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TECNOLOGIAS ASSISTIVAS, COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AUMENTATIVA

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Disciplina: Tecnologias Assistivas, Comunicação Alternativa e Aumentativa 
Autores: M.e Renata Burgo Fedato 
Revisão de Conteúdos: Esp. Larissa Carla Costa 
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso 
Ano: 2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em 
cobrança de direitos autorais. 
 
2 
 
Renata Burgo Fedato 
 
 
 
 
Tecnologias Assistivas, 
Comunicação Alternativa e 
Aumentativa 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2017 
Curitiba, PR 
Editora São Braz 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
FEDATO, Renata Burgo. 
Tecnologias Assistivas, Comunicação Alternativa e Aumentativa / 
Renata Burgo Fedato. – Curitiba, 2017. 
70 p. 
Revisão de Conteúdos: Larissa Carla Costa. 
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. 
Material didático da disciplina de Tecnologias, Comunicação Alternativa 
e Aumentativa – Faculdade São Braz (FSB), 2017. 
 ISBN: 978-85-5475-097-8 
 
 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Apresentação da Disciplina 
 
Nesta disciplina será estudado sobre as Tecnologias Assistivas, as 
Comunicações Alternativas e Aumentativas, bem como, sobre a inclusão e os 
direitos às adaptações ao currículo, ao serviço de apoio especializado 
retomando os conceitos e as bases legais. 
Os temas que serão estudados são importantes para construir e 
descontruir conceitos, colocando em xeque vários paradigmas já enraizados 
pela sociedade, a respeito dos alunos com deficiência com diferentes graus de 
gravidade e comprometimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Aula 1 - Tecnologia Assistiva 
 
Apresentação da Aula 
 
Na aula será abordado um tema muito expressivo, que colabora para o 
bem-estar das pessoas com algum tipo de deficiência. Segundo Bersch (2013), 
Tecnologia Assistiva (TA), é um termo ainda novo, utilizado para reconhecer todo 
o aparato de serviços, recursos e técnicas que contribuem para proporcionar 
uma vida mais independente a essas pessoas. A TA ajuda a promover maior 
liberdade de ação, habilidade, para pessoas que se encontram impedidas de 
realizar algumas funções no seu dia a dia. Através dessa intervenção as pessoas 
com alguma deficiência se tornam mais independentes, livres, com mais 
capacidade de comunicação e locomoção, e ainda conseguem avanços no seu 
estudo e trabalho, e a aula visa a melhor compreensão sobre o assunto. 
 
 1.1 Conceitos Iniciais 
 
Buscando proporcionar a acessibilidade e a autonomia às pessoas com 
deficiências, é que o termo “ajudas técnicas” ou “tecnologias assistivas” são 
amplamente discutidos e por alguns autores utilizados como sinônimos. Esses 
termos e suas práticas advém com a promoção de igualdade de direitos para as 
pessoas com deficiência, promovendo independentemente de suas condições a 
oportunidade, de alcançarem a autonomia e a independência em todos os 
aspectos da vida. O desenvolvimento das Tecnologias Assistivas é uma 
expressão relativamente nova e propõe a valorização, a inclusão e a igualdade 
dessas pessoas na promoção dos direitos humanos. 
 
Saiba Mais 
“O que é tecnologia?” “É muito mais que máquinas, 
equipamentos e computadores; refere-se a qualquer produto 
criado ou então inovado, que tenha função representada 
pela necessidade de utilização no meio em que está inserido” 
(CANDIDO, 2015, p. 56). 
 
7 
 
[...] os recursos de tecnologia assistiva estão muito próximos do nosso 
dia a dia [...] uma bengala, utilizada por nossos avós [...] bem como um 
aparelho de amplificação [...] ou um veículo adaptado para uma pessoa 
com deficiência. (MANZINI, 2005, p. 82) 
 
O Decreto nº 5.296/2004 no âmbito da Secretaria Especial dos Direitos 
Humanos da Presidência da República, em 16 de novembro de 2006, através da 
portaria nº 142, instituiu o Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), que reúne um 
grupo de especialistas brasileiros e representantes de órgãos governamentais, 
em uma agenda de trabalho com o objetivo de promover os Direitos Humanos 
de todos. A acessibilidade é condição para utilização com segurança e 
autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários, e equipamentos urbanos, 
desde edificações, dos serviços de transportes e dos dispositivos, sistemas e 
meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou 
com mobilidade reduzida. O CAT foi instituído com os principais objetivos: 
 
• Apresentar propostas de políticas governamentais e parcerias entre a 
sociedade civil e órgãos públicos referentes à área de tecnologia 
assistiva; 
• Estruturar as diretrizes da área de conhecimento; 
• Realizar levantamento dos recursos humanos que atualmente trabalham 
com o tema; 
• Detectar os centros regionais de referência, objetivando a formação de 
rede nacional integrada; 
• Estimular nas esferas federal, estadual, municipal, a criação de centros 
de referência; 
• Propor a criação de cursos na área de tecnologia assistiva, bem como o 
desenvolvimento de outras ações com o objetivo de formar recursos 
humanos qualificados e propor a elaboração de estudos e pesquisas, 
relacionados com o tema da tecnologia assistiva (BRASIL – SDHPR, 
2012). 
 
 
 
 
8 
 
Amplie Seus Estudos 
Ciente da crescente demanda sobre o tema, vale a pena 
conferir o livro Pesquisa Nacional De Tecnologia Assistiva de 
GALVÃO FILHO, T. A., GARCIA, J. C. D. São Paulo: Instituto 
de Tecnologia Social - ITS BRASIL e Ministério da Ciência, 
Tecnologia e Inovação - MCTI/SECIS, 68 p., 2012. 
Disponível em: 
http://www.galvaofilho.net/noticias/pesquisa_TA.htm 
 
Então, “por que estudar tecnologia assistiva?” Segundo a cosmovisão 
inclusiva, é para se ter uma sociedade mais permeável à diversidade humana, 
vislumbrando novos caminhos de inclusão social, pessoas com deficiência e 
idosos, principal alvo da TA. 
Muito se tem estudado sobre as crianças com autismo e certamente, 
muitas especulações também aparecem sobre a causa do autismo. Sabe-se que 
o tema e seus contextos são extremamente atuais e contemporâneos e que 
estão em processo de desenvolvimento através das pesquisas. 
Para isso, é importante retomar brevemente as características mais 
específicas do autista, que é a extrema dificuldade de comunicação com o 
mundo que o cerca e com as pessoas que fazem parte desse mundo, por mais 
íntimas que sejam. As principais características apresentadas, são movimentos 
repetitivos, falta/dificuldade de comunicação e a necessidade de uma rotina. 
 Cientes dessas principaiscaracterísticas, foca-se em como a TA pode, 
realmente, auxiliar o atendimento ao estudante com autismo. 
Saiba Mais 
Para aprofundar o conhecimento sobre a Tecnologia 
Assistiva, acesse o Portal Nacional de Tecnologia Assistiva. 
É um projeto inovador, viabilizado pela Secretaria de Ciência 
e Tecnologia para a Inclusão Social (SECIS), do Ministério 
de Ciência e Tecnologia (MCT), em parceria com o Instituto 
de Tecnologia Social (ITS Brasil) que disponibiliza um 
catálogo de produções em nível nacional de TA. 
Disponível em: 
 https://assistivaitsbrasil.wordpress.com/sobre/ 
 
9 
 
1.2 Tecnologias Assistivas 
 
A Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República 
(SDH/PR), assim definiu TA: 
 
Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica 
interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, 
estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a 
funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com 
deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua 
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. 
(BRASIL, 2009, p. 26). 
 
Segundo Carneiro, et al (2015), os entornos das Tecnologias Assistivas 
ainda estão em fase de construção e que o novo paradigma da inclusão das 
pessoas com deficiências nas escolas regulares, assim como as leis e os 
diversos aspectos que rondam esse assunto promovem o desenvolvimento e 
certamente o aprimoramento das tecnologias assistivas. 
 
Atenção, o termo Tecnologia Assistiva é mais utilizado no 
singular por referenciar uma área de conhecimento, além de ser 
reconhecido também como sinônimos as seguintes 
denominações: Ajudas Técnicas, Tecnologias de Apoio e 
Tecnologias de Assistência de acordo com a preferência e 
entendimento de cada autor. Em 2007, o CAT- Comitê de Ajudas 
Técnicas, aprovou o termo “Tecnologia Assistiva” como oficial 
para todos os tipos de documentos legais no país. Por isso, este 
é o termo adotado neste material. 
 
Entretanto, as Tecnologias Assistivas não trabalham de forma isolada, 
pois se utilizam também de outros enfoques, como seu forte entrelaçamento com 
as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Para exemplificar esse 
“entrelaçamento” entre as duas atuações, Galvão Filho (2009) exemplifica que 
“uma pessoa com graves paralisias pode realizar qualquer atividade no 
computador, por meio de Softwares Especiais de Acessibilidade, acionadores 
artesanais e outros recursos de fácil acesso nos dias de hoje” (p.26). 
 
 
 
 
10 
 
Para Refletir 
Será que uma bengala pode ser considerada uma Tecnologia 
Assistiva? Será que um ambiente mais acessível ou menos 
diferente, propicia um indivíduo mais ou menos limitado em 
termos de funcionalidade? 
 
Assim, pode-se afirmar que a TA não se restringe a apenas instrumentos 
ou ferramentas facilitadoras, mas engloba também o processo de ideias e 
metodologias que visam o despertar na criança o desejo de aprender, através 
do empoderamento para as atividades autônomas. 
“A aplicação da Tecnologia Assistiva na educação vai além de 
simplesmente auxiliar o aluno a “fazer”. [...] Nela encontramos meios de o aluno 
“ser” e atuar de forma construtiva em seu desenvolvimento” (BERSCH, 2006, 
p.92). 
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano 
de 2000, somava-se 14,5% de pessoas com deficiência da população mundial, 
e em 2010, esse número foi para 23,9%. 
Segundo a portaria interministerial nº 3.612 de 2014, há um rol de bens e 
serviços de tecnologia assistiva, é ele: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando se fala da TIC e da TA, entende-se que o objetivo maior é o de 
prevenir, compensar, aliviar ou neutralizar uma deficiência, incapacidade ou 
 
11 
 
desvantagem e melhorar a autonomia e a qualidade de vida dos indivíduos 
(BRASIL, 2008). 
 
