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Biologia Celular Geral Transporte através das membranas- pág: 13 Processos de troca entre a célula e o meio externo Certas substâncias atravessam a membrana plasmática espontaneamente, sem gastos de energia pela célula. Outras substâncias, no entanto, precisam ser “bombeadas” para dentro ou para fora da célula em processos que consomem energia. Os processos de troca na célula podem ser agrupados em quatro categorias: • Processo passivo: ocorre sem gasto de energia: difusão, difusão facilitada e osmose; • Processo ativo: ocorre com gasto de energia: bomba de sódio e potássio; • Endocitose: processo que permite a ingestão de substâncias com dimensões maiores, que não atravessam a membrana plasmática: fagocitose e pinocitose; • Exocitose: processo que permite a eliminação de substâncias com dimensões maiores, que não atravessam a membrana plasmática. Concentração de uma solução: Moléculas dissolvidas em água ou em qualquer outro liquido formam uma solução. As moléculas dissolvidas recebem o nome de soluto (por exemplo: açúcares, íons, aminoácidos), e o líquido recebe o nome de solvente (por exemplo a água). A quantidade de soluto dissolvida em uma quantidade de solvente nos dá um valor que chamamos de concentração de solução. A concentração de uma solução é maior quanto mais soluto estiver dissolvido em uma mesma quantidade de solvente. Nesse exemplo, a quantidade de açucar (soluto) dissolvida em 1 litro de água (solvente) é menor no frasco 1. Assim, a concentração da solução A é menor que a concentração da solução B. Exemplo de difusão: (A) ao ser colocada em uma xícara de café, uma gota de leite contém apenas partículas de leite; (B) logo as partículas de café passam a invadir a gota de leite, enquanto partículas de leite invadem o espaço do café; (C) após algum tempo, não há mais diferença entre concentrações de leite e de café em nenhum espaço da xícara. Transporte através das membranas- pág: 14 CONCENTRAÇÃO DE UMA SOLUÇÃO Quantidade de soluto dissolvida por unidade do solvente. Quando duas soluções têm a mesma concentração, elas são chamadas isotônicas (iso= igual) Quando a concentração é diferente, a mais concentrada é chamada hipertônica (hiper= superior) e a menos concentrada é chamada hipotônica (hipo= inferior). Difusão: Moléculas de água, certos tipos de íons e pequenas moléculas hidrossolúveis passam facilmente através de poros proteicos presentes na membrana celular sem que haja nenhum gasto de energia pela célula. Esse processo espontâneo de passagem depende apenas da diferença de concentração de moléculas ou íons difusíveis dentro e fora da célula. A difusão corresponde ao movimento de particulas do ponto onde elas estão mais concentradas para onde estão menos concentradas, no sentido de igualar a concentração. Através da membrana plasmática, há difusão de pequenas moléculas como o oxigênio, o gás carbônico e a água. Na difusão, o deslocamento de uma substância ocorre sempre em maior fluxo da região em que suas moléculas estão mais concentradas para a região em que a concentração é menor. Assim, se uma substância capaz de se difundir está mais concentrada fora da célula do que dentro, ela tende a entrar em maior quantidade do que sai, e vice- versa. Transporte através das membranas- pág: 15 Osmose: A osmose é um processo de difusão de moléculas do solvente (agua) através de membranas semipermeaveis. O solvente difunde-se em maior quantidade da solução hipotônica para a hipertônica, ate que as concentrações se igualem. A figura compara o processo de osmose em células animais (hemacias) com o que ocorre em celulas vegetais. Quando uma célula se encontra em meio de concentração igual à do seu interior (meio isotônico), ela se apresenta com aparencia normal. Em meio hipertonico, a celula perde água e em meio hipotonico há entrada de água na célula, provocando aumento do seu volume. No caso da célula animal, a entrada excessiva de água pode levar à ruptura da membrana (ou ruptura da célula). Já no caso da célula da planta isso não ocorre devido à presença da parede celular, que é muito resistente. Colocando-se uma célula vegetal túrgida, ou seja, completamente cheia de água, em uma solução hipertônica, ela perde água para o meio. Se a concentração do meio for muito maior que a da célula, ela perderá muita água, o que pode fazer com que a membrana plasmatica se separe da parede celular. Esse processo denomina-se plasmólise e é característico das células vegetais. O processo inverso ao plasmólise é a deplasmólise, em que a célula plasmolisada, ao ser colocada em água pura ou de baixa concentração, volta a ficar túrgida. Transporte através das membranas- pág: 16 No citoplasma das células vegetais adultas existe uma região central relativamente grande, que é preenchida por uma organela denominada vacúolo. O vacúolo possui membrana lipoprotéica, denominada tonoplasto, que abriga o suco vacuolar, formado por uma solução aquosa de várias substâncias. Como o tonoplasto também é uma membrana liprotéica, assim como todas as membranas internas existentes nas células, possui as mesmas características da membrana plasmatica. Desse modo, a água que sai da célula vegetal provém