo a pesquisadora Rita Bersch, no site Autismo em Dia, a classificação que segue foi escrita originalmente em 1998 por José Tonolli e Rita Bersch e sua última atualização é de 2017. Ela tem uma finalidade didática AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO e em cada tópico considera a existência de recursos e serviços. Esta proposta de classificação foi desenhada com base nas diretrizes gerais da American with Disabilities Act (ADA), em outras classificações utilizadas em bancos de dados de TA e, especialmente, a partir da formação dos autores no Programa de Certificação em Aplicações da Tecnologia Assistiva (ATACP) da California State University Northridge, College of Extended Learning and Center on Disabilities. Bersch (2017, p. 2) explica: A importância das classificações no âmbito da tecnologia assistiva se dá pela promoção da organização desta área de conhecimento e servirá ao estudo, pesquisa, desenvolvimento, promoção de políticas públicas, organização de serviços, catalogação e formação de banco de dados para identificação dos recursos mais apropriados ao atendimento de uma necessidade funcional do usuário final. Ao abordarmos essa categorização vamos pensar no aluno com TEA e, seguindo a pesquisa de Bersch (2017, p. 2), teremos: Auxílios para a vida diária: nesta categoria estão materiais e produtos que têm como objetivo possibilitar a execução, com autonomia, de tarefas diárias – como alimentação, higiene pessoal, manutenção dos ambientes em que se vive etc. – por pessoas com deficiência. CAA (CSA) – Comunicação aumentativa (suplementar) e alternativa: os recursos de comunicação alternativa ou suplementar são dispositivos que possibilitam ou facilitam os processos comunicativos para pessoas com dificuldades de fala. São exemplos de dispositivos utilizados com essa finalidade, as pranchas de comunicação – com os sistemas de pictogramas, como o PCS e o Bliss –, os vocalizadores,e os softwares que desempenham as funções de um vocalizador. Recursos de acessibilidade ao computador: são recursos de acessibilidade ao computador, como equipamentos e softwares, que facultam a pessoas com deficiência o uso desse dispositivo com autonomia. Estão nessa categoria equipamentos, ou sistemas de processamento de dados, de entrada e saída de informações alternativos; como teclados modificados, acionadores de mouse, aplicativos de varredura de tela e reconhecimento de movimentos, ou voz, como comando, os leitores de tela braile ou com sintetização de voz, entre outros. Por que devemos levar em consideração essa categorização? Não é apenas um recurso ou um trabalho com ótimos recursos tecnológicos. Bersch (2013, p. 2) explica: O acesso à internet coloca facilmente a nossa vista uma série de alternativa de recursos que prometem auxiliar as pessoas com deficiência no desempenho de ações pretendidas. Muitas vezes temos a tendência de direcionar a nossa “busca” por “grupo de recursos” para grupos de pessoas com uma “determinada deficiência”: recursos para cegos, recursos para surdos, recursos para pessoas com deficiência física, recursos para pessoas com deficiência intelectual, recursos para autistas etc. Este ponto de vista não considera que as pessoas com deficiência são diferentes entre si, vivem em contextos diferentes e http://www.ada.gov/pubs/ada.htm AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO enfrentam problemas únicos de participação e desempenho de tarefas, nos lugares onde vivem. Buscando conhecer e comprar a TA desta forma, teremos uma forte tendência ao fracasso, ao desperdício financeiro e finalmente ao abandono do recurso. Assista ao vídeo que mostra várias alternativas em como trabalhar com TA de forma geral com todos os indivíduos com deficiências para a busca da autonomia. Ao olharmos o vídeo poderemos achar diversas estratégias para o aluno inclusive com TEA. FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=K0ahTIt6wBE>. Acesso em: 29 jun. 2021. FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=eDbsZkTS9Fw>. Acesso em: 29 jun. 2021. E, quando falamos em TEA e comunicação com a ajuda do TA, temos um leque de possibilidade como mostra o próximo vídeo: Tecnologias Assistivas/ Comunicação e TEA. AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO SUGESTÕES DE VÍDEOS: Sugestões de Vídeos (Para assistir clique na imagem) 4.3 COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E SUPLEMENTAR OU COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AMPLIADA/AUMENTATIVA (CAA) Para trabalharmos com TEA e a sua comunicação é preciso entender o que significam determinadas palavras. Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), segundo a American Speech-Language-HearingAssociation (ASHA), destina-se a compensar e facil itar, permanentemente ou não, prejuízos e incapacidades dos sujeitos com graves distúrbios da compreensão e da comunicação expressiva (gestual, falada e/ou escrita). É uma área da prática clínica, educacional e de pesquisa e, acima de tudo, um conjunto de procedimentos e processos que visam maximizar a comunicação, complementando ou substituindo a fala e/ou a escrita. 4.3.1 As Tecnologias e a Comunicação Alternativa e Ampliada/ Aumentativa (CAA) Falar em comunicação, tecnologia e autismo é falar em CAA (comunicação alternativa e ampliada). Já sabemos que o grande desafio para desenvolver um autista está associado a sua interação social, consequentemente a sua comunicação, e é aqui que vamos unir essas três áreas com a ajuda do TA. A área da tecnologia assistiva que se destina especificamente à ampliação de habilidades de comunicação é denominada de Comunicação Alternativa (CA) . A comunicação alternativa destina-se a pessoas sem fala ou sem escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade de falar e/ou escrever (BERSCH, 2017, p. 1). Ainda, trazendo mais da pesquisa de Bersch (2017), a CA pode acontecer sem auxílios externos e, nesse caso, ela valoriza a expressão do sujeito, a partir de outros canais de comunicação diferentes da fala: gestos, sons, expressões faciais e corporais podem ser utilizados e identificados socialmente para manifestar desejos, necessidades, opiniões, posicionamentos, tais como: sim, não, olá, tchau, banheiro, estou bem, sinto dor, quero (determinada coisa para a qual estou apontando), estou com fome e outros conteúdos de comunicação necessários no cotidiano. AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO Com o objetivo de ampliar ainda mais o repertório comunicativo que envolve habilidades de expressão e compreensão, são organizados e construídos auxílios externos como cartões de comunicação, pranchas de comunicação, pranchas alfabéticas e de palavras, vocalizadores ou o próprio computador que, por meio de software específico, pode tornar-se uma ferramenta poderosa de voz e comunicação. Os recursos de comunicação de cada pessoa são construídos de forma totalmente personalizada e levam em consideração várias características que atendem às necessidades deste usuário (BERSCH, 2017, p. 1). Segundo Glennen (1997), a Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA) é uma subárea da Tecnologia Assistiva e envolve o uso de sistemas e recursos alternativos que oferecem aos indivíduos sem fala funcional possibilidades para se comunicar. Tais mecanismos são elaborados através de sinais ou símbolos pictográficos, ideográficos e arbitrários, a fim de substituir ou suplementar a fala humana, com outras formas de comunicação. O uso da Comunicação Alternativa e Ampliada para estabelecer a comunicação de pessoas com TEA com ausência ou dificuldades na fala tem mostrado resultados positivos, com histórico de sucesso no seu uso, na medida em que as pesquisas vêm apresentando resultados positivos com significativa melhora no desenvolvimento da comunicação e da linguagem. Buscando exemplificar, Bersch (2017), nos dá alguns exemplos: AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO FONTE: <https://www.assistiva.com.br/ca.html>. Acesso em: 29 jun. 2021. Esses são alguns exemplos sem o uso da tecnologia utilizando os PECs, que é trabalhar através de imagens para a confecção de recursos de comunicação alternativa, como cartões de comunicação e pranchas de comunicação que são utilizados os sistemas de símbolos gráficos, que são uma coleção de imagens gráficas que apresentam características comuns entre si e foram criados