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Livro - Fundamentos e Metodologia da Alfabetização e Letramento

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Prévia do material em texto

Indaial – 2021
Fundamentos e 
metodologia da 
alFabetização e 
letramento
Profa. Débora Carias Alves
Profa. Valéria Becher Trentin
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Profa. Débora Carias Alves
Profa. Valéria Becher Trentin
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
A474f
Alves, Débora Carias
Fundamentos e metodologia da alfabetização e letramento. / 
Débora Carias Alves; Valéria Becher Trentin – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
218 p.; il.
ISBN 978-65-5663-932-1
ISBN Digital 978-65-5663-928-4 
1. Alfabetização. - Brasil. I. Trentin, Valéria Becher. II. Centro 
Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 372
apresentação
Caro acadêmico, vivemos em um tempo em que a cada dia torna-se 
mais evidente a relevância de uma educação de qualidade para que todos 
os brasileiros tenham uma vida digna e condições para o pleno exercício da 
cidadania. Isso implica em vencer com sucesso todas as etapas da Educação 
Básica, o que depende, fundamentalmente, de um processo de alfabetização 
bem realizado. 
Em sua formação como pedagogo, você carrega a grande 
responsabilidade de oferecer às crianças brasileiras e a todos aqueles que não 
se alfabetizaram na idade própria, um ensino da língua escrita embasado em 
fundamentos teóricos que atendam às necessidades formativas da sociedade 
contemporânea. Estas necessidades imergem os sujeitos a todo tipo de 
exposição a informações de várias fontes, ideologias, fakenews – numa 
modernidade tão líquida, dinâmica e tecnológica, se a ação do alfabetizador 
se pautar apenas no ensino técnico de decodificar e codificar os signos 
alfabéticos ele, inevitavelmente, estará limitando seus alunos a uma vida à 
margem da sociedade. 
Hoje, a ação docente deve propiciar um domínio eficiente da 
tecnologia de ler e escrever, que é a alfabetização no sentido mais claro da 
palavra, mas, deve também conduzir os alunos a uma condição muito mais 
profunda diante do lugar que a língua escrita ocupa nas sociedades letradas. 
Isso implica em uma prática pedagógica que conduza ao letramento: usar 
com desenvoltura a leitura e a escrita na vida social. É indispensável saber 
ler, interpretar, criticar, escrever, argumentar, construir relações! Este livro 
foi escrito para que você encontre o caminho para se tornar pedagogo com 
as características descritas aqui. 
Na Unidade 1 abordaremos um pouco sobre o surgimento da escrita 
e adentraremos a história da alfabetização no Brasil, aprofundando nossa 
compreensão dos métodos tradicionais de alfabetização que orientam o 
trabalho didático do alfabetizador. Ao final, discutiremos sobre o persistente 
problema do analfabetismo no país e problematizaremos o lugar do professor 
alfabetizador nesse desafio. 
Em seguida, na Unidade 2 aprenderemos sobre a interface da 
alfabetização com a neurociência e a psicologia cognitiva. Entenderemos a 
Teoria da Psicogênese da Língua Escrita, de Emília Ferreiro e Ana Teberosky 
e elucidaremos o conceito de Letramento, a partir dos estudos de Magda 
Becker Soares. Então, destacaremos o necessário trabalho de consciência 
fonológica. 
 
Por fim, na Unidade 3 estudaremos sobre a Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC) e como esse importante documento nacional aborda a 
alfabetização para o país. Analisaremos o lugar da leitura e da escrita na 
Educação Infantil e como a sistematização do ensino da língua escrita é 
proposto para os anos iniciais do Ensino Fundamental.
Profa. Débora Carias Alves
Profa. Valéria Becher Trentin
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumário
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO ................... 1
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO ................ 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 A INVENÇÃO DA ESCRITA ........................................................................................................... 3
2.1 A INVENÇÃO DA ESCRITA ........................................................................................................ 4
3 A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL: DOS JESUÍTAS
 AO FIM DO IMPÉRIO, O QUE SE SABE SOBRE ALFABETIZAÇÃO? ................................... 8
3.1 A ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL COLÔNIA .......................................................................... 8
3.2 ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL IMPÉRIO ............................................................................... 18
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 23
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 24
TÓPICO 2 — PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE
 ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO................................................ 27
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 27
2 A ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL DE 1889 a 1930 – A VELHA REPÚBLICA ...................... 27
2.1 OS MÉTODOS SINTÉTICOS ...................................................................................................... 28
2.1.1 Método de Soletração ou Alfabético ................................................................................. 28
2.1.2 Método Silábico .................................................................................................................... 30
2.1.3 Método Fônico ...................................................................................................................... 32
3 OS MÉTODOS ANÁLITICOS E O INÍCIO DAS DISCUSSÕES
 METODOLÓGICAS NA REPÚBLICA .........................................................................................35
3.1 Método da Palavração .................................................................................................................. 37
3.2 MÉTODO DA SENTENCIAÇÃO ............................................................................................... 38
3.3 Método Global de Contos ............................................................................................................ 40
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 46
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 47
TÓPICO 3 — A QUESTÃO DO ANALFABETISMO E A BUSCA POR SOLUÇÕES ............. 51
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 51
2 A PERSISTÊNCIA DO PROBLEMA DO ANALFABETISMO ................................................. 51
2.1 A DIMENSÃO SOCIOECONÔMICA DO ANALFABETISMO ............................................. 52
2.1.1 O analfabetismo na atualidade .......................................................................................... 54
2.1.2 Políticas Públicas Nacionais para Alfabetização ............................................................. 57
2.2 PROFESSOR ALFABETIZADOR: ESTUDANTE, DOCENTE E PESQUISADOR ............. 60
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 63
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 68
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 69
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 72
UNIDADE 2 — A CIÊNCIA DA ALFABETIZAÇÃO: ASPECTOS
 COGNITIVOS, PEDAGÓGICOS E SOCIOCULTURAIS ............................... 77
TÓPICO 1 — A LÍNGUA ESCRITA - PROCESSO COGNITIVO-CULTURAL ...................... 79
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 79
2 ALFABETIZAÇÃO E A INTERFACE COM A NEUROPSICOLOGIA
 E A NEUROCIÊNCIA COGNITIVA .............................................................................................. 80
2.1 ALEXANDER LURIA E A PRÉ-HISTÓRIA DA ESCRITA ..................................................... 82
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 90
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 91
TÓPICO 2 — TEORIA DA PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA ........................................ 93
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 93
2 O DESENVOLVIMENTO PSICOLINGUÍSTICO DO ALFABETIZANDO ......................... 94
2.1 A FASE PRÉ-SILÁBICA ............................................................................................................... 96
2.2 A FASE SILÁBICA ........................................................................................................................ 98
2.3 A FASE SILÁBICO-ALFABÉTICA ........................................................................................... 101
2.4 A FASE ALFABÉTICA ................................................................................................................ 102
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 107
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 108
TÓPICO 3 — ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO - PROCESSOS INDISSOCIÁVEIS ... 111
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 111
2 COMPREENDENDO O CONCEITO DE LETRAMENTO:
 A FACETA SOCIAL E INTERATIVA DA ALFABETIZAÇÃO ............................................... 112
3 A FACETA LINGUÍSTICA DA ALFABETIZAÇÃO: O
 DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA ............................................... 114
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ....................................................................................................... 120
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ....................................................................................................... 124
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 134
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 136
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 138
UNIDADE 3 — A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC), A 
 ALFABETIZAÇÃO E OS DESAFIOS DA ERA DIGITAL ............................. 141
TÓPICO 1 — ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE DIZ A BNCC? ..... 143
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 143
2 BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) ........................................................... 143
3 A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BNCC ........................................................................................ 150
4 A LEITURA E ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE REVELA A BNCC? ......... 163
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 169
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 170
TÓPICO 2 — A BNCC E A ALFABETIZAÇÃO NOS ANOS INICIAIS
 DO ENSINO FUNDAMENTAL .............................................................................. 173
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 173
2 ENSINO FUNDAMENTAL - ANOS INICIAIS ......................................................................... 173
3 ALFABETIZAÇÃO E OS ANOS INICIAIS NA BNCC ............................................................ 174
3.1 A LINGUAGEM NA BNCC PARA ANOS INICIAIS ............................................................ 177
4 MAS AFINAL O QUE A BNCC PROPÕE PARA A
 ALFABETIZAÇÃO NOS ANOS INICIAIS? .......................................................................... 180
4.1 QUAIS TEXTOS USAR DURANTE A ALFABETIZAÇÃO INICIAL? ................................ 183
4.2 OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DEFINIDOS PELA BNCC ..................................................... 184
4.3 COMO TRABALHAR AS QUATRO PRÁTICAS DE
 LINGUAGEM PREVISTAS NA Bncc....................................................................................... 184
4.4 ALFABETIZAÇÃO E CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA: COMO TRABALHÁ-LAS? ...... 186
4.5 COMO TRABALHAR NO MUNDO DIGITAL .................................................................. 188
4.6 SUGESTÕES DE JOGOS DIGITAIS PARA ALFABETIZAÇÃO .......................................... 189
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 191
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 192
TÓPICO 3 — CULTURADIGITAL NA BNCC E OS DESAFIOS
 PARA A ALFABETIZAÇÃO .................................................................................... 195
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 195
2 CULTURA DIGITAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA ..................................................................... 195
3 NOVAS FORMAS DE ENSINAR E APRENDER
 INTEGRADAS À CULTURA DIGITAL ...................................................................................... 198
3.1 O QUE A BNCC MENCIONA SOBRE A CULTURA DIGITAL? ........................................ 199
4 LETRAMENTO DIGITAL .............................................................................................................. 204
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 206
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 213
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 214
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 217
1
UNIDADE 1 — 
LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, 
PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
 A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• refletir sobre o surgimento das sociedades letradas e a evolução dos có-
digos escritos;
• discutir sobre a história da alfabetização no Brasil e as implicações po-
líticas e econômicas que desenharam o contexto social e educacional 
brasileiro; 
• identificar os métodos tradicionais de alfabetização e suas possibilida-
des e fragilidades frente às exigências sociais do uso da língua;
• problematizar sobre a persistência do analfabetismo brasileiro e as múl-
tiplas dimensões que o sustenta;
• perceber as relações de poder que são construídas nas sociedades le-
tradas por meio da escrita e a urgência de seu aprendizado crítico para 
superação das desigualdades sociais;
• destacar a boa qualidade formativa do professor alfabetizador como 
uma das condições imprescindíveis para o sucesso da alfabetização e do 
letramento dos cidadãos brasileiros.
 Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E 
 ESCOLARIZAÇÃO
TÓPICO 2 – PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE 
 ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO
TÓPICO 3 – A QUESTÃO DO ANALFABETISMO E A BUSCA POR 
 SOLUÇÕES
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — UNIDADE 1
LER E ESCREVER: SOCIEDADE, 
CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Neste Tópico 1 abordaremos que, ao contrário da oralidade, uma 
habilidade natural e universal da humanidade e parte de seus atributos biológicos, 
a capacidade de desenvolver a linguagem escrita é uma herança cultural das 
sociedades letradas. Uma invenção da raça humana que requer um ensino 
sistematizado e intencional. 
 
A história da alfabetização no Brasil remota ao período da colonização, 
atravessando contextos históricos diferentes, porém, sempre caracterizada por 
embates econômicos, políticos, sociais e metodológicos que existem até hoje. A 
intensa desigualdade econômica a qual o Brasil está submetido revelou-se tanto a 
causa quanto a consequência da exclusão dos pobres à cultura letrada, tornando 
tão permanente quanto sério o problema do analfabetismo brasileiro. Com a 
universalização do ensino esse problema ficou ainda mais evidente. 
A partir da década de 1990 diversas políticas públicas foram gestadas na 
busca de superar o analfabetismo e tendo como foco a formação do professor 
alfabetizador, reconhecendo-o como aquele que exerce um papel fundamental na 
qualidade da alfabetização. 
 
2 A INVENÇÃO DA ESCRITA 
Ao longo dos milhares de anos de sua história, o homem tem criado 
invenções que vêm transformando significativamente sua maneira de viver no 
decorrer das eras. Contudo, nenhuma delas modificou mais sua forma de se 
comunicar, de registrar e compartilhar conhecimento do que a invenção da escrita! 
Para conhecer sobre a história da escrita, acesse:
http://www.plataformadoletramento.org.br/em-revista/348/formacao-online-ead.html
DICAS
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
4
2.1 A INVENÇÃO DA ESCRITA
A oralidade é uma habilidade biológica hereditária. Em todas as raças 
e culturas, independente das condições geográficas, econômicas e sociais, a 
linguagem verbal é uma característica da espécie humana. A linguagem escrita, 
porém, não é uma capacidade universal da humanidade. 
Embora existam estudos que caminham em sentido contrário a essa 
compreensão, como aponta Soares (2016), há o entendimento quase unânime 
da comunidade científica de que os sujeitos não aprendem a ler e escrever de 
modo natural, como aprendem a falar. O que linguistas e psicólogos cognitivos 
afirmam é que não há semelhança alguma entre ouvir e falar e ler e escrever. Para 
Stanovich (2000), os que negam essa diferença
[...] ignoram os fatos óbvios de que todas as comunidades de seres 
humanos desenvolveram línguas orais, mas só uma minoria dessa 
línguas existe na foram escrita; que a fala é quase tão antiga quanto a 
espécie humana, mas a língua escrita é uma invenção cultural recente 
de apenas os últimos três ou quatro mil anos; que virtualmente todas 
as crianças em ambientes normais desenvolvem facilmente a fala por 
si mesmas, enquanto a maior parte das crianças necessita de instrução 
explícita para a prender a ler, e um número significativo de crianças 
enfrenta dificuldades, mesmo depois de intensos esforços por parte 
de professores e pais (STANOVICH, 2000, p. 400 apud SOARES, 2016, 
p. 43).
Estudos arqueológicos apontam que os primeiros registros escritos foram 
encontrados na Mesopotâmia, e fazem parte do arcabouço histórico dos povos 
Sumérios, datados por volta do ano 3.500 a.C.
IMAGEM 1 – SUMÉRIA, 4.500 A.C - 1.900 A.C
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Sum%C3%A9ria>. Acesso em: 20 abr. 2021.
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
5
Os povos sumérios também foram responsáveis pelas primeiras formas 
políticas de organização das cidades-estados e do desenvolvimento do comércio. 
Seus registros escritos rememoram aspectos da cultura, da religião, da política, 
e da economia do período. A escrita suméria foi denominada como cuneiforme, 
devido ao formato cônico dos elementos traçados em artefatos de argila. 
IMAGEM 2 – ESCRITA SUMÉRIA
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Sum%C3%A9ria>. Acesso em: 20 abr. 2021.
 
No decorrer da história, os grupos humanos construíram diversos sistemas 
de escrita. O Egito Antigo utilizava a escrita hieroglífica, traçadas no papiro ou 
nas paredes dos templos e pirâmides.
Acadêmico, acesse a esse link e 
vivencie a experiência de visitar 
“a digitalização do Cemitério de 
Menna, na antiga capital Luxor, 
onde foram enterrados membros da 
Décima Oitava Dinastia, a mesma de 
Tutancâmon. É possível ver famosos 
murais com hieróglifos.”
Disponível em: https://my.matterport.
com/show-mds?m=vLYoS66CWpk
INTERESSA
NTE
https://my.matterport.com/show/?m=vLYoS66CWpk
https://my.matterport.com/show/?m=vLYoS66CWpk
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
6
O nosso sistema alfabético é somente um entre outros que existem. Na 
atualidade, coexistem sistemas de escrita com símbolos em que representam 
ideias, como o chinês, que representam os sons da fala, como o nosso.
O alfabeto, como o temos, é de origem greco-latina e que, por sua vez,foi 
inspirado no alfabeto fenício. Os fenícios foram povos que habitaram a região 
onde hoje localiza-se a Síria e o Líbano, no Oriente Médio. Os fenícios criaram 
uma escrita consonantal, de 22 letras, que significou uma grande inovação, 
pois com elas era possível se escrever todas as palavras. Mais tarde, os gregos 
incorporaram as vogais ao alfabeto, mas, até hoje, a escrita hebraica e árabe usam 
apenas consoantes. 
IMAGEM 3 – EVOLUÇÃO DO ALFABETO
FONTE: <http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=911&sid=7>. Acesso 
em: 22 abr. 2021.
Para conhecer um pouco sobre esse interessante sistema de escrita tão 
diferente da Língua Portuguesa, acesse o link abaixo.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Lvo5sMqxIGo
INTERESSA
NTE
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
7
Produto da criatividade humana, a escrita, bem como as tecnologias da 
comunicação e da informação não param de evoluir e seu uso acontece sempre 
pari passu à dinâmica cultura e social. Nas sociedades contemporâneas de escrita 
alfabética elementos pictóricos mesclam-se às palavras ou até substituem a escrita, 
no processo comunicativo cibernético. 
IMAGEM 4 – CONVERSA DE WHATSAPP
FONTE: A autora (2021)
 
No que tange ao tema de estudos dessa disciplina, naturalmente que esse 
novo modo de escrita em ambientes digitais ocupam um lugar no processo de 
alfabetização, o que discutiremos à frente. 
Pensando no contexto do surgimento da escrita e no lugar que essa 
invenção ocupa nas sociedades letradas da atualidade, vê-se que, embora os 
símbolos que a representam e a mídia que a comporta tenham se modificado e 
evoluído no decorrer das eras, sua importância e uso permanecem inalterados: 
a escrita sempre esteve atrelada a mecanismos interativos, sociais, econômicos e 
culturais. Adiante, veremos como a apreensão da língua escrita se deu e ainda se 
dá, na história do nosso país. 
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
8
3 A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL: DOS 
JESUÍTAS AO FIM DO IMPÉRIO, O QUE SE SABE SOBRE 
ALFABETIZAÇÃO?
