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13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 1/41 FISIOLOGIA E METABOLISMO DE NUTRIENTES NO EXERCICIO E NO ESPORTE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Conhecer o metabolismo energético e a contribuição dos nutrientes no exercício e no esporte. Considerar a bioquímica do sangue, tecidos e variações metabólicas que irão interferir diretamente na prática de esportes e na performance do atleta de acordo com as exigências das diferentes modalidades esportivas. Diferenciar as contribuições metabólicas e �siológicas dos nutrientes no exercício e no esporte. Estar apto a aplicar os conhecimentos adquiridos para o entendimento das particularidades na prescrição dietética na prática de exercícios e esportes. A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 2/41 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Vamos continuar nossa viagem? A partir de agora vamos entrar no campo da �siologia do exercício. Segundo Wilmore e Costill (2001), a Fisiologia do Exercício (também chamada de Fisiologia do Esforço ou da Atividade Física) é uma área do conhecimento derivada da disciplina Fisiologia, que estuda como as funções orgânicas respondem e se adaptam ao estresse imposto pelo exercício físico. Ela é caracterizada pelo estudo dos efeitos agudos e crônicos do exercício físico sobre as estruturas e as funções dos sistemas do corpo humano. Com isso, você conseguirá identi�car os sistemas de produção de energia e sua relação com as demandas metabólicas nutricionais que justi�carão a prescrição de determinados nutrientes vistos nos capítulos deste livro. Assim, ao estudarmos o metabolismo energético, a bioquímica do sangue e os tecidos, alguns conceitos básicos serão relembrados no início do capítulo para que você não tenha dúvidas e para que você possa organizar seu pensamento e raciocínio no andamento dos conteúdos. 2 FISIOLOGIA E METABOLISMO DE NUTRIENTES NO EXERCÍCIO E NO ESPORTE Antes de iniciarmos, é importante relembrar alguns conceitos como o de exercício e atividade física para que você não tenha problemas na compreensão dos conteúdos que serão abordados neste momento, uma vez que são frequentemente confundidos por muitas pessoas, inclusive em publicações na internet. O quadro a seguir mostra conceitos importantes que serão citados ao longo deste livro. QUADRO 1 – DIFERENÇAS ENTRE AS DEFINIÇÕES DE ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO De�nição Exemplos Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 3/41 Atividade Física Qualquer movimento corporal produzido pela contração da musculatura esquelética (voluntária), que aumenta o gasto energético acima do nível basal. Andar, correr, andar de bicicleta, subir escadas, caminhar de casa até o supermercado. Exercício ou Exercício Físico É a atividade física repetida, programada e que tem como objetivo obtenção ou melhora da aptidão física. Musculação, futebol, natação, triatlo. FONTE: Adaptado de McArdle e Katch et al. (2014) 2.1 ESPORTE O termo esporte pode ser de�nido como uma forma de atividade física praticada com �nalidade recreativa, educativa, sociocultural, pro�ssional, ou como meio de melhorar a saúde. Também pode ser de�nido como um sistema ordenado de práticas corporais com certa complexidade que envolve atividades de competição institucionalmente regulamentada, que se fundamente na superação de competidores ou de marcas/resultados anteriores estabelecidos pela categoria ou esporte (GENERALITAT DE CATALUNYA, 1991; GUEDES et al., 1995; BRASIL, 2004). FORJAZ, C. L. M; TRICOLI, V. V. A Fisiologia em Educação Física e Esporte. Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.7-13. 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbefe/v25nspe/02.pdf Capítulo 2 http://www.scielo.br/pdf/rbefe/v25nspe/02.pdf 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 4/41 2.2 PERFORMANCE Performance, ou Desempenho Esportivo, é a capacidade física de�nida como o potencial anátomo-�siológico que o atleta possui, cabendo ao preparador físico utilizar métodos de treinamento e controle para que o treinador possa usufruir deste atleta com plenitude física (AOKI, 2002). 2.3 ATLETA AMADOR, ATLETA PROFISSIONAL E ESPORTISTA O esportista, ou desportista, é aquela pessoa que realiza alguma atividade esportiva, que se dedica a um esporte como corrida, natação e esportes coletivos sem caráter pro�ssional. A palavra atleta provém do grego athletes e do termo aethos, que signi�ca esforço. O atleta é aquele que pratica alguma modalidade relacionada ao esporte, mais especi�camente ao atletismo. Atualmente o termo “atleta” estende-se a outros esportes. O atleta amador é aquele que pratica esportes por lazer e sem a intenção de rendimentos �nanceiros pela prática da atividade. O atleta pro�ssional, ou de elite, é o que atinge altos níveis de desempenho, tendo como foco a competição, dedica grandes jornadas de horas durante os seus treinos e preparação física. Em resumo, o atleta pro�ssional tem a prática de esporte como sua pro�ssão e rendimento �nanceiro. 2.4 ESPORTE DE ALTO RENDIMENTO Caracteriza-se o esporte de alto rendimento como estruturado, orientado a uma tarefa e com demanda de comprometimento e esforço, sendo esse o nível que de�ne o esporte pro�ssional, bem como o ápice da carreira esportiva (DIMANDE, 2010). A própria de�nição de esporte de alto rendimento assemelha-se muito com a de�nição de trabalho, que consiste na força concentrada dos esforços de um indivíduo para executar uma tarefa ou meta (CAMPOS et al., 2017). Os esportes de alto rendimento, por exemplo, corridas e natação de longa distância, ciclismo, triathlon, entre outros que envolvem a prática de atividades que promovem grande gasto energético durante um longo período, geralmente acima de duas horas de duração (GUEDES et al., 1995). Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 5/41 2.5 ENDURANCE O treinamento de endurance é caracterizado pelo alto volume (tempo e repetições) e baixa intensidade (carga) de trabalho, o que possibilita a melhora no desempenho em provas de longa duração, porém com baixa margem de efeito na �exibilidade muscular e na potência aeróbia, ou ainda, a capacidade de resistência aeróbia de longa duração, ou seja, a capacidade de manter contrações musculares por um período de tempo prolongado (WEINECK, 1991). 2.6 EXERCÍCIOS DE FORÇA E EXERCÍCIOS DE RESISTÊNCIA Resistência, segundo Weineck (1991), pode ser de�nida como a capacidade psicofísica do indivíduo resistir à fadiga sob a forma de resistência muscular localizada em geral; aeróbia ou anaeróbia, de curta, média e longa duração; resistência de força, resistência de força rápida e resistência de velocidade. 2.7 MÚSCULOS São estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais articulações, sendo responsáveis pelo movimento que é efetuado por células especializadas denominadas �bras musculares. Assim, os músculos são capazes de transformar energia química em energia mecânica. Os músculos representam entre 40-50% do peso corporal total de um indivíduo (GUEDES et al., 1995). 3 FADIGA MUSCULAR Conjunto de manifestações produzidas por trabalho, ou exercício prolongado, tendo como consequência a diminuição da capacidade funcional de manter ou continuar o rendimento esperado. A fadiga é o mecanismo de proteção para impedir que se esgote completamente as reservasde energia do organismo. Manifesta-se por declínio do nível da atividade realizada, queda da força, espasmos musculares e diminuição da velocidade (GUEDES et al., 1995). 