Importante 
Estudos de Emer (2011) apontam que ferramentas classificadas 
com TA e enviadas pelo governo às escolas são desconhecidas 
pelos educadores e permanecem em desuso. 
 
 
Assim, entende-se como recursos da TA: 
 
• Livros adaptados para baixa visão; 
• Tela sensível ao toque; 
• Programas de digitalizadores de voz; 
• Teclado falado; 
• Teclado de conceitos, etc. 
 
A TA na atualidade tem seu conceito, utilização e objetivos ainda em fase 
de elaboração, ajustes e concretizações. 
 
Para Refletir 
Será que a inserção de TIC e da TA estão sendo acompanha-
dos por uma reflexão pedagógica verdadeiramente compro-
metida com a construção do conhecimento? 
 
 
Para compreender a Tecnologia Assistiva e fazer bom uso dela, deve-se 
antes de tudo, analisar o fluxograma sobre a práxis pedagógica de atuação. O 
Portal de Ajudas Técnicas definiu as seguintes etapas desse fluxograma (Portal 
de Ajudas Técnicas, 2006, p. 8-9.): 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Portal de Ajudas Técnicas, 2006, p. 8 
 
1. Entender a situação que envolve o estudante 
• Escutar seus desejos. 
• Identificar características físicas/psicomotoras. 
• Observar a dinâmica do estudante no ambiente escolar. 
• Reconhecer o contexto social. 
 
2. Gerar ideias 
• Conversar com usuários (estudante/ família/ colegas). 
• Buscar soluções existentes (família/ catálogo). 
• Pesquisar materiais que podem ser utilizados. 
• Pesquisar alternativas para confecção do objeto. 
 
3. Escolher a alternativa viável 
• Considerar as necessidades a serem atendidas (questões do 
educador/aluno). 
• Considerar a disponibilidade de recursos materiais para a construção do 
objeto – materiais, processo para confecção, custos. 
 
4. Representar a ideia (por meio de desenhos, modelos, ilustrações) 
• Definir materiais. 
• Definir as dimensões do objeto – formas, medidas, peso, textura, cor, etc. 
 
13 
 
 
5. Construir o objeto para experimentação 
• Experimentar na situação real do uso. “Como é trabalhar com este 
objeto?” 
 
6. Avaliar o uso do objeto 
• Considerar se atendeu o desejo da pessoa no contexto determinado. 
• Verificar se o objeto facilitou a ação do aluno e do educador. 
 
7. Acompanhar o uso 
• Verificar se as condições mudam com o passar do tempo e se há 
necessidade de fazer alguma adaptação no objeto. 
 
A partir do fluxograma, pode-se analisar que o intuito de inserir a TA em 
sala de aula é como uma forma de apoio ao que entende-se por inclusão, e não 
mais um passatempo ou simplesmente a utilização da tecnologia como uma 
forma de transmissão de conhecimentos. Para isso, as TICs auxiliam e muito em 
relação a TA, contudo, ela se apresenta de diferentes formas, conforme Carneiro 
(2015. p. 7396): 
 
Como recursos não relacionados às TICs, estão as órteses - 
adaptações físicas ou aparelhos fixados e utilizados no corpo da 
pessoa com deficiência. Como exemplos, recursos de adaptação para 
segurar o lápis, a escova de dente; produtos facilitadores de 
posicionamentos e movimentos são as pranchas de plástico ou acrílico 
acopladas à cadeira de rodas, carteira imantada, livros plastificados. 
Já os relacionados com as TICS, estão as adaptações de hardwares, 
como a máscara do teclado, ponteira para digitação, estabilizador de 
punho, pulseira de peso para digitação, entre outros. E também 
existem os softwares que possibilitam a interação do aluno com a 
máquina. 
 
 
Portanto, pode-se compreender a TA e as TICs como ferramentas que 
auxiliam todo o processo de inclusão em determinadas necessidades. Mas já 
que está se falando mais especificamente sobre o Transtorno do Espectro 
Autista, remete-se o estudo a ele, a fim de compreender um pouco mais das 
características deste transtorno, assim como os atendimentos educacionais aos 
estudante com TEA. 
 
 
14 
 
1.3 Transtorno Do Espectro Autista - TEA 
 
Depois de conhecer o acervo que envolve a TA, TICs, e as ferramentas 
utilizadas na mediação do aluno com deficiência, volta-se ao ponto central - o 
Autismo. 
 
Vocabulario 
Autismo vem do grego - autos - que significa “por si só”. A 
psiquiatria define autismo como sendo os comportamentos 
humanos que se centralizam em si mesmos, que se voltam 
ao próprio ser. O termo “autismo” foi difundido pelo psiquiatra 
suíço, Bleuler, em 1911, que define a limitação do ser 
humano com o mundo externo. 
 
 
 No livro Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo de Léo Kanner (1943), o 
psiquiatra escreve que o autista tem dificuldades de estabelecer relações, 
apresenta atrasos e alterações na aquisição e uso da linguagem, 
obsessividades, tendências a estereopatias - caracterizando assim, esse 
conjunto de sintomas com a esquizofrenia. 
 Orrú (2012, p. 20) descreve o autismo como: 
 
O alheamento em que viviam era extremo, desde os primeiros anos de 
vida, como se não estivessem no mundo, sem responder a nenhum 
estímulo externo, mantendo-se em um isolamento rígido e peculiar. 
Apresentavam, porém, aparência agradável e inteligente, além de 
possuírem habilidades especiais e uma memória excepcional (ORRÚ, 
2012. p. 18). 
 
 Segundo Carneiro (2015, p. 73), “em 1956, o autismo ainda era definido 
como um quadro de psicose, devido à exames laboratoriais e clínicos que não 
forneciam dados consistentes à sua etiologia”. 
 Entretanto, foi a partir de Ritvo (1976), que se passa a considerar o 
autismo, não uma psicose, mas como uma síndrome e sua relação com déficits 
cognitivos inerentes à criança, ocorrida desde o nascimento, com suas 
singularidades comportamentais (ORRÚ, 2012). 
Hoje, a criança com Transtorno do Espectro Autista está inclusa em 
“Transtornos Globais do Desenvolvimento ou TGD”. A criança autista é vista com 
 
15 
 
dificuldades de se comunicar e se relacionar com o outro, possui déficits de 
linguagem, alterações de comportamento e movimentos repetitivos. 
 Segundo Carneiro (2015, p. 7397), “em 1981, a Dra. Lorna Wing, 
estabeleceu a análise das três principais carências autísticas, a “Tríade de 
Wing”, as quais estão na área da imaginação, socialização e comunicação”. 
 MACIEL e FILHO (2009), apontam que a Tríade de Wing se constitui em: 
socialização, comunicação e comportamentos, focalizados e repetitivos: 
 
• Socialização: a dificuldade de se comunicar através de gestos e 
expressões faciais e corporais; dificuldade de fazer amizades, quase não 
expressa seus sentimentos e não percebe os sentimentos alheios. 
• Comunicação: dificuldade para falar, maior dificuldade ainda em manter 
uma conversa, uso repetitivo de linguagem estereotipada como frases de 
propagandas, filmes, novelas, programas de televisão, músicas. Não 
consegue brincar de imitação, tipo papai, mamãe, professora. 
• Comportamento: focalizado e repetitivo, preocupação constante em não 
misturar alimentos no prato, não ingerir alimentos com determinadas 
texturas, seguir rituais para as tarefas, ter “manias” ou focar em um único 
assunto de interesse, agitar ou torcer as mãos, bater a mão uma na outra, 
olhar fixamente para as mãos, manipular sempre o mesmo objeto, fixação 
em partes de um objeto como a roda de um carrinho, ou hélice de 
ventilador. 
 
Maciel e Filho (2009), esclarecem que grande parte das pessoas autistas 
tem Distúrbio de Integração Sensorial (DIS): seus sentidos podem ser hipo ou 
hiperdesenvolvidos. Podem ser capazes de ouvir sons quase inaudíveis, como 
um alfinete caindo ao chão ou a água correndo nos encanamentos, ou ter 
sensibilidade a ruídos altos, como liquidificadores e furadeiras; sentir cheiros 
imperceptíveis para as demais pessoas; podem não suportar luzes 
fluorescentes, por perceber a luz oscilando como um estroboscópio devido à 
corrente alternada; toques e outros contatos lhes podem ser desagradáveis, 
assim como texturas de tecidos e alimentos. 
 
16 
 
GRANDINI (1992), engenheira e autista, explica que uma criança autista 
cobre seus ouvidos porque certos sons lhe doem. Afirma: “o barulho 
frequentemente faz meu coração disparar”. 
Toda pessoa com autismo é diferente de outra nas mesmas condições, 
assim como toda pessoa é diferente de outra, portanto as práticas educacionais 
nem sempre serão as mesmas para duas crianças com o mesmo transtorno. 
 As principais características de pessoas com TEA, segundo os autores 
Teixeira (2013), Pastorello (2007), Perissinoto (2003) e Goldberg (2005): 
 
• Interação social - incompreensão de piadas, ironias, não imitam, não 
brincam de “faz de conta”, dificuldade de participar de grupos. 
• Linguagem e Comunicação - Ecolalia. 
• Inversão pronominal. 
• Rigidez de significados. 
• Linguagem idiossincrática. 
Vocabula rio 
Ecolalia - patologia apresentada quando um indivíduo repete 
várias vezes a última palavra ou sílaba escutada. 
Inversão pronominal - uso da terceira pessoa, no lugar da 
primeira pessoa. 
Rigidez de significados - dificuldade em associar diversos 
significados a um único significante. 
Linguagem idiossincrática- sons cujo significado só é claro 
para aqueles que estão familiarizados com as experiências 
passadas da criança. 
 
