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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE LIMEIRA Autos nº _____________________ JOSÉ DA SILVA, já qualificado nos autos, por intermédio do seu advogado (procuração anexa), que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com fundamento no artigo 396-A, do Código de Processo Penal, pelas razões a seguir expostas. I – DO RELATÓRIO O réu foi denunciado como incurso no artigo 155, caput, c.c. o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal, porque, segundo a denúncia, subtraiu, para si, 02 (dois) pacotes de macarrão e 02 (duas) latas de molho de tomate, bens avaliados em R$ 18,70 (dezoito reais e setenta centavos), pertencentes ao Supermercado Peg & Pag, não consumando a infração por circunstâncias alheias à sua vontade. Apurou-se que o acusado ingressou no aludido estabelecimento comercial vítima e, sorrateiramente, tomou posse dos alimentos supramencionados, colocou-os no interior de sua mochila e tentou se evadir do local. Ocorre que Nascimento e Matias, seguranças do supermercado, acompanharam a ação delituosa e efetuaram a detenção do acusado, no momento em que este ultrapassava a linha dos caixas. Malgrado tenha o acusado justificado aos nominados seguranças que pegou os gêneros alimentícios porque estava com fome, a polícia foi acionada, e o acusado foi preso em flagrante delito, recuperando- se a res furtiva. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz concedeu ao réu o benefício da liberdade provisória, nos termos do artigo 310, inciso III, do Código de Processo Penal. A denúncia foi recebida pelo MM. Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal da comarca de Limeira. O réu foi citado no dia 8 de março de 2022 (terça- feira). II – DO DIREITO Excelência, temos que a conduta narrada na exordial acusatória é manifestamente atípica, isto porque, no dia dos fatos, o réu estava se encontrava com fome e falta de alimentos dentro de casa fez com que o acusado fosse em busca de algo que fossem capaz de suprir a fome que sentia. O réu adentrou ao estabelecimento e tentou tomar posse de alimentos que pudessem conter a fome que o mesmo sentia, se valendo de atos desaprovados pela sociedade, mas que foi a única forma encontrada pelo réu em um momento desesperador que é a fome. Mesmo com a liberdade provisória concedida, o réu ainda responde por ato praticado em um momento de necessidade, onde deveria se escolher entre passar fome ou subtrair um alimento em quantia mínima suficiente para suprir a sua necessidade. A conduta se enquadra como furto famélico, disposto no art. 24, do Código Penal, que se dá devido à necessidade de alimento, medicamento ou qualquer outro item imprescindível para sua sobrevivência ou de outra pessoa. Ainda tratando se de conduta devido ao estado de necessidade, o Supremo Tribunal Federal já orientação, com base no princípio da insignificância é possível excluir a tipicidade dos crimes de bagatela ou condutas insignificantes, demonstrando que lesões ínfimas ao bem jurídico tutelado não são suficientes para, rompendo caráter subsidiário do Direito Penal, tipificar a conduta. O réu faz jus à absolvição sumária por ter subtraído item devido ao estado de necessidade, não constituindo como crime o fato narrado, mas sim se enquadrando como causa excludente da ilicitude do fato, nos termos do art. 397, incisos I e III, do Código de Processo Penal. III – DO PEDIDO Em face do exposto, requer a ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA do réu, com fulcro no artigo 397, incisos I e III, do Código de Processo Penal, por ser medida da mais lídima e cristalina Justiça. Caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, o que se admite por mera argumentação, postula a oitiva das testemunhas abaixo arroladas, as quais deverão ser intimadas, no momento processual oportuno. Termos em que. Pede deferimento. Local, 18 de março de 2022. Advogado(a) OAB/UF ROL DE TESTEMUNHAS 1 – Nascimento, qualificação, endereço 2 – Matias, qualificação, endereço
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