4 VOLUME DE OXIGÊNIO MÁXIMO (VO ) 2MÁX Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 6/41 VO , ou volume de oxigênio (O ), é a capacidade máxima do corpo de um indivíduo de transportar e metabolizar oxigênio durante a execução de um exercício físico tipicamente feito em uma esteira ergométrica, sendo que a variável �siológica é a que melhor re�ete a capacidade aeróbica de um indivíduo. 2máx 2 Embora a sigla tenha volume em seu nome, a variável expressa volume por unidade de tempo, geralmente intervalo de um minuto. É uma grandeza expressa em litros de oxigênio por minuto (L /min) de forma absoluta e em mililitros de oxigênio por quilograma por minuto (mL/kg·min) de forma relativa ao peso do indivíduo. A forma relativa geralmente é usada para comparação entre diferentes atletas (WILMORE; COSTILL, 2001; DLUGOSZ et al., 2013; MCARDLE et al., 2014). O2 O VO é usado para medir o condicionamento e o quão condicionável é o indivíduo, por isso, é o melhor índice �siológico para classi�cação e triagem de atletas (DLUGOSZ et al., 2013). 2máx O VO de um homem sedentário é aproximadamente 30 a 35 mL/kg/min, enquanto que os maratonistas têm um VO máx de 70 mL/kg/min. Mulheres têm VO máx um pouco menor, variando entre 20 a 25 mL/kg/min nas sedentárias, até 60 mL/kg/min nas atletas, por possuírem naturalmente uma maior quantidade de gordura e menor quantidade de hemoglobina. 2máx 2 2 Teste do VO máx: para medir o VO2, pode-se realizar o teste de ergoespirometria, também chamado de teste da capacidade pulmonar, ou teste do esforço, que é realizado numa esteira ou bicicleta ergométrica com a pessoa usando uma máscara no rosto e com eletrodos colados no corpo. Esse teste mede o VO2máx, a frequência cardíaca, a troca de gases na respiração e a percepção de esforço conforme a intensidade do treino. 2 O teste é normalmente solicitado pelo cardiologista ou médico do esporte para avaliar atletas, ou para avaliar a saúde de pessoas que sofrem de problemas pulmonares ou cardíacos, e em alguns casos, também se mede a quantidade de lactato no sangue, no �nal do teste. Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 7/41 BRUCE, C. VO2 Máximo: O que é, como medir e como aumentar. 2020. Disponível em: https://www.tuasaude.com/vo2-máximo/ a) Limiar anaeróbio Ponto onde a produção de lactato é aumentada, mas ainda existe um equilíbrio entre a produção e a remoção, as fontes aeróbias continuam sendo predominantes no fornecimento de energia (MCARDLE; KATCH et al., 2014). b) Lactato Lactato é um composto orgânico produzido naturalmente pelo organismo, principalmente pelos músculos, glóbulos vermelhos e células cerebrais durante a produção de energia anaeróbica após a glicólise (o organismo busca esta energia em fontes alternativas, produzindo o lactato). O acúmulo desta substância nos músculos pode gerar uma hiperacidez, que causa dor e desconforto logo após o exercício. Assim, a determinação da concentração sanguínea do lactato permite avaliar indiretamente a acidose metabólica do exercício, sendo uma das ferramentas em avaliação �siológica de atletas (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). c) Equivalente Metabólico (MET) O equivalente metabólico (MET), múltiplo da taxa metabólica basal, equivale à energia su�ciente para um indivíduo se manter em repouso, representado na literatura pelo consumo de oxigênio (VO ), aproximadamente 3,5 ml/kg/min. 2 Quando se exprime o gasto de energia em METs, representa-se o número de vezes pelo qual o metabolismo de repouso foi multiplicado durante uma atividade. Por exemplo, pedalar a quatro METs implica em gasto calórico quatro vezes maior do que o que vigora em repouso (FARINATTI, 2003; MCARDLE; et al., 2014; COELHO-RAVAGNANI et al., 2013). Capítulo 2 https://www.tuasaude.com/vo2-maximo/ 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 8/41 Para saber mais sobre os Equivalentes Metabólicos (MET) de algumas modalidades esportivas. https://nutritotal.com.br MET (Múltiplos de Equivalentes Metabólicos). Nutritotal. 2020. Disponível em: https://nutritotal.com.br 5 BIOQUÍMICA DO SANGUE, TECIDOS ÓSSEOS E VARIAÇÕES METABÓLICAS 5.1 BIOQUÍMICA DO SANGUE O sangue humano faz parte do sistema circulatório, formado também pelo coração e vasos sanguíneos. Sua principal função é a distribuição dos nutrientes, gás oxigênio e hormônios para as células do corpo humano. É formado pelo plasma (parte líquida do sangue que contém diversas substâncias), hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas (fragmentos celulares). Os glóbulos e as plaquetas representam 45% da composição do sangue, que circula pelos vasos sanguíneos (artérias, veias e capilares) (WILMORE; COSTILL, 2001; DLUGOSZ et al., 2013; MCARDLE; KATCH et al., 2014). 5.2 PLASMA SANGUÍNEO É uma solução aquosa amarelada constituída de água, sais minerais e proteínas. Sua função é transportar essas substâncias pelo corpo. O plasma representa cerca de 55% do volume sanguíneo e a água constitui 95% da massa, os outros 5% são de proteínas, sais, hormônios, nutrientes, gases e excreções. As principais proteínas do plasma são a albumina, com papel importante na manutenção da pressão osmótica do sangue, e as imunoglobulinas, Capítulo 2 https://nutritotal.com.br/pro/material/met-multiplos-de-equivalentes-metabolicos/ https://nutritotal.com.br/pro/material/met-multiplos-de-equivalentes-metabolicos/ 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 9/41 importantes anticorpos (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). a) Hemácias Também chamadas de eritrócitos ou glóbulos vermelhos, são células compostas por moléculas de hemoglobina, proteína responsável pela cor vermelha do sangue. Sua função é transportar o oxigênio. As hemácias correspondem a cerca de 42 a 47% do volume do sangue. Homens adultos saudáveis possuem entre 4,1 e 6 milhões de hemácias por milímetros cúbicos de sangue. Já mulheres adultas saudáveis, entre 3,9 e 5,5 milhões por milímetros cúbicos de sangue (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). b) Leucócitos São os glóbulos brancos responsáveis por defender o organismo contra microrganismos invasores e correspondem a 1% do volume do sangue no corpo. Em condições normais há entre 4 a 12 mil leucócitos em cada milímetro cúbico de sangue humano (WILMORE; COSTILL, 2001; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). c) Plaquetas (trombócitos) São importantes na coagulação do sangue e correspondem a menos de 1% do volume do sangue. O organismo humano possui cerca de 300 mil por milímetro cúbico. No caso de um ferimento, as plaquetas são ativadas e aderem ao local da lesão, liberando a enzima tromboplastina, que resulta na coagulação do sangue (WILMORE; COSTILL, 2001). 