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AV2 – HERMENÊUTICA – RICARDO MAURÍCIO NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 FACULDADE BAIANA DE DIREITO HERMENÊUTICA PROF. RICARDO MAURÍCIO ALUNO(A): NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES TURMA: 2020.2 SEGUNDA AVALIAÇÃO A SOLTURA DE "ANDRÉ DO RAP" VAI ALÉM DO ARTIGO 316 DO CPP Fonte: CONJUR, 18/10/2020 AUTOR: Vladimir Passos de Freitas Em decisão liminar datada de 2 de outubro de 2020, o ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, deferiu pedido de soltura de André Oliveira Macedo, conhecido como “André do Rap”. Somente na manhã do sábado, dia 10, André do Rap deixou a prisão de Presidente Wenceslau (SP), onde se encontrava, tomando rumo ignorado. No mesmo sábado, o presidente do STF, ministro Luiz Fux, no plantão, revogou a referida decisão. A ordem de captura não teve sucesso. No dia 15 seguinte, o Plenário da Corte, por 9 votos contra 1, referendou a posição do presidente. A repercussão pela liberdade concedida ultrapassou fronteiras. Repercutiu na França[i], na Inglaterra[ii] e na Argentina.[iii] Ela pode ser melhor avaliada pelo elevado número de acessos a uma simples consulta no Google. Afinal, o preso André do Rap era um líder, com conexões internacionais, já condenado duas vezes por tráfico internacional de drogas, em 1ª e 2ª instâncias, somando as duas condenações decretadas pelo Tribunal Regional Federal da 3ª. Região mais de 25 anos de prisão.[iv] Ele se achava preso desde 15/11/2019, quando uma equipe da Polícia Civil paulista o deteve em uma mansão em Angra dos Reis, sendo na ocasião apreendidos dois helicópteros e uma lancha de 60 pés, avaliada em cerca de R$ 6 milhões. Sua soltura foi fundamentada no artigo 316, par. único, do Código de Processo Penal, introduzido por emenda do Deputado Federal Lafayette de Andrada (Republicanos - MG) no chamado “Pacote Anti-crime”, tendo a seguinte redação: https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn1 https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn2 https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn3 https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn4 AV2 – HERMENÊUTICA – RICARDO MAURÍCIO NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 "Artigo 316 (...) Parágrafo único, Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal." A decisão do ministro Marco Aurélio[v] adotou a chamada interpretação literal da lei ou filológica. Portanto, dizendo o parágrafo único que a prisão preventiva deve ser revisada a cada 90 dias, uma vez inexistente reexame, coloca-se o preso em liberdade, pouco importando quem é ele e qual o crime cometido. Carlos Maximiliano ensina que “...a interpretação exclusivamente filológica é incompatível com o progresso. Conduz a um formalismo retrógrado; não tem a menor consideração pela desigualdade das relações da vida, à qual deve o exegeta adaptar o sentido da norma positiva”.[vi] Franco Montoro acresce que a interpretação gramatical “por si só é insuficiente, porque não considera a realidade social”.[vii] Óbvio que a pessoa e a espécie de delito não podem ser dissociadas do exame do caso, sob pena da função jurisdicional revelar-se inútil. Se não fosse assim, bastava um bom programa e 11 computadores no STF. Neste aspecto, o voto de 9 ministros da Corte Suprema mantendo a decisão do presidente Luiz Fux dispensa comentários. Porém, dois aspectos paralelos merecem referência. Primeiro: deve ser rejeitada a tese de que cabe ao juiz de primeiro grau fixar, a cada 90 dias, nova preventiva. Querer que ele acompanhe o julgamento em outras três instâncias é pretender que ele passe os seus dias a consultar processos eletrônicos.[viii] Segundo: se um juiz de primeiro grau reconhecesse o excesso de prazo e mandasse um ministro do STJ soltar um preso, no dia seguinte estaria respondendo investigação no CNJ. Desnecessárias maiores discussões sobre o malsinado artigo 316, vejamos outros aspectos relevantes e que não têm sido comentados. Acusações graves O site da Folha de São Paulo, do dia 14 passado, informa sobre relatório da Polícia Civil de SP, que menciona o vultoso patrimônio do condenado, suas ligações com organizações criminosas do sul da Itália e gravações monitoradas pelo serviço de inteligência junto a presos. Nestas, segundo a notícia, constam conversas que falam da necessidade de “agilizar o ingresso de pedidos de soltura, porque o ministro, cujo nome não mencionaram, se aposentaria em meados de 2021”.