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Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato HEMOSTASIA 1° - DEFINIÇÃO: Série complexa de fenômenos biológicos que ocorre resposta imediata à lesão de um vaso sanguíneo com objetivo de deter a hemorragia. O mecanismo hemostático inclui três processos: → Hemostasia primária, → Coagulação (hemostasia secundária) → Fibrinólise Esses processos têm em conjunto a finalidade de manter a fluidez necessária do sangue, sem haver extravasamento pelos vasos ou obstrução do fluxo pela presença de trombos. Porém, essa resposta deve ser controlada para evitar o surgimento de coágulos extensos. O sistema hemostático consiste em um equilíbrio entre mecanismos pró-coagulantes e anticoagulantes, associados a um mecanismo de fibrinólise. COMPONENTES DA RESPOSTA HEMOSTÁTICA 1° - PLAQUETAS: São produzidas na medula óssea por meio de megacariócitos (célula precursora de células- tronco). Este megacariócito amadurecem por replicação do DNA, quando adultos são enormes contendo um único núcleo lobulado. As plaquetas são decorrentes da fragmentação citoplasmática dos megacariócitos. → Cada megacariócito origina de 1.000 – 5.000 plaquetas → A diferenciação de células-tronco até produção de plaquetas → 10 dias → Trombopoietina → Principal regulador da produção plaquetária. • Sintetizada no fígado e rins. • ↑ Número e ritmo de maturação de megacariócitos via receptor c-MPL • Obs: Agentes trombomiméticos usados clinicamente → ↑ Plaquetas → Plaquetas tem receptores c-MPL removendo trombopoietina da circulação • Nível de trombopoietina é elevado quando há trombocitopenia por falta de produção de plaquetas. → VR plaquetas → 250.000 uL (Limite: 150 – 400.00 uL). Sobrevida de 7 – 10 dias. Estrutura das plaquetas Glicoproteínas de revestimento → Importante nas reações de adesão e agregação de plaquetas. → A adesão ao colágeno é facilitada pela glicoproteína Ia Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato → Glicoproteína Ib e IIb/IIa são importantes na ligação de plaquetas ao FvW e ao subendotélio vascular → Glicoproteína IIb/IIIa é importante receptor de fibrinogênio. Membrana plasmática → Invagina-se na plaqueta p/ formar sistema de membrana aberto: canalicular, constituindo superfície reativa capaz de serem absorvidas por proteínas plasmáticas. → Fosfolipídios é importante na conversão do fator X de coagulação em Xa e Protrombina em trombina. Plaquetas → Três tipos de grânulos de armazenamento: Antígenos plaquetários → Proteínas na superfície das plaquetas atuam na autoimunidade plaqueta-específica = Antígenos plaquetários humanos. Podem expressar antígenos ABO e leucocitários humanos (HLA) classe I. FUNÇÃO PLAQUETÁRIA Principal função é a formação do tampão mecânico durante a resposta hemostática normal à lesão vascular. Ausência de plaquetas pode gerar sangramento espontâneo em pequenos vasos. A função plaquetária pode se dividir em: → Adesão → Ativação → Agregação Fator Von Willebrand A imobilização de plaquetas no local da lesão depende da interação plaqueta-parede (adesão) e plaqueta-plaqueta (agregação). Tais interações são mediadas principalmente pelo FvW. → Transporta fator VIII → Sintetizado por células endoteliais e megacariócitos → Armazenado nos corpúsculos de Weibel-Palade (no endotélio e grânulos alfa) Secretagogos: → Estresse → Exercício → Adrenalina → Infusão de desmopressina FvW plasmático Maioria continuamente secretada Minoria armazenada no Weibel-Palade Liberados em forma de multímeros - Forma mais adesiva e reacional Liberado sob influência de secretagogos GRÂNULOS - ALFA → Fator de Von Willebrand → Fibronectina e fibrinogênio → Trombospontina → Fator de crescimento derivado das