para responder a diferentes exigências ou necessidades dos usuários. Existem diferentes sistemas simbólicos, sendo os mais importantes: PCS, Blissymbols, Rebus, PIC e Picsyms. Na pesquisa realizada por Bersch (2017), ele relata que no Brasil o PCS foi traduzido como Símbolos de Comunicação Pictórica. O sistema PCS possui como características: desenhos simples e claros, fácil reconhecimento, adequados para usuários de qualquer idade, facilmente combináveis com outras figuras e fotos para a criação de recursos de comunicação individualizados. São extremamente úteis para criação de atividades educacionais. AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO Conheça a International Society for Augmentative and Alternative Communication (ISAAC), associação mundialmente conceituada e respeitada no campo da Comunicação Alternativa, que publica há anos o AAC Journal que apresenta importantes pesquisas sobre comunicação alternativa e muitas delas apresentam trabalhos sobre os três sistemas simbólicos mais difundidos em todo o mundo: o PCS, o Blissymbols e o Rebus. Da mesma forma, a American Speech-Language-HearingAssociation (ASHA) possui uma extensa relação de pesquisas envolvendo o sistema de símbolos PCS. Clique na imagem 4.4 SISTEMA DE COMUNICAÇÃO PECS Para ensinar comunicação, precisamos entendê-la melhor: o que é comunicação? É um comportamento (atividade) que exige duas pessoas. Uma pessoa identificada como “falante” (que entrega a mensagem)e a outra como “ouvinte” (que recebe esta mensagem e responde adequadamente). O método de comunicação mais difundido e usado com alunos com TEA é o PECS. Com o auxílio das tecnologias eles foram parar nas telas e auxiliam no processo de desenvolvimento do autista. O PECS – Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (Picture Exchange Communication System) – é um sistema para ajudar pessoas de várias idades que não conseguem se fazer entender através da fala, ou que têm uma fala muito limitada. Ou seja, o PECS é uma comunicação aumentativa e alternativa. 4.4.1 Boardmaker Uma tradução livre de Boardmaker no contexto da comunicação alternativa signif ica "produtor de pranchas" (board = prancha e maker produtor/ construtor) . O Boardmaker é um programa de computador que fo i desenvolvido especificamente para criação de pranchas de comunicação alternativa, utilizando os Símbolos PCS e várias ferramentas que permitem a construção de recursos de comunicação personalizados. Uma característica marcante do programa é sua facilidade de uso, propiciada pelas ferramentas intuitivas que dispõe em sua interface de trabalho. Com elas pode-se criar e imprimir uma prancha de comunicação complexa em poucos minutos (BERSCH, 2017, p. 4). https://www.isaac-online.org/ https://www.isaac-online.org/ AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO Segundo Bersch (2017, p. 5), com o Boardmaker são confeccionados recursos de comunicação ou materiais educacionais que utilizam os símbolos gráficos e que serão posteriormente impressos e disponibilizados aos alunos e demais usuários. Boardmaker permite a construção de materiais que serão impressos e utilizados pelos usuários da CA: “conhecendo os desafios educacionais que os alunos enfrentam no cotidiano escolar e utilizando-se de muita criatividade, o professor especializado poderá criar os recursos de comunicação e acessibilidade necessários aos seus alunos por meio das várias ferramentas de seu Boardmaker”. A seguir, vamos descrever e ilustrar algumas ideias de aplicação deste software. Atividades educacionais acessíveis: com o Boardmaker você pode criar várias atividades educacionais para garantir acessibilidade e participação de alunos que utilizam a CA em sala de aula. Lembre-se da importância da interlocução entre o professor do Atendimento Educacional Especializado, que construirá os recursos de acessibilidade, e o professor da sala de aula comum. Sem conhecer o plano de ensino do professor da sala comum, com seus objetivos e atividades previstas, será impossível propor, construir e disponibilizar os recursos de acessibilidade para o aluno. O professor especializado deverá também ensinar as estratégias de utilização destes recursos