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PEÇA 3 RESPOSTA A ACUSAÇÃO

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CINTYA VALÉRIA SILVA DE OLIVEIRA
10º DIN
Atividade3: Estágio Curricular Supervisionado - Prática Jurídica Criminal
Professor: Jorge Anaice
Macapá/Ap
2019
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 12ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE MACAPÁ – ESTADO DO AMAPÁ
INQUÉRITO POLICIAL Nº xxx
ADRIANO RONAI, brasileiro, solteiro, profissão xxx, portador da cédula de identidade nº XXXXXXX, CPF nº XXXXXXX, residente e domicoliado na Rua XXXXX, nºXXXXX, Região XXXXX, CEP nº XXXXXXXX, por meio de sua advogada, OAB xxx (instrumento de mandato em anexo), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar sua, 
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
com fulcro no art. 396 e 396-A do Código de Processo Penal, pelos motivos que passa a expor:
I FATOS
Adriano Ronai, já qualificado nos autos, foi denunciado e processado pelo Ministério Público no dia 15 de agosto de 2018, pela prática do crime de extorsão qualificada pelo emprego de arma de fogo, depois de uma investigação dada a partir de um boletim de ocorrência redigido em 22 de maio de 2018 posterior a uma ameaça conduzida por Adriano Ronai em desfavor de Carlos Cantuária.
Conforme a denúncia, em dado momento o ofendido Carlos Catuária pediu emprestado ao requerente Adriano Ronai um valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) com o anseio de abrir uma sauna. O requerente, prontamente concede o valor, com a garantia que este assinasse uma nota promissória de igual valor, com vencimento no dia 15 de maio de 2018.
No entanto, passando o prazo temporal, o ofendido Carlos Cantuária não consegue pagar a nota até a data prevista. Então, Adriano Ronai, liga para ele educadamente e cobra o valor devido. Embora, a vítima, por sua vez, afirma que estava sem dinheiro, pois o seu estabelecimento não apresentou o lucro esperado, mas que iria pagar o referido valor no prazo de uma semana.
No dia 22 de maio de 2018, irritado com a situação e querendo cobrar o valor emprestado, o requerente Adriano Ronai se dirige até o estabelecimento do ofendido Carlos Cantuária e mostra uma pistola 380 e subtrai do caixa a quantia de R$-2.000,00 (dois mil reais) e afirmou que a dívida deveria ser paga imediatamente, pois do contrário, o ofendido pagaria com a própria vida. 
Apavorado, Carlos Cantuária entra na sauna e telefona para a polícia que compareceu ao local, mas o senhor Adriano Ronai não se encontrava mais no local.
Após a chegada dos policiais, Carlos Cantuária os acompanha até a delegacia para o registro de um Inquérito Policial, que a partir dele, e instaurado um inquérito a fim de averiguar o ocorrido, o qual durante seu curso obteve a confirmação da ocorrência de todos os fatos. Ao final da investigação o Ministério Público apresentou a denúncia citada.
II DO MÉRITO	
De início, o acusado está dentro do prazo legal para oferecimento de resposta a referida denúncia, estando de acordo com os dispostos nos artigos 798, 396 e 396 – A, ambos do Código de Processo Penal, podendo “alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas”, pois bem, procedemos.
Conforme denúncia do Ministério Público, Adriano Ronai foi acusado pela prática do crime de extorsão qualificada pelo emprego de arma de fogo, previsto no artigo 158 do Código Penal, sendo atípica em relação a este tipo penal, por ausência da elementar “vantagem indevida”.
Circunstância que leva a absolvição do acusado nos termos no artigo 397, III do CPP, pela conduta praticada não se amoldar à acusação, visto que o tipo penal exige que a pretensão do agente seja indevida, consoante os fatos, o requerente Adriano Ronei concedeu a Carlos Cantuária a quantia de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), como garantia, este assinou uma nota promissória, documento este que comprova a dívida. Uma semana após a data do vencimento, data prometida por Carlos para o pagamento, que não ocorreu, com a escusa de que a loja não estaria dando o lucro previsto, o acusado se locomoveu até a mesma para a cobrança da dívida, o que levou Adriano a satisfazer a sua pretensão de outra maneira, isto, claramente, não se trata de vantagem econômica indevida, e, sim, devida.
“Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
(...)
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime”
O disposto no artigo 345 do Código Penal aduz a justiça feita pelas próprias mãos, ação efetivamente praticada pelo acusado para cobrar a dívida já vencida, a conduta do acusado se amolda ao delito de exercício arbitrário das próprias razões, fatos confirmados durante o curso da investigação. Apesar de ser o Poder Judiciário o designado para solucionar lides, nada justifica quem queira fazer justiça pelas próprias mãos, com a reprovação da sociedade diante deste comportamento a conduta acabou se considerando grave, ultimando que, se cometeu o delito assumirá a falta. Argumento este, apontando pela doutrina infra.
