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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO DA FILOSOFIA GUARULHOS – SP 2 SUMÁRIO 1 SOBRE A FILOSOFIA ................................................................................................... 5 1.1 Conteúdo da filosofia .................................................................................................. 8 1.2 O Método da Filosofia ................................................................................................ 9 1.3 Argumentos e lógica ................................................................................................. 11 1.4 Uma Ilustração do Método da Filosofia .................................................................... 15 1.5 Clarificação: definindo o que queremos dizer ........................................................... 15 1.6 Justificação: oferecendo um argumento ................................................................... 17 1.7 Dando razões para a verdade das premissas .......................................................... 18 1.8 Objeções: considerando razões contra a verdade das premissas ........................... 20 2 LENDO FILOSOFIA ..................................................................................................... 21 3 FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO ....................................................................................... 23 3.1 As exigências da reflexão filosófica .......................................................................... 23 3.2 Conceitos relacionados à reflexão filosófica e à argumentação ............................... 26 3.3 Premissas e inquietudes filosóficas no contexto educacional .................................. 28 4 A FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO: POR QUE, O QUE E COMO ENSINÁ-LA? ........ 30 4.1 Conteúdos e Métodos para o ensino de Filosofia ..................................................... 38 5 A DIDÁTICA NA DISCIPLINA DE FILOSOFIA ............................................................ 44 5.1 A didática da filosofia no contexto das didáticas ...................................................... 45 5.2 Padrões de racionalidade curricular ......................................................................... 47 5.3 Comparações entre as expectativas de aprendizagem da aula de filosofia e demais disciplinas ....................................................................................................................... 49 5.4 A aula de filosofia e suas relações com o mundo vivido: estratégias didáticas de estranhamento ............................................................................................................... 50 3 5.5 As três aulas dentro de uma ..................................................................................... 51 5.6 A aula de filosofia e a valorização dos aspectos reflexivos inerentes à experiência escolar ............................................................................................................................ 52 5.7 A questão do compromisso escolar com o pensamento crítico ................................ 53 6 DIDÁTICA PARA ALÉM DA DIDÁTICA ....................................................................... 54 6.1 A transposição didática ............................................................................................. 55 6.2 A interdisciplinaridade ............................................................................................... 56 6.3 A contextualização.................................................................................................... 57 6.4 A avaliação da aprendizagem .................................................................................. 59 6.5 A avaliação no ensino de filosofia ............................................................................ 59 7 PRINCÍPIOS E POSSIBILIDADES PARA UMA METODOLOGIA FILOSÓFICA DO ENSINO DE FILOSOFIA: HISTÓRIA, TEMAS, PROBLEMAS ....................................... 61 7.1 Método e ensino de filosofia ..................................................................................... 61 7.2 Ensinar a pensar filosoficamente e nos outros saberes ........................................... 62 7.3 Aprender e ensinar a pensar filosoficamente: a pergunta filosófica ......................... 64 7.4 O professor de filosofia e seus duplos ...................................................................... 65 7.5 O que significa ensinar filosofia? O saber e a ignorância ......................................... 67 7.6 Os princípios de um caminho do ensinar filosofia .................................................... 68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 70 4 Prezado aluno! O grupo educacional Faveni, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 1 SOBRE A FILOSOFIA Há muitas opiniões diferentes sobre a natureza da filosofia, mas provavelmente não é uma definição muito simples do assunto. Isso reflete o fato de que não há outra disciplina também - a natureza da filosofia é uma importante questão de diferenças filosóficas, um sujeito para o qual há uma longa história de opiniões que competem entre si. Nossa convicção de que muitas ações são que no final uma pessoa pode receber uma ideia muito clara de que a filosofia estuda a questão mais detalhada. Felizmente, existem alguns pontos modestos onde há um acordo bastante abrangente para fornecer um ponto de partida razoável (BONJOUR, 2010). Fonte: Fonte: www.jmais.com.br Primeiro, a palavra "filosofia" significa literalmente ama a sabedoria, e desde o início de sua longa história, os filósofos perguntaram e tentaram responder perguntas muito difíceis sobre as questões que pareciam ser as mais importantes para a humanidade, procurando, assim, sabedoria. Em segundo lugar, uma vez que o conhecimento parece importante, mesmo que não seja suficiente para a sabedoria, pode- se perguntar qual conhecimento o estudo da filosofia produz. 6 Uma resposta tradicional é que os filósofos descobrem o caráter essencial de várias questões abstratas: verdade, conhecimento, pensamento, liberdade, dever, justiça, beleza e até mesmo realidade. Uma versão mais moderna e talvez uma modesta desta declaração é que os filósofos são o conteúdo certo ou para descobrir a análise dos conceitos que usamos se pensarmos na verdade, conhecimento e questões semelhantes - ou talvez os significados do correspondente palavras (BONJOUR, 2010). Terceiro, todos concordam que muitas áreas de pesquisa que começaram como partes de filosofia estavam afetando a ciência. Isso é feito sobre se os problemas envolvidos definitivamente serão claramente claros para permitir que eles os examinem por meio de observaçãoempírica e base empírica em termos científicos. Portanto, praticamente todos os tipos de conhecimento faziam parte da filosofia para o filósofo grego, física e biologia de Aristoteles, física e biologia, por um longo período que se separaram pela filosofia com outras áreas que recentemente seguiram esse caminho. (No final do século XIX, a psicologia foi vista como parte da filosofia). Isso sugere que a filosofia pode ser identificada, mesmo que de alguma forma indiretamente, como a origem desses temas que as pessoas ainda não aprenderam a investigar termos científicos. Isso inclui alguns temas em relação aos quais é difícil imaginar que isso nunca acontece porque eles são muito gerais, muito difíceis e possivelmente muito fundamentais. Em quarto lugar, quase todos os filósofos concordam que a história da filosofia é importante para a própria natureza da filosofia e para uma pesquisa filosófica contínua de uma forma que outras histórias de outras disciplinas não são tão importantes para eles. (BONJOUR, 2010). Isso reflete a grande proporção de eleições históricas neste volume. No entanto, os filósofos também discordam a importância da história da filosofia, e por que é importante. Concentre-se na filosofia, proposta pelo filósofo americano do século XX, Wilfrid Sellars, pode ajudar a resumir qualquer uma das ideias anteriores e também revelar um pouco mais sobre o assunto do assunto: 7 O objetivo da filosofia, que foi abreviado, é entender como o possível significado do possível prazo do termo está conectado na partida, tanto quanto possível do prazo. Em "coisas no sentido mais poderoso", incluo objetos radicalmente diferentes, por exemplo. B. Não apenas "repolhos e Reis", mas também números e deveres, possibilidades, dedos, experiência estética e morte. Para ter sucesso na filosofia, a filosofia seria usar uma expressão contemporânea "conhecer o meio ambiente" comparado a todas essas coisas, não nessa maneira irrelevante em que a Centipoda da História estava familiarizada com o seu entorno antes de se familiarizar com seu ambiente de edição " Como vou ir? "Mas nesse caminho reflexivo, o que significa que nenhum apoio intelectual é bloqueado. Como sugere, nada está muito além da competência da filosofia. Coloque este ponto de uma maneira ligeiramente diferente, a filosofia procura entender completamente, de forma totalmente refletida, como todas estão relacionadas e relacionadas, mas diferem de todo o resto. É um design muito abstrato pelo menos para dizer e também um design muito exigente. Por um lado, há pessoas que pensam que a única maneira de aprender filosofia é simplesmente começar a ler alguns textos filosóficos, tentando entender o que está acontecendo e qual é o ponto sem qualquer ajuda ou condução adicional (BONJOUR, 