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Curso de Pós-graduação a Distância Mercado, Derivativos e Capitais Autor: Ricardo Alexandre Martins Garcia Universidade Católica Dom Bosco Virtual www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 SUMÁRIO UNIDADE 1 – INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA ...................................................... 03 1.1 Renda ................................................................................................................... 03 1.2 Investimento e poupança ..................................................................................... 06 1.3 A moeda como meio de pagamento .................................................................... 07 1.4 Mercado e intermediação financeira .................................................................... 14 UNIDADE 2 – ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ................... 19 2.1 O Sistema Financeiro Nacional ............................................................................ 19 2.2 Órgãos normativos ............................................................................................... 22 2.3 Entidades supervisoras ........................................................................................ 25 2.4 Operadores .......................................................................................................... 29 UNIDADE 3 – MERCADO DE CAPITAIS ................................................................. 37 3.1 O mercado e sua estrutura .................................................................................. 37 3.2 Valores mobiliários ............................................................................................... 45 3.3 Mercados de balcão e de bolsa ........................................................................... 54 3.4 Bolsas de valores ................................................................................................. 56 3.5 Abertura de capital ............................................................................................... 63 3.6 Índices de desempenho ....................................................................................... 67 3.7 Avaliação das ações ............................................................................................ 71 UNIDADE 4 – MERCADOS DE DERIVATIVOS ....................................................... 74 4.1 Conceito e características .................................................................................... 74 4.2 Agentes econômicos ............................................................................................ 77 4.3 Tipos de mercados derivativos ............................................................................ 80 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 94 3 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 1 – INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA Iniciam-se aqui os primeiros passos na disciplina Mercado Derivativo e de Capitais e imagino que você tenha uma série de expectativas em relação à disciplina, principalmente no que tange ao estabelecimento de relações entre os conceitos teóricos abordados e as realidades vivenciadas nesses mercados. Para alguns, este é o primeiro contato mais aprofundado com tais conceitos e suas práticas, enquanto para outros a disciplina será uma oportunidade de ampliação de reflexões já desenvolvidas em outros contextos, inclusive em termos de práticas estabelecidas. Assim, diante dessa realidade diversificada, estabelece-se aqui uma primeira unidade dedicada ao propósito de resgatar o conceito de intermediação financeira e sua relevância para a sociedade como um todo, principalmente no que tange ao mecanismo de desenvolvimento econômico. Dividida em quatro subseções, as três primeiras destinam-se à apresentação dos conceitos de renda, investimento e poupança e origem e evolução da moeda, que são importantes para nossa reflexão e que se fazem presentes na prática financeira dos indivíduos e das organizações. E, por fim, a última subseção aborda a intermediação financeira em si e sua relação com o mercado financeiro, principalmente em termos de relevância e contribuições para ele. 1.1 Renda O conceito de renda está diretamente relacionado ao nosso dia a dia e às diversas transações financeiras que estabelecemos, mesmo que muitas vezes, num primeiro momento, não tenhamos a consciência desperta para isso. Toda remuneração dos agentes econômicos, ou seja, daqueles que participam ativamente do processo produtivo de uma economia é denominada como renda, conforme destaca Assaf Neto (2005). As rendas representam a remuneração dos agentes que participam, de alguma forma, do processo produtivo de uma economia. São, essencialmente, receitas em dinheiro compensatórias de serviços prestados, como salários recebidos, juros sobre capital emprestado, lucros sobre capital investido, e assim por diante. (ASSAF NETO, 4 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2005, p. 28) Como se vê, portanto, a renda é o pagamento decorrente de alguma contribuição que os agentes econômicos dão ao processo produtivo de uma sociedade, independente dessa contribuição ser em forma de prestação de serviços, venda de produtos tangíveis ou até mesmo concessão de capital, como forma de investimento. Sua relevância para a sociedade é significativa, visto o ciclo positivo ou negativo que pode proporcionar, à medida que os agentes econômicos possuem renda ou deixam de tê-la. Fonte: http://migre.me/a03Gj Para melhor visualizar o contexto de ciclo positivo proporcionado pela renda, basta observar o cotidiano. As pessoas e as organizações assumem, em determinados momentos, o papel de consumidores e, conforme possuem renda, consomem produtos que são desenvolvidos por outras pessoas e organizações, gerando assim rendas para esses outros, que por sua vez irão consumir de outros, sucessivamente, estabelecendo assim um ciclo benéfico de geração de renda. Já num contexto oposto, em que as rendas declinam ou até mesmo tornam- se escassas, as pessoas e organizações reduzem seus consumos, proporcionando às sociedades econômicas um verdadeiro desafio, pois a redução da renda dos agentes econômicos impacta de forma negativa sobre as rendas dos municípios, dos Estados e países, diminuindo-as e comprometendo a capacidade de investimento, produção e desenvolvimento destes. E é exatamente em função desse contexto que se vê uma preocupação contínua com relação a taxas de desemprego, índices de inadimplência e poupança, entre outros, pois eles exercem impactos diretos sobre as rendas, tanto dos indivíduos quanto das nações. A renda de uma nação é constituída pela somatória das rendas de seus agentes econômicos, o que indica que se as rendas destes estiverem em baixa, a da nação a qual eles pertencem também estará e vice-versa. Essa renda pode ainda ser classificada em três tipos distintos, que são: renda interna, renda nacional e renda líquida do exterior. 5 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Por renda interna de um país considera-se, conforme Assaf Neto (2005), o conjunto de todas as rendas geradas no interior deste país, em um determinado período de tempo, que normalmente é de um ano. Já, se você acrescentar a essa renda aquelas que os moradores de um país obtêm com atividades fora do seu território, ela passa a ser classificada como renda nacional, ou seja, aquela que inclui toda renda gerada no interior do país acrescida das obtidas pelos seus agentes com atividades no exterior. Agora, se você observar a movimentação de valores que ocorre entre os países e o que efetivamente fica em seus territórios, você chegará ao conceito de renda líquida do exterior, que nada mais é do quea diferença entre o valor enviado ao exterior e o valor recebido por um país, conforme destaca Assaf Neto (2005). Perceba que a relação entre balança comercial e renda líquida do exterior é uma relação direta, visto que uma balança comercial de saldo positivo implica em uma renda líquida do exterior positiva, caso contrário o país passa a ter uma situação negativa e deixa de ter renda líquida positiva, enviando mais valores ao exterior do que recebendo. Uma renda líquida do exterior negativa é, segundo Assaf Neto (2005), uma realidade muito comum em países que se encontram em desenvolvimento, pois estes costumam depender de capital e tecnologia estrangeira para fomentar seu desenvolvimento, levando naturalmente ao envio de rendas ao exterior. Além do conceito de renda aplicado às nações, também há a sua aplicação às pessoas, afinal, como visto anteriormente, a renda das nações é resultante da somatória dos agentes econômicos, inclusive pessoas. Fonte: http://migre.me/a0BK1 A renda das pessoas, também denominada renda pessoal, é aquela que lhes é efetivamente transferida, “[...] calculada deduzindo-se da renda nacional os lucros retidos pelas empresas, contribuições e benefícios previdenciários, imposto de renda sobre as pessoas jurídicas, etc.” (ASSAF NETO, 2005, p. 29), ou seja, somente o que, de fato, fica às pessoas físicas, decorrentes do processo produtivo. Os conceitos de renda e suas tipologias contribuirão para a compreensão 6 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 dos conceitos de investimento e poupança, que são abordados na próxima subseção. 