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ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ENERGIA E AUTOMAÇÃO ELÉTRICAS ESCOLA POLITÉCNICA DA USP PEA - LABORATÓRIO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS CONDUTORES E DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO Código: CDP Índice 1.Condutores elétricos ............................................................. 3 1.1 Introdução e Objetivo ........................................................................ 3 1.2 Conceitos Básicos .............................................................................. 3 1.3 Classificação de Cabos e Fios ............................................................ 4 1.4 Aspectos Construtivos ....................................................................... 6 1.4.1 Condutor ......................................................................................... 6 1.4.2 Isolação .......................................................................................... 9 1.5 Cálculo da Capacidade de Corrente de um Cabo Isolado ...................12 1.5.1 Cálculo das Resistências Térmicas ................................................ 14 1.5.2 Cálculo da Capacidade Térmica .................................................... 14 1.6 Cálculo da Queda de Tensão ............................................................ 15 1.7 Exemplo de Capacidade de Condução de Corrente .......................... 16 2.Dispositivos de Proteção .................................................... 18 2.1 Considerações Gerais ...................................................................... 18 2.2 Fusíveis ........................................................................................... 19 2.3 Disjuntores de Baixa Tensão ............................................................ 22 3.Coordenação da Proteção ................................................ . 25 2 1. Condutores Elétricos 1.1 Introdução e Objetivo Em qualquer circuito elétrico que seja considerado, nota-se a presença de condutores, que interligam os equipamentos elétricos às fontes e aos demais componentes do circuito. Os condutores se prestam a transportar a corrente elétrica (convencional), que transita dos potenciais maiores para os menores. Na busca dessa qualidade específica de conduzir corrente elétrica, encontramos na natureza alguns tipos de metais, que por suas características físicas e químicas, podem ser tratados para atender perfeitamente essa função. O cobre e o alumínio são os principais condutores utilizados. Neste texto, nosso objetivo é apresentar aspectos gerais de condutores utilizados em circuitos elétricos de potência e, em particular em instalações elétricas prediais. Também, no âmbito deste texto, serão apresentados os critérios e procedimentos para dimensionar condutores em instalações prediais. 1.2 Conceitos Básicos A seguir são apresentados alguns conceitos básicos, extraídos de normas técnicas sobre o assunto: Condutor elétrico: é um produto metálico, geralmente de forma cilíndrica e de comprimento muito maior do que a dimensão transversal, utilizado para transportar energia elétrica ou para transmitir sinais elétricos. Fio elétrico: é um produto metálico maciço e flexível, de seção transversal invariável e de comprimento muito maior do que a dimensão transversal. Podem ser usados diretamente como condutores ou na fabricação de cabos. 3 Cabo elétrico: pode ser considerado um condutor formado por um conjunto de fios não isolados entre si ou um conjunto de condutores isolados entre si. 1.3 Classificação de Cabos e Fios Existem vários critérios para a classificação dos cabos e fios, vamos considerar apenas alguns deles, que apresentam maior interesse nesse curso: a) Classificação quanto à tensão utilizada. Os cabos de potência classificam-se quanto à tensão em que vão operar, em 3 categorias: • cabos de baixa tensão: para operação em tensões inferiores ou iguais a 1000V; • cabos de média tensão: para operação em tensões maiores que 