[ix] A referência é de extrema gravidade e certamente o maior interessado em aclará-la é o ministro Marco Aurélio. Afinal, é totalmente inédito que se faça, expressamente, acusação de tal tipo a um magistrado do STF. Ademais, ela foi aditada por reportagem do jornal Estado de São Paulo, que “analisou 225 decisões liminares concedidas em habeas corpus distribuídos para o mesmo ministro em 2020, sendo que a situação de 15 deles era semelhante à de André do Rap. Nesses casos, decisão foi revertida pelo colegiado, mas os acusados já estavam foragidos.[x] https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn5 https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn6 https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn7 https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn8 https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn9 https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn10 AV2 – HERMENÊUTICA – RICARDO MAURÍCIO NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 Em situação ocorrida em 2015, no Tribunal de Justiça de SP, a Corte Estadual afastou o desembargador Otávio H. Sousa Lima, por ter posto em liberdade um preso pertencente a uma facção criminosa, que havia sido surpreendido pela Polícia Civil com “1,6 tonelada de cocaína em um sítio em Santa Isabel, na região metropolitana de São Paulo”.[xi] Souza Lima, que já registrava casos semelhantes, foi aposentado pelo TJ compulsoriamente em 2016. Presos provisórios e prisão em segunda instância Nas discussões sobre a soltura do preso, retornam os argumentos de que o Brasil tem excesso de presos provisórios e fazem-se comparaçõescom estatísticas de outros países. A revista Veja desta semana, em bem lançada reportagem, não hesitou em criticar o excesso de população carcerária brasileira.[xii] Só faltou registrar, contudo, que no Brasil, ao contrário do resto do mundo, existem quatro instâncias e, portanto, o trânsito em julgado demora mais e as prisões provisórias levam anos para serem definitivas. Necessidade da matéria “Direito da Segurança Pública” Os cursos de graduação e de pós-graduação em Direito não oferecem a matéria “Direito da Segurança Pública”. No outro lado da moeda, todos os cursos enfatizam os estudos dos direitos fundamentais. O resultado é que o primeiro é totalmente ignorado pelos profissionais do sistema de Justiça e o segundo é repetido constantemente em acórdãos, muitas vezes inclusive sem qualquer necessidade (CtrlC – CtrlV). Seria muito oportuno que o tema Segurança Pública entrasse nos currículos. Ajudaria todos, em especial os valorosos assessores de ministros de Cortes Superiores, a aprofundar-se em tais estudos nos cursos de mestrado e doutorado. Como primeira leitura, poderiam ler a obra de Roberto Saviano, “Zerozerozero”. Veriam, nos múltiplos comentários sobre organizações criminosas, exemplos como a ação de uma facção mexicana que atua na fronteira com os EUA atacando ônibus com imigrantes clandestinos, cujo cemitério clandestino descoberto pela polícia em San Fernando, 2011, revelou 193 corpos enterrados em vala comum.[xiii] Distribuição de processos e responsabilidade administrativa no STF Preocupado com o problema, o ministro Luiz Fux, presidente do STF, no dia 15 baixou resolução, na qual “alterou o sistema de escolha de relatores para os processos que chegam à Corte”. A partir de agora, segundo relata O Globo, “mesmo que tenha confirmado um pedido de desistência de uma ação anterior”[xiv] o relator continuará sendo o mesmo. A louvável iniciativa recomenda complemento. Seria oportuno introduzir no regimento interno da Corte[xv] dispositivo sobre a apuração de faltas cometidas pelos ministros, como a existente no regimento interno do STJ (artigo 290). A ação da OAB Segundo notícias não muito explícitas, a defesa do preso teria ingressado com outros HCs com pedido de liberdade, deles desistindo até que a distribuição alcançasse o ministro Marco Aurélio. Isto está claro em reportagem de Breno Pires para o Estadão, inclusive que o Ministro Gilmar Mendes manifestou-se pela mudança das regras regimentais,[xvi] o que acabou sendo feito. Ora, se há suspeita da existência de manobra fraudulenta, cabe à