plaquetas (PDGF) GRÂNULOS DENSOS → ADP → ATP → Cálcio → Serotonina LISOSSOMOS → Enzimas hidrolíticas Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato Formação do trombo plaquetário Situação normal → Plaquetas circulantes não interagem com a parede endotelial. Após lesão endotelial → Respondem rapidamente às propriedades trombogênicas das células endoteliais. → Obs: A inibição da função plaquetária de agregação pode ser realizada por meio de drogas antagonistas de GPIIb/IIIa, como: Tirofiban, Abciximab, Eptifibatide Ativação plaquetária é modulada por agonistas que se ligam aos receptores desencadeando liberação de grânulos plaquetário e síntese de novos agonistas, amplificando a ativação plaquetária. Os principais agonistas dessa ativação, são: → Trombina → ADP → Tromboxano A² → Serotonina → Colágeno → Epinefrina Quando ocorre interação agonista-receptor, o sistema G (proteínas da membrana da plaqueta) promove ativação de fosfolipases. → Principal via de ativação plaquetária – Fosfolipase C → Hidrolisa o fosfatidilinositol gerando compostos lipídicos que funcionam como segundo mensageiro. → O cálcio também contribui para a ativação da fosfolipase A2, → A trombina é um dos mais potentes agonistas da função plaquetária e ativa a plaqueta através da ligação e clivagem dos chamados receptores ativáveis por proteases O principal mecanismo inibidor da ativação plaquetária é representado pelo AMPc. O aumento de AMPc irá inibir a liberação do cálcio citoplasmático do sistema tubular denso e, dessa forma, impedir a ação de diversas enzimas envolvidas na ativação plaquetária. 2° - RESUMO HEMOSTASIA PRIMÁRIA: ADESÃO Exposição da matriz subendotelial → Colágeno Lesão vascular Elementos do subendotélio expostos Plaquetas se aderem ao endotélio São ativadas e agregadas umas às outras = trombo no vaso Fluxo sanguíneo influencia na formação do trombo Vel. do sangue ↓ prox ao endotélio = atrito entre plaquetas = shear stress Regiões de shear stress = interação FvW - plaquetas garante adesão ao subendotélio FvW liga-se ao colégeno = sob condição de ↑ shear stress sofre mudanças expõe sítio de ligação p/ GPIb/V/IX Quando ↓ shear stress, colágeno media adesão Proteínas adesivas: trombospondina, fibronectina e laminina Adesão desencadeia ativação plaquetária Recrutamento de mais plaquetas para local de lesão Plaquetas ativadas expressam GPIIb/IIIa Por meio de agregação, fibrinogênio e FvW formam pontes entre plaquetas Formação do trombo plaquetário Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato Plaqueta precisa parar o sangramento e tampar a área lesionada, para isso precisa aderir à parede dos vasos. Glicoproteínas: → 1° contato → GP Ia/IIa e GP IV + colágeno = ligação fraca → Adesão efetiva → GP Ib – Fator de Von Willebrand + colágeno ATIVAÇÃO Estimulação pelos agonistas plaquetários: → Liberação dos grânulos alfa → Colágeno, epinefrina, trombina, glicoproteína IV → Serotonina (Vasoconstrição) Liberação de ADP → Ativação da fosfolipase A2 que sintetiza Tromboxane A2 pela COX-1. → Tromboxane atua como sinalizador atraindo mais plaquetas e diminui o AMPc. Tem intensa atividade vasoconstritora → Exposição de fosfolipídeo plaquetário na membrana → Importante p/ hemostasia secundária. AGREGAÇÃO → Exposição dos receptores na membrana → Ligação: GP IIb/IIIa + Fibrinogênio = Trombo branco (Fim da hemostasia primária) 3° - HEMOSTASIA SECUNDÁRIA: CASCATA DE COAGULAÇÃO Envolve um sistema biológico de amplificação, no qual poucas substâncias de iniciação se ativam por proteólise (cascata de proteínas precursoras circulantes – fatores enzimáticos da coagulação). Tudo isso para realizar a produção de trombina. → Trombina → Converte fibrinogênio solúvel em