5.3 BIOQUÍMICA DO TECIDO MUSCULAR O tecido muscular possui células alongadas e ricas em �lamentos contráteis. As células musculares são alongadas, por isso também são chamadas de �bras musculares, compostas por �lamentos de actina e de miosina, responsáveis pela sua contração (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). A matriz extracelular consiste na lâmina basal (ou externa) e nas �bras reticulares. As células musculares lisas secretam colágeno, elastina, proteoglicanas e fatores de crescimento, sendo que alguns desses elementos ajudam na adesão entre as células.O tecido muscular é Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 10/41 dividido em: músculo estriado esquelético, músculo estriado cardíaco e músculo liso (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). As células do músculo estriado esquelético são originadas da fusão de centenas de células precursoras, os mioblastos, o que as tornam grandes e alongadas, de formato cilíndrico e com diâmetro de 10 a 100mm, até 30cm de comprimento e são multinucleadas em posição periférica (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). FIGURA 1 – CÉLULAS MUSCULARES FONTE: <www.descomplica.com.br>. Acesso em 12 dez. 2020 As células musculares esqueléticas do adulto não se dividem. No entanto, é possível a formação de novas células no processo de reparo após lesão ou de hipertro�a decorrente do exercício intenso através da divisão e fusão de mioblastos quiescentes, as células satélites. Elas são fusiformes, mononucleadas, com o núcleo escuro e menor do que aquele da célula muscular. Estão posicionadas entre a lâmina basal e a membrana plasmática dessa célula. O termo esquelético é devido à sua localização, já que está ligado ao esqueleto. Esse músculo está sob controle voluntário (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). As células possuem uma pequena quantidade de retículo endoplasmático rugoso e ribossomos. O retículo endoplasmático liso (geralmente chamado de retículo sarcoplasmático) é bem desenvolvido e armazena íons Ca2+, importantes para o processo de contração. As mitocôndrias são numerosas nas �bras tipo I e fornecem energia ao processo. Capítulo 2 http://www.descomplica.com.br/caracteristicas 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 11/41 Para a obtenção da energia, elas armazenam glicogênio e gotículas lipídicas. Contêm pigmentos de mioglobina, que são proteínas transportadoras de oxigênio semelhantes à hemoglobina (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). O músculo estriado cardíaco apresenta estriações devido ao arranjo dos �lamentos contráteis e localiza-se no coração. É formado por células cilíndricas (10 a 20mm de diâmetro e 80 a 100mm de comprimento), rami�cadas, com um ou dois núcleos em posição central ou próxima. Quase metade do volume celular é ocupado por mitocôndrias, o que re�ete a dependência do metabolismo aeróbico e a necessidade contínua de ATP. Glicogênio e gotículas lipídicas formam o suprimento energético. Como o consumo de oxigênio é alto, há uma abundante quantidade de mioglobina. O retículo endoplasmático é relativamente esparso (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). As células do músculo liso são fusiformes, com 3 a 10mm de diâmetro (na região mais larga, onde está o núcleo) e comprimento variado, sendo 20mm nos pequenos vasos sanguíneos, 200µm no intestino e 500mm no útero gravídico com núcleo central e alongado. A disposição dos feixes de �lamentos contráteis em diferentes planos faz com que as células não apresentem estriações, por isso a denominação de músculo liso. A contração desse músculo é involuntária e lenta, controlada pelo sistema nervoso autônomo (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). Contração Muscular A contração muscular refere-se ao deslizamento da actina sobre a miosina nas células musculares, permitindo os movimentos do corpo. As �bras musculares contêm os �lamentos de proteínas contráteis de actina e miosina, dispostas lado a lado. Esses �lamentos se repetem ao longo da �bra muscular, formando o sarcômero. O sarcômero é a unidade funcional da contração muscular. Para que ocorra a contração muscular são necessários três elementos: Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 12/41 Estímulo do sistema nervoso; As proteínas contráteis, actina e miosina; Energia para contração, fornecida pelo ATP. O cérebro envia sinais através do sistema nervoso para o neurônio motor que está em contato com as �bras musculares. Quando próximo da superfície da �bra muscular, o axônio perde bainha de mielina e dilata-se, formando a placa motora. Os nervos motores se conectam aos músculos através das placas motoras. FIGURA 2 – CONTRAÇÃO MUSCULAR FONTE: <www.anatomiadocorpo.com>. Acesso em: 12 dez. 2020 Com a chegada do impulso nervoso, as terminações axônicas do nervo motor lançam sobre suas �bras musculares a acetilcolina, uma substância neurotransmissora. A acetilcolina liga-se aos receptores da membrana da �bra muscular, desencadeando um potencial de ação. Nesse momento, os �lamentos de actina e miosina se contraem, levando à diminuição do sarcômero e consequentemente provocando a contração muscular (MCARDLE; KATCH et al., 2001). Capítulo 2 http://www.anatomiadocorpo.com/ 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 13/41 Depleção de glicogênio muscular e hepático; Níveis de glicose sanguínea reduzidos; Acidez muscular devido ao acúmulo de ácido láctico; Níveis de amônia no plasma e músculo; Volume sanguíneo corporal devido a desidratação; Temperatura corporal em função da desidratação (MCARDLE; KATCH et al., 2014). 5.4 PRINCIPAIS DETERMINANTES DA FADIGA COM IMPLICAÇÕES NUTRICIONAIS 6 BIOQUÍMICA DO TECIDO ÓSSEO, CONJUNTIVO E VARIAÇÕES METABÓLICAS O osso é um tecido multifuncional, metabolicamente muito ativo e constituído por uma população heterogênea de células, em diferentes estágios de diferenciação celular. Está em equilíbrio dinâmico, com regulação da mobilização e deposição mineral durante toda a vida. É um tecido que metabolicamente sofre processo contínuo de renovação e remodelação. Esta atividade é consequência, em sua maior parte, da atividade de dois tipos celulares principais e característicos do tecido ósseo: os osteoblastos e os osteoclastos. Há também um terceiro tipo celular, os osteócitos, que são derivados dos osteoblastos e metabolicamente menos ativos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). O processo de remodelação óssea se desenvolve com base em dois processos antagônicos, mas acoplados: a formação e a reabsorção ósseas. O acoplamento dos dois processos permite a renovação e a remodelação óssea, é mantido a longo prazo por um complexo sistema de controle que inclui hormônios, fatores físicos e fatores humorais locais. Uma série de condições, como idade, doenças ósteo-metabólicas, mobilidade diminuída, ação de algumas drogas etc., podem alterar este equilíbrio entre formação e reabsorção, levando ao predomínio de um sobre o outro. Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 14/41 Nutrientes presentes em menores quantidades nas dietas, os minerais são fundamentais para o funcionamento das rotas metabólicas. A interação entre estas classes de nutrientes é perfeita e a disponibilidade deles determina o melhor desempenho dos animais. Os minerais apresentam uma função estrutural (ex.: cálcio e fósforo) e/ou metabólica (MCARDLE; KATCH et al., 2014; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). O esqueleto contém 99% do Ca do organismo e funciona como uma reserva desse íon, cuja concentração no sangue (calcemia) deve ser mantida constante para o funcionamento normal do organismo. ++ Há um intercâmbio contínuo entre o Ca do plasma sanguíneo e o dos ossos. O Ca absorvido da alimentação que faria aumentar a concentração sanguínea deste íon é depositado rapidamente no tecido ósseo, e, inversamente, o Ca dos ossos é mobilizado quando diminui sua concentração no sangue (MCARDLE; KATCH et al., 2014; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). ++ ++ O osso é constituído aproximadamente por 70% de minerais, 20% de matriz orgânica e cerca de10% de água, o que o diferencia de outros tecidos conjuntivos menos rígidos (RATH et al., 2000). A matriz mineral, ou inorgânica, é formada predominantemente por Ca e P na forma de cristais de hidroxiapatita Ca (PO ) , constituindo aproximadamente de 60 a 70% do peso do osso e sendo responsável pelas propriedades de rigidez e resistência à compressão. Outros minerais também são encontrados, como 13% de carbonato de Ca (CaCO ) e 2% de fosfato de magnésio Mg (PO ) (FIELD, 2000). ++ 3 4 2 3 4 Para a homeostase do Ca, três hormônios estão