• Comportamento - atos repetitivos e estereotipados; forte atração por 
movimentos circulares, fascinação por luzes, a cor de um objeto, texturas, 
cheiros e gostos; necessidade de rotina. 
 
Assim, Teixeira (2013) e Perissinoto (2003) direcionam ao diagnóstico de 
autismo, que é clínico, e se baseia em duas fortes fontes de informação: 
 
• A descrição dos pais sobre o comportamento da criança. 
 
17 
 
• Informações de um profissional. 
 
No entanto, acerca de tantos estudos sobre essa patologia, a identificação 
hoje já pode ser feita nos primeiros meses de vida do bebê. Teixeira (2013), 
afirma que com a atenção dos pais, familiares e cuidadores é possível observar 
nos bebês, as seguintes características de autismo: 
 
• Mostram pouco interesse na voz humana; 
• Não fazem contato visual; 
• São indiferentes ao afeto; 
• Não têm postura antecipatória (como colocando seus braços à frente para 
serem levantados pelos pais); 
• Mostram bom desempenho inicial com regressão subsequente; 
• Não apresentam expressão facial. 
 
Ainda conforme o autor, estudos também indicam fatores genéticos como 
causas do autismo tais como insultos ao cérebro em desenvolvimento durante a 
gestação. Abrangeriam assim, alterações estruturais cerebrais, fatores 
imunológicos, neurológicos, bioquímicos, além de agentes congênitos como 
rubéola, encefalite e meningite. 
A pessoa com TEA é considerada como pessoa deficiente é lhe é 
garantido o direito ao Sistema Único de Saúde - SUS, e tem também seu direito 
assegurado à educação num sistema inclusivo nas escolas de ensino regular. 
Muitas são as ferramentas, metodologias e tecnologias oferecidas hoje 
para a mediação de aprendizagem para a criança autista. 
 
Saiba Mais 
Rafael Moreira Cunha desenvolveu o primeiro software, no 
Brasil, com o propósito de sua dissertação de mestrado pela 
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Sua 
proposta é facilitar o acesso de crianças com TEA na 
aquisição de vocabulário e na linguagem. Seu programa foi 
denominado de “Aiello” e está disponível para download na 
internet desde julho de 2012. 
Disponível em: http://www.jogoseducacionais.com/ 
 
 
18 
 
O Aiello é um jogo lúdico que tem como protagonista um simpático 
esquilo, que ajuda as crianças a ligar nomes a imagens de objetos, com o 
objetivo de ampliar seu vocabulário. Ressaltando que o programa foi testado em 
três crianças e determinou um resultado significante no vocabulário com cerca 
de 94% de novas palavras. Palavras referentes a alimentos, higiene, roupas, 
animais, músicas, mobiliário, eletrônicos, meios de transporte e outros. 
Há um outro software, criado por um grupo de pesquisadores da 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, chamado Sistema SCALA - Sistema 
de Comunicação Alternativa para Letramento de pessoas com Autismo, o grupo 
é denominado TEIAS (Tecnologia na Educação paraAprendizagem na 
Sociedade) e tem como objetivo maior, investigar o tecer entre Educação, 
Tecnologia e Inclusão, com ênfase na aplicação das TICs para a promoção de 
processos inclusivos. Vygotsky atenta para os processos mentais superiores 
(pensamento, linguagem e comportamentos volitivos) se originam dos processos 
sociais. 
 Segundo Moreira (2011, p. 108), “Não é por meio do desenvolvimento 
cognitivo que o indivíduo se torna capaz de socializar, é por meio da socialização 
que se dá o desenvolvimento dos processos mentais superiores”. 
 Galvão Filho (2004, p. 87), complementa ainda acerca da teoria da 
aprendizagem de Vygotsky: 
 
O ser humano conseguiu evoluir como espécie graças à possibilidade 
de ter descoberto formas indiretas, mediadas, de significar o mundo ao 
seu redor, podendo, portanto, por exemplo, criar representações 
mentais de objetos, pessoas, situações, mesmo na ausência dos 
mesmos. Essa mediação pode ser feita de duas formas: através do uso 
dos signos e do uso dos instrumentos. Ambos auxiliam no 
desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 
 
Carneiro (2015, p. 73), esclarece que para o trabalho de mediação da 
aprendizagem, com as crianças com transtorno do espectro autista é necessário 
um programa muito bem elaborado, conduzido por diversos profissionais, como 
em uma equipe multidisciplinar. São indicados especialistas em várias áreas 
como: 
 
• Educação; 
• Medicina; 
 
19 
 
• Terapia ocupacional; 
• Psicologia; 
• Fonoaudiologia; 
• Psicopedagogia; 
• Áreas de apoio como musicoterapia; 
• Informática; 
• Natação; 
• Esportes. 
 
Veja agora como essas áreas de apoio podem ajudar as crianças com TEA: 
 
➢ Música: 
• Pode possibilitar a participação das pessoas autistas através de 
improvisações com instrumentos. 
• Oportunidade de autoexpressão. 
• Aprendizagem de regras sociais. 
• Assumir responsabilidades com as outras pessoas do grupo. 
 
➢ Natação: 
A natação é uma das atividades físicas que desenvolve um trabalho 
corporal completo. Sendo assim, oferece possibilidades de estímulos e 
desenvolvimento necessários à pessoa autista. Através de músicas, brinquedos 
e demais objetos utilizados em aula, claro que cada um no tempo e exercício 
certo, fica mais fácil para conseguir sua atenção e executar um trabalho 
excelente com ele, visto que, uma das dificuldades do autista é a organização 
espaço temporal. 
O apoio da TA e TIC, são fundamentais hoje para o educador que deseja 
realmente enriquecer seus conhecimentos na sua vida profissional. 
 
 
 
 
20 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
Mundo Singular, entenda o Autismo, de 
Ana Beatriz Barbosa Silva e Mayra 
Reveles. As autoras abordam a cada 
capítulo, os elementos que influenciam a 
vida de quem vive com o transtorno e 
daqueles que o cercam. O relacionamento 
com familiares, o ambiente escolar, o 
diagnóstico, o tratamento, a afetividade, a 
vida profissional, as questões legais e as 
perspectivas futuras são esmiuçados num 
texto escrito com sensibilidade. 
 
O Que Me Faz Pular, de Naoki Higashida. 
Delicado, poético e profundamente íntimo, 
este livro traz uma nova luz para 
entendermos a mente autista. O autor 
explica o comportamento muitas vezes 
desconcertante das pessoas com essa 
condição e nos oferece suas percepções 
de tempo, vida, beleza e natureza, 
apresentadas em um relato inesquecível. 
 
 
Resumo da aula 
 
Nesta aula conseguiu-se visualizar um pouco mais do universo da criança 
com necessidade especial, bem como as oportunidades que a Tecnologia 
Assistiva propicia ao professor e toda a equipe multidisciplinar que atuará com 
esses alunos. 
Foi visto também a importante referência do Portal de Ajudas Técnicas, 
que auxilia cada vez mais no entendimento e na assimilação das necessidades 
especiais. Além disso, conseguiu-se debater sobre os sete passos necessários 
para a aplicação da Tecnologia Assistiva com os alunos. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Discorra sobre o que é a Tecnologia Assistiva e sua 
importância em sala de aula. 
 
21 
 
Aula 2 - Acessibilidade à Escola e Desenho Universal 
 
Apresentação da aula 
 
A aula irá abordar conceitos e legislações pertinentes à Educação 
Especial Inclusiva, assim como o conceito de desenho universal, e qual sua 
relação com a inclusão. 
 
2.1 Conceitos Iniciais 
 
Ruy do Amaral Pupo Filho, é médico pediatra e escreveu em seu artigo, 
sobre como é difícil o momento da descoberta para os pais, e até mesmo para 
os profissionais, de alguma síndrome. No artigo, Pupo Filho ajuda a fazer uma 
reflexão sobre como os profissionais, envolvidos com essas crianças 
diagnosticadas com síndromes genéticas ou não, podem auxiliar e desenvolver 
um bom trabalho com a família. Pupo Filho faz a seguinte afirmação: 
 
O que dói mais? Saber, logo após o nascimento, que o filho sonhado e 
idealizado tem um problema sério? Ou conviver com ele durante alguns 
meses, ou anos, acreditando que tudo está normal, e depois descobrir 
um determinado problema que poderá afetar seriamente seu 
desenvolvimento? (PUPO FILHO, 2003, p. 1) 
 
Para Refletir 
Como se pode desenvolver um bom trabalho com a família e 
com a criança com necessidades especiais? 
 
 
 
É importante saber que não é fácil este momento para a família, e que 
por isso deve-se adotar postura de respeito e entendimento frente as diversas 
situações que transita enquanto profissionais. Para que as ações sejam firmes e 
baseadas em princípios da igualdade e liberdade de todo sujeito, é que todos 
devem estar cientes de todos os aparatos legais que o aluno, filho ou paciente 
tem como direito, e que deve-se ajudar a resgatar. 
 
