Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Introdução à biomecânica muscular 
e articular
Apresentação
Nesta Unidade de Aprendizagem vamos introduzir os conceitos relativos à biomecânica muscular e 
articular, tratando questões importantes como os tecidos que formam uma articulação e as funções 
desses tecidos, além dos planos e eixos de movimento. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar os tecidos que formam uma articulação.•
Definir os tipos de articulação quanto à estrutura e também quanto à 
estabilidade/flexibilidade.
•
Definir as funções dos tecidos que formam uma articulação.•
Desafio
De maneira geral, para modificar a força que cada músculo exerce o sistema nervoso joga um papel 
fundamental, ora alterando o número de unidades motoras ativadas ou em outros momentos, 
promovendo a variação do nível de ativação de cada unidade motora que foi ativada para exercer 
força.
Os sarcômeros são as unidades geradoras de força na fibra muscular e estas estão organizadas em 
series (“fila indiana”) e em paralelo (“lado a lado”). A força máxima que uma fibra muscular pode 
exercer depende teoricamente do número de sarcômeros que estão alocados em paralelo, ou seja, 
lado a lado, sendo assim, a força máxima que um músculo pode exercer é considerado proporcional 
ao número de fibras musculares encontradas em paralelo uma as outras. De acordo com esta 
descrição a força muscular pode ser estimada anatomicamente em razão da medida de sua área 
transversa, ou seja, perpendicular a direção das fibras musculares (área de secção transversa 
fisiológica). Esta medida pode ser visualizada através de exames de imagem como ressonância 
magnética, ultrassom ou ainda tomografia computadorizada.
Outro fator muscular que influencia na capacidade de força e a capacidade intrínseca das fibras 
musculares gerarem força, a esta propriedade podemos denominar como tensão especifica que é 
expressa como força que uma fibra muscular pode exercer por unidade de área transversa (N. Cm-
2). Para mensurar esta medida o exame já é mais complicado que o já comentado anteriormente 
pois este deve-se realizar mediante biopsia de segmentos de fibras musculares na qual são 
inseridos em transdutores de força sensível montados em um microscópio. Através de estudos 
deste tipo pode-se constatar que a tensão especifica varia de acordo com o tipo de fibra muscular, 
declina seletivamente com o avanço da idade, diminui depois de seis semanas em indivíduos 
acamados e aumenta para alguns tipos de fibras a partir do treinamento de corrida.
Com base no exposto, acompanhe a seguinte situação.
 
Você está à frente da análise e interpretação, neste sentido, como explicaria os resultados desta 
investigação ao líder de reabilitação física do hospital?
Infográfico
Este infográfico tem como objetivo citar e resumir a principal função dos tecidos mais importantes 
que formam uma articulação e, consequentemente, o nosso corpo, sendo eles: osso, tendão, 
cartilagem, ligamento e musculoesquelético. 
Conteúdo do livro
Para leitura dos temas vistos nesta Unidade de Aprendizagem, é sugerida a leitura de um trecho do 
livro Estrutura e Função do Sistema Musculoesquelético, de James Watkins.
Para maior aprofundamento nessas questões, recomendamos a leitura na íntegra dos capítulos 3, 4 
e 5, além do sub-capítulo Arquitetura e Função do Músculo, do capítulo 8.
Boa leitura.
Sobre o Autor
James Watkins, PhD, leciona anatomia funcional e biomecânica na
Scottish School of Sports Studies, na University of Strathclyde, em
Glasgow, Escócia, onde trabalhou como chefe de departamento de
1989 a 1994.
Suas publicações contabilizam mais de 70 trabalhos em revis-
tas acadêmicas e quatro livros. É membro do conselho consultivo
do Journal of Sports Sciences e do conselho editorial do European Journal
of Physical Education e do British Journal of Physical Education. Perten-
ceu ao conselho da seção de Biomecânica da British Association of
Sport and Exercise Sciences de 1993 a 1996.
Seu PhD em biomecânica foi conferido pela University of Leeds,
Inglaterra, em 1975.
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
W336e Watkins, James.
Estrutura e função do sistema musculoesquelético [recurso
eletrônico] / James Watkins ; tradução: Jacques Vissoky ;
revisão técnica: Aylton José Figueira Júnior. – Porto Alegre :
Artmed, 2014.
Editado também como livro impresso em 2001.
ISBN 978-85-8271-141-5
1. Anatomia – Músculos. 2. Articulação. 3. Biomecânica.
I. Título.
CDU 611.73
CAPÍTULO 3
O ESQUELETO
O esqueleto dá ao corpo seu formato básico e fornece um arcabouço forte, protetor e desustentação para todos os outros sistemas do corpo. Com relação ao movimento, os ossos
do esqueleto atuam como alavancas operadas pelos músculos esqueléticos. As alavancas den-
tro do sistema musculoesquelético variam consideravelmente em termos de vantagem mecâ-
nica; isso se reflete na ampla variedade de tamanho e de formato dos ossos. Este capítulo des-
creve os ossos do esqueleto e, em particular, as características dos ossos associadas com a trans-
missão de força e de movimento relativo entre os ossos.
66 JAMES WATKINS
Composição e Função do Esqueleto
No nascimento, o esqueleto humano consiste de aproximadamente 270 ossos. Durante o cres-
cimento e o desenvolvimento do esqueleto (ver Capítulo 4), alguns dos ossos se fundem de tal
forma que o esqueleto adulto normalmente consiste de apenas 206 ossos. Entretanto, ocorrem
variações nesse número básico; por exemplo, alguns adultos têm 11 ou 13 pares de costelas,
enquanto a maioria tem 12 pares.
Os humanos têm aproximadamente 270 ossos ao nascimento, no entanto, alguns os-
sos se fundem durante o crescimento de tal forma que no adulto o esqueleto consiste
normalmente de 206 ossos.
O esqueleto executa três funções mecânicas principais:
1. Age como um arcabouço de sustentação para o resto do corpo.
2. Age como um sistema de alavancas nas quais os músculos podem puxar de forma a
estabilizar e mover o corpo.
3. Protege certos órgãos. Por exemplo, o crânio protege o cérebro; a coluna vertebral
protege a medula espinhal; o arcabouço costal auxilia na proteção do coração e dos
pulmões.
Terminologia
Para propósitos descritivos, os ossos são habitualmente divididos em dois principais grupos: o
esqueleto axial e o esqueleto apendicular (axial = eixo, apendicular = apêndice). O esqueleto axial
adulto consiste de 80 ossos, englobando o crânio, a coluna vertebral (espinha) e as costelas. O
esqueleto apendicular adulto consiste de 126 ossos que configuram os membros superiores
(braços e mãos) e os membros inferiores (pernas e pés) (Figura 3.1).
Em anatomia, o termo aspecto refere-se à aparência de um osso (ou de qualquer outra
parte do corpo) de um ponto de vista específico. Por exemplo, o aspecto anterior do esqueleto
refere-se às características do esqueleto observado a partir de um ponto de vista anterior (fron-
tal) (Figura 3.1a). Similarmente, descrevem outros pontos de vista o aspecto lateral (visto a
partir do lado) (Figura 3.1b), o aspecto posterior (visto a partir de trás), o aspecto superior
(visto por cima) e o aspecto inferior (visto por baixo).
Esqueleto axial: os ossos do
crânio, da coluna vertebral e do
arcabouço costal
Esqueleto apendicular: os os-
sos dos membros superiores e
inferiores
Aspecto: a aparência de um
osso (ou de qualquer outra par-
te do corpo) a partir de um ponto
de vista específico
Objetivos
Após a leitura deste capítulo você deverá ser capaz de:
1. Definir ou descrever os termos básicos.
2. Descrever a composição e as funções do esqueleto.
3. Citar os principais ossos do esqueleto.
4. Identificar e descrever as principais características do esqueleto axial.
5. Distinguir as vértebras de diferentes regiões da coluna vertebral.
6. Identificar e descrever as principais características do esqueleto apendicular.
7. Distinguir o esquerdo e o direito com relação aos ossos grandes do esqueleto apendicular.
ESTRUTURAE FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 67
Os ossos variam consideravelmente em tamanho e formato. Existem quatro categorias
gerais de formato: ossos longos, ossos curtos, ossos chatos e ossos irregulares. Alguns ossos
pertencem a mais de uma categoria; por exemplo, os pequenos ossos do punho são categorizados
como curtos e irregulares. Embora haja consideráveis diferenças no tamanho e no formato dos
ossos, há um número de características, como as superfícies articulares e os pontos de inserção
de tendões, que são comuns a muitos ossos. Essas características em comum são freqüentemente
referidas na descrição dos ossos e, por conseguinte, é importante conhecê-las.
Figura 3.1. O esqueleto; (a) aspecto anterior do esqueleto na posição anatômica; (b) aspecto lateral
direito do tronco e dos membros inferiores.
Clavícula
Escápula
Úmero
Rádio
Carpais
Metacarpais
Falanges
Crânio
Coluna
vertebral
Esterno
Costelas
Sacro
Osso
inominado
Fêmur
Patela
Tíbia
Fíbula
Tarsais
Metatarsais
Falanges
ba
Ulna
68 JAMES WATKINS
Características Comuns dos Ossos
As características comuns dos ossos estão ilustradas na Figura 3.2:
Superfície articular: parte de um osso que forma uma articulação com outro osso.
Superfície articular côncava: uma depressão arredondada.
Superfície articular convexa: uma elevação arredondada.
Faceta: uma superfície articular pequena e relativamente achatada. Uma faceta convexa
em um osso habitualmente se articula com uma faceta côncava em um osso adjacente.
Côndilo: uma projeção arredondada do osso que provê a base para uma superfície articu-
lar arredondada. Um côndilo convexo em um osso habitualmente se articula com um
côndilo côncavo em um osso adjacente.
Tróclea: um côndilo em forma de carretel.
Fossa: uma depressão ou cavidade oval ou circular que pode também ser uma superfície
articular.
Incisura: uma depressão oval que é com freqüência uma superfície articular. Uma incisura
também pode tomar a forma de uma região deprimida na borda de um osso achatado.
Goteira ou sulco: uma depressão alongada (como uma trincheira). Um ou mais tendões
habitualmente ocupam goteiras.
Figura 3.2. Características comuns dos ossos; (a) aspecto anterior do úmero; (b) aspecto superior de
uma vértebra.
Sulco
Fossa
Superfície
articular do
côndilo
Facetas
Espinha
Processo
Forame
b
a
Superfície
articular da
tróclea
Tuberosidade
Tuberosidade
Crista
Epicôndilo
Superfície
articular do
côndilo
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 69
Eminência ou linha: uma elevação alongada. Uma eminência habitualmente é o local de
inserção de uma ou mais aponeuroses.
Crista: uma eminência larga.
Processo: uma projeção de osso a partir do corpo principal, habitualmente dando inser-
ção para tendões ou ligamentos.
Espinha: um processo liso que pode ser fino ou achatado.
Epicôndilo: um pequeno processo adjacente a um côndilo.
Tubérculo: um pequeno processo rugoso.
Tuberosidade: um grande processo rugoso.
Trocanter: outro nome para tuberosidade, usado especificamente na descrição do osso da
coxa (fêmur).
Forame: um orifício através do osso para a passagem de vasos sangüíneos e nervos.
Existe uma considerável variação no tamanho e no formato entre os ossos do esquele-
to. Em termos de formato há quatro categorias gerais: longos, curtos, achatados e irre-
gulares. As quatro características comuns a muitos ossos são as seguintes:
• superfícies articulares;
• áreas de inserção de tendões e ligamentos;
• sulcos ósseos que guiam tendões;
• orifícios para a passagem de vasos sangüíneos e nervos.
As partes da superfície óssea que não têm características específicas como superfícies articula-
res são normalmente bem lisas. Essas áreas lisas, em geral razoavelmente grandes, são regiões
onde os músculos se inserem diretamente no osso. Quando um músculo estiver inserido em
um osso por um tendão, a área de inserção do tendão no osso é habitual-
mente rugosa, e provavelmente será referida como um tubérculo, uma
tuberosidade ou um trocanter.
Planos de Referência e Terminologia Espacial
Para descrever a orientação espacial das características de um osso, ou a
sua posição (ou de uma parte do corpo) em relação a outro, é necessário
que se use uma terminologia padronizada com referência a uma postura
corporal padronizada. Na postura padronizada, também chamada de po-
sição anatômica (ver Figura 3.1a), o corpo está ereto com os braços penden-
do ao lado e as palmas das mãos voltadas para a frente. Existem três prin-
cipais planos de referência: mediano, coronal e transverso.
O plano mediano é um plano vertical que divide o corpo pelo meio em
porções simétricas (Figura 3.3). O plano mediano é também freqüentemente
referido como plano sagital; os termos sagital, paramediano e parassagital
(para = ao lado ou contra) são também algumas vezes usados para referir-
se a qualquer plano paralelo ao plano mediano. Neste livro o termo sagital
é usado para referir qualquer plano paralelo ao plano mediano.
Os termos lateral e medial são usados para descrever a relação das
diferentes partes de um osso (ou parte do corpo) ao plano mediano. Late-
ral significa mais longe do plano mediano e medial significa mais perto
do plano mediano. Por exemplo, na Figura 3.1a, a extremidade lateral da
Figura 3.3. Planos de referência.
Plano
transverso
Plano
coronal
Plano
mediano
Posição anatômica: a postura
corporal de referência para pro-
pósitos descritivos; o corpo está
em pé com os braços pendentes
e as palmas das mãos para fren-
te
Plano mediano: um plano verti-
cal que divide o corpo no meio
em duas porções (esquerda e di-
reita) mais ou menos simétricas
Plano sagital: qualquer plano
paralelo ao plano mediano
70 JAMES WATKINS
clavícula se articula com a escápula (osso do ombro), e a extremidade
medial com o esterno (osso do peito). Similarmente, na posição anatômica,
os dedos de cada mão estão mediais aos polegares (e os polegares lateral-
mente aos dedos).
Qualquer plano vertical e perpendicular ao plano mediano é chama-
do de plano coronal (ou plano frontal) (ver Figura 3.3). Os termos anterior
(em frente) e posterior (atrás) descrevem a posição das estruturas com
relação aos planos coronais. Por exemplo, a face forma a parte anterior do
crânio, o esterno é anterior à coluna vertebral (espinha), e a patela (rótula)
é anterior à extremidade inferior do fêmur. Similarmente, o calcâneo (osso
do calcanhar) é posterior aos dedos, e a fíbula (osso longo e fino na perna)
é posterior à tíbia (o mais grosso dos dois ossos da perna) (ver Figura
3.1b). Os termos ventral e dorsal são sinônimos a anterior e posterior, res-
pectivamente.
Qualquer plano perpendicular aos planos mediano e coronal é cha-
mado de plano transverso. Todos os planos transversos são horizontais (ver
Figura 3.3). Os termos superior (acima) e inferior (abaixo) descrevem a
posição de estruturas com relação aos planos transversos. Por exemplo,
como visto na Figura 3.1, as costelas são superiores aos ossos inominados
(ossos do quadril), e as patelas (rótulas) são inferiores aos ossos
inominados. Similarmente, a extremidade superior do fêmur direito (osso
da coxa) articula-se com o osso inominado direito para formar a articula-
ção do quadril direito, e a extremidade inferior do fêmur direito articula-
se com a patela direita e a tíbia direita para formar a articulação do joelho
direito.
Para descrever a localização precisa e a orientação das características
específicas de um osso, é habitualmente necessária a combinação dos seis
termos espaciais que são aplicáveis a todos os ossos: lateral, medial, anterior, posterior, superi-
or e inferior. Por exemplo, uma determinada característica pode ser descrita como sendo na
parte superior e lateral de um osso; outra característica pode ser descrita como estando na
parte anterior, inferior e lateral do osso.
Entretanto, há alguns termos espaciais que se aplicam a alguns ossos, mas não a outros.
Por exemplo, os termos proximal e distal são normalmente usados apenas em referência aosossos longos dos membros. As características superiores desses ossos (com relação à posição
anatômica) são referidas como proximais, enquanto suas características inferiores são referidas
como distais. Por exemplo, em cada braço, a extremidade proximal do úmero (osso do braço)
articulam-se com a escápula correspondente para formar a articulação do ombro. A extremida-
de distal do úmero articula-se com as extremidades proximais do rádio e da ulna (ossos do
antebraço) para formar a articulação do cotovelo. As extremidades distais do rádio e da ulna
articulam-se com os ossos do carpo (ossos do punho) para formar a articulação do punho.
Os nomes dos três planos de referência costumam ser usados para descrever as vistas
seccionais dos ossos. Por exemplo, a Figura 3.4 mostra uma seção coronal através da articula-
ção do quadril direito. O termo seção longitudinal normalmente refere-se a uma seção vertical,
como na Figura 3.4; uma seção longitudinal pode ser encontrada em quaisquer dos planos
mediano, paramediano, coronal ou vertical. O termo seção transversal é um termo geral que
pode se referir à seção em um dos planos de referência ou a um plano oblíquo (relativo aos
planos de referência).
Figura 3.4. Seção coronal através da articula-
ção do quadril direito.
