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Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato METABOLISMO DO FERRO 1° - DEFINIÇÃO: O ferro faz parte do grupo heme, sendo um metal pesado, livre, quase insolúvel e tóxico (por isso durante o ciclo está quase sempre ligado à proteínas de transporte ou funcionais). O homem adulto possui 30-40% a mais de ferro do que as mulheres em idade fértil, diferença decorrente da menstruação. Ele integra numerosas proteínas do organismo, como: → Citocromo, oxigenases, peroxidases, catalase, mioglobina e hemoglobina. COMPARTIMENTOS ARMAZENADORES DE FERRO HEMOGLOBINA (70 – 75%) → Principal forma funcional e depósito de ferro no organismo. → Anemia é a manifestação clínica mais presente na carência de ferro. MIOGLOBINA → Age como proteína de depósito de O² nos músculos, sendo o O² liberado em atividades físicas. → Aproximadamente 300mg de ferro na mioglobina corporal. → Presente em células do músculo esquelético e cardíaco. FERRITINA (25%) → Apoferritina (proteína sintetizada no fígado) armazena átomos de ferro e quando se liga ao ferro → Ferritina. → Principal proteína no armazenamento de ferro e em grandes quantidades. → [ ] de ferritina sérica é proporcional às reservas de ferro. → Cada ng/ml de ferritina → 10 mg de ferro armazenado. → VR: 20 – 200 ng/ml. HEMOSSIDERINA → Agregado heterogêneo de ferro, componentes do lisossomo, etc. → Restrita aos macrófagos da MO, fígado e baço. → Pode estar muito aumentada em casos de sobrecarga de ferro. TRANSFERRINA → Proteína sintetizada no fígado. → Responsável por transportar o ferro no plasma. → Faz link entre depósitos teciduais de metal e setor eritroide da MO. 2° - CICLO DO FERRO: ABSORÇÃO: → Regulado em resposta à necessidade de ferro pelo corpo. → Geralmente → 0,5 – 2,0 mg/dia → Quantidade de compensa as perdas (descamação de células, crescimentos, perdas sanguíneas menstruais). → Depende do: Depósito corporal de ferro, hipóxia e do ritmo de eritropoiese. Obs: A deficiência de ferro, permite a absorção de qualquer forma de ferro. O menos eficiente é na forma de ferro heme. MUCOSA INTESTINAL: → Duodeno e jejuno são os principais. → O percentual de ferro absorvido por essa mucosa não ultrapassa 50% do ferro ingerido. → O percentual sofre influência de: • Tipo de alimento ingerido, • Ingestão de alimentos inibidores ou estimuladores dessa absorção, • Necessidade do organismo. TIPOS DE FERRO ALIMENTAR: → Forma heme (origem animal): • Molécula heme é absorvida, • Heme liberado das proteínas animais por ação da pepsina, absorvido no duodeno, • A melhor forma absorvida (30% do heme é absorvido), por meio da Heme Carrier Protein 1 (HCP1), • Não sofre influência de outros alimentos → Forma não heme (origem vegetal): • Absorvido diretamente o íon ferroso (Fe+2), • É absorvido apenas 10% da forma não heme • Influenciado pelo pH ácido e outros alimentos. Anemia ferropriva Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato EFEITO DOS ALIMENTOS Estimulantes da absorção: → O pH ácido do estômago converte: íon férrico → íon ferroso, aumentando a absorção da forma não heme. O ácido ascórbico (vitamina C) é importante agente estimulante da absorção dos sais de ferro. A proteína derivada da carne também aumenta essa capacidade de absorção. → Hidroquinona, citrito, málico, sorbitol, cisteína, lactato, piruvato e frutose, facilitam essa absorção. Inibidores da absorção: → Algumas substâncias alimentares (principalmente derivados de cereais) inibe a absorção por possuir propriedades quelantes. → Fitatos (em fibras dietéticas e cereais). → Fenólicos (chá preto, mate, café e refrigerante). → Proteína dos ovos (albumina) e leite (caseína). → Fosfato (ovos e leite). → Minerais (Ca, Zn, Cu, Co, Mn). → Aditivos (EDTA). Obs: Descamação de células da mucosa é o meio principal de eliminação do ferro e proteção de sobrecarga dietética. Alimentos ricos em ferro: → Fígado e carne → Vegetais como: feijão e