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Centro de Referência Patrimonial e Histórico do Município de Duque de Caxias e MVSB Presença Ancestral na Baixada Fluminense II No Tempo das Conchas por: Marlucia Santos de Souza RETRATO DO ARTISTA QUANDO COISA Remexo como um pedacinho de arame nas minhas memórias fósseis. Tem por lá um menino a brincar no terreiro: entre conchas, osso de arara, pedaços de pote, sabugo, asas de caçarolas etc. Manoel de Barros POVOS DAS CONCHAS • Sambaquis: moradia dos vivos e dos mortos. Lugar de sepultamento, sociabilidade e vida comunitária. Considerar a interação entre assentamentos vizinhos e regionais (intra-sambaquiana). Precisa ser estudado na relação com os demais assentamentos, isto é, levar em conta os sistemas de relações no território. Levar em consideração o ambiente e a temporalidade vivida. • Considerar a estratificação do sítio, as formas e possíveis rituais de sepultamento. Nos estudos de Osvaldo Herudia (anos de 1980) sobre os sepultamentos no Sambaqui dos Amourins, situado em Guapimirim, o autor apresentou a seguinte estratificação: “Acima do sedimentos lodosos está assentado uma espessa composta de ostrea sp que inaugura o processo de construção inicial do sítio... Logo acima temos a camada fúnebre formada por um sedimento arenoso, de coloração marrom escura, contendo estruturas de cinzas, restos de carvão e muitos ossos de peixes... Presença de uma camada sobre a área funerária é espessa, formada de conchas de grande porte, principalmente ostras e lucinas”. Povos das Conchas A escavação dos três sepultamentos da etapa atual das pesquisas de campo no sambaqui do Amourins, e a revisão dos manuscritos da escavação anterior da década de 1980, indica: 1) uma acumulação de conchas, principalmente ostreas inteiras, espécie de plataforma com concentrações avermelhadas, coloridas pela presença de grande quantidade de ossos de peixe e algum ocre disperso, que se encontra sob os ossos, formando um pacote que os contem; 2) uma camada de espessura variável contendo sedimento arenoso, muitos carvões e ossos de peixes, alguns deles queimados, além de lentes de cinzas por vezes estratificadas, onde os corpos foram depositados; Povos das Conchas 3) um arranjo aparentemente intencional de ossos de peixe e conchas, em especial carapaças de lucina, com a face interna voltada para o corpo, formando uma cobertura para o sepultamento e em alguns casos estendendo-se para além do corpo; 4) uma fogueira cujo centro é uma espessa lente de cinzas, com muita concha calcinada, e que parece ter sido sobreposta às conchas que cobriram o corpo. GASPAR, Maria Dulce. Sambaqui de Amourins: mesmo sítio, perspectivas diferentes arqueológica de sambaqui 30 depois. Argentina: Revistadel Museo de Antropologia 6:7-20, 2013. SOUZA, Sheila Mendonça e outros. Amourins: Mortos para Mounds. RJ: Revista de Arqueologia, Volume Número 2: 84-103, 2012. POVOS DAS CONCHAS • Pescadores, coletores de conchas de berbigão, ostras, ameijoa, lucina e mariscos. Caçadores e coletores de vegetais. Acumulavam restos de faunístico; • Vida sedentária ou semi-sedentária. Sítios instituídos nas margens das praias, lagoas e ilhas como é o caso da Região dos Lagos, de Angra dos Reis, Mangaratiba ou seja litoral brasileiro. Instituídos ainda na beira dos rios e das bahias, como é o caso da Guanabara e de Sepetiba. • Os sambaquis do sul do país, em particular em Santa Catarina, os sambaquis são de grande porte ou monumentais, sendo encontrados sambaquis de 30 metros. Enquanto no Rio de Janeiro os sítios de grande e pequenos porte, com baixas elevações; • Nas cercanias da Guanabara encontra-se ainda sambaquis em encostas como é o caso do Sambaqui do São Bento; • Fabricavam adornos de ossos, conchas, moluscos, dentes de porco-do-mato, macaco, jacaré, tubarão, etc. • Os abrigos eram naturais; POVOS DAS CONCHAS • Considerar as pontas ósseas produzidas para a caça, os artefatos como os adornos, as lascas e polidores líticos, a arte lítica, os vestígios de fogueira. Possuem atividades