Osso inominado
Fêmur
Plano coronal: qualquer plano
vertical perpendicular ao plano
mediano
Plano transverso: qualquer pla-
no perpendicular aos planos
mediano e coronal
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 71
O Esqueleto Axial
O esqueleto axial consiste do crânio, da coluna vertebral e do arcabouço costal. O crânio consis-
te de 29 ossos relativamente achatados ou irregulares que envolvem o cérebro, dão base para
os principais órgãos dos sentidos e formam os maxilares superior e inferior. A coluna vertebral
inclui 26 ossos irregulares empilhados um em cima do outro. Ela sustenta o peso da cabeça, dos
braços e do tronco e dá proteção à medula espinhal. O arcabouço costal consiste de 25 ossos –
o esterno (osso do peito) e 12 pares de costelas. O esterno é um osso achatado. Embora as
costelas sejam consideravelmente curvas, são bastante achatadas na seção
transversal. O arcabouço costal é uma estrutura flexível que dá proteção
para o coração e os pulmões e também é muito importante na ventilação
dos pulmões durante a respiração.
O Crânio
Os 29 ossos do crânio compreendem oito ossos cranianos (crânio), 13 os-
sos faciais (face), seis ossículos do ouvido (três em cada ouvido médio),
mandíbula (maxilar inferior), e osso hióide (parte da laringe). Os ossos do
crânio e da face formam uma unidade única que perfaz a maioria do crâ-
nio (Figura 3.5). O crânio envolve o cérebro e é composto de oito ossos
irregulares relativamente achatados.
Como as Figuras 3.6 a 3.8 mostram, o osso frontal forma a parte ante-
rior e ântero-superior do crânio, incluindo a testa. Os dois ossos parietais
formam uma grande parte das áreas superior e lateral do crânio. Os dois
ossos temporais formam uma parte grande das áreas superior e lateral da
base e dos lados do crânio. O osso esfenóide, o osso etmóide e as partes
inferiores do osso frontal formam a metade anterior da base do crânio. O
osso occipital forma a parte posterior e inferior do crânio e a maior porção
da metade posterior da base do crânio. Figura 3.5. Os principais componentes do crânio
em relação ao cérebro e à medula espinhal.
Crânio
Contorno do cérebro
Hióide
Face
Contorno da
medula espinhal
Mandíbula
Figura 3.6. Aspectos superior e lateral esquerdo do crânio e da face:
(a e c) bebê; (b e d) adulto.
Fontanela
anterior
Osso parietal
Sutura
coronal
Fontanela
posterior
Osso parietal
Osso nasal
Osso
maxilar
Fontanela mastóide
Sutura sagital
Osso occipital
Osso temporal
Osso zigomático
Sutura
interfrontal
Fontanela
esfenóide
Sutura lambdóide
Osso frontal
dc
ba
Osso esfenóide
72 JAMES WATKINS
Os ossos temporal e occipital apresentam várias características importantes. Na parte in-
ferior e lateral de cada um dos ossos temporais existe uma abertura em forma de funil que leva
a um canal aberto chamado meato acústico, a parte externa do ouvido (ver Figura 3.7). Logo
atrás do meato acústico externo está um processo arredondado projetado para baixo, o proces-
so mastóide. O processo mastóide pode facilmente ser sentido como uma saliência óssea abai-
xo da pele logo abaixo do ouvido. Na parte inferior de cada osso temporal está um processo
fino e relativamente longo, originando-se da parte inferior do meato acústico externo. Tal pro-
cesso é chamado de processo estilóide e se projeta medialmente, para frente e para baixo. Na
frente do meato acústico existe um côndilo côncavo chamado fossa mandibular que se articula
com o côndilo correspondente da mandíbula para formar a articulação temporomandibular. O
processo estilóide provê parte da área de inserção para os músculos que controlam a articula-
ção temporomandibular.
O osso occipital tem um grande orifício, o forame magno, situado anteriormente. O forame
é ocupado pelo começo da medula espinhal, que é contínua com o cérebro (ver Figura 3.5). Os
dois côndilos occipitais se articulam com a primeira vértebra (o atlas) e estão situados nas
partes anteriores e laterais do forame magno (ver Figura 3.7). Uma borda curva entre as partes
inferior e posterior do osso occipital é a linha nucal superior. Anterior e concêntrica à linha
nucal superior é a linha nucal inferior. Correndo entre as linhas nucais no plano mediano está
a crista occipital externa. Na extremidade posterior da crista occipital externa está uma
tuberosidade chamada protuberância occipital externa. Os músculos que mantêm a cabeça
ereta (e a inclinam para trás) estão inseridos na área definida por essas características.
Os 13 ossos da face formam o terço médio da parte anterior do crânio (ver Figuras 3.5 e
3.8a). Os ossos faciais formam o maxilar superior, os dois terços inferiores das órbitas e a parte
anterior da cavidade nasal. Os dois ossos maxilares que se unem anteriormente no plano me-
diano formam quase inteiramente a mandíbula superior, dando encaixe aos dentes superiores.
Os dois ossos palatinos se articulam com as partes posteriores dos maxilares para completar a
mandíbula superior. As órbitas são formadas por partes dos ossos frontal, esfenóide e etmóide,
junto com os dois ossos lacrimais e os dois zigomáticos (malares) (ver Figuras 3.6 e 3.8a).
A cavidade nasal – a grande cavidade que se dirige de trás do nariz à garganta – é forma-
da pelos ossos do crânio e da face (ver Figura 3.8b). A parte anterior da cavidade nasal, a parte
óssea do nariz, é formada pelos maxilares (assoalho e lados) e pelos dois ossos nasais (teto). A
Figura 3.7. Aspecto inferior do crânio e da face adultos.
Maxila
Vômer
Contorno da mandíbula
Palatino
Occipital
Parietal
Processo estilóide
Meato acústico externo
Linha nucal superior
Linha nucal inferior
Forame magno
Côndilo occipital
Crista occipital externa
Zigomático
Fossa
mandibular
Processo mastóide
Protuberância occipital
externa
Esfenóide
Temporal
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 73
parte posterior da cavidade nasal é muito maior que a parte anterior. O osso etmóide forma os
lados e parte do teto, enquanto os ossos frontal e esfenóide formam o restante do teto. O osso
esfenóide também forma a parede posterior. O osso vômer e as duas conchas nasais inferiores
formam o assoalho da parte posterior da cavidade nasal.
A cavidade nasal é dividida em fossas esquerda e direita por um septo osteocartilaginoso
no plano mediano (ver Figura 3.8). A parte posterior do septo consiste de uma placa óssea que
se projeta para baixo a partir do etmóide e se articula com o vômer. A parte anterior do septo
consiste de cartilagem. A estrutura e as funções da cartilagem estão descritas em detalhes no
Capítulo 4.
A mandíbula, ou maxilar inferior, consiste basicamente de duas placas ósseas em formato
de L que se unem anteriormente no plano mediano. A parte superior de cada metade da man-
díbula é chamadade ramo, e a parte horizontal, que provê encaixes para os dentes inferiores, é
chamada de corpo. Na parte posterior e superior de cada ramo há um côndilo convexo que se
articula com a fossa mandibular no seu osso temporal correspondente (ver Figura 3.7; Figura
3.9). Essas articulações permitem que a mandíbula oscile para cima e para baixo, como no
fechamento e na abertura da boca, e se mova de um lado a outro. A mastigação dos alimentos
envolve uma combinação desses dois tipos de movimento.
Os ossículos do ouvido são pequenos, todos com menos de 1 cm de comprimento, locali-
zados em uma câmara, dentro de cada osso temporal, conhecida como ouvido médio. Os três
ossículos – chamados de martelo, bigorna e estribo – unem as paredes lateral e medial da
câmara do ouvido médio. Eles transmitem as ondas sonoras da parte externa do ouvido aos
receptores de som na parte interna, que fica medial ao ouvido médio.
O osso hióide não é realmente parte do crânio, mas é conveniente descrevê-lo em relação
a ele. O hióide é um osso em formato de U, suspenso em frente do pescoço (em frente à quarta
vértebra cervical) por ligamentos, a partir dos processos estilóides dos ossos temporais (ver
Figura 3.5). O hióide forma parte da laringe (caixa de fonação) e provê inserção para alguns
dos músculos que movimentam a boca e a língua.
Suturas e Fontanelas
No crânio adulto, as bordas de muitos ossos são serráteis, de forma que eles se encaixem firme-
mente entre si, formando articulações imóveis. A linha serrilhada das articulações é similar em
aspecto à linha de costura e, por essa razão, cada articulação é chamada de sutura (ver Figura
Figura 3.8. (a) Aspecto anterior do crânio; (b) aspecto anterior de uma seção coronal do crânio através das concavidades oculares.
Septo
Osso parietal
Osso frontal
Osso esfenóide
Osso lacrimal
Osso nasal
Osso vômer
Concavidade
ocular direita
Septo
Fossa nasal direita
Crânio
Cérebro
ba
Sutura coronal
Osso temporal
Osso etmóide
Osso zigomático
Osso maxilar
Mandíbula
Seio frontal
esquerdo
Seio etmoidal
esquerdo
Seio maxilar
esquerdo
74 JAMES WATKINS
3.6b, e d). As articulações entre os ossos do crânio em um bebê são também chamadas de
suturas, mesmo que os ossos estejam unidos por membranas de tecido fibroso e, conseqüente-
mente, não se encaixem entre si (ver Figura 3.6, a e c). O tecido fibroso, descrito detalhadamente
no Capítulo 4, é flexível, forte e, em um bebê, moderadamente elástico.
As uniões flexíveis permitem aos ossos do crânio do bebê cruzarem entre si durante o
processo do parto. Assim, o tamanho do crânio é efetivamente reduzido, o que facilita a passa-
gem da cabeça do bebê através do canal de parto. Após o nascimento, a orientação dos ossos é
rapidamente restaurada. Em cada um dos ângulos (ou bordas) dos ossos parietais, o tecido
fibroso está em forma de uma pequena camada, chamada de fontanela (Williams et al., 1995).
Uma vez que cada osso parietal tem quatro ângulos e os ossos parietais unem-se superiormen-
te no plano mediano, há seis fontanelas. A fontanela anterior, que normalmente se fecha dentro
dos primeiros 18 meses, está na junção dos ossos parietal e frontal. Ao nascimento, o osso
frontal tem duas metades, unidas pela sutura interfrontal ou metópica; essas metades normal-
mente se fusionam nos primeiros dois anos. A fontanela posterior está na junção dos ossos
parietal e occipital e normalmente se fecha dentro dos primeiros dois anos também. Há duas
fontanelas esfenoidais, uma em cada lado do esqueleto na junção dos ossos parietal, frontal,
esfenóide e temporal. As fontanelas esfenoidais normalmente se fecham dentro dos primeiros
três meses. Há também duas fontanelas mastóides, uma de cada lado do crânio, na junção dos
ossos parietal, occipital e temporal. As fontanelas mastóides normalmente se fecham dentro
dos primeiros dois anos.
Seios
Os ossos frontal, etmóide, esfenóide, maxilar e temporal são parcialmente ocos, resultando em
cavidades chamadas de seios. Os seios se comunicam direta ou indiretamente com a cavidade
nasal por meio de pequenos canais (ver Figura 3.8b). Assim como a cavidade nasal, os seios
estão cheios de ar. Os seios frontal, etmoidal, esfenoidal e maxilar são unidos diretamente à
cavidade nasal, e são referidos como seios paranasais. Os seios nos ossos temporais estão uni-
dos indiretamente à cavidade nasal via ouvido médio – os seios temporais estão ligados ao
ouvido médio e o ouvido médio comunica-se com a cavidade nasal. Durante as infecções res-
piratórias, os seios podem-se tornar inflamados, resultando em uma condição dolorosa cha-
mada sinusite. Os seios tornam o crânio mais leve e dão ressonância à voz. Entretanto, eles
variam consideravelmente de tamanho entre as pessoas e sua função precisa não é conhecida
(Williams et al., 1995).
O crânio consiste de 29 ossos bastante achatados ou irregulares que envolvem o cére-
bro, provêem a base para os principais órgãos dos sentidos e formam os maxilares
superior e inferior. As principais partes incluem o crânio propriamente dito (oito ossos),
a face (13 ossos), a mandíbula, os ossículos do ouvido (três em cada ouvido) e o hióide.
A Coluna Vertebral
Antes da maturidade, a coluna vertebral – também chamada de espinha – consiste de 33 ou 34
ossos irregulares chamados de vértebras. As vértebras são divididas em cinco grupos bem
distintos: cervical, torácico, lombar, sacra e coccígeo (Figura 3.10, a e b). O pescoço consiste de
sete vértebras cervicais. A região torácica ou dorsal consiste de 12 vértebras cervicais que pro-
vêem articulação para os 12 pares de costelas. A parte lombar consiste de cinco vértebras lom-
bares. As cinco vértebras sacrais formam a parte posterior da pelve; na maturidade, as vérte-
bras sacrais se fusionam para formar o sacro. As quatro ou cinco vértebras coccígeas são pe-
quenas e representam uma cauda vestigial. As vértebras coccígeas normalmente se fusionam
na maturidade para formar o cóccix, ou osso da cauda, que tem aproximadamente 3 cm e está
ligado ao sacro por ligamentos.
Corpo da mandíbula
Figura 3.9. Aspecto lateral
esquerdo da mandíbula.
Côndilo da mandíbula
Ramo da
mandíbula
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 75
Antes da maturidade, a coluna vertebral consiste de 33 ou 34 ossos
irregulares chamados de vértebras, que se fusionam em 26 ossos na
coluna vertebral adulta. A função da coluna vertebral é prover uma
arcada de sustentação flexível para a cabeça, os braços e o tronco.
Quando vista de lado, a coluna vertebral de um recém-nascido é cônca-
va anteriormente (Figura 3.10c). Entre três e seis meses de idade a cri-
ança aprende a firmar a cabeça e, como resultado, o formato da região
cervical muda de côncavo anteriormente para convexo. Similarmente,
quando a criança aprende a ficar em pé e a caminhar – entre 10 e 18
meses de idade –, o formato da região lombar também muda de anteri-
ormente côncavo para convexo. As curvas cervical e lombar são referi-
das como curvas secundárias, uma vez que se desenvolvem quando a
criança adota uma postura ereta. As curvas torácica e sacrococcígea são
chamadas de curvas primárias, uma vez que são côncavas anteriormente
por toda a vida. A Figura 3.10a mostra o formato da coluna vertebral
adulta vista do aspecto lateral esquerdo.
Estrutura de uma Vértebra
Ao nascimento, cada vértebra, com exceção das duas primeiras vérte-
bras cervicais, consiste de três elementos ósseos unidos por cartilagem
(Williams et al., 1995) (Figura 3.11a). O elemento anterior, o centro ou
corpo, é basicamente um bloco de osso com lados levemente côncavos
e superfícies superior e inferior razoavelmente achatadas e em formato
de rim. Os corpos vertebrais são responsáveis principalmente pela trans-
missão de cargas, especialmente o peso da cabeça, dos braços e do tron-
co. Os elementos posteriores são arcos curvos que formam as duas
metades de um arco, ou seja, o arco vertebral ou neural. Cada metade
do arco consiste de uma porção anterior chamada pedículo e de uma
porção posterior chamada lâmina.As duas lâminas normalmente se
fusionam posteriormente durante o primeiro ano (Figura 3.11b). Os
pedículos normalmente se fusionam com as áreas laterais superiores e
posteriores do corpo vertebral entre o terceiro e o sexto ano (Figura
3.11c). O buraco formado pelo arco e a parte posterior do corpo, através
do qual passa a medula espinhal, é chamado de forame vertebral. O
arco vertebral funciona principalmente para proteger a medula espi-
nhal.
Após a fusão das lâminas, sete processos se originam a partir do
arco. A espinha da vértebra estende-se para trás a partir do ponto de
fusão das lâminas. Em cada lado do arco, três processos se originam da
junção do pedículo e da lâmina. Um processo transverso estende-se
lateralmente, um processo articular superior estende-se para cima, e
um processo articular inferior estende-se para baixo (Figura 3.12). Os
processos espinhoso e transverso são basicamente alavancas que for-
necem áreas de inserção para músculos, tendões e ligamentos. Com
relação a cada par de vértebras adjacentes, os processos articulares su-
periores da vértebra inferior se articulam por meio de facetas com os
processos articulares inferiores das vértebras superiores (Figura 3.12a).
Essas articulações são chamadas de articulações facetárias ou apofisárias.
Na maioria das posturas eretas as articulações facetárias transmitem
alguma carga. Em geral, a pressão transmitida por essas articulações
Figura 3.10. A coluna vertebral; (a) aspecto lateral
esquerdo (adulto); (b) aspecto posterior (adulto); (c)
aspecto lateral esquerdo (bebê).
c
ba
Sacro
Cóccix
Lombar
Cervical
Torácica
76 JAMES WATKINS
diminui com a flexão do tronco (inclinação para frente) e aumenta com a extensão do tronco
(inclinação para trás). Além da transmissão de carga, a orientação dos processos articulares
superiores e inferiores de certa forma determina o tipo e a amplitude de movimentos entre as
vértebras adjacentes. A estrutura e a função das articulações facetárias são discutidas no Capí-
tulo 6.
