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MONTAGEM eisenstein Sergei M. Eisenstein (*1898 †1948) 1923 Dnevnik Glumova / O Diário de Glumov 1924 Statchka / A Greve 1925 Bronenosets Potiomkin / O Encouraçado Potemkin 1927 Oktiabr / Outubro 1928 Gueneralnaia Linnia / A Linha Geral 1929 Sturm uber la sarraz / Tempestade de La Sarraz [perdido] 1930 Romance sentimentale / Romance sentimental 1931 Da Zdravstvuiet, Meksika! /Que Viva México! [inacabado] 1935 Bejin Lug / O Prado de Bejin [inacabado] 1938 Aleksandr Nevski / Alexandre Nevski 1939 Ferghana canal [inacabado] 1944 Ivan Groznii I / Ivan, o Terrível - Parte I 1945 Ivan Groznii II / Ivan, o Terrível - Parte II filmografia Eisenstein “Mais que por uma construção linear da trama, fundada sobre causa e efeito, Eisenstein interessava-se por uma diegesis truncada, disjuntiuva, fraturada, interrompida por digressões e materiais extra-diegéticos [...] Vislumbrava o potencial do cinema para estimular o pensamento e o questionamento ideológico por meio das técnicas construtivistas. Em lugar de contar histórias através de imagens, o cinema eisensteiniano pensa através de imagens, utilizando o choque entre planos para provocar, na mente do espectador, chispas de pensamento resultantes da dialética de preceito e conceito, ideia e emoção.” STAM, Robert. Introdução à teoria do cinema. Teóricos soviéticos da montagem. Eisenstein, cinedialética “O quadro cinematográfico nunca pode ser uma inflexível letra do alfabeto, mas deve ser sempre um ideograma multissignificativo. E pode ser lido apenas em justaposição, exatamente como um ideograma adquire sinigifcação, significado e até pronúncia específicos (ocasionalmente em oposição diametral um ao outro) somente quando combinado com um indicador, em separado, de leitura ou de mínimo significado - um indicador para leitura exata - colocada ao lado do hieróglifo básico” (p. 73) A FORMA DO FILME Teóricos soviéticos da montagem. Eisenstein, cinedialética Na escrita chinesa, os conceitos que não podem ser representados por algum “desenho” (hieróglifo) possuem uma representação que passa por uma espécie de montagem: a combinação de ideogramas e sua relação dialética, seu produto. Por exemplo: a palavra “coração” é representada pelo hieróglifo ⼼, enquanto a palavra “cinza” é representada por 灰. Sozinhos, são dois hieróglifos que representam objetos, passíveis de serem desenhados. Porém, quando combinados, eles são “multiplicados”, tendo como produto um ideograma que representa um conceito. No caso, 灰⼼ significa “desespero”. Assim, na montagem realizada na escrita chinesa, “cinza + coração = desespero”. É nesse ponto que a escrita chinesa interessava tanto ao cineasta russo. Para ele, seu princípio é análogo ao próprio trabalho do diretor/montador de cinema: combinar “tomadas que são representativas, únicas em significado, neutras em conteúdo – para formar contextos e séries intelectuais”. SHIMODA, CAUÊ. OS IDEOGRAMAS E A TEORIA EISENSTEINIANA. in: REVISTA LAIKA. Teóricos soviéticos da montagem. Eisenstein, cinedialética Na escrita japonesa o resultado da combinação de dois elementos produzem não a soma de 'imagens' mas um novo conceito imagético que é expresso no ideograma. Vejamos alguns exemplos: a junção da imagem para água somada à imagem de um olho dá origem a um novo ideograma que significa chorar; a imagem de um cachorro somado à imagem de boca, significa latir; a imagem de uma boca somada à imagem de um pássaro significa cantar. Neste sentido, o processo de criação do ideograma japonês é o mesmo da montagem cinematográfica que cria a partir da 'cópula' novas significações. Assim, mais uma vez a tese de Eisenstein estaria demonstrada, qual seja, de que o cinema faz parte do pensamento e opera como opera o pensamento: a linguagem do cinema é a linguagem do pensamento regido pelas mesmas leis.” Teóricos soviéticos da montagem. Eisenstein, cinedialética Marco Gonçalves. Pensamento Sensorial, Cinema, Perspectiva e Antropologia. 