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História Regional

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Prévia do material em texto

2011
História regional
Prof. Cesar Augusto Jungblut
Copyright © UNIASSELVI 2011
Elaboração:
Prof. Cesar Augusto Jungblut
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
 
981.64
J95h Jungblut, Cesar Augusto.
História regional / Cesar Augusto Jungblut. Indaial : Uniasselvi, 2011. 
182. p.: il
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-427-0
1. História Regional I. Centro Universitário Leonardo da Vinci II. 
Núcleo de Ensino a Distância III. Título
 
III
apresentação
Caro(a) acadêmico(a), neste Livro de Estudos você irá estudar a 
disciplina de História Regional. Essa disciplina diferencia-se um pouco das 
outras estudadas até agora. Isso se dá pelo fato de que a História Regional 
não é algo tão presente nos cursos de História e no Ensino Básico.
 
Também queremos alertar que o Livro tem uma boa parte dele 
dedicado a questões teóricas, importantes para a formação de um bom 
Professor de História.
A história ao longo dos últimos tempos vem recebendo a influência 
de múltiplas abordagens, como você já estudou na disciplina de Processos 
Historiográficos, ou seja, o fazer histórico na atualidade tem várias formas 
de compreender o passado. Aqui, estudaremos algumas questões ligadas à 
História Regional que o (a) ajudarão a pensar questões teóricas sobre o tema 
e relacioná-las com seu contexto mais próximo. 
Também focamos em questões de conteúdos, como alguns eventos 
regionais da nossa História.
Nesse sentido, abordaremos questões relacionadas diretamente 
com a História Regional. Na Unidade 1 você estudará a História Regional 
e Região. Já na Unidade 2 estudaremos a aproximação da História Local 
e Regional e suas comparações com a escala nacional e global. Veremos 
também como trabalhar essas questões no ensino de História. Por fim, na 
Unidade 3 destacaremos alguns eventos regionais da nossa História. 
Caro(a) acadêmico(a), é importante que você leia todo o material, 
faça as atividades, discuta com seus colegas. Procure ir além deste Livro de 
Estudos no seu aprendizado. Quando tiver dúvidas, procure a UNIASSELVI 
para saná-las. Desejo-lhe um ótimo estudo!
Prof. Cesar Augusto Jungblut
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
UNIDADE 1 - ELABORANDO CONCEITOS DE HISTÓRIA
REGIONAL, DE REGIÃO, DO LOCAL, NACIONAL E GLOBAL .................. 1
TÓPICO 1 - ENTENDENDO A HISTÓRIA REGIONAL ............................................................ 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3
2 DEFINIÇÕES ACERCA DA HISTÓRIA REGIONAL .............................................................. 3
3 CONSIDERAÇÕES SOBRE HISTÓRIA REGIONAL ............................................................... 8
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 12
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 16
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 17
TÓPICO 2 - O CONCEITO DE REGIÃO ATRAVÉS DOS TEMPOS ........................................ 19
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 19
2 ORIGEM DO TERMO REGIÃO .................................................................................................... 19
3 O CONCEITO DE REGIÃO NA IDADE MODERNA ............................................................... 20
4 O CONCEITO DE REGIÃO NA IDADE CONTEMPORÂNEA .............................................. 21
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 22
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 27
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 28
TÓPICO 3 - A COMPREENSÃO DO CONCEITO DE REGIÃO ................................................ 29
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 29
2 ALGUNS CONCEITOS DO TERMO REGIÃO........................................................................... 29
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 35
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 39
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 40
TÓPICO 4 - A APROXIMAÇÃO DA HISTÓRIA LOCAL
COM A HISTÓRIA REGIONAL ................................................................................. 41
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 41
2 HISTÓRIA LOCAL............................................................................................................................ 41
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 46
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 48
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 49
TÓPICO 5 - A HISTÓRIA REGIONAL E SUAS CONEXÕES
COM A ESCALA NACIONAL E GLOBAL ...............................................................51
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 51
2 A HISTÓRIA REGIONAL E SUAS CONEXÕES COM A
 ESCALA NACIONAL E GLOBAL ................................................................................................. 51
RESUMO DO TÓPICO 5..................................................................................................................... 58
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 59
sumário
VIII
UNIDADE 2 - HISTÓRIA COMPARADA, A MICRO-HISTÓRIA, MEMÓRIA
E HISTÓRIA ORAL NA CONSTRUÇÃO DA HISTÓRIA REGIONAL ........ 61
TÓPICO 1 - O QUE A HISTÓRIA COMPARADA TEM A
VER COM A HISTÓRIA REGIONAL ....................................................................... 63
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 63
2 HISTÓRIA COMPARADA .............................................................................................................. 63
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 65
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 69
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 70
TÓPICO 2 - AS ABORDAGENS DA MICRO-HISTÓRIA E SUA
RELAÇÃO COM A HISTÓRIA REGIONAL ............................................................ 71
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 71
2 MICRO-HISTÓRIA ........................................................................................................................... 71
3 MICRO-HISTÓRIA E HISTÓRIA REGIONAL .......................................................................... 74
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 77
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 79
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 80
TÓPICO 3 - A AFINIDADE ENTRE MEMÓRIA E HISTÓRIA ................................................. 81
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 81
2 A RELAÇÃO ENTRE MEMÓRIA E HISTÓRIA ......................................................................... 81
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 85
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 89
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 90
TÓPICO 4 - O USO DA HISTÓRIA ORAL NA CONSTRUÇÃO
DA HISTÓRIA REGIONAL E LOCAL ...................................................................... 91
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 91
2 O QUE É HISTÓRIA ORAL ............................................................................................................ 91
3 COMO A HISTÓRIA ORAL PODE SER UTILIZADA NO ESPAÇO ESCOLAR? ............ 93
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 94
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 95
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 96
TÓPICO 5 - METODOLOGIA PARA ENSINAR HISTÓRIA LOCAL E REGIONAL ........... 97
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 97
2 PARA COMEÇO DE CONVERSA ................................................................................................. 97
3 AS POSSÍVEIS ABORDAGENS DE ENSINO ............................................................................ 98
4 ENSINANDO DIFERENTE ............................................................................................................. 100
5 ALGUMAS PALAVRAS FINAIS ................................................................................................... 104
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 105
RESUMO DO TÓPICO 5..................................................................................................................... 107
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 108
UNIDADE 3 - CONHECENDO ALGUNS EVENTOS REGIONAIS
DA HISTÓRIA BRASILEIRA .................................................................................. 109
TÓPICO 1 - CABANAGEM: REVOLTA POPULAR NO PARÁ ................................................. 111
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 111
2 UMA REVOLTA POPULAR? ......................................................................................................... 112
IX
3 O INÍCIO DA CONTENDA ........................................................................................................... 113
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 116
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 120
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 121
TÓPICO 2 - A REVOLUÇÃO FARROUPILHA: UMA
REVOLTA REGIONAL E DE ELITE ........................................................................... 123
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 123
2 ENTENDENDO O PANO DE FUNDO DA REVOLUÇÃO ...................................................... 124
3 QUESTÕES POLÊMICAS E O FINAL DO CONFLITO ............................................................ 127
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 134
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 135
TÓPICO 3 - A SABINADA E A BALAIADA NO CONTEXTO REGIONAL ........................... 137
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 137
2 SABINADA: UMA REBELIÃO DIFERENTE NO IMPÉRIO ................................................... 137
3 AS CAUSAS DA REVOLTA E SEUS DESDOBRAMENTOS ................................................... 138
4 UMA QUESTÃO PERTINENTE ..................................................................................................... 140
5 BALAIADA: A REBELIÃO SERTANEJA ...................................................................................... 141
6 A COMPREENSÃO DO CONFLITO .............................................................................................142
7 COMEÇA O CONFLITO .................................................................................................................. 144
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 147
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 151
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 152
TÓPICO 4 - GUERRA DE CANUDOS: A LUTA DE UM POVO NA BAHIA .......................... 153
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 153
2 A REPÚBLICA E SUAS FRAGILIDADES .................................................................................... 154
3 ANTÔNIO CONSELHEIRO E SEUS SEGUIDORES ................................................................. 156
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 159
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 162
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 163
TÓPICO 5 - CONTESTADO: MESSIANISMO E QUESTÕES
REGIONAIS NO SUL DO BRASIL ............................................................................ 165
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 165
2 CONFLITOS HISTÓRICOS ............................................................................................................ 165
3 QUESTÃO SOCIAL E MESSIÂNICA ........................................................................................... 167
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 171
RESUMO DO TÓPICO 5..................................................................................................................... 173
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 174
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 175
X
1
UNIDADE 1
ELABORANDO CONCEITOS DE 
HISTÓRIA REGIONAL, DE REGIÃO, DO 
LOCAL, NACIONAL E GLOBAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade você será capaz de:
• conhecer as características da História Regional no contexto historiográfico;
• identificar as principais mudanças ocorridas com o conceito de região;
• compreender o conceito de região para a História.