fibrina → Fibrina → Infiltra nos agregados de plaqueta da lesão vascular e converte tampões primários e instáveis em tampões hemostáticos firmes, definitivos e estáveis. → Essa cascatadepende de uma [ ] localizada de fatores circulantes nos sítios de lesão. As reações mediadas por superfície ocorrem no: → Colágeno exposto → Fosfolipídio plaquetário → Fator tecidual Os fatores de coagulação (exceto fibrina) são precursores de enzimas ou cofatores. Geração da Trombina Complexa rede de alças de amplificação e feedback negativo = Produção limitada e localizada. Deixam a plaqueta mais robusta Acabam com as invaginações Aumenta a superfície de contato Mais receptores de adesão Exposição dos receptores de agregação MEDICAÇÕES QUE INIBEM AGREGAÇÃO AAS → Acetila a COX-1 → Sem tromboxane A2 = sem agregação Clopidogrel / Prasugrel / Ticagrelor → Inibem receptor de ADP → Sem ativação da fosfolipase A2 = Sem agregação plaquetária Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato A geração de trombina depende de três complexos enzimáticos, cada um constituído de protease, cofator, cálcio e fosfolipídios. São eles: → Xase extrínseca (VIIa, FT, PL, Ca²) → Xase intrínseca (IXa, VIIIa, PL, Ca²) que gera FXa → Complexo protrombinase (Xa, Va, PL, Ca²) que gera trombina. Fase inicial: Iniciação A etapa que dá início à coagulação ocorre em resposta ao dano vascular, que expõe o subendotélio ao sangue. As plaquetas aderem ao local danificado por meio de várias interações. Fator Tecidual (FT) → é uma glicoproteína transmembrana com altos níveis de expressão no coração, cérebro, pulmão, testículos, placenta e rins. Amplificação A etapa de amplificação inicia-se a partir do efeito de pequenas quantidades de trombina gerada na etapa de iniciação sobre os receptores plaquetários e fatores de coagulação. A ação da trombina sobre as plaquetas ocorre de diversas formas. FS → Fosfatidilserina é um fosfolípide normalmente presente na porção interna da membrana plaquetária. Geração de trombina ocorre em duas ondas de magnitude e função No início = ↓ Quantidade que prepara cascata de coagulação para 2° onda Segunda onda é amplificada = ↑ quantidade de geração Ligação FVW + colágeno e glicoproteína Ib Plaquetas se ligam ao colágeno pela GpVI Essa ligação gerasinalização em cascata Ativa as integrinas plaquetárias que mediam ligação plaqueta- endotélio Paralelo ao processo plaquetário, ocorre exposição do fator tecidual do endotélio FT é receptor e cofator de FVII e se ligam FT + FVII = FVII convertido em FVII ativado (FVIIa) Complexo FT/FVIIa ativa fatores IX e X cada fator com sua função Ligação FXa + FVa = Conversão de ↓ protrombina em trombina Essa ↓ Trombina é insuficiente para formar coágulo Porém, é suficiente para retroalimentar a coagulação Retroalimentação através da ativação de fatores V, VIII e XI + receptores plaquetários Ligação trombina + GpIb Trombina sofre alteração conformacional Alteração permite clivagem de receptores ativadores de protease plaquetária (PAR) Interação trombina + PAR-1 = sinalização de cascata = ativação plaquetária Ativação acarreta em: Mudança na forma da plaqueta Além disso, acarreta no ↑ da expressão de FS e desgranulação plaquetária de grânulos α e densos Plaqueta ativada = FS migra p/ porção externa da membrana Ocorre formação de complexos de amplificação de coagulação = Tenase e protrombinase A desgranulação, principalmente libera ADP que faz retroalimentação positiva nas plaquetas Promove ativação plaquetária adicional. Na amplificação, trombina age ativando FVIII e FV Ação da trombina no FVIII promove dissociação do FVW Amplificação = Geração de plaquetas ativadas c/ cofator Va e VIIIa ligado na