22 
 
Segundo Oliveira (2004), não se pode compactuar com práticas que 
intensificam os processos de exclusão social. Assim, denunciar e repudiar essa 
sociedade exclusiva deve ser o objetivo e meta das pessoas. 
A questão da acessibilidade à escola, ao currículo, os serviços de apoio 
especializado, são o foco desta aula. Sabe-se que, assim como afirma Aranha 
(2004), o Brasil vem definindo políticas públicas que garantem os direitos desses 
sujeitos, transformando os sistemas educacionais e efetivando o acesso 
universal à escolaridade básica e a satisfação das necessidades de 
aprendizagem de todos os cidadãos. 
Contudo, Lopes (2010) alerta que a realidade educacional não mostra 
essas modificações, pois muitas escolas ainda não estão preparadas nem física 
e nem pedagogicamente: 
 
É possível constatar que, no Brasil, há variedade de textos legais e 
normativos que acrescentaram, em seu teor, a inclusão e, portanto, 
não há carência nesse aspecto. Apesar disso, também, é possível 
constatar que faltam ações que levem à efetivação do atendimento 
educacional adequado a todos, inclusive aos alunos com deficiência, 
visto o sistema educacional brasileiro não ter sofrido grandes 
alterações para efetivar a inclusão, ações que reflitam na sociedade 
aquilo que se espera da educação inclusiva, a saber, a igualdade de 
condições e de direitos à educação (LOPES, 2010, p. 14). 
 
Enquanto profissional, certamente não se está contente e nem satisfeito 
com a realidade atual, principalmente quando se fala em alunos com 
deficiências, sejam elas quais forem. Mas então, já que não se está diante de 
um quadro favorável aos alunos e aos seus direitos, “o que deve se saber para 
ser capaz de mudar esta realidade?” 
As atitudes devem ser embasadas em princípios de igualdade e 
liberdade através dos aparatos legais e novas formas de organização escolar. 
Mas, “quais são os aparatos legais que orientam?” 
Constata-se que no Brasil, há uma variabilidade de textos legais e 
normativos sobre inclusão, mas faltam ações no sistema educacional brasileiro 
neste quesito, que ofereçam igualdade de condições e direitos à educação 
(LOPES, 2010). 
 
 
23 
 
Infelizmente a escola ainda desempenha um papel perverso na 
manutençãodas relações opressoras impostas pela sociedade 
capitalista (OLIVEIRA, 2004). 
 
Primeiramente, deve-se conhecer um pouquinho mais sobre a 
Declaração de Salamanca. Muitos autores, inclusive Bueno (2008), fala que a 
declaração é um marco para o movimento mundial de inclusão. 
 
2.2 Documentos Legais sobre Princípios, Política e Prática para as 
Abordagens Educativas Especiais Mundiais 
 
A Declaração de Salamanca é um documento elaborado na Conferência 
Mundial sobre Educação Especial, em Salamanca (Espanha, 1994), com o 
objetivo de fornecer diretrizes básicas para a formulação e reforma de políticas 
e sistemas educacionais, de acordo com o movimento de inclusão social sobre 
Princípios, Políticas e Práticas em Educação Especial, garantindo condições 
para implementação da inclusão social de pessoas com necessidades especiais. 
O Brasil é um dos países signatários da declaração, assumindo para si a 
responsabilidade e o compromisso de incluir todas as crianças, 
independentemente de suas dificuldades. Mas “o que se pode entender por 
incluir, ou até mesmo por uma escola inclusiva?” Segundo Aranha, a “escola 
inclusiva é aquela que garante a qualidade de ensino educacional a cada um de 
seus alunos, reconhecendo e respeitando a diversidade e respondendo a cada 
um de acordo com suas potencialidades e necessidades” (2004, p. 7). 
Portanto, incluir não está baseado na diferenciação, mas sim no respeito 
à diversidade, compreendendo que cada indivíduo tem diferentes 
potencialidades e necessidades. 
 
As escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de 
suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas 
ou outras. Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem 
dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham; crianças de 
populações distantes ou nômades; crianças de minorias linguísticas, 
étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas 
desfavorecidas ou marginalizadas (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 
1994, p. 17-18). 
 
 
24 
 
O intuito desse importante documento, está em frisar que as diferenças, 
sejam sociais, físicas, intelectuais, entre outras, não torna os indivíduos 
diferentes em seus direitos. Portanto, procura igualar os direitos à educação para 
todos, colocando a escola como inclusiva e integrada à comunidade. Sabe-se 
que a educação e ou escolarização de pessoas com necessidades educacionais, 
se constituiu historicamente como algo de caráter filantrópico em classes 
especiais. 
Contudo, Meletti e Ribeiro (2014) afirmam que a Declaração de Educação 
para Todos (Conferência Mundial De Educação Para Todos, 1990) juntamente 
com a Declaração de Salamanca, resultado da Conferência Mundial Sobre 
Necessidades Educacionais Especiais (1994), foram as responsáveis por incutir 
os discursos de universalização do ensino e da educação inclusiva. 
Além disso, em 2006, o governo brasileiro, através do Ministério da 
Educação, publica o primeiro documento acerca do Atendimento Educacional 
Especializado (AEE), e em 2008 publica o Decreto n. 6.571/2008. As Diretrizes 
Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação 
Básica, modalidade Educação Especial, traz o que deve-se entender por 
atendimento educacional especializado: 
 
O AEE é realizado, prioritariamente, na sala de recursos 
multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular, 
no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes 
comuns, podendo ser realizado, também, em centro de Atendimento 
Educacional Especializado da rede pública ou de instituições 
comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, 
conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos 
estados, Distrito Federal ou dos municípios. (BRASIL, 2009) 
 
Então, segundo Meletti e Ferreira (2014), o modo como a escolarização 
dos alunos com necessidades educacionais especiais será organizada “em 
escolas regulares públicas, nas classes comuns com o AEE ocorrendo no 
contraturno” (p. 177). 
Meletti (2009), também ajuda a compreender como que a Lei de 
diretrizes e Bases,1996, passa a incorporar em seu Artigo 59 os sistemas de 
ensino que: 
Assegurarão aos educandos com necessidades especiais, entre outros 
aspectos: currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e 
organização específicos para atender às suas necessidades; 
terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível 
 
25 
 
exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas 
deficiências (LDB, 1996). 
 
Conforme afirma Meletti, a deficiência entra como “mais uma expressão 
da diversidade” (2009, p.1). Portanto, todo o aparato legal, ou seja, as 
documentações, os decretos, vieram auxiliar na construção de igualdade de 
direitos dos alunos com necessidades. É importante que enquanto Pedagogos e 
profissionais que estejam atuando com a Educação Especial, saiba exatamente 
de que forma esses documentos auxiliam e fortificam na construção contínua de 
melhorias em relação a educação das crianças e das pessoas com necessidades 
educacionais especiais. 
 
Pesquise 
Declaração de Salamanca: Sobre Princípios, Políticas e 
Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. 
Disponível em: 
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf 
Lei Nº 9394/96 – Lei De Diretrizes e Bases Da Educação 
Nacional. 
Disponível em: 
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn2.pd
f. Acesso em: 09 ago. 2017. 
Para conferir outros documentos, a página do MEC sobre 
Legislação Específica / Documentos Internacionais traz mais 
de 25 documentos que podem ajudar todos os profissionais 
que desejam se atualizar frente a este assunto. 
Disponível em: 
http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-especial-sp-
598129159/legislacao. 
 
Além desse importante documento, também tem a Convenção de 
Guatemala de 1999, promulgada no Brasil através do Decreto nº 3956/2001, 
que prevê a eliminação de todas as formas de discriminação e afirma as 
liberdades fundamentais dos mesmos direitos humanos que as demais pessoas. 
Com grande ênfase no âmbito educacional, esse documento exigiu uma 
reinterpretação e novas formas de vislumbrar a educação especial. 
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn2.pdf
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn2.pdf
 
26 
 
Outro momento decisivo para a discussão acerca da inclusão, foi a 
Declaração de Montreal, realizada em 5 de julho de 2001, que convocou 
governos e representantes de várias partes do mundo para que se 
comprometessem com o desenho acessível e inclusivo de ambientes, produtos 
e serviços para o benefícios de todos que compõe a população. 
Além disso, também teve-se a elaboração ao longo de 4 anos, assinado 
em 2007, com o documento Convenção do Direito das Pessoas com 
Deficiência, com a participação de 192 países membros da Organização das 
Nações Unidas com o principal objetivo de resguardar os direitos e a integridade 
das pessoas com deficiência. 
 
Ví deo 
Assista ao vídeo Por que Heloísa? (completo – versão Libras), 
que mostra uma menina de 6 anos, com paralisia cerebral em 
uma escola comum. 
Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=BHYuCIuvjnE&feature=you
tu.be 
 
 
2.3 Documentos Legais sobre Princípios, Política e Prática para as 
Abordagens Educativas Especiais Brasileiras 
 
No caso específico do Brasil, se tem a Constituição de 1988, em seu 
artigo 208, que estabelece o pleno desenvolvimento dos cidadãos, sem 
preconceito de origem, raça, cor, sexo, idade e qualquer outra forma de 
discriminação, estabelecendo o direito das pessoas com necessidades especiais 
de receberem educação, preferencialmente no sistema regular de ensino. 
Segundo o documento de Acessibilidade e tecnologia Assistiva: pensando a 
inclusão sociodigital de PNEs, organizado por Andrea Poletto Souza em 2013, 
foi a partir disso que: 
 
[...] muitasleis que tratam da questão inclusiva começaram a surgir no 
Brasil. Primeiramente, tem-se a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, 
que dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência e sua integração 
social. O Decreto nº. 3.298, de 20 de dezembro de 1999, regulamenta 
esta mesma lei, dispondo sobre a política nacional para a integração 
da pessoa com deficiência (2013, p. 28). 
 
27 
 
Em se tratando do âmbito educacional, se tem o Estatuto da Criança e 
do Adolescente, assegurando o direito à igualdade de condições no acesso e na 
permanência na escola, com a Lei nº 8.069 de 1990, além da Lei de Diretrizes e 
Bases já comentada anteriormente. 
 
Importante 
O ECA (1990) e a LDB (1996), reafirmam a constituição na 
igualdade de condições e permanência na escola, garantia de 
currículos, métodos, recursos e serviços especiais de ensino, 
professores especializados e capacitados. 
 