de lascamento. Utilizavam almofariz para triturar semente e vegetais, quebra coquinhos. Utilizavam lucinas e conchas para o corte e raspagens. As lascas de quartzo garantiam fios cortantes. Presença de amoladores fixos nas rochas. • Muito provável que possuíam canoas feitas de madeira amarradas com cipós, arpões, armadilhas de pesca. Hábeis nadadores acostumados a mergulhos profundos. Em Angra foram encontrados vestígios alimentares de peixes que só podem ser pescados em alto mar. Para coletar ostras também era necessário boa capacidade de mergulho. Em sambaquis fluminenses foram encontrados vestígios de peixes como tubarão, de bagre, de corvina principalmente, et. A pesca era a base da alimentação. Embora os mariscos e as demais alimentos aquáticos fossem as principais fontes de alimentos, a caça de mamíferos, aves, roedores também se apresentam nos vestígios encontrados nos sítios. Biografia CORDEIRO, Jeanne. Ocupação pré-história da região dos Lagos. RJ: Laboratório de Arqueologia Brasileira, 20 GASPAR, Maria Dulce. Sambaqui de Amourins: mesmo sítio, perspectivas diferentes arqueológica de sambaqui 30 depois. Argentina: Revista del Museo de Antropologia 6:7-20, 2013. OLIVEIRA, R. A. Memórias da ocupação indígena no Estado do Rio de Janeiro: Um estudo de caso do Museu de Arqueologia Sambaqui da Tarioba. Dissertação de Mestrado em Memória Social, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 247 f. 2011. OLIVEIRA, Rafael Cuella Silva e Dias, Gilberto Tavares de Macedo. Evolução da planície costeira das Praias do Sul e do Leste – Ilha Grande/RJ: implicações sobre a presença humana pre-histórica e contribuições para a reconstrução paleoambiental holocênica. Quaternary and Environmental Geosciences (2017) 08(02):62-74. SOUZA, Sheila Mendonça e outros. Sambaqui do Amourins: mortos para Mounds. RJ: Revista de Arqueologia, volume 2: 84-103, 2012. Caderno Ciência e Vida, Jornal O GLOBO 28 de abril de 2002 Arqueologia no Município de Duque de Caxias Sítios Pré-Histórico - Sambaquis Sítios Arqueológicos de Sambaqui situados em Duque de Caxias Não registrados no IPHAN, mas identificados por arqueólogos Sambaqui da Entrada de Caxias – subida do viaduto, em frente a FUNDEC Sambaqui da 25 de Agosto – situado onde atualmente está assentada a UNIGRANRIO Sambaqui do Patronato – situado nas margens do Rio Patronato, as lado das tulhas, quase em frente ao Casarão de Vivendo do Iguaçu Sambaqui do Santo Antônio – Situado na subida de Xerém, nas margens do Rio Santo Antônio Sambaqui da Esperança – Situado na antiga estrada de ferro na comunidade da Esperança, atual Vila Nova/ São Bento Baixada e Montes por Magalhães Correa Fiz uma incursão ao Pilar a pé do Lote XV, pela Estrada Rios Petrópolis... A estrada asfaltada dividida por uma faixa branca, meio fio, traçada entre terrenos de aluvião, onde brejais estão sendo drenados. Aparecem com 500 metros de intervalo casas da Colônia Agrícola Fazenda do São Bento, ocupada por japoneses e nacionais... Logo depois aparecem grandes valas laterais e a maior que atravessava a estrada, sob a ponte de cimento que se liga a um grande aterro, que por sua vez, lança a grande ponte de ferroe a de cimento sobre o rio Iguaçu, onde os trabalhadores preparavam a tapas o polder do Pilar: junto a ponte, um grande latão de carvão fumegava, ao lado lenha nas margens do rio... ... À margem direita da estrada achava-se um enorme sambaqui, onde se nota a sua camada característica, ao fundo de uma casa de colono da Fazenda do Iguaçu... Depois a paisagem muda, lenhadores manejam o machado sem só, nem piedade, abatendo árvores, arbustos remanescentes: região do centro agrícola, faltam as nações de silvicultura... À direita e a esquerda há canais estreitos ou valas de drenagem do Rio Pilar; numa placa Lê-se “Polder do Pilar”, e, ao fundo, surge a margem do Rio do pilar, uma igreja toda reformada, pintada de branco, como uma virgem, entre ruínas de habitações... Correio da Manhã, 3 de marçode 1940 Seminário de Formação Continuada Vozes da Escola Arqueologia