1000V e iguais ou inferiores a 35000V; • cabos de alta tensão: para operação em tensões maiores que 35000V. b) Classificação quanto à isolação. Quanto à isolação, os cabos ou fios elétricos podem ser nus ou isolados. Os cabos nus, sem isolação ou cobertura, são geralmente de alumínio, por possuir em menor densidade que o cobre e, normalmente utilizados para distribuição e transmissão aéreas. Os cabos nus podem ser, ainda, de três tipos: • cabos de alumínio : normalmente utilizados em rede de distribuição urbana onde os vãos (distâncias entre os postes) são pequenos (da ordem de 50 metros).O alumínio utilizado é o alumínio eletrolítico, têmpera dura; • cabos de alumínio - liga : utilizados em aplicações especiais onde se requer características como alta resistência à corrosão ou 4 resistência mecânica superior em relação aos demais cabos de alumínio; • cabos de alumínio com alma de aço(ACSR) : utilizados em linha de transmissão onde os vãos são superiores a 200m. Por sua vez, os cabos isolados são aqueles que possuem isolação, ou seja, um conjunto de materiais utilizados para isolar eletricamente o material condutor, do meio que o circunda. Usualmente são em cobre por apresentar facilidade na execução das conexões aos terminais de equipamentos, que geralmente são de cobre, não havendo, portanto presença de pilhas eletrolíticas. Os materiais utilizados como isolação, além de alta resistividade, devem possuir alta rigidez dielétrica, sobretudo quando empregados em tensões superiores a 1kV. São vários os materiais empregados na isolação de condutores: • Materiais termoplásticos: utilizados em cabos de baixa tensão onde o critério de dimensionamento é, em geral, por queda de tensão e não por corrente admissível (temperatura máxima admissível 75°C). São eles o cloreto de polivinila (PVC), polietileno (PE),etc; • Materiais termofixos: utilizados em geral, para cabos de média e alta tensão devido a alta confiabilidade esperada, apresentam temperatura máxima admissíveis igual a 90°C. Os isolantes termofixos não amolecem com o aumento da temperatura como os termoplásticos. Ao atingir uma temperatura máxima (cerca 250oC), a isolação carboniza-se. São eles polietileno reticulado (XLPE), borracha etileno- propileno (EPR), borracha de silicone, etc; • outros materiais: papel impregnado, fibra de vidro, etc. 5 1.4 Aspectos Construtivos 1.4.1 Condutor a) Materiais utilizados na fabricação de fios e cabos condutores. Os materiais utilizados na fabricação de condutores, em quase sua totalidade, são o cobre e o alumínio. O cobre, deve ser eletrolítico, ou seja, refinado por eletrólise, de pureza mínima 99,9%, recozido, têmpera mole, de condutibilidade mínima 100% IACS a 20°C, ou seja, de resistividade elétrica máxima ρ20°=0,017241Ω x mm2/m. Somente em aplicações especiais torna-se necessária a utilização de cobre de têmpera meio-dura e dura. Observa-se que o IACS é o padrão internacional de condutividade (“international annealed copper standart”, padrão internacional de cobre recozido) e corresponde a resistividade de um fio de cobre com 1m de comprimento, 1mm2 de seção transversal a 20°C. O alumínio puro utilizado em condutores isolados é, normalmente de têmpera dura e de condutibilidade 61% IACS a 20°C, ou seja, de resistividade elétrica máxima de ρ20°=0.02828Ω x mm2/m . Em algumas aplicações especiais, outros metais com ligas metálicas são utilizados como condutores. São eles: prata, platina, ouro, mercúrio, bronze, latão. A tabela 1 compara as características físicas do cobre e do alumínio . CaracterísticasCobre recozido Alumínio Densidade (g/cm3) 8.89 2.70 Ponto de fusão(°C) 1083 652.6 Calor específico volumétrico(J/k.m3) 3.45x106 2.5x106 Coeficiente de expansão linear(°C-1 a 20°C) 16.8x10-6 23.6x10-6 Condutividade térmica (cal/cm.seg.