Esta unidade está dividida em cinco tópicos e em cada um deles você 
encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.
TÓPICO 1 – ENTENDENDO A HISTÓRIA REGIONAL
TÓPICO 2 – O CONCEITO DE REGIÃO ATRAVÉS DOS TEMPOS
TÓPICO 3 – A COMPREENSÃO DO CONCEITO DE REGIÃO
TÓPICO 4 – A APROXIMAÇÃO DA HISTÓRIA LOCAL DA HISTÓRIA 
REGIONAL
TÓPICO 5 – A HISTÓRIA REGIONAL E SUAS CONEXÕES COM A 
ESCALA NACIONAL E GLOBAL
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
ENTENDENDO A HISTÓRIA REGIONAL
1 INTRODUÇÃO
2 DEFINIÇÕES ACERCA DA HISTÓRIA REGIONAL
Trabalhar com a História Regional implica analisar uma determinada 
singularidade em meio a uma totalidade, sob um “movimento dialético 
entre o pequeno e o grande acontecimento, para não cair no erro de 
relativizar os acontecimentos, idealizando grupos e acontecimentos”. 
(CAPRINI, 2010).
Caro(a) acadêmico(a), tendo em vista que esta disciplina tratará de temas 
que são pertinentes à História Regional, é fundamental pensarmos em uma 
significação para o que se define como História Regional, discorrendo sobre seus 
aspectos conceituais e teóricos. Acompanhe! 
Você já deve ter lido ou ouvido falar sobre História Regional, não é 
mesmo?
Embora este termo, conceito, assunto, disciplina pareça ter um único 
sentido, como quase tudo na História, não tem. Para começar o estudo nessa 
disciplina é importante que você perceba que a História Regional não se constitui 
como um método, muito menos possui um corpo teórico próprio. É uma opção 
de recorte espacial do componente estudado, ou seja, é uma forma de delimitar 
algo a ser estudado sobre o passado. Veja bem: uma forma. Logicamente poderão 
existir outras e, mesmo dentro desta forma, poderão ainda existir outras tantas 
abordagens.
Uma das maiores críticas que se faz a esta História e que tem sido motivo 
de muitos artigos diz respeito ao seu enfoque limitado. A História Regional teve 
seu advento coincidindo com a influência da Escola dos Annales, estabelecendo 
uma fronteira interdisciplinar muito próxima com a Geografia.
UNIDADE 1 | ELABORANDO CONCEITOS DE HISTÓRIA REGIONAL, DE REGIÃO, DO LOCAL, NACIONAL E GLOBAL
4
José D’Assunção Barros (2010), Doutor em História Social pela 
Universidade Federal Fluminense (UFF), afirma que:
[...] a interdisciplinaridade entre História e Geografia é estabelecida, 
entre outros aspectos, por meio de conceitos como “região”. Em uma de 
suas formas mais elementares, o espaço pode ser abordado como uma 
área indeterminada, que existe previamente na materialidade física. 
Foi a partir desta noção fundadora que, já na Geografia tradicional, 
tiveram início outras categorias de região. Noções essas das quais logo 
os historiadores e outros cientistas sociais começaram a se apropriar. 
Em nosso país, os estudos regionais de história proliferaram, sobretudo, a 
partir das décadas de 1970 e 1980. Suas maiores expressões ocorreram com mais 
intensidade no campo da História Agrária e da História Política. Esses estudos 
continham por pressupostos metodológicos a pesquisa empírica, quase sempre 
ancorada sobre um número expressivo de fontes seriadas, o qual só era possível 
de ser realizado através de um recorte espacial regional bem específico. 
Além do mais, a História Regional oferecia a possibilidade de comparação 
entre diferentes situações históricas, contribuindo para a produção de uma 
síntese, a nível macroespacial, uma vez que cada região não poderia ser vista 
deslocada do todo em que se encontrava inserida. O recorte regional permitia 
o esgotamento das fontes disponíveis para a pesquisa, garantindo a veracidade 
dos resultados. A homogeneidade das fontes seria outro elemento facilitador 
decorrente dos estudos regionais (VISCARDI, 1997).
Escola dos Annales – Já foi estudada nos Livros de Pré-História e Processos 
Historiográficos. A Escola dos Annales constitui-se num movimento historiográfico, 
recebendo esse nome por ter surgido em torno do periódico acadêmico francês Revue 
des Annales. Destacou-se, entre outros aspectos, por ter revolucionado o olhar do 
historiador usando outras ciências sociais em suas análises.
NOTA
Leia o livro: BURKE, Peter (Org.). A escrita da história: novas perspectivas. São 
Paulo: UNESP, 1992.
DICAS
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A HISTÓRIA REGIONAL
5
Para Marcos Silva (1990), um dos pesquisadores que se dedicou a explicar 
os fundamentos da História Regional, o regional é um recorte e não uma forma 
de escrever a História. Este autor entende a região como um universo de práticas 
vivenciadas pelos diversos grupos humanos que nela se inserem, o qual engloba 
desde o relevo, as relações humanas, a família, as condições de sobrevivência, até 
os aspectos culturais, a comunidade, entre outros. A partir desta definição, pode-
se pensar em extrapolar limites e fronteiras de ordem administrativa-política que, 
em geral, costumam delimitar uma região. Assim sendo, o regional torna-se um 
conjugado de identidades não vinculado, necessariamente, aos limites formais 
físicos estabelecidos. Oque você verá mais adiante.
Corroborando no sentido de entender o termo História Regional, 
Westphalen (apud FRAGOMENI, 2005) questiona: “limitar o campo de estudo 
é, porventura, diminuir a história? Reduzir seu objetivo para melhor atingi-lo 
não seria mais eficaz e produtivo?” A autora segue na mesma linha da maioria 
dos autores que tratam da questão, ou seja, considera a História Regional uma 
metodologia, uma estratégia operacional. Diz também que a expansão dos 
estudos de história regional já é objeto de análise desde o século XVIII, quando a 
vida era muito mais marcada pela região do que pela nação. 
FONTE: Disponível em: <http://www.revistas.uepg.br/index.
php?journal=rhr&page=issue&op=view&path%5B%5D=20>. Acesso em: 22 jan. 2011.
FIGURA 1 – CAPA DA REVISTA HISTÓRIA REGIONAL
UNIDADE 1 | ELABORANDO CONCEITOS DE HISTÓRIA REGIONAL, DE REGIÃO, DO LOCAL, NACIONAL E GLOBAL
6
Ana Luiza Setti Reckziegel (1999) aponta alguns fatores para a maior 
recorrência desses estudos. O primeiro está ligado ao esgotamento das 
macroabordagens, das volumosas sínteses, as quais se mostravam insuficientes 
para entender questões mais particularizadas. O exemplo disso é a diminuição 
cada vez maior daqueles títulos e obras sobre História do Brasil, enfocando 
grandes períodos e espaços geográficos. 
O segundo acontece em função da instalação e ampliação de cursos de 
pós-graduação em todo o país, e pelo fato dos mesmos fomentarem a formação 
de uma geração de novos pesquisadores, dotados de embasamento científico-
teórico e comprometidos com temas locais, mais próximos de suas realidades. 
Terceiro, a ocorrência de transformações recentes da história brasileira, 
que mudaram fortemente a organização espacial do país, com destaque para as 
regiões Norte e Centro-Oeste, provocando um reordenamento da relação entre as 
demais regiões brasileiras e, por conseguinte, um olhar para essas regiões, antes 
esquecidas.
Quarto, a questão da modificação de concepção sobre o conceito de 
região. Sobre esse ponto, faremos a seguir uma sucinta retrospectiva histórica, 
com a intenção de polemizar este entendimento e oportunizar a constatação das 
alterações de sentido sofridas pelo termo através do tempo. 
No entanto, Cláudia de Paiva Fragomeni (2005) alerta que a História 
Regional enfrenta uma série de dificuldades para sua pesquisa, que passam desde 
as dificuldades em fontes documentais até a escassez de bibliografias adequadas, 
visto que grande parte do acervo que poderia ser usado, muitas vezes, se encontra 
em mãos de particulares, o que torna inacessível e atrapalha o acesso ao material, 
ocasionando para o historiador um árduo trabalho de garimpagem. Assunto que 
veremos em outra unidade desse Livro de Estudos.
É significativo perguntar: por que atualmente vem ocorrendo um aumento 
dos estudos sobre História Regional?
Nas últimas décadas, o campo historiográfico brasileiro vem abandonando as 
abordagens nacionais/gerais e se dedicando mais às abordagens regionais e temáticas.
ATENCAO
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A HISTÓRIA REGIONAL
7
Aqui cabe fazer um parêntese. Mesmo com o aumento significativo que 
atualmente vem ocorrendo dos estudos sobre História Regional apontados pelos 
fatores anteriormente elencados, essa abordagem ainda tem desafios a serem 
superados, e um deles está relacionado a vencer preconceitos, pois muitas vezes 
ela é tida como história menor, sem alcance do todo.
