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Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato METABOLISMO DA VITAMINA B12 1° - DEFINIÇÃO: A cianocobalamina é uma vitamina hidrossolúvel do complexo B, que age como coenzima de reações químicas. É semelhante ao heme, mas não consegue ser sintetizada no próprio corpo, necessitando ser adquirida por meio da dieta. É sintetizada na natureza por microrganismos e as únicas fontes dietéticas são os compostos de origem animal, por isso, vegetarianos pode desenvolver deficiência a essa vitamina. São responsáveis por: Metiltetrafolato Homocisteína = Metiona A metionina é um aminoácido essencial e, na forma transformada, é um importante doador de grupos metila em várias reações enzimáticas. Essa vitamina ajuda na formação de células sanguíneas, evitar a anemia perniciosa e outras complicações, como o derrame cerebral e as doenças cardíacas. NECESSIDADE DIÁRIA A necessidade mínima de B12 → 2,5 ug/dia (2,5 unidades/dia). Quantidade corpórea total → 2 – 4 mg (metade das reservas no fígado). Absorção não prejudicada → necessário de 10 – 15 anos com baixa ingestão de cobalamina para que houvesse o surgimento de sinais e sintomas. Absorção prejudicada → 3 – 6 anos com baixa ingestão de cobalamina para que houvesse o surgimento de sinais e sintomas. ABSORÇÃO A vitamina B12 é absorvida no trato gastrointestinal. As células parietais das glândulas gástricas secretam o fator intrínseco, que se combina a vitamina B12 dos alimentos, tornando-a disponível para a absorção intestinal. O IF age evitando a degradação da vitamina B12 e funciona como guia até alcançar o íleo distal, 99% da asorção desta vitamina, só ocorre quando esta se liga ao IF. Cerca de 1% de B12 é absorvida por meio de difusão passiva. É absorvida para o sangue portal. TRANSPORTE → TC: é essencial para a transferência de B12 para as células do organismo, porém, a quantidade de B12 ligada à TC é relativamente baixa (< 50 ng/L). Meia vida curta. Deficiência de TC causa anemia megaloblástica = B12 não entra na MO. Porém, nível sérico de B12 é normal nessa deficiência → Mas por que os níveis séricos de B12 continuam normais? Ocorre pelo fato da maioria de B12 estar ligada no plasma a outra proteína → haptocorrina (glicoproteína sintetizada por granulócitos e macrófagos. B12 liberada das proteínas que vem ligadas nos alimentos No duodeno se liga à glicoproteína fator intrínseco (IF) → Complexo IF-B¹² IF-B¹² se liga à cubina (receptor de superfície de IF) Cubina se liga à proteína amnionless Amnionless → endocitose do complexo cubilina/IF-B¹² no íleo distal B12 absorvida IF destruído B12 absorvida no sangue portal Se liga à proteína plasmática transcobalamina (TC) TC entrega B12 à MO e outros tecidos Anemia megaloblástica Metila Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato → Haptocorrina: Não transfere B12 para a MO, sendo funcionalmente morta. É quantitativamente o maior carregador de B12. FUNÇÃO BIOQUÍMICA A vitamina B12 é uma coenzima que desencadeia duas reações: → Primeira reação (ligada ao metabolismo do folato) → Segunda reação (não ligada ao metabolismo do folato) PRIMEIRA REAÇÃO: → Vitamina B12 + metil é cofator da enzima metionina sintase. → Esta enzima realiza conversão de metiltetraidrofolato (MTHF – forma circulante do folato) em Tetraidrofolato (THF – forma ativa do folato). → Para a formação desta enzima, o MTHF transfere metil para um aminoácido (homocisteína). Se houver deficiência de folato e B12 = ↑ dos níveis de homocisteína. → Deficiência de B12 = ↓ formação de THF = ↓ folato ativo = deficiência de folato → Dosagem de homocisteína pode ser utilizada para teste de deficiência de B12 e folato. • Hiper-homocisteinemia → lesão do endotélio → risco de aterosclerose. → Alteração na formação de metionina → ↓ fosfolipídios de colina (formador de bainha de mielina) → quadro neurológico. SEGUNDA REAÇÃO: → Conversão do metilmalonil-coenzima A (CoA) em succinil CoA, por meio do auxílio de desoxiadenosil B12 (Ado-B12). → Deficiência de B12 = ↑ níveis séricos de ácido metilmalônico, a dosagem deste ácido pode ser utilizada para teste de deficiência de B12. → Alterações neurológicas presentes na carência de B12 decorre de ↑ metilmalonil- coenzima A = síntese de ácidos graxos não fisiológicos que incorpora lipídios neuronais. RESUMO DO METABOLISMO B12 Ligação do fator intrínseco com B12 (protege da digestão) Ligação à receptores específicos na membrana da borda em escova no íleo Transporte sanguíneo por pinocitose Armazenamento no fígado Liberada para medula óssea conforme necessidade Doenças mieloproliferativas (↑ produção de granulócitos) ocasionam ↑ de B12 e haptocorrina. ↓ B12 e metionina → conversão de ácido fólico p/ gerar metionina → ↓ síntese de DNA = Anemia megaloblástica Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato METABOLISMO DO ÁCIDO FÓLICO 1° - DEFINIÇÃO: É uma vitamina hidrossolúvel do complexo B que age como cofator de reações envolvidas na síntese de timinas e purinas, bases componentes da molécula de DNA. O organismo humano é incapaz de sintetizar este ácido, necessitando do folato pré-formado por meio de dieta. As fontes de folato são: → Vegetais verdes → Fritas → Carnes (fígado, em especial) → Facilmente destruído durante o cozimento. Sua deficiência advém da: → Deficiência de absorção intestinal → Baixa disponibilidade na dieta. A deficiência desta vitamina compromete na: → Síntese de DNA → Divisão celular Manifestações clínicas são observadas em tecidos com alta taxa de divisão celular, entre eles a medula óssea. Como a síntese de RNA e a síntese proteica não são comprometidas, há alteração da maturação das hemácias, originando a anemia megaloblástica ou perniciosa. ABSORÇÃO E TRANSPORTE → Folato é responsável por conversão de homocisteína em metionina. → Sintetiza precursores purínicos de DNA. → Transfere metileno para aceptores, dando origem às bases nitrogenadas. RESUMO B12 E B9 VITAMINA B12 ÁCIDO FÓLICO Ingestão diária 7 – 30 ug 200 – 250 ug Fontes Produtos animais Fígado, vegetais verdes e levedura Necessidade mínima diária 1 – 2 ug 100 – 150 ug Depósito 2 – 3 mg (dura 2 – 4 anos) 10 – 12 mg (dura 4 meses) Absorção, mecanismo e limite Íleo, por fator intrínseco. Máx. 2 – 3 ug/dia Duodenojejunal, por metiltetraidrofolato. Máx. 50 – 80% da dieta. Transporte no plasma Maioria ligado à haptocorrina. TC essencial p/ captação celular Fracamente ligada à albumina Folato dietético Convertido em Metil-THF no intestino delgado alto Interior da célula Conversão em poliglutamatos de folato Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato ANEMIA MEGALOBLÁSTICA 1° - DEFINIÇÃO: Tipo de anemia decorrente da deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico, pois é ocasionada pela ausência de cofatores responsáveis por sintetizar o DNA, gerando em uma assincronia na maturação do núcleo em relação ao citoplasma, podendo afetar todas as células sanguíneas. É uma anemia macrocítica caracterizada por: → ↓ Eritrócitos → ↓ Hemoglobina → ↓ Hematócrito → ↑ VCM → ↑ RDW → HCM e CHCM normais As células que se dividem de forma mais rápida são as mais afetadas, por