°C) 0.934 0.56 Carga de ruptura(Kgf/mm2) ------ 20.3 Alongamento a ruptura(%) 2.5 1.2 Resistividade elétrica(Ω x mm2/m a 20°C) 0.017241 0.02828 Condutividade elétrica(%IACS a 20°C) 100 61 Tabela 1 - Características físicas do cobre e alumínio 6 b) Comparação da aplicação do Cobre e do Alumínio Do ponto de vista elétrico a comparação, entre a aplicação de um condutor de cobre ou de alumínio, se faz através de determinação das secções para um condutor de cobre ou de alumínio, necessárias alternativamente em um segmento da rede, apresentem a mesma resistência elétrica. 7 Assim, considerando a mesma corrente transportada, a questão proposta é: qual é a relação entre as secções dos condutores de cobre e de alumínio que, aplicados alternativamente, que resultam na mesma queda de tensão em um determinado trecho da rede? IS l R l S l S l S S S S S d d Cu Cu Al Al Cu Al Cu Al Cu Al Cu Al = = = = = = = ρ ρ ρ ρ ρ 0 017 0 028 0 607 0 607 0 78 . . . . . Portanto, conclui-se que para se obter a mesma queda de tensão em um trecho de rede constituído alternativamente por condutor de cobre ou de alumínio, necessita-se aplicar um condutor de cobre que tenha cerca de 61% da secção do de alumínio, ou 78% do diâmetro. Por outro lado, a relação dos pesos específicos do cobre ρCu e do alumínio ρAl são: ρ ρ Cu Al = = 889 2 70 329. . . Isso permite concluir que a relação entre as massas do cobre Mcu e do alumínio Mal necessárias para o transporte de uma mesma corrente, que produz a mesma queda de tensão é: M M Cu Al = ≅ 329 164 2. . Conclui-se, portanto, que para o transporte de uma mesma corrente produzindo a mesma queda de tensão, o condutor de cobre terá uma seção transversal 61% da seção do de alumínio, mas mesmo assim, pesará cerca do dobro deste!! 8 c) Secção dos Condutores Os fios e cabos são caracterizados por sua seção reta nominal, grandeza referente ao condutor respectivo (ou aos condutores respectivos, no caso de cabos com mais de um condutor). A seção nominal não corresponde a um valor estritamente geométrico (área da seção transversal do condutor) e, sim, a um valor determinado por uma medida de resistência. É o que se poderia chamar de “seção elétrica efetiva”. Até a alguns anos atrás, a designação pela seção transversal era feita em AWG ou MCM . No entanto, hoje os condutores são designados em escala milimétrica (mm2) de acordo com uma série definida pela IEC, internacionalmente aceita, e reproduzida na Tabela 2 abaixo: Série métrica IEC (seções nominais em mm2) 0.5 16 185 0.75 25 240 1 35 300 1.5 50 400 2.5 70 500 4 95 630 6 120 800 10 150 1000 Tabela 2 1.4.2 Isolação A isolação dos cabos e fios condutores se prestam fundamentalmente para isolar eletricamente o material condutor, do meio externo, necessitando para tal serem constituídos de materiais com suficiente rigidez dielétrica. Além disso, o material isolante deve ter características que permitam que suporte as temperaturas de operação do cabo, sem haver degradação física ou quimica do material e, ainda apresentar resistência mecânica suficiente para não se danificar diante dos esforços mecânicos presentes na instalação (puxamento), e mesmo na operação (quando o aquecimento produz dilatações e contrações períodicas). 9 Os cabos isolados de baixa tensão são constituídos geralmente, apenas pelo condutor e a isolação e, em casos específicos, além do condutor e a isolação também existe uma capa externa para proteção mecânica. Os cabos de média e alta tensão, por motivos de segurança, possuem uma blindagem sobre a isolação para o confinamento do campo elétrico. Basicamente os cabos de média tensão são constituidos por: condutor, camada semi-condutora interna, isolação, camada semi-condutora externa, blindagem metálica e capa externa. a) Materiais Utilizados Os materiais normalmente utilizados na isolação dos cabos estão na tabela 3 abaixo: Cabos Materiais Extruturado Termoplástico PVC polietileno Termofixos XLPE EPR Estratificado papel impregnado com massa (tensões inferiores ou iguais a 35kV) Papel impregnado com óleo sob pressão (cabo a óleo fluido) Tabela 3 Como já visto anteriormente, os termoplásticos amolecem com o aumento da temperatura e são polímeros de cadeia linear; enquanto que os termofixos não amolecem com o aumento da temperatura e são polímeros tridimensionais obtidos por vulcanização. Para cabos de baixa tensão, a isolação mais utilizada é o PVC por ser mais econômica apesar de suas características serem apenas regulares. Para cabos de média tensão onde deseja-se maior confiabilidade, a isolação mais usada é o EPR ou o XLPE que apresentam desempenhos similares nesse caso específico. Nos cabos de alta tensão, a escolha recai sobre o XLPE por apresentar melhor desempenho (elevado gradiente de descarga e baixas perdas dielétricas) e melhor viabilidade econômica. 