Não somente agora, mas, especialmente no tempo presente, a qualidade 
da educação brasileira tem sido ponto de debate entre professores, pesquisadores 
do campo, representantes governamentais e de entidades sociais. O que torna o 
tema tão complexo, são as múltiplas dimensões que o envolvem. Aspectos como a 
formação humana, o processo de ensino e de aprendizagem, a formação e o fazer 
docente, as interações pessoais e organizacionais da vida em sociedade, além das 
perspectivas político-ideológicas subjascentes, colaboram para que a tratativa 
das questões educacionais seja tão abstrusa. 
Trabalhar pela melhoria da educação demanda que todas essas dimensões 
sejam consideradas em suas particularidades e no modo como elas se articulam, 
o que se constitui um grande desafio. Desafio esse, acadêmico, que tem como 
ponto fundamental o processo de alfabetização para o progresso bem sucedido 
nas demais etapas de escolarização. 
Neste tópico, conheceremos um pouco sobre a história desse período 
basilar da educação brasileira. Entretanto, devemos esclarecer que o princípio 
da história da alfabetização funde-se às história da própria educação no Brasil, 
durante o período colonial, que envolve a educação jesuítica e a reforma pombalina, 
alcançando também, o período em que o imperador D. João VI veio morar no 
Brasil (SILVA, 1988). Portanto, consideramos importante para compreender a 
história da alfabetização percorrermos também esse tempo, pois ele nos fornece 
elementos importantes para compreendermos o quanto os aspectos políticos e 
ideológicos têm implicância direta na qualidade da educação e, naturalmente, na 
baixa qualidade historicamente constituída da alfabetização. 
3.1 A ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL COLÔNIA
O aprendizado da língua escrita no Brasil tem início no fim da primeira 
metade do século XVI, quando o país ainda era colônia de Portugal. O estudo da 
história desse contexto nos permite demarcar três momentos distintos da prática 
pedagógica realizada no Brasil Colônia: a Pedagogia Jesuítica, as Aulas Régias e 
a educação no Reino Unido do Brasil. Explanaremos a respeito desse tempo nos 
pontos a seguir: 
• A chegada dos Jesuítas no Brasil 
De caráter missionário, a alfabetização e as primeiras buscas de se 
organizar um processo educativo no país, tinham como objetivo a evangelização 
dos índios e sua conversão à fé católica. O trabalho se iniciou com a chegada 
da Companhia de Jesus, liderada pelo padre Inácio de Loyola, inaugurando o 
período jesuítico. 
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
9
Naquele tempo, o governo, a política e a religião da Metrópole eram 
instituições que se fundiam. Naturalmente, com vistas a consolidar seus fins 
expansionistas e a reafirmação da fé católica, era fundamental que os habitantes 
da colônia absorvessem a religião e a cultura de Portugal. "Portanto, é no 
espírito da evangelização que se desenvolve em Portugal o sentido de educação 
formal, que influencia substancialmente a formação da sociedade brasileira e o 
desenvolvimento dos processos educativos" (PAIVA, 2015, p. 204). Assim, ao se 
estabelecer a ordem jesuíta no país, foram sendo criadas ao longo do litoral, várias 
escolas de ler e aprender, ou escolas de bê-a-ba. Em 1551, fundou-se no Brasil o 
primeiro Colégio Jesuíta. Segundo Casimiro e Silveira (2012), 
O método pedagógico utilizado pelos jesuítas foi desdobrado nas 
práticas da catequese que, simultaneamente, instruíam as crianças 
a ler, escrever e contar. Em boa parte das aldeias da costa, por onde 
passavam, os padres inacianos estabeleciam “pequenos seminários”. 
Eram as chamadas casas de be-a-bá, espaços onde ministravam às 
crianças indígenas o ensino da doutrina e das primeiras letras. As casas 
de be-a-bá eram estruturadas em espaços pequenos e nesse mesmo 
lugar ocorria o ensino da fé e das letras (CASIMIRO; SILVEIRA, 2012, 
p. 218).
“Em 1549, quando aqui chegaram, os jesuítas souberam aproximar-se dos 
índios, conviver com eles, aprendendo a cultura, a língua e descobriram logo 
como convertê-los. As aproximações incluíam mímicas, discursos emotivos, uso 
de instrumentos musicais e presentes” (PAIVA, 2015, p. 205). É certo que essa 
aproximação foi também marcada por certa coerção, em que os padres jesuítas 
usavam da autoridade da colônia para a dominação indígena. Estrategicamente, 
dentre as tribos, somente as crianças indígenas participavam das aulas, 
consideradas tábulas rasas, onde é mais simples se imprimir o conhecimento. 
Nesse período, crianças e jovens órfãos e marginalizados socialmente foram 
trazidos de Portugal, para serem alfabetizados junto com os pequenos índios, e 
assim, favorecer o processo de aculturação indígena. 
Considerando sobre os materiais e métodos empregados, a fim de 
instrumentalizar os padres, a Companhia de Jesus trouxe de Portugal a Cartilha 
de João de Barros. 
A cartinha de João de Barros é um compêndio onde se apresentam as 
letras do alfabeto, silabário e textos em forma de orações cristãs. Vale 
lembrar que esse se constitui como o primeiro material impresso para 
o ensino da leitura, pois antes se ensinava por papéis manuscritos, e 
que pretendia suplantar o método alfabético ou de soletração antiga, 
caracterizado pelo estudo simultâneo de todas as letras (VIEIRA, 2017, 
p. 55).
Araújo (2008), nos fornece interessantes ilustrações dos recursos utilizados 
pelos padres inacianos: 
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
10
FIGURA 5 – ALFABETO DA CARTILHA JOÃO DE BARROS
FONTE: Araújo (2008, p. 83-84)
Chamamos sua atenção para o modo como foi organizado o material de 
alfabetização. A figura trazida por Araújo (2008) apresenta o alfabeto traçado em 
letras no estilo gótico, associadas a uma imagem e ao substantivo que a nomeia, 
herança do antigo método Alfabético ou Soletração, usados pelos gregos. O texto 
é bastante representativoquanto ao pensamento pedagógico da época, em que 
se entendia que a aprendizagem inicial da escrita era facilitada pela relação entre 
letras, sílabas, imagens e palavras. Muito semelhante a materiais que ornamentam 
as salas de aulas atuais, não acham?
Embora o trabalho fosse orientado por cartilhas, os padres inacianos, 
aproximando-se de alguns aspectos do modo de viver dos índios, incorporaram 
à sua didática elementos da natureza e de situações do cotidiano das crianças 
nativas para viabilizar o processo de ensino. Nas palavras de Saviani (2011, p. 
7), “os jesuítas tiveram que ajustar suas ideias educacionais, modificando-as 
segundo as exigências dessas condições”. Assim, embora fortemente marcada por 
uma raiz tradicional, advinda da escolástica, o lúdico se fez presente na prática 
alfabetizadora jesuíta, abrindo portas para uma didática mais contextualizada à 
realidade infantil (PAIVA, 2015). Jogos, brincadeiras e canções eram elementos 
presentes na alfabetização e no estudo de outros conhecimentos como matemática, 
retórica e teologia, sem, contudo, abordar conteúdo das ciências iluministas 
que se espalhavam pela Europa. Mesmo não sendo o objetivo principal, mas 
apenas um meio para o alcance de fins religiosos, o modelo educacional jesuíta 
cresceu e se consolidou, defendendo ideais de formação humana, disciplina e 
desenvolvimento das habilidades individuais (MACIEL; NETO, 2006). 
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
11
Escolástica: corrente filosófica medieval que buscou conciliar a fé cristã 
católica e a racionalidade, sobre a qual se construiu uma concepção de ensino. Possuía 
como princípios a disciplina, a repetição, a memorização, a espiritualidade e a moralidade.
NOTA
A Cartilha de João de Barros explicita sua escolha pelo trabalho com as 
sílabas, contrapondo-se ao Método Alfabético ou de Soletração, que vigorava 
desde a Antiguidade até a Idade Média (VIEIRA, 2017). Os jesuítas ensinavam as 
crianças a unir as letras às vogais, formando as famílias silábicas. Observe:
FIGURA 6 – MÉTODO SILÁBICA NA CARTILHA DE JOÃO DE BARROS
FONTE: Araújo (2008, p.125)
A estrutura organizacional e educacional jesuítica já preconizava a 
sistematização do ensino no Brasil, ressaltando a importância de um método para 
alfabetizar. O sucesso do trabalho atraiu também os nobres, senhores de engenho, 
que matriculavam seus filhos para, posteriormente, seguirem seus estudos em 
Portugal. 
Tal contexto resultou num grande fortalecimento do grupo jesuíta no 
Brasil, que, por mais de dois séculos, se multiplicou no país com a abertura de 
novos colégios e missões, atribuindo à Companhia, um importante poder político, 
em detrimento das demais ordens religiosas que também se faziam presentes no 
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
12
país, como os beneditinos, e franciscanos. Essa situação se tornou uma ameaça 
à soberania de nobreza portuguesa, pois os jesuítas se posicionavam contra a 
escravização dos ameríndios e até realizavam missas em tupi-guarani. 
Em 1759, Portugal, na figura do Marquês de Pombal, expulsou os jesuítas 
das terras brasileiras, confiscando os bens da Companhia. Esse fato logo tornou-
se um problema para a educação na colônia, uma vez que a profissão docente 
era exercida pelos jesuítas, com destaque para os professores alfabetizadores. Foi 
assim que a elite e os militares se inseriram na educação do Brasil.