para o aluno, seu professor, para os colegas, comunidade escolar e família. Desta forma ajudará a todos a entender e a utilizar estas ferramentas de acessibilidade (BERSCH, 2017, p. 7). AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO FONTE: <https://www.assistiva.com.br/c.html>. Acesso em: 28 mar. 2021. AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO FONTE: <https://www.assistiva.com.br/c.html>. Acesso em: 28 mar. 2021. FONTE: <https://www.assistiva.com.br/c.html>. Acesso em: 28 mar. 2021. Textos com símbolos: textos com símbolos são muito interessantes para favorecer e ampliar a aquisição de repertório de símbolos gráficos (usuários de CA), favorecer a relação símbolo e signos, auxiliar na alfabetização de alunos com deficiência intelectual, e auxiliar no aprendizado do português escrito para alunos surdos. No Boardmaker a escrita com símbolos é feita com a ferramenta "Simbolar" (BERSCH, 2017, p. 9). Assista ao vídeo que fecha este nosso tópico que falará sobre: Tecnologias Assistivas/Comunicação e TEA, clicando na imagem a seguir ou acessando o QRCode. AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO 4.5 SOFTWARES EDUCATIVOS NO TEA: COMUNICAÇÃO E APRENDIZAGENS Os softwares educativos desenvolvidos para autistas que serão destacados a seguir, facilitam a comunicação no TEA, ajudam no desenvolvimento das crianças e na resolução de problemas através de pensamentos estratégicos. Também podem ser uma ferramenta muito útil no processo de aprendizagem de competências e habilidades, auxiliando pais e professores no tratamento do TEA 4.5.1 ABC Autismo O aplicativo ABC Autismo consiste em um jogo que aproxima crianças com TEA da alfabetização. Disponível em português, inglês e espanhol, o ABC Autismo está avaliado com 4,6 estrelas e possui mais de 100 mil downloads. A funcionalidade gratuita reúne atividades dentro do letramento. A aplicação está disponível para download no Google Play e Apple Store. FONTE: <https://escolainterativa.diaadia.pr.gov.br/odas/abc-do- autismo-1>. Acesso em: 29 jun. 2021. https://play.google.com/store/apps/details?id=com.dokye.abcautismo&hl=pt_BR AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO Assista ao vídeo do jogo clicando na imagem ou no QRcode FONTE: Adaptado de Farias, Silva e Cunha (2014) O ABC Autismo é um aplicativo móvel disponível para smartphones e tablets cuja principal função é auxiliar no processo de alfabetização e servir como ferramenta de apoio no tratamento e educação de crianças e adolescentes com TEA (FARIAS; SILVA; CUNHA, 2014). As figuras arrastadas representam objetos concretos e possuem as mais variadas formas e tamanho. Dessa forma, estimula-se o usuário de diversas maneiras, desde o reconhecimento de formatos e cores, até a coordenação motora e o desenvolvimento de atividades de letramento, porém, como os autores frisam, o contato com o objeto concreto, realizado de forma convencional no programa TEACCH, é fundamental para o tratamento, não podendo ser deixado de lado, sendo o aplicativo ABC Autismo apenas um complemento à dinâmica utilizada no processo de intervenção com a criança (FARIAS; SILVA; CUNHA, 2014). O aplicativo ABC Autismo é baseado na metodologia TEACCH possui 40 fases interativas distribuídas em quatro níveis de dificuldade. Cada nível de dificuldade corresponde a um nível de trabalho TEACCH, e suas fases tratam a atividade de transpor figuras de uma área denominada Área de Armazenamento (metade esquerda da tela), até uma área denominada Área de Execução (metade direita da tela). AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO 4.5.2 LIVOX O aplicativo LIVOX surgiu do esforço dos pais Carlos Edmar Pereira, que possui formação em Análise de Sistemas, e Aline Costa Pereira, que buscavam uma forma de se comunicar com sua filha Clara Costa Pereira, que tem paralisia cerebral. Para isso, eles reuniram uma equipe de colaboradores, incluindo profissionais de tecnologia, fonoaudiólogos e terapeutas, e criaram o aplicativo LIVOX, o qual veio a se tornar o primeiro software de comunicação alternativa para tablets em língua portuguesa do mundo (LIVOX, 2016). O aplicativo LIVOX utiliza figuras como elementos de