OAB, como maior interessada, apurar os fatos. Afinal, o advogado é indispensável à administração da Justiça e https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn11 https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn12 https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn13 https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn14 https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn15 https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn16 AV2 – HERMENÊUTICA – RICARDO MAURÍCIO NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 deve colaborar para o seu aprimoramento, respondendo por desvios éticos que venha a cometer (Constituição, artigo 133 e Estatuto da OAB, artigo 31). Desestímulo nos órgãos policiais A soltura de um preso de importância, evidentemente, origina forte desestímulo nos policiais de qualquer esfera e hierarquia. Os resultados não podem ser medidos, mas existem e pioram o sistema. Em conclusão, o ocorrido pode gerar muitas e boas iniciativas, inclusive legais, e assim colaborar para o aprimoramento do sistema de Justiça. É o que se espera. [i] L'affaire André do Rap ravive les menaces des jets de lave aux garanties fondamentales. Disponível em: http://www.francia.org.ve/laffaire-andre-do-rap-ravive-les-menaces-des-jets-de- lave-aux-garanties-fondamentales/ . Acesso em 16/10/2020. [ii] BBC News. Disponível em: https://www.bbc.com/news/world-latin-america- 54503709?__twitter_impression=true. Acesso em 17/10/2020. [iii] Brasil: Crisis en la Corte por liberación de un narco. Disponível em: https://www.clarin.com/agencias/ansa-brasil-crisis-corte-liberacion- narco_0_s7ZWZ8UyV8.html. Acesso em 16/10/2020. [iv] Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-54549497. Acesso em 16/10/2020. [v] Disponível em: file:///C:/Users/Usu%C3%A1rio/Desktop/liminar-marco-aurelio-andre-rap.pdf. Acesso 16/10/2020. [vi] Maximiliano, Carlos. Hermenêutica e aplicação do Direito. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1981, p. 120. [vii] FRANCO MONTORO, André. Introdução à Ciência do Direito. 25ª. ed. São Paulo: RT, 1999, p. 373. [viii] Vale aqui o princípio milenar: deve ser afastada a exegese que conduz ao vago, ao inexplicável, ao contraditório e ao absurdo. [ix] Folha de São Paulo, 14/10/2020, Polícia de SP abastece ministros do STF com informações sobre André do Rap. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/10/policia-de-sp- abastece-ministros-do-stf-sobre-informacoes-sobre-andre-do-rap.shtml. Acesso 16/10/2020. [x] O Estado de São Paulo. Metrópole. Polícia procura 21 criminosos soltos por decisões do ministro Marco Aurélio. São Paulo: 16/10/2020, A10. [xi] Revista Eletrônica Consultor Jurídico, TJ-SP aposenta desembargador que concedeu HCs em plantões judiciais, Felipe Luchete, 28/09/2016. [xii] Veja, reportagem de Eduardo Gonçalves, O caso André do Rap: como as prisões viraram fábricas de criminosos, 16/10/2020. Disponível em: https://veja.abril.com.br/brasil/o-caso-andre-do-rap- como-as-prisoes-viraram-fabricas-de-criminosos/. Acesso em 17/10/2020. [xiii] SAVIANO Roberto. Zerozerozero. São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 109. https://www.conjur.com.br/2020-out-18/segunda-leitura-soltura-andre-rap-alem-artigo-386-cpp#_ednref1 http://www.francia.org.ve/laffaire-andre-do-rap-ravive-les-menaces-des-jets-de-lave-aux-garanties-fondamentales/ http://www.francia.org.ve/laffaire-andre-do-rap-ravive-les-menaces-des-jets-de-lave-aux-garanties-fondamentales/ https://www.conjur.com.br/2020-out-18/segunda-leitura-soltura-andre-rap-alem-artigo-386-cpp#_ednref2 https://www.bbc.com/news/world-latin-america-54503709?__twitter_impression=true https://www.bbc.com/news/world-latin-america-54503709?__twitter_impression=true https://www.conjur.com.br/2020-out-18/segunda-leitura-soltura-andre-rap-alem-artigo-386-cpp#_ednref3 https://www.clarin.com/agencias/ansa-brasil-crisis-corte-liberacion-narco_0_s7ZWZ8UyV8.html https://www.clarin.com/agencias/ansa-brasil-crisis-corte-liberacion-narco_0_s7ZWZ8UyV8.html https://www.conjur.com.br/2020-out-18/segunda-leitura-soltura-andre-rap-alem-artigo-386-cpp#_ednref4 https://www.bbc.com/portuguese/brasil-54549497 https://www.conjur.com.br/2020-out-18/segunda-leitura-soltura-andre-rap-alem-artigo-386-cpp#_ednref5 file:///C:/Users/Usuário/Desktop/liminar-marco-aurelio-andre-rap.pdf https://www.conjur.com.br/2020-out-18/segunda-leitura-soltura-andre-rap-alem-artigo-386-cpp#_ednref6https://www.conjur.com.br/2020-out-18/segunda-leitura-soltura-andre-rap-alem-artigo-386-cpp#_ednref7 https://www.conjur.com.br/2020-out-18/segunda-leitura-soltura-andre-rap-alem-artigo-386-cpp#_ednref8 https://www.conjur.com.br/2020-out-18/segunda-leitura-soltura-andre-rap-alem-artigo-386-cpp#_ednref9 https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/10/policia-de-sp-abastece-ministros-do-stf-sobre-informacoes-sobre-andre-do-rap.