envolvidos com grande importância no controle do seu metabolismo: a vitamina D ativa, o Paratormônio (PTH) e a calcitonina. O osso está intimamente relacionado ao processo de crescimento do organismo, sofrendo adaptações constantes quanto à sua constituição, podendo estar hipertro�ado quando é mais exigido, ou atro�ado, quando em desuso. Serve de reserva metabólica de cálcio e fósforo no organismo, os quais podem ser mobilizados durante alterações da homeostase (MCARDLE; KATCH et al., 2014). A matriz extracelular, em sua maior parte, é composta por colágeno, substância fundamental. O colágeno é encontrado em todos os tecidos do corpo, sendo uma proteína �brosa sintetizada por �broblastos e Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 15/41 células relacionadas, tais como os condroblastos da cartilagem e os osteoblastos do osso. A formação de �brilas de colágeno envolve reações no meio intracelular e extracelular. As ligações cruzadas são as principais responsáveis pela estabilização da molécula e das �bras de colágeno e pela modulação das propriedades de resistência à tração conferida ao osso pelo colágeno, conferindo força ao tecido para suportar tais pressões (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). 6.1 CONTRIBUIÇÃO METABÓLICA DOS TECIDOS HEPÁTICO, RENAL, CARDÍACO E ADIPOSO PARA O DESEMPENHO MUSCULAR No processo de contração, e consequente desempenho muscular, ajustes químicos, neurais e hormonais ocorrem antes e durante a prática de exercícios. Antes ou após o início do exercício, ocorrem alterações cardiovasculares a partir dos centros nervosos que estão acima da região medular. Tais ajustes proporcionam um aumento signi�cativo na frequência e na força de bombeamento do coração, bem como promovem alterações previsíveis no �uxo sanguíneo regional, que são proporcionais à intensidade do exercício (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). Com o prosseguimento da atividade física, a saída de informação simpática colinérgica, junto com fatores metabólicos locais que atuam sobre os nervos quimiossensíveis, além de atuar diretamente sobre os vasos sanguíneos, causam a dilatação dos vasos de resistência dentro do músculo (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). Essa resistência periférica reduzida permite que as áreas ativas recebam maior irrigação sanguínea. Quando o exercício se prolonga, há ajustes de contração adicionais nos tecidos menos ativos que, assim, mantêm uma pressão de perfusão adequada, mesmo com uma grande vasodilatação muscular. Essa ação permite a correta redistribuição do sangue para satisfazer as necessidades dos músculos ativos. Os nervos, os hormônios e os fatores metabólicos atuam sobre as bandas de músculo liso nos vasos sanguíneos. Isso causa uma alteração de seu diâmetro interno, regulando o �uxo sanguíneo: as �bras simpáticas adrenérgicas liberam noradrenalina, que causa vasoconstrição; e os neurônios simpáticos Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 16/41 colinérgicos secretam acetilcolina, que produz vasodilatação (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). O exercício físico produz dois tipos de reações do ponto de vista �siológico, de acordo com o tempo de duração em que se desenvolve: uma tem ação aguda, como a resposta imediata ao estímulo do exercício; a outra tem ação cumulativa, progressiva e sistemática no organismo, que age de forma crônica quando a atividade física é realizada por 24 semanas ou mais (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). O treinamento bem planejado permite modi�cações necessárias nas variações hematológicas, tanto com �ns de alto rendimento, como nos programas de saúde dirigidos à população e essas modi�cações são menos bruscas pela adaptação ao exercício (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). A respiração é uma função vital do organismo, que tem como �m primordial o aporte de O da atmosfera até os tecidos e a eliminação de CO para o exterior. Para isso, o sistema respiratório usa uma série de músculos (músculos respiratórios), que produzem variações de pressão e volume na cavidade torácica, possibilitando a aeração dos alvéolos. 2 2 Durante o exercício vigoroso, a frequência respiratória de adultos jovens sadios aumenta normalmente para 35-45 respirações/min (embora tenham sido registradas em esportistas de elite, frequências respiratórias tão altas quanto 60-76 durante exercício máximo). Volumes correntes de 2 L/min são comuns durante o exercício (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). Homens jovens sadios treinados alcançam durante um exercício intenso, um volume ventilatório máximo de 140 a 180 L/min; as mulheres alcançam de 80 a 120 L/min. A diferença diminui nas esportistas de alto rendimento. Foram relatados valores de 200 L/min em homens esportistas de competição de alto nível. Em pacientes com patologia obstrutiva, diminui-se até 40% do considerado normal com relação à idade e tamanho corporal. O pH do sangue mantém-se levemente alcalino (7,4), qualidade que não pode sofrer modi�cações importantes para a correta homeostase do organismo. A realização do exercício sempre gera um aumento na produção de CO , quase sempre de ácido láctico e com um aumento da concentração do íon hidrogênio (H+); por isso, durante o exercício há 2 Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 17/41 uma tendência à acidose metabólica. Isso pode ser compensado com sistemas tamponadores, presentes nos líquidos corporais, como o tampão bicarbonato, o fosfato e as proteínas plasmáticas. Esses sistemas químicos esgotam-se com certa rapidez, razão pela qual necessitam de tamponadores físicos, como os pulmões e os rins, os quais atuam a médio e longo prazos e, além disso, potencializam a atividade dos tamponadores químicos (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). O sistema endócrino é um dos grandes mecanismos de controle de que o organismo dispõe, fundamentando-se nos mensageiros químicos, os hormônios, que são produzidos em glândulas especializadas. Eles são liberados diretamente no sangue e, assim, distribuem-se por todo o organismo e exercem suas ações a distância nos órgãos-alvo correspondentes. A secreção dos diferentes hormônios ocorre em resposta às alterações especí�cas do meio, ou seja, do estimulo dos exercícios. Os hormônios são classi�cados de acordo com sua estrutura química em: peptídeos e derivados dos aminoácidos (que correspondem à maioria dos hormônios) e esteroides, derivados do colesterol (que incluem hormônios do córtex suprarrenal, hormônios sexuais e hormônios metabólitos ativos da vitamina D) (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014; SANDOVAL, 2014). A resposta do hipotálamo ao exercício possui cronologicamente três componentes: Uma resposta rápida a cargo do sistema simpático suprarrenal, com a liberação de catecolaminas (adrenalina, noradrenalina etc.), que se produzem até antes do exercício em resposta a ordens recebidas de centros motores ou do sistema límbico. No início do exercício incorporam-se estímulosprocedentes dos proprioceptores. Uma resposta intermediária (após algum tempo de exercício) por meio da secreção de hormônios hipo�sários: hormônio de crescimento (GH), adrenocorticotropina (ACTH), prolactina (PRL), hormônio antidiurético (ADH), TSH hipo�sário (hormônio tireoestimulante), etc. Estes, por sua vez, acompanham-se da produção de suas glândulas periféricas correspondentes, como, por exemplo, o ACTH da hipó�se e a produção de cortisol. Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 18/41 Um componente lento, depois de pelo menos 60 minutos de exercício, procedente das modi�cações do meio interno, como a hipoxia, o ácido láctico e, em especial, a hipoglicemia, que modula as respostas anteriores e estimula a atividade vagal, com secreção dos hormônios gastrenteropancreáticos, como glucagon, insulina e peptídeo inibidor vasoativo (VIP) (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014; SANDOVAL, 2014). Assim, são acionados no metabolismo uma das duas fases, a anabólica ou a catabólica, para que todo esse processo possa ocorrer com estímulo ou inibição de hormônios. A seguir vamos falar sobre essas fases. O início de um exercício se caracteriza pelo aumento plasmático da concentração da maioria dos hormônios, embora alguns diminuam. A resposta hormonal não é determinada pelo exercício por si mesmo, mas pelas próprias necessidades das células musculares ativas mediante sinais que provocam as modi�cações orgânicas. Desse modo, por exemplo, o exercício físico prolongado aumenta a a�nidade dos receptores para a insulina nos músculos (SANDOVAL, 2014; WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). A duração e a intensidade do exercício estão muito relacionadas à produção e ao equilíbrio dos hormônios. Com o treinamento, a célula muscular aumenta a sensibilidade aos hormônios. Quando existe uma relação equilibrada entre treinamento e recuperação, os mecanismos de adaptação endócrina ao exercício funcionam adequadamente (SANDOVAL, 2014; WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). O metabolismo é o conjunto de todas as reações bioquímicas que ocorrem no organismo, dividido em duas formas: o anabolismo e o catabolismo. A regulação do metabolismo varia conforme as características de cada indivíduo, como: peso, idade, sexo e atividades físicas exercidas. O funcionamento adequado do nosso organismo depende do correto balanceamento e integração entre o anabolismo e o catabolismo que podem ocorrem na prática de exercícios (MCARDLE; KATCH et al., 2014). FIGURA 3 – METABOLISMO ENERGÉTICO E A PARTICIPAÇÃO DOS TECIDOS NA FASE ANABÓLICA Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 19/41 FONTE: A autora Isso pode ser feito com a prática de exercícios físicos e consumo de alimentos. Quando o suprimento de energia é pouco, o organismo realiza o catabolismo. O catabolismo abrange todas as reações em que compostos orgânicos complexos são convertidos em moléculas mais simples. Portanto, o catabolismo se resume em reações de degradação ou quebra (MCARDLE; KATCH et al., 2014; MORAES; MEDEIROS; MUSSOI apud MUSSOI, 2017). FIGURA 4 – METABOLISMO ENERGÉTICO E A PARTICIPAÇÃO DOS TECIDOS NA FASE CATABÓLICA Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 20/41 FONTE: A autora 7 SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA Nosso organismo precisa de energia para manter suas funções básicas, como o metabolismo basal, respiração, contração muscular, crescimento, desenvolvimento, entre outras. Essa energia é obtida através dos sistemas de produção de energia que, através do ATP, faz existir uma capacidade limitada de energia em cada célula. Além disso, o organismo consegue obter energia de outras fontes, pois há um "estoque" limitado de ATP no músculo. Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 21/41 Com a realização do exercício, há um aumento da demanda de energia armazenadas nas ligações do ATP, portanto, é necessário ressintetizar a molécula para quebrá-la e gerar energia (MCARDLE; KATCH et al., 2014; MORAES; MEDEIROS; MUSSOI apud MUSSOI, 2017). Os sistemas de produção de energia se dividem em: anaeróbios (ATP-CP - glicogenólise e glicólise anaeróbia); e os aeróbios (vias oxidativas com degradação de glicogênio, glicose, aminoácidos e ácidos graxos). Com isso, um indivíduo pode se manter em atividade por inúmeras horas (MCARDLE; KATCH et al., 2014; MORAES; MEDEIROS; MUSSOI apud MUSSOI, 2017). A escolha do substrato de energia utilizado durante o exercício irá depender do tipo de exercício, intensidade e duração. São três os sistemas de produção/obtenção de energia: ATP-CP (do fosfagênio) ou Anaeróbio Alático; ou Anaeróbio lático ou glicolítico; e o sistema Aeróbio (MCARDLE; KATCH et al. 2014). Lembremos que INTENSIDADE é o nível de esforço para a realização de uma atividade física determinada pela frequência cardíaca durante o treino. É importante ressaltar que essa a�rmação é bastante discutível se o exercício for aeróbio devido à quebra da linearidade entre FC e VO com aumento da intensidade. Adicionalmente, ela é incorreta para exercícios anaeróbios. 2 A tabela a seguir apresenta uma classi�cação de intensidade do exercício baseada em um treinamento de até 60 minutos, também descreve a relação entre a intensidade relativa de esforço, baseada no percentual da FC , no percentual da reserva de FC (ou no percentual do VO ) e o índice de percepção de esforço (IPE) da escala de Borg. máx máx 2máx TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO DA INTENSIDADE DO EXERCÍCIO BASEADA EM UM TREINAMENTO DE ENDURANCE DE 20 A 60 MINUTOS Intensidade relativa (%) Índice de percepção do esforço Classi�cação de intensidade FCmáx VO2máx Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 22/41 <35% <30 % <10 Muito leve 35-59% 30-49% 10-11 Leve 60-79% 50-74% 12-13 Moderada 80-89% 75-84% 14-16 Pesada ≥90% ≥85% >16 Muito pesada FONTE: Adaptado de American College Of Sports Medicine (1998) Posicionamento O�cial: a quantidade e o tipo recomendados de exercícios para o desenvolvimento e a manutenção da aptidão cardiorrespiratória e muscular em adultos saudáveis. Rev Bras Med Esporte. Niterói, v. 4, n. 3, p. 96-106, 1998. 7.1 SISTEMA ATP-CP (DO FOSFAGÊNIO) OU ANAERÓBIO ALÁTICO O sistema ATP-CP é a forma mais rápida de ressintetizar energia. A fosfocreatina é armazenada nas células musculares. Ela é semelhante ao ATP por também possuir uma ligação de alta energia no grupo fosfato. A quantidade de ATP disponível a partir do sistema fosfagênio equivale a uma quantidade entre 5,7 e 6,9 kcal, não representando muita energia para ser utilizada durante o exercício (MCARDLE; KATCH et al., 2014). O sistema do fosfagênio representa a fonte de energia disponível mais rápida do ATP para ser usado pelo músculo, pois: Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 23/41 Não depende de uma longa série de reações químicas; Não depende do transporte do oxigênio que respiramos para os músculos que estão realizando trabalho; Tanto o ATP quanto o CP estão armazenados diretamente dentro dos mecanismos contráteis dos músculos. Ex.: As reservas de fosfagênio nos músculos ativos serão esgotadas, provavelmente, após 10 segundos de exercício extenuante, como: dar um piquede 80 metros, levantamento de peso (10/15s), 25m natação (11s), corrida de 100m (10s) e cortada no voleibol (WILMORE; COSTILL, 2001). 7.2 SISTEMA ANAERÓBIO LÁTICO OU GLICOLÍTICO Esse sistema envolve a desintegração incompleta da glicose (carboidrato) em ácido lático, que é então chamado de glicólise anaeróbia. Pode ser utilizado dessa forma ou armazenado no fígado e nos músculos, como glicogênio muscular e hepático. A glicólise anaeróbia é mais complexa do que o sistema do fosfagênio, pois envolve várias reações no processo. O acúmulo mais rápido e os níveis mais altos de ácido lático são alcançados durante um exercício que pode ser sustentado por 60 a 180 segundos. Exemplo: corrida 400m (48s), natação 100m (54 s) e musculação (MCARDLE; KATCH et al., 2014). 