Queremos deixar claro justamente o contrário, pois, quando nos referimos 
à História Regional, estamos ressaltando a necessidade de pesquisarmos espaços 
e contextos que em muitos casos ficam esquecidos, isto é, valoriza-se geralmente 
aspectos da história nacional ou temas já consagrados, sem dar destaque para a 
História Regional.
Agnaldo de Sousa Barbosa (2011) alega que ainda nos anos de 1980, o 
surgimento e a ampliação da produção de estudos históricos regionais tenham 
contribuído enormemente para o desenvolvimento de um conhecimento histórico 
que vislumbrasse as experiências das mais diversas localidades brasileiras, abrindo 
espaço na academia para a emergência de uma modalidade de história escrita a 
partir de realidades particulares, menores. Esse tipo de história é ainda encarado 
com certo incômodo na Universidade, sob a mira de olhares desconfiados.
Em defesa dessa abordagem mais local para a História, Agnaldo de Sousa 
Barbosa (2011) lembra que a história “generalizante” ou total, aquela das grandes 
sínteses, tipo História do Brasil desde o descobrimento aos nossos dias, trabalha 
com a noção de um tempo constante, comum a todos os espaços, o chamado 
“tempo global”. Por sua vez, a História Regional preocupa-se com a apreensão do 
“tempo dos lugares”, o tempo verdadeiramente vivido por cada lugar, mesclado 
por experiências distintas daqueles vislumbrados por abordagens “globais”. 
Dito de outra maneira, a História Regional passou a ser apreciada em 
virtude da possibilidade de fornecimento de explicações na configuração do 
espaço nacional, uma vez que a historiografia nacional tende a ressaltar as 
semelhanças, enquanto a regional aborda as diferenças e multiplicidades. 
Então, você pode perceber que a história regional proporciona, na 
dimensão do estudo do particular, um aprofundamento do conhecimento sobre a 
história nacional, ao relacionar semelhanças entre as situações históricas diversas 
que constituem a nação.
Pesquisando o espaço de ação, local onde os homens desenvolvem suas 
relações sociais, políticas, econômicas e culturais, a História Regional possibilita 
através de sua abordagem um tipo de saber histórico que oportuniza conhecer 
uma ou mais destas dimensões nessa região, que pode ser analisada tanto no 
que concerne aos seus desenvolvimentos internos, como no que se refere à sua 
inserção em dimensões mais amplas.
UNIDADE 1 | ELABORANDO CONCEITOS DE HISTÓRIA REGIONAL, DE REGIÃO, DO LOCAL, NACIONAL E GLOBAL
8
3 CONSIDERAÇÕES SOBRE HISTÓRIA
 REGIONAL
Para complementar o estudo deste tópico, apresento as principais ideias 
do texto de Aldieris Braz Amorim Caprini que faz importantes reflexões sobre 
História Regional.
Outras questões referentes ao conceito de História Regional poderiam 
ser abordadas, porém, seria um debate demasiado longo. Assim, o que deve 
ficar evidenciado é que essa modalidade de conhecimento histórico permanece 
imbuída do objetivo de difundir as vivências concretas de homens e mulheres 
num contraponto ao que, muitas vezes, está ou fica distante do alcance da história 
globalizante. E que esse olhar seja capaz de revelar também aspectos que não são 
costumeiramente abordados pelas análises mais amplas. 
A História Regional nunca deve ficar circunscrita ao seu espaço local, mas 
tentar explicar as conexões necessárias para entender o global.
DICAS
CONSIDERAÇÕES SOBRE HISTÓRIA REGIONAL
[...]
A renovação historiográfica no século XX, fruto do movimento dos 
Annales, possibilitou a ampliação dos campos e territórios do historiador. 
Após 1970 ampliaram-se as discussões sobre abordagens e enfoques na 
pesquisa em história. Nesse contexto, merece tecermos breves considerações 
sobre a História Regional. Não é nosso objetivo fazer uma longa discussão 
teórica sobre o assunto, pois nos limitamos às reflexões sobre a prática que 
temos em pesquisas locais e que podem contribuir para os historiadores 
iniciantes através da exposição sobre seu conceito, sua relevância e aspectos 
do assunto que foram verificados na experiência com o tema.
Os trabalhos denominados de História Regional são constantemente 
questionados pelo fato de que toda pesquisa aborda determinado espaço, 
daí todas as pesquisas serem regionais, não necessitando de enfatizar a 
metodologia.
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A HISTÓRIA REGIONAL
9
Não temos o interesse, nesse texto, de discutirmos essa opinião. Para 
nós interessa a ampliação das pesquisas em história. Nesse caso, quando 
falamos em História Regional, estamos enfatizando a necessidade de 
pesquisarmos espaços e contextosque ficam esquecidos, sendo valorizados 
somente aspectos históricos nacionais ou temas já consagrados.
Ao trazer a temática regional, estamos salientando a necessidade de 
ampliarmos os objetos de estudos para conhecermos melhor a história do 
país, valorizando as peculiaridades.
É importante a discussão conceitual sobre região e História 
Regional, para que possamos incluir essa abordagem historiográfica em 
nossas pesquisas. A História Regional vai estudar o contexto histórico de 
determinado espaço, tomando-o como delimitação para o objeto de estudo.
[...]
Ao tratarmos de História Regional estamos nos referindo à 
abordagem que o historiador faz do seu objeto de estudo, recortando 
determinado espaço a ser estudado: 
[...] de qualquer modo, o interesse central do historiador 
regional é estudar especificamente este espaço, ou as relações 
sociais que se estabelecem dentro deste espaço, mesmo que 
eventualmente pretenda compará-lo com outros espaços 
similares ou examinar em algum momento de sua pesquisa a 
inserção do espaço regional em um universo maior (o espaço 
nacional, uma rede comercial). (SILVA, 1990, p. 43).
É importante explicarmos também que História Regional e micro-
história não são a “mesma coisa”. Assunção (2004, p. 153) enfatiza que a 
micro-história faz uma redução de escala de observação para perceber 
aspectos que poderiam não ser percebidos na análise macro. A História 
Regional faz o estudo da realidade recortada por ela mesma.
Os trabalhos regionais são justificados porque os estudos nacionais 
ressaltam as semelhanças, e a regional trabalha com as diferenças. Possibilitam 
abordar aspectos que não seriam percebidos no contexto maior. 
Os trabalhos sobre o coronelismo, por exemplo, apresentam tipos 
sociais que muitas vezes não expressam a realidade política do Brasil 
como um todo. O Espírito Santo, por exemplo, apresenta, em muitas 
regiões geopolíticas, o coronel vendeiro, aquele que não se encaixa no 
tipo latifundiário, que acaba sendo sinônimo, para muitos, de coronel. 
UNIDADE 1 | ELABORANDO CONCEITOS DE HISTÓRIA REGIONAL, DE REGIÃO, DO LOCAL, NACIONAL E GLOBAL
10
Temos, conforme pesquisas realizadas, uma estrutura de poder em que 
o político obtém o poder via comércio, especialmente nas regiões de 
pequena propriedade, o que só pode ser verificado se tomarmos o estudo 
de determinada região, senão caímos no erro de tomarmos pesquisas de 
outras regiões para explicar o todo.
O estudo regional nos permite estabelecer comparações, uma vez 
que, ao estabelecermos uma relação do regional com o nacional, nossa visão 
e compreensão de determinado fato se amplia, possibilitando romper com 
estereótipos historiográficos.
No entanto, ao trabalharmos com essa abordagem, é necessário 
estabelecermos algumas considerações. Como em toda pesquisa, o pesquisador 
deve ter identificação com o assunto, nesse caso deve ainda apresentar afinidade 
com a região em estudo. Não se trata de uma questão de ter uma ligação 
sentimental ou de “dívida” com a região estudada. Como em toda pesquisa, 
há a necessidade de uma relação, afinidade, entre pesquisador e objeto.
Outro ponto a ser considerado é que o pesquisador deve estar ciente 
de que a história regional vai lhe trazer algumas implicações no que se refere 
às fontes. Na maioria das vezes, os documentos não estão em arquivos 
públicos organizados e à disposição para a pesquisa. O pesquisador 
vai ter que localizar o material, que pode estar em poder de famílias ou 
instituições que dificultarão o acesso por motivos diversos. Muitas famílias, 
por exemplo, não gostam de abrir ou ceder documentos que lhes pertencem 
e até mesmo dar informações sobre algum membro, com receio de que o 
pesquisador perca a “relíquia” familiar ou que a pesquisa possa prejudicar 
a imagem da família com as informações apresentadas.
Quando ele chega ao documento, vai ter que organizá-lo para depois 
trabalhar. O que é diferente de pesquisas sobre assuntos que apresentam 
material organizado em arquivos públicos.
