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1- O que é Balanço de Pagamentos? Esta estrutura permite analisar a relação econômica que um país realiza com países do mundo? Exemplifique. Em suma, o Balanço de Pagamentos é o conjunto de registros contábeis de todas as transações econômicas, tanto comerciais quanto financeiras, realizadas entre residentes e não residentes (vale ressaltar que o critério usado para definir se um indivíduo é residente ou não de determinado país não diz respeito à sua nacionalidade, e sim, ao tempo que a pessoa reside no país, que, se for igual ou superior a um ano, caracteriza o indivíduo como residente, do contrário, o classifica como não residente) e cuja metodologia que deve ser adotada pelo Banco Central de cada país (que realiza a contabilização do balanço de pagamentos) é determinada pelo FMI. O Balanço de Pagamentos permite que sejam avaliadas, quantitativa e qualitativamente, a maior parte das relações econômicas que um país mantém com qualquer outro país do mundo, excluindo casos particulares como o tráfico de drogas e as elisões e evasões tributárias em paraísos fiscais. Um exemplo de contabilização do Balanço de Pagamentos é o de uma empresa Chinesa que possui uma sede no Brasil há dois anos. A empresa, devido ao período em que está situada no Brasil, será contabilizada como residente e a parte de seus lucros que irá para o seu país sede contabilizará no Balanço de Pagamentos de ambos os países naquele determinado ano, tornando o saldo do Brasil negativo e o da China positivo. 2- As transações correntes são uma das principais contas do Balanço de Pagamentos. O que é contabilizado na conta de transações correntes? Haveria um padrão de saldo (superávit ou déficit) das transações correntes no Brasil, conforme apontado no item 6.3? Explique. Nas transações correntes, uma das mais importantes contas do Balanço de Pagamentos, são contabilizadas todas as relações econômicas que produzem fluxos reais, classificadas em três subdivisões: as exportações e importações de mercadorias, representadas pelo "Balanço Comercial"; os serviços prestados por residentes de um país a não residentes e vice-versa, também denominados mercadorias intangíveis, como serviços governamentais, de telecomunicações e de intermediação financeira, representados pelo "Balanço de Serviços"; o "Balanço de Renda Primária", que inclui todos os pagamentos realizados a não residentes, como diplomatas, e também as rendas de investimentos, como os diretos, os de carteira, entre outros; e as transferências unilaterais correntes entre residentes e não residentes, como transferências pessoais e doações, que compreendem o "Balanço de Renda Secundária". As transações correntes no Brasil, desde o início da contabilização do Balanço de Pagamentos do país em 1947, seguiram um padrão deficitário, o que, segundo os autores, é comum em economias subdesenvolvidas, sendo ocasionado predominantemente pelo saldo negativo nas contas das Balanças de Serviços e de renda primária. Mas, ainda assim, houve um curto período de superávit nas transações correntes do Brasil, de apenas 12 anos, motivado pela Crise da Dívida do Terceiro Mundo nos anos 80 (ocasionada pelas declarações realizadas por diversos países da América Latina de que não seriam capazes de arcar com suas dívidas com os países desenvolvidos) e pela redução de investimentos estrangeiros diretos frente às atitudes do governo Collor entre 1990 e 1991. 3- Aponte e explique as diferenças entre a conta de renda primária e a de renda secundária. Ainda que aparentem ser similares, a renda primária e a renda secundária, que compõem as transações correntes do Balanço de Pagamentos, constituem-se de transações econômicas muito distintas. A renda primária contabiliza, basicamente, os pagamentos a não residentes, sejam estes feitos em dinheiro ou por meio de outros benefícios, a trabalhadores não residentes do país e também aos retornos de alguns tipos específicos de investimentos, como os investimentos diretos, que remetem aos investimentos estrangeiros e seus investimentos correspondentes no exterior; os em carteira, que são as aplicações em títulos, tanto públicos quanto privados; outros tipos de investimentos que geram juros, como empréstimos intergovernamentais e fundos de investimento; e também à renda gerada pelas reservas internacionais. Já a renda secundária, contabiliza as transferências unilaterais, ou seja, que não geram obrigação de retorno ao país de origem. São rendas secundárias os donativos, as contribuições públicas e privadas a organizações internacionais, as transferências a familiares que residem no exterior, entre outras. 