7.3 SISTEMA AERÓBIO Consiste no término da oxidação dos carboidratos, envolvendo a oxidação dos ácidos graxos. São exercícios físicos de intensidade baixa a moderada com a frequência cardíaca abaixo do limiar (demanda de ácido lático baixa) que promove a transformação do ácido pirúvico em Acetil- CoA, causando a produção de energia através do ciclo de Krebs. Exemplos: corridas 5000m, ciclismo (+10km), aulas de hidroginástica (40- 60 min) (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). A leitura desse artigo é importante para complementar o entendimento sobre o sistema aeróbio: Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 24/41 Sistema ATP-CP: quebra do ATP, energia imediata (<10s), curta duração e alta intensidade. Atividades de força e velocidade. Sistema Anaeróbio lático: quebra da glicose, energia a curto prazo (1 a 2 min), duração moderada e alta intensidade. Sistema aeróbio: intensidade baixa para moderada. Longa duração. Atividades de resistência. BERTUZZI, R. et al. Energy System Contributions during Incremental Exercise Test. Journal of Sports Science and Medicine, v. 12, 2013. p. 454-460. Na presença de oxigênio, 1 mol de glicogênio é transformado completamente em dióxido de carbono (CO2) e água (H2O), liberando energia su�ciente para a ressíntese de 38 mols de ATP. As reações do sistema do oxigênio ocorrem dentro da célula, nas mitocôndrias, presentes em maiores proporções nos músculos esqueléticos (WILMORE; COSTILL, 2001). As reações do sistema aeróbio podem ser divididas em três séries principais: a) Glicólise aeróbia A glicose (C H O ) proveniente da degradação dos carboidratos se converterá em duas moléculas de ácido pirúvico ou piruvato (C H O ). A glicose é degradada através da Glicólise, e é uma das principais fontes de Acetil-CoA. A descarboxilação oxidativa do piruvato dá início ao ciclo de Krebs. Ela corresponde à remoção de CO do piruvato, gerando o grupo acetil, que se liga à coenzima A (CoA) e forma o Acetil-CoA, conforme pode ser visto na Figura 5 (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). 6 12 6 3 4 3 2 FIGURA 5 – GLICÓLISE AERÓBIA Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 25/41 FONTE: <http://educacao.globo.com/biologia>. Acesso em: 13 mar. 2020 b) Ciclo de Krebs Também chamado de ciclo do ácido cítrico, ou ciclo do ácido tricarboxílico, é uma das fases da respiração celular descoberta pelo bioquímico Hans Adolf Krebs, no ano de 1938. Essa fase da respiração ocorre na matriz mitocondrial (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). No ciclo de Krebs, o ácido pirúvico (C H O ) proveniente da glicólise sofre uma descarboxilação oxidativa pela ação da enzima piruvato desidrogenase, existente no interior das mitocôndrias dos seres eucariontes e reage com a coenzima A (CoA). O resultado dessa reação é a produção de acetilcoenzima A (acetil-CoA) e de uma molécula de gás carbônico (CO ). 3 4 3 2 Capítulo 2 http://educacao.globo.com/biologia 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 26/41 Em seguida, o acetil-CoA reage com o oxaloacetato, ou ácido oxalacético, liberando a molécula de coenzima A, que não permanece ao ciclo, formando ácido cítrico (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). Depois de formar o ácido cítrico, haverá uma sequência de oito reações, na qual ocorrerá a liberação de duas moléculas de gás carbônico, elétrons e íons H . Ao �nal das reações, o ácido oxalacético é restaurado e devolvido à matriz mitocondrial, onde estará pronto para se unir a outra molécula de acetil-CoA para recomeçar o ciclo. + Os elétrons e os íons H que foram liberados nas reações são apreendidos por moléculas de NAD, que se convertem em moléculas de NADH e também pelo FAD (dinucleotídeo de �avina-adenina), outro aceptor de elétrons (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). + No ciclo de Krebs, a energia liberada em uma das etapas forma, a partir do GDP (difosfato de guanosina) e de um grupo fosfato inorgânico (Pi), uma molécula de GTP (trifosfato de guanosina), que difere do ATP apenas por conter a guanina como base nitrogenada ao invés da adenina. O GTP é o responsável por fornecer a energia necessária a alguns processos celulares, como a síntese de proteínas (MCARDLE; KATCH et al., 2014). Por �m, o ciclo de Krebs é uma reação catabólica porque promove a oxidação do acetil-CoA a duas moléculas de CO e conserva parte da energia livre dessa reação na forma de coenzimas reduzidas, que serão utilizadas na produção de ATP na fosforilação oxidativa, a última etapa da respiração celular. 2 O ciclo de Krebs também tem função anabólica, sendo, por isso, classi�cado como um ciclo an�bólico. Para que esse ciclo tenha ao mesmo tempo a função anabólica e catabólica, as concentrações dos compostos intermediários formados são mantidas e controladas através de um complexo sistema de reações auxiliares que chamamos de reações anapleróticas. Um exemplo de reação anaplerótica é a carboxilação de piruvato para se obter oxalacetato, catalisado pela enzima piruvato carboxilase (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 27/41 Assista ao vídeo sobre o ciclo de Krebs KHAN ACADEMY BRASIL. Ciclo de Krebs - Ciclo do ácido cítrico (17min48s). 2014. Disponível em: https://youtu.be/mlDME8k92E0 c) Sistema de transporte dos elétrons Cadeia respiratória, ou cadeia transportadora de elétrons, ou fosforilação oxidativa, é a terceira etapa da respiração celular que se caracteriza pelo transporte de elétrons na membrana interna da mitocôndria de células em várias etapas liberadoras de energia para síntese de ATP. É na cadeia respiratória que ocorre a maior parte do ATP produzido pelo processo de respiração celular (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). Nessa etapa, os elétrons obtidos na quebra do átomo de hidrogênio são transportados através do NADH e FADH até o oxigênio. Há várias substâncias transportadoras de elétrons na membrana interna da mitocôndria, como proteínas que recebem elétrons do NADH, compostos orgânicos e proteínas que possuem ferro ou cobre em sua composição. Elas formam verdadeiros complexos chamados de cadeias transportadoras de elétrons por se encontrarem en�leiradas na membrana interna da mitocôndria (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). 2 À medida que são transferidos pela cadeia respiratória, os elétrons perdem energia e, no �nal da cadeia, conseguem combinar com o gás oxigênio, formando água. É importante lembrar que na respiração celular, o gás oxigênio só participa da última etapa, embora não esteja envolvido em nenhuma etapa do ciclo de Krebs. Se houver ausênciadesse gás no ciclo, ele será interrompido (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH et al., 2014). 7.4 RESTAURAÇÃO DO ATP-CP Grande parte da reserva de ATP depletada no músculo durante o exercício, é restabelecida em poucos minutos após o exercício, faz-se Capítulo 2 https://youtu.be/mlDME8k92E0 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 28/41 O tipo de exercício realizado; A quantidade de carboidratos dietéticos consumidos durante a recuperação. necessário que haja oxigênio disponível na circulação sanguínea (MCARDLE; KATCH et. al, 2014; MAHAN; RAYMOND, 2018). QUADRO 2 – TEMPO DE RECUPERAÇÃO DO SISTEMA ATP-CP Tempo de recuperação do sistema ATP-CP 30seg 70 % 1 min 80 % 2 a 3 min 90 % 5 a 10 min 100% FONTE: Adaptado de MCArdle e Katch et al. (2014) 7.5 RESSÍNTESE DO GLICOGÊNIO MUSCULAR É a plena restauração das reservas de glicogênio após um exercício. O processo leva vários dias e depende de dois fatores principais: QUADRO 3 – TEMPO PARA CONCLUSÃO DE PROCESSOS BIOQUÍMICOS DURANTE DESCANSO Processos Tempo de Recuperação Recuperação de reservas de O do2 Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 29/41 A) Pelas enzimas. B) Pelo piruvato. C) Pelo acetil-CoA. D) Pela adenosina trifosfato. Responder A) Requer oxigênio para a sua