Além disso, há as fontes orais, que são importantíssimas no estudo 
regional, sendo muitas vezes a única fonte disponível e que requer uma 
atenção para que a pesquisa em história regional não fique comprometida 
com os interesses do entrevistado ou a distorção das respostas. Não negamos 
a subjetividade na história, mas cabe ao historiador saber conduzir sua escrita.
Ressalta-se também que as fontes secundárias são escassas ou não 
existem, na maioria das vezes, pois sua pesquisa pode ser o primeiro trabalho 
sobre aquela região. Daí outro ponto interessante sobre a História Regional. 
Você não vai ter um livro ou outras pesquisas para nortear seu trabalho, 
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A HISTÓRIA REGIONAL
11
o que demanda mais tempo para organizar a pesquisa. Esteja consciente 
ainda de que os resultados do seu trabalho vão ser lidos pelos indivíduos 
que contribuíram para sua pesquisa (por meio de entrevistas ou doação 
de documentos) ou pessoas ligadas a eles. Como, na maioria das vezes, o 
pesquisador regional convive com seu objeto de pesquisa, ele poderá ser 
questionado sobre as conclusões apresentadas, que, muitas vezes, não são 
o que o objeto de estudo gostaria que fosse apresentado.
Falar de modo geral das fraudes eleitorais do Brasil na Primeira 
República é uma coisa. Apresentar o nome do candidato e a denúncia em 
jornal da época sobre as fraudes pode levar o pesquisador a um confronto 
com a família desse político, o que não ocorre quando abordamos o geral.
Mas há também recompensa: quando vemos o resultado, o fato 
concreto, perto de nós. Esse é um ponto importante, a pesquisa regional 
te aproxima do objeto de estudo, daí a História Regional motivar os 
pesquisadores.
Outro ponto relevante é considerarmos a necessidade, como 
em qualquer pesquisa, de recorrermos ao referencial teórico e ao rigor 
científico. Muitos trabalhos regionais acabam retratando a história de 
forma não acadêmica e caem em relatos de memórias, sem uma análise 
crítica dos testemunhos ou, então, um amontoado de informações sem uma 
organização teórico-metodológica, o que é muito comum nos trabalhos das 
pessoas que “querem resgatar a história local”.
Não somos contra esse resgate, mas o historiador não pode ter essa 
posição. Cabe a ele se posicionar perante seu ofício a partir de teorias e 
metodologias de pesquisa. Consideramos, assim, que a História Regional, 
quando devidamente trabalhada, é um campo rico para o historiador em 
seus estudos e que deve ser considerada em trabalhos de conclusão de 
cursos, monografias, dissertações e teses.
O regional nos possibilita peculiaridades que ficariam ignoradas 
se não tomadas em partes. As pesquisas levantam fontes e temas que não 
são possíveis de ser contemplados no estudo do geral. Além da pesquisa, 
o regional deve ser incluído no ensino de história e reconhecido como 
uma abordagem que merece rigor teórico e metodológico, ampliando as 
possibilidades do ofício do historiador.
FONTE: Disponível em: <http://www.saberes.edu.br/arquivos/texto_aldieris.pdf>. Acesso em: 3 
dez. 2010.
UNIDADE 1 | ELABORANDO CONCEITOS DE HISTÓRIA REGIONAL, DE REGIÃO, DO LOCAL, NACIONAL E GLOBAL
12
LEITURA COMPLEMENTAR
OS ESTUDOS REGIONAIS NA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA
Marcos Lobato Martins
As últimas décadas têm sido fecundas na produção e divulgação de 
pesquisas de história regional e local. Basta examinar as grades de programação dos 
encontros nacionais e regionais de História, os índices das revistas especializadas 
e os catálogos das editoras universitárias para verificar o crescimento quantitativo 
e a variedade temática dos trabalhos publicados nesta área. O boom da História 
Regional e local no Brasil contemporâneo é realidade irretorquível e de bom 
fôlego.
[...] 1960-1970: o embaralhamento do regional e do nacional. A década 
de 1960 marcou o momento de unificação do mercado interno pelo capitalismo 
e a transformação do Estado em parceiro e agente privilegiado do capital, em 
processo queteve São Paulo como centro irradiador da modernização. A década 
de 1960 também marcou, inequivocamente, o predomínio da produção acadêmica 
no campo dos estudos históricos no Brasil, que veio acompanhado de maior 
interesse pela história republicana. 
As Universidades multiplicaram as pesquisas sobre a trajetória do país 
e de suas regiões, embora isto ocorresse de modo bastante desigual. Afinal, 
a assimetria entre os polos acadêmicos nacionais era evidente, com amplo 
predomínio de São Paulo, através da USP (Universidade de São Paulo). Na 
academia brasileira, de qualquer forma, surgiu uma espécie de consenso: o de 
que havia chegado a hora de abandonar, ainda que temporariamente, a ênfase 
nas grandes sínteses, julgadas demasiadamente genéricas.
 
[...]
Uma considerável e significativa produção acadêmica articulou-se em 
torno de temas cruciais levantados pelo estudo da evolução de São Paulo desde a 
expansão cafeeira. A grande propriedade na lavoura paulista do Vale do Paraíba 
e do Oeste, a escravidão nas áreas cafeeiras e sua desagregação, a imigração para 
as áreas rurais e para as cidades, o café e as ferrovias, o café e as grandes empresas 
de serviços públicos, as relações entre o complexo cafeeiro e a industrialização: eis 
uma lista de temas que ocupou muitos historiadores e cientistas sociais nos anos 
1960-1970. Dentre eles, a título de exemplo, e sem a pretensão de ser exaustivo, 
podem ser citados: Fernando Henrique Cardoso, Warren Dean, Delfim Neto, 
Emíla Viotti da Costa, Stanley Stein, Boris Fausto, João Manuel Cardoso de Mello, 
Odilon Matos, Flávio Saes, Paula Beiguelman e Maria Thereza Schorer Petrone.
[...] Fora do eixo Rio-São Paulo, muito do que se fazia no campo dos estudos 
regionais ressentiu-se desta construção mitológica que atribuía a São Paulo toda e 
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A HISTÓRIA REGIONAL
13
qualquer positividade contida na ideia do Brasil moderno, urbano e industrial. As 
outras porções do território nacional frequentemente foram estudadas a partir de 
uma perspectiva da negatividade, da falta, da carência deste ou daquele elemento 
que marcaria a distância em relação ao êxito paulista. O espelho São Paulo era o 
instrumento por meio do qual as diversas regiões brasileiras deveriam buscar a 
autocompreensão e a ação transformadora.
Neste ponto deve-se assinalar a importante obra de Evaldo Cabral de 
Mello relativa à história de Pernambuco. Realizada fora da academia, a obra 
de Mello, desde a década de 1970, lança luz sobre o Nordeste açucareiro, em 
livros como Olinda restaurada (1975), O Norte agrário e o Império (1984) e Rubro 
veio (1986). Conforme Evaldo Cabral de Mello, o objetivo de seu trabalho é dar 
visibilidade ao fato de que os pernambucanos tiveram “uma trajetória especial na 
história brasileira, e essa trajetória ficou na sombra desde o período monárquico, 
devido ao que eu [Mello] chamo a ‘história saquarema’, a historiografia feita no 
eixo Rio-São Paulo para louvar o modelo de construção nacional adotado desde 
a independência. [...]
A História Regional é [para Cabral de Mello] uma maneira de escapar, 
por um lado, à historiografia saquarema, por outro, aos modismos (...), que às 
vezes degeneram no que Oakeshott chamava ‘política retrospectiva’ (MORAES e 
REGO, 2002, p. 153-154).
Numa vertente mais política, os anos 1970 viram a publicação de 
importantes estudos de brazilianists que exploraram o regionalismo político na 
República Velha, trabalhos que obtiveram grande repercussão no Brasil. Numa 
perspectiva empirista, que privilegiava os limites administrativos, as estruturas 
políticas e associavam as identidades regionais inteiramente às ações das elites 
dirigentes estaduais, autores como Joseph Love (1971 e 1980), John Wirth (1977), 
Robert Levine (1978) e Eul-soo Pang (1979) exploraram a história regional do Rio 
Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Bahia, e os comportamentos 
de seus políticos no cenário nacional em função da descentralização que 
caracterizou a Primeira República. Em comum, todos estes autores enfatizaram 
o declínio gradual das identidades regionais e da força política das elites locais, 
que não teriam resistido às transformações que conduziram ao Estado nacional 
forte e centralizado. Desta forma, embora tivessem o mérito de chamar a atenção 
para o significado do regionalismo, eles não questionaram a meta narrativa sobre 
a nação e o “estado forte”, hegemônica desde Vargas. 