principalmente do vacúolo. O citoplasma e a membrana plasmatica acompanham a concentração do vacúolo e, na plasmolise, desligam-se da mebrana celulósica, ficando, nesse espaço entre o protoplasma e a cocentração muito semelhante à do meio externo à celula. Anotações: O citoplasma é uma solução aquosa, ou seja, uma solução em que o solvente é a água. Moléculas solúveis em água presentes no citosol e nas bolsas cito- plasmáticas (glicídios, proteínas, sais etc.) são os solutos celulares. Quando uma célula é mergulhada em água pura, a concentração externa des- se solvente é sempre maior que a encontrada no interior da célula, onde a água divide espaço com as moléculas de soluto. Consequentemente, a água tende a se difundir em maior quantidade para dentro da célula, fazendo-a inchar. As moléculas de água são capazes de atravessar a membrana com facilidade, o que não ocorre com a maioria dos solutos. E se a célula é colocada em um meio concentrado em soluto? A tendência é que ocorra maior difusão da água para fora da célula. Com is- so a célula murcha. Esse fenomeno, em que há difusão de água através de uma membrana semi- permeável que separa duas soluções com diferentes concentrações em solu- to, é denominado osmose. Membrana semipermeável é aquela que deixa pas- sar apenas (ou predominantemente) as moléculas de solvente, mas não as de soluto. Transporte através das membranas- pág: 17 Difusão Facilitada: A difusão facilitada também é um processo passivo, que ocorre através das membranas lipoprotéicas. Nesse tipo de difusão, algumas proteínas da membrana, chamadas permeases, atuam facilitando a passagem de certas substâncias que, por difusão simples, demorariam muito tempo para atravessar a membrana de modo a igualarem suas concentrações. Esse processo é particularmente comum no movimento da glicose, de alguns aminoácidos e vitaminas e de alguns íons. A permease alterna duas conformações, movendo o soluto através da membrana à medida que sua forma muda. A proteína pode transportar o soluto em ambas as direções, mas sempre no sentido do meio mais concentrado para o menos concentrado Transporte ativo: bomba de sódio e potássio Os processos ativos são aqueles que ocorrem através da membrana plasmática ou de qualquer outra membrana lipoprotéica, graças ao fornecimento de energia do metabolismo celular. Nesses processos, observa- se movimento de solução contra o gradiente de concentração, ou seja, da solução menos concentrada para a mais concentrada. Medindo-se a concentraçãode dois importantes íons para a célula, Na+ e K+, verifica-se maior concentração de íons Na+ no liquido extracelular, quando comparado com o meio intracelular, acontecendo o contrario com os íons de K+. Esses íons atravessam normalmente a membrana celular pelo processo de difusão facilitada. Assim, se não houvesse um processo ativo Transporte através das membranas- pág: 18 capaz capaz de manter essa diferença, os íons Na+ e K+ tenderiam a igualar suas concentrações. O processo ativo que permite a manutenção da concentração diferencial desses íons é chamado de bomba de sódio e potássio. Utilizando energia, os íons sódio, que penetram na célula por difusão facilitada, são levadas para o meio intracelular. O bombeamento de sódio para fora e o de potássio para dentro da célula é realido por uma proteína de transporte, com gasto de energia. A manutenção de maior concentração de K+ no interior da célula e de Na+ fora da célula é fundamental para o metabolismo celular. Os ions K+ são importantes em alta concentração na célula, pois são necessários na sintese de proteinas e em algumas etapas da respiração. A alta concentração desses íons dentro da celula, entretanto, pode trazer problemas osmóticos, pois a celula torna-se hipertônica. O bombeamento de Na+ para fora de celula serve, então, para compensar a necessidade de alta concentração de K+ dentro da celula, resolvendo um problema osmotico. Anotações: Células humanas e de diversos organismos mantém diferentes concentra- ções internas de íons e de outras substâncias em relação ao meio extrace- lular. O íon de potássio (K+) mantém-se em alta concentração dentro das nossas células, enquanto a concentração intracelular do íon de sódio (Na+) mantém-se bem inferior em relação ao meio extracelular. A manutenção de diferenças iônicas entre a célula e o meio externo gera um potencial elétri- co nas membranas celulares. É graças a esse potencial que, por exemplo, as células nervosas conseguem transmitir os impulsos nervosos. De que maneira as células conseguem manter diferenciadas as concentra- ções iônicas em seu interior, se a tendência da difusão é igular concentra- ções de substâncias difusíveis dentro e fora da célula? Isso se deve a mecanismos ativos de transporte realizado por proteínas da membrana plasmática, denominadas genericamente de bombas iônicas. Uma bomba iônica bem estudada é a que transporta íons de Na+ e de K+, Transporte através das membranas- pág: 19 sendo, por isso chamada de bomba de sódio-potássio. Nesse processo, pro- teínas transportadoras presentes na membrana plasmática capturam íons de Na+ no citoplasma, transportando-os para fora da célula. Na face exter- na da membrana, as proteinas transportadoras