2010). Esta visão é refletida em um ex-treinador dizendo: Jogue-os na água e veja quem pode nadar! Por outro lado, algumas pessoas acreditam que uma orientação inicial da filosofia, embora necessariamente orientação aproximada e parcial, pode ser de grande ajuda. Desde que pensamos que esta última concepção está correta, começamos este capítulo com um ensaio de Ann Baker sobre a natureza da filosofia e especialmente nos elementos do pensamento filosófico. Uma das atividades filosóficas centrais que refletem na tentativa de entender a essencialidade das coisas (ou conceitos) é um esclarecimento. Os filósofos aumentam constantemente as questões sobre o que vários tipos de coisas realmente acontecem (ou o que realmente significa as palavras em questão). Muitos diálogos de Platão se concentram em tais problemas, especialmente questões relacionadas a noções morais ou avaliativas: "O que é coragem?", O que é justiça? "," Conhecimento? ", Etc. Em seu diálogo de Eutrivron, Platão pede a seguinte pergunta: "O que vale a pena?", Quem, para os gregos, era equivalente à pergunta "O que é correção moral?" Aprendemos a eutenon que Sócrates foi acusado de corromper os jovens de 8 Atenas; E no pedido de desculpas de Platão, levamos em conta o julgamento de Sócrates, em que ele foi condenado e condenado à morte, na verdade, para se tornar um mártir pela filosofia. Nas desculpas, como Sócrates explica por que ele não pode evitar sua punição, renunciando a pesquisa filosófica, torna a famosa afirmação de que "a vida sem reflexão não vale a pena". A perspectiva e a integridade intelectual refletida nesta afirmação eram muitas vezes consideradas paradigmáticas do verdadeiro filósofo essencial das coisas (ou conceitos), é um esclarecimento. (BONJOUR, 2010). Enquanto muitas pessoas acreditam que a filosofia é obviamente importante e valiosa, aquelas que desprezam o pensamento filosófico como brincadeira mental irrelevante, desprezível, sem importância. Bertrand Russell argumenta que a filosofia é valiosa, mesmo que seja revelada como produzindo pouco ou nenhum conhecimento seguro. Portanto, mais de 2. 000 anos depois de Platão escreveu o Eutífron e a apologia, Russell defendeu o estudo e a prática da filosofia como essencial para o melhor tipo de vida. 1.1 Conteúdo da filosofia Vamos começar com a criação de nossa apresentação da filosofia, diferenciando entre o conteúdo característico envolvido na disciplina da filosofia e do método característico de pensamento filosófico. Conteúdo (óbvio) para o que os filósofos pensam. Por exemplo, os filósofos geralmente pensam em problemas como este: o que é saber? Qual é a verdade? O que você acha? Qual é a consciência? Estamos realmente livres? É moralmente responsável por isso? Somos egoístas pelo nosso A mesma natureza? Existe uma diferença real entre certo e errado ou bom e ruim? O que é justiça? Deus existe? E também como vimos, o que é filosofia? Quando você tenta responder a essas perguntas, os filósofos pensam em acusações. Como aqueles listados. Para generalizar a partir desses exemplos, seria razoável dizer que o conteúdo da filosofia diz respeito: 9 1. Para a natureza fundamental da realidade - a natureza do espaço e tempo, propriedades e universais, e em particular, mas obviamente não exclusivamente, da realidade, consistindo de humanos (a subsidiária da filosofia chamada metafísica); 2. Para a natureza fundamental das relações cognitivas entre humanos e outras partes da realidade - sobre as relações de pensar, sabendo e assim por diante (o ramo da filosofia chamado epistemologia); 3. Para a natureza fundamental dos valores, especialmente valores relativos às relações éticas ou sociais entre os seres humanos e entre pessoas e outras partes da realidade, como animais não humanos, o meio ambiente, e assim por diante (o ramo da nommaxiologia filosófica, O que inclui os campos mais específicos de ética, filosofia política e estética. (BONJOUR, 2010). 1.2 O Método da Filosofia Atualmente, renunciaremos a qualquer explicação adicional do conteúdo da filosofia, uma vez que esta é a principal tarefa do resto do livro. No entanto, existem algumas ações implícitas feitas pelos filósofos, e sua clarificação exigirá uma explicação do método filosófico de pensamento. O método filosófico de pensamento requer um conjunto de habilidades e alguns hábitos intelectuais distintos, que pediremos os hábitos filosóficos da mente. Explicaremos algumas dessas habilidades e os hábitos neste ensaio introdutório, mas sua completa apreciação exige exercê-los nos conceitos e tópicos filosóficos desenvolvidos no restante do livro. Duas das habilidades mais fundamentais envolvidas no pensamento filosófico devem ser explicadas e acusações justificadas: como filósofo, como profissão, como profissão para criar dois tipos principais de assuntos em relação a um certo tipo de objeto, reivindicação, reivindicação, reivindicação de criar e justificar. O que queremos dizer explicando alegações e justifica? Vamos desmontaressa frase. Primeiro, o que é uma afirmação? Como acabamos de ver, há uma reivindicação de dizer algo que diz dizer algo verdadeiro ou falso com a intenção. Aqui estão alguns exemplos: há cerejeiras no pátio; Chicago fica a oeste de Washington, D.C.; 7 + 5 = 12; a relva é 10 vermelha; nenhum cão jamais foi perdido; os políticos são uniformemente honestos. Note que as alegações podem ser tanto falsas quanto verdadeiras. Nem tudo o que você diz é uma alegação, uma vez que a sua intenção não é sempre afirmar verdades. Por exemplo, uma pergunta não é uma alegação, nem o é uma exclamação ou um comando. Segundo, o que se quer dizer com clarificação? (BONJOUR, 2010). Quando um filósofo esclarece uma reivindicação, explica ou expressa em detalhes o significado da reivindicação. O esclarecimento é valioso ou mesmo requerido, porque o significado de uma reivindicação, como inicialmente formulado, pode ser obscuro seriamente, por isso torna-se difícil discutir ou avaliá-lo. Considere, por exemplo, a alegação de que Deus é amor. Presumivelmente, a pessoa que diz que Deus é que o amor pretende dizer algo que é verdade, mas algumas pessoas consideram que essa alegação é muito confusa. Isso significa simplesmente que Deus é uma pessoa amorosa? Não, parece que a intenção é significar algo muito mais significativo do que isso. Mas o que? o amor é uma espécie de emoção, a importância literal da reivindicação não tem um sentido claro (porque Deus certamente não é uma espécie de emoção). Portanto, talvez a afirmação seja metaforicamente em vez de literalmente. É muito mais fácil explicar as reivindicações literais do que explicar acusações metafóricas. No entanto, um importante trabalho explicativo é realizado, mesmo quando é dito que a afirmação é metafórica. Obviamente, algumas acusações precisam de mais explicações do que outras. No entanto, este não é o ponto de demanda real. Suponha, por exemplo, que você havia avisado sua irmã jovem para fazer o que parecia um casamento muito ruim: a única coisa boa que você pode ver em seu futuro marido é que ele é muito rico. Seria natural dizer à sua irmã que o dinheiro não pode comprar felicidade, o que significa que você pode ter muito dinheiro e ainda ser muito infeliz. (Obviamente, você deve assumir que ela quer ser feliz. (BONJOUR, 2010). Você pode esclarecer uma reivindicação sem, através disso, dar uma razão para pensar que a demanda é verdadeira. Pense em como a reivindicação poderia esclarecer (c), que nenhum homem solteiro é feliz. É certamente uma falsa afirmação, 11 mas alguém poderia continuar a pensar na sensação de ser "feliz". Antes de pensarmos sobre isso, você pode pensar que você certamente entende o que é felicidade. No entanto, assim que você tentar configurá-lo claramente, todos os tipos de problemas aparecem. Se o filósofo oferece uma justificativa para uma reivindicação, é dado razões para acreditar no pedido, e que razão é acreditar em uma reivindicação de acreditar como uma razão para pensar que é verdade? Nosso conceito de filosofia admite que uma razão para acreditar que uma alegação é verdadeira é uma boa razão para acreditar nisso. Desta razão, à primeira vista, parece que a única boa razão para acreditar em uma reivindicação, dada a adoção da reivindicação, mas aceitar isso como percebido. Em outras palavras, se eles não estão certos em acreditar que uma afirmação é verdadeira, em que obviamente não têm motivos para acreditar nessa afirmação. Suponha que, pelo resto desta discussão, que uma razão para uma reivindicação será sempre uma razão para a verdade da reivindicação. Outra suposição que faremos, explicando o que se entende por justificação, é que as razões avançadas para a verdade de uma reivindicação serão sempre acusações: afirmações feitas em uma tentativa de dizer algo verdadeiro. E a suposição feita no tratamento dessas acusações como razões é que a verdade das razões fornece evidência ou acesso * de algum tipo para a verdade da reivindicação em questão (a afirmação de que estamos tentando justificar (BONJOUR, 2010). 