superfície Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato Propagação As plaquetas ativadas juntamente com os cofatores Va e VIIIa ligados em sua superfície funcionam como plataforma para o ancoramento de proteínas e formação dos complexos tenase e protrombinase na superfície plaquetária. O FIXa, formado durante a etapa de iniciação, liga-se às plaquetas ativadas de duas formas: → Dependente de FVIIIa → Independente do FVIIIa. Ação dependente do FVIII: 4° - RESUMO HEMOSTASIA SECUNDÁRIA: Objetivo geral: → Formação da rede de fibrina → Estabilidade ao trombo branco → Evitar deslocamentos e ressangramentos → Formação do coágulo → Trombo vermelho “Soldados”: → Conjunto de proteínas plasmáticas, os fatores de coagulação → Ativadas e inativadas → Cascata de eventos → Produção de fibrina Onde são produzidos? → Fígado (a excreção do fator VIII) - Principalmente; → Alguns precisam de modificação quando ficam prontos, sendo denominados de Fatores Vitamina K-dependentes: • II, VII, IX e X → Carboxilação dos resíduos de ácido glutâmico → Ancoragem no fosfolipídio plaquetário. Formação do complexo tenase (FIXa/VIIIa) Ativa o FX da superfície plaquetária FXa + Plaqueta = FVa (complexo protrombinase) que converte protrombina em trombina Trombina cliva fibrinogênio e libera fibrinopéptides A e B (radicais aminas) Conversão do fibrinogênio em monômeros de fibrina Agregação de monômeros = Protofibrilas Trombina ativa FXIII que estabiliza protofibrilas = Coágulo estável Trombina ativa FXI que realiza retroalimentação positiva ao gerar mais FXa Trombina cliva PAR-4 = Mudança na plaqueta = Coágulo mais estável Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato VIA INTRÍNSECA Ativada pelo contato do sangue com superfícies de carga negativa (como colágeno). → Liberação do CAPM (Cininogênio de Alto Peso Molecular) → 12 → 11 → 9 → 10 → Cofatores • Cálcio • Fosfolipídio plaquetário • Fator VIIIa → Formação do fator X → Início da via comum VIA EXTRÍNSECA Ativada pelo contato do sangue com o fator tecidual → Liberado após a lesão endotelial → Transformação do VII em VIIa → 10 • Principal fator de vitamina K dependente → Cofatores • Cálcio e fosfolipídio plaquetário → Formação do fator X → Início da Via Comum FATORES ANTI-COAGULANTES Endotélio é o grande regulador → Endotélio íntegro = Sem colágeno e fator tecidual Anti-coagulantes da hemostasia primária: → Óxido nítrico → Prostaciclina (Inibe agonista de ativação plaquetária) → ADPase (inibe ADP) Anti-coagulantes da hemostasia secundária: → Trombomodulina → Se liga à trombina, ativa a proteína C, degradando os fatores VIIIa e Va que são cofatores da via intrínseca e comum. → Produção de proteína S → Inativa fatores Va, VIIIa e Xa → Heparan-Sulfato → Ativação da antitrombina III que hidrolisa os fatores vitamina K- dependentes e outros → Inibidor da via do fator tecidual → Inibição da via extrínseca 4° - FIBRINÓLISE: A fibrinólise refere-se ao processo de lise do coágulo. Ocorre pela ação do sistema fibrinolítico, que atua sobre a fibrina formada, envolvendo várias proteínas: → Proenzima inativa → Plasminogênio (Pg); → Seus ativadores: • Ativador do plasminogênio tecidual (t-PA) • Ativador de Plasminogênio urocinase (u-PA) → Inibidores da ativação de plasminogênio: Inibidor do Ativador de Plasminogênio-1 (PAI-1) Inibidor do Ativador de Plasminogênio-2 (PAI-2) → Inibidores da plasmina: • α2-antiplasmina (α2-AP) • α2-Macroglobulina (α2-MG) → Inibidor do sistema fibrinolítico, denominado inibidor Fibrinolítico Ativado pela Trombina (TAFI) A fibrinólise se inicia quando o Pg circulante se adere ao coágulo e é convertido em plasmina através da ação do tPA, liberado pelo endotélio vascular. A fibrina, uma vez formada, atua como cofator para a