Cada par de vértebras adjacentes, exceto as duas primeiras vértebras cervicais, são uni-
das por um forte disco elástico de fibrocartilagem, chamado de disco intervertebral, para for-
mar uma articulação intervertebral. O movimento entre as vértebras adjacentes ocorre por
causa da deformação dos discos intervertebrais (principalmente em resposta às cargas de incli-
nação e torção) e por deslizamento das articulações facetárias.
Em cada lado do arco vertebral há uma depressão na parte superior do pedículo chamada
incisura vertebral superior (ver Figura 3.12b). Uma vez que o pedículo une-se à parte posterior
e superior do corpo, existe uma incisura vertebral inferior muito maior sob o pedículo. Com
respeito a cada par de vértebras adjacentes, a incisura vertebral inferior da vértebra superior e
a incisura vertebral superior da vértebra inferior formam um orifício chamado forame
intervertebral (figura 3.13a). Um nervo espinhal (periférico) ocupa o forame intervertebral (Fi-
gura 3.13b).
Características Peculiares das Vértebras
As vértebras gradualmente aumentam de tamanho a partir da segunda vértebra cervical até o
sacro. Esse aumento reflete o aumento no peso que as vértebras têm que sustentar (ver Figura
3.10a). Há também alterações no tamanho, no formato e na orientação dos processos das vérte-
bras. Tais alterações são razoavelmente graduais dentro de cada uma das regiões – cervical,
torácica e lombar –, mas tendem a ser mais marcadas nas junções entre as regiões (ver Figura
3.10, a e b). As vértebras em cada região da coluna têm características que as distinguem das
vértebras de outras regiões.
Cervical. Todas as vértebras cervicais (C1 a C7) têm um buraco chamado forame transverso,
dentro de cada processo transverso. Somente as vértebras cervicais têm essa característica (Fi-
gura 3.14). A primeira vértebra cervical chama-se atlas. Ela não tem corpo e basicamente con-
siste de um arco anterior e um arco posterior que, juntos, formam um anel ósseo (Figura 3.15a).
As facetas nos processos articulares superiores do atlas se articulam com os côndilos occipitais
para formar a articulação atlanto-occipital, que une o crânio com a coluna vertebral. A espinha
do atlas é rudimentar e os processos transversos do atlas, como em todas as vértebras cervicais,
são curtos.
A segunda vértebra cervical chama-se áxis. O áxis tem um corpo e um arco vertebral.
Projetando-se para cima a partir da parte superior do corpo do áxis encontra-se um processo
Figura 3.11. Estágios precoces no desenvolvimento de uma vértebra típica (aspecto superior).
Forame
vertebral
Processo
transverso
cba
Nascimento um ano seis anos
Corpo
Cartilagem
Pedículo
Lâmina
Pedículo
Espinha
Lâmina
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 77
conhecido como dente ou processo odontóide (Figura 3.15, b e c). Uma faceta na parte anterior
do dente se articula com uma faceta na parte posterior do arco anterior do atlas. O dente é
mantido contra o arco anterior do atlas pelo ligamento transversal do atlas, que abarca a parte
posterior do dente (Figura 3.15, a, c e d). Até certo ponto o atlas roda (em um plano transversal)
ao redor do dente; daí o nome áxis (eixo).
O dente representa a maior porção do corpo do atlas que, durante o crescimento fetal,
se separa e se fusiona com o áxis. Não há disco intervertebral entre o atlas e o áxis. A espinha
do áxis é bastante curta, e sua ponta é bífida, ou seja, dividida em dois ramos (ver Figura
3.15b).
As restantes cinco vértebras cervicais (C3, C4, C5, C6 e C7) são similares, cada uma con-
sistindo de um corpo em forma de rim e de um arco vertebral (ver Figura 3.14). As espinhas de
C3 a C6 são todas bífidas e gradualmente aumentam de tamanho. Em relação à espinha do
áxis, a espinha de C3 é levemente mais curta, e a espinha de C6 é levemente mais longa. A
espinha de C7 é muito maior que a de C6 e pode ser facilmente sentida como uma proeminên-
cia da parte posterior e inferior do pescoço. Por esse motivo, C7 é algumas vezes referida como
a vértebra proeminente.
As facetas dos processos articulares superiores e inferiores das vértebras cervicais articu-
lam-se em planos oblíquos que se orientam para baixo lateral e posteriormente. A orientação
das articulações facetárias, os processos transversos curtos, os discos intervertebrais relativa-
mente grossos e as espinhas relativamente curtas de C3 a C6 combinam-se para que haja uma
grande amplitude de movimento na região cervical como um todo, ao se comparar com as
outras regiões da coluna.
Figura 3.12. Uma vértebra típica; (a) aspecto superior; (b)
aspecto lateral esquerdo.
Processo transverso
Faceta
Espinha
Forame vertebral
Processo articular
superior
Processo articular
inferiorFaceta
Incisura vertebral
inferior
Corpo
Espinha
Figura 3.13. (a) Três vértebras lombares articuladas; (b) relação da
medula espinhal e dos nervos espinhais com uma vértebra lombar.
Nervo espinhal
b
a
b
a
Disco intervertebral
Processo articular
superior
Forame
intervertebral
Faceta do processo
articular inferior
Medula espinhal
Processo articular
superior
Incisura vertebral
superior
Processo transverso
Corpo
78 JAMES WATKINS
Torácica. As vértebras torácicas (T1 a T12) podem ser identificadas pela presença de facetas
nos corpos para as articulação com as cabeças (extremidades posteriores) das costelas. As 10
vértebras torácicas superiores também se articulam com seus pares correspondentes de coste-
las por meio de facetas nos aspectos ântero-laterais dos processos transversos (Figura 3.16). Em
cada lado do corpo de T1 existe uma faceta superior inteira e uma hemifaceta (meia faceta)
inferior; as cabeças do par mais superior das costelas se articulam com as facetas inteiras nos
lados de T1 (Figura 3.16a). Em cada lado dos corpos de T2 a T8 existe uma hemifaceta superior
e uma hemifaceta inferior. As cabeças do segundo par de costelas se articulam, no lado corres-
pondente, com a hemifaceta inferior de T1 e a hemifaceta superior de T2 (Figura 3.16a). EmContorno do
odontóide
Tubérculo
posterior
Contorno do
ligamento
transverso
Processo transverso
Forame
transverso
Tubérculo
anterior
Faceta no
odontóide
Corpo do
áxis
Forame transverso
Figura 3.14. Uma típica vértebra cervical; (a) aspecto lateral esquerdo; (b) aspecto superior.
Odontóide
Espinha
Processo articular
inferior
Faceta no odontóide
Faceta articular
superior
Corpo
Forame transverso
Odontóide
Tubérculo
anterior
Ligamento
transverso
Corpo do
áxis
Figura 3.15. O atlas e o áxis; (a) aspecto superior do atlas; (b) aspecto superior do áxis; (c) aspecto
lateral direito do áxis; d) seção mediana através do atlas, do áxis e da terceira vértebra cervical.
ba
ba
dc
Faceta
articular superior
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 79
cada lado do corpo de T9 existe uma hemifaceta superior e as cabeças do
terceiro ao nono par de costelas se articulam com os lados dos corpos de
T2 a T9 da mesma maneira que o segundo par de costelas. Em cada lado
dos corpos de T10 (Figura 3.16b) a T12, existe uma faceta inteira que se
articula com os pares costais décimo a décimo segundo.
As espinhas das vértebras torácicas são relativamente longas e ten-
dem a se sobrepor, especialmente no meio da região (ver Figura 3.10a).
Os processos transversos das vértebras torácicas são também relativa-
mente longos; eles gradualmente aumentam de comprimento de T1 a T12.
As facetas articulares superior e inferior se articulam em um plano que
cai para baixo e para trás. As espinhas sobrepostas, discos intervertebrais
relativamente finos, e o efeito separador das costelas resultam em uma
amplitude geral de movimentos na região torácica menor do que na re-
gião cervical.
Lombar. As vértebras lombares (L1 a L5) têm processos transversos rela-
tivamente longos e espinhas grandes e achatadas de formato retangular
(Figura 3.17). A principal característica diferenciadora da vértebra lom-
bar é a orientação das facetas nos processos articulares superior e inferi-
or. As facetas nos processos articulares superiores orientam-se medial e
posteriormente, e as facetas nos processos articulares inferiores estão vi-
radas lateral e anteriormente (Figura 3.17). A orientação das facetas arti-
culares limita a rotação das vértebras lombares em um eixo vertical. En-
tretanto, os discos intervertebrais relativamente grossos na região lom-
bar garantem uma amplitude de movimento muito maior em outras di-
reções.
Sacro. As vértebras sacrais (S1 a S5) tornam-se progressivamente meno-
res a partir de S1 até S5. O sacro é formado pela fusão ou fusão parcial das
vértebras sacrais. Quando visto de frente (ou por trás), o sacro é mais ou
menos triangular, com o ápice apontando para baixo (Figura 3.18a). A
borda anterior da superfície superior da primeira vértebra sacral se pro-
jeta para frente e é chamada de promontório do sacro. A parte anterior do
sacro é côncava, principalmente pela orientação de S3, S4 e S5 (Figura
3.18b). Entretanto, na posição anatômica, a grande porção superior do
sacro (S1 e S2) está angulada para baixo e para trás, o que tende a acentu-
ar a curva lombar (ver Figura 3.10a).
O sacro está prensado entre os ossos direito e esquerdo do quadril e,
assim, fornece uma firme base para o resto da coluna vertebral. O aspecto
anterior do sacro é bastante liso, exceto por quatro linhas transversas re-
sultantes da fusão total ou parcial dos corpos das vértebras sacrais (Figu-
ra 3.18a). No final de cada uma das linhas transversas há um orifício cha-
mado forame sacral. Os quatro pares de forames sacrais são formados
pela fusão das extremidades dos processos transversais das vértebras
sacrais.
Em comparação com a superfície anterior relativamente lisa, a su-
perfície posterior do sacro provê inserção para um grande número de
ligamentos e de aponeuroses e é bastante rugosa. A superfície posterior
possui cinco cristas (cristas sacrais), verticalmente paralelas umas às ou-
tras. A fusão das quatro espinhas sacrais superiores forma a crista sacral
mediana. As cristas sacrais intermediárias e laterais (duas cada) são for-
madas pela fusão dos processos articulares (exceto para os processos su-
periores de S1) e as extremidades dos processos transversos das vérte-
bras sacrais, respectivamente (Figura 3.18b). Os processos chamados tu-
bérculos sacrais ou tubérculos transversos, que dão às cristas um aspecto
Figura 3.16. Vértebras torácicas; (a) aspecto la-
teral direito das primeiras duas vértebras toráci-
cas; (b) aspecto lateral direito da décima vérte-
bra torácica.
Faceta inteira
Hemifaceta
Disco intervertebral
Faceta inteira
Figura 3.17. Uma típica vértebra lombar; (a) as-
pecto lateral esquerdo; (b) aspecto superior.
a
b
b
a
Faceta no processo
transverso
80 JAMES WATKINS
ondulado, marcam os locais de fusão. Além desses tubérculos habitualmente há outros dois,
um em cada lado, que se projetam posterior e lateralmente a partir do corpo de S1, lateralmen-
te aos processos articulares superiores de S1; esses tubérculos são referidos como os tubérculos
transversos de S1 (Figura 3.18c). Em cada aspecto lateral superior do sacro há uma superfície
articular relativamente grande, com formato de C ou L, chamada superfície auricular (aurícula
= em formato de orelha) (Figura 3.18b). As superfícies auriculares são formadas pelas expan-
sões laterais dos processos transversos fusionados de S1, S2 e S3. As superfícies auriculares do
sacro articulam-se com os ossos do quadril (ossos inominados) para formar as articulações
sacroilíacas (ver Capítulo 6).
Uma fossa sacral relativamente grande, oval ou circular, está adjacente à borda posterior
do ângulo de cada superfície auricular. Existe habitualmente uma fossa sacral menor na extre-
midade distal de cada superfície auricular (Figura 3.18b). O sacro e os ossos direito e esquerdo
do quadril formam um anel ósseo completo chamado pelve ou cintura pélvica. Conseqüente-
mente, o sacro é uma parte importante da coluna vertebral e da pelve.
A maioria das vértebras consiste de um corpo (responsável pela transmissão de car-
gas), um arco vertebral (responsável pela proteção à medula espinhal) e sete proces-
sos que se originam a partir do arco. Três dos processos (espinhoso e transversos)
fornecem áreas de inserção para músculos, tendões e ligamentos. Os outros proces-
sos, os articulares superior e inferior que formam as articulações facetárias, auxiliam a
transmitir cargas na maioria das posturas e ajudam a determinar o tipo e a amplitude de
movimentos entre as vértebras adjacentes.
Figura 3.18. O sacro e o cóccix; (a) aspecto anterior do sacro e do cóccix; (b) aspecto lateral direito do
sacro e do cóccix; (c) aspecto superior do sacro.
Promontório sacral
Forames
sacrais
Linhas
transversas Cóccix
Grande fossa sacral
Superfície
auricular
Cóccix
Processo articular superior
Cristas sacrais:
mediana
intermediária
lateral
Tubérculo transverso de S1
Canal sacral
(forame vertebral)
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 81
O Arcabouço Costal
O arcabouço costal tem grosseiramente o formato de um cone ereto, parcialmente achatado de
frente para trás (Figura 3.19). O arcabouço consiste de 12 pares de costelas e do esterno. Uma
vez que as costelas formam a maior parte do arcabouço (parede do cone), elas apresentam um
formato curvo distinto (Figura 3.20). As cabeças (extremidades posteriores) das costelas se ar-
ticulam com as vértebras torácicas, como previamente descrito. As extremidades anteriores
dos 10 pares superiores de costelas são presas ao esterno por pedaços de cartilagem costal
(costal = costelas). Os sete pares superiores de costelas são presos ao esterno por cartilagens
costais separadas, sendo algumas vezes referidos como costelas verdadeiras. As cartilagens
costais do oitavo, do nono e do décimo pares de costelas fusionam entre si antes de fundir com
as cartilagens costais das sétimas costelas (ver Figura 3.19). Conseqüentemente, enquanto os
sete pares superiores de costelas têm uma inserção cartilaginosa direta no esterno, ospares
costais oitavo, nono e décimo têm uma inserção cartilaginosa indireta no esterno. Os dois pares
inferiores de costelas não se prendem ao esterno; as extremidades anteriores dessas costelas
são livres, e elas são referidas como costelas flutuantes. Pelo fato de nenhum dos cinco pares
inferiores de costelas ter uma inserção cartilaginosa direta ao esterno, essas costelas são algu-
mas vezes referidas como costelas falsas.
As Costelas
Os 10 pares superiores de costelas estão presos ao corpo e aos processos transversos das vérte-
bras torácicas correspondentes. Em cada uma das costelas a cabeça está separada da faceta que
se articula com o processo transverso por um colo curto (ver Figura 3.20). Lateralmente adja-
cente à faceta há um tubérculo, que provê inserção para ligamentos que sustentam a coluna
vertebral. Uma vez que a faceta e o tubérculo estão adjacentes, a faceta é com freqüência cha-
mada de faceta tubercular. Lateralmente ao tubérculo, aproximadamente na mesma distância
entre o tubérculo e a cabeça, a costela tende a se dobrar para frente; essa dobra na costela é
Figura 3.19. O arcabouço costal; (a) aspecto anterior; (b) aspecto lateral esquerdo.
Esterno
Cartilagem costal
ba
82 JAMES WATKINS
chamada de ângulo da costela e provê inserção para os músculos do dorso. A parte de uma
costela entre o ângulo e a extremidade anterior é chamada de diáfise.
O Esterno
O esterno é um osso bastante achatado e consiste de três partes: manúbrio, corpo e processo
xifóide (Figura 3.21). O manúbrio ocupa o quarto superior do esterno. No centro de sua borda
superior encontra-se uma depressão chamada incisura jugular ou incisura supra-esternal (su-
pra = acima). Em cada lado dessa incisura existe uma faceta para a articulação com a extremi-
dade medial da clavícula correspondente. Em cada um dos aspectos laterais do manúbrio há
uma faceta para articulação com a cartilagem costal da primeira costela correspondente. Em
cada extremidade da junção transversa entre o manúbrio e o corpo do esterno há uma faceta
para articulação com a cartilagem costal da segunda costela correspondente. O corpo do esterno,
que ocupa mais da metade de seu comprimento, também apresenta facetas para articulação
com as cartilagens costais do terceiro ao sétimo pares de costelas. As cartilagens costais do
sétimo par de costelas estão inseridas em cada extremidade da junção transversal entre o corpo
do esterno e o processo xifóide. Esse fornece inserção para alguns dos músculos abdominais;
ele consiste de cartilagem que habitualmente se transforma em osso perto dos 40 anos de idade
(Tortora e Anagnostakos, 1984).
Movimento das Costelas
Os espaços entre as costelas são chamados de espaços intercostais; os músculos ocupam total-
mente esses espaços. Esses músculos, em associação com outros músculos do tórax, movem as
costelas durante a respiração. Durante a inspiração, cada costela oscila para cima e para fora
em um eixo oblíquo que passa através das articulações costovertebrais da costela – as articula-
ções entre a faceta tubercular e o processo transverso e entre a cabeça e o corpo ou dos corpos
vertebrais (ver Figura 3.20b). O movimento para cima e para fora das costelas é acompanhado
por uma leve oscilação para cima e para frente do corpo do esterno por sobre o manúbrio. Os
movimentos combinados das costelas e do esterno diminuem a pressão dentro do tórax, e o ar
Figura 3.21. O esterno; (a) aspecto anterior;(b) aspecto lateral esquerdo.