1.3 Argumentos e lógica Lançar outras reivindicações para manter uma afirmação recomendada é oferecer um argumento. Assim, de acordo com nosso senso de justificação, quando um filósofo justifica uma reivindicação, geralmente oferece um argumento. Na filosofia, um argumento não é um desacordo ou batalha. De acordo com a definição filosófica padrão, um argumento é um conjunto de afirmações, um dos quais é a conclusão, e os outros são as instalações propostas para apoiar a conclusão: as suposições que 12 reivindicam (da pessoa proposta pelo argumento) faz muito provável ou, talvez, até garantir que a conclusão seja verdadeira. Uma das primeiras coisas que aprendem desenvolvendo capacidades importantes para o método filosófico é muito sensível à diferença entre a conclusão e as premissas de um tópico: o pedido de um filósofo (afirma que isso é sustentado) é a conclusão, enquanto as acusações Oferecido no suporte final são as instalações. Um dos hábitos pronunciados filosóficos do Espírito é aquilo que distingue significativamente entre os locais e as conclusões, entre aqueles em favor do que argumenta e o que é oferecido como motivo. Um problema que pode ser feito nas instalações de um tópico é se eles são verdadeiros - ou pelo menos se for razoável que eles pensem que são verdadeiros. Enquanto a questão se as premissas forem verdadeiras, são cruciais para o poder do sujeito, não deve ser a primeira pergunta que eles fazem ao avaliar um tópico (BONJOUR, 2010). Antes de se preocupar se as cobranças oferecidas como razões, você tem que perguntar, você realmente apoiaria a reivindicação no correto. Razões podem apoiar uma reivindicação mais bem-sucedida, e se você perguntar o quão bem eles oferecem as razões para a aplicação (reconhecem que elas são verdadeiras), peça a força da relação de apoio: a relação entre os prêmios e a conclusão. A ideia central de um argumento filosófico é, portanto, a ideia de dar razões para a afirmação: oferecer premissas para o propósito de que a conclusão do argumento seja verdadeira. Alguns argumentos são argumentos dedutivos válidos: argumentos cujas premissas, se forem verdadeiras, garantam a verdade da conclusão. Considere o seguinte argumento para a afirmação de que Mary levou o carro: O João pegou o carro ou María pegou o carro, e eu sei que John não levantou o carro, então María deve ter prendido ela. Você pode avaliar a força do relatório de suporte desse argumento sem saber John ou Mary, ou sem saber nada sobre o carro. É simplesmente solicitado se as instalações, se forem verdadeiras, apóie a conclusão. Eles dão. Se as premissas deste argumento forem verdadeiras, a conclusão deve ser verdadeira (BONJOUR, 2010). 13 No entanto, alguns argumentos destinados não válidos: é possível que as instalações sejam verdadeiras, enquanto a conclusão é falsa. Considere o seguinte argumento para a afirmação de que Maria pegou o carro: se Maria pegasse o carro, então John não a recebeu; E eu sei que John não recebeu isso; Portanto, Maria deve coletá-lo. Suponha que todas as instalações sejam verdadeiras. A verdade dessas garantias locais (ou mesmo apoia) a verdade da conclusão? Não, este argumento torna o engano de afirmar o seguinte. (O engano é um conceito errôneo de raciocínio). Será útil fazer um pouco para ver claramente como esse engano é e por que é um raciocínio decisivo também. Quando as premissas, em caso de afirmação, na verdade, não dão nenhum apoio à conclusão, você pode se sentir tentado a dizer que isso não é um argumento. No entanto, não parece direito de dizer que isso não é um argumento: parece mais claro que é um grande argumento e, ainda melhor, para dizer exatamente o que é ruim com isso. (Quando confrontado com um argumentoinválido, você não precisa se preocupar se suas instalações são verdadeiras, já que se você for, você nem oferece suporte mínimo para sua conclusão (BONJOUR, 2010). Há outros tipos de argumentos cujas asserção oferecem razões boas, mas não conclusivas para a verdade da conclusão: argumentos que oferecem apoio autêntico para suas conclusões, mas na qual ainda é possível, mesmo que seja improvável que a conclusão seja falsa, embora são verdadeiros. Os mais argumentos indicados como argumentos indutivos (ou mais explicitamente, tópicos enumerativos indutivos) são, portanto, e muitos argumentos científicos são tais. Quando, por exemplo, alguém razão pela qual todos os cisnes são brancos com base em muitas observações diferentes de cisnes brancos, isso oferece um simples exemplo de um tópico indutivo (BONJOUR, 2010). Não é possível razoavelmente concluir que todos os cisnes são brancos com base em uma observação do cisne branco, ou até dois ou vinte; no entanto, se houver observações suficientes em lugares e circunstâncias suficientemente variadas, então você pode razoavelmente concluir que todos os cisnes (não só aqueles que você notou até agora) são brancos. Quando pensamos que o sol nascerá amanhã com base no 14 crédito que nasceu todas as manhãs há milhares de anos, você está oferecendo um argumento indutivo. Os filósofos não chamam o bom argumento indutivo válido porque a definição de validade consiste que é impossível para a conclusão ser falsa enquanto as asserções são verdadeiras. Alegações indutivas, por definição, têm conclusões que podem ser falsas, embora as premissas sejam verdadeiras. No entanto, quanto melhor o argumento indutivo mais não relevante ou improvável é que a conclusão é falsa, enquanto as instalações são verdadeiras. Bons argumentos indutivos, aqueles cuja relações evidentes ou apoio entre as instalações e a conclusão é convincente, são geralmente descritas tão fortes. Neste tópico, a verdade das premissas oferece uma boa razão para acreditar que a conclusão é verdadeira. Outro tipo de argumento não dedutivo, cujas asserções são boas, mas não exaustivos, para a verdade - é o que é chamado de tópico explicativo (também como inferência na melhor explicação * ou um tópico abdutivo; e às vezes será O termo "indução" é mais comumente usado para incluir tópicos deste tipo). A ideia de um argumento explicativo é que há um fato de que há uma determinada razão para explicar que outras considerações relevantes para a declaração desse fato e algumas explicavelmente, presumivelmente, o melhor em termos disso é consideração. Portanto, as premissas deste tópico incluem uma declaração do fato de que são especificadas e confirmações dessas outras considerações relevantes, e a conclusão é uma confirmação da explicação que é tomada como a melhor (BONJOUR, 2010). E tal alegação será forte (nunca válido) se a explicação é realmente o melhor, o melhor deve ser aprovado que o fato é realmente um fato e que as outras consideravelmente relevantes considerações são verdadeiras. Aqui está um exemplo simples: adotado, a polícia os chamava para trabalhar para dizer que seu carro envolvido em um acidente e o motorista desistiu da cena. 15 1.4 Uma Ilustração do Método da Filosofia Pensamos até agora, através de uma explicação inicial, em duas das importantes habilidades envolvidas no método da filosofia: esclarecimentos e justificativos. Agora considera uma ilustração dessas habilidades, tentando esclarecer e justificar a afirmação de que o estudo da filosofia tem valor. (BONJOUR, 2010). Fonte: www.app.emaze.com.br 1.5 Clarificação: definindo o que queremos dizer Esclareceremos, primeiro, a afirmação de que estudar filosofia tem valor. Você, prudentemente, pergunte-se sobre o significado de ambas as partes da afirmação: O que significa "filosofia de estudo" e o que significa "tem valor"? Suponha que alguém leia o livro de Bertrand Russell, os problemas da filosofia, uma noite - é suficiente para "filosofia estudada"? De acordo com o que queremos dizer quando fazemos a declaração, não é. Você tem que fazer mais do que ler um livro de filosofia para estudar filosofia. É preciso muito mais de uma noite para estudar filosofia. No entanto, não há quantidade exata de estudo que possa ser considerado como o significado necessário para "estudar filosofia". 16 Às vezes, o que é necessário para fazer uma questão clara deve ser razoavelmente discutida, é substituir a reivindicação original através de um claro e preciso, embora diz o mesmo. Portanto, entenderemos arbitrariamente que entendemos que "estudar filosofia" e significado para pelo menos quatro classes de filosofia * ou algo razoavelmente semelhante a fazer. (Eles provavelmente poderiam ficar sozinhos para fazer o equivalente a participar e passar por quatro breve filosofia quando estavam suficientemente motivadas e tinham alguns recursos para verificar sua compreensão) (BONJOUR, 2010). Agora, o que significa "ter valor" na segunda parte da reivindicação? Tudo o que queremos dizer com "valor" aqui é que é bom para você, o que será significativamente melhor ter feito isso. Você poderia hesitar que nossa afirmação é verdadeira, mas agora você tem um bom senso do que queremos dizer com ele. Esclarecer (embora, talvez, mesmo, mesmo o insuficiente), nossa afirmação que estudar filosofia tem valor. Nós poderíamos fazer mais esclarecimentos. Alguém pode perguntar se a afirmação é que o estudo da filosofia é sempre que vale a pena, isso não importa, ou apenas vale a pena. Por exemplo, lembre-se das seguintes alegações com as quais você chama A é B: Ligue para uma maratona. A luz é feita por mulheres. A televisão é divertida. Os exercícios são regularmente importantes. Se você receber um diploma universitário, vale a pena. O contexto, às vezes com o conteúdo da reivindicação, geralmente determina se uma pessoa que reafirma uma dessas alegações reafirmou uma dessas alegações significa "sempre" ou "durante a maior parte do tempo" - embora às vezes possa ser escura às vezes escura. Admitir que o que queremos dizer quando dizemos que o estudo da filosofia vale sempre a pena. Temos uma boa confirmação argumento inicial, que resulta desse esforço inicial de esclarecimento: nossa afirmação de que o estudo da filosofia é apreciado significa que alguém que apoia o equivalente a visitar pelo menos quatro cursos de filosofia e conduzir consideravelmente. Um dos hábitos mentais filosóficos pronunciados é aquele que é realizado, se as reivindicações forem mais ou menos claras. 