conversão de Pg em plasmina, o principal mediador da fibrinólise. Inibidores da homeostase primária Inibem as plaquetas Óxido nítrico, prostaciclina Inibidores da homeostase secundária Inibem ou destroem fatores envolvidos na cascata Proteína C, Proteína S, Inibidor do fator tecidual, heparan-sulfato Módulo: Anemias e perdas sanguíneas| Samille Donato TESTES DE FUNÇÃO HEMOSTÁTICA Hemostasia defeituosa com sangramento anormal, pode resultar de: → Distúrbio vascular → Trombocitopenia ou distúrbio de função plaquetária → Defeito na coagulação do sangue Os testes avaliam: → Plaquetas → Parede vascular → Coagulação Divididos em: → Funcionais → levam em conta a atividade da proteína a ser testada → Imunológicos → detectam sua presença com base em anticorpos específicos, independentemente de sua função. 1° - TESTES DA HEMOSTASIA PRIMÁRIA: Os testes relacionados à hemostasia primária são: → Tempo de sangramento, contagem de plaquetas e avaliação da função plaquetária Contagem de plaquetas: Geralmente feita em sangue total anticoagulado com EDTA, usando-se contadores automáticos de células. Esses aparelhos são capazes de avaliar: → Distribuição do volume plaquetário → Presença de plaquetas grandes → Enumeração das plaquetas permitindo → Análise da morfologia plaquetária. → Permite descartar a falsa trombocitopenia (aglutinação plaquetária que ocorre in vitro e que é induzida pela presença do EDTA, com a participação de proteínas plasmáticas). Tempo de sangramento: Medida da função plaquetária in vivo. Consiste na realização de uma perfuração de 1 mm de profundidade, lesando apenas pequenos vasos, onde atuam os processos envolvidos na hemostasia primária. → Tempo de sangramento de Duke → Realizado no lóbulo da orelha, é pouco sensível → Técnica de Ivy → feita no antebraço, mais sensível → Identificam: trombopatias e doença de von Willebrand → O tempo de sangramento estará prolongado em casos de trombocitopenia. O prolongamento é proporcional à redução do número de plaquetas. Obs: Pacientes com trombocitopenia autoimune, o tempo de sangramento é desproporcionalmente curto, refletindo a função exacerbada das plaquetas jovens em circulação. Plasmina cliva resíduos de lisina de fibrina Fibrina alterada deixa exposta a a porção carboxi-terminal dos resíduos de lisina São sítios adicionais p/ ligação de plasmina e t-PA que ajudam na propagação da fibrinólise Regulação da fibrinólise = ação de PAI-1, da α2-AP e do TAFI PAI-1 é produzido pelo endotélio vascular e plaquetas e inibe o t-PA e u-PA α2-AP inibe a ação da plasmina Na presença de Trombomodulina (TM), TAFI, inibe fibrinólise através da modificação da fibrina TAFIa elimina os resíduos C-terminais De arginina e lisina da fibrina parcialmente degradada Resultando em menor ligação e ativação do Pg na superfície da fibrina Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato Agregação plaquetária: Útil na avaliação da função das plaquetas, através da exploração de diferentes vias de ativação plaquetária in vitro. O método é baseado na medida da formação de agregados de plaquetas após sua exposição a um agente agregante. A utilidade do teste de agregação plaquetária é identificar o local do defeito da hemostasia primária, já detectado através de história clínica e prolongamento do tempo de sangramento. Citometria de fluxo: Permite aprofundar o estudo das plaquetas, usando-se anticorpos contra glicoproteínas que são expostas apenas na plaqueta ativada, como a P-selectina. Permite: → Numeração de plaquetas recém-lançadas na circulação, as plaquetas reticuladas → Diagnóstico de trombopatias por deficiência de Gp de membrana plaquetária → Estimar o ritmo de produção das plaquetas 2° - TESTES DA HEMOSTASIA