10 Por outro lado, em circuitos de baixa tensão o condicionante para o dimensionamento dos condutores a serem utilizados é a queda de tensão e, nos de média e alta tensão o condicionante é a corrente admissível. Como a temperatura do condutor está associada a corrente que transmite, em geral isolantes termoplásticos são utilizados em circuitos de baixa tensão e termofixos nos de alta tensão. O polietileno apresenta um baixo fator de perdas, alta resistividade volumétrica e alta rigidez dielétrica, além de apresentar ótima resistência ao ozona, corona e às intempéries. Entretanto o polietileno é muito susceptível às condições ambientais acima de 75°C e possui um ponto de amolecimento crítico entre 105 e 115°C. Dentre os isolantes estratificados, o papel impregnado com massa é utilizado em cabos de baixa e média tensão. Este material foi utilizado durante décadas em todo o mundo, mas hoje está em desuso devido ao avanço tecnológico dos cabos extruturados. Na tabela 5, temos as temperaturas máximas admissíveis dos diversos tipos de isolação. Isolação Temperatura máxima admissível Operação em regime contínuo Sobrecarga Curto-Circuito PVC 70 100 160 polietileno 75 90 160 XLPE 90 130 250 EPR 90 130 250 papel impregnado com massa 85 110 200 papel impregnado com óleo sob pressão 85 105 250 Tabela 5 b) Capas não metálicas de proteção externa Alguns tipos de cabos são protegidos por uma capa não metálica, montada sobre a isolação, para dar proteção mecânica ao cabo durante operação e instalação, contra corrosão e evitar a penetração de água e outros agentes químicos. 11 Os materiais normalmente utilizados são: PVC, polietileno e neoprene. Na maioria dos casos o PVC é mais utilizado por ser mais econômico, não propagar chamas, apresentar boa processabilidade, excelentes propriedades dielétricas e resistência contra produtos químicos. 1.5 Cálculo de capacidade de corrente de um cabo isolado A capacidade de transporte de corrente de um condutor isolado é determinada pela temperatura que a isolação suporta, que resulta do aquecimento produzido pela energia calorífica decorrente do efeito joule (RI2 ). Para calcular a corrente que um condutor pode suportar, lançamos mão da equação que exprime o balanço de calor gerado, armazenado e dissipado por um condutor que transporta uma corrente I. Em um condutor por onde passa certa corrente I, tem-se: I CALOR PRODUZIDO CALOR ARMAZENADO = + CALOR TRANSFERIDO W.dt = Q.dθ + A.k. θ.dt onde: W = calor produzido por efeito Joule (RI2) Q = Qcond + Qiso = capacidade térmica do condutor e isolante ccond = calor específico do condutorciso = calor específico do isolante dθ = variação de temperatura do condutor no intervalo dt A = área da superfície emissora de calor k = coeficiente de transferência de calor θ = elevação de temperatura do condutor sobre o ambiente 12 Considerando que no sistema imediatamente antes do instante inicial não há corrente passando pelo condutor e que no instante t=0 imprime-se um degrau de corrente de amplitude I constante no condutor, a temperatura do mesmo começa a elevar-se conforme a equação abaixo (que representa uma solução para a equação diferencial acima), onde: W = RI2 = calor produzido Rt = 1/(A.k) = resistência térmica Rt.Q = constante de tempo térmica tcond = temperatura do condutor tamb = temperatura ambiente Qcond = Scond .ccond Qiso = Siso . ciso A elevação temperatura do condutor em relação a ambiente, em função do tempo é dada por: θ( ) . . .t t t W R econd amb t t Rt Q= − = − − 1 Nota-se que: a) quando t = 0, verifica-se que θ(0)=0, o que representa que a temperatura do condutor é igual à ambiente, no instante inicial; b) quando t tende a infinito a temperatura do condutor se estabiliza em tcond = tamb + WRt, que é chamada temperatura de regime permanente; c) a elevação da temperatura segue uma lei do tipo exponencial somada com uma constante, com constante de tempo igual a RtQ. Há portanto uma elevação rápida da temperatura no período inicial e, posteriormente a elevação se dá a taxas cada vez menores. 