espinafre. REGULAÇÃO DA ABSORÇÃO DE FERRO A eliminação ocorre por descamação ou renovação celular. Uma das principais vias de eliminação é a via fecal. ABSORÇÃO Essa absorção é favorecida por agentes redutores que mantém a luz intestinal na forma Fe². A proteína DMT-1 (transportador divalente meta 1) age na transferência do ferro da luz do intestino pelos microvilos dos enterócitos; isso ocorre por ligação (IRP/IRE) aumentando o receptor da transferrina na deficiência de ferro. Ferroportina → Controla a saída de ferro da célula para o plasma da circulação portal. A hepdicina é um regulador que pode afetar na concentração de ferroportina. Ferro Incorporado pela ferritina nas células da mucosa Se necessidade corpórea do metal Ferro repassado para transferrina e todo corpo Se corpo não tiver necessidade Permanece na cél. intersticial = eliminadoTransportado por cél. intersticial p/ transportador na membrana basolateral (ferroportina) Heme Absorvido por receptor da membrana apical do enterócito duodenal Digerido para liberar ferro Como o enterócito sabe se deve repassar o ferro para transferrina ou retê-lo para eliminação? Hepdicina: → Hormônio hepático que regula o metabolismo. → Se liga a ferroportina e inibe o transporte de ferro pela membrana basolateral do enterócito em direção ao plasma. → Hipóxia inibe sua síntese. → Ferro e citocinas inflamatórias estimulam a síntese. Obs: Pacientes com adenoma hepático tem hipersecreção de hepdicina → anemia refratária à ferroterapia. Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato Se ↓ hepdicina na deficiência de ferro → ↑ ferroportina → Entrada ↑ ferro no plasma da circulação portal. A quantidade de ferro absorvido é regulada por meio da → necessidade do organismo, níveis de DMT-1 e ferroportina. TRANSPORTE DE FERRO (PLASMA) Apenas 2% do ferro corporal está ligado à transferrina, é através dela que o ferro chega aos eritroides na MO. A ligação do ferro à transferrina é mediada pelo TfR, que pode ocorrer sobre duas formas: → TfR1 → Amplamente expresso pela maioria das células. → TfR2 → Restrito aos hepatócitos, células da cripta duodenal e eritroide. Desempenha papel mais especializado no metabolismo. MEDULA ÓSSEA BAÇO Quando as hemácias se tornam senis, são fagocitadas por macrófagos sinusoides do baço. O ferro reciclado dentro dos macrófagos esplênicos, possuem dois destinos: → Estocado pela ferritina e hemossiderina dos próprios macrófagos. → Ser liberado no plasma, se ligando à transferrina e sendo novamente captado pelos eritroblastos da MO. A hepdicina pode inibir a liberação de ferro dos macrófagos para a transferrina plasmática. RESUMO DO CICLO Ferro atravessou enterócito Chegada ao plasma e ligação à transferrina Liberação do Fe para outros depósitos Eritroblastos Músculos (síntese de mioglobina) Outros tecidos (síntese de enzimas e citocromos) Transferrina plasmática com ferro Receptores nas membranas dos eritroblastos Ferro se dissocia do complexo Transferrina é exocitada e retorna ao sangue p/ ser reutilizada Ferro na medula Armazenado pela ferritina nas células da MO Captado pelas mitocôndrias das células da MO Introduzido na protoporfirina p/ formar o heme E torna-se parte da composição de uma mól de hemoglobina Ferro circulará junto com hemácias - 120 dias. Hemácias senis Fagócitos rompem a membrana Hemoglobina dissociada em: Globina Heme Ferro ingerido é absorvido no intestino delgado proximal Circula no sangue ligado à transferrina até a MO Precursores de hemácias recebem o ferro p/ gerar novos grupamentos Heme e formar novos reticulócitos Ferro excedente: armazenado em estoques de ferritinap/ usar em caso de carência Ferriredutase→ Enzima da superfície apical dos enterócitos. Converte Fe+ em Fe²+. Ferrioxidase → Enzima que converte Fe²+ em Fe³+, antes da ligação à transferrina. Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato PERDA E GANHO CORPORAL DE FERRO O corpo não é capaz de eliminar ativamente o ferro já estocado em seu interior, não conseguindo ser eliminado fisiologicamente. Por esta razão: → O paciente que realiza várias hemotransfusões se intoxica pelo ferro, gerando a hemocromatose secundária. Organismo não elimina a pequena fração de ferro das bolsas. → Mucosa intestinal: Protege contra a intoxicação do ferro, pois a mucosa só capta o ferro se o organismo necessitar, ficando em sua maioria estagnado na mucosa até que a descamação do epitélio o elimine. Doenças que aumentam a absorção do ferro: → Talassemias → Anemia sideroblástica → Hemocromatose primária (hereditária) SANGRAMENTO CRÔNICO Independente da origem da perda sanguínea crônica, a MO desse paciente necessitará constantemente de mais ferro para que haja a síntese de hemoglobina, pois a depender da quantidade de sangue que foi perdido, os estoques de ferro podem se esgotar. Como a capacidade da mucosa intestinal absorve apenas 50% do ferro dietético ingerido, o paciente poderia aumentar a ingesta de ferro para melhorar o quadro; porém este muitas vezes não sabe que está perdendo sangue, mantendo a dieta normal de 5 – 10 mg de ferro por dia. Se as perdas ultrapassarem esse limite, instala-se a anemia ferropriva. Este sangramento é a principal causa desse tipo de anemia. 10 ml de sangue → 5 mg de ferro SANGRAMENTO AGUDO Nesses casos, mesmo volumosa, se o paciente sobrevive e o sangue é estancado → perda de hemácias será compensada por um aumento na produção medular de reticulócitos. Ou seja, acontece síntese de hemboglobina que requisita o ferro armazenado, então o paciente geralmente não evolui com ferropenia. Caso paciente já tenha baixas reservas, não ia ter como haver essa requisição → ferropenia. O sangramento agudo nem sempre causa anemia ferropriva. ANEMIA FERROPRIVA 1° - DEFINIÇÃO: Anemia é definida pela OMS como “condição no qual o conteúdo de Hb no sangue está abaixo do normal, resultando em carência de um ou mais nutrientes essenciais, independente da causa”. A anemia ferropriva surge a partir do desequilíbrio entre ingesta, absorção e situações de demanda aumentada ou perda de ferro crônica → gera ↓ diminuição da produção, teor e tamanho de hemoglobina. A deficiência de ferro é uma das deficiências nutricionais mais prevalentes no mundo e está associada à redução da capacidade laborativa em adultos e prejuízos neuropsicomotores em crianças. Anemia microcítica (VCM < 80) e hipocrômica (HCM < 28) Quando ocorre ↓ Hb o transporte de O² fica comprometido e ocorrerão várias consequências danosas.Está associada à má absorção de ferro (H. Pylori) e à perda crônica de sangue, sendo um tipo de anemia muito relacionado com o nível socioeconômico. ↓ Reticulócitos = sinal patognomônico de anemias por deficiência de produção ou hiporregenerativas. 2° - EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO: → A deficiência de ferro é responsável por 75% de todos os casos de anemia. → É a causa mais comum de anemia em crianças, podendo chegar à 50%. → É mais acentuada em localidades pobres e países subdesenvolvidos. → DF em até 45% das crianças de até 5 anos. Em até 50% em mulheres em idade fértil. Como fatores de risco, têm-se: → Dieta deficiente em ferro e vegetarianos mal orientados. → Crianças, adolescentes, gestantes, mulheres em idade fértil e idosos são os mais acometidos. → Pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. → Pessoas dependentes de terceiros para se alimentar. Exemplo: idosos em asilo ou incapacitados fisicamente. → Hipotireoidismo podem causar anemia como manifestação secundária. Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato 3° - ETIOLOGIA EM ADULTOS: 4° - ETIOLOGIA EM CRIANÇAS: É a causa mais comum em crianças. Aquelas nascidas a termo, peso normal, apresenta reservas corporais de ferro de 70 mg/kg → suficiente para garantir as necessidades do metal até os 6 meses de idade, por isso é menos comum nessa faixa etária. O aleitamento materno exclusivo contém de 0,26 – 0,73 mg/ml de ferro e sua absorção é de 50%. O ferro do leite de vaca é pouco absorvido (10%). 