1.2 Investimento e poupança Os termos investimento e poupança não são novidades para as pessoas e são utilizados com muita frequência no dia a dia, mesmo que em alguns casos os indivíduos não consigam visualizar suas relações e até mesmo não considerar seus vínculos. Investimento, para Assaf Neto (2005, p. 29), “[...] representa a ampliação de capital em alternativas que promovem o aumento efetivo da capacidade produtiva de um país, determinando maior capacidade futura de gerar riqueza (rendas)”. Nessa ótica, portanto, investimento está relacionado à criação de capacidade produtiva para a geração de riquezas e não apenas à transferência de valores, não sendo considerados como investimentos os casos em que não ocorre tal criação de capacidade. Para o crescimento e desenvolvimento dos países, os investimentos são importantes, sendo fundamental que aconteçam continuamente. Fonte: http://migre.me/a03XC A poupança, por sua vez, que é uma das formas de investimento mais populares e conservadoras entre os brasileiros, é definida por Oliveira e Pacheco (2005) como o ato de deixar de consumir no presente para poder consumir mais numa ocasião futura. Para Assaf Neto (2005, p. 29), ela “[...] é a parcela da renda economizada pelos agentes econômicos, que não foi consumida na aquisição de bens e serviços”. Ou seja, valores que não foram utilizados para consumo imediato e que foram guardados sob a influência de um determinado incentivo, que nada mais é do que a taxa de juros e correção, que representa uma remuneração pelo dinheiro investido, ou seja, um incentivo para se poupar. 7 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Importante suporte para investimentos no processo produtivo, a poupança é um dos principais recursos para a realização de intermediação financeira e para a garantia de contínuos processos de investimentos em um determinado país. Sua relevância é tanta que muitos autores afirmam que um país que apresente baixa capacidade de poupar pode ter seu crescimento limitado, em função da falta de recursos para investir. Segundo Assaf Neto (2005, p. 30), além de originar-se de estímulos para redução do consumo, a poupança deve ser “[...] encaminhada, por meio de intermediários financeiros, para lastrear os investimentos da economia”. Fonte: http://migre.me/a0C2Q 1.3 A moeda como meio de pagamento Possivelmente, quando se fala de moeda como meio de pagamento, a primeira imagem que você visualiza é a da moeda metálica ou a do dinheiro em papel. Estas, normalmente, são as imagens mais comuns que as pessoas possuem sobre a moeda, embora representem uma visão limitada, até mesmo pelo contexto histórico em que a moeda como meio de pagamento foi se desenvolvendo até chegar às características atuais e que ainda continuam em processo de evolução. Fonte: http://migre.me/a048p Um aspecto fundamental para se compreender a evolução da moeda é a consciência de que mais importante que o formato que ela assume são os papéis que ela representa, desde o papel de meio de pagamento até mesmo o papel de reserva de valor. Antes de falar sobre esses papéis, entretanto, é interessante 8 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 refletir sobre o conceito de moeda e sua evolução histórica. Para Pinheiro (2001, p. 17), a moeda pode ser definida como: [...] um conjunto de ativos financeiros de uma economia que os agentes utilizam em suas transações. Ela é um bem com características específicas e diferenciadas em relação aos demais bens da economia, visto que ela não produz nada, não é um bem de investimento e nem de consumo. (PINHEIRO, 2001, p.17) Assaf Neto (2005, p.34-35), numa visão complementar, diz que a moeda é “[...] meio de pagamento legalmente utilizado para realizar transações com bens e serviços. É um instrumento previsto em lei e, por isso, apresenta curso legal forçado [...] e poder liberatório [...]”. Considerando-se os conceitos trabalhados pelos dois autores, fica evidente o papel da moeda como meio de pagamento utilizado nas transações de bens e serviços entre dois agentes econômicos. Outro aspecto interessante é que a moeda em si não representa produtividade alguma, sendo necessário para isso que ela esteja vinculada a algum bem ou serviço. O reconhecimento legal perante as sociedades e o poder liberatório é uma de suas características mais relevantes, por ser obrigatoriamente aceita como meio de pagamento e pela libertação que possibilita de um compromisso com o credor por parte daquele que a utiliza para realização de pagamento. Segundo Pinheiro (2001), a evolução histórica da moeda e do seu papel como meio de pagamento se desenvolveu em cinco eras e ainda continua em evolução. As eras apontadas pelo autor são as de: troca de mercadorias, mercadoria moeda, moeda metálica, moeda papel e moeda escritural. A primeira das eras corresponde à troca de mercadorias, que representa o período embrionário da moeda nos moldes que hoje se conhece. Aqui o cenário é de populações predominantemente nômades, que se mudavam de um local para outro sempre que os recursos começam a se tornar escassos nas regiões em que estavam instaladas. As relações de troca entre os indivíduos aconteciam por meio do escambo, ou seja, uma determinada mercadoria era trocada por outra, conforme a necessidade dos envolvidos nas transações. 9 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 O escambo, conforme Kerr (2011), apresentava dificuldades enquanto meio de troca, como as de: reunir indivíduos com interesses comuns, estabelecer preços de troca adequados, fracionar mercadorias em questão e impossibilidade de se estocar alguns tipos de produtos. Para visualizar isso, imagine uma situação em que um caçador realizou a sua caça e deseja trocar parte dela por uma nova arma. O primeiro passo necessário para ele é identificar quem possui a arma que deseja e, ainda, que tenha interesse trocá-la por alimento e, mais específico ainda, pelo tipo de animal que foi abatido pelo caçador. Caso não encontre o interessado nessas condições diretas, o caçador necessita encontrar outro interessado para ir realizando trocas até que consiga chegar onde deseja, ou seja, na obtenção de sua nova arma.Fonte; http://migre.me/a04oW Identificada a coincidência de interesses na troca, tem que se pensar quanto da caça deveria ser entregue nessa relação, ou seja, qual seria o preço justo a ser entregue e, também, como fracionar esse animal abatido? E, ainda, dependendo o tempo de operação, tanto para o caçador como para aquele que realiza troca com ele, como fazer para estocar essa caça sem que ela se estrague, face os recursos disponíveis na época? Perceba que muitas questões precisam ser resolvidas num único processo de troca. Portanto, fica evidente a necessidade de se identificar um mecanismo mais adequado e coletivamente aceito para facilitar esse processo. E tal mecanismo foi identificado a partir de mudanças decorrentes da substituição gradativa do nomadismo pelo sedentarismo e do estabelecimento de novas formas de relações de troca entre os agentes econômicos, que passaram a aceitar determinadas mercadorias consideradas como de interesse comuns, como o sal, entre outros. “[...] Na Roma Antiga, por exemplo, os serviços muitas vezes eram pagos com o sal, o que originou o termo salário” (KERR, 2011, p.2). Essa aceitação de mercadorias comuns tornou-se o novo padrão de pagamento, surgindo a partir daí a primeira concepção de moeda, a mercadoria moeda, considerada como segunda 10 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 era da evolução dos meios de pagamento. Da mercadoria moeda evoluiu-se para a moeda metálica, que é a terceira etapa desse processo de evolução. “Os metais preciosos eram raros, muito demandados por sua utilidade e aceitos por todos, então logo viraram meio de troca comum” (KERR, 2011, p. 2). O processo de cunhagem das moedas em metais metálicos e com formatos circulares, já próximo dos apresentados pelas que hoje conhecemos, passou a acontecer e, conforme Pinheiro (2001), em função das vantagens oferecidas para o comércio, as moedas acabaram por difundirem-se por todo o mundo. Os metais, segundo o autor, foram escolhidos por apresentarem características como valor intrínseco, dureza, raridade relativa, facilidade de reconhecimento e propriedades industriais, entre outros. Fonte: http://migre.me/a04JO Não foi necessário um grande salto para que aparecessem as primeiras moedas, pequenas peças de metal com peso e valor definidos, carimbadas com o selo oficial de quem as emitiu, como garantia de qualidade, peso e valor. As trocas agora podiam ser feitas por meio de moeda, mas seu valor ainda era ligado ao valor intrínseco do material no qual era cunhada. (KERR, 2011, p. 2) Apesar das facilidades proporcionadas pela moeda metálica, inclusive em termos de estocagem, o seu uso no comércio ainda apresentava dificuldades aos comerciantes, que muitas vezes necessitavam pesar as moedas e verificar o teor do material em que eram cunhadas, visto que seus valores estavam vinculados ao valor intrínseco desses materiais. Diante dessas dificuldades, começaram a surgir as primeiras casas especializadas em prestar serviços de guarda desses valores, mediante uma remuneração para tal. Assim, conforme Kerr (2011), surgem os primeiros modelos de bancos, que emitiam recibos dos valores depositados para resgate posterior, ou seja, aqueles que ali depositavam seus recursos financeiros recebiam certificados de depósitos que permitiam ao portador desses certificados fazer o resgate 11 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 posterior. Assim, destaca Pinheiro (2001), surge a moeda papel, com o mesmo peso comercial que as metálicas, estabelecendo a quarta fase do processo de evolução da moeda. Nesta sequência, a era da moeda papel é substituída pela da moeda escritural, que, segundo Pinheiro (2001), constitui-se em depósitos à vista em instituições financeiras. Tal era, representa na verdade um aumento no leque de opções de formato dos meios de pagamento, mas mantendo a sua essência padrão de moeda. Os depósitos em questão possuem liquidez próxima ao da moeda papel e da moeda metálica, estando eles, entretanto, nas instituições financeiras, enquanto os demais com as pessoas em geral. Apesar de a moeda escritural ser apontada como a última fase desse processo evolutivo da moeda, já se visualizam hoje novos meios de pagamento que poderão naturalmente representar uma nova fase desse processo evolutivo. Para Pinheiro (2001, p. 24), “a tendência global para a moeda é que se torne um produto virtual e eletrônico, substituindo a atual moeda física. Outra tendência é a unificação da moeda com a criação de blocos econômicos [...]”