isso os eritrócitos passam a ter volume e tamanho aumentado (megaloblastos) sendo considerado defeituosos e consequentemente são destruídos na medula → eritropoiese ineficaz e anemia. EPIDEMIOLOGIA: → Carência de B12 e folato estão menos frequentes, diminuindo a incidência dessa anemia. → Encontrado entre grávidas de baixo nível socioeconômico, idosos, alcoólatras e na anemia perniciosa. → Anemia é um dos principais problemas de saúde pública.2° - ETIOLOGIA: CARÊNCIA DE VITAMINA B12 → Carência alimentar em vegetarianos. → Gatrite atrófica: Tipo A (fundo e corpo do estômago - anemia perniciosa e anticorpos contra FI) e Tipo B (fundo, corpo e antro - não imune). → Ausência congênita de transcobalamina. → Gastrectomia total, idosos. → Insuficiência exócrina pancreática, hiperproliferação bacteriana. → Alterações na mucosa ileal, anemia perniciosa. Anemia perniciosa Anemia perniciosa é uma deficiência nutricional de cobalamina, causada pela incapacidade da mucosa gástrica em secretar o fator intrínseco, pois os autoanticorpos atacam as células do corpo e fundo gástrico. Este distúrbio é determinado geneticamente, porém não é manifestado precocemente. Com exceção da forma congênita que aparece até os dois primeiros anos de vida da criança. É considerada uma anemia megaloblástica. Epidemiologia: → Causa mais comum de deficiência de B12 → Afeta entre 45 – 65 anos, rara em < 30 anos → Mais comum em mulheres, nórdicas de olhos azuis e cabelos brancos precocemente → Fator de risco para adenocarcinoma gástrico Etiologia: → Autoanticorpos específicos anti-células parietais → atrofia das células parietais → Autoanticorpos bloqueiam células da mucosa gástrica → impede ligação entre B12 e fator intrínseco – atrofia da mucosa → Atrofia → gera ausência de ácido clorídrico livre no suco gástrico e ↓ FI → Surgimento de gastrite autoimune com infiltração de células mononucleares • Monócitos • Linfócitos TCD4+ Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato → Helicobacter Pylori pode iniciar gastrite autoimune → Em jovens: anemia ferropriva. Em idosos: anemia perniciosa. O principal antígeno para que sejam desenvolvidos os anticorpos, é a enzima produtora de ácido: H+, K+-ATPAse, que é uma proteína de 92 kDA presente na membrana das células parietais. Existem dois tipos de anticorpos anti-FI: → Anticorpos que bloqueiam a ligação da cobalamina ao Fator Intrínseco → Anticorpos que se ligam ao complexo cobalamina-FI e impedem que o complexo se ligue aos receptores do íleo e sejam absorvidos. Nas crianças, a Anemia Perniciosa pode existir de duas formas: → Anemia Perniciosa Congênita: Aparece precocemente no segundo ano de vida, onde há ausência de secreção de FI ou o FI secretado é funcionalmente deficiente. É rara e não está associada à atrofia da mucosa gástrica, uma vez que a secreção de ácido clorídrico é normal. Anticorpos para as células parietais e para o Fator Intrínseco também estão ausentes. → Anemia Perniciosa Juvenil: tem início na segunda década da vida das crianças e é semelhante à de adultos, ocorrendo: atrofia gástrica, acloridria e com grande frequência anticorpos circulantes anticélulas parietais e numa frequência menor anticorpos anti-fator intrínseco. Quadro clínico: → Anemia e fraqueza → Palidez acentuada → Icterícia → Alterações neurológicas CARÊNCIA DE ÁCIDO FÓLICO → Carência alimentar por dietas rigorosas, crianças de 2 – 18 meses, idosos, pobres, cozimento excessivo → Distúrbios do trânsito intestinal → diarreia crônica, doença celíaca, drogas anticonvulsivantes, enterite, etc. → Drogas que inibem