 
Portanto, quando se fala e apresenta leis, decretos, portarias e demais 
documentos a respeito da inclusão, evidencia cada vez mais o passo relevante 
frente a inclusão, promovendo assim a acessibilidade e o direito às pessoas com 
necessidades especiais, contudo, precisa-se ressaltar que para que elas 
ocorram e se efetivem na prática, como ressalta o documento de Acessibilidade 
e tecnologia Assistiva: pensando a inclusão sociodigital de PNEs (2013), é 
preciso mudanças individuais, culturais e sociais, que permitam a substituição 
de paradigmas em benefícios aos esforços que nos direcionam à inclusão. 
 
Amplie Seus Estudos 
Vale a pena realizar a leitura do documento Acessibilidade 
e Tecnologia Assistiva: pensando a inclusão sociodigital de 
PNEs de 2013. 
Disponível em: 
http://cta.ifrs.edu.br/files/doc/83caa38ba1f037f639959a9e6c
ea601a.pdf 
 
 
2.4 Desenho Universal 
 
Se pensar em um ambiente que se adaptasse a pessoa, conseguir-se-
ia, no mínimo, neutralizar as deficiências e as limitações. É para isso que apoia-
se no conceito de Desenho Universal, e mais especificamente, no conceito de 
 
28 
 
Desenho Universal da Aprendizagem, quando foca-se nos intuitos no 
processo de ensino e aprendizagem da pessoa com deficiência, seja ela 
intelectual, física, entre outras. 
Mas então, “o que podemos entender por Desenho Universal, de onde 
surgiu este nome e como se dá este conceito?” 
Visando a independência da pessoa com deficiência e seu processo real 
de inclusão é que deve-se ratificar a necessidade de ampliar os canais 
diferenciados de comunicação, cooperação e colaboração (PNEs, 2013). 
O conceito de Desenho Universal, foi desenvolvido por profissionais da 
área de Arquitetura nos Estados Unidos pela Universidade Estadual da Carolina 
do Norte, buscando o benefício para todas as pessoas, sendo elas com 
necessidades especiais ou não, visando atender a maior quantidade de 
indivíduos, sempre. 
 
O Desenho Universal preocupa-se em conceber ambientes, 
serviços, produtos e tecnologias para serem utilizados 
equitativamente, oferecendo segurança e maior autonomia, 
sem que tenha a necessidade de adaptação ou readaptação. 
 
O verdadeiro sentido, portanto, do Desenho Universal, está em atender 
a todos, e não somente aos que se encaixam na classificação de pessoas com 
necessidades especiais ou idosos. Busca-se um sentido muito mais amplo de 
conforto, segurança, flexibilidade, procurando sempre atender aqueles com 
diferentes idades, habilidades, tamanhos, etc. 
Os princípios do desenho universal da aprendizagem são: envolvimento, 
representação, ação e expressão. Em busca dessa igualdade, o Desenho 
Universal, segundo o Centro de Desenho Universal, 2008 (The Center for 
Universal Design) sustenta este conceito através de 7 princípios, são eles: 
 
1. Uso equiparável; 
2. Uso flexível; 
3. Simples e intuitivo; 
4. Informação perceptível; 
5. Tolerância ao erro; 
6. Pouca exigência de esforço físico; 
 
29 
 
7. Tamanho e espaço para acesso e uso. 
 
2.4.1 Uso equiparável 
 
O uso equiparável diz respeito a disponibilizar segurança e conforto de 
forma igualitária para todos, ou seja, busca proporcionar que os espaços, objetos 
e produtos, possam ser utilizados por diferentes pessoas com diferentes 
capacidades. Observe a imagem: 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Gabrilli (2017) 
 
 Com esta imagem, pode-se entender que o tamanho da porta, os 
censores e a forma de abrir, está acessível a todos. Assim como na imagem 
abaixo, se tem o acesso com rampas, corrimãos e guarda-corpo. 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-99592/diretrizes-do-desenho-universal-na-
habitacao-de-interesse-social-no-estado-de-sao-paul 
2.4.2 Uso flexível 
 
Quanto ao uso flexível, pode-se compreender que oferece opções de 
diferentes formas de uso, como o canhoto ou destros, facilita a precisão do 
usuário, adapta-se ao seu ritmo, etc. Observe a imagem: 
 
 
 
 
30 
 
 
 
 
Disponível em: Gabrilli (2017) 
 
Subtende-se que se tem um usuário que ao utilizar um computador 
completo, tem ao seu dispor uma interface especializada, ou até mesmo um leitor 
de tela nos ambientes, com possibilidades de deslocamento de paredes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-99592/diretrizes-do-desenho-universal-na-
habitacao-de-interesse-social-no-estado-de-sao-paulo 
 
2.4.3 Simples e intuitivo 
 
De fácil entendimento, proporcionando a compreensão por qualquer 
usuário, independentemente de sua experiência, conhecimentos ou habilidades 
de linguagem e comunicação. Como pode-se observar a imagem abaixo, as 
placas informativas permitem distinguir sanitários femininos e masculinos que 
também podem ser utilizados por pessoas com deficiência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Gabrilli (2017) 
 
31 
 
 
Além disso, projetos que promovam o deslocamento e percursos simples 
e intuitivos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-99592/diretrizes-do-desenho-universal-na-
habitacao-de-interesse-social-no-estado-de-sao-paulo 
 
2.4.4 Informação Perceptível 
 
Comunica efetivamente, independentemente das condições ou das 
habilidades dos usuários. Deve-se utilizar diferentes formas de comunicação, 
como placas, avisos sonoros, Braille, entre outros que possam auxiliar na 
promoção deste princípio. Além de serem conhecidos universalmente, são de 
fácil compreensão. 
 
 
 
 
Fonte: Gabrilli (2017) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
 
 
 
 
Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-99592/diretrizes-do-desenho-universal-na-
habitacao-de-interesse-social-no-estado-de-sao-paulo 
 
2.4.5 Tolerância ao erro 
 
Busca-se minimizar os riscos de ações involuntárias ou acidentais, 
disponibilizando os elementos mais utilizados dentro de aspectos acessíveis, 
eliminando os riscos e protegendo o usuário. Além disso, não permite ações 
inconscientes. Observe a imagem deste quinto princípio, ela evidencia os 
sensores nas portas 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Gabrilli (2017) 
 
Independente da altura de quem adentra o local, além de ter altura e 
largura acessível a todos, também deve ser utilizado piso tátil de alerta e faixas 
contrastantes que evitam acidentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 
 
Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-99592/diretrizes-do-desenho-universal-na-
habitacao-de-interesse-social-no-estado-de-sao-paulo 
 
 
2.4.6 Pouca Exigência de Esforço Físico 
 
Usar o mínimo de esforço possível, sem necessidade de movimentos 
repetitivos, como girar uma maçaneta. Esse princípio valoriza e prioriza, como 
se observa na imagem abaixo, o uso de maçanetas, por exemplo, que não exijam 
força para girar e que possam ser acionadas com a utilização dos cotovelos, em 
casos do usuário possuir alguma deficiência motora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-99592/diretrizes-do-desenho-universal-na-
habitacao-de-interesse-social-no-estado-de-sao-paulo 
 
2.4.7 Tamanho e Espaço paraAcesso e Uso 
 
Permite o acesso a todos os usuários, independentemente do tamanho, 
postura e mobilidade. Proporciona espaço adequado para o usuário em um 
sanitário público, por exemplo, que possa ser utilizado por cadeirantes, uma 
pessoa alta, um obeso, etc. Além de mobiliário adequado. 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
 
 
 
Fonte: Gabrilli (2017) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-99592/diretrizes-do-desenho-universal-na-
habitacao-de-interesse-social-no-estado-de-sao-paulo 
 
2.5 Desenho Universal da Aprendizagem (DUA) 
 
Quando se referencia a respeito do Desenho Universal da Aprendizagem 
(DUA), está se objetivando alterações dos contextos de ensino que favoreçam a 
aprendizagem de todos, principalmente no currículo. 
 
Atualmente a abordagem do DUA preconiza que as práticas 
pedagógicas devem ser equacionadas, de modo a permitir que alunos 
com diversas capacidades possam fazer parte da aprendizagem 
comum, não necessitando de ter programas específicos (King-Sears, 
2009; Quaglia, 2015; Rose & Mayer, 2002). Na opinião de Katz (2014) 
esta abordagem procura a justiça social e visa facilitar a inclusão de 
todos os alunos no currículo e na vida escolar. (NUNES E 
MADUREIRA, 2015, p. 134) 
 
 
 Mas quando se fala do Desenho Universal da Aprendizagem, pode-se 
apresentar 3 aspectos fundamentais que foram desenvolvidos por Cast (2012), 
para orientar os professores sobre o modo como podem proceder, para tornar 
suas aulas mais acessíveis. (CAST, 2012, 2014; Domingues et al., 2014; Meyer 
et al., 2014). 
 