comunicação para pessoas com dificuldades na fala, possui cerca de 12 mil símbolos e um repertório variado de frases e expressões comuns ao cotidiano, como pode ser visto na figura a seguir. O aplicativo também permite converter texto em voz, podendo ser utilizado como uma forma de comunicação alternativa por qualquer pessoa com dificuldade de fala, seja com paralisia cerebral, autismo, ou até mesmo quem não pode falar devido a um AVC ou câncer de boca, por exemplo. Além disso, possui recursos como varredura inteligente, que permite acionar o aplicativo tocando em qualquer lugar da tela, toque inteligente, que corrige o toque imperfeito da pessoa com deficiência e baixa coordenação motora, criação de itens e pranchas de comunicação personalizadas, conteúdo educacional, que ensina a pessoa com deficiência a ler, escrever, incluindo conceitos complexos como matemática, e um algoritmo inteligente,que se ajusta para deficiência motora, cognitiva ou visual do usuário, permitindo que até pessoas cegas utilizem o aplicativo (LIVOX, 2016). FONTE: Livox (2016) Assista ao vídeo da Psicopedagoga que explica de forma objetiva o Livox clicando na imagem. AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO 4.5.3 OTO (olhar, tocar, ouvir) O OTO (Olhar, Tocar, Ouvir) é um aplicativo desenvolvido como uma ferramenta educacional para auxiliar crianças em diferentes níveis do TEA a aprender o alfabeto de uma forma lúdica, interativa e autônoma, através de associações de imagens e sons (RODRIGUES; ABILHOA, 2015). O aplicativo OTO foi concebido para ser intuitivo e de fácil manuseio para proporcionar autossuficiência para as crianças com TEA. Nesse contexto, o aplicativo consiste de um conjunto de imagens que representam as letras do alfabeto. Ao tocar sobre uma dessas letras, é exibida a figura de um animal ou objeto, permitindo a associação entre a letra e a figura a seguir. Além disso, foram inseridos sons tanto às letras quanto às figuras, permitindo maior percepção e engajamento por parte das crianças (RODRIGUES; ABILHOA, 2015). FONTE: Adaptado de Rodrigues e Abilhoa (2015) 4.5.4 Aprendendo com Biel e seus Amigos Aprendendo com Biel e seus amigos é um jogo desenvolvido para crianças com autismo e com outros atrasos no desenvolvimento, com capacidade cognitiva de 2 a 8 anos de idade. O aplicativo é gratuito e tem como objetivo apoiar o aprendizado e interação da criança em seu dia a dia. AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO Suas atividades são relacionadas a cores, formas geométricas, ligação de objetos e suas sombras, quebra-cabeça e abecedário (disponível apenas na versão paga). Um usuário comentou na página do Google Play: “Jogo incrível, com um excelente recurso didático. Parabéns a todos os envolvidos!”. FONTE: <https://play.google.com/store/apps/details?id=com.gerenciar.desenrola>. Acesso em: 29 jun. 2021. FONTE: <https://play.google.com/store/apps/details?id=com.gerenciar.desenrola>. Acesso em: 29 jun. 2021. 4.5.5 Falando Fotos: Autism O aplicativo é projetado para facilitar a comunicação com as crianças diagnosticadas com TEA. A ferramenta foi desenvolvida por Igor Shikarev, pai de Uliana, que entende os diálogos, mas não consegue falar. O objetivo, segundo o programador, é ajudar parentes na comunicação com crianças com limitações. Quando o usuário clica nas imagens que remontam situações como ir ao banheiro, dormir, assistir televisão ou comer, o aplicativo pode ser configurado para reproduzir a frase que indica a ação ou soar um alarme. As frases também podem ser configuradas, de acordo com a necessidade do usuário. O aplicativo é gratuito, está em fase de desenvolvimento e possui a opção de doação para melhorias no sistema. AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO FONTE: <https://play.google.com/store/apps/details?id=ru. igorsh.kidcommunicator>. Acesso em: 29 jun. 2021. FONTE: <https://play.google.com/store/apps/details?id=ru.igorsh.kidcommunicator>. Acesso em: 29 jun. 2021. 