a di-hidrofolato redutase → Alcoolismo • Álcool tem ↑ caloria = ↓ consumo de alimentos • Dificulta absorção e circulação de B9 através do ciclo êntero-hepático → Demanda de ácido fólico aumentada em pessoas com intensa síntese de DNA • Dermatite crônica esfoliativas • Anemia hemolíticas crônicas (eritropoiese aumentada) • Neoplasia • Lactentes (devido ao rápido crescimento) • Gravidez → Erros inatos do metabolismo do folato 3° - FISIOPATOLOGIA: Anemia decorrente de uma disparidade entre a disponibilidade e demanda de B12 e B9. Na hematopoiese normal o DNA da hemácia é formado por meio do ácido fólico que sintetiza THF (folato ativo) com o auxílio da vitamina B12. Hematopoiese anormal: → ↓ Ácido fólico e/ou B12 → Bloqueio da síntese de DNA (não produz timidina) → Macrocitose → Pode ocorrer moderada plaquetopenia e neutropenia com neutrófilos polissegmentados. → A síntese de RNA não está alterada (não precisa de timidina para produção) → não ocorre redução de formação de proteínas citoplasmáticas e do crescimento celular. 4° - QUADRO CLÍNICO: Instalação insidiosa, com sinais e sintomas progressivos de anemia. Manifestações por baixa de B12 ou folato são clinicamente indistinguíveis, a não ser pela história recente (6 meses) em Medula Presença de megaloblastos ↑ Morte celular intramedular Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato casos de baixa de ácido fólico e mais prolongada em casos de baixa de B12 (>3 anos). Alguns são assintomáticos. Pode ocorrer: Manifestações hematológicas: → Icterícia (Coloração amarelo-limão devido ao excesso de catabolismo de hemoglobina resultante do aumento da eritropoiese ineficaz na MO). → Claudicação intermitente → Petéquias e púrpuras (devido trombocitopenia) → Fraqueza, dispneia e palidez Manifestações digestivas: → Glossite (língua avermelhada com atrofia de papilas) → Estomatite angular (quelite) → Sintomas de má absorção • Diarreia • Perda de peso Manifestações neurológicas: Podem ocorrer devido formação inadequada de metionina que acarreta na formação de homocisteína e ácido metiomalônico, gerando em alterações na bainha de mielina. → Neuropatia progressiva • Afeta nervos sensitivos periféricos e cordões posterior e lateral da medula • Ocorre por ↓ B12 • Simétrica, afeta principalmente MMII • Formigamento e dificuldade de deambular • Atrofia óptica e sintomas psiquiátricos são raros → Depressão, irritabilidade, insônia, psicose → ↓ Sensibilidade profunda (proprioceptiva e vibratória) → Sinal de Roomberg, marcha atáxica → Síndrome piramidal dos MMII • Fraqueza, espasticidade, sinal de Babinski, hiperreflexia profunda Obs: Manifestações neurológicas só respondem à reposição de cobalamina se for iniciada precocemente (preferência: nos primeiros 6 meses) Deficiência de folato: → Não ocorre manifestações neurológicas → Achados digestivos mais exuberantes, geralmente estão mais desnutridos → Pode ter hiperpigmentação difusa da pele ou das pregas Defeito no tubo neural: A deficiência de folato ou B12 na mão, predispõe tais defeitos. Supõe-se que esteja relacionado com a formação de homocisteína e S-Adenosil-homocisteína no feto = ↓ metilação de proteínas e lipídios. Por isso, é indicado uso de ácido fólico na gestação. → Anencefalia → Espinha bífida → Encefalocele Manifestações teciduais: → Esterilidade frequente em ambos os sexos → Macrocitose, excesso de apoptose e outras anomalias morfológicas da mucosa cervical, bucal e vesical → ↓ B12 → ↓ Atividade osteoblástica → ↓ B9 → Risco cardiovascular e doenças malignas 5° - DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: → Doenças que causam anemia macrocítica com pancitopenia ou macrocitose. → Síndrome mielodisplásica Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato → Anemia aplástica grave (se intensa pancitopenia) → Leucemia aguda (hipocelularidade eritrocitária e excesso de granulócitos aberrantes) → Doenças neurológicas psiquiátricas inexplicáveis 6° - DIAGNÓSTICO: Dependerá do quadro clínico, que às vezes é sugestivo, mas nem sempre os dados são suficientes para concluir o diagnóstico. Faz-se necessário observar alterações morfológicas, características no sangue periférico e medula óssea. Para isso são realizados: → Hemograma → Mielograma → Dosagem de cobalamina sérica → Dosagem de folato sérico e/ou eritrocitário → dosagem de metilmalonato urinário (aumentado na deficiência de vitamina B12) → Dosagem de homocisteína O teste de Schilling é útil no diagnóstico de anemia perniciosa, entretanto é um teste em desuso por utilizar material radioativo. Muito importante definir o defeito vitamínico que causa a anemia megaloblástica paraque haja um tratamento efetivo. HEMOGRAMA E SANGUE PERIFÉRICO A anemia é macrocítica e normocrômica. Os achados nos exames laboratoriais são: → VCM > 98 fL → HCM e CHCM normais (síntese de Hb continua) → ↑ RDW → Anisocitose → ↑ Bilirrubina sérica não conjugada e desidrogenase láctica (LDH) → Resultado de destruição de células na MO. LDH em torno de 3.800 U/ml (VR: 240 U/ml) → Pancitopenia (decorrente da concentração diminuída de hemácias, leucócitos e plaquetas) – leucopenia + trombocitopenia → ↓ Reticulócitos (problemas na produção da linhagem eritróide) Achados do esfregaço sanguíneo: → Neutrófilos hipersegmentados (sinal mais precoce da disfunção da granulopoese) → Eritroblastos grandes com cromatina frouxa (falta de maturação) → Macrócitos ovais → Anisocitose e poiquilocitose → esquistócitos, dacriócitos, corpúsculos de Howell-Jolly, anel de Cabot, eritroblastos e até megaloblastos MIELOGRAMA Exame torna-se desnecessário se o caso é típico. Ele vai confirmar as alterações megaloblásticas. O quadro citológico medular é muito característico e quando é realizada precocemente, o diagnóstico de anemia megaloblástica pode ser confirmado com segurança (padrão – ouro). → Hiperplasia da linhagem eritróide → composta por megaloblastos → ↓ Precursores maduros da série branca → ↓ Megacariócitos → se apresentam mais basofílicos e hiperlobulados → ↑ Aberrações citológicas • Megaloblastos gigantes ou com núcleos polilobulados, binucleados, contendo múltiplos micronúcleos, pontes citoplasmáticas e nucleares, cariorréxis. Na série branca as alterações são mais evidentes nas fases tardias da maturação e então observa-se presença de mielócitos emetamielócitos de volume aumentado, com núcleo gigante. Anemia leve e moderada Hb 8 - 10 g/dL Ht > 25% Eritrócito 2,5 - 3,8 x 106 uL VCM até 110 fL Anemia grave Hb < 7 - 8 g/dL Ht < 25% Eritrócito 1,8 - 2,0 x 106 uL VCM 110 - 170 fL Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato DOSAGEM DE B12 E FOLATO São indispensáveis. Questionar história clínica e existência de condições prévias (doença celíaca, cirurgias, etc). Na ausência de anormalidades gastrintestinais em indivíduos com dieta normal, a 1° suspeita a ser testada é B12. → Pacientes com achados típicos no hemograma → realização de dosagem de B12 → História de alterações gastrintestinais → Dosar B12 e folato Deficiência de folato → ↓ Folato sérico e eritrocitário. Deficiência de B12 → ↓ B12. Folato sérico tende a aumentar e o eritrocitário a diminuir. Dosagem de B12 O teste mais