. Como pode se ver, tais tendências estão em pleno processo de consolidação, com o uso intensivo de cartões de crédito ou débito e das diversas modalidades de pagamentos online, assim como a unificação de algumas unidades monetárias, como é o caso do Euro, na Europa. Fonte: http://migre.me/a05yg Agora um olhar mais atento sobre a unificação das unidades monetárias torna-se interessante e necessário principalmente após a ocorrência das mais recentes crises econômicas mundiais. Agora, além dessa compreensão do conceito de moeda e de sua evolução histórica, também é importante observar os papéis que ela exerce na sociedade econômica, pois tal observação possibilita entender melhor a forma como cada agente econômico se relaciona com ela. Os papéis da moeda, segundo Pinheiro (2001), são os de meio de 12 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 pagamento - já abordado neste material didático, o de estoque de valor, o de unidade-padrão de conta e, ainda, de intermediária de trocas entre agentes. Numa visão mais compacta, Assaf Neto (2005) diz que ela representa meio de troca, medida de valor e reserva de valor. Enquanto meio de pagamento ou meio de troca, ou ainda, intermediária de troca entre agentes, a moeda é considerada como um ativo financeiro de liquidez imediata, que possibilita a troca de serviços e de bens por outros e, ainda, que apresenta a capacidade de diminuir dívidas. Enquanto estoque de valor ou reserva de valor, ela permite que os agentes econômicos possam guardá-las, acumulando-as para posterior utilização. E, por fim, enquanto unidade-padrão de conta ou medida de valor, serve para apuração de preços, possibilitando divulgação, possíveis comparações e, até mesmo, registros de débitos. Ao contrário do período inicial de sua origem como meio de pagamento, a moeda não pode atualmente ser emitida por qualquer indivíduo ou organização. Hoje em dia, apenas os bancos centrais têm permissão para emitir moeda. Ela não tem mais valor intrínseco e não representa mais um valor em ouro, mas sim bens e serviços produzidos por aquele país, que podem ser comprados. Seu valor ainda depende da credibilidade do emissor, ou seja, do país, pois o banco central, que é o emissor por delegação, o representa. (KERR, 2011, p. 3) As autoridades econômicas centrais precisam considerar, para emissão de moeda, um lastro que funciona como uma reserva, uma garantia da moeda emitida. Pinheiro (2001, p. 25) diz que “[...] o lastro da moeda é resultante de um conjunto de macro variáveis como, por exemplo, as reservas cambiais que determinam o real poder aquisitivo de uma moeda”. Nos contextos em que ocorre maior volume de demanda por moeda no mercado, como por exemplo, quando a economia está aquecida e pleiteando novos investimentos, os bancos financeiros, como intermediários que são, possuem condições de atender a essa demanda, em função da capacidade de geração de moeda que apresentam, a partir dos depósitos de seus próprios correntistas. Detalhes sobre esse procedimento serão trabalhados na subseção seguinte, que trata do mercado e intermediação financeira. Enquanto isso, o importante é ter consciência da potencialidade das instituições financeiras e do que essa potencialidade pode representar no cenário econômico.13 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Exercício 1 1. Assinale a alternativa que NÃO pode ser considerada como exemplo de renda: a) Remuneração atribuída a um investidor em decorrência das ações que possui de uma empresa. b) Dinheiro recebido pelo proprietário de imóveis em decorrência do pagamento de aluguéis por seus inquilinos. c) Pagamento recebido por um profissional liberal pela execução de um serviço prestado. d) Dinheiro pago por um indivíduo para adquirir um veículo. e) Juros recebidos em decorrência de dinheiro aplicado em conta poupança. 2. Assinale a alternativa INCORRETA: a) A renda nacional de um país é representada pela soma de toda a renda gerada em seu interior, acrescida da renda obtida por seus moradores com atividades fora de seu território. b) O conceito de renda líquida do exterior está diretamente relacionado à condição de um saldo positivo na balança comercial de um país. c) Em países em desenvolvimento é muito comum a existência de renda líquida do exterior positiva, visto os elevados níveis de investimentos que eles costumam apresentar. d) A realização de investimento está associada à criação de capacidade produtiva para a geração de riquezas e não apenas à transferência de valores entre agentes. e) A poupança é um dos principais recursos para a realização de intermediação financeira e para a garantia de contínuos processos de investimentos. 3. Assinale a alternativa INCORRETA: a) A moeda é um bem com características específicas e diferenciadas, pois não produz nada, não é bem de investimento e nem bem de consumo. b) O poder liberatório da moeda é um fator preocupante, visto a instabilidade econômica que pode proporcionar em função do seu impacto na sociedade. c) A moeda é um meio de pagamento legalmente utilizado para realizar transações com bens e serviços. d) Em termos de papéis, a moeda representa meio de troca, medida de valor e reserva de valor. e) A moeda como meio de pagamento evoluiu no decorrer do tempo, sendo a moeda metálica a primeira etapa desse processo evolutivo. Suzane Destacar Suzane Destacar Suzane Destacar 14 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 1.4 Mercado e intermediação financeira Pensar o conceito de mercado financeiro e seu propósito requer, de certa forma, resgatar a origem da ideia de mercado que surge há muito tempo atrás para denominar os espaços em que os indivíduos se reuniam para comercializar seus excedentes de produção. Entretanto, sem ater-se aos detalhes históricos do surgimento dos mercados e seus processos evolutivos, o que se busca aqui é uma compreensão do conceito de mercado financeiro e de suas características e benefícios. Nos mercados, de uma forma geral, encontram-se os agentes econômicos em busca de comprar aquilo que necessitam para consumo próprio ou vendendo os excedentes que possuem, estabelecendo as relações de troca. No mercado financeiro se mantém esta mesma lógica, ou seja, os agentes econômicos que a ele recorrem buscam comprar ou vender dinheiro, conforme seus interesses e disponibilidade de recursos. “Nos mercados financeiros, como o nome já indica, os produtos comercializados são os ativos financeiros, genericamente falando. Isso inclui moeda nacional e estrangeira, além de outros ativos financeiros [...]” (KERR, 2011, p. 4). Fonte: http://migre.me/a05DT A busca por recursos financeiros acontece porque toda sociedade econômica necessita de um contínuo processo de investimentos em tecnologias de produção, processos produtivos e capacitação de pessoas, entre outros, para assegurar seu crescimento e desenvolvimento. E, como as organizações, “[...] de maneira geral, não possuem recursos próprios suficientes para financiar todo o investimento necessário à sua atividade produtiva. [...]” (OLIVEIRA e PACHECO, 2005, p. 7), elas recorrem, normalmente, as levam ao mercado financeiro para adquirir recursos que não possuem no momento e que não podem aguardar um tempo para a sua obtenção. O mercado financeiro assume o papel de intermediário na relação entre os agentes econômicos, conforme destaca Oliveira e Pacheco (2005), sendo essencial 15 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 que sua estrutura funcione de forma efetiva e eficiente para assegurar a contribuição que lhe atribuem em relação ao crescimento econômico. Para Pinheiro (2001), o mercado financeiro é o meio mais eficiente para relacionar poupança e investimento, cuja associação é fundamental para o desenvolvimento econômico e, nesta mesma concepção, Oliveira e Pacheco (2005, p. 10) dizem que “Quando o mercado financeiro não opera de forma eficiente, dificulta-se o investimento, o principal ‘combustível’ do crescimento econômico”. Segundo Pinheiro (2001, p. 33), ainda que “[...] uma economia é desenvolvida quando possui mercado de capitais eficiente e em desenvolvimento quando não o possui [...]”