13 1.5.1 Cálculo das resistências térmicas Considerando o cabo da figura 1: D fio Dcond Figura 1 A dissipação de calor através do material isolante se dá por processo de condução e sua resistência térmica Rtiso é dada por: Rt D Diso iso fio cond = ⋅ ρ π2 ln onde: ρiso é a resistividade térmica do isolante e; Rtiso é a resistência térmica do isolante. A dissipação de calor de um cabo ao ar livre dá-se principalmente por convecção e por radiação, e a resistência térmica é dada por: Rt D har fio s = ⋅ ⋅ ⋅ 103 0 25π θ , onde Rtar é a resistência térmica do meio ambiente. A resistência térmica total Rt consiste na soma de Rtar e Rtiso. 1.5.2 Cálculo da capacidade térmica As capacidades térmicas dos materiais constituintes do cabo são dadas por: Q = c . A onde Q é a capacidade térmica do material, c a capacidade térmica específica e A a área da seção transversal do material. Logo, tem-se que a capacidade térmica do condutor é: Q c Scond cond cond= ⋅ 14 e a capacidade térmica do isolante : ( )Q c S c D Diso iso iso iso fio cond= ⋅ = ⋅ ⋅ −π4 2 2 Abaixo, na tabela 6, são dadas as capacidades específicas de alguns materiais: Material capacidade térmica específica (J/°C.m3) cobre 3.45 x 106 alumínio 2.50 x 106 PVC 1.70 x 106 polietileno 2.40 x 106 EPR 2.00 x 106 Tabela 6 - Capacidade Térmica Específica 1.6 Cálculo da queda de tensão A queda de tensão em um fio de resistência elétrica R e impedância indutiva X, percorrido por uma corrente I, pode ser calculada com boa aproximação, por: ∆V RI XI R r l X x = + = × = × cos sen ; ϕ ϕ l onde ∆V é a queda de tensão, r a resistência elétrica do fio por unidade de comprimento l ; x a impedância indutiva por unidade de comprimento l, l o comprimento do fio e cosϕ é o fator de potência da carga. A queda de tensão em um sistema monofásico é dado por: ∆V r l I x l I= × × × + × × ×2( cos sen )ϕ ϕ A queda de tensão em um sistema trifásico é dado por: ∆V r l I x l I= × × × + × × ×cos senϕ ϕ 1.7 Exemplo de capacidade de condução de corrente 15 Calcular a capacidade de corrente de um fio de cobre isolado em PVC de bitola 2,5mm2, sabendo-se que a temperatura máxima admissível em regime permanente é de 70°C e a espessura da isolação é de 1mm. Os fios alimentam um circuito monofásico e estão encostados um ao outro. O diâmetro do fio é dado por: S=2,5mm2 1mm D S mm D m oond fio = = × = = + × = 4 4 25 178 178 2 1 378 π π , , , , m A resistência térmica de isolação é dada por: Rt D D Cm Wiso iso fio cond = = = ρ π π2 6 2 3 78 1 78 0 72 0ln ln , , , / A resistência térmica do ar, considerando h=6.8W/m2, é dada por: R D h Cm Wtar fio s= × × = × × =− − 10 10 3 78 6 8 50 4 65 3 0 25 3 0 25 0 π θ π , , , , , / A resistência elétrica é dada por : R S Tcond cond cond= + × − = × + × = ×− − 0 017241 1 0 00393 20 6 89 10 1 0 00393 50 8 24 103 3 . [ . ( )] , [ , ] , Ω = 16 Temos que a elevação da temperatura é dada por: θ = − − WR et t T[ ]1 Para regime permanente, temos: θ θ = = = × × + = WR I rR A t t 50 1000 8 24 0 72 4 65 33 6 . ( , , ) , onde r = Rcond e w = RI2 é o calor produzido. Para o regime transitório, temos que a elevação da temperatura em função do tempo é dada por: Q=Qc+Qd=23,47J/ oCm Q c A J Cc c c o= = 8 625. / m m Q c A J Cd d d o= = 14 84, / θ θ = × × × − = × = × = = − − − − 824 10 336 537 1 2347 537 126 50 1 3 2 126 , . , [ , , ( ) e T Rt Q segundos e t T t ] . 