utilizado para diagnosticar deficiência de vitamina B12, tem menor custo e ser mais conhecido. → Níveis normais: 200 – 900 pg/ml → Faixa de incerteza: 200 – 300 pg/ml → Deficiência < 200 pg/ml → Pode acarretar em ↑ folato Dosagem de folato → Folato sérico normal: 2,5 – 20 ng/ml → Folato sérico <2 ng/ml → carência de folato → Faixa de incerteza: 2 – 4 ng/ml (nesse caso, dosa folato eritrocitário) Folato sérico deve ser colhido em jejum e em pacientes sem histórico de anorexia. OUTRAS DOSAGENS Em casos de dúvida diagnóstica, a dosagem sérica de ácido metilmalônico e homocisteína podem ser úteis. Ácido metilmalônico: → ↑ Apenas em deficiência de B12 → Pacientes com ↓ B12 → Ácido de 3.500 – 2.000.000 nmol/L (VR: 70 – 270 nmol/L) → Valores podem estar falsamente baixos em casos de uso de antibiótico de amplo espectro Homocisteína: → ↑ Na deficiência de B12 e folato → Carência dessas vitaminas → 50 – 250 nmol/L (VR: 5 – 14 nmol/L) → Insuficiência renal e depleção do volume intravascular → ↑ Homocisteína e ácido metilmalônico DIAGNÓSTICO DE ANEMIA PERNICIOSA Se estabelecido o diagnóstico de anemia megaloblástica por deficiência de B12, deve-se pesquisar anemia perniciosa, sendo que a acloridria auxilia no diagnóstico. Dosagem de anticorpo antifator intrínseco: → Sensibilidade: 50 – 70% → Especificidade: Próximo à 100% → Anticélula parietal é o mais sensível, porém menos específico Biópsia gástrica: → Baixa especificidade: não é obrigatória → Revela gastrite atrófica tipo A Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato 7° - TRATAMENTO: Todos com carência das vitaminas devem ser tratados. A maioria dos casos necessita somente de tratamento com a vitamina apropriada. O tratamento não deve ser postergado em casos de: → Sintomatologia presente → Achados neurológicos ou psiquiátricos (risco de irreversibilidade) → Gestação → Neonatos e bebês A vitamina B12 e o Ácido fólico podem ser administrados por via oral ou parenteral. → Via parenteral • Reservada para os casos de anemia sintomática ou manifestações neurológicas, absorção gastrointestinal inadequada (anemia perniciosa). Pacientes com anemia megaloblástica por baixa ingestão dietética podem ser manejados com formulações orais. A duração o tratamento varia de acordo com a condição de base. Quando a causa da deficiência é irreversível (cirurgia bariátrica) a reposição dever ser contínua. Nos demais casos (deficiência induzida por drogas) a reposição pode ser suspensa quando p fator causal foi eliminado e a deficiência for corrigida. Em alguns casos, os nutrientes são prescritos para profilaxia primária ou secundária Vitamina B12 → Dieta vegetariana → Cirurgia bariátrica → Gastrectomia → Síndrome de má absorção Ácido fólico → Anemia hemolítica crônica → Cirurgia bariátrica → Hemodiálise REPOSIÇÃO DE B12 → Disponível via subcutânea, IM, VO e sublingual → Anemia perniciosa deve ser tratada com vitamina B12 IM por toda a vida, visto que a alteração na absorção é irreversível → Idosos com atrofia gástrica, má absorção por difícil dissociação de B12, vegetarianos devem utilizar previamente doses orais diárias de 50 ug → A melhora subjetiva acontece em 48 horas, com restabelecimento da hematopoiese normal MEDICAÇÃO POSOLOGIA Cianocobalamina (2.500 microgramas/ml) 5.000 microgramas IM a cada 7 dias, por 4 semanas. Seguido de 5.000 microgramas IM, a cada 30 dias (uso contínuo se a causa dor irreversível) Cianocobalamina (1.000 microgramas/cp) 1.000 microgramas VO de 24/24h até a correção da deficiência. Obs: Quando a carência de vitamina B12 é decorrente do supercrescimento