. Entre as principais funções do mercado financeiro são destacadas as de intermediação financeira, as de redução do risco de não pagamento, as de redução do risco por meio da especialização e a de definição mais clara do preço do dinheiro. No decorrer da disciplina, estas funções ficarão mais evidentes e compreensíveis. Sobre o mercado financeiro e os agentes que nele atuam, é interessante destacar uma forma de classificação que permite reuni-los em três grandes grupos: o dos agentes deficitários, o dos agentes superavitários e o dos intermediários financeiros. Os agentes deficitários são todos aqueles que consideram não possuir recursos financeiros próprios em quantia suficiente para o atendimento de seus desejos ou desenvolvimento de suas atividades e que por isso recorrem ao mercado para a obtenção de mais recursos que possam complementar os seus e contribuir para o alcance de seus objetivos. Segundo Oliveira e Pacheco (2005, p. 8), é esta característica de busca que “[...] qualifica as empresas como os agentes deficitários da economia ou tomadores de recursos”. Já os agentes superavitários são aqueles que possuem recursos financeiros em quantidade superior ao que precisam para a satisfação das suas necessidades e desejos e que, em função disso, podem disponibilizar seus excedentes para atendimento da demanda apresentada pelos agentes deficitários. Os agentes superavitários, nesse cenário, tornam-se concessores de crédito aos deficitários e são constituídos, inclusive, pelas famílias que, conforme Oliveira e Pacheco (2005), muitas vezes possuem recursos excedentes que podem 16 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 ser destinados para tal. Além da denominação de agentes superavitários, as famílias também costumam ser denominadas como poupadoras. E os intermediários financeiros, por sua vez, são todos aqueles que proporcionam as interações e relações entre os agentes superavitários e os deficitários, mesmo que estes sequer se conheçam. As instituições financeiras que compõem o mercado financeiro assumem esse papel de intermediários, tendo, como principal função “[...] a aproximação de agentes superavitários, que têm excesso de recursos, mas não têm oportunidade de investi-los em atividades produtivas, e os agentes deficitários, que estão em situação inversa [...]” (PINHEIRO, 2001, p. 33). Ao refletir sobre o mercado financeiro, você observa que a intermediação se apresenta como um fator essencial para a integração entre os agentes deficitários e superavitários, sendo de grande relevância para o mecanismo de funcionamento desse mercado. Pinheiro (2001, p.25) diz que a intermediação financeira é uma atividade cujo propósito é “[...] viabilizar o atendimento das necessidades financeiras de curto, médio e longo prazos, manifestadas pelos agentes econômicos carentes de recursos, aplicando ao mesmo tempo o excedente monetário de agentes superavitários, com mínimo de riscos”. Em termos de características e forma de desenvolvimento,Oliveira e Pacheco (2005) dizem que a intermediação financeira se apresenta de duas formas, podendo ela ser direta ou indireta. A direta é aquela em que a instituição financeira intermediária estabelece relação direta com o agente superavitário e com o deficitário e assume os riscos de inadimplência com relação à transação, responsabilizando-se por ela. A indireta, por sua vez, é aquela em que a instituição intermediária não assume os riscos de inadimplência relacionados à transação, sendo apenas uma prestadora de serviços ao agente deficitário, estruturando para ele operações de captação de recursos, que normalmente acontecem mediante a emissão de títulos e a localização de agentes superavitários que estejam dispostos a adquirir os títulos emitidos. Esta é uma transação típica do mercado de capitais, cuja abordagem mais detalhada se desenvolve no decorrer deste material. Também sobre a classificação da intermediação financeira, Pinheiro (2001) diz que ela pode acontecer sob a forma de intermediação por repasse ou Suzane Destacar 17 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 intermediação simples, cuja base de diferenciação está vinculada ao fato do intermediário assumir ou não o risco pelas transações, assim como destacado acima nas observações de Oliveira e Pacheco (2005). A intermediação por repasse é aquela em que a instituição financeira assume a responsabilidade pelos riscos, enquanto a intermediação simples não assume essa responsabilidade. A condição necessária para a existência da intermediação financeira, conforme Pinheiro (2001), é o fato de que as sociedades econômicas tenham superado a fase do escambo e que possuam moeda, excedente financeiro, bases institucionais para o mercado de intermediação e agentes dispostos a trocar ativos monetários por ativos financeiros. Caso faltem garantias, volume satisfatório de necessidades de capital e prazo adequado para tal, o mercado de intermediação financeira fica inviabilizado em termos de sua existência. Exercício 2 1. Assinale a alternativa INCORRETA: a) A relação entre mercado financeiro e desenvolvimento econômico é considerada direta, sendo a eficiência do primeiro apontada como fator determinante para o êxito do segundo. b) A redução do risco de pagamento e a definição mais clara do preço do dinheiro são apontadas como algumas das principais funções do mercado financeiro. c) Considerando a classificação dos agentes que atuam no mercado financeiro, os investidores profissionais podem ser considerados como agentes superavitários. d) Considerando a classificação dos agentes que atuam no mercado financeiro, uma organização que lança ações ao mercado pode ser classificada como agentes deficitários. e) Considerando a classificação dos agentes que atuam no mercado financeiro, os bancos comerciais podem ser classificados como intermediários financeiros. 2. Assinale a alternativa INCORRETA: a) Na intermediação financeira direta, a instituição intermediária não assume riscos de inadimplência relacionados à transação. b) Em termos de classificações da intermediação financeira, pode-se dizer que a base da intermediação simples é a mesma da intermediação indireta. c) O volume satisfatório de necessidades de capital é um fator determinante para a existência do mercado de capitais. Suzane Destacar Suzane Destacar 18 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 d) A intermediação financeira indireta é uma transação típica do mercado de capitais. e) A intermediação financeira busca atender as necessidades dos agentes intermediários e a aplicação dos recursos excedentes dos agentes superavitários. 19 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 2 – ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Na unidade anterior, a reflexão desenvolveu-se em torno de definições conceituais que pudessem caracterizar o mercado financeiro e sua função de intermediação. Agora, ainda com propósito de contextualização do ambiente em que se desenvolve o mercado de capitais e de derivativos, esta unidade busca refletir sobre o Sistema Financeiro Nacional (SFN), que é constituído por cada um dos elementos que regulamentam, supervisionam e atuam no mercado financeiro. 2.1 O Sistema Financeiro Nacional O Sistema Financeiro Nacional (SFN) se faz presente no cotidiano de todos os indivíduos que se encontram inseridos numa sociedade econômica, mesmo que para muitos essa presença passe de forma despercebida. A cada transação financeira estabelecida, por mais simples que seja, estão sendo realizadas operações vinculadas e regulamentadas pelo SFN, no qual cada um assume um papel distinto. Fonte: http://migre.me/a0lRK Ora atuando como agente superavitário, ora atuando como agente deficitário e, até mesmo, como intermediário financeiro, os indivíduos devem procurar conhecer melhor a estrutura do SFN, pois é somente por meio da sua compreensão que se torna possível o estabelecimento de uma relação mais racional com ela e o desenvolvimento de melhores condições de aproveitamento dos recursos financeiros. É válido destacar que quando se trata de dinheiro e do seu uso, quanto mais conhecimento e racionalidade, melhor. São muitas as instituições que compõem o SFN brasileiro, cuja estrutura e funcionamento são regulamentados pelas leis federais de n.º 4.595, chamada de Lei da Reforma Bancária, e de n.º 4.728, denominada Lei do Mercado de Capitais, conforme Toledo Filho (2006). A Lei 4.595, sancionada em 31 de dezembro de 1964, dispõe sobre a política e as instituições monetárias, bancárias e creditícias, além de criar o Conselho Monetário Nacional e estabelecer outras providências e a Lei n.º 4.728, de 14 de 20 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 julho de 1965, disciplina o mercado de capitais e estabelece medidas para o seu desenvolvimento. Assaf Neto (2005) acrescenta a Resolução n.º 1.524 do Conselho Monetário Nacional, de 21 de setembro de 1988, que estabelece a criação dos Bancos Múltiplos. Em termos de definição conceitual, Oliveira e Pacheco (2005, p. 14) dizem que o SFN é o “[...] conjunto de instituições que atuam no processo de conciliar interesses de agentes deficitários e superavitários e de converter poupança em investimento [...]”, ou seja, engloba todas as instituições que atuam com o propósito de intermediação financeira. Sua amplitude de abrangência é destacada por Assaf Neto (2005, p. 80), quando diz que o SFN é “[...] constituído por todas as instituições financeiras, públicas e privadas, existentes no país”. As instituições financeiras, conforme Assaf Neto (2005), podem ser classificadas em bancárias ou monetárias e não bancárias ou não monetárias. Por instituições bancárias ou monetárias são consideradas aquelas que possuem capacidade e amparo legal para a criação de moeda por meio de depósitos à vista que recebem em seus caixas. Neste contexto estão classificados os bancos comerciais e múltiplos. Fonte: http://migre.me/a0m1o Já as instituições não bancárias ou não monetárias são aquelas impedidas legalmente de receber depósitos à vista, não possuindo faculdade de criação de moeda. Elas trabalham com ativos não monetários, como ações, letras de câmbio e debêntures, entre outros, e são representadas por praticamente todas as organizações que atuam no mercado financeiro, com exceção dos bancos comerciais e múltiplos. Pela relevância que possui para a sociedade, muitas expectativas estão associadas às funções que o SFN deve desempenhar, sendo interessante aqui destacar algumas delas. Assaf Neto (2005, p. 79) diz que as