17 1.6 Justificação: oferecendo um argumento Agora, transmitimos o esclarecimento da justificação, lembrando que a justificativa filosófica geralmente assume a forma de um tópico. Aqui está um tópico para a declaração que acabamos de esclarecer: 1. Estudar filosofia sempre faz com que você pense mais claramente. 2. Pensar mais claramente sempre tem valor. 3. Portanto, estudar filosofia sempre tem valor. O que faz disso um argumento? É um conjunto de argumentos, um dos quais é a conclusão e outros são locais para apoiar a conclusão. (Ao oferecer um argumento para uma reivindicação, a reivindicação é a conclusão do argumento). Portanto, as duas primeiras frases são as asserções, e a terceira frase é a conclusão. Data solo, por um momento, que as asserções são verdadeiras. Se eles são verdadeiras, a verdade das asserções torna a conclusão provável ou mesmo segurada para ser verdadeira? Para este argumento, como para muitos outros argumentos, você deve pensar nas asserções e a conclusão para responder a este problema: a resposta para este problema não é o resultado de um teste mecânico claro. Na medida em que ele obtém o hábito intelectual de avaliar os argumentos, melhora e melhor a distinção de bons argumentos ruins.(BONJOUR, 2010). O que você deve fazer é assumir que as asserções são verdadeiras e, em seguida, tentam imaginar se seria possível que a conclusão seja falsa, é dada até a verdade das instalações. Sugerimos que a verdade das premissas (se elas são verdadeiras) oferecer uma razão muito boa para pensar que a conclusão é verdadeira. De fato, o argumento parece ser válido: parece logicamente impossível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão seja falsa. (Vamos considerar um motivo mais tarde para perguntar se isso realmente é assim). 18 Portanto, este argumento oferece um bom exemplo da relação para oferecer uma boa razão que é o elemento central de um argumento. Se as asserções forem verdadeiras no argumento anterior, a conclusão parece ser verdadeira garantida. No entanto, é óbvio que não podemos simplesmente admitir que as asserções são verdadeiras. E dado que a conclusão do argumento foi justificada se as instalações forem verdadeiras, nossa tarefa é justificar a reivindicação original, não foi concluída até que pelo menos derrotamos as instalações (indique as razões pelas quais as instalações são verdadeiras). Além disso, devemos também considerar e responder à maioria das objeções, se disponível (BONJOUR, 2010). 1.7 Dando razões para a verdade das premissas Tomamos com a primeira premissa: a filosofia do estudo sempre faz você pensar mais claramente. Esperando, pense sobre o que será envolvido no estudo da filosofia: você lerá muitos textos filosóficos diferentes, muitos períodos de história diferente, aprendendo o que os diferentes filósofos disseram sobre muitos tópicos diferentes. Além disso, uma vez que os autores são filósofos, eles geralmente discutem em favor de suas concepções, por isso é necessário entender e avaliar criticamente essas opiniões e esses argumentos em uma tentativa de entender o que você acha do argumento filosófico em questão. Além disso, uma vez que os filósofos devem discutir muitas outras questões durante a explicação e esclarecer suas concepções, apresentando argumentos e considerando as objeções a outras concepções (e, como veremos, incluindo a deles), um trabalho filosófico é geralmente bastante complicado, e todas as partes devem ser devidamente resolvido. Estudar a filosofia envolve a realização de cuidadosamente todos esses procedimentos. O que, portanto, é "pensar claramente" Sem dúvida, implica ser capaz de esclarecer várias ideias e opiniões que você acha, mas também fornece a ser lógica: considere e às vezes descubra as razões para essas opiniões, juntamente com a capacidade de avaliar efetivamente quando esses Razões são boas e quando Sononon. Uma habilidade para pensar é claramente a capacidade de manipular com 19 combinações complicadas de ideias, enquanto atenta às diferentes relações entre eles. E, como qualquer habilidade, leva tempo e prática para ficar bem. Você tem que pensar claramente para entender pelo menos os filósofos e deve ser capaz de pensar claramente para avaliar opiniões filosóficas. Quando você avalia uma opinião, você decide se é uma boa opinião (provavelmente verdade) ou uma má opinião (provavelmente falsa) e como filósofo, você tem que ter razões para fazer essa avaliação. Portanto, alguma filosofia - dada a maneira como explicamos essa ideia - ou aprenderam a pensar claramente para reflexão, ou ele já sabia que ele claramente pensou que tinha pensado claramente, mas agora, neste caso, muito mais prática e, portanto, provavelmente pensa mais claramente. Aqui está a defesa da primeira premissa: um motivo para pensar que a primeira premissa é verdadeira. Bem, vamos considerar uma defesa para a segunda premissa: a premissa que você explica é sempre vale a pena (BONJOUR, 2010). Claro, todos podemos concordar em fazer algo que ajuda você a conseguir o que você quer, que beneficia que se beneficia significativamente fazendo algo que aumenta sua capacidade de conseguir o que você quer (menos, é claro que o que você não faz quer é bom para você). Nós defendemos que claramente pensando sempre faz isso. Suponha, por exemplo, que cada uma das duas pessoas, chame-as de Joe e Doug, quer terminar a universidade da maneira mais eficaz possível e também assumir que Joe pensa muito mais claramente do que Doug. Suponha que Doug, de fato, nunca pense intensamente para manter os requisitos on-line da graduação ou até mesmo perceber que existem alguns desses requisitos. Suponha que, quando os supervisores sugerem Doug, que tira uma aula particular, Doug Wonders por que ou como esta classe concorda completamente ao seu programa. Doug provavelmente não tem um plano claro, mas ele tem o desejo de terminar a universidade da maneira mais eficaz possível. Suponha que Joe esteja constantemente aguçando suas habilidades de pensamento: Ele sempre pede ao supervisor para esclarecer seu conselho, ele sempre pergunta por que este é um bom curso, e ele claramente conhece os requisitos 20 de graduação. É razoável dizer que Joe é mais provável de realizar seu objetivo como Doug por causa da capacidade porque Joe é mais claro que Doug, e isso não é mesmo o melhor exemplo, é? Você não precisa pensar em uma clareza extraordinária O objetivo é chegar à faculdade a maneira mais eficaz. Imagine como é óbvio que você precisa pensar em ser um cidadão amoroso ou um amigo amoroso ou um grande pai. Segundo Bonjour (2010) ser capaz de distinguir entre acreditar em algo baseado no pensamento ilusório, em vez de acreditar que algo baseado em uma boa evidência pode fazer a diferença entre a realização de um bom trabalho e realizar um trabalho inadequado em muitas áreas de relacionamentos humanos. Portanto, pensar claramente sempre tem valor porque ajuda você a conseguir o que você quer: Não importa o que isso signifique ser um funcionário da justiça, um bom pai ou um perfeito inútil. Neste momento, oferecemos razões para acreditar que ambas as asserções são verdadeiras, e parece claramente claro que se as instalações forem verdadeiras, então a conclusão deve ser verdadeira. Então, apresentamos e defendemos um argumento, mas é suficiente justificar a reivindicação. É certamente uma justificativa, mas não é a justificativa mais forte que poderíamos dar. Uma justificação ainda melhor para uma reivindicação também contém consideração e responde a objeções ao nosso próprio argumento. 1.8 Objeções: considerando razões contra a verdade das premissas Alguns alunos hesitam em considerar as objeções para um argumento que tenta se defender como parecem enfraquecer sua posição. Uma asserção que parece e reage a objeções é muito mais forte que uma asserção que não olha nenhuma objeção. Imagine, leia dois editoriais no jornal, um dos quais expressa suas opiniões políticas, enquanto a outra oposição explícita a eles. Suponha que cada peça argumenta a favor da sua posição sem considerar quaisquer pontos de vista alternativos que poderiam levar a objeções. 21 Quando você lê, com quem você concorda, infelizmente, muito fácil de acompanhar o argumento (você, afinal, você concorda com a conclusão). No entanto, quando você lê que não concorda, provavelmente pensa nas objeções da estrada, e você pode não se sentir contestada em seu próprio design, porque você acha que tem boas objeções pelas razões dadas em favor da conclusão. Que você não concorda. No entanto, imagine que a editora que não concorda com o envio de objeções semelhantes àqueles em que ele acha que ele lê e imagina que as respostas dadas por essas objeções são bastante convincentes. (BONJOUR, 2010). Você não se sente mais desconfortável negando a importância da opinião que ele está defendendo neste caso? Não seria parecido com o desafio do seu design mais sério? Analogimento, não seria a parte que argumenta em favor da opinião com a qual você está acostumado mais fortese você também considerar e responder a objeções? Qualquer opinião foi relatada apenas com base em um lado, sem levar em conta as perspectivas alternativas e as objeções resultantes, não são tão convincentes quanto uma opinião que examinou as objeções mais fortes e também mostrou como essas objeções, pouco importador pode receber uma resposta satisfatoriamente. É um hábito mental filosófico particularmente importante: veja muitos lados de uma pergunta - não ser satisfeito com uma perspectiva apenas. 