4.5.6 Lina Educa O Lina Educa tem a finalidade de ser uti l izado como reforço na elaboração das atividades de alfabetização (atividades acadêmicas) e da vida diária, podendo ser utilizado na escola, na terapia individualizada ou em casa. O aplicativo é gratuito e foi desenvolvido pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). Disponível para uso em tablets e desktop. http://www.linaeduca.com/ AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO FONTE: <http://www.linaeduca.com/>. Acesso em: 29 mar. 2021. 4.5.7 Minha Rotina Especial O Minha Rotina Especial é um aplicativo planejado para estimular o desenvolvimento integrando com informações diárias que organizam a rotina das crianças. A ferramenta permite criar um planejamento detalhado e um passo a passo de toda e qualquer tarefa do dia. A rotina é criada por um responsável, que vai fotografar cenas para assimilação da criança e configurar a agenda em uma área de acesso pessoal do aplicativo, controlado por senha. O aplicativo organiza a rotina, gera alertas, lembra as etapas e resgata o que foi realizado. FONTE: <http://www.minharotina.com.br>. Acesso em: 28 mar. 2021. AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO 4.5.8 PictoTEA O PictoTEA é um aplicativo gratuito, projetado para ajudar pessoas que têm Transtorno do Espectro do Autismo, Transtorno Global do Desenvolvimento ou qualquer condição que afete as habilidades sociais e de comunicação. O aplicativo usa a tecnologia para a inclusão de pessoas com TEA, facilitando a comunicação com seu ambiente através de pictogramas digitais em vez de cartões físicos. O PictoTEA permite que o usuário personalize o aplicativo de acordo com seis estágios com diferentes graus de dificuldade, de modo que, à medida que a pessoa avança no aprendizado, ela pode usar mais pictogramas, categorias e até construir frases. A funcionalidade para adicionar pictogramas próprios também está disponível, permitindo que cada usuário personalize o catálogo. FONTE: <https://play.google.com/store/apps/details?id=ar.com.velociteam. pictoTEA>. Acesso em: 29 jun. 2021. Assista o vídeo apresentando PictoTea clicando na imagem ou no QRCode. https://play.google.com/store/apps/details?id=ar.com.velociteam.pictoTEA AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO 4.5.9 LetMeTalk: potencial para aumentar a capacidade comunicativa (CAA) LetMeTalk (Figura 3) é um aplicativo gratuito de Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA) para Android, que apoia a comunicação em todas as áreas da vida e assim fornece uma voz a toda gente. É financiado através de donativos. Permite alinhar imagens de forma que o seu conjunto consista em frases com significado. O alinhamento de imagens é conhecido como ISPC (Intercâmbio de Símbolos Pictográficos para a Comunicação, PECS) ou CAA (Comunicação Alternativa e Aumentativa, AAC) (GOOGLE PLAY, 2021). FONTE: <https://letmetalk.br.uptodown.com/android>. Acesso em: 29 jun. 2021. A base de dados do LetMeTalk contém mais de 9000 imagens fáceis de compreender do ARASAAC (http://arasaac.org). Também é possível incluir outras imagens a partir do dispositivo, ou tirar fotografias com a máquina fotográfica incorporada. Para utilizar o LetMeTalk, não é necessária conexão com a internet. Assim, é possível utilizar o LetMeTalk em praticamente qualquer situação, como hospitais, centros de saúde ou escolas (GOOGLE PLAY, 2021). É adequado para: AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO • Sintomas de autismo. • Afasia. • Apraxia do discurso. • Desordens de articulação/fonológicas. • Esclerose lateral amiotrófica (ELA). • Doenças motoras a nível dos neurónios. • Paralisia cerebral. • Síndrome de Down. Algumas de suas características: • Mais de 9000 imagens da ARASAAC incluídas. • Apoio de voz para imagens e frases. • Possibilidade de criar ilimitadamente novas categorias e adicionar novas imagens; • Pré-configurada para crianças com distúrbios do espectro do autismo (ASD). • Apoio de voz para inglês, espanhol, francês, italiano, português, Português Brasileiro e alemão. São possíveis outros idiomas utilizando diversos motores de síntese de voz. • Outros idiomas suportados sem apoio de voz: Chinês, Árabe, Russo, Polaco, Búlgaro, Romeno, Galego, Catalão, Basco (GOOGLE PLAY, 2021). 