• A instauração das aulas régias
Na metade do século XVIII, Sebastião José de Carvalho e Melo, primeiro-
ministro português, conde de Oeiras, conhecido como o Marquês de Pombal, 
sabedor das fragilidades vivenciadas pela Metrópole naquele tempo, e com 
ideias de governo diferentes das que eram administras por Portugal, identificou 
no campo da educação, uma maneira de obter maior controle político na Colônia.
FIGURA 7 – MARQUÊS DE POMBAL
FONTE: <https://conhecimentocientifico.r7.com/marques-de-pombal/>. Acesso em: 25 abr. 2021.
 
A expulsão dos Jesuítas e de sua educação voltada para formação do 
pensamento religioso, significou o início do ensino laico, enfraquecendo o 
poderio do clero frente à nobreza. Uma forma de modernizar a Coroa e aproximá-
la das mudanças políticas, econômicas e culturais que já ocorriam na Europa, 
por influência do Iluminismo. No entanto, implicou em grande perda no campo 
educacional. Sendo assim, a educação voltava-se para os interesses econômicos 
da elite administradora da colônia. Para Maciel e Neto (2006),
o grande empecilho para a concretização desses objetivos foi a falta 
de homens capacitados para o ensino elementar e primário, ou seja, 
havia, tanto na metrópole quanto na colônia, uma grande carência 
de professores aptos ao exercício da função de ensinar. Frente a 
esse contexto, pode-se afirmar que Pombal, ao expulsar os jesuítas e 
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
13
oficialmente assumir a responsabilidade pela instrução pública, não 
pretendia apenas reformar o sistema e os métodos educacionais, mas 
colocá-los a serviço dos interesses político do Estado (MACIEL; NETO 
2006, p. 471).
Nesse contexto, Marquês de Pombal atribuiu a responsabilidade docente 
e gestora dos colégios aos nobres militares e aos representantes de outras ordens 
católicas que estavam no Brasil. Era importante para o poderio da Metrópole 
deter o domínio do sistema educacional. Representantes da Coroa Portuguesa 
deram início ao modelo de aulas régias no Brasil. A esse respeito, Silva (2020) 
evidencia que:
As aulas régias também serviram para estabelecer relações entre 
as pessoas que faziam parte do quadro de funcionários dos órgãos 
responsáveis pelo gerenciamento e controle da educação que foi 
implementada pelo Estado na segunda metade do século XVIII, 
estendendo também para os demais envolvidos, como os professores, 
os alunos e seus responsáveis (SILVA, 2020, p. 73). 
O autor nos leva à compreensão do modo como a educação brasileira 
passou a ser regida pelo alto escalão do governo, iniciando assim, a história de 
interesses políticos, econômicos e partidários que envolvem a escola brasileira 
e que se alonga até os dias de hoje. As aulas régias, ministradas isoladamente 
em ambientes independentes criados pelos mestres, favoreciam a construção de 
relações sociais que visavam a ascensão social. "É notório ressaltar que a sociedade 
do Antigo Regime era balizada na dependência interpessoal, sendo que as redes 
clientelares eram utilizadas como estratégia para estruturar os diversos níveis de 
relações sociais, estabelecendo relações de poder entre indivíduos e os grupos 
sociais"(SILVA, 2020, p.122).
Não somente nesse tempo, coexistindo com as Cartilha de João de Barros, 
mas especialmente após a saída dos jesuítas, foi amplamente difundida no Brasil 
as Cartas do ABC. 
[...] por volta dos anos de 1870, o professor preparava um ABC 
manuscrito em folhas de papel que se manuseava com ‘pega-mão para 
não sujar’. Em seguida à carta manuscrita do ABC, vinha o bê-a-bá, 
O Iluminismo se iniciou como um movimento cultural europeu do século XVII 
e XVIII que buscava gerar mudanças políticas, econômicas e sociais na sociedade da época. 
Para isso, os iluministas acreditavam na disseminação do conhecimento, como forma de 
enaltecer a razão em detrimento do pensamento religioso. 
Acesse: https://www.politize.com.br/iluminismo/
NOTA
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
14
que era o início de uma longa série de cartas de sílabas. Após estas, 
vinham as cartas de nomes, e, por último, as cartas de fora. As cartas 
de fora eram cedidas ao professor, por empréstimo, para exercitar os 
alunos nas dificuldades das letras manuscritas; eram ofícios dirigidos 
ao professor e alguns deles traziam a assinatura do Inspetor Geral 
(BARBOSA, 1994, p. 58).
Acadêmicos, pensem sobre o quanto essa estrutura tem impactado a visão 
metodológica e a ideologia por trás das políticas de alfabetização. 
Frente a esse contexto, pode-seafirmar que Pombal, ao expulsar os 
jesuítas e oficialmente assumir a responsabilidade pela instrução 
pública, não pretendia apenas reformar o sistema e os métodos 
educacionais, mas colocá-los a serviço dos interesses político do 
Estado (MACIEL; NETO, 2006, p. 471).
O novo modelo educativo empregado, as chamadas Aulas Régias, 
implicou numa grande mudança filosófica e nos fins da educação colonial. Embora 
didaticamente alguns professores, formados pelos jesuítas, ainda mantivessem 
traços didáticos dessa pedagogia, a formação política do Marquês e sua inclinação 
aos ideais iluministas, reforçou a diferença na qualidade da educação oferecida 
aos filhos das elites, em relação ao que era proposto aos ameríndios e filhos dos 
pobres colonos. Além disso, "havia crianças e jovens que não eram nobres e 
nem cidadãos, que estavam fora da escola e que não receberam essa herança, de 
nobreza e de cidadania"(SILVA, 1998, p.59).
De acordo com a nova proposta, os mestres régios, que eram representantes 
da Coroa e funcionários do governo, deveriam ensinar aos meninos índios e pobres 
apenas a ler e a escrever em português e a fazer cálculos simples. Ressalta-se que 
o número de crianças pobres atendidas era bem pequeno e foi progressivamente 
tornam-se ainda menor. Essa formação visava atender apenas à necessidade de 
mão de obra mais qualificada na Colônia, que caminhava para a modernização. 
As meninas, que foram de certo modo alcançadas pela educação jesuíta, era 
educadas em escolas próprias, tendo em vista o aprendizado de tarefas úteis ao 
lar (PAIVA, 2015). 
No que tange aos materiais e métodos empregados no processo de 
alfabetização, sabe-se que os mestres se valiam das antigas cartilhas de alfabetização, 
com ênfase na repetição e memorização para o aprendizado da língua escrita. A 
pesquisa de SOUZA (2009), nos traz como modelo, o manual produzindo pelo 
exímio calígrafo Manuel De Andrade de Figueiredo, material utilizado pela Nova 
escola para aprender a ler, escrever e a contar, publicado em Portugal, em 1722, antes das 
reformas pombalinas, mas que muito provavelmente foram trazidos para o Brasil, 
no final do século XVIII. “A Nova escola para aprender a ler, escrever e contar, 
da autoria de Andrade de Figueiredo é um sofisticado exemplar dos manuais de 
caligrafia setecentistas. A obra segue os padrões organizacionais ou estruturais 
comuns aos manuais de caligrafia correntes na época” (SOUZA, 2009, p. 44). 
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
15
FONTE: Souza (2009, p. 51)
Pombal não conseguiu alcançar com sua nova proposta educacional, a 
mesma organização e sucesso dos Jesuítas, sendo avaliada por Maciel e Neto 
(2006), da seguinte maneira:
A reforma de ensino pombalina pode ser avaliada como sendo 
bastante desastrosa para a Educação brasileira e, também, em certa 
medida para a Educação em Portugal, pois destruiu uma organização 
educacional já consolidada e com resultados, ainda que discutíveis 
e contestáveis, e não implementou uma reforma que garantisse um 
novo sistema educacional. Portanto, a crítica que se pode formular 
nesse sentido, e que vale para nossos dias, refere-se à destruição de 
uma proposta educacional em favor de outra, sem que esta tivesse 
condições de realizar a sua consolidação (MACIEL; NETO, 2006, p. 
475).
Articulando nosso estudo sobre as práticas alfabetizadoras no Brasil à 
concepção de políticas públicas educacionais, é fundamental que você acadêmico, 
note como a ideologia governista exerce influência na constituição da ação 
política educacional. No bojo dessas análises, verifica-se a organização escolar 
brasileira à serviço dos interesses da elite dominante da época. Aos pobres, e às 
mulheres, conforme a ordem social da época, deveria ser oferecido o mínimo 
de acesso à escolarização necessário para o trabalho. Já os filhos dos nobres 
recebiam uma educação diferenciada, com currículo mais elaborado, constituído 
de componentes das áreas das ciências humanas, das ciências da natureza e das 
ciências exatas, fomentadas pelo movimento renascentista.