5° - FISIOPATOLOGIA: Balanço negativo de ferro Consumo de estoques de ferro no organismo Depleção dos estoques (ferritina): Ferritina < 30 (Normal: 30 - 100) Fígado tenta compensar = ↑ transportador transferrina Capacidade total de ligação do ferro (TIBC) = ↑ à transferrina ↑ TIBC > 360 (Normal: 250 - 360) ↓ Do ferro sérico < 30 (Normal: 60 - 150) ANEMIA PROPRIAMENTE DITA Redução na saturação de transferrina < 10% (Normal: 20 - 40%) PREMATURIDADE → Prematuros e crianças PIG: Menos estoque de ferro e velocidade de crescimento maior. Aporte diário de (2mg/kg/dia). IDADE DE 6 – 24 MESES Período mais propenso. → Pico de crescimento, necessita de mais ferro → Esgotamento dos estoques do nascimento → Desmame sem suplemento de fórmulas e ferro ou alimentos enriquecidos. PERDA SANGUÍNEA → Déficit alimentar → Perda sanguínea crônica → Leite de vaca – menos ferro e causa sangramento nas fezes (enterocolite por alergia ao leite. DOENÇAS INFECTO PARASITÁRIAS → Ancilostomídeos → Tricocefalíase → Outras afecções PERDA SANGUÍNEA → Hipermenorreia: Uma das principais causas. Investigar mioma, pólipo uterino ou distúrbio hormonal. → Hemodiálise e exames de sangue frequentes: Caso as reservas de ferro estejam depletadas previamente, causa ferropenia. A doação de sangue pode causar (doa-se 250mg). → Perda sanguínea crônica: Causa de ferropenia em homens e idosos. Exemplo: hemorroida, doença péptica ulcerosa, CA de cólon. DEFEITOS NA ABSORÇÃO DE FERRO → Gastrectomia subtotal com anastomose Bilroth II: Trânsito digestivo não passa pelo duodeno (sítio de absorção de Fe). → Gastrectomia: Perde-se a acidez gástrica. → Enteropatias: Quando acomete jejuno proximal e duodeno. Doença celíaca pode causar. H. Pylori. → Pobreza: Baixa ingestão de Fe. GRAVIDEZ → Gestação: Perda média de ferro de 4 mg/dia. → Ocasionada por: Aumento de massa de hemácias, perda para o feto e perda sanguínea no parto. → Deve fazer reposição de sulfato ferroso. DOENÇAS INFECTO PARASITÁRIAS → Ancilostomídeos: Necator americanos e Ancylostoma duodenale. Alimentam-se de sangue. → Trichuris trichiura: Ocasiona múltiplas lesões hemorrágicas no cólon. OUTRAS CAUSAS → Hematúria crônica → Hemossiderose pulmonar idiopática → Hemoglobinúria paroxística noturna → Hemoglobinúria do machador Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato Éritron → Órgão único de eritroblastos + reticulócitos e hemácias. Contém 60 – 70% do ferro total. O restante é armazenado nos hepatócitos e macrófagos do sistema retículoendotelial (SER). Quando ocorre o balanço negativo de ferro, pode acontecer esgotamento das reservas no organismo, dificultando a produção de hemácias. TRÊS ESTÁGIOS DA DEFICIÊNCIA DE FERRO: → Deficiência de ferro pré-latente: • Redução nas reservas de ferro (ferritina sérica < 12) • Não há redução nos níveis de ferro sérico. → Deficiência latente de ferro: • Reservas de ferro exauridas • Declínio nos níveis de ferro sérico e medular • Hemoglobina acima do limite inferior do normal • Eritropoiese ineficaz • Hemácias ainda normocíticas e normocrônicas • Alterações bioquímicas no metabolismo do ferro: - Redução da saturação de transferrina (<16%) - Aumento da capacidade total de ligação do ferro (CTLF) - Elevação da protoporfirina eritrocitária livre • Pode haver diminuição da capacidade laboral → Anemia ferropriva instalada: • Restrição na síntesede hemoglobina • Hemácias sofrem alterações morfológicas (microcíticas e hipocrômicas) Ferro sérico 115 - 50 <115 <60 <40 TIBC 330 - 30 330 a 360 > 390 > 410 Saturação de transferrina Normal Normal ou diminuída < 16% < 16% 6° - QUADRO CLÍNICO: Pode haver pacientes assintomáticos. Sinais e sintomas são divididos em: → Relacionados à anemia → Relacionados à ferropenia SÍNDROME ANÊMICA É de instalação insidiosa, ou seja, sintomas demoram de aparecer. Sendo eles: → Astenia (fadiga e indisposição