 
 
35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.udlcenter.org/aboutudl/udlguidelines_theorypractice 
 
É importante observar que esses princípios trazem o estímulo ao 
interesse do aluno, e certamente, enquanto professores e profissionais que 
estão trabalhando diretamente com as crianças, entende que, como afirma Rapp 
(2014), deve-se “perceber quais são os seus interesses, ajudá-los a manter e a 
persistir nos objetivos e a autorregular os comportamentos de aprendizagem” 
(p.3). 
No segundo princípio, é notável que cada aluno assimile de forma 
diferente a informação e o conteúdo apresentado, para isso é que deve-se 
proporcionar diferentes formas de representação daquilo que se quer ensinar, 
focando-se diretamente no seu principal objetivo de ensino. 
No terceiro princípio, foca-se nos meios de expressão e comunicação, 
pois sabe-se que muitos alunos não gostam de se expressar através da fala ou 
de maneira escrita, e por isso se dá como o último princípio desse conceito de 
ensino e aprendizagem. 
Contudo, Nunes e Madureira (2015) alertam que “no nosso país não se 
conhecem estudos relativos ao uso do DUA com alunos com ou sem NEE”. Mas, 
apesar disso, as autoras mencionam que segundo estudos fora do Brasil a: 
 
Formação em DUA e o desenvolvimento de planos de aula, realizado 
por Spooner, Baker, Harris, Ahlgrim-Delzell e Browder (2007), 
 
36 
 
envolveu 72 participantes (docentes do ensino regular e de educação 
especial) e implicou uma hora de formação em DUA. Os resultados 
sugerem que uma simples introdução ao DUA pode ajudar os docentes 
a desenhar planos de aula acessíveis a todos os alunos. Os autores 
referem ainda que quando os docentes planificam a aula tendo por 
base os princípios do DUA e os quatro componentes do currículo, têm 
possibilidade de implementar um processo de ensino e aprendizagem 
que envolve de uma forma mais ativa todos os alunos (NUNES E 
MADUREIRA, 2015, p. 139). 
 
 
Resumo da aula 
 
Durante esta aula, pode-se conhecer mais sobre os conceitos de inclusão, 
bem como sobre o Desenho Universal baseado na arquitetura e no Desenho 
Universal da Aprendizagem, focalizado no processo de ensino. 
Baseado no processo de inclusão, pode-se analisar os documentos que 
regem toda a inclusão no país, além dos documentos de cunho universal. Foi 
visto sobre a Declaração de Salamanca, a Lei de Diretrizes e Bases, entre outros 
aparatos legais, que auxiliam na equiparação de direitos de todos. 
Além disso, foi visto sobre o Desenho Universal e sua utilidade para as 
pessoas com deficiências, sejam elas físicas, intelectuais, etc. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Discorra o que você entende sobre o Desenho Universal da 
Aprendizagem, e a relação dele com o ensino em sala de aula. 
 
 
 
Aula 3 - O Espectro de Manifestações Autistas 
 
Nesta aula será aprofundado o conhecimento sobre o autismo, de forma 
a se ter um potencial maior em relação a esse assunto. 
 
3.1 Conceitos Iniciais Sobre Autismo 
 
Muitas vezes na ânsia de conseguir uma comunicação com a criança 
autista, os pais se antecipam com respostas, mostram uma figura que eles 
“pensam” ser a necessidade da criança naquele momento, e nasce assim a 
 
37 
 
frustração de ambos, pois a comunicação não ocorreu, ou ocorreu de uma forma 
equivocada. A comunicação não se restringe à palavras. Ela é muito mais 
complexa do que apenas a emissão de sons coerentes. (MACHADO, 2009) 
 Cabe ao educador e demais profissionais, realizar a mediação da criança 
com o mundo, pois através de seu trabalho, proporcionará à criança autista, o 
ingressar no cotidiano das pessoas e de si mesmo. Através de muitos recursos, 
o professor e possivelmente a equipe multidisciplinar, alcançará a oportunidade 
de deixar que a criança se sinta no controle da situação, lhe dando oportunidade 
de escolhas. 
 Serão apontados alguns recursos utilizados na comunicação da criança 
autista, segundo o banco de ideias de Manzini e Deliberato (2004): 
 
• Pastas, fichários e pranchas; 
• Objetos concretos; 
• Miniaturas; 
• Símbolos gráficos; 
• Figuras temáticas; 
• Fotos; 
• Figuras de atividade sequencial; 
• Expressões faciais. 
 
Lembrando sempre que cada criança autista é um universo diferente, os 
recursos utilizados para uma criança talvez não sirva para a outra, todos os 
materiais e meios utilizados para a comunicação alternativa, devem ser 
personalizados para cada criança de acordo com a sua necessidade. 
 
3.2 O Autismo 
 
O autismo é um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo 
estudado pela ciência há quase seis décadas, mas sobre o qual ainda 
permanecem dentro do próprio âmbito da ciência, divergências e grandes 
questões por responder. É um Transtorno Global do Desenvolvimento com 
influência genética, que descreve crianças que apresentam dificuldades na 
interação social e na comunicação. 
 
38 
 
Segundo Mello (2007), ultimamente não só vem aumentando o número 
de diagnósticos, como também esses vêm sendo concluídos em idades cada 
vez mais precoces, dando a entender que, por trás da beleza que uma criança 
com autismo pode ter, e do fato de o autismo ser um problema de tantas faces, 
as suas questões fundamentais vêm sendo cada vez reconhecidas com mais 
facilidade por um número maior de pessoas. Provavelmente é por isto que o 
autismo passou mundialmente de um fenômeno aparentemente raro, para um 
muito mais comum do que se pensava. 
É bem interessante a afirmação da autora, sobre a relação entre aumento 
do número de diagnósticos de autismo e a maior facilidade de reconhecimento 
do mesmo por um maior número de pessoas. Pode-se dizer então, que havia 
mais desconhecimento do transtorno do que raridade de casos. 
 O autismo se diferencia de outros transtornos pela aparência da criança, 
por sua aptidão, as vezes precoce, para algumas coisas e grande dificuldade 
para outras. Há relatos de mães que afirmam que seus filhos desde muito 
pequenos, já eram extremamente inteligentes para fazer algo, porém não se 
comunicavam, não davam sequência em outras e não expressavam emoções. 
Mello (2007), destaca que estudos recentes afirmam que o autismo seria 
4 vezes mais frequente em pessoas do sexo masculino, e a prevalência do 
autismo é de 1 em cada 150 casos, ou seja, de cada 150 crianças nascidas no 
mundo, uma teria autismo.As causas do autismo são polêmicas. Já afirmaram, alguns estudiosos, 
que poderia ser a rejeição materna, suposição que já foi desprezada 
há tempos, ainda se fala em causa genética, mas como as causas não 
são totalmente conhecidas, o que pode ser recomendado em termos 
de prevenção do autismo são os cuidados gerais a todas as gestantes, 
especialmente cuidados com ingestão de produtos químicos, tais como 
remédios, álcool ou fumo (MELLO, 2007, p. 17). 
 
 
O autismo pode se manifestar nos primeiros meses de vida da criança, ou 
como afirmam alguns pais, há uma regressão na criança, que até então tinha um 
comportamento dito “normal”. 
 Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem muita dificuldade 
em se comunicar, não olham diretamente nos olhos, não aceitam afagos, e 
algumas vezes podem se machucar com mordidas e puxões de cabelo. 
 
39 
 
 Segundo Mello (2007), a definição de autismo adotada pela Associação 
de Amigos dos Autistas (AMA), para efeito de intervenção, é que o autismo é um 
distúrbio do comportamento que consiste em uma tríade de dificuldades: 
dificuldade de comunicação, na socialização e no uso da imaginação. 
É comum que crianças com autismo repitam frases ouvidas anteriormente 
e até mesmo algum tempo depois, são os fenômenos da ecolalia imediata 
(quando a criança repete uma frase assim que acabou de ouvi-la) e ecolalia 
tardia (quando a criança repete uma frase que foi dita há dias). 
 Existem vários sistemas diagnósticos utilizados para a classificação do 
autismo. Os mais comuns são a Classificação Internacional de Doenças da 
Organização Mundial de Saúde, ou CID-10, em sua décima versão, e o Manual 
de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais da Academia Americana de 
Psiquiatria, ou DSM-V. 
 
Importante 
• Não há idade determinada para o aparecimento dos sintomas, 
os sintomas tornam-se evidentes gradativamente. 
• Os sintomas variam bastante. 
• Muitas crianças podem não apresentar todos os sintomas até 
hoje identificados. 
• Parecem estar no “mundo deles”. 
• Tem atraso no desenvolvimento da linguagem. 
• Não brinca de faz de conta. 
• Repete movimentos, como girar a roda de um carrinho 
constantemente. 
 Fonte: http://www.ama-ba.org.br/ 
 
 A autora cita Hans Asperger, que em 1944, descreveu a Síndrome de 
Asperger, e acreditava que com um programa educacional apropriado, as 
crianças conseguiriam se adaptar. 
 Alguns sintomas da Síndrome de Asperger são parecidos com os 
sintomas do autismo: dificuldade na linguagem, dificuldade no uso do olhar, e 
para expressar emoções. Porém, na Síndrome de Asperger, as crianças 
 
40 
 
apresentam memorização de grande sequência, ouvido musical absoluto, entre 
outras características. 
O professor e os demais profissionais, devem observar o aluno com 
alguns sintomas ligados a esses transtornos, mas não deve “diagnosticar”, 
apenas observar, conversar com os pais e obter informações. Quando a criança 
já é diagnosticada com autismo ou Síndrome de Asperger, cabe ao ambiente 
pedagógico conversar com os outros alunos da sala, explicitando o direito a 
igualdade e ao respeito, solicitando colaboração de todos. 
 Em se tratando do professor, Mello (2007) indica uma lista de orientações 
bem definidas para que este profissional possa utilizá-la para o 
acompanhamento do aluno, como: 
 
1. Sentar o mais próximo possível do professor. 
2. Ser requisitado como ajudante do professor algumas vezes. 
3. Usar agendas e calendários, listas de tarefas e listas de verificação. 
4. Ser ajudado para poder trabalhar e concentrar-se por períodos cada 
vez mais longos. 
5. Ser estimulado a trabalhar em grupo e a aprender a esperar a vez. 
6. Aprender a pedir ajuda. 
7. Tenha apoio durante o recreio onde, por exemplo, poderá dedicar-se 
a seus assuntos de interesse, pois, caso contrário, poderá vagar, 
dedicar-se a algum assunto inusitado ou ser alvo de brincadeiras dos 
colegas. 
8. Seja elogiado sempre que for bem-sucedido ou apresentar dedicação. 
 
Assim, a inclusão deve manter a criança participativa e acolhida entre as 
demais, com ajuda do professor. 
 