[...] Somente na virada da década de 1970 para a de 1980, a expansão da 
pós-graduação (no Rio de Janeiro e, depois, para além do eixo Rio-São Paulo) 
promoveu o início do esforço para livrar a historiografia brasileira das tentações 
reducionistas que a acompanharam desde sempre. Ao estimular as pesquisas em 
acervos regionais e locais, a pós-graduação em História desenvolveu nas novas 
gerações de historiadores o apreço pelas conexões intrincadas e oblíquas entre 
o regional, o local e o nacional, em que o elemento espacial ganha relevância, 
ombreando-se ao tempo.
UNIDADE 1 | ELABORANDO CONCEITOS DE HISTÓRIA REGIONAL, DE REGIÃO, DO LOCAL, NACIONAL E GLOBAL
14
Da década de 1980 aos dias de hoje: a onda dos estudos regionais
 Em meados da década de 1980, em várias partes do Brasil funcionavam 
cursos de pós-graduação em História, o que significava a superação definitiva 
da situação existente até a primeira metade da década anterior. O mestrado em 
História da USP havia sido implantado no período 1963-1965 e, até o ano de 1975, 
somente esta universidade oferecia curso de doutorado. Desde então, apareceram 
progressivamente pós-graduações no Rio de Janeiro e em outras unidades da 
federação. Esta expansão e desconcentração da pós-graduação foram fatores 
cruciais para o salto de qualidade da historiografia brasileira e também para a 
onda de interesse que surgiu no campo dos estudos regionais. No interior dos 
programas de mestrado e doutorado, os estudantes ampliaram o trabalho com 
temas e acervos documentais regionais e locais, abandonando a atitude, até então 
imperante, de lidar com descrições e informações repetidas, tiradas de fontes 
recorrentemente compulsadas. Nos novos pólos da pesquisa histórica brasileira, 
generalizou-se a percepção de que, na medida em que os grandes livros estavam 
feitos e as grandes interpretações consagradas, o conhecimento historiográfico 
pouco se desenvolvera. De maneira que era urgente levar adiante o esforço de 
começar pela base e não pelos grandes nomes. A pesquisa histórica passou a se 
preocupar com a história miúda, a história local, a construção de bancos de dados 
de todo tipo.
Um ponto importante na trajetória de expansão da pós-graduação foi a 
criação, no âmbito da FGV/RJ (Fundação Getúlio Vargas), em 1976, do Centro 
de Pós-graduação em Desenvolvimento Agrícola, que abrigou por alguns anos 
um mestrado voltado para a problemática agrícola no país. Neste centro, a 
professora Maria Yedda Linhares colocou em prática um projeto de levantamento 
de fontes para a história agrária nos arquivos do Norte e do Nordeste, um esforço 
praticamente inédito no país. Deste projeto resultaram os livros História do 
Abastecimento (1979) e História da agricultura brasileira (1980), que apontaram 
para a urgência de pesquisas extensas e múltiplas, voltadas para a produção de 
alimentos e para o mercado interno. Em torno deste programa e das atividades 
do referido Centro, o professor Ciro Flamarion Cardoso fez a defesa da história 
regional como história agrária, ou da história agrária como história regional. 
Também na segunda metade da década de 1970, surgiu a pós-graduação em 
História na UFF (Universidade Federal Fluminense), sediada na cidade de Niterói.
[...]
Em outras partes do Brasil, o novo interesse pelo regionalismo e pela 
história regional desdobrou-se, em grande medida, dentro de uma visada 
neomarxista, particularmente na perspectiva de Gramsci, que privilegia os 
interesses materiais e os discursos hegemônicos das elites socioeconômicas. 
Muitospesquisadores criticaram as antigas tendências de “naturalizar” as 
divisões e identidades regionais, argumentando em favor da necessidade de 
observar a historicidade das regiões em relação ao processo de desenvolvimento 
capitalista. Nessa perspectiva, a História Regional tem sido compreendida em 
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A HISTÓRIA REGIONAL
15
termos da articulação de diferentes modos de produção (ou da natureza desigual 
do desenvolvimento capitalista) e do papel do Estado, especialmente no que 
diz respeito à mediação dos interesses das elites hegemônicas e das elites locais 
subalternas. Esta abordagem da história regional é exemplificada pelos trabalhos 
que compõem a coletânea República em migalhas, publicada em 1990 e derivada 
de debates ocorridos numa sessão da ANPUH realizada em 1985. Este livro 
disparou um debate significativo sobre o conceito de região e sobre os usos da 
abordagem regional na historiografia brasileira.
[...]
Enfim, pode-se dizer que, atualmente, os historiadores brasileiros, e 
não apenas eles, estão mais ocupados em documentar experiências sociais e 
aspectos específicos da formação, múltipla e diversa, da sociedade brasileira. 
Rejeitam a síntese construída com observações genéricas e querem fazer avançar 
o conhecimento, porque aceitam o fato de que ainda é desconhecida grande parte 
da História do Brasil. Para alterar este quadro, os estudos regionais parecem ter 
papel importante a jogar.
FONTE: História e estudos regionais. Capítulo 2. Disponível em: <http://www.minasdehistoria.
blog.br/wp-content/arquivos//2008/03/historia-e-estudos-regionais.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2011.
16
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você estudou que:
● A História Regional não se constitui como um método, muito menos possui um 
corpo teórico próprio.
● A História Regional é uma opção de recorte espacial do componente estudado, 
ou seja, é uma forma de delimitar algo a ser estudado sobre o passado.
● A História Regional tem seu advento coincidindo com a influência da Escola 
dos Annales em nossos estudos históricos.
● A História Regional situa-se numa fronteira interdisciplinar muito próxima 
com a Geografia.
● A História Regional proporciona, na dimensão do estudo do particular, um 
aprofundamento do conhecimento sobre a história nacional, ao relacionar 
semelhanças entre as situações históricas diversas que constituem a nação.
17
AUTOATIVIDADE
Exercite seus conhecimentos, resolvendo as questões a seguir.
1 Você estudou nesse tópico que, ao longo dos tempos, vem ocorrendo um 
aumento dos estudos voltados à História Regional. A partir dessa constatação, 
relacione e explique os fatores que contribuem para o avanço desses estudos.
18
19
TÓPICO 2
O CONCEITO DE REGIÃO 
ATRAVÉS DOS TEMPOS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
2 ORIGEM DO TERMO REGIÃO
De acordo com Barbosa (2011), a História Local e Regional apresenta 
inúmeras possibilidades de descrição, de análise, de crítica, de interpretação e, 
ademais, de revisão historiográfica. 
Nesse segundo tópico nós continuaremos tratando da História Regional, 
só que agora com um outro enfoque, ou seja, vamos entender como o conceito de 
região sofreu mudanças através dos tempos. 
Caro(a) acadêmico(a), é importante assinalar que região não é um termo 
novo. A sua designação remonta aos tempos longínquos do Império Romano, 
quando o termo regione era usado para indicar espaços, independentes ou não, 
que estavam subordinados ao domínio do Império. Ou seja, 
[...] alguns filósofos interpretam a emergência deste conceito como 
uma necessidade de um momento histórico em que, pela primeira vez, 
surge de forma ampla a relação entre a centralização do poder em um 
local e a extensão dele sobre uma área de grande diversidade social, 
cultural e espacial. (GOMES, 1995, p. 51).
É interessante notar que também outros conceitos de caráter similar 
passaram a ser utilizados na mesma época, como os conceitos de espaço 
(spatium) e o de província (provincere). Naquela época, o espaço era 
visto como um “contínuo”, ou “intervalo”, que “encontravam-se 
dispostos os corpos seguindo uma adequada ordem neste vazio”, e a 
província como “áreas atribuídas aos controles daqueles que a haviam 
submetido à ordem hegemônica romana”.(GOMES, 1995, p. 52).
Já foi estudado na disciplina de História Antiga que, com o término 
do Império Romano, ocorreu um processo de descentralização regional que 
desencadeou um poder descentralizado de territórios autônomos do período 
feudal. Adequadamente, a Igreja Católica deu ênfase a esse regionalismo político, 
utilizando a rede destas unidades regionais como apoio para a afirmação de sua 
hierarquia administrativa. (CUNHA, 2000). 
UNIDADE 1 | ELABORANDO CONCEITOS DE HISTÓRIA REGIONAL, DE REGIÃO, DO LOCAL, NACIONAL E GLOBAL
20
Essas unidades regionais administrativas criadas pela Igreja Católica, 
desde o fim da Idade Média, constituíram-se nas primeiras formas de separação 
territorial presentes no desenho dos mapas. Nesse sentido, a divisão regional 
é a base para definição e exercício do controle na administração dos Estados e 
também de suas unidades.
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadomundo.com.br/imagens/romana_mapa.jpg>. 
Acesso em: 23 jan. 2011.
3 O CONCEITO DE REGIÃO NA IDADE MODERNA
Quando o Estado Moderno surge, em fins da Idade Média, houve uma 
centralização do poder na Europa. Essa trouxe à tona o problema político-regional 
da manutenção de um poder centralizado, porque o centro, muitas vezes, era 
demasiado longínquo de suas fronteiras. Quer dizer, a questão é semelhante à 
que deu origem ao conceito de região na Antiguidade Clássica, e se refere a essa 
centralização como uma tentativa de padronização administrativa mesmo diante 
da desigualdade do espaço, da heterogeneidade cultural, econômica e política, 
sobre o qual esse poder centralizado deveria ser exercido.