no Município de Duque de Caxias Sítios Pré-Histórico – Sambaquis de Duque de Caxias – Sambaqui do Iguaçu – Cidade dos Meninos SAMBAQUI DO IGUAÇU Ao lado da Cidade dos Meninos, ao lado da fábrica de gelo Seminário de Formação Continuada Vozes da Escola Arqueologia no Município de Duque de Caxias Sítios Pré-Histórico – Sambaquis de Duque de Caxias – Outros (desaparecidos) Sambaqui de Saracuruna está na lista dos 5 sítios de sambaqui pesquisados pelos arqueólogos entre os anos de 1970 e 1980 sob a coordenação de Maria Beltrão e Osvaldo Heredia como sendo de Magé Universidade Federal do Rio de Janeiro Museu Nacional - Mestrado em Arqueologia Concha sobre concha: construindo sambaquis e a paisagem no Recôncavo da Baía de Guanabara Diogo de Cerqueira Pinto Orientadora: Profª Drª. Maria Dulce Gaspar Rio de Janeiro 2009 Sambaquis Pesquisados entre 1970 e 1980 em Magé e Guapimirim (nas proximidades de Macucu e da Baía. Amourins - foi escavado por Osvaldo Heredia em 1978 – situado na antiga Fazenda Santa Rita de Cássia, na esquerda do rio Guapimirim Saracuruna – Situado entre Magé e Duque de Caxias Vale das Pedrinhas – Guapimirim atual Arapuan - Guapimirim Sernambetiba - Guapimirim Sambaquis localizados ao norte da Baía da Guanabara Mapa de curvas de nível e localização dos sambaquis na área de pesquisa. Sítio Arqueológico Local /Metragem/altura Registro/Pesquisador Observação Sambaqui Sernambetiba Guapimirim Mezzalira – 1946 Teixeira Guerra – 1962 Macedo – 1965 M. Beltrão – 1971 Heredia – 1978 Hurt e Paz - 1980 Vestígios característico de sambaqui; 1.394 fragmentos de cerâmica; Identificação de estacas; Inundações e abertura de estrada fragilizaram o sítio. Sambaqui das Pedrinhas Guapimirim Altura – 4,2 m Área 1200 metros quadrados João Alfredo Rohr – 1973 Depois – Alfredo Mendonça de Souza 24 ocupações diferenciadas; 6 sepultamentos. Sambaqui dos Amourins Guapimirim Altura – 3 m Área – 6.000 metros quadrados Beltrão e Heredia - 1982 Escavação e salvamento de artefatos líticos e de ossos faunísticos, 3 esqueletos humanos e vários fragmentos. Sítio Arqueológico Local /Metragem/altura Registro/Pesquisador Observação Sambaqui Arapuan Vale das Pedrinhas/Guapimirim Altura: 4,6 m Área: 3.000 metros quadrados Octávio Bezerra – Anos de 1979 e 1995 Vestígios característico de sambaqui; 12 esqueletos de adultos, 3 jovens e um feto. Sambaqui dos Imenezes Vale das Pedrinhas/Guapimirim Altura – 1,2 m Área 200 metros quadrados Mendonça de Souza - 1981 O sítio foi destruído em 1977 devido as atividades de mineração. Sambaqui do Fernando Vale das Pedrinhas/Guapimirim Altura – não registrado Área – 1.500 metros quadrados Paz - 1999 Sítio destruído. Sítio Arqueológico Local /Metragem/altura Registro/Pesquisador Observação Sambaqui Cordovil Vale das Pedrinhas/Guapimirim Paz - 1999 Destruído Sambaqui Novo Sambaqui da Rua 13 Vale das Pedrinhas/Guapimirim Não houve sondagem e escavação Casa construída em cima do sítio sendo possível identificar conchas e líticos na base dela. Sambaqui Novo Sambaqui do Seu Jorge Vale das Pedrinhas/Guapimirim Altura – 5 m Área – 80 X40 metros quadrados Registrado pelo Programa de Resgate do Patrimônio Arqueológico do COMPERJ Sítio preservado, impactado pela presença de árvores no local. Localidade de difícil acesso por ser alagadiça. Sítio Arqueológico Local /Metragem/altura Registro/Pesquisador Observação Sambaquis novos Sambaqui do Bucão I e II Itambi Programa COMPERJ Proprietários do terreno não autorizaram escavação. Sambaqui do Guapi Margens do Rio Guapimirim, próximo dos Amourins Área: 2.000 metros quadrados Altura: 4 m Mendonça de Souza – 1981 Paz - 1999 Encontrava-se intacto na época. Não houve pesquisa nele por ser difícil acesso. Sambaqui do Guaraí-mirin Rio Macacu, junto as barragens Imunana/Laranjal Altura – 5 m Área – 48 X 18 metros quadrados Paz - 1999 Intacto na época. Sítio Arqueológico Local /Metragem/altura Registro/Pesquisador Observação Sambaqui novo Sambaqui da Fazenda Caieira Itambi, nas margens do Rio Caieira, junto ao manguezal