17 2. Dispositivos de Proteção 2.1 Considerações gerais A passagem de corrente elétrica por um condutor provoca o seu aquecimento (efeito Joule ). Nas instalações elétricas o aumento da temperatura, devido a circulação de corrente projetada para o funcionamento normal, é tal que não afeta qualquer elemento do sistema. Entretanto, a corrente pode atingir valores muitas vezes maior do que aqueles projetados para condição normal de operação, quando houver alguns tipos de defeito nos circuitos, nos aparelhos ligados na rede elétrica ou mesmo, quando ocorrer situações de utilização indevida de rede. Essa sobrecarga produz sobreaquecimento nos condutores, podendo provocar, inclusive, incêndios.Há possibilidade, de se fundir o condutor, ocasionando faíscas que podem incendiar materiais inflamáveis próximos, ou mesmo inflamar materiais constituintes da isolação presentes em alguns tipos de condutores. Torna-se evidente, portanto, que toda instalação elétrica deve ser convenientemente protegida contra os efeitos citados. Emprega-se, para tanto, dispositivos de proteção, em número tal a garantir o perfeito suprimento da carga que está sendo alimentada (equipamentos elétricos) além da função de proteção dos condutores. Estes dispositivos devem interromper o circuito, automaticamente, sempre que a intensidade de corrente atingir valor que poderá causar danos. Os dispositivos de proteção dos condutores são dimensionados, em função de sua bitola e do modo de instalação. Quanto aos equipamentos, a proteção deve ser feita de acordo com as características dos mesmos. Pode-se classificar os dispositivos de proteção, quanto a operação, em dois tipos: • elementos fusíveis: rompem o circuito pela fusão de determinado elo; • “no-fuse”: interrompem o circuito por ação mecânica não destrutiva. Para os dispositivos de proteção defini-se: 18 • Corrente nominal: máxima intensidade de corrente que, circulando continuamente pelo dispositivo, não provoca abertura do circuito. • Capacidade disruptiva: máxima intensidade de corrente que o dispositivo consegue efetivamente interromper. Usualmente é expressa em termos da potência aparente, calculada considerando a tensão nominal e corrente supra citada. • Curva Tempo x Corrente que relacionam o tempo de interrupção do circuito com as correntes que os atravessam. 2.2 Fusíveis São constituídos por elemento condutor, de composição especial, dimensionados de modo a fundir quando submetidos a correntes especificadas durante períodos de tempo bem determinados. É considerado como elo fraco do circuito pois, sempre que a corrente torna-se perigosa para qualquer elemento do circuito, o fusívelrompe-se. O elo de rompimento é geralmente de chumbo, estanho, prata ou ligas desses com outros materiais. Sendo o calor necessário à fusão fornecido por efeito Joule (RI2), resultante da corrente que atravessa o fusível, existe um valor mínimo da corrente, abaixo da qual não ocorre a fusão. Defini-se para os dispositivos de proteção as seguintes grandezas típicas: a) Corrente Nominal É definida como sendo o máximo valor eficaz da intensidade de corrente que pode circular por um dispositivo de proteção sem causar seu desligamento automático. Dispositivo de Proteção I I 19 I ≤ Inom - não ocorre desligamento automático. I > Inom - ocorre desligamento ∆t = f(I) b) Curva Tempo-Corrente É definida como sendo a curva que fornece o tempo gasto pelo dispositivo abrir eletricamente o circuito em função da corrente que o percorre. A curva tempo-corrente de um fusível é mostrada na figura 2: t IINOM Figura 2 - Curva “Tempo-Corrente” c) Capacidade Disruptiva É definida como o máximo valor eficaz da corrente que pode ser interrompida pelo dispositivo de proteção. Pode ser expressa em termos de corrente ou de potência aparente: Circuito Trifásico: SDIS = √3 VNOM IDIS Circuito Monofásico: SDIS = VNOM IDIS sendo: VNOM - tensão nominal entre linhas (kV) 20 IDIS - corrente disruptiva (kA) Há 3 classes principais de fusíveis aplicados em instalações comerciais e residenciais: a) Fusíveis tipo rolha, cartucho ou faca, são de concepção muito simples e de fácil aquisição no comércio, os fusíveis do tipo rolha, usualmente, cobrem