instituições que compõem o SFN “[...] devem permitir, dentro das melhores condições possíveis, a realização dos fluxos de fundos entre tomadores e poupadores de recursos na economia”, ou seja, a expectativa de que de fato se concretize a conversão da poupança em novos investimentos. Esta mesma expectativafica evidente no 21 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 pensamento de Pinheiro (2001) quando afirma que o sistema financeiro deve: [...] promover a poupança; arrecadar e concentrar a poupança em grandes volumes; transformar a poupança em créditos especiais; encaminhar os créditos às atividades produtivas; e gerenciar as aplicações realizadas e manter um mercado para elas. (PINHEIRO, 2001, p. 54) As expectativas sinalizam o que se espera do SFN em termos de atuação e de papel junto à sociedade, entretanto, o cumprimento desses aspectos não é o suficiente para assegurar o êxito de suas atividades. Rudge (1993) diz que o SFN não pode concentrar-se apenas no mercado financeiro interno e no atendimento das necessidades que esse mercado apresenta, mas deve também atentar-se aos acontecimentos do cenário internacional para que possa acompanhar e estar em sintonia com o processo evolutivo do mercado financeiro internacional. Para Rudge (1993, p. 58), as instituições financeiras devem “[...] além de atender às necessidades de financiamentos internos, engendradas pelo crescimento econômico, [...] estar em consonância com o estágio mais avançado do desenvolvimento financeiro no plano internacional”. Pinheiro (2001, p. 53) diz que se o sistema não acompanhar as modificações exigidas pela economia ou até mesmo trabalhar de forma contrária a ela, “[...] tenderá a constituir-se em grave obstáculo às atividades produtivas, desestimulando o esforço da coletividade, que verá frustrados seus justos anseios de progresso”. Para desenvolver suas atividades e ao mesmo tempo assegurar que estas sejam realizadas de forma eficiente e correta, o SFN apresenta uma estrutura que envolve desde organizações destinadas à realização de atividades operacionais, até organizações destinadas à normatização e fiscalização do próprio sistema. O SFN brasileiro é composto por três grandes grupos, denominados: órgãos normativos, entidades supervisoras e operadores, como se pode observar no quadro a seguir. 22 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Quadro 1 – Composição do Sistema Financeiro Nacional Órgãos normativos Entidades supervisor as Operadores Conselho Monetário Nacional (CMN) Banco Central do Brasil (Bacen) Instituições Financeiras captadoras de depósitos à vista Demais instituições financeiras Bancos de câmbio Outros intermediários financeiros e administradores de recursos de terceiros Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Bolsas de mercadorias e futuros Bolsas de valores Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) Superintend ência de Seguros Privados (SUSEP) Ressegurad ores Sociedades seguradoras Sociedade s de capitalizaç ão Entidades abertas de previdência complementar Conselho de Gestão da Previdência Complement ar (CGPC) Secretaria de Previdência Complemen tar (SPC) Entidades fechadas de previdência complementar Fonte: Banco Central do Brasil (BACEN) Nas seções e subseções que se seguem são apresentadas características das instituições que compõem o SFN. Tais características, entretanto, não são apresentadas de forma a proporcionar uma reflexão aprofundada sobre cada uma delas, visto que este não é o objetivo desta disciplina. Quando for necessário, informações mais detalhadas serão apresentadas, assim como serão citadas opções para a busca de outras informações, de forma que aqueles que desejem conhecer mais sobre cada uma dessas instituições possam ampliar seus conhecimentos a respeito. 2.2 Órgãos normativos Os órgãos normativos são as instituições responsáveis pela normatização e direcionamento do sistema financeiro, fazendo isso por meio de normas legais que desenvolvem e que regulamentam o funcionamento e controle de suas instituições. 23 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Assaf Neto (2005, p. 82) diz que os órgãos normativos são “[...] instituições que estabelecem, de alguma forma, diretrizes de atuação das instituições financeiras operativas e controle de mercado”, enquanto Pinheiro (2001, p. 58) destaca que a regulação e o controle “[...] são exercidos por meio de normas legais, expedidas pela autoridade monetária, ou pela oferta seletiva de crédito levada a efeito pelos agentes financeiros do governo”. Fazem parte dos órgãos normativos do SFN: Conselho Monetário Nacional (CMN), Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e Conselho de Gestão da Previdência Complementar (CGPC). 2.2.1 Conselho Monetário Nacional Criado em 1964, pela lei n.º 4.595, o Conselho Monetário Nacional (CMN) tem por objetivo formular políticas de moeda e crédito brasileiras, ou seja, estabelecer as diretrizes do SFN de forma que assegure e estimule o desenvolvimento do país, tanto em termos econômicos quanto sociais. Assaf Neto (2005, p. 82) diz que “[...] é um órgão eminentemente normativo, não desempenhando nenhuma atividade executiva”, composto pelo Ministro da Fazenda, que é o seu presidente, pelo Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e pelo Presidente do Banco Central do Brasil. O CMN tem por funções: [...] adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia; regular o valor interno e externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos; orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras; propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros; zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras; coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e da dívida pública interna e externa. (BACEN) Informações mais detalhadas sobre o CMN e as atividades que ele desempenha podem ser obtidas no site http://www.bacen.gov.br/?CMN. 24 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2.2.2 Conselho Nacional de Seguros Privados O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) foi criado em 1966, pelo Decreto-Lei n.º 73, que também institucionalizou o Sistema Nacional de Seguros, do qual o Conselho é um órgão de cúpula, com caráter de colegiado. Tem como responsabilidade fixar diretrizes e normas para a política de seguros privados no país. É composto pelo Ministro da Fazenda ou seu representante, que é o seu presidente, e por representantes da Superintendência de Seguros Privados, que é o vice-presidente, do Ministério da Justiça, do Ministério da Previdência e Assistência Social, do Banco Central do Brasil e da Comissão de Valores Imobiliários. Suas funções são: regular a constituição, organização, funcionamento e fiscalização dos que exercem atividades subordinadas ao SNSP, bem como a aplicação das penalidades previstas; fixar as características gerais dos contratos de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro; estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro; prescrever os critérios de constituição das Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, com fixação dos limites legais e técnicos das respectivas operações e disciplinar a corretagem de seguros e a profissão de corretor. (BACEN) 2.2.3 Conselho de Gestão da Previdência Complementar Órgão colegiado do Ministério da Previdência Social, o Conselho de Gestão da Previdência Complementar (CGPC) tem por competência, conforme BACEN (2012): [...] regular, normatizar e coordenar as atividades das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (fundos de pensão) [...] julgar, em última instância, os recursos interpostos contra as decisões da Secretaria de Previdência Complementar. É válido destacar que os fundos de pensão são associações, sob forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos e acessíveis apenas a empregados de empresa ou grupos de empresa, servidores da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios e, ainda, aos associadosou membros de pessoas jurídicas de caráter 25 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 profissional, classista ou setorial. É composto pelo ministro da Previdência Social, que é seu presidente, pelo Secretário de Previdência Complementar do Ministério da Previdência Social e por representantes da Secretaria de Previdência Social do Ministério da Previdência Social, dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão, das entidades fechadas de previdência complementar, dos patrocinadores e instituidores de entidades fechadas de previdência complementar e dos participantes e assistidos das entidades fechadas de previdência complementar. 2.3 Entidades supervisoras As entidades supervisoras desenvolvem atividade complementar à realizada pelos órgãos normativos do SFN, sendo elas responsáveis pela supervisão das demais instituições que integram o sistema, ou seja, as instituições operadoras. Integram as entidades supervisoras: Banco Central do Brasil (BACEN), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e Secretaria de Previdência Complementar (SPC). 2.3.1 Banco Central do Brasil Criado em 1964, por meio da Lei n.º 4.595, e vinculado ao Ministério da Fazenda, o Banco Central do Brasil (BACEN) é considerado como o principal executor das políticas estabelecidas pelo CMN e, também, fiscalizador do SFN. Corroborando tal afirmação, Assaf Neto (2005, p. 84) diz que o BACEN é “[...] o principal poder executivo das políticas traçadas pelo Conselho Monetário e órgão fiscalizador do Sistema Financeiro Nacional”, assim como Toledo Filho (2006, p. 4) que afirma que a finalidade do BACEN é “[...] cumprir e fazer cumprir as disposições que lhe são atribuídas pelo Conselho Monetário Nacional. [...]”