Colo Faceta
tubercular
Tubérculo Ângulo
Faceta superior
na cabeça
Incisura
jugular
Manúbrio
Corpo do
esterno
b
a ba
Processo
xifóide
Faceta para
articulação com a
clavícula
Facetas para
articulação
com costelas
Facetas
superior e
inferior na
cabeça
Diáfise
Eixo de rotação
da costela
Figura 3.20. (a) Aspecto posterior de uma costela;
(b) aspecto superior de um típico par de costelas
articulando-se com uma vértebra torácica.
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 83
entra nos pulmões. Durante a expiração, as costelas e o esterno são empurrados para baixo
pela elasticidade das cartilagens costais e pelos pulmões e pela tração de vários ligamentos e
músculos que são estirados durante a expiração.
O arcabouço costal consiste do esterno e de 12 pares de costelas. O arcabouço costal
como um todo é uma estrutura relativamente flexível, fornecendo proteção para o cora-
ção e os pulmões, e também muito importante na ventilação pulmonar durante a respi-
ração.
O Esqueleto Apendicular
O esqueleto apendicular consiste dos ossos dos membros superior e inferior. Em um adulto, 32
ossos formam cada membro superior, e 31 ossos, cada membro inferior; o esqueleto apendicular
como um todo é composto de 126 ossos.
O Membro Superior
Para propósitos descritivos, cada membro superior será dividido em cinco regiões: ombro
(escápula e clavícula), braço (úmero), antebraço (rádio e ulna), punho (oito ossos cárpicos) e
mão (cinco metacárpicos e 14 falanges) (Figura 3.22).
Os membros superiores consistem de 64 ossos, 32 em cada lado, e podem ser dividi-
dos em cinco regiões: ombro, braço, antebraço, punho e mão.
O Ombro
O ombro consiste da escápula (omoplata) e da clavícula. Junto com o manúbrio, as escápulas e
as clavículas de ambos os membros superiores formam um anel ósseo incompleto chamado de
cintura escapular (Figura 3.23). Os braços estão suspensos pela cintura escapular.
Clavícula
Escápula
Úmero
Ulna
Rádio
Carpais
Metacarpais
Falanges
Clavícula
esquerda
Manúbrio
Articulação
esternoclavicular
direita
Articulação acromioclavicular direita
Figura 3.22. O membro superior direito; (a) aspecto
anterior; (b) aspecto posterior.
Figura 3.23. Aspecto superior da cintura escapular.
Escápula esquerda
Ângulo de
transporte
84 JAMES WATKINS
A extremidade medial de cada clavícula se articula com o manúbrio para formar uma
articulação esternoclavicular, e a extremidade lateral se articula com o processo acromial da
escápula correspondente para formar uma articulação acromioclavicular (Figuras 3.23 e 3.24).
As escápulas não estão conectadas ao esqueleto axial, mas são mantidas em posição nas partes
laterais superiores e posteriores do arcabouço costal por músculos. Conseqüentemente, cada
escápula tem uma amplitude considerável de movimentos. A maioria dos movimentos da re-
gião do ombro envolve movimentos nas articulações esternoclavicular e acromioclavicular (ver
Capítulo 7).
Vistas superiormente, cada clavícula tem o formato de um “S” – côncavo ântero-lateral-
mente e póstero-medialmente (Figuras 3.23 e 3.24a). No plano transverso o terço lateral de
cada clavícula é bastante achatado; entretanto, os dois terços mais mediais se tornam progres-
sivamente mais grossos e arredondados em direção à extremidade medial (Figura 3.24b). Além
de formarem as únicas articulações ósseas do membro superior com o esqueleto axial, as claví-
culas agem como sustentáculos horizontais que mantêm a posição lateral da escápula e, assim,
dão amplitude aos ombros.
Cada escápula consiste de uma porção relativamente grande, achatada e triangular, cha-
mada de lâmina, com três características proeminentes originando-se a partir da lâmina (Figu-
ra 3.24, c, d e e). O ápice da lâmina é chamado de ângulo inferior e aponta diretamente para
baixo. A grande superfície anterior da lâmina é chamada de fossa subescapular. Um grande
processo, chamado de espinha da escápula, origina-se a partir de uma linha oblíqua que corre
lateralmente e para cima no terço superior da superfície posterior da lâmina. Como essa, a
espinha é relativamente achatada e de formato triangular; a borda posterior da espinha forma
uma crista que pode ser facilmente sentida sob a pele. A superfície superior da espinha e a
superfície posterior da lâmina acima da espinha formam uma goteira em forma de V chamada
de fossa supra-espinhosa. A superfície inferior da espinha e a grande superfície posterior da
lâmina abaixo da espinha formam uma grande área chamada de fossa infra-espinhosa.
Projetando-se lateral e levemente paracima a partir da extremidade lateral da espinha
está o processo acrômio, formando a parte posterior de um arco osteofibroso acima da articu-
lação do ombro. O processo do acrômio também pode ser sentido sob a pele na ponta do om-
bro. No ângulo superior e lateral da lâmina existe uma superfície articular relativamente gran-
de, rasa e de formato oval, a fossa glenóide. Na posição anatômica, a fossa glenóide está virada
para fora, levemente para frente e para cima. A fossa glenóide forma a articulação do ombro
(articulação glenoumeral) com a cabeça do úmero.
Originando-se da parte súpero-anterior da base da fossa glenóide está uma projeção asse-
melhada a um dedo, o processo coracóide; esse processo se curva lateralmente, de forma que
sua ponta está em frente da articulação do ombro. O processo coracóide, o processo do acrômio,
a crista da espinha e a borda medial da lâmina fornecem áreas de inserção para os músculos
relacionados principalmente com o movimento da escápula e da clavícula nas articulações
esternoclavicular e acromioclavicular e no úmero ao nível da articulação do ombro. Em con-
traste, as grandes superfícies anterior e posterior da lâmina (fossas subescapular, supra e infra-
espinhosa) dão inserção para os músculos envolvidos principalmente na estabilização da arti-
culação do ombro – mantendo a fossa glenóide e a cabeça do úmero em contato permanente.
A região do ombro consiste da escápula e da clavícula. A extremidade medial da claví-
cula se articula com o manúbrio para formar a articulação esternoclavicular, unindo o
membro superior e o esqueleto axial. A extremidade lateral da clavícula se articula com
a escápula para formar a articulação acromioclavicular. Junto com o manúbrio, as
escápulas e as clavículas de ambos os membros superiores formam um anel incomple-
to chamado cintura escapular.
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 85
O Braço
Existe apenas um osso no braço, o úmero. O úmero é um osso longo típico, consistindo de uma
diáfise relativamente longa entre duas extremidades bastante bulbosas (Figura 3.25). A extre-
midade distal do úmero tem quatro características: cabeça, grande tuberosidade, pequena
tuberosidade e sulco bicipital. A cabeça é um hemisfério quase perfeito que, como mencionado
anteriormente, se articula com a fossa glenóide para formar a articulação do ombro. A cabeça
Faceta para
o acrômio
Figura 3.24. A clavícula e a escápula; (a) aspecto superior da clavícula direita; (b) aspecto anterior da clavícula direita; (c) aspecto
anterior da escápula direita; (d) aspecto lateral da escápula direita; (e) aspecto posterior da escápula direita.
Tubérculo conóide Faceta para o manúbrio
Processo acrômio
Processo coracóide
Espinha
Fossa
subescapular
Ângulo inferior
Fossa supra-espinhosa
Processo coracóide
Crista da
espinha
Fossa infra-espinhosa
Faceta para a clavícula
Processo acrômio
Fossa
glenóide
e
d
c
b
a
86 JAMES WATKINS
está virada paramedialmente, para cima e para trás. A superfície articular da cabeça é muito
maior que a da fossa glenóide. Essa diferença em tamanho entre as superfícies articulares,
combinada com o fato de a fossa glenóide ser rasa, permite uma grande amplitude de movi-
mentos na articulação do ombro. Adjacente à cabeça, ocupando toda a parte lateral da extremi-
dade proximal do úmero, está a grande tuberosidade. Adjacente à cabeça, na parte anterior,
está a tuberosidade pequena . Correndo verticalmente para baixo, entre as duas tuberosidades,
está o sulco bicipital (sulco intertubercular). A cabeça está separada das duas tuberosidades
por um colo anatômico mal definido, e a extremidade proximal como um todo está unida à
diáfise principal por um colo cirúrgico curto.
Os dois terços superiores da diáfise do úmero são mais ou menos cilíndricos. O terço
distal gradualmente se torna mais alargado (no plano coronal) em direção à extremidade distal.
A superfície da diáfise é relativamente lisa, exceto por uma área rugosa no meio da parte ântero-
lateral – a tuberosidade deltóide –, onde o músculo deltóide se insere no osso.
A extremidade distal do úmero tem uma superfície articular em formato cilíndrico, con-
sistindo de dois côndilos fusionados entre si por seus lados. O côndilo lateral é chamado de
capítulo e o côndilo medial, maior e em formato de carretel, é chamado de tróclea. Na parte
anterior, logo acima do capítulo, encontra-se uma pequena depressão conhecida como fossa
radial. Logo acima da tróclea, encontra-se uma depressão similar conhecida como fossa
coronóide. Na parte posterior existe uma depressão relativamente grande, logo acima e contí-
nua com a tróclea – a fossa olecraniana. O epicôndilo medial, facilmente sentido sob a pele na
parte medial do cotovelo, projeta-se medialmente a partir da tróclea. O epicôndilo lateral –
menor – projeta-se lateralmente a partir do capítulo. Estendendo-se para cima a partir do
epicôndilo lateral à parte principal da diáfise, está uma crista distinta, chamada de crista
supracondilar lateral. Uma crista similar, a crista supracondilar medial, estende-se para cima a
partir do epicôndilo medial.
O úmero é o único osso do braço. A extremidade proximal articula-se com a escápula
para formar a articulação do ombro (glenoumeral), e a extremidade distal articula-se
Figura 3.25. O úmero direito; (a) aspecto anterior; (b) aspecto posterior.
Sulco
bicipital
Epicôndilo
lateral
Cabeça
Colo
anatômico
Colo
cirúrgico
Tróclea
Grande
tuberosidade
Fossa
olecraniana
Capitulum
ba
Grande
tuberosidade
Pequena
tuberosidade
Tuberosidade
deltóide
Crista
supracondilar
lateral
Fossa radial
Fossa
coranóide
Crista
supracondilar
medial
Epicôndilo
medial
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 87
com o rádio e a ulna para formar a articulação do cotovelo. O úmero é um
osso longo típico, consistindo de uma diáfise relativamente longa entre
duas extremidades expandidas, que aumentam a área de articulação nas
uniões com o ombro e o cotovelo e, assim, diminuem o esforço nessas
articulações.
O Antebraço
Há dois ossos longos no antebraço, o rádio e a ulna. Na posição anatômica,
o rádio está lateral à ulna (ver Figura 3.22; Figura 3.26). O aspecto anterior
da extremidade proximal da ulna é dominado por uma grande superfície
articular côncava em formato de carretel – a incisura da tróclea. Essa
incisura articula-se com a tróclea do úmero para formar parte da articula-
ção do cotovelo (Figura 3.26). A metade proximal da incisura troclear for-
ma a parte anterior do olécrano (ou processo olecraniano). A ponta do
cotovelo, facilmente sentida sob a pele, é o ponto póstero-superior do
olécrano. Quando o cotovelo está completamente estendido, a parte
proximal da borda da incisura troclear ocupa a fossa olecraniana na parte
posterior do úmero (ver Figura 3.25b). A metade distal da incisura troclear
forma a parte ântero-superior do processo coronóide, projetando-se ante-
riormente a partir da diáfise da ulna. Quando o cotovelo está completa-
mente flexionado, o processo coronóide ocupa a fossa coronóide na parte
ântero-inferior do úmero (ver Figura 3.25a). A parte ântero-inferior do
processo coronóide, junto com uma pequena parte da diáfise com a qual é
contínua, é habitualmente rugosa. Essa área sem nome é a área de inser-
ção de um dos músculos que flexionam a articulação do cotovelo (braquial).
Adjacente e contínuo com a borda ínfero-lateral da incisura troclear está
uma pequena superfície articular chamada de incisura radial (Figura 3.26b).
A diáfise da ulna afila-se levemente, de proximal para distal. Embo-
ra a maior parte da diáfise seja relativamente lisa, os dois terços inferiores
da parte lateral têm uma crista bastante afilada chamada de borda interóssea da ulna. A extre-
midade distal da ulna tem uma pequena cabeça em formato de tambor com uma pequena
projeção na sua parte póstero-medial, chamada de processo estilóide da ulna. A extremidade
proximal do rádio consiste de uma cabeça em formato de tambor, separada da parte principal
da diáfise por um curtocolo cilíndrico (Figura 3.26a). O lado circular e a superfície superior da
cabeça formam uma superfície articular contínua. O lado articula-se com a incisura radial na
ulna, e a superfície superior com o capítulo no úmero. A articulação do cotovelo consiste das
articulações entre a tróclea e a incisura troclear e entre o capítulo e a cabeça do rádio. Na articu-
lação do cotovelo, a incisura troclear e a superfície superior da cabeça do úmero formam uma
superfície articular virtualmente contínua.
Uma projeção áspera na parte anterior e medial da base do colo é a tuberosidade radial. A
diáfise do rádio é bastante lisa, exceto por uma crista afilada ao longo da parte medial, chama-
da de borda interóssea do rádio. Em contraste com a ulna, a extremidade distal do rádio é
muito mais grossa que a extremidade proximal. A parte lateral da extremidade distal do rádio
forma uma pequena projeção, conhecida como processo estilóide do rádio. A parte inferior da
extremidade distal é dominada por uma superfície articular côncava bastante grande e mais
ou menos quadrangular. Adjacente e contínua com a borda medial dessa superfície está a incisura
ulnar, uma pequena superfície articular. Essa incisura articula-se com o lado da cabeça da ulna.
Na posição anatômica, o rádio e a ulna ficam lado a lado com seus longos eixos, mais ou
menos paralelos um ao outro (ver Figura 3.22a). Com o rádio e a ulna nessa posição, o ante-
braço é descrito como supinado. O rádio é capaz de mover-se em relação à ulna por meio de
suas articulações, proximal e distal, entre os dois ossos. Quando a cabeça radial roda dentro
da incisura radial, a extremidade distal do rádio se move ao redor da cabeça da ulna; o rádio
como um todo roda em um eixo que passa através das cabeças do rádio e da ulna (Figura
Figura 3.26. O rádio e a ulna; (a) aspecto anteri-
or do rádio e ulna direitos; (b) aspecto lateral da
extremidade proximal da ulna direita.
Olécrano
Cabeça do rádio
Colo do rádio
Processo
estilóide do rádio
Incisura troclear
Processo coronóide
Cabeça da ulna
Processo
estilóide da
ulna
Olécrano
Colo do rádio
Processo coronóide
Incisura troclear
a
b
Tuberosidade
radial
Borda interóssea
da ulna
Borda
interóssea
do rádio
88 JAMES WATKINS
3.27, a e b). Conseqüentemente, a rotação medial sobre a ulna a partir da
posição anatômica resulta no rádio cruzando sobre a ulna (Figura 3.27b).
Quando o rádio cruza sobre a ulna, o antebraço é descrito como pronado.
A posição anatômica é perto da posição de supinação extrema, e a
posição na qual o rádio está completamente cruzado sobre a ulna repre-
senta a posição de pronação extrema. Quando o antebraço se move a par-
tir da posição de supinação extrema para a pronação extrema, a mão é
rodada em seu eixo longo aproximadamente 180º (Figura 3.27, c e e). Com
o resto do membro superior na posição anatômica, a posição do antebraço
na qual o plano da mão ocupa um plano paramedial é habitualmente refe-
rida como a posição neutra (Figura 3.27d).
Na posição anatômica, os longos eixos do braço e do antebraço não
coincidem e formam um ângulo obtuso na parte lateral (ver Figura 3.22b).
Esse ângulo é chamado de ângulo de transporte e tende a estar na região
de 165º em mulheres e de 175º em homens. O ângulo de transporte é cau-
sado pela forma da tróclea do úmero. A extremidade medial da tróclea
projeta-se para baixo, aproximadamente 6 mm mais adiante que a extre-
midade lateral, causando a inclinação ulnar para fora (Williams et al., 1995).
O significado funcional do ângulo de transporte não está claro, mas se
imagina que aumente a precisão na qual a mão pode ser controlada em
movimentos que envolvem a extensão do cotovelo em combinação com a
pronação do antebraço (Williams et al., 1995). O significado da diferença
no tamanho do ângulo de transporte entre os gêneros feminino e masculi-
no é desconhecido, mas pode estar relacionado com os ombros relativa-
mente estreitos, a cintura menor e os quadris mais largos das mulheres
em comparação com os homens.