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/10/policia-de-sp-abastece-ministros-do-stf-sobre-informacoes-sobre-andre-do-rap.shtml https://www.conjur.com.br/2020-out-18/segunda-leitura-soltura-andre-rap-alem-artigo-386-cpp#_ednref10 https://www.conjur.com.br/2020-out-18/segunda-leitura-soltura-andre-rap-alem-artigo-386-cpp#_ednref11 https://www.conjur.com.br/2020-out-18/segunda-leitura-soltura-andre-rap-alem-artigo-386-cpp#_ednref12 https://veja.abril.com.br/brasil/o-caso-andre-do-rap-como-as-prisoes-viraram-fabricas-de-criminosos/ https://veja.abril.com.br/brasil/o-caso-andre-do-rap-como-as-prisoes-viraram-fabricas-de-criminosos/ https://www.conjur.com.br/2020-out-18/segunda-leitura-soltura-andre-rap-alem-artigo-386-cpp#_ednref13 AV2 – HERMENÊUTICA – RICARDO MAURÍCIO NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 5 [xiv] Site O Globo , reportagem de F. Vivas e M. Falcão. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/10/15/fux-altera-sistema-de-escolha-de-relatores- para-processos-que-chegam-ao-stf.ghtml. Acesso em 17/10/2020. [xv] STF, Regimento Interno. Disponível em: https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/legislacaoRegimentoInterno/anexo/RISTF.pdf. Acesso em 17/10/2020. [xvi] Estadão. Breno Pires, Decisão de Fux mira manobra para escolher relator no STF. Disponível em: https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,fux-age-contra-tatica-para-escolher-relator-no- stf,70003478457. Acesso em 17/10/2020. https://www.conjur.com.br/2020-out-18/segunda-leitura-soltura-andre-rap-alem-artigo-386-cpp#_ednref14 https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/10/15/fux-altera-sistema-de-escolha-de-relatores-para-processos-que-chegam-ao-stf.ghtml https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/10/15/fux-altera-sistema-de-escolha-de-relatores-para-processos-que-chegam-ao-stf.ghtml https://www.conjur.com.br/2020-out-18/segunda-leitura-soltura-andre-rap-alem-artigo-386-cpp#_ednref15 https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/legislacaoRegimentoInterno/anexo/RISTF.pdf https://www.conjur.com.br/2020-out-18/segunda-leitura-soltura-andre-rap-alem-artigo-386-cpp#_ednref16 https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,fux-age-contra-tatica-para-escolher-relator-no-stf,70003478457 https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,fux-age-contra-tatica-para-escolher-relator-no-stf,70003478457 AV2 – HERMENÊUTICA – RICARDO MAURÍCIO NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 6 QUESTÃO 1 O AUTOR DO TEXTO DEFENDE A PREVALÊNCIA DA VONTADE DO LEGISLADOR OU DA VONTADE DA LEI NA INTERPRETAÇÃO DO ART.316 DO CPP? POR QUÊ? FUNDAMENTE (VALOR: 5,0) Em consonância a tudo que foi apontado pelo autor durante a produção do artigo e respondendo desde já ao enunciado da questão, fica claro que, segundo o mesmo, deve existir a prevalência da vontade da lei, esta estando amparada pelo paradigma interpretativo do Objetivismo Jurídico, que se tornou hegemônico após a Segunda Grande Guerra Mundial e está, pois, centrado na vontade da lei como referencial hermenêutico. Nas palavras do professor Ricardo Maurício em Hermenêutica e Interpretação Jurídica, “De outro lado, a vertente objetivista preconiza que, na interpretação do direito, deve ser vislumbrada a vontade da lei, que, enquanto sentido objetivo, independe do querer subjetivo do legislador [...] O sentido incorporado no modelo normativo se apresentaria mais rico do que tudo o que o seu criador concebeu, porque suscetível de adaptação aos fatos e valores sociais”1. Dito isso, fica claro e evidente explicar que, segundo a concepção do Objetivismo Hermenêutico, o sentido da lei será construído nas interações da sociedade e o papel do intérprete deve ser exteriorizar este novo sentido. Neste