física) → Insônia → Palpitações → Palidez cutaneomucosa → Sopro sistólico de hiperfluxo → Hemorragias retinianas em anemias graves → Cefaleia e etc. Em pacientes que são previamente coronariopatas, cardiopatas, pneumopatas ou cerebrovasculopatas, a anemia pode desencadear angina pectoris, insuficiência cardíaca, dispneia e rebaixamento de consciência. SINAIS E SINTOMAS DE FERROPENIA Glossite e quelite: → Ardência e língua despapilada → As vezes acompanhada de quelite (lesão nos ângulos da boca) → São indicativos de anemia carencial (ferropriva e megaloblástica. ESTÁGIOS DO ESTOQUE DE FERRO Normal Depósitos reduzidos Eritropoiese deficiente Anemia ferropriva Anemia Ausente Ausente Presente Presente Morfologia das hemácias Normal Normal Normal Microcitose e hipocromia Depósitos de ferro +++ + 0 0 Ferritina sérica 100 - 60 <25 <10 <10 Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato Alterações tegumentares: → Unhas quebradiças → Coiloníquia (unha em colher) → Estado ferropênico avançado Perversão do apetite: → Parorexia (desejo de comer alimentos de baixo valor nutricional) → Geofagia → Pagofagia (vontade de comer gelo) Síndrome de plummer-vinson: → Disfagia pela formação da membrana fibrosa na junção entro hipofaringe e o esôfago → Frequente em mulheres idosas → A membrana não costuma desaparecer depois da reposição de ferro → Pode necessitar de terapia endoscópica por dilatação Alterações imunes: → Pode negativar testes cutâneos de alergia → Produção de IL-1 e IL-2 estão afetadas → Poder bactericida dos neutrófilos afetado (depleção de lactoferrina leucocitária) → Aumento de infecções Fraqueza muscular: → Pode ser desproporcional ao grau de anemia → Mioglobina dos músculos tem grupamento heme em sua composição Em crianças: → Anorexia → Irritabilidade → Pode ter prejuízo no desenvolvimento neuropsicomotor → Alterações comportamentais → Algumas deficiências podem se tornar irreversíveis Outras alterações: → Escleras de coloração azulada → Esplenomegalia de pequena monta (em 15%) Tríade clássica de ferropenia grave → Pagofagia, coiloníquea e esclera azul 7° - DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Outras causas de anemia hipocrômica e microcítica devem ser consideradas. São diagnósticos diferenciais: → Anemia de doença crônica → Talassemia → Anemia sideroblástica → Hemoglobinopatia C → Intoxicação por chumbo → Hipotireoidismo e deficiência de vitamina C → Diminuição da ferritina, estoque de ferro normal. Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato 8° - DIAGNÓSTICO: Sempre cogitar em qualquer paciente com anemia. A confirmação diagnóstica é feita pelo laboratório do ferro: → Ferro sérico → TIBC → Ferritina sérica → Em casos duvidosos, pode fazer o mielograma HEMOGRAMA Eritrograma: → Primeira fase: Anemia leve a moderada, índices hematimétricos normais (normocítica e normocrômica) → Segunda fase: Anemia moderada a grave, microcítica e hipocrômica. • Hemoglobina de 4 – 11 g/dl • VCM de 53 – 93 fL • CHCM de 22 – 31 g/dL • RDW > 14% • Índice de produção reticulocitária geralmente é normal Leucograma: → Em geral está normal Plaquetograma: → Trombocitose (aumento de plaquetas na periferia) → Contagem em torno de 500.000 – 600.000 mm³ PERFIL DO FERRO → Ferro sérico ↓ → Ferritina ↓ → TIBC ↑ → Saturação de transferrina ↓ Ferro sérico: → Geralmente < 30 mg/dL → Eleva-se imediatamente após reposição de ferro Obs: A reposição do ferro afeta os valores da ferritina podendo atrapalhar na interpretação da etiologia correta da anemia. Deve-se suspender a reposição de ferro, aguardar uma semana para obter valor de ferritina mais confiável. Ferritina sérica: → Teste indicado para documentar a deficiência de ferro → Primeiro parâmetro alterado na anemia ferropriva → Níveis < 15ng/ml são típicos de anemia ferropriva → Na anemia crônica → ferritina entre 50 – 500 ng/ml → Anemia ferropriva + anemia crônica = 20 – 60 ng/ml TIBC: → Reflete os sítios totais de