SECUNDÁRIA: Para o estudo dos componentes plasmáticos, utiliza-se: → Plasma livre de hemácias → Glóbulos brancos → Plaquetas Os testes coagulométricos são baseados no tempo que o plasma leva para coagular, a partir do momento em que se adiciona o cloreto de cálcio. Eles baseiam-se na formação do coágulo de fibrina, estes métodos são: → Tempo de Protrombina (TP) → Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado (TTPA) → Tempo de Trombina (TT) → Pesquisa de anticoagulante circulante → Dosagem de fibrinogênio e dosagem de fatores Tempo de protrombina (TP): Determinação do tempo de formação do coágulo de fibrina após a adição de tromboplastina tecidual (fator III) e de cálcio, o que promove a ativação do fator VII, seguida da ativação do fator X, iniciando a via comum da coagulação. O TP mede: → Fatores envolvidos na via extrínseca e na via comum → O TP depende do nível dos fatores vitamina K dependentes (II, VII e X), sendo o teste usado no controle de pacientes em uso de anticoagulantes orais. O TP pode ser expresso pela Relação (R) do tempo obtido com o plasma do doente e o tempo de um pool de plasmasde indivíduos normais ou expresso em Atividade de Protrombina (AP). Obs: Pacientes recebendo drogas antivitamina K, o nível de anticoagulação é medido de forma diversa por diferentes Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado (TTPA): Consiste na determinação do tempo de coagulação do plasma após adição de um ativador da fase de contato da coagulação e de cefalina, que substitui o fosfolipídeo da membrana plaquetária. → TTPA é sensível ao nível dos fatores da via intrínseca e da via comum. → Bastante sensível à presença de heparina Tempo de trombina: Obtido após adição de trombina em baixa concentração ao plasma puro, de maneira que o tempo de coagulação é influenciado pela concentração de fibrinogênio e pela presença de inibidores da formação de fibrina, tais como a heparina. → Obs: Na presença de um teste de coagulação prolongado, deve-se repetir o teste em questão (TP, TTPA ou TT) usando-se mistura em partes iguais do plasma do doente com o plasma normal. Anticoagulante lúpico: Anticorpo dirigido contra proteínas que se ligam a fosfolipídeos e interfere com o reagente utilizado nos testes in vitro, como a cefalina, prolongando o TTPA, embora não haja inibição da coagulação in vivo. Fibrinogênio: Medido por teste baseado no tempo de coagulação do plasma por alta concentração de trombina, ou método de Clauss, e por avaliação da densidade óptica do coágulo. Os valores da medida pelo método coagulométrico são em geral menores que aqueles obtidos pela avaliação da densidade óptica. Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato Dosagem de fatores: Pode ser feita individualmente, utilizando-se um plasma deficiente apenas no fator que se quer determinar. Esse plasma tem um tempo de coagulação bastante prolongado por causa da ausência de um único fator, → A identificação do estado de ativação in vivo da coagulação permite identificar indivíduos expostos a maior risco de trombose e melhor aplicar medidas profiláticas. Em condições como coagulação intravascular disseminada e trombose, grandes quantidades desses “marcadores” são formadas (métodos imunológicos para a quantificação de: fragmento 1+2 da protrombina (F1+2), resultante da ação do fator Xa sobre a molécula de protrombina; fibrinopeptídeo A, resultante da ação da trombina sobre a molécula do fibrinogênio) e seus níveis estão substancialmente elevados. 