2 LENDO FILOSOFIA Com um pequeno esforço, quase qualquer um pode aprender a pensar filosoficamente. Contudo, você poderia perguntar o que é preciso fazer para trabalhar efetivamente na aquisição dessa habilidade. O primeiro e mais valioso recurso sobre o qual você deveria praticar o pensar filosoficamente é o conjunto de seleções de leitura neste livro (e quaisquer outros textos filosóficos que você puder ler). Todavia, aprendemos que os estudantes com frequência consideram a leitura da filosofia muito difícil, num primeiro momento, e assim incluímos alguns conselhos sobre ler filosofia junto com algumas breves ilustrações. 22 Embora esses conselhos sejam dirigidos em especial à leitura da filosofia, os principais pontos também se aplicam ao ato de assistir a uma conferência filosófica ou à participação numa discussão filosófica. O material filosófico é sobretudo argumentativo e crítico, quase nunca meramente expositivo. Você não lê filosofia com o intuito de reunir uma grande quantidade de fatos que então memorizará. Você deve ler filosofia como se estivesse pensando ativamente junto com o autor do texto, como se estivesse tendo uma conversação intelectual com ele. Os filósofos estão argumentando a favor de uma opinião ou posição. Você deve pensar no autor (ou no conferencista ou debatedor) como dizendo: “Olhe – isso é o que eu penso, e isso é por que eu penso assim. O que você pensa sobre isso? ”. Portanto, você deve sempre ter quatro perguntas em mente enquanto está lendo (ou ouvindo conferências, ou envolvendo-se em discussões com um outro filósofo): primeira, qual opinião ou posição o filósofo está defendendo? Em um artigo, a resposta a essa questão pode diferir em diferentes lugares: um artigo pode estabelecer mais do que um objetivo, e você deve perguntar como esses objetivos conectam-se uns com os outros. Note também que o que está sendo defendido num aspecto particular pode ser muito simples e geral (por exemplo, a alegação de que Deus existe) ou muito complicado e específico (por exemplo, a alegação de que uma objeção particular a um argumento particular de que Deus existe é equivocada) (BONJOUR, 2010). A segunda questão a perguntar é quais razões ou argumentos estão sendo oferecidos em suporte da opinião que está sendo defendida. Tente esquematizar as respostas a essas duas questões enquanto você lê – na sua cabeça ou, o que é melhor, no papel (talvez na margem do livro). Você, então, estará numa boa posição para fazer as próximas duas questões: o quão fortes são as razões oferecidas e há objeções a elas? É virtualmente impossível fazer isso enquanto se está relaxando numa disposição passiva da mente. Ler filosofia de modo bem-sucedido requer uma disposição mental ativa, crítica, imaginativa um dos hábitos mentais distintamente filosóficos que você precisa cultivar no intuito de aprender a pensar filosoficamente. Há uma fonte principal de confusão à 23 qual se deve prestar atenção. Como a filosofia é essencialmente reflexiva e crítica, um filósofo discutirá outras posições e argumentos além do que foi defendido num artigo particular. Isso pode incluir qualquer um dos seguintes pontos: 1. posições opostas àquela defendida; 2. posições semelhantes, mas ainda significativamente diferentes em algum aspecto, daquela defendida (em que a diferença ajuda a clarificar a opinião principal); 3. argumentos em favor de posições opostas àquela defendida, que serão criticadas; 4. objeções à própria posição do filósofo, às quais se responderá; 5. às vezes, até mesmo argumentos a favor da opinião defendida que o filósofo não aceita e quer distinguir daqueles que de fato aceita. 3 FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO 3.1 As exigências da reflexão filosófica Antes de você compreender a importância das reflexões e argumentações filosóficas, precisa conhecer o que é a filosofia. Conforme Bonjour, a filosofia pode ser considerada, literalmente, o amor pela sabedoria. Desde o seu surgimento, os filósofos se questionam e buscam argumentos acerca de questões muito complexas e definidas como as mais necessárias para a humanidade. A partir disso, eles desejam alcançar a sabedoria (BONJOUR, 2010). Para Silva (2010), os filósofos tecem reflexões e argumentos sobre os conceitos de verdade relativos. Afinal, há culturas e valores sociais e comunitários diferentes, de modo que a verdade não poderia ser única. Não sendo única, cabe dialogar e argumentar para identificar suas possibilidades. Você deve considerar ainda, no tocante à origem da filosofia, que: as culturas mais primitivas e as antigas filosofias orientais expunham suas respostas aos principais questionamentos do homem em narrativas primitivas, geralmente orais, que expressam os mistérios sobre a origem das coisas, o 24 destino do homem, o porquê do bem e do mal. Essas narrativas ou “mitos”, durante muito tempo consideradas simples ficções literárias de caráter arbitrário ou meramente estético, constituem antes uma autêntica reflexão simbólica, um exercício de conhecimento intuitivo (NOVA..., 1999, p. 21). Outro ponto a ser considerado sobre a definição da filosofia é a importância do ato filosófico sobre o conhecimento, ou seja, o produto do estudo da filosofia, seus resultados. Dessa forma, de maneira tradicional, os filósofos desbravam a essência das coisas abstratas, isto é, refletem sobre questões como verdade, conhecimento, pensamento, liberdade, dever, justiça, beleza e também a própria realidade (BONJOUR, 2010). O surgimento da filosofia ocorreu no momento em que os gregos, admirados e espantados com a realidade, ou ainda insatisfeitos com os posicionamentos de suas tradições, iniciaram indagações na busca por respostas mais esclarecedoras. A ideia era que a explicação sobre o mundo e os seres humanos, bem como sobre os acontecimentos da natureza, pudesse ser conduzida a partir da racionalidade, isto é, a partir da razão humana, sendo esta capaz de permitir o conhecimento de si mesma (CHAUÍ, 1995). Para importantes filósofos, a reflexão e o pensamento são considerados uma purificação intelectual. Tal purificação possibilita ao espírito humano conhecer a verdade invisível, imutável, universal e necessária. Ou seja, as imagens sensoriais seriam falsas e mentirosas, cabendo abandoná-las para o alcance do conhecimento verdadeiro (CHAUÍ, 1995). Conforme destaca Chauí (1995), ao contrário de Sócrates e Platão, os sofistas aceitavam a validade e o uso das opiniões e das percepções sensoriais para a produção de argumentos de persuasão. Já Sócrates e Platão as consideravam fontes de erro ou formas imperfeitas de conhecimento. Para Bonjour (2010), uma versão mais atual e também modesta do conceito de filosofia destacaria que os filósofos descobrem o conhecimento a partir de uma análise mais precisa dos conceitos empregados no processo de reflexão e pensamento. Ou seja, eles buscam os significados das palavras correspondentes a esses conceitos. Outro aspecto a ser considerado diz respeito ao fato de que diversas áreas de investigação 25 surgem a partir dos preceitos filosóficos. Nesse sentido, surgem a ciência e suas várias ramificações para explicar e responder aos questionamentos filosóficos. Bonjour (2010, p. 21) afirma que: “Isso acontece, aproximadamente, quando as questões envolvidas se tornam definidasde modo suficientemente claro para tornar possível investigá-las em termos científicos, através de observação empírica e de teorização com base empírica”. Aristóteles foi um dos principais filósofos que se preocuparam com a classificação dos campos do conhecimento filosófico. Ele conceituou esses campos como ciências produtivas, ciências práticas e ciências teoréticas, contemplativas ou teóricas, estas últimas sendo salientadas pelo filósofo como o ponto mais alto na metafísica e na teologia e como a origem de todos os outros conhecimentos (CHAUÍ, 1995). Contudo, segundo Bonjour (2010, p. 21): Enquanto virtualmente todo tipo de conhecimento foi parte da filosofia para o filósofo grego da Antiguidade Aristóteles, a física e a biologia tem sido separadas da filosofia por muito tempo, com outras áreas seguindo por esse caminho mais recentemente. (Por exemplo, até́ o final do século XIX, a psicologia ainda era vista como parte da filosofia.) Isso sugere que a filosofia pode ser identificada, ainda que um tanto indiretamente, como a origem daqueles temas que as pessoas ainda não aprenderam a investigar em termos científicos. Isso inclui alguns temas com respeito aos quais é difícil imaginar que isso jamais aconteça, porque são demasiado gerais, demasiado difíceis e, possivelmente, demasiado fundamentais. Você ainda deve considerar que, para a grande maioria dos filósofos, há um consenso no tocante à história da filosofia, sendo ela importante para a própria natureza da filosofia e para a continua investigação filosófica. Afinal, uma das atividades filosóficas principais concentra-se no objetivo de entender a natureza essencial das coisas (ou dos conceitos), ou seja, a clarificação dos fatos. Os filósofos constantemente criam discussões sobre o que realmente significam as palavras (BONJOUR, 2010). O autor ainda exemplifica esses aspectos por meio dos diálogos de Platão, principalmente os relacionados a noções morais como estas: “O que é a coragem? ”, “O que é a justiça? ”, “O que é o conhecimento? ”, “O que é a piedade? ”. 