ligação da transferrina → Elevado > 360 mg/dl (normal 250 – 360 ng/dl) → Elevado devido aumento de produção de transferrina pelo fígado → TIBC = ferro sérico + capacidade latente de fixação de ferro Saturação de transferrina: → Porcentagem dos receptores de ferro em moléculas de transferrina circulante → Geralmente < 15% (normal 30 – 40%) HEMATOSCOPIA → Fases iniciais: anisocitose → Anemia evolui: hipocromia e microcitose → Anemia grave: poiquilocitose – hemácias em forma de charuto e micrócitos bizarros ASPIRADO DE MEDULA ÓSSEA → Os estoques de ferro da medula óssea estão graduados de 1 – 4+ → A presença de qualquer ferro corável afasta anemia ferropriva → Pode diferenciar anemia ferropriva de anemia de doença crônica → Exame de maior acurácia para diagnóstico de anemia ferropriva → Realizado apenas em casos duvidosos Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato 9° - TRATAMENTO: ORIENTAÇÕES → Terapia dietética não tem valor, devido a baixa biodisponibilidade de ferro nos alimentos → Preparados contendo ferro em forma ferrosa (Fe+2) são prontamente absorvidos pelo TGI FERRO POR VIA ORAL → Para adultos: 180 – 200 mg de ferro elementar por dia. Reposição deve durar em adultos de 3 – 6 meses após elevação do hematócrito, para repor as reservas de ferro → Para crianças: 1,5 – 2 mg de ferro elementar por dia, dividia em 3 – 4 tomadas. Deve durar de 3 – 4 meses ou 2 meses após normalização da Hb. → Absorção melhor de estômago vazio, 1 – 2 h antes das refeições, de preferência associado a vitamina C ou suco de laranja. Obs: Pacientes em uso de antiácido ou inibidores de bomba de prótons → doses maiores por mais tempo. Efeitos colaterais: → Náuseas, vômitos, diarreia → Desconforto epigástrico → Sulfato ferroso só pode ser dado junto com a comida em casos de intolerância gástrica Avaliação do tratamento oral: → Por meio da contagem de reticulócitos que aumenta nos primeiros dias e tem pico entre 5 – 10 dias. → Hemoglobina e hematócrito sobem em 2 semanas, voltando ao normal em 2 meses após início do tratamento. → Ferritina sérica deve chegar a > 50 ng/ml Causa de falhas no tratamento: → Diagnóstico etiológico equivocado → Anemia multifatorial → Má adesão terapêutica, doença celíaca → Ritmo de sangramento crônico maior do que a reposição FERRO PARENTERAL É efetiva, cara, trabalhosa e não isenta de efeitos colaterais. Via preferencial: endovenosa, mas pode usar via muscular. Indicado em casos de: → Síndromes de má absorção duodenojejunal (doença celíaca) → Intolerância às preparações orais → Anemia ferropriva refratária à terapia oral, apesar da adesão terapêutica → Necessidade de reposição imediata Pode aparecer no local da infusão: irritação, dor, queimação local, náuseas, gosto metálico na boca, etc. Utiliza-se: → Ferro-dextran com 50 mg/ml de ferro elementar por solução (mais antigo) → Gluconato férrico de sódio e ferro-sucrose = mais seguros que o ferro-dextran 10° - PREVENÇÃO: → Em alguns países = suplementação de ferro na farinha de trigo → Reposição profilática durante a gestação, lactantes e crianças de até 5 anos → Para quem planeja engravidar, é recomendado o uso de até 18mg de ferro por dia → Crianças, até 1 ano: Tomar 40 mg, equivalentea 6 gotas, 3 vezes ao dia. → Crianças de 1 a 5 anos: Tomar 80 mg, ou 12 gotas, 3 vezes ao dia. → Para as gestantes, a recomendação é de 27 miligramas de ferro por dia → No pós-parto recomenda-se prescrever 65mg/dia de ferro elementar para a puérpera e repetir a dosagem de Hb e soro teste de ferritina após 8 semanas 4. REFERÊNCIAS: - Anais da Academia de Ciência e Tecnologia de São José do Rio Preto, 2008 – anemia ferropriva e metabolismo do ferro – Paulo de Aquino Panzza. - Fundamentos em hematologia – Victor Hoffbrand – 2016. - Manual de hematologia e propedêutica clínica – Lorenzzi. - Anemia ferropriva infantil – uma revisão bibliográfica – Marisa Aparecida et al. – Inesul.
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