3° - TESTE QUE AVALIAM REGULAÇÃO DA COAGULAÇÃO: 4° - AVALIAÇÃO DO SISTEMA FIBRINOLÍTICO: Tromboelastograma (TEG) → A partir de uma amostra mínima de sangue (3 ml) podem ser visualizadas todas as fases da coagulação. Podemos identificar se há deficiências de fatores, fibrinogênio ou plaquetas, ou se está ocorrendo fibrinólise. Também pode ser testada in vitro a efetividade do tratamento com antifibrinolíticos ou protamina DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO Doença de von Willebrand: Deficiência do fator de Von Willebrand (VIII:vW) de caráter hereditário dominante e autossômico afeta tanto a hemostasia primária, quanto a secundária → A administração de plasma fresco ou crioprecipitado produz elevação imediata do fator VIII:vW, que corrige o tempo de sangramento durante 2 - 6 horas, enquanto o pico para o fator VIII:C ocorre 48 horas após. Hemofilia: Deficiência do fator VIII (hemofiliaclássica) de caráter hereditário recessivo e ligada ao sexo é a mais comum das coagulopatias congênitas, com incidência variando entre 30 e 120 por milhão, dependendo da população estudada. Os problemas vividos pelo portador desta condição estão diretamente relacionados com a reduzida concentração da proteína no sangue, que prejudica a formação de trombina através de via intrínseca. Hemofilia B: Deficiência do fator IX (doenças de Christmas) de caráter hereditário recessivo e ligado ao sexo deve ser distinguida da hemofilia A pela determinação específica do fator deficiente. Doença do Fígado: → Ocorre plaquetopenia devido ao sequestro por hiperesplenismo → Diminuição da síntese de fatores da coagulação proporcional à destruição dos hepatócitos e fibrinólise. → Clareamento de PDFs está prejudicado pela lesão hepatocelular. A administração de vitamina K pode corrigir o TP apenas quando a causa básica for deficiência de absorção por falta de sais biliares na luz intestinal. De modo geral, o quadro apresentado pelos hepatopatas é complexo, necessitando reposição de fatores, plaquetas e fibrinogênio. A utilização da tromboelastograma pode ser muito útil na avaliação desses distúrbios de coagulação permitindo uma correção mais adequada Módulo: Anemias e perdas sanguíneas | Samille Donato MEDICAMENTOS QUE ATUAM NA COAGULAÇÃO Heparina: Principal ação é formar um complexo com a antitrombina III (ATIII), fazendo com que aumente a velocidade de formação de complexo com a trombina, interrompendo o processo de coagulação. Também aumenta a velocidade de neutralização dos fatores X, XII e IX, da plasmina e da calicreína. Cumarínicos: Os cumarínicos bloqueiam o funcionamento do sistema de carboxilação e o resultado final é o mesmo da deficiência da vitamina K. Anti-agregantes Plaquetários: Exercem seus efeitos antitrombóticos por um ou dois mecanismos, ou inibição da ativação das plaquetas pela inibição da produção do tromboxano A2 (AAS, AINE) ou pelo antagonismo do receptor ADP da plaqueta (tienopiridinas: ticoplidina, clopidogrel e prasugrel). → O mecanismo alternativo é a inibição da agregação plaquetária pelo bloqueio da ativação do receptor da glicoproteína IIb/IIIa da plaqueta (abciximab, eptifibatida e tirofiban). → O efeito antiplaquetário durará por todo período de vida das plaquetas. → AAS e tienopiridinas produzem efeitos irreversíveis na agregação plaquetária. Drogas anti-inflamatórias: → Produzem efeitos reversíveis. → Os três inibidores GIIb/IIIa comumente usados têm funções antiplaquetárias muito potentes. → Abciximab tem efeito irreversível que dura 12 horas após interrupção da droga. → Eptifibatida e tirofiban são inibidores competitivos do complexo GIIb/IIIa com meia vida mais curta comparada com o Abciximab e seus efeitos duram 1,5 a 2 horas. REFERÊNCIAS: - Tratado de hematologia – Zago - Fundamentos em hematologia – Hoffbrand - Hemostasia e distúrbios da coagulação – Daniel Cagnolato et al. – USP.
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