26 3.2 Conceitos relacionados à reflexão filosófica e à argumentação Antes de você conhecer os principais conceitos relacionados à reflexão filosófica, deve se questionar o seguinte: para que serve a filosofia? Como você pode notar, o mesmo questionamento não costuma ser feito com relação a áreas como a matemática ou a física. Segundo Chauí (1995, p. 12), “Em geral, essa pergunta costuma receber uma resposta irônica, conhecida dos estudantes de filosofia: ‘A filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual’, isto é, não servindo para nada”. Com base nessa perspectiva, afirma-se muitas vezes que a filosofia não tem serventia e que os filósofos pensam em coisas que não levam a lugar algum, ao contrário do que acontece nas ciências cuja finalidade e cuja utilidade são facilmente identificadas. Nesse sentido, as ciências são comumemente reconhecidas como conhecimentos verdadeiros, alcançados a partir de procedimentos legítimos. Entretanto, para Chauí (1995, p. 12–13): [...] verdade, pensamento, procedimento para conhecer fatos, relação entre teoria e prática, correção e acúmulo de saberes: tudo isso não é ciência, são questões filosóficas. O cientista parte delas como questões já respondidas, mas é a filosofia quem as formula e busca respostas para elas. No tocante à valorização da filosofia, você deve ter em mente que essa área se relaciona ao exercício do pensamento lógico, crítico, aguçado. A partir dela, é possível perceber que o pensar é algo importante e elaborado, especialmente pelo fato de que o pensamento transcende a repetição, que é o ocorre em outras teorias. Assim, o pensamento é um processo singular, pois o tempo, a forma e a circunstância em que ele ocorre são intrínsecos ao que se pensa (SILVA, 2010). Com base nas características da atitude filosófica, você pode perceber que ela está relacionada à capacidade de conhecer e de pensar, tornando-se um pensamento interrogativo de si mesmo, isto é, a filosofia se realiza como reflexão (CHAUÍ, 1995). Pode-se afirmar ainda que a “atitude filosófica” é a atitude de quem tem coragem de questionar a si e ao mundo no qual está inserido a fim de descobrir crenças, escolhas e experiências (SILVA, 2010, p. 4). 27 A atitude filosófica, ou ainda o método do pensamento filosófico, demanda um conjunto de habilidades e alguns hábitos intelectuais diferenciados, também denominados hábitos filosóficos da mente. Esses hábitos correspondem ao exercício das concepções e dos argumentos filosóficos desenvolvidos, isto é, implicam clarificar e justificar alegações (BONJOUR, 2010). Chauí (1995, p. 14–15) esclarece que a reflexão filosófica se organiza a partir de pelo menos três grandes conjuntos de perguntas ou questões, como você pode ver a seguir: 1. Por que as pessoas pensam o que pensam, dizem o que dizem e fazem o que fazem? (motivos, razões e causas para o que se pensa, diz e faz); 2. O que as pessoas querem pensar quando pensam, o que querem dizer quando falam, o que querem fazer quando agem? (sentido do que se pensa, diz e faz); 3. Para que as pessoas pensam o que pensam, dizem o que dizem, fazem o que fazem? (intenção do que se pensa, diz e faz). Resumidamente, você pode considerar que a atitude filosófica questiona o que é pensar, falar e agir. A atitude filosófica está atrelada ao “o que é? ”, ao “como é? ” e ao “por que é?”, tudo com base no mundo (essência, significação, estrutura e origem de todas as coisas). Já a reflexão filosófica remete a questionamentos como “por quê? ” e “o quê?” Relacionados aos pensamentos do sujeito no ato da reflexão (capacidade, finalidade humana para conhecer e agir) (CHAUÍ, 1995). Você deve também compreender os significados relativos aos argumentos, pois, de acordo com a afirmativa de justificação, um filósofo normalmente justifica uma alegação remetendo a um argumento. Conforme apregoa Bonjour (2010, p. 24), “Em filosofia, um argumento não é uma discordância ou uma briga”. Assim, a ideia principal relacionada a um argumento filosófico diz respeito à justificação de uma alegação, isto é, é preciso estabelecer premissas para evidenciar que a conclusão do argumento é verdadeira. Nesse sentido, determinados argumentos podem ser considerados argumentos dedutivos validos, os quais estão relacionados aos argumentos cujas premissas, se verdadeiras, garantem a verdade da conclusão (BONJOUR, 2010). 28 3.3 Premissas e inquietudes filosóficas no contexto educacional Você viu até aqui que a filosofia, a reflexão filosófica e a argumentação são temas muito complexos. Portanto, para entendê-los não basta compreender uma definição única da filosofia. Em linhas gerais, o estudo da reflexão e da argumentação envolve concepções sobre a visão de mundo, a sabedoria da vida, o esforço racional para conceber o universo como uma totalidade ordenada e dotada de sentido, além de uma fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas (CHAUÍ, 1995). Os elementos inerentes da filosofia estão relacionados numa essência teórica, o que não significa que essa essência esteja definida como uma doutrina ou saber acabado. Como afirma Aranha (1993, p. 72), “Para Platão, a primeira virtude do filósofo é admirar-se”. Nesse sentido, o termo “admiração” trata-se da condição relacionada à problematização, isto é, a filosofia não é tida como dona da verdade, e sim como propulsora da busca por essa verdade. Você viu também a complexidade da argumentação. Para haver um bom argumento, duas coisas são necessárias: o argumento tem de ser valido e suas premissas precisam ser verdadeiras. Além disso, um argumento pode ser ruim, mesmo que suas premissas e sua conclusão sejam verdadeiras. Como exemplo, considere: A terratem uma lua. John F. Kennedy foi assassinado. Portanto, a neve é branca. (RACHELS; RACHELS, 2014, p. 33) As premissas do argumento e sua conclusão são verdadeiras. Entretanto, trata- se de um argumento ruim, pois não é válido, uma vez que sua conclusão não decorre das premissas. Esse exemplo permite clarificar os pontos lógicos essenciais, que são aplicáveis à análise de qualquer argumento, trivial ou não. Para ilustrar, considere como esses pontos podem ser usados para analisar argumentos e também questões mais importantes e controversas que estão vinculadas ao processo de reflexão filosófica, principalmente com base no ceticismo moral (RACHELS; RACHELS, 2014). A complexidade de todos esses aspectos permite que você perceba que a filosofia deve ser encarada como uma disciplina formadora. Ela contribui para o 29 desenvolvimento de competências e habilidades essenciais, pois está extremamente relacionada com o entendimento significativo e crítico do mundo e da cultura (GRETER, 2010). Conforme destaca Aranha (1993), a filosofia é uma atitude consolidada a partir de uma concepção de pensar e refletir constantemente. Assim, é considerada a partir de um pensamento instituinte, já que questiona, interroga o saber, o conhecimento instituído. Para o filósofo, a teoria não corresponde a um saber abstrato. A autora ainda afirma que a filosofia não está encarregada de fazer juízos de valor, contrariando as ações da ciência. O processo de filosofar parte das reflexões acerca das experiências vivenciadas pelo homem, evoluindo suas constatações com base também no que deveriam ser tais experiências. Além disso, esse processo busca identificar como são as ações, isto é, julgar o valor da ação, objetivando extrair o seu significado (ARANHA, 1993). Para você compreender a relação entre as premissas e inquietudes dos filósofos e a educação, deve conhecer o conceito de educação e os elementos filosóficos que o constituem, especialmente no que se refere à sua relação com o conceito de cultura, dentro de uma perspectiva também filosófica. Você pode considerar ainda que a filosofia é necessária pois, por meio da reflexão, ela dá ao homem mais de uma perspectiva, indo além da dimensão relacionada ao agir imediato em que “[...] o homem prático se encontra mergulhado” (ARANHA, 1993, p. 75). Assim, a filosofia permite a transcendência humana, ou seja, corresponde à capacidade do homem de superar o cenário posto. Com isso, o ser humano se apresenta como um ser de projeto, pois constrói o seu destino por meio da liberdade que tem para isso. Para Aranha (1993, p. 75), “[...] o distanciamento é justamente o que provoca a aproximação maior do homem com a vida”. Sendo assim, oportuniza a evolução, rompendo com a estagnação. Você pode ainda visualizar a filosofia como um movimento em busca da verdade. 30 Parte-se do pressuposto de que existe uma certeza, mas ao mesmo tempo também se nega essa certeza por meio da superação proposta pela síntese. Tal síntese promove uma nova tese, isto é, uma nova certeza. Para Aranha (1993), a filosofia ainda é a procura da verdade, não a sua posse. Cabe salientar que um estilo reflexivo também deve ser considerado no tocante à prática educativa, em que pese especialmente o ato de ensinar. Afinal, a filosofia não se confunde com transmissão de conteúdo: ela é meio de aquisição de conhecimento. O aluno precisa adquirir o hábito da reflexão com método e fundamento. Nesse sentido, Savater (1998, p. 176) ressalta que o papel da escola não é transmitir a cultura dominante, mas principalmente “[...] o conjunto de culturas em conflito do grupo no qual ela nasce”. Assim, é primordial a educação promover alternativas para os educandos, atribuindo significativa responsabilidade àquele que pretende educar. Por fim, você pode considerar que estudar os conceitos filosóficos e os elementos da reflexão filosófica tem o objetivo de “[...] desmascarar a realidade utilizando a própria realidade como matéria” (SILVA, 2010, p. 4). Ou seja, cabe ao professor empregar os elementos da reflexão filosófica nos temas inerentes ao contexto do educando para, assim, possibilitar a discussão. A ideia é contemplar esses temas num processo de ensino e aprendizagem que permita o desenvolvimento de um pensamento mais amplo e crítico do aluno diante da sua realidade. 