O rádio e a ulna são os dois ossos longos do antebraço. As extremidades
proximal do rádio e da ulna se articulam com a extremidade distal do
úmero para formar a articulação do cotovelo, e as extremidades distais se articulam
com a fileira proximal dos ossos do carpo para formar a articulação do punho. O rádio e
a ulna articulam-se entre si nas extremidades proximal e distal de tal forma que o rádio
seja capaz de mover-se em relação à ulna. O movimento do rádio em direção à posição
anatômica é chamado de supinação, e o movimento do rádio para longe da posição
anatômica é chamado de pronação.
O Punho e a Mão
O punho consiste de oito irregulares e pequenos ossos chamados cárpicos. Quando articula-
dos, os cárpicos formam o carpo, unindo as extremidades distais do rádio e da ulna à extremi-
dade proximal da mão (Figura 3.28). Os cárpicos estão muito juntos; sete deles articulam-se
com três ou quatro outros ossos dentre si, o rádio, a ulna e os metacárpicos da mão. Os cárpicos,
cujos nomes tendem a refletir seus formatos, estão arranjados em uma fileira proximal e uma
distal. De lateral para medial, a fileira proximal consiste do escafóide (formato de navio),
semilunar (forma de meia-lua), piramidal (triangular) e pisiforme (formato de ervilha). As
superfícies proximais do escafóide, semilunar e piramidal formam uma superfície elíptica
biconvexa (arredondada para fora) que se articula com a superfície elíptica bicôncava (arre-
dondada para dentro) formada pelas extremidades distais do rádio e da ulna. As articulações
entre essas duas superfícies elípticas constituem a articulação do punho. O pisiforme tem uma
articulação com a parte anterior e medial do piramidal. De lateral para medial, a fileira distal
dos ossos do carpo consiste do trapézio (quatro lados com dois lados paralelos), do trapezóide
(quatro lados), do capitato (o carpal central) e do hamato (com um processo tipo gancho ante-
riormente). As séries de articulações entre as fileiras proximal e distal constituem a articulação
mediocárpica.
Figura 3.27. Supinação e pronação do antebraço
direito; (a) antebraço supinado; (b) antebraço pro-
nado; (c) supinação máxima; (d) posição neutra;
(e) pronação máxima.
Eixo de
pronação e
supinação
edc
ba
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 89
O punho consiste de oito irregulares e pequenos ossos chamados cárpicos, que se
articulam entre si para formar o carpo. Os ossos do carpo estão arranjados em uma
fileira proximal e uma distal. A fileira proximal se articula com as extremidades distais do
rádio e da ulna para formar a articulação do punho. A série de articulações entre as
fileiras proximal e distal é chamada de articulação mediocárpica.
A mão consiste de cinco metacárpicos e de 14 falanges (ou dígitos) (ver Figura 3.28). Em
vida, os metacárpicos estão unidos por partes moles e formam a palma da mão em seu aspecto
anterior. Os metacárpicos são ossos longos em miniatura, e cada um consiste de uma base (a
extremidade proximal), uma diáfise e uma cabeça (a extremidade distal). As superfícies
proximais das bases dos metacárpicos articulam-se com a fileira distal dos cárpicos para for-
mar as articulações carpometacárpicas. As amplitudes de movimento combinadas nas articu-
lações do punho, mediocárpica e carpometacárpica facilitam a grande amplitude de movimen-
to para a mão como um todo. As bases dos quatro metacárpicos mediais articulam-se entre si
lado a lado. Embora a base do primeiro metacárpico (polegar) esteja mais perto que a do se-
gundo (dedo indicador), as bases de ambos não se articulam habitualmente entre si. As diáfises
dos metacárpicos são relativamente achatadas posteriormente e bastante arredondadas anteri-
ormente. A cabeça de cada metacárpico tem uma superfície articular condilar convexa.
Cada um dos quatro dedos consiste de três falanges (proximal, média e distal), enquanto
o polegar consiste de apenas duas (proximal e distal). Em cada dedo e no polegar, as falanges
se tornam progressivamente menores de proximalpara distal. Assim como os metacárpicos, as
falanges consistem de uma base (proximal), uma diáfise e uma cabeça (distal). A extremidade
proximal da base de cada falange proximal consiste de um côndilo côncavo articulando-se
com a cabeça de seu metacárpico correspondente para formar uma articulação
metacarpofalângica. Enquanto as diáfises dos metacárpicos são mais ou menos cilíndricas, as
Figura 3.28. Aspecto anterior do punho e da mão direitos.
Semilunar
Falanges
Capitato
Trapezóide
Escafóide
Trapézio
Piramidal
Pisiforme
Hamato
Quinto metacárpico
Tuberosidade
Diáfise
afilada
Base da
falange
distal
90 JAMES WATKINS
diáfises das falanges são quase semicirculares em secção transversal; a superfície posterior de
cada falange é relativamente achatada e a superfície anterior é arredondada. As articulações
entre as falanges, as interfalângicas (duas articulações em cada dedo e uma no polegar) são
similares em termos de formato das superfícies articulares. As cabeças das falanges proximal e
média têm uma superfície articular em formato de carretel, formadas por um côndilo lateral e
um medial, ambos convexos. Cada uma dessas cabeças em forma de carretel articula-se com
uma superfície condilar bicôncava na base da falange média ou distal cor-
respondente. As falanges distais são bastante pequenas, especialmente as
dos dedos. Cada falange distal tem uma base relativamente ampla, uma
diáfise que se afila e uma tuberosidade arredondada na cabeça.
A mão consiste de cinco metacárpicos e de 14 falanges, que são ossos
longos em miniatura. Cada dedo consiste de três falanges, enquanto o
polegar consiste de apenas duas. As articulações entre as falanges, duas
em cada dedo e uma no polegar, são chamadas de interfalângicas.
O Membro Inferior
Na discussão a seguir, cada membro inferior está em quatro regiões:
quadril (inominado), coxa (fêmur e patela), perna (tíbia e fíbula), pé (sete
tarsais, cinco metatarsais e 14 falanges; Figura 3.29).
O Quadril
Junto com o sacro, os ossos inominados direito e esquerdo formam um
anel ósseo completo conhecido como pelve ou cintura pélvica (ver Fi-
gura 3.29). Conseqüentemente, os ossos inominados prendem as per-
nas ao esqueleto axial. Cada osso inominado desenvolve-se a partir de
três ossos – ilíaco, ísquio e púbis –, que se fusionam na maturidade. A
região onde esses ossos se fundem é dominada por uma grande
concavidade semi-esférica, o acetábulo (Figura 3.30a), que se articula
com a cabeça do fêmur para formar a articulação do quadril. O
acetábulo, que está direcionado lateralmente, para frente e para baixo,
consiste de uma superfície articular externa em formato de ferradura,
a borda acetabular e de uma região central mais profunda, a fossa
acetabular. O hiato entre as duas extremidades da borda acetabular é
contínuo com a fossa acetabular e é conhecida como incisura acetabular.
A fossa e a incisura acetabulares são mais profundas do que a borda
seria se formasse uma copa articular completa. A fossa acetabular aco-
moda um ligamento que une a cabeça do fêmur a outro ligamento que
atravessa a incisura acetabular (ver Capítulo 7). Conseqüentemente, com o deslizamento
da cabeça do fêmur na borda acetabular, a fossa acetabular evita que o ligamento inserido
na cabeça femoral seja esmagado.
O ilíaco compreende os dois quintos superiores do acetábulo e a grande porção mais
ou menos achatada do osso inominado acima do acetábulo. A grande parte superior e acha-
tada do ilíaco é chamada de asa. A borda superior da asa do ilíaco é uma crista ampla
chamada de crista ilíaca, sentida abaixo da pele logo acima da articulação do quadril. A
crista ilíaca, que tem um formato de S raso quando vista de cima, fornece inserção para os
músculos que formam a parede anterior do abdômen.
Existe uma projeção na extremidade anterior da crista ilíaca, a espinha ilíaca ântero-
superior (EIAS). A partir da EIAS, a borda anterior do ilíaco vai para baixo e para trás para
terminar em outra projeção, a espinha ilíaca ântero-inferior (EIAI). A EIAI fica logo acima da
parte ântero-superior do acetábulo e é separada da EIAS por uma incisura. Na extremidade
posterior da crista ilíaca existe uma projeção que é chamada de espinha ilíaca póstero-superior
(EIPS). A partir da EIPS a borda posterior do ilíaco vai para baixo e para frente para terminar
Figura 3.29. Aspecto anterior da pelve e membro
inferior direito.
Fêmur
Patela
Fíbula
Metatarsais
Falanges
Sacro
Arco
púbico
Tarsais
Tíbia
Osso
inominado
direito
Articulação
sacroilíaca
esquerda
Sínfise
púbica
Osso
inominado
esquerdo
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 91
em uma projeção conhecida como espinha ilíaca póstero-inferior (EIPI). Uma pequena incisura
separa a EIPS e a EIPI. Enquanto a EIAS, a EIAI e a EIPS são habitualmente fáceis de se identi-
ficar, a EIPI não é tão bem definida. Embora normalmente referidas como espinhas, essas qua-
tro projeções lembram mais de perto tubérculos ou tuberosidades.
Na parte póstero-medial da asa do ilíaco existe uma grande superfície de formato auricular
lembrando um C ou um L que se articula com a superfície auricular do lado correspondente do
sacro para formar a articulação sacroilíaca correspondente (ver Figura 3.30). Posteriormente ao
ângulo da superfície auricular está a tuberosidade ilíaca ou tuberosidade sacral do ilíaco. As
grandes superfícies laterais e mediais da asa do ilíaco fornecem inserção para os músculos que
movem a articulação do quadril. A superfície medial da asa também contempla o conteúdo
abdominal.
O ísquio, que forma a porção póstero-inferior do osso inominado, consiste do corpo e do
ramo. O corpo é um pilar mais ou menos vertical que transmite o peso do tronco, da cabeça e
dos braços para a superfície de sustentação quando o indivíduo estiver sentado em uma cadei-
ra ou um banco. A parte superior do corpo forma os dois quintos póstero-inferiores do acetábulo.
Abaixo do acetábulo, o corpo do ísquio é caracterizado pela grande tuberosidade isquiática em
suas áreas lateral e inferior (Figura 3.30a). Originando-se a partir da parte posterior do corpo,
logo acima da tuberosidade isquiática, está um processo chamado de espinha isquiática proje-
tando-se medialmente para trás. As bordas posteriores do ilíaco e do ísquio entre a EIPI e a
espinha isquiática formam a grande incisura isquiática (ou ciática). Existe uma incisura menor
Figura 3.30. O osso inominado direito; (a) aspecto lateral; (b) aspecto medial.
Asa do ilíaco
Junção entre ilíaco,
púbis e ísquio
Crista ilíaca
b
a
Grande incisura ciática
Incisura ciática menor
Tuberosidade isquiática
Espinha ilíaca ântero-superior
Fossa acetabular
Borda acetabular
Incisura acetabular
Ramo inferior do púbis
Ramo do ísquio
Superfície auricular
Tuberosidade ilíaca
Espinha ilíaca
póstero-superior
Espinha ilíaca
póstero-inferior
Espinha isquiática
Linha terminal
Ramo superior do púbis
Tubérculo púbico
Extremidade medial do púbis Corpo do ísquio
Forame
obturador
Espinha ilíaca ântero-inferior
92 JAMES WATKINS
– a incisura ciática menor – entre a espinha isquiática e a tuberosidade isquiática. O ramo do
ísquio é um processo largo e achatado que se origina na base do corpo e se projeta medialmente
para frente e para cima.
O púbis forma a porção ântero-inferior do osso inominado. Ele consiste do corpo, do
ramo superior e do ramo inferior. O corpo forma o quinto ântero-inferior do acetábulo. O ramo
superior estende-se medialmente e também um pouco para frente e para trás a partir do corpo
para juntar-se à extremidade medial do ramo inferior. A junção entre os dois ramos forma uma
região relativamente larga e achatada. A superfície medial dessa junção – a superfície medial
do púbis – é de formato elíptico e fica no plano mediano. O eixo longo da elipse está inclinado
em um ângulo de aproximadamente 45º ao plano coronal. As superfícies mediais dos ossos
púbicos direito e esquerdo estão unidas no plano mediano por um disco de fibrocartilagem.
Essa articulação é chamada de sínfise púbica(ver Figura 3.29).
O ramo inferior do púbis se projeta para baixo e para trás lateralmente para unir-se à
extremidade anterior do ramo do ísquio (ver Figura 3.30a). A incisura em forma de V invertido
formada pelas bordas inferiores dos ramos púbicos direito e esquerdo é chamada de arco púbico
(ver Figura 3.29). Na borda superior de cada ramo superior está um processo chamado de
tubérculo púbico, situado a uma curta distância da sínfise do púbis. Correndo entre os dois
tubérculos púbicos está uma crista, com freqüência mal definida, chamada de crista púbica. A
extremidade lateral da borda superior do ramo superior de cada púbis é contínua com uma
crista curva distinta na parte medial do ilíaco, terminando na margem ântero-inferior da su-
perfície auricular do ilíaco. Essa crista é chamada de linha terminal (ver Figura 3.30b). O púbis
e o ísquio são essencialmente em forma de V e unidos em suas extremidades livres (ver Figura
3.30a). Conseqüentemente, quando fusionados juntos, os dois ossos criam um grande orifício,
chamado de forame obturador, por conta da proximidade com o nervo obturador.
Figura 3.31. A pelve; (a) aspecto anterior da pelve masculina; (b) aspecto ântero-superior da pelve
masculina; (c) aspecto anterior da pelve feminina; (d) aspecto ântero-superior da pelve feminina.
Articulações sacroilíacas
dc
ba
Estreito em forma
de coração
Estreito de formato
quase circular
Sínfise púbica Arco púbico
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 93
Os ossos inominados unem os membros inferiores ao esqueleto axial. Cada osso
inominado desenvolve-se a partir de três ossos – o ilíaco, o ísquio e o púbis – que na
maturidade se fundem.
A Pelve
Pelve é uma palavra latina que significa bacia (por causa das grandes asas do ilíaco, que dão a
impressão de uma bacia incompleta quando a pelve é vista pela frente e por cima) (Figura
3.31). Do ponto de vista mecânico, a pelve consiste das pelves superior e inferior. A pelve
superior consiste das duas asas do ilíaco e do terço superior do sacro que, juntos, formam um
pouco mais da metade da parte superior da bacia. A parte anterior da bacia está faltando e,
assim, a pelve superior é algumas vezes referida como falsa pelve ou pelve maior. A pelve
superior fornece a base de sustentação para a parte superior do corpo.
A pelve inferior (também chamada de pelve verdadeira ou menor) pode ser descrita sem
precisão como um cilindro incompleto; consiste dos ossos ísquios e púbicos juntos com as
partes inferiores dos ilíacos e os dois terços inferiores do sacro. A pelve inferior transmite o
peso da parte superior do corpo aos membros inferiores quando se está em pé ou sentado. A
margem entre a pelve superior e a inferior é chamada de estreito ou borda pélvica. O estreito
corresponde a uma crista contínua formada pela crista púbica, as bordas superiores dos ramos
superiores dos ossos púbicos, as linhas terminais nas superfícies mediais dos ilíacos e uma
crista transversa na parte anterior do sacro, logo abaixo da linha transversa mais superior.
Embora as pelves masculina e feminina tenham a mesma estrutura básica, os formatos
das várias partes, especialmente da pelve inferior, diferem consideravelmente por causa das
funções femininas de maternidade. Durante o parto, o concepto passa da pelve superior para a
inferior e então sai do abdômen e pela parte inferior da pelve inferior. Conseqüentemente,
quanto mais larga a pelve inferior, de lado a lado e de frente para trás, mais fácil será para a
criança passar. Os formatos das pelves masculina e feminina diferem de quatro maneiras (ver
Figura 3.31):
1. O estreito da pelve masculina é em formato de coração, enquanto o da pelve feminina
é mais circular.
2. Os ossos púbicos estão mais alinhados na mulher do que no homem. Conseqüente-
mente, o ângulo do arco púbico é obtuso na mulher e agudo no homem.
3. A distância relativa entre os acetábulos é maior na mulher do que no homem. Isso
resulta em um perímetro maior ao redor dos quadris na mulher em comparação ao
homem.
4. No homem, o sacro está curvado de tal forma que a metade inferior dele e o cóccix se
inclinem para frente. Essa curvatura reduz a dimensão frente-costas da pelve inferior.
Na mulher, o sacro é relativamente reto, o que tende a manter uma dimensão frente-
costas relativamente constante na pelve inferior.
Junto com o sacro, os ossos inominados direito e esquerdo formam a cintura pélvica ou
pelve. A pelve masculina e a feminina têm a mesma estrutura básica, mas diferem em
formato por causa da função materna feminina.
A Coxa
A coxa contém dois ossos, um longo (o fêmur) e um relativamente pequeno (a patela ou rótu-
la), que se articula com a extremidade inferior do fêmur. Esse é o mais longo e forte osso do
esqueleto. A extremidade proximal do fêmur consiste de uma cabeça em formato quase esféri-
co, que se articula com o acetábulo para formar a articulação do quadril (ver Figura 3.29; Figu-
ra 3.32). A cabeça está unida obliquamente à diáfise por um colo grosso que vai lateralmente e
para baixo, e para trás a partir da cabeça, à região ântero-medial da extremidade proximal da
94 JAMES WATKINS
diáfise (ver também Figura 3.1b). O colo lembra um cone truncado, parcialmente achatado de
frente para trás, sua superfície menor unida à cabeça e sua superfície maior unida à diáfise.