realização. B) Gera energia abundante após a sua �nalização. Recuperação de reservas de O do organismo 2 10 a 15seg Recuperação de reservas anaeróbio muscular 2 a 5 min Eliminação do acido lático 30 a 90 min Ressintese das reservas intra-musculares d li ê i 12 a 48h FONTE: Adaptado de MCArdle e Katch et al. (2014) Depósito de glicogênio hepático e muscular – 1200 a 2000 kcal Deposito de Lipídeos – 70000 a 75000 kcal 1 - Durante o metabolismo, a energia liberada é capturada e transferida: 2 - A glicólise ______.: Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 30/41 C) Converte glicose em piruvato para a obtenção de energia. D) Produz amônia como subproduto. Responder A) A produção ácido láctico. B) A fase do catabolismo energético. C) O processo de armazenamento de energia. D) Mobilização de energia à partir do glicogênio. Responder A) Acetil CoA. B) Aminoácidos. C) Ácidos graxos. D) Corpos cetônicos. Responder 3 - A glicogenólise é ______.: 4 - Durante o jejum, quando as reservas de glicogênio são esgotadas, o organismo começa a sintetizar glicose a partir de: Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 31/41 A) Acetil CoA. B) Piruvato C) Elétrons D) Amônia Responder 5 - Antes de entrar no Ciclo de Krebs, cada um dos nutrientes fornecedores de energia é quebrado em: 8 CONTRIBUIÇÃO DOS NUTRIENTES NO EXERCÍCIO 8.1 SISTEMA AERÓBIO E O METABOLISMO LIPÍDICO A gordura armazenada representa a mais abundante fonte corporal de energia potencial, considerada uma produção quase ilimitada de energia via metabolismo lipídico. Representa cerca de 90 000 a 110 000 kcal de energia, enquanto a reserva de energia na forma de carboidratos é inferior a 2 000 kcal. CALDAS, P. B. Efeito dos exercícios de alta intensidade aeróbios e anaeróbios na oxidação de gordura corporal: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo. v.8. n.43. p.50-61. Jan/Fev. 2014. Disponível em: http://www.rbpfex.com.br FIGURA 6 – NUTRIENTES COMO SUBSTRATO ENERGÉTICO CONFORME INTENSIDADE DO EXERCÍCIO Capítulo 2 http://www.rbpfex.com.br/index.php/rbpfex/article/download/586/546/ 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 32/41 FONTE: Adaptado de MCArdle e Katch et al. (2014) Para exercícios acima de duas horas de duração, ocorre a redução da concentração nos músculos de ácido pirúvico oriundos da glicólise. Quando os estoques de carboidratos são depletados, é então reduzida a oxidação de gorduras. Portanto, “a gordura queima na chama dos carboidratos” (MCARDLE; KATCH et al., 2014, p. 56). Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 33/41 8.2 AS PROTEÍNAS NO METABOLISMO AERÓBIO O papel das proteínas no metabolismo aeróbio é secundário durante o repouso e na maioria das condições de exercício, quase não desempenha signi�cativas contribuições. Contudo, inanição ou jejum em condições de privação de carboidratos, ou em atividades extremas de longa duração, como em uma corrida de seis dias, o catabolismo das proteínas pode ser signi�cativo, pois desempenha função energética, doando esqueletos de carbono para a produção de glicose, combustível para a contração muscular (MCARDLE; KATCH et al., 2014; MAHAN; RAYMOND, 2018). “Proteína pode substituir exercícios físicos e academia”, diz estudo Cientistas dos Estados Unidos apontam possível ligação entre acúmulo de Sestrin no organismo e resistência física Pesquisadores da Universidade de Medicina de Michigan, nos Estados Unidos, podem ter descoberto uma maneira de fazer com que o corpo humano se bene�cie de um treino na academia sem ao menos sair de casa. Após estudarem, em moscas e camundongos, a classe de uma proteína natural chamada Sestrin, os cientistas descobriram que ela consegue imitar os efeitos do exercício e garante maior resistência. Para testar a descoberta, os pesquisadores construíram uma espécie de escada rolante, onde treinaram as moscas de Drosophila por três semanas, para comparar seus níveis de resistência e habilidades os de moscas que haviam recebido injeções de Sestrin em seus músculos. Jun Hee Lee, um dos professores da Universidade envolvidos no estudo, disse em comentário que ele e sua equipe observaram uma melhora na habilidade das moscas com Sestrin, além de terem desenvolvido maior resistência: Propomos que o Sestrin possa coordenar essas atividades biológicas ativando ou desativando diferentes vias metabólicas. Esse tipo de efeito combinado é importante para produzir os efeitos do exercício”, completou. Essas descobertas são capazes de, eventualmente, auxiliar os cientistas a achar uma maneira de diminuir a perda de massa Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 34/41 muscular devido ao envelhecimento – já que analisaram que o Sestrin pode �car armazenado nos músculos. Lee ainda auxiliou em outro estudo da Universidade Pompeu Fabra, na Espanha, que relatou que o Sestrin consegue prevenir a atro�a de um músculo que �ca imobilizado por bastante tempo. Disponível em: https://exame.abril.com.br 8.3 ENERGIA AERÓBIA A PARTIR DO GLICOGÊNIO O sistema aeróbio é particularmente adequado para a produção de ATP durante o exercício prolongado tipo resistência (endurance). Nesses tipos de exercícios, o principal fornecedor de ATP é o sistema aeróbio. Os sistemas do ácido lático e do ATP-CP também contribuem, porém apenas no início do exercício antes de o consumo de O alcançar um novo nível de estado estável (steady-state); durante esse período há dé�cit de O . Depois que o consumo de O alcança novo nível de estado estável (cerca de 2 ou 3 minutos), torna-se su�ciente para fornecer toda a energia ATP exigida pelo exercício (MCARDLE; KATCH et al., 2014; MAHAN; RAYMOND, 2018). 2 2 2 Assim, a glicólise anaeróbia cessa uma vez,alcançando o consumo de O (estado estável) e a pequena quantidade de ácido lático previamente acumulado se mantém constante até o término do exercício (MCARDLE, KATCH et al., 2014; MAHAN; RAYMOND, 2018). 2 Metabolismo do glicogênio muscular durante o exercício físico: mecanismos de regulação O metabolismo energético durante o exercício, em especial do glicogênio muscular, tem sido amplamente investigado. Bergstrom et al. demonstraram que o tempo de sustentação de determinado exercício está relacionado com a quantidade de Capítulo 2 https://exame.abril.com.br/ciencia/proteina-pode-substituir-exercicios-fisicos-e-academia-diz-estudo/ 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 35/41 glicogênio muscular disponível para ressíntese da molécula de adenosina trifosfato (ATP). Nesse estudo veri�cou-se que níveis aumentados de glicogênio muscular, obtidos por combinação exercício-dieta (supercompensação), prorrogam o tempo de permanência no esforço, enquanto níveis reduzidos por jejum ou reposição inadequada de carboidratos dietéticos levam a uma diminuição no tempo de atividade. A partir desses achados, técnicos, treinadores e nutricionistas passaram a utilizar estratégias dietéticas para aumentar as reservas desse substrato. Com o prolongamento do exercício, as reservas de glicogênio muscular diminuem progressivamente e parte da energia despendida no esforço passa a ser fornecida pelos triglicerídeos musculares, por glicose e por ácidos graxos livres (AGL) circulantes no plasma . Entretanto, o conhecimento acerca dos mecanismos bioquímicos e �siológicos que controlam a alternância dos substratos energéticos predominantes é limitado. Estudos recentes sugerem que uma combinação entre ação hormonal (adrenalina, noradrenalina e insulina) e a própria estrutura molecular do glicogênio muscular regulam a entrada de substratos na �bra muscular. 