diapasão, o Poder Judiciário figura como protagonista no Estado Democrático de Direito e cria-se uma ampliação do espaço hermenêutico, alicerçado em uma postura criativa, construtiva e proativa que traduz-se em um ativismo judicial. A partir dessa ideia, busca-se fomentar uma interpretação que seja prospectiva, isto é, que trace um caminho que vislumbra o presente em direção ao futuro. Complementa-se: “Neste sentido, a depender do referencial hermenêutico utilizado, a interpretação do direito modulará a própria expressão do discurso jurídico [...] a mudança, quando iluminada pelo objetivismo”2. Prosseguindo-se, salienta-se ainda que o autor ao mencionar: “se não fosse assim, bastava um bom programa e 11 computadores no STF”, confirma o pensamento de que a Hermenêutica jurídica atual exige uma inclinação muito maior para o objetivismo jurídico, pois tende muito mais para um “objetivismo – voluntas legis, realçando o papel do intérprete na exteriorização dos significados da ordem jurídica”3. Nesta continuidade, independe aqui o querer do legislador, uma vez que o papel de protagonismo cabe a vontade da lei que esteja em constante processo de adaptação aos fatos e valores sociais, primando pelo apanágio do social e mutabilidade. 1 SOARES, Ricardo Maurício Freire. Hermenêutica e Interpretação Jurídica. 4ª ed. São Paulo, Saraiva Educação, 2019, p. 56. 2 SOARES, Ricardo Maurício Freire. Hermenêutica e Interpretação Jurídica. 4ª ed. São Paulo, Saraiva Educação, 2019, p. 56. 3 SOARES, Ricardo Maurício Freire. Hermenêutica e Interpretação Jurídica. 4ª ed. São Paulo, Saraiva Educação, 2019, p. 57. AV2 – HERMENÊUTICA – RICARDO MAURÍCIO NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 7 Assim, inexiste possibilidade de situações como a narrada pelo autor, em que “segundo a notícia, constam conversas que falam da necessidade de “agilizar o ingresso de pedidos de soltura, porque o ministro, cujo nome não mencionaram, se aposentaria em meados de 2021””, posto que as convicções próprias de um ministro ou qualquer outro operador do direito não pode e nem deve ser (consoante a este paradigma) fator incidente nos resultados das relações jurídicas. Ato contínuo, no que diz respeito ao ativismo judicial, que também traz relação direta com a proposta do autor do texto e com o objetivismo jurídico, conclui-se que a segurança jurídica não pode ser um dogma absoluto, devendo ser relativizada em favor da ideia de justiça. A título de complementação, cumpre apenas abordar resumidamente o que seria o contrário do Objetivismo Jurídico, isto é, a vertente do Subjetivismo Jurídico, que privilegia uma suposta intenção originária do legislador como referência da interpretação jurídica, defende-se uma interpretação retrospectiva baseada no uso dos métodos gramatical e histórico. Para finalizar, nada mais abrangente do que relembrar as palavras do mesmo escritor/professor anteriormente citado: “Observa-se, assim, que a lei só adquire um sentido com a aplicação que lhe é dada e que o poder assim reconhecido ao intérprete atesta a fragilidade da ordem normativa: nenhum preceito da lei, diz-se ainda, recebe seu sentido de um âmago legislativo; torna-se significativo com a aplicação que lhe é dada e graças à interpretação jurídica que esta implica”4. 4 SOARES, Ricardo Maurício Freire. Hermenêutica e Interpretação Jurídica. 4ª ed. São Paulo, Saraiva Educação, 2019, p. 58. AV2 – HERMENÊUTICA – RICARDO MAURÍCIO NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 8 QUESTÃO 2 2) O AUTOR DO TEXTO OFERECE ARGUMENTOS EM FAVOR DE UMA INTERPRETAÇÃO SOCIOLÓGICA DO DIREITO? POR QUE? FUNDAMENTE (VALOR: 5,0) O método sociológico, deveras explorado pelo Socialismo Jurídico, trata da busca da adequaçãoda norma jurídica à realidade social a fim de atualizar o sentido normativo, tornando o Direito mais efetivo. Com esta metodologia de interpretação, busca-se aproximar os mundos do ser e do dever-ser, fomentando uma interpretação prospectiva que vislumbra o presente em direção ao futuro. Em suma, segundo essa linha de pensamento interpretativo, para que o Direito possa ser efetivo, torna-se imperioso aproximar a lei da sociedade, a fim de que aquela não resulte num conjunto de comandos abstratos e distantes do plano concreto das relações humanas. Nesta continuidade, sem sombra de dúvidas, durante todo o decorrer da