capturam íons de K+ do meio extracelular, transportando-os para o citoplasma, e assim sucessivamente, de forma initerrupta, compensando a difusão espontânea desses íons e man- tendo suas concentrações diferenciadas dentro e fora da célula. Transporte em bolsas membranosas: Certas partículas e substâncias podem entrar e sair de célula por meio de bolsas membranosas. Quando esse transporte ocorre para dentro da célula, fala-se em endocitose; quando bolsas membranosas citoplasmaticas se fundem à membrana plasmática e eliminam seu conteúdo para fora da célula, fala-se de exocitose. Endocitose e exocitose: Nos itens anteriores, foram discutidos os mecanismos pelos quais pequenas molécula e íons atravessam a membrana plasmatica. Particulas maiores não conseguem atravessar a membrana, mas podem ser incorporadas à célula por endocitose, ou ser eliminadas da célula por exocitose. A endocitose pode ocorrer por dois processos básicos: a fagocitose e a pinocitose. A fagocitose (fagos= comer; citos=celula; ato de a celula comer) é um processo de ingestão de partículas grandes, tais como microrganismos, restos de outras células. A pinocitose (pinos= beber; ato de a celular beber) está relacionada à ingestão de moléculas dissolvidas em água, tais como polissacarídeos e proteínas. Esses dois processos estão explicados de modo comparativo e simplificado no esquema a seguir: Transporte através das membranas- pág: 20 A fagocitose é um mecanismo empregado por muitos protistas, em especial as amebas, para a obtenção de alimentos, englobando outros microrganismos. Nos multicelulares, a fagocitose é exercida apenas por células especializadas, como é o caso de alguns tipos de glóbulos brancos do sangue. Essas células atuam no mecanismo de defesa de nosso corpo contra infecções, fagocitando microrganismos patogênicos. Além disso, fagocitam células debilitadas e restos celulares, realizando um importante serviço de “limpeza” de nosso corpo. Tanto nas amebas quanto nos demais tipos célulares que realizam fagocitose, o matérial ingerido fica no interior de uma vesícula grande, denominada fagossomo, e é degradado por ação de enzimas específicas. Ao contrário da fagocitose, que é realizada apenas por algumas células especializadas, a pinocitose ocorre praticamente em todos os tipos celulares. As partículas ingeridas por pinocitose ficam no interior de pequenas vesículas denominadas pinossomos e podem servir como alimento para as células. Os mecanismos de digetão intracelular serão discutidos quando tratarmos dos lisossomos. Enquanto os mecanismos de endocitose descritos envolvem a ingestão de materiais de dentro para fora da célula. Por exocitose, são lançadas para fora das células secreções importantes que atuam em diversas etapas do metabolismo de nosso corpo. Por exocitose, também são eliminadas resíduos do material digerido dentro da célula. Esse tipo de exocitose é denominado clasmocitose ou defecação celular. Anotações: Um dos tipos de endocitose é a pinocitose, processo realizado por pratica- mente todos os tipos de célula e que permite capturar líquidos e pequenas partículas do meio externo. É pela pinocitose, por exemplo, que as células. do revestimento interno do intestino capturam gotículas de lipídios do alimento digerido. No processo de pinocitose, a membrana plasmática aprofunda-se no cito- plasma e forma um canal que se estrangula nas bordas, liberando pequenas bolsas membranosas para o interior da célula. Essas bolsas membranosas que contém o matérial englobado por pinocitose são os pinossomos. Outra forma de endocitose é a fagocitose. Nesse processo, a célula emite expansões citoplasmáticas denominados pseudópodes, que envolvem partí- culas do meio externo e as englobam totalmente em uma bolsa membranosa. Essa bolsa desprende da membrana e passa a circular livremente no cito- Transporte através das membranas- pág: 21 plasma, recebendo o nome de fagossomo, termo que literalmente significa “corpo comido”. Os protozoários, organismos unicelulares, utilizam o pro- cesso de fagocitose em sua alimentação. Em animais pluricelulares, certas células realizam fagocitose para comba- ter a invasão do corpo por microrganismos. Por exemplo, quando bactérias conseguem penetrar em nossocorpo, as primeiras linhas de defesa são cer tas células do sangue- os macrófagos e os neutréfilos- capazes de se “espremer” entre as células da parede dos capilares sanguíneos e sair da corrente sanguínea, em um processo chamado diapedese. Essas células se deslocam por meio de movimentos ameboides até o local da infecção, onde passam a fagocitar ativamente os invasores, digerindo-os em seu citoplas- ma, no interior de bolsas membranosas chamadas de vacúolos digestivos. Exocitose: Certas substâncias citoplasmática permanecem temporariamen- te armazanadas em bolsas membranosas antes de serem eliminadas para o meio externo. Em determinados momento, as bolsa aproximam-se da mem- brana plasmática e fundem-se a ela, eliminando seu conteúdo para fora da célula. Esse processoé denominado exocitose. A exocitose é utilizada por certos tipos de células para eliminar restos da digestão intracelular. É também por esse processo que as células glandulares secretam seus produtos.