4 Uma série de estudos tem sido realizada para compreensão do metabolismo de glicogênio muscular durante o exercício. Estudos clássicos apontaram uma associação entre as reservas iniciais de glicogênio muscular e o tempo de sustentação do esforço. O glicogênio muscular diminui de forma semi-logarítmica em função do tempo, mas a concentração desse substrato não chega a zero, o que sugere a participação de outros mecanismos de fadiga na interrupção do exercício prolongado. Nesse tipo de atividade, a depleção de glicogênio, primeiro, ocorre nas �bras de contração lenta, seguida pela depleção nas de contração rápida. A diminuição na taxa de utilização de glicogênio muscular está sincronicamente ligada ao aumento no metabolismo de gordura, mas o mecanismo �siológico é pouco compreendido. Estudos recentes sugerem que uma diminuição da insulina durante o exercício limitaria o transporte de glicose pela membrana plasmática, causando um aumento no consumo de ácidos graxos. Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 36/41 Alguns estudos têm demonstrado, também, que a própria estrutura do glicogênio muscular pode controlar a entrada de ácidos graxos livres na célula, via proteína quinase. Fisicamente, a molécula de glicogênio se apresenta de duas formas, uma com estrutura molecular menor (Proglicogênio) e outra maior. Aparentemente, a forma Proglicogênio é metabolicamente mais ativa no exercício e a Macroglicogênio mais suscetível a aumentar com dietas de supercompensação. Maior concentração de hipoxantinas e amônia no exercício com depleção de glicogênio muscular também foi relatada, mas estudos com melhor controle da intensidade do esforço podem ajudar a elucidar essa questão. LIMA-SILVA, A. E et al. Metabolismo do glicogênio muscular durante o exercício físico: mecanismos de regulação. Rev. Nutr. 2007, vol.20, n.4, pp.417-429. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rn/v20n4/09.pdf. Acesso em: 20 jan. 2020. FIGURA 7 – CONCENTRAÇÃO DE LACTATO E PROGRESSÃO DO EXERCÍCIO FONTE: Adaptado de MCArdle e Katch et al. (2014) Capítulo 2 https://www.scielo.br/pdf/rn/v20n4/09.pdf 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 37/41 Na Figura 8, visualizamos como alguns fatores controlam a utilização do substrato energético. Observa-se que com o passar do tempo de exercício, há predomínio da utilização de gordura como fonte energética no lugar do carboidrato, que era a fonte principal nos primeiros minutos de atividade, uma vez que são mobilizadas as reservas de glicogênio (MCARDLE; KATCH et al., 2014; MAHAN; RAYMOND, 2018). FIGURA 8 – FATORES QUE CONTROLAM A UTILIZAÇÃO DO SUBSTRATO FONTE: Adaptado de MCArdle e Katch et al. (2014) Quando o exercício atinge intensidade superior à capacidade de transporte e entrega de O pelo sistema cardiovascular, o metabolismo aeróbio passa a ser substituído por mecanismos anaeróbios (ácido lático) (ver Fig. 8). 2 Em exercícios de alta intensidade, a disponibilidade dos ácidos graxos �ca comprometida, em parte, por causa do acúmulo de ácido lático que ocorre. Então, ocorre menor velocidade de captação de lipídeos para utilização pelo músculo e oxidação (MCARDLE; KATCH et al., 2014; MAHAN; RAYMOND, 2018). Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 38/41 Assim, quanto maior a intensidade e duração do exercício, maior será a contribuição dos lipídeos como fonte energética. O exercício físico modi�ca diretamente a regulação do metabolismo da gordura corporal, como o consumo, o gasto e o armazenamento de energia, podendo ter in�uências bené�cas no tratamento da obesidade. Objetivo: Esta revisão bibliográ�ca teve como objetivo, apresentar as alterações no metabolismo da gordura corporal promovidas pelo exercício físico. Método: Para a realização da pesquisa foram selecionados: material bibliográ�co textual (livros) e artigos cientí�cos de revistas indexadas nos bancos de dados da Pubmed, LILACS, Scielo, CAPES, Science Direct. Discussão: A intervenção com exercícios promoveria o aumento na taxa de metabolização de gorduras, a perda de peso corporal ou manutenção desta perda, seguido de signi�cativa redução nos estoques lipídicos e ainda, aumentaria os valores percentuais de massa magra, tendo como re�exo, o aumento na taxa de metabolismo de repouso, fatores estes, importantes para o emagrecimento. Conclusão: Portanto, o exercício físico, apresentou-se como uma intervenção comportamental efetiva e funcional no tratamento obesidade. CARNEIRO, J.A.; BRAGA, M.A.O. Exercício físico e o metabolismo de gordura: in�uências na obesidade. FDeportes.com - Revista Digital. Buenos Aires, Ano 16, n. 155, 2011. Disponível em: https://www.efdeportes.com Capítulo 2 https://www.efdeportes.com/efd155/exercicio-fisico-e-o-metabolismo-de-gordura.htm. 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 39/41 A) Pelos triglicerídeos musculares, glicose e ácidos graxos livres circulantes no plasma. B) Pela glicose sanguínea exclusivamente. C) Incialmente pelos ácidos graxos livres e na sequência pelos aminoácidos. D) Pelos aminoácidos exclusivamente. Responder A) Que isso ocorre na fase anabólica do metabolismo onde ocorre a glicogênese e a lipogênese. B) Que o organismo precisa da ingestão de aminoácidos para que ocorra a oxidação de lipídeos. C) Que a lipólise acontece com o auxílio da ingestão de carboidratos, em especial, antes dos exercícios. D) Que a mobilização de energia depende exclusivamente da oxidação de carboidratos. Responder6 - Com o prolongamento do exercício, as reservas de glicogênio muscular diminuem progressivamente. Neste caso, a energia passa a ser fornecida por quem? 7 - Qual alternativa signi�ca melhor a frase: “A gordura queima na chama dos carboidratos” Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 40/41 A) Após os exercícios, etapa normal do metabolismo energético para recuperação muscular. B) No jejum, nas condições de privação de carboidratos ou em atividades extremas de longa duração. C) No repouso, pois nesse momento ocorre hipoglicemia, então é necessário obter energia imediata. D) Durante exercícios anaeróbios, pois neste momento o organismo não consegue obter glicose de forma e�ciente. Responder 8 - O catabolismo das proteínas pode ser signi�cativo, pois ele desempenha função energética, doando esqueletos de carbono para a produção de glicose e combustível para a contração muscular. Isso ocorre em qual momento? ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste capítulo, �zemos a revisão de alguns termos e conceitos necessários à compreensão do conteúdo. A bioquímica e a �siologia do exercício, muito presentes, foram o foco do estudo nessa disciplina. Por isso, passamos pela bioquímica e �siologia dos tecidos muscular, ósseo e do sangue, e sua participação na �siologia do exercício. O metabolismo e suas fases, anabólica e catabólica, são imprescindíveis para o processo da construção do seu conhecimento em nutrição esportiva a �m de ensiná-lo a identi�car as fases de síntese e mobilização de energia. Aprofundamo-nos também no conhecimento a respeito dos sistemas de produção de energia para então entrar no estudo da participação dos nutrientes no metabolismo energético. Para o próximo capítulo, falaremos sobre as recomendações de nutrientes e as intervenções nutrionais no exercício e no esporte. Por �m, sugiro uma pausa para que você releia os conteúdos deste capítulo antes de irmos para a última parte da disciplina. Capítulo 2 13/04/2022 18:48 Livro Digital - BIOQUÍMICA DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/bioquimica_aplicada_a_nutrição_esportiva/conteudo.html?capitulo=2 41/41 Capítulo 1 Capítulo 3 Conteúdo escrito por: Todos os direitos reservados © Kharla Medeiros Capítulo 2
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