FIGURA 2 – REGIÃO DO IMPÉRIO ROMANO
TÓPICO 2 | O CONCEITO DE REGIÃO ATRAVÉS DOS TEMPOS
21
4 O CONCEITO DE REGIÃO NA 
IDADE CONTEMPORÂNEA
Com o século XIX houve outra transformação no papel do Estado e 
também uma quebra dos pactos territoriais, levando ao ressurgimento das 
questões regionais e ao aparecimento de interesses locais. Nesse sentido, na Idade 
Contemporânea o debate sobre a ideia de região embasou as discussões de temas 
relacionados à política, à cultura, às atividades econômicas, atrelado a questões 
de soberania e direitos.
 
Dessa forma, o conceito de região, que na Idade Antiga estava subordinado 
aos regimes romanos, mudou de enfoque, ou seja, do físico - onde o clima, o 
relevo, a hidrografia e a vegetação estão acima da ação humana -, ao enfoque 
político, social e cultural - onde o destaque ao debate sobre a história regional 
assume um papel determinante. 
Com todas essas mudanças, os estudos sobre região ultrapassaram as 
amarras da Geografia Física, dando à História Regional um estilo novo, com 
ênfase nas identidades sociais onde a ação humana se sobrepôs aos aspectos 
físicos da Geografia. Isso nos auxilia a entender que a região está historicamente 
inserida no todo, isto é, o que se observa em nível regional pode pertencer a uma 
tendência mais ampla, nacional ou mundial, ou constituir uma tendência do 
próprio contexto interno. Deste modo, a História Regional é um todo que possui 
determinação, que contém a presença do particular e do universal. O que veremos 
mais adiante com maior ênfase.
Observe que, com essa panorâmica sobre o conceito de região através 
dos tempos, não é possível elaborar conclusões fechadas, até porque, na área das 
ciências humanas, os conceitos são relativos e, praticamente, inesgotáveis. O que 
queremos evidenciar é que a conceituação e compreensão do que seja região (o 
que faremos no próximo tópico) só é possível a partir desse histórico.
Nesta época, a palavra região era pouco usual e expressões que dela se 
aproximavam apresentavam um significado ambíguo e abstrato, além de serem 
bastante numerosos (VISCARDI, 1997). Foi a partir de 1760,no entanto, que os 
iluministas passaram a desvendar os contornos do que seria o regional. Mas a 
palavra região só seria criada em 1820.
Cláudia Maria Ribeiro Viscardi (1997) informa que, até a Revolução 
Francesa, a visão do espaço regional variava significativamente no transcorrer dos 
diferentes períodos da História e que, em geral, as pessoas não tinham uma ideia 
clara em relação aos contornos regionais. A Revolução originou essas discussões 
e, ao tentar romper com as iniciativas regionalistas em prol da centralização do 
Estado, acabou por definir, por si própria, os contornos dos espaços regionais.
UNIDADE 1 | ELABORANDO CONCEITOS DE HISTÓRIA REGIONAL, DE REGIÃO, DO LOCAL, NACIONAL E GLOBAL
22
LEITURA COMPLEMENTAR
ESPAÇO E TEMPO – TERRITÓRIOS DO HISTORIADOR
José D’Assunção Barros
 [...]
Com relação ao seu recorte espacial, Fernando Braudel havia considerado 
que o Mediterrâneo possuía, sob certos aspectos, uma unidade que transcendia 
às unidades nacionais que se agrupavam em torno do imenso “mar interior”, e 
que ultrapassava a polarização política entre os dois grandes impérios da época: 
o Espanhol e o Turco. Por outro lado, o historiador francês precisou lidar com 
a ‘unidade na diversidade’, e descreve dezenas de regiões autônomas cujos 
ritmos convergem para um ritmo supralocal. O mundo mediterrânico que ele 
descreve é constituído por um grande complexo de ambientes, mares, ilhas, 
montanhas, planícies e desertos – e que se vê partilhado em uma pluralidade 
de regiões a terem sua heterogeneidade decifrada antes de ser possível propor a 
homogeneidade maior ditada pelo tipo de vida sugerido pelo grande Mar. Este 
foi o desafio enfrentado por Braudel.
Se Fernando Braudel trabalhou com o ‘grande espaço’, as gerações seguintes 
de historiadores trouxeram também a possibilidade de uma nova tendência, que 
abordaria o ‘pequeno espaço’. Esta nova tendência, que se fortalece nos anos 1950, 
ficou conhecida na França como ‘História Local’. Também aqui a contribuição 
da Geografia derivada de Vidal de La Blache destaca-se com particular nitidez, 
ajudando a configurar um conceito de Região que logo passaria a ser utilizado 
pelos Historiadores para o estudo de microespaços ou espaços localizados, 
em muitos sentidos dotados de uma homogeneidade bem maior do que os 
macroespaços que haviam sido examinados por Braudel. Do macroespaço que 
abriga civilizações, a historiografia moderna apresentava agora a possibilidade 
de examinar os microespaços que abrigavam populações localizadas, fragmentos 
de uma comunidade nacional mais ampla. A História Local nascia, aliás, como 
possibilidade de confirmar ou corrigir as grandes formulações que haviam sido 
propostas ao nível das histórias nacionais. A História Local – ou História Regional, 
como passaria a ser chamada com um sentido um pouco mais específico – surgia 
precisamente como a possibilidade de oferecer uma iluminação em detalhe de 
grandes questões econômicas, políticas, sociais e culturais que até então haviam 
sido examinadas no âmbito das dimensões nacionais.
O modelo de compreensão do Espaço proposto pela escola de Vidal de 
La Blache funcionou adequadamente para diversos estudos associados a esta 
historiografia europeia dos anos 1950, que lidava com aquilo que Pierre Goubert 
– um dos grandes nomes da ‘História Local’ – chamava de “unidade provincial 
comum”, e que ele associava a unidades, “tal como um country inglês, um condado 
italiano, uma Land alemã, um pays ou bailiwick franceses”. Nestes casos e em 
TÓPICO 2 | O CONCEITO DE REGIÃO ATRAVÉS DOS TEMPOS
23
outros, o espaço escolhido pelo historiador coincidia de modo geral com uma 
unidade administrativa e muitas vezes com uma unidade bastante homogênea 
do ponto de vista geográfico ou da perspectiva de práticas agrícolas. Também se 
tratava habitualmente de zonas mais ou menos estáveis – bem ao contrário do 
que ocorria em países como os da América Latina durante o período colonial, 
onde devemos considerar a ocorrência muito mais frequente de “fronteiras 
móveis”. A espacialidade tipicamente europeia em certos recortes temporais que 
não coincide com a de outras áreas do planeta e para todos os períodos históricos 
– permitiu que fosse aproveitada por aqueles historiadores que começavam a 
desenvolver estudos regionais, cobrindo todo o Antigo Regime, um modelo onde 
o espaço podia ser investigado e apresentado previamente pelo historiador, como 
uma espécie de moldura onde os acontecimentos, práticas e processos sociais se 
desenrolavam. 
Frequentemente, e até os anos 1960, as monografias derivadas da chamada 
Escola dos Annales apresentavam previamente a Introdução Geográfica, e depois 
vinha a História, a organização social, as ações do homem. A possibilidade de este 
modelo funcionar, naturalmente, dependia muito do objeto que se tinha em vista, 
para além dos padrões da espacialidade europeia nos períodos considerados.
A crítica que depois se fez a este modelo onde o espaço era como que dado 
previamente – tal como aparecia nas propostas derivadas da escola de Vidal de 
La Blache, é que na verdade estava sendo adotado um conceito não-operacional 
de Região. As Regiões vinham definidas previamente, como que estabelecidas 
de uma vez por todas, e bastava o historiador ou o geógrafo escolher a sua para 
depois trabalhar nela com suas problematizações específicas. 
Frequentemente – quando a região coincidia com um recorte político-
administrativo que permanecera sem maiores alterações desde a época estudada 
até o tempo presente – isto representava uma certa comodidade para o historiador, 
que podia buscar as suas fontes exclusivamente em arquivos concentrados nas 
regiões assim definidas.