5 Métodos da montagem, segundo Eisenstein 1. métrica Caracteriza-se pela proporção do tamanho dos fragmentos (planos) numa forma matemática como um tempo musical (ex: 3/4 valsa). O conteudo do quadro do fragmento está subordinado ao compasso métrico escolhido na montagem. 2. rítmica O conteúdo dentro do quadro do fragmento (plano) é um fator que deve ser igualmente levado em consideração. O carrinho de bebê funciona como acelerador da montagem (e do tempo dos fragmentos). O movimento dentro do quadro que impulsiona o movimento da montagem de um quadro a outro. 3. Tonal Engloba todas as sensações do fragmento de montagem. A montagem baseia-se no característico som emocional do fragmento - o tom geral do fragmento. Como exemplo, tonalidade de luz: a intensidade de luz de um fragmento: mais sombrio (menos luz) , mais movimento (vibração da luz no reflexo na agua)…Tonalidade gráfica: mais aguda (elementos mais angulados, pontiagudos na composição do fragmento… “Eisenstein não desiste de procurar estruturas matemáticas também na montagem tonal, pois considera que os seus elementos, por exemplo, o grau de vibração da luz, podem ser perfeitamente quantificados. O efeito produzido no espectador é descrito como emotivo-melódico, pois aí o movimento é como uma vibração emotiva de ordem mais elevada.” 4. Atonal / Harmônica Ausência de movimento de tensão e relaxamento (presente nas três formas de montagem anteriores ), mais livre. Em lugar de uma aristocracia de dominantes específicas, tem-se um método de igualdade “democrática” de direitos de todas as provocações, ou estímulos, considerando-os um complexo (cálculo coletivo de todos os apelos do fragmento). Impactos de tonalidades. Sobre a atonalidade musical (uma vibração) não se pode apenas dizer : “eu ouço”. Nem sobre a atonalidade visual: “eu vejo”. Para ambos, uma nova fórmula uniforme deve entrar em nosso vocabulário: ” Eu percebo”. (p.75) De acordo com Eisenstein, a atonalidade “na música […] é explicado pelo fato de que, a partir do momento em que tons harmônicos podem ser ouvidos paralelamente ao som básico, também podem ser sentidas vibrações, oscilações que deixam de impressionar como tons, mas sim, em vez disso, como substituições puramente físicas da impressão percebida. Isto se refere particularmente a instrumentos de timbre fortemente pronunciado com uma grande preponderância do princípio da atonalidade”. (p. 85 - A forma do filme) 5. Montagem Intelectual / Atonalidade intelectual Na montagem intelectual o conflito-justaposição de sons harmónicos processa-se no nível intelectual e não já meramente fisiológico. “A montagem intelectual é a montagem não de sons atonais geralmente fisiológicos, mas de sons e tonalidades de um tipo intelectual, isto é, conflito- justaposição de sensações intelectuais associativas”. (p. 86) “No entanto, Eisenstein não considera o processo como essencialmente diferente pois os princípios são os mesmos nos níveis superiores do sistema nervoso, reflectindo a influência da escola reflexologista pavloviana. Aqui joga-se com ideias e conceitos como é exemplo a “sequência dos deuses” em Outubro, onde o conceito de Deus é reduzido ao de um totem primitivo. No entanto, Eisenstein afirma que isto não é ainda o cinema intelectual que ele busca como sendo aquele que resolveria “o conflito-justaposição dos harmónicos fisiológicos e intelectuais”. Ver Eisenstein Five methods of Montage em: http://www.youtube.com/watch?v=MzXFSBlQOe4 http://www.youtube.com/watch?v=MzXFSBlQOe4
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