Após a morte do Marquês de Pombal, em 1782, a elite brasileira, 
determinada a difundir o pensamento iluminista, continuou a buscar maneiras 
de elevar a educação no país. No final do século XVIII, início do século XIX, 
FIGURA 7 – ORNATO CALIGRÁFICO DA ESCOLA NOVA
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
16
chegou ao Brasil as Cartilhas de João de Deus, um prelúdio dos Métodos 
Analíticos, e o Método Lacaster, que viria a ser efetivamente implantado como 
plano governamental, sob o reinado de D. Pedro I. 
Num tempo em que a educação não era obrigatória, a nova estrutura 
acabou por propiciar um afastamento dos pobres da escola, pela construção de 
um ambiente excludente e de menor afinidade ao seu contexto de vida. 
• Alfabetização no Período Joanino
Após o fracasso das reformas pombalinas, com a chegada de D. João 
VI no Brasil, em 1808, alguns investimentos passaram a ser feitos na educação 
na colônia. O imperador tinha forte interesse pelas letras, as artes e as ciências 
em geral. Logo viu-se que o Brasil não possuía uma estrutura educacional de 
qualidade para oferecer aos filhos da nobreza (Silva, 1998). Observe, acadêmico, 
que desde a saída dos jesuítas, os esforços que se fizeram em prol da educação no 
país foram direcionados aos filhos das elites. Ainda que os investimentos jesuítas 
na educação popular tenham sido com objetivos religiosos e não propriamente 
educativos. 
As circunstâncias políticas que fomentaram a vinda da Família Real para 
o Brasil favoreceram novidades no plano do conhecimento. Instituições foram 
criadas para atender e sustentar os interesses educativos da corte. A presença do 
Rei na colônia fez com que livros pudessem ser impressos aqui, e no ano de sua 
chegada foi criada a Imprensa Régia (LOPES, 2000). Com a Família Real, o acervo 
da Biblioteca Nacional de Portugal foi embarcado para o Brasil, juntamente com 
Acadêmico, propomos uma literatura clássica e interessante. Memórias de um 
sargento de milícias, de Antônio Manoel de Almeida, narra e descreve, em vários trechos, 
cenas das aulas régias. Deleite-se na leitura! 
DICAS
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
17
os tesouros da Coroa. Em 1810, foi fundada a Biblioteca Pública no Rio de Janeiro. 
Essa nova realidade, sem dúvida, enriqueceu o capital cultural da colônia, mas 
não com extensão às camadas populares. 
FIGURA 8 – PRÉDIO DA IMPRENSA RÉGIA
FONTE: <https://bit.ly/3meQtp0>. Acesso em: 25 abr. 2021.
FIGURA 9 – BIBLIOTECA NACIONAL
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Biblioteca_Nacional_do_Brasil>. Acesso em: 25 abr. 2021
 
Além disso, a abertura dos portos às nações amigas permitiu a importação 
de livros lidos na Europa desde o século XVII, quando os ideais iluministas 
se expandiam no mundo ocidental. Literaturas de autores como John Locke, 
Thomas Hobbes, George Berkeley e David Hume, trouxeram o empirismo para 
o Brasil. O pensamento de que o conhecimento só era acessível por meio dos 
sentidos ensaiou uma concepção de alfabetização que considerasse o ritmo 
de aprendizagem da criança. Esse entendimento, porém, não se confirmou na 
prática, sendo essa orientada pelo arcaísmo das metodologias já vivenciadas em 
Portugal. E apesar de já existir impressa no país, as cartilhas de alfabetização 
continuavam sendo trazidas da Metrópole. 
Durante o Período Joanino, embora muitos professores tenham sido 
trazidos de Portugal para cá, poucas escolas com classes de alfabetização foram 
formadas. Delas participavam somente algumas crianças de famílias europeias 
residentes nos centros urbanos. Silva (1998) denuncia que:
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
18
Neste período, apesar do aumento do número de professores 
encarregado de ensinar a ler, escrever e contar e dos recursos para 
a educação, os resultados não foram significativos, que se pode 
atribuir a circunstânciasdesfavoráveis e não à inércia e incúria dos 
poderes público, reafirma Almeida. Ou seja, desde os inícios, somos 
os culpados de nossa ignorância, barbárie, atraso (SILVA, 1998, p. 60).
Vê-se, portanto, que a educação para todos não foi assumida como 
responsabilidade do governo nesse período. 
3.2 ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL IMPÉRIO
Declarada a Independência, embora o governo ainda demonstrasse pouca 
preocupação com as questões educacionais, em 1824 a primeira Constituição do 
Brasil garantia como direito civil de todo cidadão brasileiro a instrução primária 
gratuita. Não obstante o documento ser dirigido a todo cidadão brasileiro, numa 
sociedade escravocrata, o acesso à alfabetização ainda era privilégio somente 
daqueles que podiam pagar: descendentes de famílias abastadas, ou freiras e 
padres, mantidos pelo Estado. Silva (1998), esclarece que
Em 1840, a população do pais era de 6.000.000 de habitantes, sendo que, 
destes "2.500.000 (eram) indígenas e escravos, que não fornecem alunos 
à população escolar; sobravam, pois, 3.500.000 pessoas livres"(:80)
[sic]. Quando, portanto, no texto, fala-se em povo, sociedade, classes 
populares. está-se falando em pessoa livre. Analisando período 
posterior, o de 1870-1875, o autor diz que "o recenseamento acusa 
a existência de 23.087 indivíduos livres de 7 a 14 anos, em idade de 
receber a instrução primária"(:l34) [sic]. Desses 23.087, 9.311 estavam 
na escola. Logo, havia 13.776 fora da escola, isto é, 315 da população 
livre (SILVA, 1998, p. 62).
Passados dez anos, D. Pedro I promulgou algumas alterações e adições 
à Constituição Política do Império. O ato adicional de 1834 regia que cabia às 
Assembleias das províncias legislar sobre a instrução pública e prover os 
estabelecimentos próprios para promovê-la. Sendo assim, a responsabilidade da 
oferta da educação primária e da gestão das escolas desse nível seria de cada 
província. Nesse ínterim, foram criados também os cursos Normais, de nível 
secundário, visando a formação de professores alfabetizadores, também sob 
competência das províncias. 
No que diz respeito aos recursos didáticos utilizados para alfabetizar, o 
Método Lancaster, ou Método Mútuo, ganhou proeminência no Estado. Segundo 
Vieira (2017),
Desenvolvido na Inglaterra no final do século XVIII, no apogeu do 
processo da industrialização e urbanização, por Andrew Bell e Joseph 
Lancaster, o método pretendia instruir uma grande quantidade de 
alunos de uma só vez, acelerando o progresso dos alunos além de 
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
19
abreviar o trabalho do mestre e diminuir os custos com a educação. A 
educação e a escolarização passam a ser alvo de expansão nas várias 
províncias (VIEIRA, 2017, p. 80).
Esse foi o primeiro método educacional instituído de modo oficial no 
Brasil, por D. Pedro I, em 15 de outubro de 1827. A proposta vinha ao encontro 
dos ideais iluministas de modernização e crescimento da nação. Indo de encontro 
ao método individual, em que embora os alunos estivessem agrupados em 
um mesmo espaço, o professor ensinava e fazia intervenções com cada aluno 
individualmente, o Método Lancaster não permitia a organização de turmas 
homogêneas e o ensino coletivo, propiciando mais rapidez e eficiência. 
FIGURA 10 – MÉTODO LANCASTER
FONTE: <https://bit.ly/3F7HbDL>. Acesso em: 25 abr. 2021
Essa nova estrutura representou certo avanço no campo educacional, 
porém, a exclusão dos cidadãos marginalizados ganhou nova dimensão. Naquele 
tempo, como ainda hoje, havia diferenciação do poderio econômico entre as 
regiões do país. Com a descentralização do ensino, as províncias mais carentes 
não podiam manter a mesma estrutura educacional que as outras. Enquanto 
existiam províncias com bons resultados acadêmicos, o ensino em outras era 
muito precário, o que acarretou em deperecimento. Escolas particulares foram 
surgindo, reforçando a desigualdade social entre aqueles que podiam pagar para 
serem alfabetizados e aqueles que continuariam excluídos. 
Paralelamente à organização escolar de ensino mútuo, os materiais 
orientados por métodos tradicionais, como o da soletração e o silábico, 
trabalhados pelas cartilhas de João de Barros e as cartilhas ABC, sustentavam 
o ensino. Entrementes, expandiu-se no Brasil o Método Castilho, criado pelo 
português Antônio Feliciano de Castilho, com uma abordagem mais lúdica para 
a alfabetização e em oposição ao caráter punitivo e exaustivo que ações escolares 
tinham naquele tempo. Na análise de Vieira (2017), Castilho
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
20
Traz, na primeira lição, as vogais ilustradas o que também nos faz 
rememorar a Cartinha de João de Barros que trazia o desenho colado 
à letra como forma de auxiliar na memorização da referida letra. 
O “novo” aqui consiste no esforço do autor em buscar estampas 
destinadas a dar ideia da forma e do som da letra, associando-a a 
uma história. Para a letra A, por exemplo, encontra-se associada 
uma imagem de “um rapazito encostado a um tronco, bocejando o 
som A, esforço metodológico para relacionar a grafia da letra ao som 
correspondente (VIEIRA, 2017, p. 89).