4.6 MÉTODO TEACCH: A AJUDA VISUAL Conforme Rodrigues (2017, p. 1) aborda o trabalho com crianças autistas que tem por objetivo integrar a criança à comunidade da qual ela faz parte. Para isso, a intervenção é planejada e executada cuidadosamente, abrangendo as atividades das crianças em todos os ambientes frequentados por ela: escola, casa, lazer etc. Tambémse acompanha o trabalho do psiquiatra (quando existente), pois a comunicação entre diferentes profissionais permite um maior conhecimento das habilidades da criança. Uma das possibilidades que encontramos é o método TEACCH (Treatmentand Education of Autisticandrelated Communication-handicappedChildren), em português significa Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits relacionados com a Comunicação. É um programa educacional e clínico com uma prática predominantemente psicopedagógica criado a partir de um projeto de pesquisa que buscou observar profundamente os comportamentos das crianças autistas em diversas situações frente a diferentes estímulos (RODRIGUES, 2017, p. 2). Esse método foi desenvolvido na década de sessenta no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina na Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, representando, na prática, a resposta do governo ao movimento crescente dos pais que reclamavam da falta de atendimento educacional para as crianças com autismo na Carolina do Norte e nos Estados Unidos. AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO Segundo a pesquisa realizada por Rodrigues (2017, p. 4): O ponto de partida foi o estabelecimento de uma visão realista dessa criança, a princípio muito inteligente, mas “fechada em uma redoma de vidro”, isto é, incomunicável por decisão dela própria. Em 1967, quando Alpern começou a testar as crianças a partir de expectativas mais baixas, constatou-se que na maioria dos casos que posteriormente foram identificados como pertencentes ao autismo estavam presentes dificuldades reais de aprendizagem e de comunicação que precisavam ser levadas em conta nas salas de aula. O método TEACCH ut i l iza uma aval iação denominada PEP-R (Perf i l Psicoeducacional Revisado) para avaliar a criança e determinar seus pontos fortes e de maior interesse, e suas dificuldades, e, a partir desses pontos, montar um programa individualizado. Rodrigues ainda nos explica que o TEACCH se baseia na adaptação do ambiente para facilitar a compreensão da criança em relação a seu local de trabalho e ao que se espera dela. Por meio da organização do ambiente e das tarefas de cada aluno, o TEACCH visa o desenvolvimento da independência do aluno de forma que ele precise do professor para o aprendizado de atividades novas, mas possibilitando-lhe ocupar grande parte de seu tempo de forma independente. A abordagem pode ser aplicada em centros de tratamento, escolas e em casa. Três fatores são essenciais neste contexto: organização do ambiente físico de uma forma que seja consistente com as necessidades do paciente (minimizando possíveis distrações, por exemplo), o arranjo de atividades de maneira previsível (como o uso de programações visuais da rotina diária), e a organização dos materiais e tarefas para promover a independência das orientações. Segundo o site Autismo e Realidade (2019, p. 2): Já no lado do ensino estruturado, a abordagem é baseada na observação de traços do comportamento do indivíduo autista, que podem gerar dificuldades na vida em sociedade. Ou seja, a ideia central é compreender os efeitos das características do autismo na vida da pessoa com TEA e auxiliá-lo a buscar mais independência na sua rotina. O ensino estruturado vai concentrar esforços principalmente nos seguintes comportamentos: • Preferência pelo processamento de informação visual. • Dificuldade com sequenciamento, integração, conexão ou derivação de detalhes. • Alta variabilidade na atenção (indivíduos podem ser muito distraídos às vezes e em outros momentos intensamente focados, com dificuldades de mudar a atenção de forma eficiente). • Problemas de comunicação, que variam em nível de desenvolvimento, mas sempre incluem deficiências na iniciação da comunicação e no uso social da linguagem. • Dificuldade com conceitos de tempo, como para reconhecer o início ou o fim de uma atividade, quanto tempo a atividade durará e quando será terminada. AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO • Tendência a se apegar às rotinas (as interrupções podem ser vistas como algo desconfortável, confuso ou perturbador). • Impulso muito intenso para se envolver em atividades de interesse e dificuldades de desengate uma vez acionado. • Preferências e aversões sensoriais bem marcadas. • Dificuldades motoras principalmente com movimentos finos. 