4- Observando os slides com exemplos dos resultados das transações correntes do Brasil e dos EUA, considerando a metodologia do BPM6, quais as principais contas das transações correntes ? As transações correntes, de acordo com a metodologia determinada pelo BPM6, são compostas pelas seguintes contas: a balança comercial, que representa a movimentação de bens tangíveis; a balança de serviços, composta pelo saldo das mercadorias intangíveis; a balança de renda primária, que contabiliza as remunerações dos fatores de produção, os lucros de empresas residentes que são enviados para suas sedes no exterior, e também as rendas de investimentos; e, por fim, a balança de renda secundária, que envolve pagamentos e recebimentos unilaterais, sejam estes realizados em moeda ou em bens. Ao analisar as transações correntes do Brasil, no período entre 2010 e 2017, é possível perceber que a balança de renda secundária segue um padrão de ser significativamente menos volumosa em questões de quantidade do que as outras três contas acima citadas. A balança comercial, por sua vez, tende a ser pouco menos relevante do que a de serviços e a de renda primária entre 2010 e 2013, quando esta sofre uma queda brusca, se tornando quase tão irrelevante quanto a balança de renda secundária, porém, em 2015 volta a se destacar e cresce exponencialmente até 2017, quando se torna a principal conta das transações correntes. Já as balanças de serviços e de renda primária, se mantém em evidência em relação às outras duas e mais ou menos estáveis durante os sete anos analisados (exceto em 2017, quando a balança comercial ultrapassa as duas, mas estas não chegam a sofrer uma redução), alternando-se entre si em questão de relevância. Já nos EUA, no mesmo período, o saldo das transações correntes é um pouco diferente: a balança de renda secundária, assim como no Brasil, segue a tendência de ser menos significativa, porém, a balança comercial do país corresponde, evidentemente, à maior parte das transações correntes do país, sendo mais volumosa do que as outras três contas somadas. Já as balanças de serviços e de renda primária, assim como no Brasil, seguem um padrão estável e similar em termos de quantidade dos dois países, porém, nos EUA, tais contas não chegam a se sobressair em nenhum momento em relação à balança comercial. 5- O que é registrado na conta capital? A conta capital, uma das contas do balanço de pagamentos, registra as transações econômicas de dois tipos: as transferências unilaterais de capital e as relacionadas a bens não-financeiros não-produzidos, já que a partir do BPM6, as transações financeiras foram desclassificadas como parte da contabilização da conta capital. As transferências unilaterais de capital são as transações como perdão de dívidas, as contribuições a organizações internacionais ou organizações sem fins lucrativos, subsídios concedidos por governos ou ou organismos internacionais aos investimentos em capital fixo, impostos sobre heranças, entre outros. Já os bens não-financeiros e não-produzidos são todos aqueles que incluem transações com recursos naturais, como direitos de mineração e direitos florestais e também os contratos, concessões e licenças conhecidos como ativos econômicos (patentes) e, por fim, os ativos de marketing, como marcas e nomes de domínio. 6- Como se compõe aconta financeira? O seu registro segue a mesma metodologia (+ / -) em relação às transações correntes? A conta financeira, a última das contas que compõe o Balanço de Pagamentos, foi criada para substituir a antiga conta de capitais autônomos frente à relevância que as transações financeiras passaram a demonstrar. Essa conta busca evidenciar tanto as transações ativas quanto passivas, assim, subdivide-se em cinco categorias funcionais: investimentos diretos (ID), que são todos aqueles através dos quais o residente de um país passa a deter de significativa influência em uma empresa não residente; investimentos em carteira (IC), que corresponde a todos os ativos e passivos que decorrem da emissão de títulos de créditos e são negociados em mercado secundário, como ações, fundos de investimento e títulos de renda fixa; derivativos (DR), que são as transações que realizam a liquidação de haveres e obrigações, como o swap e os prêmios de ações; outros investimentos (OI), que compreendem que englobam outras operações realizadas entre residentes e não residentes que não se encaixam nas subdivisões anteriormente citadas, além de operações como empréstimos, créditos comerciais, entre outros; ativos de reserva (AR), compostos pelo saldo global dos Balanços de Pagamentos; e, por fim, possíveis erros e omissões (EO), que são contabilizados quando o saldo mundial do Balanço de pagamentos é diferente de 0, que é o resultado teoricamente esperado. Quanto à metodologia de registro da conta financeira, é possível observar que esta segue a mesma metodologia das transações correntes e da conta capital, já que o cálculo de todas essas, tal como determina o FMI, segue a regra de organização contábil denominada partidas dobradas, o qual considera sinais positivos e negativos, os quais representam créditos e débitos e, seguindo tal lógica da contabilidade, o débito em uma conta representa o crédito em outra e vice-versa. 8- Como são compostos os ativos de reserva? Como o Banco Central acumula esse volume de reservas internacionais? Os ativos de reserva, uma das contas que compõe a conta financeira do Balanço de Pagamentos de um país, é composta, basicamente, por ouro monetário, direitos especiais de saque, e pela posição da reservas no FMI, além de outros ativos como títulos de curto e longo prazo. Esses ativos correspondem ao saldo global do Balanço de Pagamentos em determinado período e estão sempre em poder das autoridades monetárias, no caso do Brasil, do Banco Central, para serem usadas para pagar dívidas ou adquirir direitos de não residentes do país.
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