Um grande processo, o grande trocanter, domina a região súpero-posterior e lateral da extre-
midade proximal da diáfise. Na base do colo, na área póstero-medial da diáfise, há um outro
processo relativamente grande, o pequeno trocanter. Os trocanteres grande e pequeno estão
unidos na parte posterior pela crista intertrocantérica. A linha de união entre o colo e a diáfise
na parte anterior é marcada por outra crista, a linha intertrocantérica.
Tal como o úmero, os dois terços superiores da diáfise do fêmur são cilíndricos, e o terço
inferior gradualmente se torna mais largo (no plano coronal) em direção à extremidade distal.
No plano paramediano, a superfície anterior do fêmur é levemente convexa e a superfície
posterior é levemente côncava (ver Figura 3.1b). As superfícies anterior e lateral são relativa-
mente lisas, enquanto a superfície posterior é dominada por duas cristas longitudinais – uma
lateral e uma medial – que correm no comprimento da diáfise. As cristas convergem e se unem
no terço médio da diáfise para formar a linha áspera. Acima e abaixo da linha áspera as cristas
divergem. Acima da linha áspera a crista lateral é chamada de crista glútea, que corre em
direção ao grande trocanter. A crista medial acima da linha áspera é a linha espiral. A linha
espiral corre em direção ao pequeno trocanter em metade de seu comprimento, mas então se
curva ao redor da parte medial da diáfise em uma maneira espiral para terminar na extremida-
de inferior da linha intertrocantérica. Abaixo da linha áspera, as cristas lateral e medial são
chamadas de cristas supracondilares lateral e medial, respectivamente. Na extremidade distal
da crista supracondilar medial está uma projeção chamada de tubérculo dos adutores.
A extremidade distal do fêmur consiste de dois grandes côndilos convexos, os côndilos
lateral e medial, fundidos lado a lado anteriormente. Os côndilos são separados posteriormen-
Linha áspera
Figura 3.32. O fêmur direito; (a) aspecto anterior; (b) aspecto posterior.
Colo
Linha intertrocantérica
Superfície patelar
Cabeça
Pequeno
trocânter Crista glútea
Crista supracondilar
medial
Crista supracondilar
lateral
b
a
Epicôndilo medial
Côndilo medial
Epicôndilo lateral
Côndilo lateral
Incisura intercondilar
Tubérculo dos
adutores
Linha espiral
Crista intertrocantérica
Grande trocânter
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 95
te por uma grande incisura, a incisura intercondilar (ou fossa intercondilar). Conseqüentemen-
te, a superfície articular dos côndilos é em forma de V. A parte superior da porção comum
anterior da superfície articular é chamada de superfície patelar. A superfície patelar tem um
formato de carretel – deprimida nomeio do plano sagital – e articula-se com a superfície pos-
terior da patela para formar a articulação patelofemoral (ver Capítulo 7). Durante a extensão e
a flexão da articulação do joelho, a patela desliza para cima e para baixo na superfície patelar e
nos côndilos femorais.
O fêmur e a patela formam a coxa. O fêmur é o maior e mais forte osso do esqueleto. A
extremidade proximal do fêmur se articula com o osso inominado para formar a articu-
lação do quadril. A extremidade distal articula-se com a tíbia para formar a articulação
tibiofemoral e com a patela para formar a articulação patelofemoral.
A patela é um sesamóide (palavra grega para algo que lembra uma semente) – um osso
que está parcialmente incrustado em um tendão (Figura 3.33). Um osso sesamóide tende a
aumentar a eficiência mecânica da unidade musculotendinosa associada e a prevenir que o
tendão sofra atrito em um osso adjacente. Conseqüentemente, a patela, incrustada na parte
posterior do tendão do quadríceps, aumenta a eficiência mecânica do grupo muscular do
quadríceps e evita que o tendão quadricipital atrite contra a superfície patelar do fêmur.
A parte anterior da patela é superiormente arredondada e aponta para baixo (Figura 3.33, a
e b). Toda a superfície anterior e o quarto inferior da superfície posterior estão incrustados no
tendão do quadríceps. Os três quartos superiores da superfície posterior se articulam com a su-
Patela
Tíbia
Fêmur
Figura 3.34. Orientação da patela ao fêmur na (a) extensão do joelho e na (b) flexão do joelho.
cba
ba
Figura 3.33. A patela direita; (a) aspecto anterior; (b) aspecto lateral direito; (c) aspecto posterior. A
patela inteira, exceto pelas facetas, está incrustada no tendão do quadríceps.
Faceta medial
Faceta lateral
Faceta lateral
96 JAMES WATKINS
perfície patelar do fêmur quando a articulação do joelho estiver estendida e com os côndilos do
fêmur quando a articulação do joelho estiver fletida (Figura 3.34). A superfície articular da patela
tem um formato em V com uma crista sagital. As áreas medial e lateral da crista são referidas,
respectivamente, como facetas medial e lateral. A extremidade proximal da patela é algumas
vezes referida como pólo superior, e a extremidade distal como pólo inferior ou ápice da patela.
A patela aumenta a eficiência mecânica do músculo quadríceps e evita que o tendão do
quadríceps sofra atrito contra o fêmur.
A Perna
A perna consiste de dois ossos longos, a tíbia e a fíbula, alinhados com suas diáfises mais ou
menos paralelos um ao outro (Figura 3.35, a e b). A tíbia é o maior dos dois ossos e está situada
Figura 3.35. A tíbia e a fíbula direitas; (a) aspecto anterior; b) aspecto posterior; (c) aspecto superior do
platô tibial.
Espinhas tibiais
Cabeça
Tuberosidade tibial
Espinhas tibiais
Área intercondilar posterior
c
b
a
Côndilo lateral
Maléolo lateral
Tuberosidade
tibial
Linha solear
Crista anterior
Maléolo medial
Superfície troclear
Área intercondilar anterior
Côndilo lateralCôndilo medial
Côndilo medial
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 97
medialmente à fíbula. A extremidade proximal da tíbia consiste de dois grandes côndilos, o
medial e o lateral, que estão fusionados lado a lado (Figura 3.35c). Os côndilos tibiais se articu-
lam com os côndilos femorais para formar a articulação tibiofemoral (articulação do joelho).
As superfícies articulares dos côndilos tibiais são de contornos ovais e quase achatadas. A
superfície lateral é habitualmente um pouco convexa e menor que a superfície medial, que
pode ser levemente convexa. As superfícies ocupam o mesmo plano, mais ou menos horizon-
talmente na posição anatômica. Essa orientação da superfície condilar origina o termo platô
tibial, algumas vezes usado para descrever a extremidade proximal da tíbia. Entre as duas
superfícies condilares no centro do platô tibial existem dois pequenos processos lado a lado,
conhecidos como espinhas (ou eminências) tibiais lateral e medial ou tubérculos intercondilares.
A área do platô tibial em frente às espinhas tibiais e entre as áreas anteriores dos côndilos
tibiais é referida como a área intercondilar anterior. A área correspondente atrás das espinhas
tibiais é referida como a área intercondilar posterior.
A diáfise da tíbia é relativamente lisa, exceto por uma crista distinta no terço superior da
parte posterior da diáfise. Essa crista, a linha solear, corre obliquamente para baixo e
medialmente a partir da parte ínfero-posterior do côndilo lateral. Os dois terços médios da
diáfise têm um formato de lágrima na secção transversa; a parte posterior é arredondada, en-
quanto a anterior consiste de duas áreas relativamente achatadas, ântero-lateral e ântero-medial,
que convergem anteriormente para formar uma crista distinta chamada de crista anterior. A
crista anterior pode ser facilmente sentida sob a pele como uma crista correndo para baixo no
osso. A superfície ântero-medial da tíbia, coberta somente por pele, é habitualmente referida
como canela. Acima e abaixo da crista anterior, a diáfise se alarga em direção às extremidades
proximal e distal do osso. Acima da extremidade superior da crista anterior, na parte anterior
da diáfise, encontra-se um processo relativamente grande, a tuberosidade tibial.
No lado medial da extremidade distal da tíbia há uma projeção para baixo chamada de
maléolo medial. A parte lateral do maléolo medial se articula com a parte medial do tálus para
formar a parte medial da articulação do tornozelo (Figura 3.36a). O restante da extremidade
distal da tíbia é dominado por uma grande superfície condilar bicôncava chamada de superfí-
cie troclear da tíbia (Figura 3.35b). A superfície troclear articula-se com a parte superior do
tálus para formar a parte principal da articulação do tornozelo. A superfície troclear da tíbia e
a superfície articular do maléolo medial são contínuas entre si.
A tíbia é a maior responsável pela transmissão de cargas da coxa ao pé e vice-versa. Em
contraste, a fíbula é um osso fino e relativamente fraco, apenas marginalmente envolvido na
transmissão de pressão entre a coxa e o pé. As principais funções da fíbula são auxiliar na
formação da articulação do tornozelo e prover uma área complementar para a inserção dos
músculos que movem o tornozelo e o pé. A extremidade proximal da fíbula é chamada de
cabeça. Os dois terços mediais da área superior da cabeça articulam-se com a parte póstero-
inferior e lateral do côndilo tibial lateral para formar a articulação tibiofibular proximal.
A diáfise da fíbula é caracterizada por quatro cristas longitudinais que originam quatro
faces de variadas larguras e comprimentos ao longo da diáfise. A extremidade distal da fíbula
é chamada de maléolo lateral. A parte medial do maléolo lateral articula-se com a parte lateral
do tálus para formar a parte lateral da articulação do tornozelo. A parte medial da diáfise da
fíbula imediatamente acima da superfície articular do maléolo lateral articula-se com a parte
lateral da extremidade distal da tíbia para formar a articulação tibiofibular distal.
A tíbia e a fíbula são os dois ossos longos da perna. A tíbia é muito mais grossa que a
fíbula e é a maior responsável pela transmissão de cargas entre a coxa e o pé. A fíbula
auxilia na formação da articulação do tornozelo e provê uma área complementar de
inserção para os músculos da perna. A tíbia e a fíbula articulam-se entre si nas extremi-
dades proximal e distal, mas há pouco ou nenhum movimento relativo entre elas.
98 JAMES WATKINS
O Pé
O pé consiste de sete tarsais, cinco metatarsais e 14 falanges (Figura 3.36). Quando articulados,
os tarsais formam o tarso (figura 3.36b). O tarso corresponde ao carpo no membro inferior, mas
os tarsais são todos muito maiores que os carpais. Enquanto o carpo não é habitualmente con-
siderado como parte da mão, o tarso forma a metade posterior do pé. O pé articula-se com a
perna na articulação do tornozelo – a articulação entre a tíbia, a fíbula e o tálus.
O tálus, o segundo maior tarsal, temuma superfície articular convexa em formato de
carretel na sua área superior chamada de superfície troclear do tálus (Figura 3.36c); ela se arti-
cula com a superfície troclear da tíbia. A superfície troclear do tálus é contínua com as superfí-
cies articulares nas suas faces lateral e medial, que se articulam, respectivamente, com os
maléolos lateral e medial.
A parte inferior do tálus articula-se com a metade anterior da parte superior do calcâneo
por meio de dois ou, em alguns casos, três facetas articulares que, juntas, constituem a articu-
lação subtalar (articulação talocalcaneana) (ver Figura 3.36, a e b). A parte anterior do tálus se
articula com a parte posterior do navicular na parte medial do pé para formar a articulação
talonavicular.
Figura 3.36. O pé direito; (a) aspecto medial; (b) aspecto lateral; (c) aspecto superior; (d) aspecto posterior de secção vertical através das
extremidades proximais dos metatarsais.
Primeiro metatarsal
Quinto metatarsal
Tubérculo lateral do tálus
Tubérculo medial do tálus
Superfície troclear do tálus
Tarso
Cuneiformes
Navicular
Tálus
Calcâneo
Cubóide
Colo do tálus
Tubérculo medial do tálus
Tuberosidade do calcâneo
d
c
b
a
Tuberosidade do navicular
Linha da articulação mediotársica
Processo lateral do tálus
Tuberosidade do navicular
Tubérculo lateral do tálus
Sustentáculo talar
Metatarsais
Falanges
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 99
O calcâneo – o maior tarsal – é com freqüência referido como o osso do calcanhar. A parte
posterior do calcâneo é caracterizada por uma grande tuberosidade chamada de tuberosidade
calcaneana. A parte anterior do calcâneo articula-se com a área posterior do cubóide, no lado
lateral do pé, para formar a articulação calcaneocubóidea. As articulações calcaneocubóidea e
talonavicular são contínuas entre si e constituem a articulação mediotársica (ver Figura 3.36c).
A parte anterior do navicular articula-se com as partes posteriores dos três cuneiformes (medial,
médio e lateral), que ficam um ao lado do outro e se articulam entre si. Os dois terços posterio-
res da parte lateral do cuneiforme lateral articulam-se com a superfície medial do cubóide. As
partes anteriores dos cuneiformes articulam-se com as bases do primeiro, segundo e terceiro
metatarsais. A parte anterior do cubóide articula-se com as bases do quarto e quinto metatarsais.
Essas articulações entre os quatro tarsais anteriores e os metatarsais são referidas como articu-
lações tarsometatarsais. Os quatro metatarsais laterais são similares em comprimento, mas
tendem a aumentar em perímetro do segundo até o quinto. Em comparação, o primeiro
metatarsal é mais curto, mas tem um perímetro maior que os outros quatro. Pensa-se que o
curto comprimento do primeiro metatarsal é para aumentar a eficiência dos arcos dos pés
(Williams et al., 1995).
O pé consiste de sete tarsais, cinco metatarsais e de falanges. Os tarsais são ossos
irregulares que se articulam entre si para formar o tarso, que forma a metade posterior
do pé. A perna articula-se com o tarso na articulação do tornozelo.
Os tarsais e os metatarsais estão arranjados na forma de dois arcos longitudinais (medial
e lateral) e um único arco transverso. O arco medial longitudinal é formado pelo calcâneo, pelo
tálus, pelo navicular, pelos três cuneiformes e pelo primeiro, segundo e terceiro metatarsais
(ver Figura 3.36, a e c). O arco longitudinal lateral, que é muito mais achatado que o arco medial,
é formado pelo calcâneo, pelo cubóide e pelo quarto e quinto metatarsais (ver Figura 3.36, b e
c). Em combinação, os arcos longitudinais formam uma única estrutura arqueada entre a parte
póstero-inferior do calcâneo e as cabeças dos metatarsais. O arco transverso corre através do pé
de medial para lateral e é formado pelos cinco tarsais anteriores e pelas bases dos metatarsais.
O formato do arco é por causa do cubóide, dos cuneiformes médio e lateral e das bases dos três
metatarsais médios, que têm formato de cunha em secção coronal (Figura 3.36d). Os músculos,
principalmente, mantêm os arcos, que funcionam como almofadas para cargas de impacto no
pé, que ocorrem em atividades como caminhar, correr, saltar e aterrissar (ver Capítulo 7).
A distribuição das falanges no pé é similar à da mão – duas no “dedão” e três em cada um
dos outros dedos do pé. Como na mão, as falanges dos dedos se tornam progressivamente
mais curtas de proximal para distal. Em comparação com as falanges correspondentes do pole-
gar, as falanges do “dedão” são levemente mais longas e têm uma circunferência maior. Entre-
tanto, as falanges dos outros quatro dedos são bem mais curtas e, em geral, menores em circun-
ferência que as falanges correspondentes na mão. As articulações interfalângica e
metatarsofalângica são similares em estrutura com suas correspondentes na mão.
A parte anterior do tarso articula-se com as extremidades proximais dos metatarsais
para formar as articulações tarsometatarsais. As extremidades distais dos metatarsais
articulam-se com as falanges distais para formar as articulações metatarsofalângicas.
RESUMO
Este capítulo descreveu os ossos do esqueleto, com particular referência ao arranjo de cadeia
aberta dos ossos nas partes axial e apendicular do esqueleto. Esse tem três principais funções
mecânicas: prover um arcabouço de sustentação para todos os outros sistemas do corpo, prote-
ger órgãos como o cérebro e a medula espinhal e prover um sistema de alavancas, operadas
pelos músculos esqueléticos, para facilitar a transmissão de forças em todo o esqueleto.
100 JAMES WATKINS
O osso é um tecido conjuntivo, e todos os tecidos conjuntivos estão envolvidos em algum
grau com a transmissão de forças dentro e entre os sistemas do corpo. O capítulo seguinte
descreve a anatomia funcional dos vários tipos de tecido conjuntivo.
Questões para Revisão
1. Descrever as três principais funções mecânicas do esqueleto.
2. Descrever os três principais planos de referência e definir a terminologia espacial associa-
da com eles.
3. Citar os ossos do esqueleto axial.
4. Descrever as seguintes características do esqueleto:
• suturas
• fontanelas
• seios
5. Descrever as curvas primária e secundária da coluna vertebral.
6. Descrever os componentes de uma vértebra típica.
7. Descrever as características de diferenciação entre as vértebras cervicais, torácicas e lomba-
res.