Em sua pesquisa, a autora ilustra partes do material de Castilho: 
FIGURA 11 – ENSINO DE VOGAL PELO MÉTODO CASTILHO
FONTE: Vieira (2017, p. 90)
Após o aprendizado das vogais, eram apresentadas as consoantes, 
seguindo o mesmo modelo: mediado por uma pequena história, a criança era 
conduzida ao aprendizado da grafia e da compreensão fonêmica da letra: 
FIGURA 11 – ENSINO DE CONSOANTE PELO MÉTODO CASTILHO
FONTE: Vieira (2017, p. 91)
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
21
Após a apresentação dos cartazes com as letras, a criança era conduzida à 
formação de palavras e frases curtas, para então, ler pequenos textos. O método 
Castilho incorporava também, ao final do estudo de cada letra, pequenas histórias 
a fim de explorar melhor o fonema, por meio da ludicidade. Castilho destacava 
também, a importância do conhecimento dos sinais de pontuação, para a escrita 
e interpretação. 
FIGURA 12 – CONTO DE CASTILHO, TRABALHANDO A LETRA F
FONTE: Vieira (2017, p. 92)
De 1840 a 1889, D. Pedro II assumiu o comando do país. Esse foi um 
período marcado por muitos conflitos e manifestações políticas e sociais, 
culminando na Proclamação da República. Esse também foi um tempo de 
muitas ações antiescravistas, com a sanção de leis a favor dos negros, até que a 
escravidão fosse abolida no país, em 1888. Esse contexto impulsionou a entrada 
de imigrantes no Brasil, a fim de suprir a necessidade de mão de obra, o que gerou 
um grande intercâmbio cultural. A diversidade de costumes, crenças e religiões se 
amalgamou ao país já miscigenado, propiciando mudanças nas relações sociais. 
A presença do Protestantismo no Brasil alcançou também o campo da 
alfabetização. A crença na leitura da Bíblia como indispensável ao crescimento 
espiritual de todo cristão provocou o surgimento de escolas que permitiram 
a escolarização de alguns marginalizados socialmente. Assim, pessoas 
pobres, brancas, mestiças, negras e índias, ainda que poucas, puderam ser 
alfabetizadas. 
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
22
Como se percebe, desde a chegada dos portugueses ao Brasil, até o império 
de D. Pedro II, a alfabetização popular recebeu pouca atenção do governo. 
Estivemos sempre imersos num jogo de interesses políticos e econômicos que 
acabaram por construir um cenário em que o acesso à educação era permitido 
somente aos nobres da sociedade. Apenas com a Proclamação da República, em 
1889, é que o analfabetismo passa a ser considerado um problema para o governo. 
Convidamos você, acadêmico, a continuar conosco essa viagem, 
avançando no conhecimento dos métodos de alfabetização, pela história da 
educação do Brasil!
23
 Neste tópico, você aprendeu que:
• A escrita é uma herança cultural das sociedades letradas, uma invenção da 
raça humana que requer um ensinosistematizado e intencional.
• No decorrer da história os grupos humanos construíram diversos sistemas 
de escrita.
• O alfabeto, como o temos, é de origem greco-latina, que, por sua vez, foi 
inspirado no alfabeto fenício.
• A história da alfabetização no Brasil remota desde o período da colonização, 
porém, sempre caracterizada por embates econômicos, políticos, sociais e 
metodológicos que existem até hoje. 
• O estudo da história desse contexto nos permite demarcar três momentos 
distintos da prática pedagógica realizada no Brasil Colônia: a Pedagogia 
Jesuítica, as Aulas Régias e a educação no Reino Unido do Brasil.
• A estrutura organizacional e educacional jesuítica já preconizava a 
sistematização do ensino no Brasil, ressaltando a importância de um método 
para alfabetizar;
• A expulsão dos Jesuítas e de sua educação voltada para formação do 
pensamento religioso, significou o início do ensino laico, no entanto, implicou 
em grande perda no campo educacional. 
• As aulas régias, ministradas isoladamente em ambientes independentes 
criados pelos mestres, favoreciam a construção de relações sociais que 
visavam a ascensão social.
• No que tange aos materiais e métodos empregados no processo de 
alfabetização, sabe-se que os mestres se valiam das antigas cartilhas de 
alfabetização, com ênfase na repetição e memorização para o aprendizado da 
língua escrita.
• As circunstâncias políticas que fomentaram a vinda da Família Real para o 
Brasil favoreceram novidades no plano do conhecimento, o que enriqueceu 
o capital cultural da colônia, mas não com extensão às camadas populares. 
• Declarada a Independência, em 1824 a primeira Constituição do Brasil 
garantia como direito civil de todo cidadão brasileiro a instrução primária 
gratuita, contudo, numa sociedade escravocrata, o acesso à alfabetização 
ainda era privilégio somente daqueles que podiam pagar.
RESUMO DO TÓPICO 1
24
1 Analise as imagens a seguir: 
(1)
Podemos afirmar que a relação que se dá entre ambas se expressa:
a) ( ) Pelo caráter contínuo do uso da escrita que a imagem 2 tem com a 
imagem 1, representando um retorno ao modo de escrita antigo em 
substituição ao contemporâneo.
b) ( ) Por meio da mensagem que transmitem: ambas expressam sentimentos 
por meio de figuras que remetem a um objeto conhecido.
c) ( ) Com o paradoxo linguístico estabelecido, uma vez que não se pode 
chamar de escrita mensagens construídas por meio de desenhos.
d) ( ) Pela dinâmica história da escrita que as imagens representam, 
demonstrando a evolução dos signos e o sentido semântico dos traços. 
2 Em 1551, fundou-se no Brasil o primeiro Colégio Jesuíta. Segundo Casimiro 
e Silveira (2012), 
O método pedagógico utilizado pelos jesuítas foi desdobrado nas 
práticas da catequese que, simultaneamente, instruíam as crianças 
a ler, escrever e contar. Em boa parte das aldeias da costa, por 
onde passavam, os padres inacianos estabeleciam “pequenos 
seminários”. Eram as chamadas casas de be-a-bá, espaços onde 
ministravam às crianças indígenas o ensino da doutrina e das 
primeiras letras. As casas de be-a-bá eram estruturadas em 
espaços pequenos e nesse mesmo lugar ocorria o ensino da fé e 
das letras (CASIMIRO; SILVEIRA, 2012, p. 218).
A respeito da alfabetização no período colonial brasileiro, avalie as asserções 
em verdadeiras ou falsas: 
(2)
AUTOATIVIDADE
25
I- A expulsão dos jesuítas do Brasil significou um retrocesso da educação do 
país, pois, embora o trabalho da Companhia tivesse forte cunho religioso 
e político, ele ofereceu qualidade de escolarização, certo diálogo com a 
diversidade e resistência aos princípios da nobreza. 
II- As Reformas Pombalinas trouxeram novidades no plano didático da 
alfabetização, tornando o ensino mais acessível aos marginalizados 
socialmente, criando um contexto propício à democratização e à 
universalização do ensino. 
III- Os ideais iluministas, difundidos na Europa e defendidos pela elite 
imperial brasileira, embora tenham fomentado um modelo econômico 
com grandes desigualdades sociais, permitiu o acesso a toda sorte de 
ciência e literatura. 
Está correto o que afirma em:
a) ( ) I e III somente.
b) ( ) II somente.
c) ( ) II e III somente.
d) ( ) III somente.
3 Observe a foto da Biblioteca Nacional, fundada no Brasil em 1810:
A Biblioteca Nacional do Brasil, considerada pela UNESCO uma das dez 
maiores bibliotecas nacionais do mundo, é também a maior biblioteca da 
América Latina. O núcleo original de seu poderoso acervo, calculado hoje em 
cerca de dez milhões de itens, é a antiga livraria de D. José organizada sob 
a inspiração de Diogo Barbosa Machado, Abade de Santo Adrião de Sever, 
para substituir a Livraria Real, cuja origem remontava às coleções de livros de 
D. João I e de seu filho D. Duarte, e que foi consumida pelo incêndio que se 
seguiu ao terremoto de Lisboa de 1º de novembro de 1755.
Fonte: https://www.bn.gov.br/sobre-bn/historico
Sobre o período acima rememorado, pode-se dizer que: 
I- Significou m período de grande enriquecimento intelectual e cultural, 
abrigando, o Brasil, um grande acervo de livros, textos históricos e 
científicos. Além disso, passou-se a ser impressos no país jornais e livros. 
26
Afirma-se também que 
II- Cartilhas de alfabetização passaram a ser produzidas no Brasil, o que 
favoreceu a popularização do ensino, reduzindo sistematicamente o 
número de analfabetos brasileiros, principalmente entre negros e caboclos. 
Assinale a alternativa que melhor interpreta o que foi dito nas proposições I 
e II:
a) ( ) A proposição I é verdadeira, sendo a II uma sequência histórica 
relevante. 
b) ( ) A proposição II é falsa e não tem relação com o fato histórico trazido 
pela primeira. 
c) ( ) A proposição I é falsa e tornou a segunda inviável até os dias atuais. 
d) ( ) A proposição II é parcialmente verdadeira e não tem ligação com o 
contexto criado expresso na proposição I. 