Programa COMPERJ Apenas foi registrado. Sambaqui Novo Sambaqui Sampaio I Itaboraí Área: 10 X 40 metros quadrados Altura: 3 m Descoberto pelo Programa COMPERJ A fazenda estava sendo desapropriada. Possui curral em seu topo. Foi escavado, encontrado material arqueológico até 290 cm de profundidade. Entre os vestígios foram encontrados dentes de tubarão. Sambaqui Novo Sambaqui Sampaio II Itaboraí Descoberto pelo Programa COMPERJ Foi escavado. Vestígios típicos de sambaqui, material intrusivo como telhas, cerâmicas, faiança portuguesa (louça de barro coberta por esmalte opaco e estanífero. Sítio Arqueológico Local /Metragem/altura Registro/Pesquisador Observação Sambaqui novo Sambaqui da Estrada de Ferro Itaboraí Descoberto pelo Programa COMPERJ Apresenta as mesmas características do sítio Sampaio II. Estratificação simples, homogênea, com camadas de conchas e osso alternado. Possui uma área intacta com lentes de mariscos, fogueiras e ossos. Apresenta pacote arqueológico com 80 cm. Não teve análise conclusiva. Presença de conchas pequenas agarradas a seixos, o que indica coleta no mangue. Fonte: PINTO, Diogo da Cerqueira. Concha sobre concha: construindo sambaqui e a paisagem no Recôncavo da Baia da Guanabara. RJ: Dissertação de mestrado em arqueologia pelo Museu Nacional/UFRJ, 2009. Sambaqui da Marqueza de Santos Ano da descoberta: 1966 Rua Valter Gomes Jesus s/n º - Parque Umari 1971 2004 Movimento SOS Sambaqui São Bento; Luta em defesa do direito a memória dos Povos Indígenas na Cidade de duque de Duque de Caxias Campanha solidária Compra da posse Escavação e construção do Sítio Escola Sambaqui São Bento Aprovação de edital Musealização ampliada Desapropriação dos outros terrenos Abordagem Inicial com o método de sondagens e escavações extensivas Museu Vivo do São Bento Escavação do Sambaqui São Bento Maio de 2010 Esqueletos encontrados no Sambaqui São Bento Arqueologia no Município de Duque de Caxias Sítios Pré-Histórico – Sambaquis de Duque de Caxias – Sambaquis de S. Bento A escavação complementar se fez pelo método do escalonamento, criando-se plataformas que permitem a visitação do sítio, a visualização da sua estratigrafia e a observação dos sepultamentos preservados in situ. Material arqueológico encontrado no Sambaqui do São Bento Adornos de ossos, Lascas de quartzo, Polidores, Almofariz, ostras, conchas, lucinas, restos faunísticos, etc. Almofariz a Flor ao Chão encontrado no Sítio São Bento – Acervo sob a guarda do LAB. Fotografia Marlucia Souza/2007. Concha do mesmo sítio. Fotografia de Leear Martiniano/ 2015. MVSB No sitio é possível encontrar polidor fixo – rocha situada na esquina do sítio Artefatos arqueológicos encontrados no Sambaqui do São Bento Medidas provisórias de guarda do sítio escavado Proteção dos esqueletos IBRAM visitou a sede dos Centros, participou da Visita das autoridades ao Sambaqui do São Bento afirmando o compromisso do MINC com o Museu Vivo do São Bento e se fazendo presente na luta em defesa do Sambaqui São Bento. Inauguração do Sítio Escola Sambaqui São Bento - 2010 Marisa Gonzaga liderou e coordenou a campanha SOS Sambaqui São Bento Presença dos Agentes do Patrimônio, dos Caçadores de Histórias Perdidas e dos Jovens Pesquisadores Populares na luta em defesa do Sambaqui São Bento Presença dos estudantes e professores da E. M. Nísea Vilela Musealização de Sítios Arqueológicos de Sambaqui Governo do Estado Secretaria Estadual de Cultura/ Superintendência Estadual de Museus Chamada Pública 021/2011 Modernização de Museus Proponente: Associação de Amigosdo CRPH-DC Processo E-18/2791/2011 Valor: 100.00,00 Cobertura provisória Muro e portão Escada Musealização do Sítio Escola Sambaqui São Bento Inauguração: 2013 Painel produzido com a arte de Juju Martiniano Após as escavações do sítio o Sítio Escola recebeu 2 mil visitantes em um só mês. Continuou recebendo professores, universidades, escolas publicas e privadas, grupos culturais, arqueólogos, comunidades religiosas e até turistas estrangeiros. Visita e pesquisa de alunos da E. M. Santa