4 A FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO: POR QUE, O QUE E COMO ENSINÁ-LA? Com a promulgação da Lei 11.684, de 2 de junho de 2008, a Filosofia volta a ser uma disciplina obrigatória nas escolas brasileiras, função que ela não desempenhava desde 1961 (Lei nº 4.020/61). Segundo a nova lei, o ensino de Filosofia (assim como o de Sociologia) assume um caráter de obrigatoriedade em todas as séries do ensino médio, a última etapa da educação básica no país. Diante desse cenário, profissionais envolvidos com o ensino, principalmente com o ensino de Filosofia – sejam eles professores universitários, de ensino médio ou mesmo 31 estudantes – são novamente convocados a pensar questões fundamentais sobre a disciplina: é preciso saber por que, afinal de contas, deve-se ensinar Filosofia para os jovens do ensino médio, e quais conteúdos e metodologias devem ser empregados para atingir esses objetivos (SILVA,2011). Se essas são perguntas ainda em aberto, isso se deve ao fato de a Filosofia não ter se desenvolvido plenamente como disciplina, para o que lhe teria sido necessária uma base institucional estável que a reconhecesse como integrante do currículo escolar brasileiro em caráter de obrigatoriedade. A Filosofia, portanto, é uma disciplina cuja situação difere essencialmente de outras áreas mais tradicionais, como o Português, a Matemática, a Biologia, que tiveram sua identidade construída ao longo dos anos. É bem verdade que alguns esforços têm sido feitos no sentido de oferecer respostas àquelas questões. Um exemplo disso são as publicações oficiais, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN de 1999, PCN+ de 2002). O novo quadro institucional em que nos encontramos sugere, porém, que é preciso mais do que indicações acerca dos fins que se pode/ deve atingir com a Filosofia como componente curricular do ensino médio. Nesse sentido, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio, de 2008, constituem-se como um importante material para quem pensa sobre o assunto, especialmente para aqueles que estão ou estarão em breve nas escolas na condição de professores da área (SILVA,2011). Fonte: www.ufla.br/dcom.br 32 Esse é o caso dos estudantes brasileiros matriculados nos cursos de Licenciatura em Filosofia. Diante de uma infinidade de possibilidades tanto em relação à escolha de métodos como à de conteúdos e fins – o que se deve à ausência de bons materiais didáticos sobre o tema – e na iminência da realização de seus estágios, esses futuros professores deparam-se com os problemas centrais que há pouco enunciamos: por que, o que e como ensinar Filosofia? É precisamente nesse registro que se insere a presente investigação: trata-se de uma série de reflexões acerca do espaço da Filosofia nas escolas, uma tentativa bastante incipiente de responder às questões centrais sobre a importância da Filosofia para o ensino médio. Costuma-se dizer que, em razão da ausência ou escassez de profissionais qualificados, fazer da Filosofia um componente curricular das escolas brasileiras, quanto mais em caráter de obrigatoriedade, seria adotar uma medida, se não improfícua, ao menos perigosa: sua má condução serviria para doutrinar em vez de promover o desenvolvimento de pessoas intelectualmente autônomas. Ora, a falácia desse raciocínio consiste em que é perfeitamente possível concordar-se acerca da necessidade de profissionais qualificados na área para que bons resultados sejam atingidos por essa disciplina; que, alémdisso, há escassez desses profissionais (o que não parece ser o caso) sem, contudo, aceitar sua conclusão, segundo a qual a Filosofia não deveria ser introduzida no currículo escolar, dizendo simplesmente: “Se é qualificação que está faltando, e se é esta uma disciplina que contribui efetivamente para o desenvolvimento do educando, aos estudos, pois!” (SILVA,2011). Acrescente-se a isso a expansão dos cursos de graduação que atualmente vem ocorrendo nas Universidades brasileiras e teremos menos razões para levar a sério tal objeção. De fato, não é preciso muito tempo para se perceber a fraqueza de alguns dos argumentos relacionados a essa discussão. O do parágrafo anterior é um exemplo disso: não se pode recusar a condição de disciplina escolar à Filosofia alegando unicamente que existem poucas pessoas capazes de ensiná-la adequadamente, mesmo que este seja o caso. Oferecer maus argumentos, porém, não é exclusividade daqueles que se opõem à Filosofia no ensino médio. Assim, poder-se-ia dizer que a Filosofia deve ter 33 lugar nas escolas apelando simplesmente para o - recentemente estabelecido - caráter legal desse procedimento, ou seja, dizendo que porque a lei determina (o que em parte é uma boa razão), a Filosofia deve ser ensinada para os jovens nas escolas do país. Ora, como nos mostra a experiência, ninguém ficaria satisfeito ao ouvir de seu interlocutor algo semelhante. Isso porque uma resposta nesses termos legitima a introdução da seguinte questão, a qual, de certo modo, repõe o problema: Por que, afinal de contas, existe e deve existir uma lei que determine a presença da Filosofia no currículo escolar oficial para o ensino médio? Responder a essa questão, assim reformulada, é nosso objetivo neste capítulo. E aqueles que se contentarem com quaisquer das respostas enunciadas há pouco deverão ter em mente seu caráter falacioso. Em A Filosofia vai à Escola, Matthew Lipman realiza uma série de reflexões acerca da situação educacional dos EUA da década de 80. Como alternativa àquele quadro, ele apresenta uma proposta segundo a qual a escola – o sistema educacional como um todo – deveria ser reorganizada com vistas a desenvolver uma “educação para o pensar”, ou seja, uma educação que visasse não ao acúmulo de informações, mas ao desenvolvimento de habilidades de pensamento (SILVA,2011). Segundo esse projeto, a Filosofia teria um papel central nas escolas, sendo encarada como disciplina obrigatória já no ensino fundamental. Ademais, todas as disciplinas deveriam adotar uma postura filosófica em relação ao conjunto de conhecimentos de que se ocupam, investigando seus próprios fundamentos, métodos e, por que não, as soluções para os problemas que ordinariamente se lhes apresentam. Apesar da enorme relevância e da boa justificação apresentada por Lipman, um projeto como o seu, que diz respeito à escola como um todo, não é o que temos em mente neste trabalho. Aqui, interessa-nos apenas defender a importância da Filosofia como disciplina do currículo escolar para a formação dos indivíduos, e não como uma disciplina cujo modo de proceder deva ser adotado por toda a escola, o que, dado o caráter de nossa pesquisa, seria muita pretensão. No entanto, há um ponto em especial (entre tantos outros) que chama a atenção naquele livro: a importância que Lipman concede à Filosofia no processo de formação de cidadãos, e de bons cidadãos. 34 Com efeito, há um capítulo cujo título é “Educação para os valores cívicos”, no qual o autor defende não um conjunto determinado de valores, mas o desenvolvimento de habilidades de pensamento requeridas para quem quer que se pretenda um bom cidadão, como a capacidade de conversação em grupos, de autocorreção contínua em relação a debates sobre ética, bem como a disposição para agir conforme a racionalidade expressa nas instituições públicas democráticas, habilidades que somente são alcançadas, segundo ele, mediante a exposição sistemática das pessoas ao exercício comum do raciocínio. Assim, muito porque a Filosofia contribuiria para a formação de bons indivíduos enquanto cidadãos, ela deveria ser adotada pelas escolas. Nessa mesma linha, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Art. 22) afirma que uma das finalidades da educação básica é “desenvolver o educando” e “assegurar-lhe a formação comum indispensável para o “exercício da cidadania” (SILVA,2011). Com uma ênfase um pouco diferente dessas duas abordagens, nosso argumento em favor do ensino de Filosofia não consiste tanto na indicação de sua contribuição para a prática da cidadania por parte dos indivíduos (embora esta seja uma das finalidades da educação básica e apesar de a Filosofia colaborar com sua realização), como no fato de que, mais do que qualquer outra disciplina, a Filosofia promove “o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico”, um dos objetivos do ensino médio segundo a LDB, com o qual estamos plenamente de acordo. Como se disse, isso não significa que a Filosofia não contribua ou não seja importante para a formação de bons cidadãos, mas apenas que seu papel não se restringe a isso. Resumidamente, portanto, a Filosofia deve ter espaço no ensino médio porque, se comparada a outras disciplinas, ela é quem melhor realiza o disposto no Inciso III do Art. 35 da LDB. Por certo, a essa primeira formulação da resposta não faltariam objeções. Muitos fatalmente se sentiriam tentados a questionar: “Será que a Filosofia contribui realmente para a realização daqueles fins? ”. “Supondo que esse seja o caso, por que ela deveria ser ensinada nas escolas, simplesmente porque contribui para 35 uma das finalidades do ensino médio segundo uma lei? ”; e ainda: “Se esta resposta for afirmativa, não se estará incorrendo no erro que há pouco acusamos, ou seja, não se estará recorrendo a um expediente sofístico para justificar seu lugar nas escolas