4 Contextualize e defina o Método Lancaster:
5 Disserte sobre como o contexto criado para a Proclamação da República 
impactou na alfabetização.
27
TÓPICO 2 — UNIDADE 1
PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE 
ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, a questão sobre qual é melhor método para se alfabetizar 
tem acalorado debates. Essa não é uma discussão atual, mas se intensiva à 
medida em que as ações alfabetizadoras do país parecem não darem conta das 
necessidades de aprendizagem das crianças. A oposição feita entre os métodos 
sintáticos e analíticos, em que um é superado pelo outro, foi transpassada por um 
entendimento equivocado surgido na década de 1990 de que não era necessário 
método para se alfabetizar. 
No bojo dessas considerações, entendemos que, conhecer a história da 
alfabetização brasileira, dos métodos e dos resultados que têm sido alcançados, 
permitirá a todo professor lançar luz à práxis pedagógica e construir sua didática 
com uma intencionalidade clara. 
Acadêmico, continue a leitura desse material pautando-se no seguinte 
pensamento: "Se queres conhecer o passado, examina o presente que é o resultado; 
se queres conhecer o futuro, examina o presente que é a causa." Confúcio.
2 A ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL DE 1889 a 1930 – A VELHA 
REPÚBLICA
Com foi possível entrevermos pelos estudos passados, o ensino das 
primeiras letras à população passou a ter maior atenção governamental e a ganhar 
uma organização mais institucionalizada poucas décadas antes da Proclamação da 
República, em 1889. Esse fato deve-se, em grande parte, pelo tipo de colonização 
ocorrida no Brasil: com caráter de exploração e não de desenvolvimento. Os 
investimentos mais sistematizados na alfabetização e a criação do sistema público 
de ensino se fizeram presentes apenas quando eles passaram a importar para o 
avanço econômico do país, sem, contudo, deixar de privilegiar a manutenção do 
status quo social.
Diante dessa realidade, a alfabetização brasileira foi também, muito 
fortemente, marcada por embates metodológicos.Debates no âmbito acadêmico 
devem sempre ser encarados como oportunidade de aprofundamento das 
pesquisas, tendo em vista que nenhum conhecimento científico é inacabado. 
Chamamos a atenção para a distinção entre os termos embate e debate, dentro 
https://www.pensador.com/autor/confucio/
28
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
do nosso contexto: um remete a choque de ideias, outro à problematização; um 
torna-se sem proveito, outro produz crescimento; um tem fim ideológico, outro, 
nas necessidades de aprendizagem dos estudantes. No primeiro período do Brasil 
republicano, intelectuais e educadores iniciaram essa discussão que, ainda hoje, 
no século XXI, não foi concluída. 
Retomando um pouco as leituras que tivemos, é possível identificar nos 
períodos históricos expostos que em 389 anos do ensino da língua escrita no Brasil, 
foram aqui adentrados alguns métodos de alfabetização, chamados de Sintéticos, 
por iniciarem o processo de aprendizagem das menores unidades textuais para 
as maiores, ou "das partes para o todo", como comumente se diz: letra > sílaba 
> palavra > frase > texto. Abordaremos nesse tópico mais pormenorizadamente, 
os três tipos de métodos sintáticos, para então, fazermos um contraponto com os 
métodos analíticos que se expandiram na República, no tópico seguinte.
2.1 OS MÉTODOS SINTÉTICOS
Acadêmico, é muito importante que você se exponha à compreensão dos 
conhecimentos que compartilharemos agora como um pesquisador que explora diferentes 
dimensões do objeto de estudo, a fim de alcançar seu objetivo final. Com a disciplina de 
Fundamentos e Metodologias da Alfabetização e do Letramento temos por grande meta, 
que você se forme um bom professor alfabetizador e não como um mero aplicador de 
métodos sem uma intencionalidade pedagógica clara. Para tanto, estude sobre os métodos 
de alfabetização não como receitas a serem aplicadas, mas analisando-os criticamente, 
sabendo de antemão que, a ação docente antecede ao método e a necessidade de 
aprendizagem do aluno inspira a ação docente! 
IMPORTANT
E
2.1.1 Método de Soletração ou Alfabético
Originado na Grécia Antiga, chegou ao Brasil pelas Cartas do ABC, no 
século VI. Ainda no século XX era muito usado. O Método João de Barros, preferido 
pelos jesuítas, apresenta certos traços do Soletração. Incluído na categoria de 
método sintético, ou seja, aqueles que parte das unidades menores para as maiores 
unidades da língua - letras, sílabas, fonemas - o método de soletração é o mais 
antigo dos métodos. Por meio dele, o aluno é conduzido a aprender os nomes das 
letras e sua forma escrita. Posteriormente, a ordem alfabética é exaustivamente 
trabalhada. Na sequência, o aluno é levado a unir as letras e a organizá-las em 
diferentes posições a fim de que, memorizados esses arranjos, a criança possa 
identificá-los em palavras, a partir da soletração. 
TÓPICO 2 — PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO
29
Por esses termos, o professor ensina o aluno a soletrar as letras, associando-
as à sua representação visual e, por conseguinte, ao som que ela produz nas 
palavras. O aspecto satisfatório desse método é que a identificação das letras é o 
básico para aprender a ler e a escrever, porém, esse método mostra-se bastante 
exaustivo e moroso, uma vez que para que a criança alcance o objetivo principal 
do trabalho, ela passa por muitos processos desassociados do contexto da leitura, 
e especialmente, do seu uso social. 
Observe alguns materiais usados em muitas salas de aula inspirados no 
método de soletração:
FIGURA 13 – MURAL DO ALFABETO
FONTE: <https://thecakeboutiquect.com/>. Acesso em: 3 maio 2021.
Ter sempre aos olhos a grafia correta das letras favorece o aprendizado 
da criança, à medida em que ela pode consultá-lo sempre que tiver dúvidas. 
No entanto, até a construção da base alfabética, ou seja, até que criança tenha 
compreendido a relação grafo-fonêmica do sistema alfabético de escrita e 
avançado em habilidades de leituras, a apresentação da letra cursiva pode não 
ser tão positiva, uma vez que desfavorece a discriminação visual dos traçados. 
FIGURA 14 – FORMAÇÃO DA SÍLABA PELO MÉTODO DE SOLETRAÇÃO
FONTE: <https://bit.ly/3oElV2X>. Acesso em: 3 maio 2021.
30
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
Veremos na próxima unidade que, enquanto a criança se alfabetiza 
ela elabora hipóteses que se constituem em processos importantes para o 
aprendizado da língua escrita. Nesses processos a consciência fonêmica (o som 
que cada letra representa) é construída. O uso de materiais semelhantes à Figura 
14 podem interferir no amadurecimento do alfabetizando diante da escrita, numa 
perspectiva psicogenética, por isso, seu uso deve ser avaliado. Aprofundaremos 
mais sobre a teoria psicogenética da língua escrita na Unidade 2. 
2.1.2 Método Silábico
Esse método chegou ao Brasil por meio da Companhia de Jesus, conhecido 
como Método João de Barros, o primeiro material impresso para alfabetização. 
O objetivo funda-se na memorização e repetição de uma aprendizagem 
prioritária da leitura tomando-a apenas como o ensino de uma técnica 
de decifração de um elemento gráfico em um elemento sonoro, crença 
de que ensinando a codificação e decodificação, a criança aprendia a 
ler [...] (VIEIRA, 2017, p. 65). 
O método silábico prioriza o ensino das sílabas, por considerá-la a 
unidade principal da língua, uma vez que, ao falarmos, pronunciamos sílabas 
e não letras isoladas. Na prática, o professor inicia apresentando as vogais e 
formando os encontros vocálicos, por serem considerados mais fáceis. Avançando 
na estratégia, começa-se o trabalho com as sílabas simples, formadas de uma 
consoante e uma vogal, o padrão CV (consoante + vogal). Estas são chamadas 
sílabas canônicas. Na perspectiva do método, o aprendizado ocorre das unidades 
mais simples para as mais complexas. As sílabas simples são apresentadas por 
meio de famílias silábicas (BA - BE - BI - BO - BU), seguindo a ordem alfabética, 
para que então, a criança avance no aprendizado das chamadas "dificuldades", 
sílabas não canônicas, de distintos padrões: VC - CCV - V - CVC.
Veja alguns materiais pautados no método silábico:
TÓPICO 2 — PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO
31
FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/771171136181631004/>. Acesso em: 4 maio 2021.
Até 2009, as letras K, W e Y eram consideradas estrangeiras e não 
incorporadas ao alfabeto brasileiro. A Imagem apresenta a sequência alfabética 
antiga, em que essas letras eram apresentadas posteriormente. 
FIGURA 15 – CARTAZ UTILIZADO NO MÉTODO SILÁBICO
32
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
FONTE: <https://bit.ly/3kYVmTy>. Acesso em: 4 maio 2021.
O grande problema desse método é a ênfase na memorização, na 
reprodução e na construção de palavras e frases desassociadas do cotidiano. 