a faixa de 6 a 30A; os fusíveis do tipo cartucho são encontrados de 10A até 60A, e do tipo faca apresentam correntes nominais de até 600A. Rolha Cartucho Faca b) Fusíveis “Diazed”, são utilizados em instalações onde a proteção requer maior cuidado, por apresentar maior precisão de atuação. Fusível Diazed c) Fusíveis tipo NH, aplicado em situações onde há presença de altos níveis de correntes a serem interrompidas que carecem de atenção especial na interrupção do arco. 21 Fusível NH - em corte Esses fusíveis geralmente tem um botão sinalizador que, por simples inspeção visual, permite a identificação da ocorrência de queima. 2.3 Disjuntores de baixa tensão Dentro dos elementos “no fuse” para a proteção de circuitos, vamos estudar os disjuntores de baixa tensão, muito utilizado nas instalações prediais. Entende-se por disjuntor o dispositivo capaz de interromper um circuito quando em carga ou quando em condições anormais de corrente, sem que dessa interrupção lhe advenha dano. Entende-se por condições anormais de corrente, a ocorrência de uma sobrecarga ou de um curto circuito após o disjuntor, isto é, aquela condição na qual o disjuntor é atravessado por intensidade de corrente superior ao seu valor nominal. Por outro lado, por interrupção do circuito não se deve entender apenas a abertura mecânica do circuito, mas sim, a completa extinção da corrente que atravessa o disjuntor. Isto porque após a abertura mecânica dos contatos, estabelece-se entre os mesmos um arco elétrico, o qual tendo baixíssima resistência, comporta-se como um circuito fechado. Em outras palavras, não há continuidade mecânica mas há continuidade elétrica. Após a extinção do arco, e supondo que não ocorra sua re- ignição, a resistência elétrica entre os contatos volta a assumir valor elevado, cessando a circulação de corrente com a conseqüente interrupção do circuito. 22 Os componentes principais de um disjuntor pode ser visto na figura 4: Alavanca de acionamento Envoltório isolante Relé de curto-circuito Relé de sobrecarga Saída Contato móvel Contato fixo Entrada Câmara de extinção Figura 1 - Disjuntor de baixa tensão A câmara de extinção destina-se a confinar, dividir e extinguir o arco elétrico formado entre os contatos do disjuntor quando o mesmo interrompe uma corrente elétrica. Os disjuntores de baixa tensão interrompem a continuidade metálica do circuito por ação térmica, magnética ou termo-magnética. A proteção térmica é realizada por meio de lâmina (em geral bi- metálicas) que é aquecida diretamente ou indiretamente pela corrente que atravessa a chave; desse aquecimento resulta deformação com conseqüente deslocamento da lâmina. Quando o deslocamento atingir valor determinado, acionará, por meio de dispositivo mecânico, a chave, abrindo-a. O dispositivo de proteção magnética baseia-se no emprego de uma bobina que contém em seu interior um núcleo de ferro. A bobina é percorrida pela corrente que atravessa a chave sendo, portanto, sede de f.m.m. . Quando a corrente atingir valor mínimo especificado, aparecerá sobre o núcleo, força suficiente para atraí-lo e este, deslocando-se, aciona um dispositivo mecânico que desliga a chave. O dispositivo de ação termo-magnética destina-se a interromper sobrecargas de pequena intensidade e longa duração, enquanto que a magnética interrompe sobrecargas de grande intensidade e curta duração. De fato, o elemento térmico, devido a sua inércia, leva um certo tempo 23 para aquecer, enquanto que com a proteção magnética isto não se dá, pois tão logo circule pela bobina intensidade de corrente suficiente a atrair o núcleo de ferro, a chave é desligada. Nos circuitos de iluminação, um dos disjuntores mais empregados é do tipo “quick-lag”. Na posição “ligado” os contatos são mantidos sob pressão por meio de um gatilho, suportado por um par bimetálico. No caso de uma sobrecarga, há o aquecimento da lâmina bimetálica (relé de sobrecarga) e a conseqüente acionamento do gatilho que, por ação de uma mola, provoca o desarme dos contatos, interrompendo