brasileiras? ” Tais questões, longe de nos serem indesejáveis, servirão como fio condutor para o nosso raciocínio em favor da Filosofia no ensino médio. Assim, mostraremos, em primeiro lugar, que a Filosofia realiza aqueles fins e, em seguida, que é porque aquelas são habilidades que estimamos por si mesmas que a lei as prescreve, de modo a mandar para longe qualquer acusação de que nossa resposta é em alguma medida inadequada (SILVA,2011). Segundo o Inciso III do Art. 35 da LDB, um dos objetivos do ensino médio é “o aprimoramento do educando como pessoa humana”, ou seja, como sujeito ético, intelectualmente autônomo, cujo pensamento é crítico, como mostra a continuação daquele texto. Ora, quem quer que se tenha familiarizado com o empreendimento filosófico – seja por meio da leitura dos clássicos, seja por uma tendência natural a pensar detidamente sobre questões intrigantes – não terá nenhuma dificuldade em reconhecer que a Filosofia estimula e desenvolve nas pessoas o senso crítico, algo que é essencial para que elas atinjam sua autonomia intelectual. Com efeito, pensar por si não significa ter ideias diferentes das de todos os seres humanos, mas apenas que, diante dos pensamentos alheios (de filósofos ou não-filósofos), o indivíduo intelectualmente autônomo adota não adota uma postura passiva: ele exige que tais pensamentos sejam acompanhados de razões; que, além disso, sejam boas essas razões, para, somente então, darlhes assentimento. Desse modo, ele é primeiro crítico, e então autônomo. Segundo uma tradição inteira de pensamento, o exercício propriamente filosófico consiste no engajamento em questões para as quais a mente humana naturalmente desperta, diante do que somos tentados a buscar respostas que convençam não apenas aos outros, como a nós mesmos. É característico da Filosofia problematizar lugares-comunsvalendo-se do uso sistemático da pergunta “Por quê? ” (SILVA,2011). 36 Ela nos ensina a ter aversão pelas meras opiniões, pela ausência de fundamento, pelo dogmatismo cego. Por essa mesma razão, seu exercício contribui para a formação de indivíduos éticos, que quando envolvidos em questões morais sentem a necessidade da justificação, de uma base racional para escolher qual alternativa terá lugar em suas ações Ademais, a Filosofia nos ensina a sermos críticos e isso não significa tudo criticar, no sentido em que estamos habituados a utilizar esse termo. Caso contrário, os jovens, especialmente os adolescentes, não teriam a necessidade de realizar quaisquer esforços para se tornarem intelectualmente críticos e autônomos. A Filosofia, diferentemente do que se costuma pensar, estimula um senso crítico que difere essencialmente de posturas céticas e preconceituosas: procedendo filosoficamente, não se pode recusar uma teoria ou argumento sem antes compreendê-los. (SILVA,2011). Seu exercício nos ensina como regra de método primeiro entender os textos para, somente então, avaliá-los. Se, portanto, a compreensão é requerida para que os indivíduos possam se desenvolver como sujeitos críticos e autônomos, intelectualmente falando, sendo a Filosofia especialmente eficaz nesse processo, não se lhe pode recusar um espaço na escola, sobretudo em nosso país, onde a maioria dos jovens sai da escola sem sequer ter desenvolvido a capacidade de compreender o que lê. Logo, a Filosofia deve ter espaço no ensino médio (e, se possível, não apenas nesse nível de ensino) porque ela é capaz de formar indivíduos intelectualmente autônomos, que pensem por si mesmos, para o que é necessário o estímulo à postura crítica, algo que, por sua vez, só é possível quando se tem desenvolvida a habilidade de ler e interpretar textos, o que mais propriamente constitui o objeto e método filosóficos. A introdução dessa disciplina nas escolas auxiliará os jovens na identificação e avaliação de argumentos e opiniões sobre quaisquer assuntos, bem como os estimulará a criarem por si mesmos seus próprios argumentos, tornando-os assim pessoas intelectualmente autônomas. Compreender, questionar, avaliar e criar argumentos sistematicamente, habilidades que são desenvolvidas mediante o estudo 37 da Filosofia e que estão entre os objetivos do ensino médio segundo o Inciso III do Art. 35 da LDB, ainda que expressas por outros termos. Com efeito, que a Filosofia auxilie no desenvolvimento daquelas habilidades, uma rápida análise do modo como procedem aqueles que se dedicam a seu estudo prova suficientemente. No entanto, pode-se legitimamente perguntar por que tais habilidades devem ser visadas pela educação. Em outras palavras: Por que “o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico” é algo em vista do que se deve organizar a escola, especificamente o ensino médio? Por certo, depois de ter acusado o golpe por mais de uma vez, não poderíamos nos contentar em responder a essas questões apelando unicamente para o aspecto jurídico em que se assenta a educação nacional, do mesmo modo que não pudemos nos valer unicamente do caráter legal do ensino de Filosofia para justificar sua presença no ensino médio. Quanto a esse ponto, porém, pouca coisa precisará ser dita. A Filosofia deve ter lugar no currículo escolar oficial em caráter de obrigatoriedade porque ela é uma disciplina que contribui para o desenvolvimento dos indivíduos como sujeitos éticos (não no sentido de que tais indivíduos sempre agirão corretamente, mas no sentido de que agirão conforme o pensamento, segundo razões) e como pessoas intelectualmente autônomas (capazes de formular os próprios argumentos e de defenderem racionalmente suas posições), que estão acostumadas ao empreendimento crítico (que têm repulsa pela mera opinião e pela conduta injustificada), qualidades que nós estimamos por si mesmas, não porque a lei determina, e isso em virtude do modo como somos constituídos, ou seja, humanamente falando (SILVA,2011). Pois haverá qualidade mais desprezível em uma pessoa do que sua disposição para concordar passivamente com quaisquer pensamentos alheios, sem pedir maiores esclarecimentos sobre nada do que se diz? Ou será que, por causa de um relativismo contemporaneamente em voga, deixaremos de apreciar e elogiar indivíduos que pensam por si mesmos? Assim, é porque nós naturalmente as apreciamos que 38 aquelas qualidades devem ser finalidades a serem atingidas pela escola e, particularmente, pelo ensino de Filosofia. Ora, do mesmo modo que o senso comum e a posição dogmática são para nós atitudes desprezíveis, algo de que temos aversão, assim também o indivíduo intelectualmente autônomo se nos apresenta como objeto de admiração, e isso é uma questão de fato. Ademais, além desse agrado imediatamente produzido em nós pela contemplação de tal indivíduo, tais qualidades são favoráveis à manutenção do Estado democrático em que vivemos, na medida em que se opõem à adesão irrefletida dos indivíduos a movimentos de massa, às ditaduras e totalitarismos dos quais a História nos dá muitos exemplos. De fato, muito do apreço que temos por pessoas que atingiram a maioridade (para adotar uma linguagem kantiana) deriva de sua disposição favorável à manutenção de um tipo de sociedade que julgamos ser o mais justo para os seres humanos. Portanto, é porque as estimamos por si mesmas, seja por utilidade ou por um agrado imediato, que qualidades como o pensamento crítico e a autonomia intelectual devem ser visadas pela educação. Dada a contribuição da Filosofia para a realização e o desenvolvimento dessas habilidades, estabelecemos a conclusão segundo a qual a Filosofia deve ter espaço não apenas no ensino médio, mas também nos outros níveis da educação básica, se houver recursos para isso. Sua presença nas escolas sem dúvida será mais justificada do que a de outras disciplinas mais tradicionais, cujos objetivos se perderam ao longo dos anos. (SILVA,2011). 4.1 Conteúdos e Métodos para o ensino de Filosofia Uma vez estabelecida a conclusão segundo a qual a Filosofia tem lugar nas escolas brasileiras, surge imediatamente a seguinte questão: de que modo a disciplina deve ser organizada para atingir aqueles fins que esperamos que ela realize? Em outras palavras: o que e como se deve ensinar Filosofia para que os estudantes se tornem pessoas intelectualmente críticas e autônomas? No presente capítulo, 39 proponho algumas reflexões acerca dos conteúdos e métodos a serem empregados por esta disciplina no ensino médio. No que diz respeito aos conteúdos a serem utilizados nas aulas de Filosofia, segui a sugestão das Orientações Curriculares, segundo a qual “Cabe insistir na centralidade da História da Filosofia para o tratamento adequado de questões filosóficas”, bem como o acesso aos textos clássicos, pois desse modo mantém-se a especificidade da disciplina e do exercício de análise propriamente filosófico, sem o que a Filosofia não contribuiria para o desenvolvimento daquelas habilidades em razão das quais defendemos seu espaço nas escolas, dando margem à postura dogmática por parte dos professores. Essa posição reafirma, consequentemente, a necessidade de formação específica para o professor de Filosofia, algo que é requerido para se ter um bom acesso ao texto filosófico clássico: diferentemente do que se poderia pensar, o empreendimento filosófico não é algo a que estejamos todos desde sempre habilitados a fazer corretamente, quanto mais a condução de uma aula sobre tais assuntos. Temos, portanto, uma continuação do raciocínio precedente: a Filosofia defendida há pouco como de grande valor para a formação dos indivíduos não era senão a Filosofia tal
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