4.6.1 Como funciona esse método TEACCH? O modelo TEACCH usa uma avaliação conhecida como PEP-R (Perfil Psicoeducacional Revisado). Por meio dela, é possível avaliar a criança e identificar seus pontos fortes e seus interesses, assim como as dificuldades. A partir daí, é possível desenvolver um programa individualizado. Para ser efetivo, o TEACCH realiza uma adaptação do ambiente para facilitar a compreensão da criança ao mundo ao seu redor. O modelo tem o objetivo de melhorar a independência do aluno. Segundo Rodrigues (2017, p. 2): Tem como princípios que o ambiente organizado, o ensino estruturado e a previsibilidade contribuem para melhorar o desenvolvimento e a aprendizagem de pessoas com autismo. O modelo TEACCH dá a estrutura e a organização necessária para que a pessoa autista compreenda o seu ambiente e tenha autonomia em casa, no trabalho e na escola. Ut i l izam também instruções v isuais para aumentar o poder de comunicação dos autistas. Alguns exemplos: objetos sinalizadores, fotografias, ícones, escrita e sinalizadores do ambiente. Há também o uso da agenda de imagens para sinalizar a rotina pessoal e de marcações visuais no ambiente – com fotografias, ícones ou palavras – para ajudar no dia a dia a realizar tarefas simples e compreender o que está sendo dito e solicitado para o autista. Assim como qualquer outra agenda, ela ajuda a organizar a rotina da criança. Pode conter imagens ou textos. Para entender melhor o Modelo TEACCH, vamos assistir ao vídeo. “O autismo não se cura, se compreende” (Autismo Ávila). FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=bNo3_CNLOnA&t=16s>. Acesso em: 7 abr. 2021. AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO REFERÊNCIAS BERSCH, R. Tecnologia assistiva e educação inclusiva. Ensaios Pedagógicos, Brasília: SEESP/MEC, 2006. p. 89-94. BERSCH, R.; TONOLLI, J. C. Introdução ao conceito de Tecnologia Assistiva e modelos de abordagem da deficiência. Porto Alegre: CEDI – Centro Especializado em Desenvolvimento Infantil, 2006. Disponível em: http://www.bengalalegal.com/tecnologia-assistiva. Acesso em: 2 fev. 2016. FARIAS, E. B.; SILVA, L. W. C.; CUNHA, M. X. C. ABC AUTISMO: Um aplicativo móvel para auxiliar na alfabetização de crianças com autismo baseado no Programa TEACCH. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO, 10., 2014, Anais [...] Londrina – PR, 2014. GLENNEN, S. L. Introduction to augmentative and alternative communication. In: GLENNEN, S.L. et al. (Org.). Handbook of augmentative and alternative communication. San Diego: Singular, 1997. GONÇALVES, A. P. et al. Transtornos do espectro do autismo e psicanálise: revisitando a literatura. Tempo psicanal, v. 49, n. 2, p. 152-181, 2017. GOOGLE PLAY. LetMeTalk: Aplicação Grátis CAA. 2021. Disponível em: https://play.google.com/store/apps/details?id=de.appnotize.letmetalk&hl=pt_ BR&gl=US. Acesso em: 1° maio 2021. LIVOX. Livox. Liberdade em voz alta. 2016. Disponível em: https://livox.com. br/br/. Acesso em: 19 set. 2016. RODRIGUES, J. H.; ABILHOA, A. C. E. S. L. OTO: Um Aplicativo Android para Auxílio da Aprendizagem de Crianças Portadoras de Transtorno do Espectro Autista. Guarapuava: Faculdade Guairacá. Guarapuava, 2015. RODRIGUES, L. Autismo: método ABA ou método TEACCH? 2017. Disponível em: https://institutoitard.com.br/autismo-metodo-aba- ou-metodo-teacch/#:~:text=O%20m%C3%A9todo%20TEACCH%20 utiliza20uma,pontos%2C%20montar%20um%20programa%20 individualizado. Acesso em: 27 mar. 2021. TENÓRIO, M. C. A. et al. Autismo: a tecnologiacomo ferramenta assistiva ao processo de ensino e aprendizagem de uma criança dentro do espectro. Campina Grande: CINTEDI – Práticas pedagógicas direitos humanos e interculturalidade, 2015.
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