de bactérias, indica-se antibioticoterapia. REPOSIÇÃO DE FOLATO → Disponível via IV, IM, subcutânea e VO → Correção da dieta com aumento da ingesta de verduras verdes → Tratamento permanente é necessário em pacientes com doenças que aumentam o consumo de folato • Anemia hemolítica crônica • Hemodiálise MEDICAÇÃO POSOLOGIA Ácido Fólico (5mg/cp) 5mg VO de 24/24h até a correção da deficiência ou uso contínuo se a causa for irreversível OBS: A reposição de ácido fólico em pacientes com deficiência de vitamina B12 podem normalizar o hemograma, mas não há efeito sob as manifestações neurológicas, havendo risco de piora neurológica se a vitamina B12 também não for reposta. Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato TABELA VICTOR HOFFBRAND RESPOSTA AO TRATAMENTO → Paciente se sente melhor em 24 – 48 horas de tratamento correto da vitamina → Aumento do apetite e bem-estar → Hemoglobina aumenta em 2 – 3 g/dL a cada 15 dias → Contagem de leucócitos e plaquetas normais em 7 – 10 dias → Medula normoblástica em 48 horas (embora persistam metamielócitos gigantes por 12 dias) → Neuropatia periférica pode melhorar parcialmente após 4 – 6 meses (dano a medula é irreversível) → Pico reticulocitário entre 5 – 7 dias → Ácido metilmalônico e homocisteína reduz em 48 horas e normaliza de 5 – 10 dias COMPLICAÇÕES DO TRATAMENTO Hipocalemia: → Aparece durante a reposição devido ao consumo de potássio pelas células hematológicas → Deve ser acompanhado, especialmente nas primeiras 48 horas Retenção de sódio: → Pode ser provocada por reposição de B12 → Pode descompensar pacientecardiopata Falsa melhora do paciente: → Quando repõe ácido fólico em pacientes com baixa de B12 → Quadro hematológico melhora, mas o neurológico não PROVA TERAPÊUTICA Usados quando há dúvida diagnóstica entre anemia megaloblástica e outras doenças com manifestações clínicas semelhantes. Usa-se doses de 1 mg de ácido fólico oral por 10 dias ou 1 mg de vitamina B12 parenteral por 10 dias Em certas situações, a reposição de ácido fólico pode reverter algumas anormalidades devido a deficiência de B12, porém alterações neurológicas não são tratadas e podem ser mascaradas. 8° - PROFILAXIA: → Vitamina B12 administrada periodicamente em pacientes com gastrectomia total ou ressecção ileal → Gestação e mulheres em idade fértil em uso de anticonvulsivantes → Ácido fólico 400 ug diários = evitar defeito no tubo neural → Portadores de hemólise crônica (diálise) e doenças mieloproliferativas → 1 mg/dia de folato. → Pacientes com disabsorção de B12 → 2.000 ug/d de B12 Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato → Os idosos são candidatos à suplementação de ácido fólico, vitamina B6 e vitamina B12, já que possuem maior predisposição para situações de gastrite atrófica e hipocloridria, com diminuição na absorção de folatos e cobalamina, dependentes de meio ácido. → Mulheres que já tiveram uma criança com defeito de fechamento do tubo neural a dose recomendada é de 4000mg, começando um mês antes da concepção até o terceiro mês da gestação → Os alimentos devem ser consumidos, preferencialmente, frescos ou crus. REFERÊNCIAS: - Anemia perniciosa – revisão de literatura – ciência News – arquivos hematologia. - Anemia megaloblástica – revisão de literatura – Mirella Monteiro et al. – Revista saúde em foco – 2019 – Portal UNISEPE - Fundamentos em hematologia – 6° ed – Vitor Hoffbrand - Hematologia: Fundamento e práticas – 1° ed – ZAGO et al. - Manual de hematologia e propedêutica clínica - Lorenzzi
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