. Em relação aos objetivos, Pinheiro (2001, p. 62) destaca que o BACEN busca “[...] zelar pela adequada liquidez da economia; manter as reservas internacionais do país em nível satisfatório, assegurar a formação de poupança em níveis apropriados e garantir a estabilidade e o aperfeiçoamento do Sistema Financeiro Nacional”. 26 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Suas atribuições são: [...] emitir papel-moeda e moeda metálica; executar os serviços do meio circulante; receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias; realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras; regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis; efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais; exercer o controle de crédito; exercer a fiscalização das instituições financeiras; autorizar o funcionamento das instituições financeiras; estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras; vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais e controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país. [...] (BACEN) Tais atribuições e características a elas associadas são apresentadas por Pinheiro (2001) conforme o quadro abaixo. Quadro 2 – Atribuições e características do BACEN Atribuições Instrumentos/características Banco dos bancos • Depósitos compulsórios; • Redesconto de liquidez. Gestor do Sistema Financeiro Nacional • Normas/autorizações; • Fiscalizações/intervenções. Executor da política monetária • Controle dos meios de pagamento; • Orçamento monetário; • Instrumentos de política monetária. Banco emissor • Emissão do meio circulante; • Saneamento do meio circulante. Banqueiro do governo • Financiamento ao Tesouro Nacional; • Administração da dívida pública interna e externa; • Gestor e fiel depositário das reservas internacionais do país; • Representante em instituições financeiras internacionais. Fonte: Pinheiro (2001, p.62) Informações mais detalhadas sobre o BACEN, sua estrutura e atividades podem ser obtidas no site http://www.bcb.gov.br/. 27 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2.3.2 Comissão de Valores Mobiliários A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda e foi instituída pela Lei n.º 6.385, de 1976, entretanto, assumiu suas funções somente em 1978. Responsável pela regulamentação, desenvolvimento, controle e fiscalização dos valores mobiliários do país, a CVM “[...] tem por finalidade contribuir para a criação de estrutura jurídica favorável à capitalização das empresas por meio do mercado de capitais de risco, fortalecimento da empresa privada nacional e defesa do acionista e investidor” (PINHEIRO, 2001, p. 60). Toledo Filho (2006) diz que: A finalidade da CVM, de acordo com a Lei nº 6.385, é proteger o mercado de valores mobiliários, oferecendo segurança aos investidores e, ao mesmo tempo, incentivando a capitalização das empresas com a participação do público, por meio do lançamento de ações. [...] (TOLEDO FILHO, 2006, p. 103) Para contextualização, é importante ressaltar que o mercado de valores mobiliários é representado por ações, debêntures, commercial papers e demais títulos emitidos pelas sociedades anônimas e autorizados pelo CMN. Segundo BACEN, as funções da CVM são: [...] assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de balcão; proteger os titulares de valores mobiliários; evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação no mercado; assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários negociados e sobre as companhias que os tenham emitido; assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores mobiliários; estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários; promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social das companhias abertas. [...] (BACEN) Informações mais detalhadas sobre a CVM e suas atividades podem ser encontradas no site www.cvm.gov.br. 28 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2.3.3 Superintendência de Seguros Privados A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) foi criada pelo Decreto- Lei n.º 73/66 e também se constitui numa autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda. Seu objetivo, conforme Oliveira e Pacheco (2005, p. 22), é “[...] controlar e fiscalizar os mercados de seguro, previdência complementar aberta, capitalização e resseguro”. São atribuições da SUSEP: [...] fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação das Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, na qualidade de executora da política traçada pelo CNSP; atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se efetua através das operações de seguro, previdência privada aberta, de capitalização e resseguro; zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados; promover o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos operacionais a eles vinculados; promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição; zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado; disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados em bens garantidores de provisões técnicas; cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e exercer as atividades que por este forem delegadas; prover os serviços de Secretaria Executiva do CNSP. (BACEN) Informações mais detalhadas sobre a SUSEP e suas atividades podem ser encontradas no site www.susep.gov.br. 2.3.4 Superintendência Nacional de Previdência Complementar Órgão do Ministério da Previdência Social, a Secretaria de Previdência Complementar (SPC) tem por objetivo fiscalizar as atividades das entidades fechadas de previdência Complementar, que são os fundos de pensão. É de sua competência [...]propor as diretrizes básicas para o Sistema de Previdência Complementar; harmonizar as atividades das entidades fechadas de previdência privada com as políticas de desenvolvimento social e econômico-financeira do Governo; fiscalizar, supervisionar, coordenar, orientar e controlar as atividades relacionadas com a previdência complementar fechada; analisar e aprovar os pedidos de autorização para constituição, funcionamento, fusão, 29 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 incorporação, grupamento, transferência de controle das entidades fechadas de previdência complementar, bem como examinar e aprovar os estatutos das referidas entidades, os regulamentos dos planos de benefícios e suas alterações; examinar e aprovar os convênios de adesão celebrados por patrocinadores e por instituidores, bem como autorizar a retirada de patrocínio e decretar a administração especial em planos de benefícios operados pelas entidades fechadas de previdência complementar, bem como propor ao Ministro a decretação de intervenção ou liquidação das referidas entidades. (BACEN) Informações mais detalhadas sobre a PREVIC podem ser obtidas no site www.previdenciasocial.gov.br. 2.4 Operadores Os operadores, conforme Assaf Neto (2005, p. 89), são “[...] instituições (bancárias ou não bancárias) que atuam em operações de intermediação financeira. [...]”. Essas instituições, segundo o BACEN, são: Instituições financeiras captadoras de depósitos à vista, Bolsas de mercadorias e futuros, Resseguradores, Demais instituições financeiras, Bancos de câmbio, Bolsas de valores, Sociedades seguradoras, Outros intermediários financeiros e administradores de recursos de terceiros, sociedades de capitalização, entidades abertas de previdência complementar e entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão). Algumas dessas instituições serão abordadas aqui de forma mais superficial, em função de suas complexidades e do foco da disciplina, não havendo, entretanto, um demérito a elas, pois são significativas para o SFN e seu funcionamento. Informações mais detalhadas sobre cada uma delas poderão ser obtidas posteriormente, conforme for necessário. Suzane Destacar 30 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Fonte: http://migre.me/a0ngA 2.4.1 Instituições financeiras captadoras de depósitos à vista São consideradas instituições financeiras captadoras de depósitos à vista os Bancos Comerciais, os Bancos Múltiplos com carteira comercial, a Caixa Econômica Federal e as Cooperativas de Crédito. Os bancos comerciais são instituições financeiras públicas ou privadas, constituídas sob a forma de sociedades anônimas e que possuem como objetivo principal proporcionar condições e recursos para financiar pessoas jurídicas e físicas. As atividades básicas dos bancos comerciais, conforme Pinheiro (2001), são classificadas em prestação de serviços bancários e de concessão de crédito. A captação de depósitos à vista, conforme Resolução n.º 2.099 do CMN, é uma atividade típica do banco comercial, que pode, também, fazer captação de depósitos a prazo. Os bancos múltiplos, por sua vez, são instituições financeiras privadas ou públicas que trabalham com uma diversidade de carteiras de produtos e serviços, ampliando o leque oferecido pelos bancos comerciais. Conforme Resolução n.