8. Descrever a diferença entre costelas verdadeiras e costelas falsas.
9. Citar os ossos do membro superior.
10. Descrever a cintura escapular.
11. Descrever a articulação do cotovelo.
12. Descrever a supinação e a pronação do antebraço.
13. Citar os ossos do membro inferior.
14. Descrever as diferenças entre a pelve masculina e a pelve feminina.
15. Descrever as articulações tibiofemoral e patelofemoral.
16. Descrever os arcos dos pés.
CAPÍTULO 4
O TECIDO
CONJUNTIVO
No músculo, no nervo e no tecido epitelial, as células predominam e são diretamente rela-cionadas à função dos tecidos. Em contraste, os tecidos conjuntivos têm relativamente
poucas células distribuídas dentro de uma grande quantidade de matriz não-celular. As carac-
terísticas físicas da matriz determinam diretamente a função de cada tipo de tecido conjuntivo.
Os tecidos conjuntivos têm duas principais funções: suporte mecânico e troca intercelular.
Os tecidos conjuntivos são contínuos entre si em todo o corpo, mas a composição da matriz
muda gradualmente de uma parte de um órgão ou sistema a outro, dependendo da função. O
propósito deste capítulo é descrever a estrutura e as funções dos vários tecidos conjuntivos.
102 JAMES WATKINS
Funções do Tecido Conjuntivo
Os tecidos conjuntivos, que incluem tendões e aponeuroses, têm relativamente poucas células
distribuídas dentro de uma grande quantidade de material não-celular chamado de matriz,
que é produzido pelas células. Uma variedade de tecidos conjuntivos difere de outra, estrutu-
ral e funcionalmente, com base em diferenças nas características físicas da matriz, que varia de
um material semilíquido emum tipo de tecido conjuntivo (tecido areolar) a um material sólido
muito duro (osso). Os tecidos conjuntivos têm duas principais funções: suporte mecânico e
troca intercelular.
Os tecidos conjuntivos consistem de relativamente poucas células dentro de uma gran-
de quantidade de matriz produzida por essas células. Os vários tecidos conjuntivos
diferem entre si principalmente por causa das características físicas da matriz.
Suporte Mecânico
A maioria dos tecidos conjuntivos ajuda a manter ou a transmitir forças, desempenhando uma
grande amplitude de funções mecânicas. Essas funções, envolvidas com a manuntenção de
força ou de elasticidade, incluem as seguintes:
1. ligação das células do corpo nos vários tecidos, órgãos e sistemas;
2. sustentação e manutenção de vários órgãos;
3. manutenção de estabilidade e absorção de impacto nas articulações;
4. manutenção de ligações flexíveis entre ossos em certos tipos de articulações e manu-
tenção de superfícies articulares lisas entre ossos em outros tipos de articulações;
5. transmissão de forças musculares.
Troca Intercelular
Nos organismos multicelulares, as células baseiam-se nos fluidos corporais circulantes, como
o sangue, para receberem nutrientes, oxigênio e outras substâncias e eliminarem produtos de-
gradados como o dióxido de carbono. Isso envolve uma troca de nutrientes, de gases e de
outras substâncias entre os vasos dos fluidos corporais circulantes e as células adjacentes aos
vasos e entre as células adjacentes entre si. A troca intercelular garante que todas as células
possam ser supridas com nutrientes, gases e outras substâncias e que possam excretar produ-
tos, mesmo se elas não receberem um suprimento direto dos fluidos corporais circulantes.
Matriz: o componente não-celu-
lar do tecido conjuntivo
Objetivos
Após a leitura deste capítulo você deverá ser capaz de:
1. Definir ou descrever os termos básicos.
2. Descrever a estrutura e a função dos tecidos conjuntivos comuns.
3. Descrever a estrutura e as funções dos três principais tipos de cartilagem.
4. Descrever o crescimento e o desenvolvimento do osso.
5. Descrever a estrutura do osso maduro.
6. Explicar a diferença entre remodelação e modelação no osso.
7. Descrever os efeitos do envelhecimento no osso.
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 103
Os tecidos conjuntivos têm duas principais funções: suporte mecânico e troca intercelular.
Distribuição e Classificação dos Tecidos Conjuntivos
Embora todos os tipos de tecido conjuntivo sejam contínuos entre si, a composição da matriz
muda gradualmente de uma parte de um órgão ou sistema a outro, dependendo da função do
tecido conjuntivo naquela localização. Por exemplo, em um músculo esquelético, as células
musculares individuais estão unidas por um tecido conjuntivo cuja função é facilitar a troca
intercelular e unir as células. Em contraste, o ventre do músculo está preso ao osso em cada
extremidade por meio de tendões ou de aponeuroses, cuja função é prover uma ligação forte
entre o músculo e as inserções ósseas (Figura 4.1).
Os tecidos conjuntivos são classificados de acordo com sua função em tecidos ordinários
(ou comuns) e tecidos especiais (Williams et al., 1995). Os tecidos conjuntivos comuns, distribu-
ídos amplamente no corpo, têm duas principais funções:
1. unir as células em tecidos, órgãos e sistemas;
2. prover ligações mecânicas entre os ossos nas articulações e entre músculos e ossos.
Existem dois tipos de tecidos conjuntivos especiais: a cartilagem e o osso. As principais fun-
ções da cartilagem são a de transmitir pressões eficientemente através das articulações e per-
mitir movimento entre os ossos em certas articulações. As funções mecânicas do osso foram
descritas no Capítulo 3; este capítulo desenvolve a relação entre essas funções e a estrutura do
osso.
Figura 4.1. Localização dos diferentes tipos de tecido conjuntivo no músculo esquelético. O tecido
areolar une as células musculares e facilita a troca intercelular. O tecido fibroso regular fornece uma
ligação mecânica entre o músculo e o osso.
Vasos sangüíneos
Células musculares
Tecido areolar
Tecido fibroso regular
104 JAMES WATKINS
Tecido Conjuntivo Comum
A matriz dos tecidos conjuntivos comuns consiste de três componentes básicos: fibras de elastina,
fibras de colágeno e substância basal. A principal diferença na estrutura dos vários tipos de tecido
conjuntivo comum está na proporção desses três componentes básicos da matriz.
Fibras de Elastina e de Colágeno
Tanto as fibras de elastina como as de colágeno são proteínas. Uma molécula de proteína con-
siste de uma cadeia longa de aminoácidos. Na elastina, as moléculas estão arranjadas aleatoria-
mente em termos de orientação e de inserção entre si e de seu formato individual (Alexander,
1975) (Figura 4.2a). Quando a elastina é estirada, as moléculas não se esticam, mas tendem a se
alongar na direção do estiramento (Figura 4.2b). As moléculas resistem ao estiramento; isto é,
elas experimentam fadiga de tensão (ver Capítulo 1) e, quanto maior o estiramento, maior a
fadiga. Quando for removida a pressão de estiramento, as moléculas elásticas restauram sua
orientação e seu formato originais. A elastina é, portanto, elástica; daí seu nome.
Uma fibrila de elastina é formada por um número de moléculas de elastina; uma fibra de
elastina consiste de um número de fibrilas agrupadas juntas e é similar em formato, força e
elasticidade a uma longa e fina banda de borracha. As fibras de elastina podem ser estiradas
em aproximadamente 200% de seu comprimento em repouso antes de se quebrarem (Nordin e
Frankel, 1989). Elas têm um aspecto amarelado e com freqüência são referidas com fibras elás-
ticas amarelas ou fibras amarelas.
Em contraste com a elastina, as moléculas de colágeno estão arranjadas em uma maneira
mais regular; tendem a correr na mesma direção e na maioria das vezes estão alinhadas para-
lelamente entre si (Alexander, 1975) (Figura 4.2c). Tal como as moléculas de elastina, as molé-
culas de colágeno estão presas umas às outras em vários pontos. Quando estiradas na direção
de sua orientação principal, as moléculas de colágeno rapidamente de endireitam de tal forma
que a quantidade de extensão fica limitada (Figura 4.2d). Assim como as moléculas de elastina,
as moléculas do colágeno experimentam tensão de ruptura quando estiradas; quanto maior o
estiramento, maior a tensão de ruptura. São também elásticas, e retornam a sua orientação em
repouso quando a pressão de estiramento for removida. Cada grupo de moléculas paralelas
firmemente alinhadas constitui uma fibrila individual de colágeno. Uma fibra de colágeno
consiste de um número de fibrilas agrupadas e é similar em formato, força e elasticidade a um
cadarço; é virtualmente inextensível e, em relação à elastina, é extremamente forte. As fibras de
colágeno se quebram após serem estiradas em aproximadamente 10% de seu comprimento em
repouso (Nordin e Frankel, 1989). As fibras de colágeno são brancas e com freqüência referidas
como fibras de colágeno branco ou fibras brancas.
A Substância Basal
A substância basal forma a parte não-fibrosa da matriz. É um gel viscoso consistindo principal-
mente de grandes moléculas de carboidratos (moléculas consistindo de carbono, de hidrogê-
nio e de oxigênio) e de complexos moleculares carboidrato-proteína (moléculas consistindo de
carbono, de hidrogênio, de oxigênio e de nitrogênio) suspensos em um volume relativamente
grande de água (Williams et al., 1995; Alexander, 1975). O número e o tipo de carboidratos e de
substâncias carboidrato-proteínas determinam o volume real de água. Muitas dessas substân-
cias têm uma afinidade com água e, como tal, determinam não somente o volume da água na
substância basal, mas também a viscosidade dessa. A viscosidade refere-se ao fluxo de um flui-
do; por exemplo, o óleo é mais viscoso que a água.
Em contraste às fibras de elastina e de colágeno, cuja única função é prover sustentação
mecânica, a substância basal é responsável não apenas pelafacilitação da troca intercelular,
mas também pela provisão de alguma sustentação mecânica. A viscosidade similar à cola da
substância basal faz com que ela una as células dentro de outros tecidos importantes (músculo,
nervo e epitélio). No tecido epitelial, a substância basal é o principal material de ligação entre
Elastina: um componente da
matriz do tecido conjuntivo co-
mum; as fibras de elastina se
quebram após ser estiradas em
aproximadamente 200% de seu
comprimento em repouso
Colágeno: um componente da
matriz do tecido conjuntivo co-
mum: as fibras de colágeno se
quebram após ser estiradas em
aproximadamente 10% de seu
comprimento em repouso
Substância basal: o componen-
te não-fibroso da matriz do teci-
do conjuntivo comum
Viscosidade: a resistência de
fluido ao fluxo
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 105
as células. Nos tecidos muscular e nervoso, as células estão unidas entre si por uma combina-
ção de substância basal e fibras.
A substância basal, nos tecidos conjuntivos comuns, é algumas vezes referida como flui-
do tecidual ou fluido extracelular. Ou é também como uma substância basal amorfa (amorfo =
sem estrutura definida), uma vez que aparece, mesmo sob visão ao microscópio, como um
fluido incaracterístico.
Em todo o corpo, os tecidos conjuntivos comuns unem as células em tecidos, órgãos e
sistemas, e fornecem ligações mecânicas entre os ossos nas articulações e entre os
músculos e os ossos. A matriz dos tecidos conjuntivos comuns consiste de fibras de
elastina e colágeno e de substância basal. As fibras de elastina provêm elasticidade, e
as fibras de colágeno fornecem a força. A substância basal facilita a troca intercelular e
auxilia a unir as células dentro de outros tecidos importantes.
Células do Tecido Conjuntivo Comum
O número e o tipo das células encontradas nos tecidos conjuntivos comuns depende do tipo
desses e do estado de saúde do indivíduo (Williams et al., 1995). Quando presentes, os vários
tipos de células são encontrados suspensos na substância basal ou, em alguns casos, ligados às
fibras de colágeno. Em geral, há seis principais tipos de células encontradas nos tecidos con-
juntivos comuns:
• Fibroblastos: Habitualmente o tipo de células mais numerosas, os fibroblastos são
com freqüência encontrados unidos às fibras de colágeno e são responsáveis pela pro-
dução da matriz (a substância basal e as fibras de elastina e de colágeno).
• Macrófagos: Os macrófagos são responsáveis pelo englobamento e digestão de bacté-
rias e de outros corpos estranhos. Também eliminam material celular morto que ocor-
re como resultado de uma lesão ou se as células se tornarem velhas e morrerem.
• Células plasmáticas: As células plasmáticas ocorrem em grandes números em respos-
ta a uma infecção. Elas produzem anticorpos que inativam e, juntamente com os
macrófagos, destroem bactérias e outras substâncias nocivas.
Figura 4.2. (a) Arranjo das moléculas de elastina (sem pressão); (b) efeito do estiramento nas molécu-
las de elastina; (c) arranjo das moléculas de colágeno (sem pressão); (d) efeito do estiramento nas
moléculas de colágeno.
c
b
a
d
Moléculas de elastina
Moléculas de colágeno
Uma única fibra
106 JAMES WATKINS
• Leucócitos: O número e o tipo de leucócitos aumentam em resposta à infecção. Eles
trabalham com as células plasmáticas e os macrófagos para identificar e destruir bac-
térias e outras substância nocivas.
• Mastócitos: Os mastócitos, amplamente distribuídos dentre os tecidos conjuntivos co-
muns, são responsáveis pela produção de heparina, que previne a coagulação do san-
gue dentro dos vasos sangüíneos.
• Células adiposas: As células adiposas têm uma variedade de funções e ocorrem em
grandes números em um tipo particular de tecido conjuntivo (tecido adiposo).
A proporção de fibras de elastina, de fibras de colágeno, de substância basal e o número e o
tipo de células dentro de qualquer tecido conjuntivo comum é que determinam sua função. As
fibras de colágeno predominam onde houver necessidade de força, enquanto as fibras de elastina
predominam onde uma elasticidade considerável for necessária. Similarmente, a substância
basal tende a predominar onde a troca intercelular for de grande importância. Em circunstân-
cias normais, uma ampla variedade de células está presente dentro dos tecidos conjuntivos
comuns. Em resposta à infecção, há um aumento no número de células responsáveis pela iden-
tificação e destruição de bactérias nocivas.
Tecidos Conjuntivos Comuns Irregulares
Os tecidos conjuntivos comuns são classificados em tecidos irregulares e regulares de acordo
com o arranjo do conteúdo fibroso da matriz. Nos tecidos irregulares, as fibras tendem a correr
em todas as direções do tecido, sem um padrão definido. Em contraste, as fibras nos tecidos
regulares tendem a estar orientadas na mesma direção geral. Existem quatro principais tipos
de tecido conjuntivo comum irregular: frouxo (areolar), adiposo, colágeno irregular e elástico
irregular.
Figura 4.3. Tecido conjuntivo frouxo.
Fibras de elastina
Vaso
sangüíneo
Substância
basal
Macrófago
Glóbulo branco
Fibras de
colágeno
Nervo
Fibroblasto
Célula adiposa
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 107
Tecido Conjuntivo Frouxo
O tecido conjuntivo frouxo é o mais amplamente distribuído de todos os tecidos conjuntivos. É
a substância de cimento básico ou cola que liga as células dentro dos outros tecidos (músculo,
nervo e epitélios) e esses tecidos nos órgãos. Ele consiste de uma rede irregular e frouxa de
fibras de elastina e de colágeno, suspensas dentro de uma quantidade relativamente grande de
substância basal (Figura 4.3). A grande quantidade de substância basal amorfa dá a impressão
de um grande espaço entre as fibras e as células de tecido conjuntivo frouxo. Por essa razão, o
tecido conjuntivo frouxo é também referido como tecido areolar (aréola = pequena área aberta).
A frouxa rede de fibras de elastina e de colágeno, ambas livremente ramificadas, provê
moderada elasticidade e força. Conseqüentemente, o tecido conjuntivo frouxo é bem adequa-
do para unir células aos tecidos e tecidos aos órgãos e para prover um arcabouço de sustenta-
ção para nervos e vasos dos fluidos corporais circulantes (sangue e linfa). A viscosidade da
substância basal é importante para unir as células dentro dos tecidos, e a grande quantidade de
substância basal reflete a importância do tecido conjuntivo frouxo na facilitação da troca
intercelular.
Tecido Conjuntivo Adiposo
O tecido adiposo tem uma frouxa rede de fibras de elastina e de colágeno, similar àquela do
tecido conjuntivo frouxo. Entretanto, em contraste com o tecido conjuntivo frouxo, existe pou-
ca substância basal e um grande número de células adiposas estreitamente agrupadas. Cada
célula adiposa consiste de uma fina membrana celular circulando um glóbulo relativamente
grande de gordura (Figura 4.4). O tecido adiposo está amplamente distribuído no corpo, nas
seguintes quatro principais localizações (McArdle, Katch e Katch, 1996):
1. na medula óssea;
2. em associação com as várias camadas de tecido conjuntivo frouxo dentro de certos
órgãos, especialmente nos músculos esqueléticos;
3. como acolchoamento ao redor de certos órgãos e articulações;
4. como uma camada contínua sob a pele; a pele é algumas vezes referida como tecido
cutâneo, e a camada de gordura como camada adiposa subcutânea.
Figura 4.4. Tecido conjuntivo adiposo; (a) grupos de células adiposas mantidas juntas por tecido con-
juntivo frouxo; (b) seção transversal de uma única célula adiposa.
b
a
Membrana celular
Glóbulo de
gordura
108 JAMES WATKINS
O tecido adiposo é um mau condutor de calor e, conseqüentemente, a camada de gordura
subcutânea age como um isolante, reduzindo a perda de calor corporal na pele. O tecido adiposo
é moderadamente forte por causa de seu conteúdo de fibras colágenas e consideravelmente
elástico pela presença das fibras de elastina e pela própria elasticidade das células adiposas.