Em seu célebre artigo sobre “A História Local”, Pierre Goubert chama 
atenção para o fato de que a emergência da história local dos anos 1950 havia 
sido motivada precisamente por uma combinação entre o interesse em estudar 
uma maior amplitude social (e não mais apenas os indivíduos ilustres, como nas 
crônicas regionais do século XIX) e alguns métodos que permitiriam este estudo 
para regiões mais localizadas, mais particularmente as abordagens seriais e 
estatísticas, capazes de trabalhar com dados referentes a toda uma população de 
maneira massiva. Ao trabalhar em suas pequenas localidades, os historiadores 
poderiam desta maneira fixar sua atenção “em uma região geográfica particular, 
cujos registros estivessem bem reunidos e pudessem ser analisados por um 
homem sozinho”(13). A coincidência entre a região examinada e uma unidade 
administrativa tradicional, como a paróquia rural, ou o pequeno município, 
podemos acrescentar, permitia, por vezes, que o historiador resolvesse todas 
as suas carências de fontes em um único arquivo, ali mesmo encontrando e 
UNIDADE 1 | ELABORANDO CONCEITOS DE HISTÓRIA REGIONAL, DE REGIÃO, DO LOCAL, NACIONAL E GLOBAL
24
constituindo a série a partir da qual poderia extrair os dados sobre a população e 
a comunidade examinada.
Com o progressivo surgimento dos novos problemas e objetos que 
a expansão dos domínios historiográficos passou a oferecer cada vez mais no 
decurso do século XX, o modelo de região derivado da escola geográfica de La 
Blache começou a ser questionado, precisamente porque deixava encoberta a 
questão essencial de que qualquer delimitação espacial é sempre uma delimitação 
arbitrária, e também de que as relações entre o homem e o espaço modificam-
se com o tempo, tornando inúteis (ou não operacionais) delimitações regionais 
que poderiam funcionar para um período, mas não para outro. Uma paisagem 
rural facilmente pode se modificar a partir da ação do homem - o que mostra a 
inoperância de considerar regiões geográficas fixas, e isto se mostra especialmente 
relevante para os estudos da América Latina no período colonial, mais ainda do 
que para os estudos relativos à Europa do mesmo período (14). De igual maneira, 
um território (voltaremos a este conceito) não existe senão com relação ao âmbito 
de análisesque se tem em vista, aos aspectos da vida humana que estão sendo 
examinados (se do âmbito econômico, político, cultural ou mental, por exemplo).
Atrelar o espaço ou o território historiográfico que o historiador constitui 
a uma preestabelecida região administrativa, geográfica (no sentido proposto por 
La Blache), ou de qualquer outro tipo, implicava em deixar escapar uma série de 
objetos historiográficos que não se ajustam a estes limites. A mesma comodidade 
arquivística que pode favorecer ou viabilizar um trabalho mais artesanal do 
historiador – capacitando-o para dar conta sozinho de seu objeto sem abandonar 
o seu pequeno recinto documental – também pode limitar e empobrecer as 
escolhas historiográficas. Uma determinada prática cultural, conforme veremos 
oportunamente, pode gerar um território específico que nada tenha a ver com o 
recorte administrativo de uma paróquia ou município, misturando pedaços de 
unidades paroquiais distintas ou vazando municípios. Do mesmo modo, uma 
realidade econômica ou de qualquer outro tipo não coincide necessariamente 
com a região geográfica no sentido tradicional.
A crítica aos modelos de recorte regional-administrativo, ou de recortes 
geográficos à velha maneira de Vidal de La Blache, não surgiram apenas das 
novas buscas historiográficas, mas também de desenvolvimentos que se deram 
no próprio seio da Geografia Humana. Tal ressalta Ciro Flamarion Cardoso em 
um ensaio bastante importante sobre a História Agrária: à altura dos anos 1970 
o conceito de “região” derivado da escola de Vidal de La Blache começou a ser 
radicalmente criticado por autores como Yves Lacoste (15), que sustentavam que a 
realidade impõe o reconhecimento de “especialidades diferenciais, de dimensões 
e significados variados, cujos limites se recortam. (14) Mesmo para períodos 
posteriores deve ser observada uma distinção na espacialidade de certos países 
que adquiriram centralidade em termos de domínio econômico e os chamados 
países subdesenvolvidos. Milton Santos observa que “descontínuo, instável, o 
espaço dos países subdesenvolvidos é igualmente multipolarizado, ou seja, é 
submetido e pressionado por múltiplas influências, e polarizações oriundas de 
TÓPICO 2 | O CONCEITO DE REGIÃO ATRAVÉS DOS TEMPOS
25
diferentes tipos de decisão” superpõem, de tal maneira que, estando num ponto 
qualquer, não estaremos dentro de um, e sim de diversos conjuntos espaciais 
definidos de diferentes maneiras”(16).
A ideia de tratar sob o ponto de vista das “espacialidades superpostas” a 
materialidade física sobre a qual se movimenta o homem em sociedade, incluindo 
sistemas diversificados que vão da rede de transportes à rede de conexões 
comerciais ou ao estabelecimento de padrões culturais, aproxima-se muito mais 
da realidade vivida do que o encerramento do espaço em regiões definidas 
de uma vez para sempre, e associadas apenas aos recortes administrativos e 
geográficos que habitualmente aparecem nos mapas. A realidade, em qualquer 
época, é necessariamente complexa, mesmo que esta complexidade não possa 
ser integralmente captada por nenhuma das ciências humanas, por mais que 
estas desenvolvam novos métodos para tentar apreender a realidade a partir 
de perspectivas cada vez mais enriquecidas. Voltaremos oportunamente a este 
aspecto, quando discutirmos os recortes a que o historiador é obrigado a se render 
na operação historiográfica através da qual busca apreender a vida humana.
Outro geógrafo importante para a discussão do espaço, embora ainda 
pouco utilizado pelos historiadores, é Claude Raffestin, que faz uma distinção 
bastante interessante entre o “espaço” e o “território”. Segundo Raffestin, “o 
território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma ação conduzida 
por um ator sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível. 
Ao se apropriar de um espaço, concreta ou abstratamente (por exemplo, pela 
representação), o ator “territorializa” o espaço “(17). Obviamente que a definição 
de “espaço” proposta por Raffestin, necessariamente ligada à materialidade 
física, deixa de fora as possibilidades de se falar em outras modalidades de 
espaço – como o “espaço social”, o “espaço imaginário”, o “espaço virtual” – 
que se constituem no próprio momento da ação humana. De qualquer modo, o 
sistema conceitual proposto por Raffestin é importante porque chama atenção 
para o fato de que a territorialização do espaço ocorre não apenas com as práticas 
que se estabelecem na realidade vivida, como também com as ações que são 
empreendidas pelo sujeito de conhecimento:
‘Local’ de possibilidades, [o espaço] é a realidade material preexistente 
a qualquer conhecimento e a qualquer prática dos quais será o objeto 
a partir do momento em que um ator manifeste a intenção dele se 
apoderar. Evidentemente, o território se apoia no espaço, mas não é 
o espaço. É uma produção, a partir do espaço. Ora, a produção, por 
causa de todas as relações que envolve, se inscreve num campo de 
poder. Produzir uma representação do espaço já é uma apropriação, 
uma empresa, um controle, portanto, mesmo se isso permanece nos 
limites de um conhecimento (18).
Vale ainda lembrar que a consciência de uma territorialidade que é 
transferida ao espaço pode transcender o mundo humano. Também os animais 
de várias espécies, que não apenas o homem, costumam territorializar o espaço 
com as suas ações e com gestos que passam a delinear uma nova representação do 
espaço. O lobo que “marca o seu território” cria para si (e pretende impor a outros 
UNIDADE 1 | ELABORANDO CONCEITOS DE HISTÓRIA REGIONAL, DE REGIÃO, DO LOCAL, NACIONAL E GLOBAL
26
de sua espécie) uma representação do espaço que o redefine como extensão de 
terra sob o seu controle. Demarcar o território é demarcar um espaço de poder. 
No âmbito da Macro-Política, não é senão isto o que fazem os Estados-Nações ao 
constituir e estabelecer um rigoroso controle sobre suas fronteiras (19).
NOTAS
13 - GOUBERT, Pierre. História local, op. cit., p. 49.
14 - SANTOS, Milton. O espaço dividido. São Paulo: EDUSP, 2004. p. 21.
15 - LACOSTE, Yves. La geographie, ça sert d’abord à faire la guerra. Paris: 
Maspéro, 1976.
16 - CARDOSO, Ciro Flamarion. Agricultura, escravidão e capitalismo. 
Petrópolis: Vozes, 1979.
17 - RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993. 
p.143.
18 - RAFFESTIN, Claude, op. cit., p. 144.
19 - SANTOS, Milton; SILVEIRA Maria Laura. O Brasil – território e sociedade 
no início do século XX. Rio de Janeiro: Record, 2003. p.19.
FONTE: Adaptado de: BARROS, José D’Assunção. Espaço e tempo: Territórios do historiador. Disponível 
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-87752006000200012&lng=pt
&nrm=iso>. Acesso em: 18 dez. 2010.
27
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou que:
● Região não é um termo novo. A sua designação remonta aos tempos longínquos 
do Império Romano.
● Com o Estado Moderno surge, em fins da Idade Média, uma centralização do 
poder na Europa que trouxe modificação no conceito de região.