produção textual, o autor demonstrou estar sustentando e reafirmando a necessidade de uma interpretação sociológica do Direito, que ultrapasse visões individuais da leitura da lei, de modo que a interpretação traga uma compatibilidade com a realidade social existente. O próprio autor trouxe a composição textual, citações de outros estudiosos que retratam o método interpretativo filológico gramatical, o qual conduz a uma interpretação literal do Direito, que se limita a reproduzir o sentido meramente textual (superficial) da normatividade jurídica: Carlos Maximiliano ensina que “...a interpretação exclusivamente filológica é incompatível com o progresso. Conduz a um formalismo retrógrado; não tem a menor consideração pela desigualdade das relações da vida, à qual deve o exegeta adaptar o sentido da norma positiva”.[vi] Franco Montoro acresce que a interpretação gramatical “por si só é insuficiente, porque não considera a realidade social”.[vii] Neste sentido, prosseguiu tecendo uma crítica de um modo geral aos Operadores do Direito, utilizando-se para isso do exemplo da interpretação do artigo 16, parágrafo único, do Código de Processo Penal, o qual dispõe que “decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal." Nas palavras do autor, é um absurdo pensar que basta a leitura deste texto legislativo para se tratar do assunto, uma vez que ela dispensa todas as possibilidades de erros e falhas que podem decorrer dessa interpretação superficial, pois: “Primeiro: deve ser rejeitada a tese de que cabe ao juiz de primeiro grau fixar, a cada 90 dias, nova preventiva. Querer que ele acompanhe o julgamento em outras três instâncias é pretender que ele passe os seus dias a consultar processos eletrônicos.[viii] Segundo: se um juiz de primeiro grau reconhecesse o excesso de prazo e mandasse um ministro do STJ soltar um preso, no dia seguinte estaria respondendo investigação no CNJ”. https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn6 https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn7 https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/ecc77fe5-fd83-49b0-a3d9-89ac1a9b8ebe/evaluations/e6060db2-4f3f-439c-8791-c330d85459fa/answers/3b8fd91f-f0fd-4d5e-bc18-5b4bcaa32c35/items/336e29eb-2bed-4b3d-bf00-c83dd068cd4e/edit#_edn8 AV2 – HERMENÊUTICA – RICARDO MAURÍCIO NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 9 Com isso não se está querendo defender que o texto da lei não importa, afinal, afirmar isso é um total equívoco. O que está sendo frisado é que o intérprete deve primar pelo fim da Lei, assentando que este e a razão da mesma são indicadas pelas exigências sociais, visando o bem comum. Destarte, como bem referenciado pelo próprio autor, o ilustre e já falecido jurista brasileiro Washignton de Barros Monteiro se preocupou em compilar regras de jurisprudências, que dentre outras coisas discute que “deve ser afastada a exegese que conduz ao vago, ao inexplicável, ao contraditório e ao absurdo”. Ou seja, na interpretação deve-se sempre preferir a inteligência que faz sentido à que não faz, devendo o operador optar entre mais de um possível sentido para o texto, levando-se em consideração as diversas e inúmeras nuances por traz do fato jurídico incluindo-se aqui todas as consequências que a aplicação puramente da lei pode trazer. Salienta-se ainda que o autor utilizou-se de exemplos reais ocorridos no Judiciário brasileiro, para demonstrar que por inúmeras vezes em que o Operador se limitou a aplicar puramente o texto da lei, sem qualquer análise crítica em face da realidade social, existiram consequências indesejáveis (embora previstas aos olhos de uma análise sociológica). Vejamos citações extraídas do próprio texto: “Em situação ocorrida em 2015, no Tribunal de Justiça de SP, a Corte Estadual afastou o desembargador Otávio H. Sousa Lima, por ter posto em liberdade um preso pertencente a uma facção criminosa, que havia sido surpreendido pela Polícia Civil com “1,6 tonelada de cocaína em um sítio em Santa Isabel, na região metropolitana de São Paulo”. Souza Lima, que já registrava casos semelhantes, foi aposentado pelo TJ compulsoriamente em 2016”. “[...] Nesses casos, decisão foi revertida pelo colegiado, mas os acusados já estavam foragidos”. Assim, percebe-se que o autor esteve sim amparado por uma visão sociológica na construção do seu texto.