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a cidade das mulheres

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE ARTES, HUMANIDADES E LETRAS
Yane Pereira
 	Resenha crítica:
A cidade das mulheres
Yane Pereira
Resenha crítica:
A cidade das mulheres
Esta resenha foi proposta pelo professor Xavier Vatin como parte de avaliação da disciplina de antropologia visual referente aos conteúdos do semestre remoto de 2020.
Resenha crítica: A cidade das mulheres
FARIA, Lázaro. A cidade das mulheres. Documentário nacional: 2005.
	Nascido na cidade Belo Horizonte, Lázaro Farias iniciou sua carreira em 1974 como produtor de cinema, rádio e TV. Em 1990, fundou a produtora X filmes. Como diretor escreveu, fotografou e dirigiu os curtas Amazônia, Ya Omi Karodo e O Corneteiro Lopes. O documentário A cidade das mulheres foi o seu primeiro longa.
O documentário narra a questão da liderança feminina e a importância das mulheres nos candomblés baianos. O trabalho foi feito por meio de entrevistas com sacerdotisas da religiosidade afro-brasileira mostrando o papel ocupado pelas mulheres na religião e como isso se expressa em suas realidades. O diretor também se baseou no trabalho da antropóloga norte-americana Ruth Landes, que esteve na Bahia em 1939 e construiu sua pesquisa em torno da força e soberania que as mulheres do candomblé exerciam, formando uma organização matriarcal.
	A obra “A cidade das mulheres” é muito potente pois além de contar com a participação de grandes mulheres, mostra o protagonismo das mulheres na sociedade baiana que ocupam espaços que normalmente são ocupados por homens. É interessante observar que o documentário consegue ilustrar essa participação feminina colocando o seu elenco em maioria formado de mulheres. As personagens conseguem de maneira brilhante fazer uma contextualização desse protagonismo feminino explicando como a diáspora africana e o candomblé foram cruciais para que as mulheres assumissem o papel de reestabelecer os vínculos familiares dos povos que estavam sendo escravizados naquele período que foi muito importante pois serviam como forma de resistência, e para além desse reestabelecimento, as mulheres também terminavam ficando com a função de lutar pela sobrevivência de si mesma e de seus filhos. Essas condições contribuíram para o protagonismo das mulheres dentro de suas famílias e foram cruciais para que elas se tornassem o pilar e a referência de seus familiares.
Outro ponto importante na obra é a colaboração do candomblé para a independência e empoderamento feminino pois num cenário mais distante, as iniciadas no candomblé que já era independentes tinham a possibilidade de contribuir financeiramente dentro das casas de santo e lá assumiam funções que elas poderiam utilizar fora dos terreiros e que estaria colaborando para sua sobrevivência. O candomblé deu e dá possibilidades para que as mulheres tenham poder e visibilidade dentro de sua comunidade de santo, o que contribui positivamente na autoestima feminina e lhe ajuda no dia a dia na sociedade patriarcal. A cozinha é de grande importância dentro do candomblé e saindo desse âmbito para trazê-lo para um contexto mais social, a cozinha é de extrema importância tanto para questões alimentares quanto para o ganho financeiro de muitas mulheres e suas famílias, visto que muitas dessas sobrevivem ou tem como complemento de renda a venda de comidas, lanches ou alimentos.
	Por último e não menos importante, fica a reflexão sobre a proposta que o candomblé traz para a construção de uma sociedade mais justa em que todos assumiriam suas funções sem serem menosprezados ou valorizados demais se comparado ao próximo e os homens e as mulheres conviveriam de maneira justa e segura para todos.
Santo Amaro – BA
Novembro, 2020

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