● Com a centralização ocorreu a tentativa de padronização administrativa mesmo 
diante da desigualdade do espaço, da heterogeneidade cultural, econômica e 
política, sobre o qual esse poder centralizado deveria ser exercido.
● Com o século XIX houve outra transformação no papel do Estado e também 
uma quebra dos pactos territoriais, levando ao ressurgimento das questões 
regionais e ao aparecimento de interesses locais.
● Nesse sentido, na Idade Contemporânea o debate sobre a ideia de região 
embasou as discussões de temas relacionados à política, à cultura, às atividades 
econômicas, atrelado a questões de soberania e direitos.
● Os estudos sobre região ultrapassaram as amarras da geografia física, dando 
à história regional um estilo novo, com ênfase nas identidades sociais onde a 
ação humana se sobrepôs aos aspectos físicos da geografia.
28
AUTOATIVIDADE
Exercite seus conhecimentos, resolvendo a questão a seguir. 
1 Caracterizeos vários sentidos que o termo região teve desde a Antiguidade 
até o século XX.
29
TÓPICO 3
A COMPREENSÃO DO CONCEITO 
DE REGIÃO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
2 ALGUNS CONCEITOS DO TERMO REGIÃO
Falar de região é caminhar em um terreno cheio de labirintos e de 
armadilhas epistemológicas. A categoria região talvez seja uma das 
mais utilizadas na totalidade dos saberes, empregada por várias 
ciências e utilizada constantemente na mídia e pelo senso comum. 
Entretanto, é necessário entender seu significado atual. (PAVIANI, 
1992, p. 372). 
O propósito desse tópico é contribuir para a compreensão do conceito 
de região. Bastante empregada no senso comum, a expressão região é tida 
como identificadora de lugares que se diferenciam uns dos outros, estando 
também disseminada na linguagem acadêmica e científica. Sendo incorporada 
pela Geografia e Antropologia, ela apresenta definições específicas na estrutura 
analítica para a História Regional. Ou seja, para pensar a História Regional, temos 
que conhecer o conceito de região e suas variantes. 
Como o conceito de região não é unívoco, ele não permite, obviamente, 
uma forma de interpretação e, muito menos, maneira teórica de abordá-la. Por isso, 
veremos que algumas conceituações sobre o termo são díspares. 
Em seu trabalho sobre “História, Região e Poder: a busca de interfaces 
metodológicas”, Cláudia Maria Ribeiro Viscardi (1997) aponta que uma das 
primeiras dificuldades com a qual se defronta o pesquisador em História Regional 
diz respeito ao significado de região. Um segundo problema, inclusive consequência 
do primeiro, refere-se aos critérios definidores do que seja espaço regional. Além 
disso, a autora assinala que a maioria dos trabalhos de História Regional define 
as regiões pelo caráter diverso das leis de reprodução do capital e pelo caráter das 
relações de classe que se dá em seu interior, sem, no entanto, descuidar da análise 
das relações existentes entre uma região e as demais. 
A Escola Marxista teve uma contribuição importante para a conceituação 
sobre o termo. Para essa linha de pensamento, já estudada em outra disciplina 
(assunto abordado na Disciplina de Processos Historiográficos), uma região seria, 
em suma, o espaço onde se constrói uma forma especial de reprodução do capital, 
e, por decorrência, uma forma especial de luta de classes, onde o econômico e o 
político se conectam assumindo uma forma especial de aparecer no produto social.
UNIDADE 1 | ELABORANDO CONCEITOS DE HISTÓRIA REGIONAL, DE REGIÃO, DO LOCAL, NACIONAL E GLOBAL
30
Outra importante contribuição para definição de região vem do geógrafo 
Milton Santos. Para esse estudioso, a região, em função das alterações econômicas 
mundiais, marcadas especialmente pela internacionalização do capital, deixou 
de existir e passou a ser uma abstração empírica. O espaço geográfico deixou de 
ser estático e passou a ser uma produção coletiva dos homens, cujo papel era o 
de expressar o modo de produção vigente. Região nada mais é, portanto, do que 
um conceito abstrato em meio a um contexto macro, hoje conhecido como mundo 
globalizado. Para ele, o recorte regional incidiu no esboço do parcial sem que se 
perdesse a noção do global. (SANTOS, 1978).
Nesse sentido, o recorte regional para o historiador possibilita, com maior 
facilidade, a adoção do corte temporal de média ou longa duração, o qual, em 
contextos muito ampliados, pode ser dificultado pelo grande volume de fontes. 
Quanto aos critérios de delimitação do espaço regional, a região se constitui 
em um subsistema de um todo, mantendo com ele inter-relações. No entanto, 
as fronteiras regionais podem ou não coincidir com as divisões politicamente 
estabelecidas, pois se ampliam ou diminuem, no decorrer do tempo, em função 
de ajustes de natureza política. Portanto, segundo Marcos Antônio Silva (1990), 
para se delimitar uma região não se deve levar em conta só os aspectos jurídico-
administrativos, nem somente aspectos econômicos, mas os de ordem social e, 
sobretudo, de ordem política.
Outra contribuição importante vem da sociologia de Pierre Bordieu. Esse 
sociólogo ajudou intensamente a estabelecer critérios de delimitação regional. Na 
análise da origem das divisões regionais e do comportamento regionalista de alguns 
grupos políticos, o autor parte do princípio de que o critério de divisão regional 
surgiu simbolicamente e foi sendo reconhecido e legitimado posteriormente.
Para Pierre Bordieu (1989), a divisão regional não existe de fato, pois 
esta mesma realidade é a representação que dela fazemos, e se encontra muito 
mais no plano jurídico-político do que no plano concreto. Dessa maneira, a 
delimitação regional é estabelecida por quem nela vive e passa a compor o 
imaginário daqueles que a ela se referem. A identidade regional é, pois, um 
produto da construção humana. 
O autor caracteriza os geógrafos como impositores de uma divisão arbitrária 
sobre uma ordem que guarda uma continuidade natural. Esta divisão passa a ser 
aceita simbolicamente e a região passa a ser uma ilusão bem fundamentada. Talvez 
uma construção para delimitar algo a ser estudado ou pensado.
O que você pensa sobre essa discussão? Você concorda ou discorda do 
pensamento de Pierre Bordieu?
UNI
TÓPICO 3 | A COMPREENSÃO DO CONCEITO DE REGIÃO
31
Tentando elucidar, poderíamos afirmar que, como espaço territorial a 
região é uma construção de geógrafos. Porém, como espaço social vem a ser uma 
construção de historiadores. No caso do historiador, a região seria definida pelas 
relações sociais que nelas se estabelecem. 
Sobre o entendimento de espaço regional, Claudia Viscardi (1999, p. 6) faz 
as seguintes considerações: 
Através destas colocações podemos distinguir duas correntes de 
entendimento a respeito da definição e delimitação do espaço regional. 
Na primeira corrente, a definição parte do objeto e não do sujeito do 
conhecimento. É o caso das definições dos pesquisadores que se utilizaram 
do instrumental marxista.
 Para eles, o que define e delimita as fronteiras regionais é o modo 
de produção vigente visto sob um aspecto mais amplo, o qual envolve não 
só as relações de produção internacionais, como a própria dinâmica da 
luta de classes. É também o caso daqueles historiadores que se referem ao 
enfoque sistêmico. Assim, a região só pode ser entendida como parte de um 
sistema mais amplo, entendendo por sistema um conjunto de elementos 
econômicos, políticos e sociais inter-relacionados. 
Na segunda corrente, a definição do que seja região e de suas 
fronteiras surge das análises produzidas pelo sujeito do conhecimento. 
Aqui, região é uma construção do sujeito do conhecimento que igualmente 
a delimita, a partir de padrões próprios, porém fundamentados na realidade 
existente. Cabe lembrar, no entanto, que para os autores citados a região é 
um constructo feito a posteriori.
Em geral, no estudo da História Regional o historiador se depara com a 
temática referente ao regionalismo. Muitas vezes é ele próprio o seu objeto de 
estudo. Em torno do regionalismo o debate também está em andamento. Para Pierre 
Bordieu (1989), o regionalismo é um movimento de defesa da identidade regional 
construída e sua força está relacionada ao poder de quem a proclama. Realiza-se 
por meio de lutas simbólicas contra regiões que se colocam como dominantes.
As lutas regionais, por se pautarem na questão da identidade, adquirem 
expressiva força mobilizadora. Nelas, o que está em jogo é o poder de criar e 
recriar identidades, ou seja, uma luta também simbólica que visa à apropriação 
de supostas vantagens simbólicas. O poder que sustenta a divisão regional cria 
estigmas que alimentam preconceitos relativos a habitantes e moradores de 
determinados locais.
A seguir será apresentada parte do texto Região e regionalismo: 
observações acerca dos vínculos entre a sociedade e o território em escala regional, 
de Álvaro Luiz Heidrich que nos ajuda a entender mais sobre regionalismos. 
UNIDADE 1 | ELABORANDO CONCEITOS

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