“Se as divergências entre pessoas devem ser dirimidas pelo Poder Judiciário - porque assim se estabeleceu -, que tem no juiz o árbitro das querelas, nada justifica que alguém queira fazer justiça pelas próprias mãos. Essa a razão pela qual a reprovação da sociedade a esse comportamento fez com que a conduta fosse considerada grave e erigida à condição de crime. (...)”.(Stocco, Rui e Stocco, Tatiana de O. Código Penal e sua interpretação: doutrina e jurisprudência. 8ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. P. 1685.)
Ressalta-se ainda, que o MP não é legítimo para oferecer denúncia e dar inicio a ação penal, pois, o parágrafo único do art. 345 do CP alude que: “Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.”, consigna que não houve emprego de violência, (art 100, § 2º do Código Penal). O acusado é amparado pela legislação em caso símil.
“RECURSO CRIME EM SENTIDO ESTRITO EXTORSÃO MAJORADA DESCLASSIFICAÇÃO EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES [...] ALTERAÇÃO DA ADEQUAÇÃO TÍPICA IMPOSSIBILIDADE, RECURSO PROVIDO. A ameaça na cobrança de dívida não configura o crime de extorsão, por ausência da elementar do tipo da vantagem indevida, amoldando-se à conduta de exercício arbitrário das próprias razões, previsto no art. 345 do Código Penal. "O tipo penal inscrito no art. 158 do CP exige que a vantagem econômica obtida pelo agente seja considerada indevida."”.
(TJ-PR 86232015 PR 862320-15 (Acórdão), Relator: Jorge Wagih Massad, Data de Julgamento: 15/03/2015, 5ª Câmara Criminal)
II. I DA DECADÊNCIA DO DIREITO DE QUEIXA
Incide-se então, o fenômeno da decadência prescrito no artigo 38 do CPP e no artigo 103 do CP que remete propriamente: “[...] o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime [...]”, portanto, a ofendida teve até o dia 16 de setembro de 2017 restando extinta a punibilidade de Moacir, nos termos do artigo 107, IV do CP e da jurisprudência para assessorar
“Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
[...]
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;”
PRELIMINAR DECADÊNCIA DO DIREITO DE QUEIXA DO OFENDIDO. ACOLHIMENTO. EXTINÇAO DA PUNIBILIDADE. ART. 107, INCISO IV, C/C ART. 103, AMBOS DO CP. 1. Tendo em vista a comprovação do decurso de prazo superior ao previsto no artigo 103, do Código Penal, há que se reconhecer a decadência do direito de queixa do ofendido. 2. Preliminar acolhida, a fim de declarar a extinção da punibilidade em favor do paciente em relação ao crime previsto no artigo 158 do Código Penal.
(TJ-ES - RA 100010055903 ES 100010055903, Relator: ALEMER FERRAZ MOULIN, Data de Julgamento: 18/03/2015, PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 24/04/2015)
II. DAS TESTEMUNHAS
É inevitável esclarecer que, no dia 22/05/2018, dia em que Adriano Adonai fez o telefonema a Carlos Cantuária, este estava acompanhado de Sybele e Luciana, ambos são indispensáveis
no desfecho do caso em tese, uma vez que viram o momento em que Carlos Cantuária deu garantia que iria pagar sua divida. Sendo assim, requerida a produção de prova testemunhal e a oitiva dos mesmos apontados supra, como admitido no artigo 532 do Código de Processo Penal.
III PEDIDOS
Antes o exposto, requer-se:
1 – Que a presente ação seja recebido e conhecido;
2 - A absolvição sumária do acusado com fulcro no art. 397, III do CPP;
3 – Seja o Ministério Público intimado de tal resposta;
4 - Sejam intimadas as testemunhas ao final arroladas para que sejam ouvidas na audiência de instrução e julgamento. (art. 532, CPP);
5 - Os meios de prova em direito admitido, em especial a documental, junta-se com a nota promissória (doc. XXX) com o presente pedido
Nestes termos, pede deferimento.
Macapá-AP, 18 de fevereiro de 2018.
ADVOGADA XX
OAB XXXX/XX
Rol de testemunhas
1 – Sybelle XXXXX, nacionalidade XXXX, estado civil XXX, profissional da área XXXX Identidade: RG sob nº XXXX e CPF sob nº XXXX. Endereço: Rua XXX, nº XXXX, bairro XXXX, Cidade XX, CEP XXXX, Estado XXX, endereço eletrônico XXXXXX@xxxxx.com.br.
2 – Luciana, Nome: XXXXXXX, nacionalidade XXXX, estado civil XXX, profissional da área XXXX, Identidade: RG sob nº XXXX e CPF sob nº XXXX. Endereço: Rua XXX, nº XXXX, bairro XXXX, Cidade XX, CEP XXXX, Estado XXX, endereço eletrônico XXXXXX@xxxxx.com.br.

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