o circuito. No caso de curto circuito deve funcionar a proteção magnética, constituída por um núcleo de ferro (relé de curto circuito) que, quando percorrido por uma corrente muito grande, exerce uma força suficiente para acionar o gatilho da mesma forma que na proteção térmica. Para rearmar o disjuntor, quando opera a proteção térmica, deve-se esperar um certo tempo pois o engate não se realiza devido à deformação do par bimetálico. Abaixo, na figura 3, apresenta-se a curva tempo-corrente de um disjuntor de baixa tensão: t I /I n Figura 3 - Curva de atuação de um disjuntor Observa-se que disjuntores para manobra e proteção de motores são específicos para estas aplicações, uma vez que não devem atuar durante a partida do motor, quando a corrente de partida pode atingir o valor da ordem de 10 vezes a corrente nominal do motor. 24 3. Coordenação da Proteção Os circuitos presentes nas instalações prediais apresentam uma topologia arborescente, ou seja, de uma barra (a fonte de energia) de um quadro de distribuição, partem vários circuitos independentes, podendo, cada um deles, ser constituído de um “tronco”e de vários ramais, como mostra a figura 3.1. S carga X P Fusível F circuito 3 circuito 2 circuito 1 disjuntor BT Q Observa-se nesse esquema que, no circuito de alimentação de carga X, há 3 componentes em série, (portanto percorridos pela corrente de carga) a partir do quadro de alimentação: a) o disjuntor de BT; b) o condutor do circuito 1 e c) o fusível F • Se ocorrer um curto-circuito no ponto P junto à carga, a corrente de curto (Icc) percorrerá o disjuntor BT os condutores do circuito 1, entre o quadro e o ponto P e, o fusível F. • O disjuntor de BT e o fusível F apresentam curvas Tempo x Corrente próprias, que ao ser percorridos pela corrente Icc determina tempos TD e TF de abertura do disjuntor e de fusão do fusível, respectivamente. Evidentemente, se TD for menor que TF, o disjuntor abrirá antes da fusão do fusível e se TF for menor que TD o fusível fundirá antes de abertura do disjuntor. 25 • Há ainda que se considerarque também é possível estabelecer uma curva Tempo x Corrente para o condutor, onde os “tempos” que comparecem nessa curva, são os valores de tempo que o condutor suporta uma certa corrente, sem haver danos na isolação. Assim, chamaremos de TC o período de tempo que o condutor suporta a corrente Icc. A figura 3.2 ilustra esse caso. t IICC TC TD TF O problema de coordenação da proteção em circuito de instalação elétrica consiste na escolha das curvas tempo x corrente do Disjuntor e do Fusível, bem como de suas correntes nominais, para que as seguintes condições sejam respeitadas: a) Em caso de curto circuito ou sobrecargas indesejáveis, deve ser desligado o mínimo de cargas, preservando o suprimento das demais; b) A integridade física dos condutores e equipamentos deve sempre ser preservada. c) A corrente indesejável de defeito (curto circuito ou sobrecarga) deve ser eliminada o mais rápido possível. Voltando ao nosso circuito 1, que atende a carga X, podemos dizer que as condições (a), (b) e (c) são respeitadas, se TF < TD < TC, sendo que TF deve ser o menor possível, ou seja, o curto circuito no ponto P deve provocar a fusão do fusível (o mais breve possível), se antecipando a abertura do disjuntor, que deverá permanecer fechado. Entretanto o disjuntor desempenha o papel de “proteção de retaguarda” do fusível, pois se este falhar, o disjuntor atuará. 26 Uma vez que há uma certa imprecisão nas curvas tempo x corrente dos fusíveis e disjuntores, devem ser adotados convenientes fatores de segurança na escolha desses equipamentos. Note que, pode haver vários níveis de correntes de curto-circuito ou de sobrecarga que deverão sensibilizar os dispositivos de proteção, devendo sempre haver o cuidado de preservar a seletividade. Ainda no nosso caso do circuito 1, se o curto circuito for no ponto Q, a corrente de defeito só percorrerá o trecho à montante, sensibilizando o disjuntor D. 27
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