3.3 Tipos de Intervenção 
 
O método TEACCH (Tratamento em Educação para Autista e Crianças 
com Deficiências Relacionadas à Comunicação), segundo Araújo (2015, s/p) é 
“um dos métodos de ensino mais utilizados no Brasil para atender o autista [...] 
desenvolvido no início de 1970 pelo Dr. Eric Schopler e colaboradores, na 
Universidade da Carolina do Norte, tornando-se conhecido no mundo inteiro”. 
 
41 
 
Utiliza-se uma avaliação chamada PEP-R (Perfil Psicoeducacional 
Revisado) para avaliar a criança, levando em conta os seus pontos fortes e suas 
maiores dificuldades, tornando possível um programa individualizado. Esse 
método visa a independência da criança. O TEACCH se baseia na organização 
do ambiente físico através de rotinas - organizadas em quadros, painéis ou 
agendas - e sistemas de trabalho, de forma a adaptar o ambiente para tornar 
mais fácil para a criança compreendê-lo, assim como compreender o que se 
espera dela. 
 
Saiba Mais 
Para saber mais sobre o método TEACCH, indico a leitura do 
trabalho de Araújo (2015), A Contribuição Do Método Teacch 
Para o Atendimento Psicopedagógico, que consiste em um 
estudo de caso realizado no Centro de atendimento 
Psicopedagógico da Universidade Federal da Paraíba, 
objetivando verificar como atividades estruturadas, baseadas 
no Método, TEACCH funcionam e se manifestam. 
Disponível em: 
http://rei.biblioteca.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/1303/1
/ENA27092016 
 
O Picture Exchange Communication System (PECS) “é um sistema de 
comunicação que ressalta a relação interpessoal, em que ocorre um ato 
comunicativo entre o indivíduo com dificuldades de fala e um adulto, por meio de 
trocas de figuras”. Apresenta bons resultados, mostrando à criança que através 
da comunicação ela consegue um bom desenvolvimento (MELLO, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
Amplie Seus Estudos 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Análise do Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis; 
abreviando: ABA) é um plano de observação da criança com transtorno. De 
acordo com o manual de treinamento da ABA, traduzido em 2005 por Margarida 
Hofmann Windholz e colaboradores, é um termo advindo do campo científico do 
Behaviorismo, que observa, analisa e explica a associação entre o ambiente, o 
comportamento humano e a aprendizagem. 
 
A ABA é uma abordagem analítico-comportamental que foi aplicada 
pela primeira vez com autistas por Lovaas (1987), psicólogo e 
pesquisador do comportamento humano. Consiste em um estudo 
científico que explica comportamentos e planeja modificações, visando 
aumentar, diminuir, criar, eliminar ou melhorar comportamentos. [...] 
profissionais utilizam técnicas para o desenvolvimento da 
comunicação, das habilidades sociais, de brincadeira, acadêmicas e 
de auto-cuidados. São utilizados reforçadores após a emissão de 
comportamentos ou respostas adequadas, além de considerarem os 
antecedentes das respostas emitidas pelo indivíduo, para que a função 
do comportamento seja observada e estudada. (FIGUEIREDO, 2014, 
p. 48-49). 
 
Importante ressaltar que, segundo Tramujas (2010), o currículo a ser 
efetivamente seguido, depende de cada criança em particular, mas geralmente 
é amplo; cobrindo as habilidades acadêmicas, de linguagem, sociais, de 
cuidados pessoais, motoras e de brincar. O intenso envolvimento da família no 
programa é uma grande contribuição para o seu sucesso. 
 
 
 
 
Para saber mais sobre o Picture Exchange Communication 
System (PECS) vale a pena conferir o artigo Revisão de 
Estudos Sobre o Picture Exchange Communication System 
(PECS) Para o Ensino de Linguagem a Indivíduos com 
Autismo e Outras Dificuldades de Fala. 
Disponível em: 
http://www.scielo.br/pdf/rbee/v19n4/v19n4a11.pdf 
 
43 
 
3.4 Inclusão 
 
Muito se fala em inclusão hoje em dia, no entanto, ainda sãograndes as 
dificuldades por que passam as crianças especiais. 
Segundo Magalhães et al. (2013), a busca por uma educação igualitária 
é tema recorrente no atual contexto educacional, principalmente quando se 
refere à inclusão de crianças com deficiência em escolas de ensino regular. 
Apesar da ampla discussão em torno dessa temática, ainda há uma série de 
limitações quanto à prática da inclusão e o papel do professor, para que o mesmo 
esteja preparado para lidar com as dificuldades provindas do ensino voltado para 
a criança com deficiência. 
A autora ainda afirma que a inclusão de crianças com autismo em sala de 
aula regular, prevista em lei, assegura ao aluno o direito do acesso ao ensino, 
ficando à escolha dos pais matricularem ou não os filhos em escolas regulares. 
Para que a instituição de ensino promova inicialmente o desenvolvimento e, 
posteriormente, a aprendizagem, é necessário que ela disponha de uma prática 
pedagógica coletiva na qual seja esclarecida a importância do envolvimento 
familiar com a escola, além de mudanças de caráter estrutural e metodológico, 
privilegiando um currículo que se adeque também às necessidades da criança 
com autismo. 
A inclusão não é somente aceitar o aluno na escola, mas deve haver a 
predisposição do professor em manter essa criança participativa e acolhida entre 
as demais. A socialização da criança autista vai depender muito do professor e 
de toda equipe pedagógica, para adaptá-la ao ambiente escolar. 
Magalhães et al (2013), ressalta que se a inclusão se caracteriza como 
uma situação mal manejada, as crianças autistas podem acabar exploradas e 
ridicularizadas por outras crianças, e que, no entanto, elas querem ser parte do 
mundo social e ter amigos, mas não sabem como fazer para se aproximar. 
O professor e a equipe pedagógica são responsáveis pela inclusão, 
socialização e aprendizado da criança autista, para isso, todos devem ser bem 
formados nos parâmetros atuais de convivência e respeito a todos, focando na 
harmonia e no respeito às diferenças. 
Antes de se falar em Transtorno do Espectro Autista - TEA, há uma 
terminologia denominada Transtornos Globais de Desenvolvimento - TGD, que 
 
44 
 
indicam algumas características relacionadas ao autismo, como, dificuldades de 
se socializar, atraso de linguagem e comunicação e também comportamentos 
agressivos. 
Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é o termo adotado pela 
Associação Americana de Psiquiatria, sendo veiculado na quinta edição 
do Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais - DSM-5, com 
publicação no Brasil a partir do ano de 2013. Essa nova terminologia integra os 
diversos tipos de Autismo, bem como o Transtorno de Asperger. 
Conforme o DSM-V, o TEA caracteriza-se por déficits persistentes na 
comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, incluindo 
déficits na reciprocidade social, em comportamentos não verbais de 
comunicação usados para interação social e em habilidades para desenvolver, 
manter e compreender relacionamentos. Além dos déficits na comunicação 
social, o diagnóstico do transtorno do espectro autista requer a presença de 
padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. 
Em nota, o Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais 
- DSM-5, orienta para que indivíduos com um diagnóstico do DSM-IV bem 
estabelecido de Transtorno Autista, Transtorno de Asperger ou Transtorno 
Global do Desenvolvimento sem outra especificação, devem receber o 
diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista. 
 
3.5 Transtornos Globais de Desenvolvimento (TGD) 
 
Segundo Cirino (2015), o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente 
reconhece os alunos com TGD, como sujeitos de pleno direito, postula sua 
“condição peculiar” de “pessoas em desenvolvimento”. Portanto, é indiscutível a 
necessidade de formação dos profissionais que atuarão com estas crianças. 
Para entender um pouco mais sobre o TGD, Santos (2014), afirma que: 
 
Os alunos da área dos Transtornos Globais do Desenvolvimento 
apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento 
neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na 
comunicação, repertório de interesses e atividades restrito, movimento 
estereotipado e repetitivo. (SANTOS, 2014, s/p) 
 
 
45 
 
Estão inclusos na TGD o Autismo, Síndrome de Asperger, Síndrome de a 
Rett, e Psicose Infantil. 
Sonza et al (2013), cita que são consideradas pessoas com TGD, aquelas 
que apresentam “alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na 
comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e 
repetitivo". Incluem-se nesse grupo: Autismo, Síndrome do Espectro Autista 
(RETT) e Psicose Infantil. 
 
 
3.5.1 Transtornos Globais de Desenvolvimento (TGD) - Sindrome de Rett 
 
A Síndrome de Rett é definida pela Associação Brasileira de Síndrome de 
Rett, como uma “desordem do desenvolvimento neurológico relativamente rara”. 
A prevalência dessa síndrome é no sexo feminino, e começa a ficar evidente 
entre 6 meses e 18 meses de idade. Segundo Souza (2013), a partir da idade de 
quatro anos manifesta-se uma ataxia (falta de coordenação) do tronco e uma 
apraxia (dificuldade em executar movimentos espontâneos), seguidas 
frequentemente por movimentos coreoatetósicos (movimentos involuntários 
incontroláveis). O transtorno leva quase sempre a um retardo mental grave. 
 
 
A síndrome de Rett é uma das causas mais frequentes de deficiência 
múltipla severa no sexo feminino. Pelo conjunto de suas 
características, trata-se de quadro que deve interessar todos os 
profissionais da área da saúde [...] (SCHWARTZMAN, 2003, p. 110) 
 
Para orientar um pouco mais sobre esta Síndrome, visualize com atenção 
o quadro clínico dos estágios evolutivos da Síndrome de Rett abaixo: 
 
 
 
 
 
Segundo a ABRETE (Associação Brasileira de Síndrome de 
Rett), a cada 5 horas, nasce uma menina com Síndrome de Rett 
no mundo. 
 
46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaborado pelo autor 
 
A Tecnologia Assistiva vem em auxílio aos alunos que não apresentam 
oralidade para expressar suas ideias ou vontades. 
 