º 2.099 do CMN, as carteiras de produtos e serviços desses bancos são carteiras: comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, crédito imobiliário, arrendamento mercantil e crédito, financiamento e investimento. Segundo Assaf Neto (2005), “[...] para que uma instituição seja configurada como um banco múltiplo, ela deve operar pelo menos duas das carteiras apresentadas, uma delas necessariamente de banco comercial ou de banco de investimento”. (ASSAF NETO, 31 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2005, p.90). A Caixa Econômica Federal (CEF), assim como as demais caixas econômicas, é uma instituição financeira pública que atua de maneira autônoma e que apresenta objetivos claramente sociais. Auxiliando o governo federal em sua política de crédito, a CEF apresenta como principal função: [...] estimular a poupança popular, aplicando os depósitos à vista do público, os depósitos em caderneta de poupança e demais recursos, em operações de crédito que visem à promoção social e o bem- estar da população (PINHEIRO, 2001, p. 66). No Brasil ela possui monopólio sobre empréstimo sob penhor de bens pessoais e consignação e venda de bilhetes da loteria federal, além de centralizar recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e integrar o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o Sistema Financeiro da Habitação (SFH). As cooperativas de crédito, por sua vez, são instituições financeiras que possuem forma e natureza jurídica própria, não estando sujeitas à falência e são destinadas ao atendimento exclusivo de seus associados, conforme Assaf Neto (2005). Elas estão sujeitas à legislação e normas do sistema financeiro nacional assim como à política nacional de cooperativismo. 2.4.2 Bolsas de Mercadorias e Futuros As Bolsas de Mercadorias e Futuros (BMF) são um ambiente no qual agentes econômicos interessados em produtos agrícolas ou manufaturados se reúnem para realização de operações de compra e venda desses produtos. Conforme BACEN, “[...] são associações privadas civis, com objetivo de efetuar o registro, a compensação e a liquidação, física e financeira, das operações realizadas em pregão ou em sistema eletrônico [...]”. Entre os principais objetivos de uma BMF, segundo Pinheiro (2001, p. 74), destacam-se: “[...] propiciar ao mercado condições adequadas para a realização de compra à vista, a termo, a futuro etc. de cereais ou de outros grãos, bem como de outras mercadorias suscetíveis de serem negociadas nos pregões”. A expectativa em relação a elas é que desenvolvam um mercado de derivativos transparente e com condições para que os agentes econômicos operem 32 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 com segurança diante das possíveis incertezas em relação aos preços futuros de commodities, taxas de juros e outros. Única no Brasil, a BM&FBOVESPA é uma das maiores bolsas do mundo em valor de mercado, assim como é a segunda das Américas e a líder no continente latino-americano. Informações mais detalhadas sobre a BM&FBOVESPA e suas atividades podem ser obtidas no site http://www.bmfbovespa.com.br/home.aspx?idioma=pt-br. 2.4.3 Resseguradores Os resseguradores são instituições responsáveis pela realização do seguro das seguradoras, ou seja, o seguro do seguro. Comum no mundo, o resseguro é uma “[...] forma de mitigar o risco, preservar a estabilidade das companhias seguradoras e garantir a liquidação do sinistro ao segurado” (IRB-BRASIL RE). O Instituto de Resseguros do Brasil (IRB-BRASIL RE) é uma empresa vinculada ao Ministério da Fazenda e se constitui na maior resseguradora da América Latina. Mais informações sobre resseguradores e sobre o IRB- BRASIL RE e suas atividades podem ser obtidas nos sites www.susep.gov.br e www.irb-brasilre.com.br. 2.4.4 Bolsas de valores As bolsas de valores originaram-se na Bélgica, no século XVIII, e surgiram no Brasil em 1877, na cidade do Rio de Janeiro. Atualmente, a Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), que após integração com a BM&F passou a ser denominada BM&FBOVESPA, é a principal bolsa de valores do país, incorporando, desde 2001, “[...] os negócios de todas as outras bolsas brasileiras” (TOLEDO FILHO, 2006, p. 42). 33 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 As Bolsas de Valores são associações civis, sem fins lucrativos. Seu patrimônio é representado por títulos que pertencem às sociedades corretoras membros. Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa, mas estão sujeitas à supervisão da Comissãode Valores Mobiliários e obedecem às diretrizes e políticas emanadas do Conselho Monetário Nacional. (PINHEIRO, 2001, p. 72) Informações mais detalhadas sobre bolsas de valores e suas atividades podem ser obtidas no site http://www.bmfbovespa.com.br/home.aspx?idioma=pt-br. 2.4.5 Sociedades seguradoras As sociedades seguradoras são instituições que estabelecem contratos de seguro, na qual se comprometem a pagar ao segurado um determinado valor, como forma de indenização, caso ocorra o risco indicado e pelo qual o segurado estabeleceu contrato. Mais informações sobre as sociedades seguradoras e suas atividades podem ser obtidas no site www.susep.gov.br. 2.4.6 Sociedades de capitalização As sociedades de capitalização são instituições que negociam títulos de capitalização, que são contratos por meio do qual um contratante realiza depósitos pecuniários periódicos e, depois de decorrido um determinado período, fixado nesse contrato, ele resgata os valores corrigidos por uma determinada taxa de juros, também previamente fixada. Ao contratante, ainda quando previsto em contrato, confere “[...] o direito de concorrer a sorteios de prêmios em dinheiro” (BACEN) 34 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Mais informações sobre as sociedades de capitalização e suas atividades podem ser obtidas no site www.susep.gov.br. 2.4.7 Entidades abertas de previdência complementar As entidades abertas de previdência complementar são aquelas que trabalham com planos de benefícios previdenciários acessíveis a qualquer tipo de pessoa física. São regulamentadas e fiscalizadas pelo Ministério da Fazenda, por meio do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). Informações mais detalhadas sobre essas entidades podem ser obtidas no site www.susep.gov.br. 2.4.8 Entidades fechadas de previdência complementar As entidades fechadas de previdência complementar, ou fundos de pensão, são organizações sem fins lucrativos e acessíveis apenas aos funcionários de uma determinada empresa ou grupo de empresas, aos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que a esses fundos se associam, sendo denominados instituidores. Informações mais detalhadas sobre as entidades fechadas de previdência complementar e suas atividades podem ser obtidas no site www.previdenciasocial.gov.br. 2.4.9 Demais instituições financeiras Outras instituições financeiras de significativa relevância no sistema financeiro nacional, mas que não aprofundaremos aqui são as agências de fomento, as associações de poupança e empréstimo, os bancos de câmbio, os bancos de 35 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 desenvolvimento, os bancos de investimento, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as companhias hipotecárias, as cooperativas centrais de crédito, as sociedades de crédito, financiamento e investimento, as sociedades de crédito imobiliário, as sociedades de crédito ao microempreendedor, as sociedades de arrendamento mercantil, as sociedades corretoras de câmbio, as sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários e as sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários. Exercício 3 1. Assinale a alternativa INCORRETA: a) Um dos propósitos do Sistema Financeiro Nacional é assegurar a conversão de investimentos em poupança. b) O Sistema Financeiro Nacional é composto por todas as organizações, públicas e privadas, que atuam no processo de conciliar interesses de agentes superavitários e deficitários. c) Instituições não bancárias trabalham com ativos não monetários, como ações, letras de câmbio e debêntures, entre outros. d) Entre as funções esperadas do Sistema Financeiro Nacional está a promoção da poupança e a transformação da poupança em créditos especiais. e) As instituições do Sistema Financeiro Nacional não devem limitar-se ao mercado interno, devendo atentar-se para as mudanças no cenário internacional. 2. Assinale a alternativa INCORRETA: a) O Sistema Financeiro Nacional é composto por três grupos denominados órgãos normativos, entidades supervisoras e operadores. b) As entidades supervisoras são as instituições mais importantes do Sistema Financeiro Nacional, por realizarem a supervisão das suas instituições. c) Bolsas de valores, Comissão de Valores Mobiliários e Conselho Monetário Nacional são instituições que compõem o Sistema Financeiro Nacional. d) Instituição normativa, o Conselho Monetário Nacional tem por objetivo formular políticas de moeda e crédito brasileiras. e) A regulamentação do regime de previdência complementar trabalhado pelas entidades fechadas de previdência complementar é objetivo do Conselho de Gestão da Previdência Complementar. 3. Assinale a alternativa correta: a) As entidades supervisoras do Sistema Financeiro Nacional são responsáveis pela supervisão dos órgãos normativos. b) Órgão normativo, o Banco Central do Brasil é considerado como o principal executor das políticas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. Suzane Destacar Suzane Destacar 36 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 c) A Comissão de Valores Mobiliários objetiva contribuir para a criação de estrutura jurídica favorável à capitalização das empresas por meio do mercado de capitais de risco. d) Os órgãos operadores do Sistema Financeiro Nacional são as instituições bancárias que atuam nas operações de intermediação financeira. e) Bolsa de valores, bancos comerciais e bancos múltiplos são considerados como instituições financeiras captadoras de depósitos à vista. Suzane Destacar 37 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 3 - MERCADO DE CAPITAIS Dando continuidade ao processo de reflexão proposto na disciplina, inicia-se agora uma unidade de abordagem mais específica, voltada ao mercado de capitais e suas características. Enquanto as abordagens anteriores foram no sentido de contextualização, agora parte-se para um propósito específico, voltado à caracterização deste mercado e seu mecanismo de funcionamento. Compreender o mercado de capitais é interessante não somente pelo que ele representa em termos de significado para o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e seu funcionamento, mas também pela proximidade que este vem procurando estabelecer junto à sociedade, manifestando preocupação e iniciativas mais intensas no sentido de incentivar a participação de pequenos investidores em suas atividades, demonstrando que este é um mercado acessível a todos e que os títulos e valores nele negociados são bons e rentáveis possibilidades de investimento. Para trabalhar a abordagem sobre o Mercado de Capitais, esta unidade está estruturada em sete seções, assim divididas: O mercado e sua estrutura; Valores mobiliários; Mercados de balcão e de bolsa; Bolsas de valores; Abertura de capital; Índices de desempenho e Avaliação das ações. 