Lúcia Oficinas sobre o tempo das conchas e o tempo da jacutinga para as mulheres artesãs. Posteriormente elas produziram a séria jacutinga. Visita das escolas ao sítio Oficina O corpo fala VISITA AO INSTITUTO DE ARQUEOLOGIA BRASILEIRA FORMAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA Inclusão da História dos Povos Indígenas nas Cercanias da Guanabara Exposição no Museu Vivo do São Bento Museu Costa do Santinho em Santa Catarina Museu Sambaqui da Tarioba Rio das Ostras Representação de um sambaquiano de Rio das Ostras Sambaqui da Beirada Saquarema Escova Eu tinha vontade de fazer como os dois homens que vi sentados na terra escovando osso. No começo achei que aqueles homens não batiam bem. Porque ficavam sentados na terra o dia inteiro escovando osso. Depois aprendi que aqueles homens eram arqueólogos. E que eles faziam o serviço de escovar o osso por amor. E que eles queriam encontrar nos ossos vestígios de antigas civilizações que estariam enterrados por séculos naquele chão. Manoel de Barros Sítios Ameaçados Sambaqui do Iguaçu Sambaqui São Bento KIRIMURÊ Jota Velloso Espelho virado ao céu Espelho do mar de mim Iara índia de mel Dos rios que correm aqui Rendeira da beira da terra Com a espuma da esperança Kirimurê linda varanda De águas salgadas mansas De águas salgadas mansas Que mergulham dentro de mim Meu Deus deixou de lembrança Na história dos sambaquis Na fome da minha gente E nos traços que eu guardo em mim Minha voz é flecha ardente Nos catimbós que vivem aqui Eira e beira Onde era mata hoje é Bonfim De onde meu povo espreitava baleias É farol que desnorteia a mim Eira e beira Um caboclo não é Serafim Salve as folhas brasileiras Oh salvem as folhas pra mim Se me der a folha certa E eu cantar como aprendi Vou livrar a Terra inteira De tudo que é ruim Eu sou o dono da terra Eu sou o caboclo daqui Eu sou o dono da terra Eu sou o caboclo daqui Eu sou Tupinambá que vigia Eu sou o caboclo daqui Eu sou Tupinambá que vigia Eu sou o caboclo daqui Eu sou o dono da terra Eu sou o caboclo daqui Bibliografia GASPAR, M. D. Aspectos da organização social de um grupo de pescadores, coletores e caçadores que ocupou o litoral do Estado do Rio de Janeiro. Tese de Doutorado, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, Brasil, 362 p. 1991. GASPAR, M. D. Sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro. Ed. Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 89 p. 2000. GASPAR, Maria Dulce e outras. Histórico e principais resultados do projeto de investigação: o aproveitamento ambiental das populações pré-históricas do Rio de Janeiro. RJ: Arquivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v.62, n.2, p.103-129, abr./jun.2004 ISSN 0365-4508. KNEIP, L. M. O Sambaqui do Saco e de Madressilva – Saquarema, RJ. Documento de Trabalho, Série Arqueologia, Museu Nacional/UFRJ, nº 4, 67 p. 1997. OLIVEIRA, R. A.; MONTEIRO de ABREU, R. M. R. Relações entre memória, história e o Museu de Arqueologia Sambaqui de Tarioba: diálogos possíveis. XIV Encrontro Regional da ANPUH-Rio, Memória e Patrimônio. 2009. Bibliografia OLIVEIRA, R. A. Memórias da ocupação indígena no Estado do Rio de Janeiro: Um estudo de caso do Museu de Arqueologia Sambaqui da Tarioba. Dissertação de Mestrado em Memória Social, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 247 f. 2011. OLIVEIRA, Rafael C. Silva e Dias, Gilberto Tavares de Macedo. Evolução da planície costeira das Praias do Sul e do Leste – Ilha Grande/RJ: implicações sobre a presença humana pré-histórica e contribuições para a reconstrução paleoambiental holocênica. Quaternary and Environmental Geosciences (2017) 08(02):62-74. Fonte: PINTO, Diogo da Cerqueira. Concha sobre concha: construindo sambaqui e a paisagem no Recôncavo da Baia da Guanabara. RJ: Dissertação de mestrado em arqueologia pelo Museu Nacional/UFRJ, 2009. SOUZA, Sheila Mendonça e outros. Sambaqui do Amourins: mortos para Mounds. RJ: Revista de Arqueologia, volume 2: 84-103, 2012. 2020/2021
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