 
 
 
47 
 
Amplie Seus Estudos 
Para compreender um pouco mais do histórico desta 
Síndrome de Rett, vale a pena conferir o trabalho 
apresentado no I Seminário Internacional de Inclusão 
Escolar: práticas em diálogo na UERJ, intitulado de 
Síndrome De Rett: Múltiplos Olhares e Diversas 
Possibilidades. 
Disponível em: 
http://www.cap.uerj.br/site/images/stories/noticias/47-
oliveira_et_al.pdf 
 
 
3.6 Psicose Infantil 
 
É um retardo mental com características autísticas (CID 10, 2009), que 
causa um transtorno de personalidade e incapacidade de socialização. Veja 
algumas características (Bezerra, 2004; Tecnep, 2008): 
 
• Dificuldade de se afastar da mãe; 
• Problemas na compreensão do que vê, de gestos e da linguagem; 
• Repete imediatamente palavras e/ou frases ouvidas, a criança se refere 
a ela mesma utilizando-se da terceira pessoa do singular ou do seu nome 
próprio; 
• Alterações marcantes na produção da fala, com peculiaridades quanto à 
altura, ritmo e modulação; 
• Relacionamento com as pessoas prejudicado; 
• Confusão de identidade pessoal; 
• Resistência a mudanças; 
• Ansiedade excessiva; 
• Perturbação da linguagem e da fala; 
• Hiperatividade ou hipoatividade. 
 
Também apresentam desordem neurológica, que interferem no 
aprendizado, como (CORREIA; MARTINS, 2010): 
 
 
48 
 
• Dislexia - dificuldade na área da leitura, gerando a troca de linhas, 
palavras, letras, sílabas e fonemas. Isso traz como consequência, uma 
leitura mais lenta; 
• Disgrafia - dificuldade motora na execução da escrita. Os traços variam 
entre pouco precisos (muito leves) ou demasiadamente fortes. Apresenta 
letras mal traçadas e ilegíveis e desorganizaçãona produção de um texto; 
• Discalculia - problema neurológico que traz dificuldades ao indivíduo 
para realizar operações matemáticas, cálculos, classificar números ou 
colocá-los em sequência. Há dificuldades para reconhecer números e 
sinais matemáticos, como também a não compreensão de enunciados de 
problemas e de exercícios com sequência lógica. 
• Dislalia – deficiência relacionada a fala, apresentando dificuldade na 
emissão da fala e na pronúncia das palavras, com trocas de sons, letras 
e fonemas. 
• Disortografia – deficiência na linguagem, com desmotivação para 
escrever, separação indevida das palavras e dificuldade na pontuação e 
acentuação. 
 
 
3.7 A Atuação do Psicopedagogo no TGD 
 
Observem a afirmação de Edith Rubinstein: 
 
O psicopedagogo é visto como um detetive que busca pistas, 
procurando selecioná-las, pois algumas podem ser falsas, outras 
irrelevantes, mas a sua meta é fundamentalmente investigar todo o 
processo de aprendizagem levando em consideração a totalidade dos 
fatores nele envolvidos, para, valendo-se desta investigação, entender 
a constituição da dificuldade de aprendizagem. (2009, p. 128). 
 
 Seu trabalho é de muita observação, e assim ele cria situações para que 
possa observar o comportamento da criança e cuidar para que ele possa 
desenvolver uma aprendizagem mais significativa (TRAMUJAS, 2010). 
Talvez esse profissional não tenha percebido ainda a riqueza dessa 
profissão, que além de ajudar no quesito aprendizagem, possui uma função bem 
especial que, segundo Bossa, (1994, p. 66) é “a de socializar os conhecimentos 
 
49 
 
disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e a construção de regras de 
conduta, dentro de um projeto social mais amplo”. Dessa forma, esse indivíduo 
pode se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente 
novo pra ele. O psicopedagogo irá descobrir as potencialidades das crianças, 
treinando o seu lado comportamental através do lúdico e da reabilitação 
cognitiva. 
 Bossa (2006), afirma que é necessário seguir esses quatro passos 
básicos para o tratamento: 
1) Estimular o desenvolvimento social e comunicativo; 
2) Aprimorar o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas; 
3) Diminuir comportamentos que interferem com o aprendizado e com o 
acesso às oportunidades de experiências do cotidiano; 
4) Ajudar as famílias. 
 
Lembrando da necessidade de se manter baixo o número de alunos na 
sala de aula, manter a rotina e a arrumação dos materiais, trabalhar com 
materiais concretos e de apelo visual, manter o tom de voz baixo, e buscar 
trabalhar as habilidades do aluno autista que desponta na arte, no computador 
e as vezes até na música. 
Frequentar a escola é um direito do autista garantido pela legislação 
12.764, de 27 de dezembro de 2012, visto que, pode ajudar no desenvolvimento 
além de tentar favorecer a aprendizagem da criança. Esta legislação também 
garante o incentivo à capacitação dos profissionais para atuar com os autistas, 
já que para estar numa sala de aula com crianças com esse transtorno, o 
profissional deve estar preparado para não só saber agir, como também ensinar. 
Para Schwartzman (1994), quanto mais significativos para a criança forem 
os seus professores, maiores serão as chances dela promover novas 
aprendizagens, ou seja, independentemente da programação estabelecida, ela 
só ganhará dimensão educativa quando ocorrer uma interação entre o aluno 
autista e o professor. 
Os autores apontam ainda outro fato relevante na educação do autista, é 
que o professor promova interações das crianças autistas com outras crianças 
do ensino regular. Os autores citados acreditam que o aluno autista ganha 
através dos modelos oferecidos pelas crianças do ensino regular, e pela 
 
50 
 
quantidade de estimulação que este ambiente escolar propicia. Trabalhar com 
fichas, desenhos, músicas, jogos, sempre é muito bom para o desenvolvimento 
da criança com autismo, um ambiente com cartazes e figuras estimulam um 
aprendizado significativo. 
Um bom profissional deve estar preparado para lidar com crianças, jovens 
e adultos. Enfim, lidar com a emoção, a razão, o preconceito e todos os outros 
sentimentos que envolvem a interação humana. A educação deve garantir a 
estimulação essencial do cidadão desde a infância até o nível superior, formando 
cidadãos conscientes e participativos. 
Não basta a aceitação de alunos especiais nas escolas, mesmo porque 
isso já é garantido pela lei, mas sim oferecer um conjunto de serviços no qual a 
criança especial se encontre num processo de desenvolvimento da suas 
capacidades e habilidades. Conteúdos teóricos e práticos devem ser 
compatíveis com as necessidades de todos os alunos com ou sem necessidade 
especial. Segundo Mantoan (2008): 
 
Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças, é estar com, é 
interagir com o outro, é a nossa capacidade de reconhecer o outro. E 
ainda, a educação inclusiva é uma educação que acolhe todas as 
pessoas, sem exceção, isto quer dizer que a inclusão é um direito de 
todos os que são discriminados seja pela deficiência, pela cor, ou pela 
classe social. Uma vez que a inclusão não admite qualquer tipo de 
discriminação, para ser inclusiva, a escola deve ter um bom projeto que 
valorize a cultura, a história e as experiências anteriores da turma, com 
atividades selecionadas e planejadas para que todos aprendam de 
acordo com as suas condições e isso vale para estudantes com ou sem 
deficiência. (MANTOAN, 2006, s/p) 
 
 Alcântara (2013), afirma que o trabalho com crianças autistas impõe aos 
profissionais, desafios como a tolerância com respeito ao tempo que caracteriza 
o mundo dessas crianças, mas só quando há uma interação entre família, escola, 
professor e aluno é que se pode obter resultados satisfatórios, pois todo autista, 
assim como todo indivíduo, é único, e sabe-se que o tratamento não esgota o 
problema. 
A convivência com essas crianças só traz benefícios para os professores, 
uma vez que estarão a cada dia aprendendo que todos têm direito ao seu lugar 
no mundo, ninguém está no lugar errado nem tomando o espaço de outro. 
Assegurar o direito e a integridade da criança com necessidades especiais na 
escola é mediar o saber com a sensibilidade. 
 
51 
 
Resumo da aula 
 
Pode-se notar a insegurança que os pais e os professores de crianças 
autistas têm ao inserir seu filho e receber seus alunos nas escolas. A inclusão é 
garantida por lei, mas sabe-se que dentro dessa palavra “inclusão” existe um 
universo extenso e complicado. 
 Hoje já se conta com muitos recursos, como visto, e que cada criança 
deve ter seu material de apoio personalizado de acordo com as suas 
necessidades. 
 O autismo é caracterizado pela dificuldade de comunicação e da emoção, 
e as escolas devem estar bem preparadas para receber essas crianças, para 
conduzi-las ao conhecimento. 
 Abordou-se também sobre a TGD (Transtorno Globais do 
Desenvolvimento), no qual estão inclusos o Autismo, a Síndrome de Asperger, 
Síndrome de Rett e Psicose Infantil, cada uma dessas especificidades requer 
uma condição de trabalho baseado em muita observação. É por onde começa o 
trabalho de investigação do pedagogo e da equipe multidisciplinar, voltado para 
criar situações em que propicie a participação e o desenvolvimento da criança. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Discorra sobre o que é o TGD e quais síndromes engloba, 
diferenciando-as. 
 
 
 
Aula 4 - Comunicação Alternativa e Aumentativa – CAA 
 
Apresentação da aula 
 
A aula irá abordar sobre a comunicação alternativa. Comunicação não é 
só o ato de falar. O ato de se comunicar pode envolver palavras, expressões, 
ruídos, sentimentos, enfim, tudo que permite o acesso à interação com o outro. 
Até mesmo os bebês de tenra idade conseguem se comunicar através de todos 
 
52 
 
esses recursos, o choro, o sorriso, uma careta. A comunicação acompanha

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