2.1.3 Método Fônico
Em 1880, Hilário Ribeiro, gaúcho, professor da Escola Normal de Porto 
Alegre, torna-se autor do primeiro material brasileiro de alfabetização, a Cartilha 
Nacional, de abordagem fônica, baseada em estudos franceses e alemães, do 
século XVIII. A publicação da Cartilha Nacional se deu no âmbito do final do 
Império, a partir de um incentivo governamental a professores que produzissem 
materiais de alfabetização que pudessem reduzir os custos com a importação de 
recursos para subsidiar as aulas nas seriadas e numerosas classes organizadas em 
conformidades com o Método Lancaster (MACIEL, 2003; VIEIRA, 2017).
O Método Fônico prediz que o ensino das primeiras letras deve-se iniciar 
pelas vogais, partindo, então para as consoantes, privilegiando a compreensão 
fonêmica, ou seja, o som que cada letra produz. Somente após diversos exercícios 
FIGURA 16 – ATIVIDADE ELABORADA COM O MÉTODO SILÁBICO
TÓPICO 2 — PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO
33
a fim de consolidar a relação fonema/grafema, a criança passaà identificação 
silábica e, posteriormente, para a leitura de palavras simples, principalmente que 
explorem o mesmo fonema. 
Diante da rapidez propiciada por essa escolha metodológica na aquisição 
das habilidades de codificar e decodificar os símbolos alfabéticos, ou seja, da 
capacidade técnica de ler e escrever, o Método Fônico foi considerado um grande 
sucesso, sendo até hoje usado, estudado e defendido por muitos educadores. 
Uma das maiores referências de materiais do método fônico é o livro Caminho 
Suave, publicado no Brasil pela primeira vez em 1948 e excluído do Programa 
Nacional do Livro Didático (PNLD), em 1996. A imagem a seguir, apresenta uma 
das propostas contidas no livro:
FIGURA 17 – ATIVIDADE DO LIVRO CAMINHO SUAVE
FONTE: <https://bit.ly/3irzDlL>. Acesso em: 4 maio 2021.
A atividade ilustra o privilégio dado ao trabalho com a letra V e seu 
fonema. Para isso, são usados recursos como uma imagem em que o nome se 
inicia com esse fonema, um pequeno texto, lista de palavras e as cominações da 
letra em questão com as vogais. Observe alguns exemplos de materiais baseados 
no Método Fônico:
34
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
FIGURA 18 – ATIVIDADES BASEADAS NO MÉTODO FÔNICO
FONTE: <https://bit.ly/2Y21QYV>. Acesso em: 7 maio 2021.
Uma das principais críticas dirigidas a esse método de alfabetização refere-
se à impossibilidade de que um fonema que aparece na corrente da fala de forma 
contextualizada seja pronunciado sem apoio de uma vogal. Além disso, na língua 
portuguesa, há poucas relações biunívocas (termo a termo) entre letras e sons, 
pois uma mesma letra pode representar diferentes sons, segundo sua posição, 
e um mesmo som pode ser representado por diferentes letras, também segundo 
sua posição. Assim, o sistema de escrita é uma representação complexa e suas 
propriedades precisam ser compreendidas pelo aprendiz, por meio de diversas 
abordagens e estratégias (FRADE; VAL; BREGUNCI, 2014, on-line). 
Em contrapartida, um dos argumentos dos educadores que defendem o 
uso do Método Fônico é o seu respaldo na Ciência Cognitiva da Leitura, uma área 
de estudo que envolve conhecimentos dos campos da Psicologia Cognitiva, da 
Neurociência Cognitiva e da Linguística. De acordo do Dehaene (2012), a eficácia 
do Método Fônico se justifica pela sua compatibilidade com o modo como o cérebro 
processa as aprendizagens relacionadas com a leitura e a escrita. Isso torna-se 
possível em razão da reciclagem neuronal e do reconhecimento das invariâncias 
das letras que se processam na região occipto-temporal do cérebro. No Brasil, 
uma das proeminentes pesquisadoras desse método é a linguista Leonor Scliar-
Cabral, professora emérita da Universidade Federal de Santa Catarina. 
TÓPICO 2 — PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO
35
Caro acadêmico, neste subtópico expusemos os métodos sintéticos que 
viabilizaram a alfabetização brasileira nos períodos colonial e imperial. Estes 
métodos também se alongaram após a Proclamação da República, porém, 
coexistindo com os Métodos Analíticos, que surgiram com o objetivo de superar as 
deficiências dos anteriores diante das novas necessidades educacionais demandas 
pela sociedade da época. A partir de agora, nos dedicaremos à apresentação 
dos métodos agrupados como analíticos e consideraremos sobre as implicações 
sociais e pedagógica fomentadas nesse contexto.
3 OS MÉTODOS ANÁLITICOS E O INÍCIO DAS DISCUSSÕES 
METODOLÓGICAS NA REPÚBLICA
De acordo com a pesquisa de Melo e Pezzato (2019), a educação brasileira 
no período da Velha República (1889 a 1930), alicerçada no pensamento positivista, 
possuía um caráter utilitário, pragmático e racional. No campo da alfabetização, 
o pensamento didático-pedagógico foi influenciado por teorias científicas 
que ganharam maior destaque com a expansão dos ideais iluministas. Nesse 
contexto, os métodos sintéticos começaram a ser considerados arcaicos e pouco 
eficientes frente ao novo cenário econômico e social mundial no qual o Brasil 
buscava se consolidar. Assim, os antigos métodos passaram a ser refutados por 
muitos professores e progressivamente substituídos por outros mais modernos, 
nomeados como analíticos. Neles, a leitura e a escrita eram trabalhados de forma 
simultânea e o tempo de alfabetização era mais dinamizado em função disso. 
Métodos Analíticos são a aqueles que norteiam o início do processo de 
alfabetização partindo das maiores unidades da língua: palavras, frases ou textos. 
Esses métodos privilegiam a compreensão do sentido textual, para então, envolver 
o aluno no trabalho grafo-fonêmico da língua, ou seja, levá-lo-ão entendimento 
do valor sonoro das sílabas e letras. 
Acadêmico, retornaremos à discussão sobre o método fônico e a Psicologia 
Cognitiva na próxima unidade. Entretanto, indicamos a leitura do artigo do professor 
Dehaene (2013) a fim de elucidar alguns conceitos. 
Acesse pelo link: https://bit.ly/2YhvOZs.
ESTUDOS FU
TUROS
36
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
Segundo Carvalho (2005), 
A fundamentação teórica desses métodos é a psicologia Gestalt ou 
psicologia da forma: a crença segundo a qual a criança tem uma visão 
sincrética (ou globalizada) da realidade, ou seja, tende a perceber o 
todo, o conjunto, antes de captar os detalhes (CARVALHO, 2005, p. 
32).
 
A primeira expressão do método analítico no Brasil ocorreu poucos 
anos antes da mudança no modelo governamental, em 1876, com a publicação 
da Cartilha João de Deus, conhecida também como Cartilha Maternal, pelo 
professor de Língua Portuguesa e positivista militante Antônio da Silva Jardim. 
Na República, o método ganhou maior destaque. Nas palavras de Vieira (2017), 
[...] Silva Jardim considerava que a Cartilha Maternal seria um livro 
capaz de romper com os métodos de marcha sintética até então 
difundidos nas províncias, uma vez que se baseava nos princípios 
da moderna linguística da época e defendia o ensino da leitura pela 
palavra, portanto, um método de base científica, capaz de alavancar o 
progresso social (VIEIRA, 2017, p. 97).
Em 1920, ocorreram no Brasil uma série de reformas educacionais que 
visavam a consolidação do ideário republicano e que fomentaram o uso dos 
métodos analíticos. "As reformas colocaram o aluno no centro do processo 
de educação, defenderam a utilização de materiais concretos e jogos na sala de 
aula" (MAGALHÃES, 2005, p. 7). O movimento educacional estava alinhado às 
concepções pedagógicas da Escola Nova. " O escolanovismo preconizava a função 
socializadora da escola, a centralidade do indivíduo no processo de aprendizagem, 
a educação para a vida, o caráter científico da educação, com contribuições da 
Psicologia, da Sociologia, dentre outras" (MAGALHÃES, 2005, p. 7).
Os métodos analíticos são três: palavração, sentenciação e global de 
contos, os quais conheceremos adiante.
Acadêmico, conhecer o Manifesto do Pioneiros da Educação Nova é 
indispensável para compreender o pensamento pedagógico brasileiro, que se fortaleceu no 
segundo período republicano e que mobiliza a luta pela qualidade e equidade na educação 
na atualidade. Além de ser um privilégio e grande inspiração! Acesse ao link, leia e ilumine 
suas convicções pedagógicas para a prática! 
Documento disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me4707.pdf
IMPORTANT
E
TÓPICO 2 — PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO
37
3.1 Método da Palavração
O método analítico, proposto por João de Deus, era o da Palavração, em 
que se considera a palavra como a principal expressão do processo comunicativo. 
Nele, após conhecerem as vogais, sem as quais não é possível se escrever palavras 
na Língua Portuguesa, pequenas unidades de sentido ditongais eram formadas e, 
posteriormente, combinava-se vogais com consoantes, apresentadas por meio de 
listas de palavras, como podem ser observadas nas imagens: 
FIGURAS 19 E 20 – TRECHOS DA CARTILHA MATERNAL
FONTE:

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