3.1 O mercado e sua estrutura Antes de compreender a estrutura do mercado de capitais e seus mecanismos, é relevante desenvolver com clareza o conceito deste mercado e os negócios que a ele estão relacionados. Kerr (2011, p. 87), o define como o ambiente onde “[...] negociam-se valores mobiliários, como ações, commercial papers e debêntures [...]”, numa concepção bem específica dos negócios que nele são estabelecidos. Fonte: http://migre.me/a69lg 38 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Pinheiro (2001) apresenta uma abordagem similar em relação aos negócios, mas a amplia em termos conceituais ao agregar à definição as instituições que o compõem e o papel que elas possuem. Segundo Pinheiro (2001, p. 87), o mercado de capitais é o “[...] conjunto de instituições que negociam com títulos e valores mobiliários, objetivando a canalização dos recursos dos agentes compradores para os agentesvendedores [...]”. Diante disso, observa-se que, na verdade, não há uma estrutura física única que represente o mercado de capitais, como se este fosse um local único para negócios, mas há um conjunto de instituições que o compõem e que buscam consolidar o propósito de intermediação entre os agentes, assegurando a capitalização dos vendedores por meio dos recursos dos compradores. As instituições que constituem o mercado, dando-lhe forma, são as sociedades corretoras de valores mobiliários, sociedades distribuidoras de valores mobiliários, bancos de investimento, bancos de desenvolvimento e empresas de liquidação e custódia de valores (PINHEIRO, 2001). Embora pareça redundante, é importante destacar novamente que o mercado de capitais é considerado como um grande municiador dos recursos permanentes para a economia, em virtude da ligação que possibilita entre os que possuem capacidade de poupança, que são os investidores, e os que necessitam de recursos de longo prazo. A capitalização dos agentes deficitários nesse mercado vai ocorrer em decorrência da compra, pelos agentes superavitários, dos títulos que foram emitidos. Uma reflexão mais detalhada sobre os títulos emitidos no mercado de capitais se desenvolverá no decorrer das próximas seções desta unidade. 3.1.1 Intermediação e supervisão A forma como se desenvolve a intermediação no mercado de capitais é também um aspecto importante a ser destacado, visto que nele a relação de financiamento é estabelecida de forma direta entre os compradores e os vendedores, que acabam, de certa maneira, firmando compromissos e vínculos entre si. O intermediário é apenas um mediador do processo, não assumindo compromisso ou responsabilidade por lucros ou perdas que possam ocorrer ou que ocorreram em função das negociações estabelecidas. 39 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Aqui os intermediários são “[...] meros intervenientes (e não mais contrapartes), prestando serviços de aproximação, de representação ou de liquidação de operações para seus clientes, as partes reais. [...]” (YAZBEK, 2007, p. 132). Fonte: http://migre.me/a69Sl As negociações estabelecidas no mercado de capitais, conforme Pinheiro (2001), podem ser estabelecidas no segmento institucionalizado e no segmento não institucionalizado, conforme o nível de supervisão ao qual estão sujeitas. • O segmento não institucionalizado é aquele em que não há regulamentação e controle pelas autoridades, sendo suas negociações estabelecidas de forma direta entre empresa e investidor; • O segmento institucionalizado é caracterizado exatamente pelo contrário, ou seja, pelo controle e acompanhamento que tem pelos órgãos específicos para isso. Alguns exemplos de supervisão do segmento institucionalizado podem ser citados para ilustrar a classificação. Um deles é a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que utiliza sistemas on e off-line para monitoramento do mercado, sendo o on-line utilizado durante os pregões e o off-line após os pregões, buscando sempre identificar causas de variações que eventualmente possam ter ocorrido e que não se enquadraram nos limites previamente estabelecidos. Outro exemplo que pode ser citado é o caso das bolsas de valores, em que também se faz acompanhamento e monitoramento do mercado por meio de recursos de controle como o Circuit Break, que interrompe o pregão quando acontecem oscilações bruscas nos preços de ações, buscando assim assegurar garantias e proteção aos seus clientes. Toda vez que o limite de baixa nos negócios chega a 10% em relação ao fechamento anterior, o circuit break é acionado e a bolsa interrompe as atividades do pregão por 30 minutos, para monitorar como o mercado irá se comportar. 40 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Ao retornar às atividades após o prazo estabelecido, observa-se a reação do mercado e caso o cenário de perda se mantenha, chegando a uma desvalorização de 15% em relação ao pregão anterior, as atividades são interrompidas novamente, mas agora por uma hora. Fonte: http://migre.me/a6anN Outras formas de controle e acompanhamento do mercado são os mecanismos de garantias que são administrados pelas câmaras de compensação, constituídos por: margens de garantias depositadas por clientes; garantias do agente de compensação; fundo de garantia da câmara de compensação; e patrimônio da câmara de compensação. (PINHEIRO, 2001, p. 88) 3.1.2 Mercado primário e mercado secundário As negociações que acontecem no mercado de capitais podem ocorrer tanto no mercado primário quanto no secundário, conforme a negociação que estiver sendo realizada. O mercado primário pode ser resumido como aquele em que as ações são negociadas pela primeira vez, estando associado ao lançamento dessas ações no mercado de capitais. Kerr (2011, p. 94) diz que “[...] o mercado é primário quando as ações são lançadas pela primeira vez, e, o dinheiro arrecadado, líquido de custos, vai para a empresa emitente [...]”, ou seja, converte-se em capital para aquela organização que as lançou. Fonte: http://migre.me/a6aX9 Suzane Destacar 41 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Também nesse sentido, Pinheiro (2001, p. 97) diz que o mercado primário “[...] é onde se negocia a subscrição (venda) de novas ações ao público, ou seja, onde a empresa obtém recursos para seus empreendimentos [...]”, complementando, portanto, a definição anterior. “[...] todo ativo financeiro é colocado no mercado (negociado pela primeira vez) por meio do mercado primário [...]” (ASSAF NETO, 2005, p. 264). É exatamente no contexto do mercado primário que ocorre a transferência direta de recursos para as organizações, tendo em vista que ao comprar títulos emitidos no mercado, os agentes superavitários acabam por capitalizar as organizações que emitiram tais títulos. [...] No mercado primário, ocorre a canalização direta dos recursos monetários superavitários, disponíveis aos poupadores, para o financiamento das empresas, por meio da colocação (venda) inicial das ações emitidas. É nesse setor do mercado que as empresas buscam, mais efetivamente, os recursos próprios necessários para a consecução de seu crescimento, promovendo, a partir do lançamento de ações, a implementação de projetos de investimento e o consequente incremento da riqueza nacional. (ASSAF NETO, 2005, p. 264) O mercado secundário, por sua vez, é consequência do mercado primário, pois é no secundário que ocorre a renegociação dos títulos emitidos e negociados no mercado primário. Conforme Kerr (2011, p. 94), “[...] o mercado é secundário quando essas ações mudam de mãos [...]”. Para melhor entender o contexto de mercado primário e secundário, imagine você a seguinte situação: um investidor comprou no mercado primário ações emitidas por uma determinada empresa, como a Petrobrás, e após isso achou que seria interessante vender essas ações para ficar com o dinheiro correspondente ao valor delas. Para vender tais ações, ele precisa colocá-las novamente no mercado e esse mercado é o secundário, pois o emissor originário não é ele, mas sim a empresa de quem as comprou. Assim, quem comprar as ações do investidor, estará comprando de um segundo, o que caracteriza a definição de secundário. O mercado secundário, conforme Assaf Neto (2005) e Pinheiro (2001), busca assegurar liquidez aos investimentos do mercado primário, ou seja, assegurar que títulos adquiridos no mercado primário possam ser vendidos novamente, de tal forma a criar um contexto favorável ao contínuo processo de investimento que também beneficia o mercado primário. 42 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 No mercado secundário, os valores dos títulos negociados “[...] apenas trocam de mãos, de um acionista para outro, sem financiar projetos de investimento da empresa
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