Conseqüentemente, o tecido adiposoé bem adequado para prover suporte e proteção mecâni-
ca (amortecimento) sob a forma de acolchoamento ao redor de e entre certos órgãos, como o
coração, os pulmões, o fígado, o baço, os rins e os intestinos. O tecido adiposo também age
como um acolchoamento ao redor das articulações como o joelho e sobre certos ossos como o
osso do calcanhar. Além das funções mecânicas e de isolamento do calor, o tecido adiposo é o
principal armazenador de alimento. O tecido adiposo provê aproximadamente duas vezes
mais energia por grama do que qualquer outro tecido no corpo (McArdle, Katch e Katch, 1996).
Tecido Conjuntivo Colágeno Irregular
O tecido conjuntivo colágeno irregular consiste de poucas fibras elásticas e de pouca substân-
cia basal. Uma rede densa e irregular de feixes de fibra colágena domina a matriz (Figura 4.5).
Os feixes de colágeno e seu arranjo irregular permitem que o tecido resista ao estiramento em
qualquer direção. Entretanto, embora forte, o tecido tem uma certa quantidade de elasticidade
pela orientação de onda dos feixes colágenos. Quando estirado em uma direção, os feixes de
colágeno tendem a se retificar na mesma direção do estiramento. O tecido conjuntivo colágeno
irregular é mais freqüentemente encontrado como uma forte cobertura ao redor de certos ór-
gãos, onde provê suporte mecânico e proteção. Por exemplo, é encontrado como
1. uma bainha ao redor de músculos esqueléticos (epimísio) e nervos espinhais (epineuro);
2. uma cápsula ou envelope ao redor de certos órgãos como os rins, o fígado e o baço,
mantendo-os em seus lugares;
3. o pericôndrio da cartilagem (discutido mais adiante neste capítulo);
4. o periósteo dos ossos (discutido mais adiante neste capítulo).
Tecido Conjuntivo Elástico Irregular
O tecido conjuntivo elástico irregular é feito de poucas fibras de colágeno e uma quantidade
moderada de substância basal. Uma rede densa e irregular de fibras de elastina domina a ma-
triz (Figura 4.6). Em comparação ao tecido conjuntivo colágeno irregular, o tecido conjuntivo
elástico irregular não é tão forte, mas muito mais elástico. É encontrado onde forem necessári-
as quantidades moderadas de força e de elasticidade em mais de uma direção, por exemplo,
nas paredes das artérias e arteríolas maiores, na traquéia e nos brônquios. Existem poucas
Figura 4.6. Tecido conjuntivo elástico irregular.Figura 4.5. Tecido conjuntivo colágeno irregular.
Fibras de colágeno Fibroblasto Fibras de elastina Fibroblasto
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 109
células nos tecidos conjuntivos irregulares colágenos e elásticos. As células que estão presentes
são principalmente fibroblastos.
Tecido Conjuntivo Comum Regular
Existem dois tipos principais de tecido conjuntivo comum regular: o colágeno regular e o elás-
tico regular.
Tecido Conjuntivo Colágeno Regular
O tecido conjuntivo colágeno regular consiste quase inteiramente de feixes de fibras colágenas
arranjadas de forma paralela. Habitualmente, há poucas fibras elásticas e pouca substância
basal. As únicas células presentes são os fibroblastos, agrupados em colunas entre os feixes
colágenos (Figura 4.7). Os feixes de colágeno estão agrupados na forma de espessas cordas,
bandas ou bainhas de várias larguras. Quando estirados, os feixes rapidamente se estreitam, e
o tecido se torna rígido. O tecido conjuntivo colágeno regular é extremamente forte e virtual-
mente inextensível. Tem três principais formas:
1. tendões e aponeuroses: ligações mecânicas entre o músculo esquelético e o osso;
2. ligamentos e cápsulas articulares: ligações mecânicas entre ossos nas articulações;
3. retináculos: contenções mecânicas sobre os tendões que aumentam a eficiência mecâ-
nica das unidades musculotendinosas ou a estabilidade das articulações associadas.
Figura 4.7. Tecido conjuntivo colágeno regular: parte de um tendão. Figura 4.8. Os músculos grandes dorsais.
Feixes de fibras de colágeno
Fibroblastos
Aponeurose
Grande dorsal
Tendão
110 JAMES WATKINS
Tendões e Aponeuroses. Os músculos esqueléticos estão inseridos em outras estruturas, ha-
bitualmente ossos, por tecido conjuntivo colágeno regular sob a forma de tendões e de
aponeuroses (Figura 4.8).
Ligamentos e Cápsulas Articulares. Os músculos esqueléticos fornecem ligações ativas –
contráteis – entre os ossos. Os ligamentos e as cápsulas articulares fornecem ligações passivas
– não-contráteis – entre os ossos. Em associação com os músculos esqueléticos, os ligamentos e
as cápsulas articulares permitem o movimento articular normal. Os Capítulos 5, 6 e 7 descre-
vem as várias articulações do corpo. Entretanto, neste ponto é suficiente apreciar que cada
articulação sinovial (livremente móvel) – uma articulação envolvendo deslizamento ou rolagem
entre as superfícies livres das extremidades dos ossos, como no ombro e no quadril – está
englobada dentro de sua própria cápsula articular (Figuras 4.9 e 4.10).
A cápsula articular engloba um espaço, habitualmente bastante pequeno, chamado de
cavidade articular. Uma cápsula articular é composta de duas ou mais camadas de tecido con-
juntivo colágeno regular, formando uma manga ao redor da articulação, tal como um pedaço
de tubo de borracha unindo dois bastões de vidro. Enquanto os feixes de colágeno em cada
camada estão paralelos entre si, os feixes nas camadas adjacentes correm em direções diferen-
tes. Esse arranjo permite que a cápsula resista fortemente ao estiramento em várias direções e,
assim, auxilie a manter a integridade articular (Figura 4.11).
Em todas as articulações sinoviais a cápsula articular é auxiliada por ligamentos. Esses
ligamentos podem ser capsulares ou não-capsulares. Um ligamento capsular é um espessamento
distinto em parte da cápsula articular que provê força adicional em uma direção. Por exemplo,
o ligamento iliofemoral superior, o ligamento iliofemoral inferior e o ligamento pubofemoral
são ligamentos capsulares que fortalecem o aspecto anterior da cápsula da articulação do qua-
dril (ver Figura 4.10b). Um ligamento não-capsular é uma banda distinta separada da cápsula
articular ou inserida apenas parcialmente nela. Os ligamentos não-capsulares podem ser
extracapsulares (fora da cavidade articular) ou intracapsulares (dentro da cavidade articular).
Por exemplo, o ligamento redondo da articulação do quadril é intracapsular, mas o ligamento
lateral, o ligamento medial e os ligamentos cruzados da articulação do joelho são todos
extracapsulares (ver Figura 4.10a; Figura 4.12). Os ligamentos não-capsulares habitualmente
consistem de uma única camada de tecido, mas os ligamentos largos podem consistir de duas
ou mais camadas, similarmente à cápsula articular.
Ligamento capsular: um espes-
samento distinto em parte da
cápsula articular que provê resis-
tência adicional em uma direção
Ligamento não-capsular: uma
banda distinta separada da cáp-
sula articular ou apenas inserida
nela
Ligamento extracapsular: um
ligamento não-capsular fora da
cavidade articular
Ligamento intracapsular: um li-
gamento não-capsular dentro da
cavidade articular
Ligamento acromioclavicular anterior
ba
Ligamento
costoclavicular
Ligamento coracoacromial
Ligamentos
coracoclaviculares
Cápsula da articulação
do ombro
Figura 4.9. Ligamentos da cintura escapular; (a) aspecto anterior direito da
cintura escapular e da articulação do ombro direito; (b) cápsula articular do
ombro e ligamentos que sustentam a cintura escapular.
Ligamento
esternoclavicular
anterior
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 111
Além dos ligamentos não-capsulares associados às articulações sinoviais, há outros liga-
mentos similares em estrutura aos ligamentos não-capsulares e que ajudam a estabilizar outras
partes do esqueleto; por exemplo, os ligamentos entre a clavícula e a escápula e entre a clavícu-
la e a primeira costela (ver Figura 4.9b).
Retináculos. Um retináculo é uma folha razoavelmente larga de camada única de tecido con-
juntivo colágeno regular que mantém em posição os tendões de alguns músculos onde eles
cruzam certas articulações.Existem basicamente duas formas de retináculos:
1. Na forma de uma corda de retenção que restringe o movimento lateral de um tendão.
Por exemplo, existem dois retináculos, um de cada lado da articulação do joelho, que
Figura 4.10. Ligamentos da articulação do quadril; (a) seção coronal através da articulação do quadril direito mostrando a cápsula
articular e o ligamento redondo; (b) aspecto anterior da articulação do quadril direito mostrando a cápsula articular e os ligamentos
capsulares anteriores.
Figura 4.11. Uma seção tridimensional através
de duas camadas de uma cápsula articular.
Figura 4.12. Os ligamentos extracapsulares da articulação do joelho. Aspecto ante-
rior da articulação do joelho direito, flexionada em 90o, com a patela removida para
mostrar os ligamentos cruzados e os côndilos femorais levemente elevados, mos-
trando os meniscos. Os ligamentos cruzados estão localizados no centro da articu-
lação, mas ficam fora da cavidade articular.
Ligamento redondo
(intracapsular)
Ligamento transverso
Cápsula articular
Ligamento
iliofemoral
superior
Ligamento
iliofemoral
inferior
Ligamento
pubofemoral
ba
Ligamento lateral
Ligamento cruzado posterior
Ligamento cruzado
anterior
Ligamento medial
Menisco medial
Labro acetabular
Contorno da patela
Menisco lateral
112 JAMES WATKINS
restringem a patela e, por conseguinte, o tendão do quadríceps (Figura 4.13). Esses
retináculos ajudam a manter o movimento normal entre a patela e o fêmur durante a
flexão e a extensão do joelho.
2. Na forma de uma polia que evita que um ou mais tendões se afastem de uma articula-
ção quando os músculos se contraem. Por exemplo, os retináculos no punho e no tor-
nozelo seguram os tendões dos músculos que movem essas articulações (Figura 4.14).
Essa forma de retináculo aumenta consideravelmente a eficiência mecânica dos mús-
culos associados.
Tecido Conjuntivo Elástico Regular
O tecido conjuntivo elástico regular consiste amplamente de fibras de elastina arranjadas de
forma paralela entre si. A proporção de fibras de colágeno e de substância basal é habitual-
mente pequena. Entretanto, a proporção de fibras de colágeno e de substância basal no teci-
do conjuntivo elástico regular costuma ser maior que a proporção de fibras elásticas (Akeson,
Frank, Amiel e Woo, 1985). O tecido conjuntivo elástico regular é encontrado onde são neces-
sárias quantidades moderadas de força e de elasticidade, principalmente em uma única dire-
ção. Como previamente descrito, a maioria dos ligamentos consiste de tecido conjuntivo
colágeno regular, mas alguns consistem de tecido conjuntivo elástico regular. Esses assim
chamados ligamentos elásticos (ligamento nucal, ligamento amarelo; ver Capítulo 6) ajudam
a estabilizar a coluna vertebral e permitem uma certa quantidade de movimento entre as
vértebras.
Tecido Fibroso, Tecido Elástico e Fáscia
As matrizes de quatro dos seis tipos principais de tecido conjuntivo comum são dominadas
por fibras de colágeno ou de elastina: colágeno irregular, elástico irregular, colágeno regular e
elástico regular. Embora todos esses tecidos possam ser descritos como fibrosos, o tecido fibroso
Figura 4.13. Retináculos da articulação patelofemoral; (a) aspecto lateral do joelho direito mostrando o retináculo lateral e o contorno da
patela; (b) secção transversal através da articulação patelofemoral direita mostrando os retináculos medial e lateral.
Retináculo
medial
Retináculo
lateralLigamento lateral
Tendão do quadríceps
Patela inclusa no tendão
do quadríceps
Ligamento patelar
ba
Retináculo lateral
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 113
normalmente se refere apenas a tecido colágeno regular ou irregular. O tecido elástico normal-
mente se refere apenas a tecido elástico regular ou irregular.
O termo fascia (do latim; bandagem) refere-se a qualquer tipo de tecido conjuntivo co-
mum na forma de uma folha. Nesse sentido, todas as aponeuroses são fáscias. Entretanto, a
fáscia mais freqüentemente se refere à fáscia superficial e à fáscia profunda. A fáscia superficial
se refere à camada contínua de tecido conjuntivo frouxo que conecta a pele ao músculo ou ao
osso subjacente. Essa camada de tecido conjuntivo frouxo está intimamente associada com a
camada subcutânea de gordura antes referida. A fáscia profunda descreve as camadas de teci-
do colágeno irregular que formam bainhas ao redor de músculos e de grupos de músculos,
separando-os em unidades funcionais. A Figura 4.15 mostra os seis principais tipos de tecido
conjuntivo comum em relação à característica dominante de suas matrizes e ao arranjo de seu
conteúdo de fibras.
As diferenças estruturais entre os tipos de tecido conjuntivo comum estão nas propor-
ções de elastina, de colágeno e de substância basal e do arranjo – irregular ou regular
– do conteúdo de fibras. Existem quatro principais tipos de tecido conjuntivo comum
irregular: frouxo, adiposo, colágeno irregular e elástico irregular, e dois principais tipos
de tecido conjuntivo comum regular: colágeno regular e elástico regular.
Cartilagem
A matriz de cartilagem é similar àquela dos tecidos conjuntivos comuns elásticos e fibrosos na
medida em que consiste principalmente de fibras de colágeno e de elastina embutidas na subs-
tância basal. Entretanto, em relação aos tecidos conjuntivos comuns, a substância basal da car-
tilagem é altamente especializada (Caplan, 1984). Ela consiste de grandes complexos moleculares
carboidrato-proteína, chamados de proteoglicans, suspensos em uma grande quantidade de
água. O grande volume de água é por causa dos proteoglicans, que têm uma alta afinidade
com água; cada complexo proteoglican é capaz de atrair para si um volume de água de muitas
Tecido fibroso: o tecido coláge-
no regular ou irregular
Tecido elástico: o tecido elásti-
co regular ou irregular
Fáscia: qualquer tipo de tecido
conjuntivo regular na forma de
uma folha
ba
Retináculos
Figura 4.14. Retináculos no (a) tornozelo e no (b) punho.
114 JAMES WATKINS
vezes o seu próprio peso. Conseqüentemente, em circunstâncias normais, a água é o principal
constituinte da cartilagem. Os proteoglicans e a água produzem um gel altamente viscoso,
conhecido como gel proteoglican. Em combinação com colágeno e elastina, o gel proteoglican
forma um material forte de consistência borrachosa, chamado de cartilagem, capaz de resistir
fortemente a pressões de tensão, de compressão e de cisalhamento, e a qualquer combinação
dessas pressões, especialmente inclinação e torção. Em comparação, os tecidos conjuntivos
comuns fibroso e elástico são feitos para resistir apenas a pressões de tensão.
A cartilagem, assim como outros tecidos conjuntivos, é um material composto – mais forte
que qualquer uma das substâncias que o compõem separadamente (Alexander, 1968). Conse-
qüentemente, a cartilagem é mais forte que as fibras (colágeno ou elastina) ou o gel de
proteoglican. A madeira e o osso são outros exemplos de materiais compostos naturais. A fibra
de vidro e a borracha com a qual são feitos os pneus são exemplos de materiais compostos
feitos pelo homem (Alexander, 1968).
Uma matriz cartilaginosa consiste de fibras de colágeno e de elastina alojadas no gel
de proteoglican. Em combinação com colágeno e elastina, o gel de proteoglican forma
um material forte de consistência borrachosa capaz de resistir a todas as formas de
pressões. As principais funções da cartilagem são facilitar a transmissão de pressões e
o movimento articular.
As únicas células encontradas na cartilagem são as que produzem a matriz cartilaginosa. As
células são chamadas de condrócitos (células maduras) ou de condroblastos (células imatu-
ras); elas ficam em espaços preenchidos por fluido conhecidos como lacunas, distribuídos ao
longo da matriz (Figura 4.16). As células estão arranjadas de forma solitária (células parentais)
e em grupos de duas a cinco células que se originam a partir de uma única célula parental.
Com a maturidade das células, elas se separam de seus grupos parentais e iniciam a produçãode novos grupos. Embora as fibras de colágeno e elastina dominem a matriz dos três principais
tipos de cartilagem, a região ao redor de cada lacuna está habitualmente livre de fibras. Essa
região distinta – a cápsula da lacuna – consiste de gel proteoglican, que é mais denso que
outras partes da matriz.
Com a exceção da camada de cartilagem cobrindo as superfícies articulares dos ossos nas
articulações sinoviais, a superfície de outras cartilagens, como as cartilagens costais (Capítulo
3), está habitualmente coberta por uma bainha de tecido fibroso chamada de pericôndrio (peri
= ao redor, côndrio = cartilagem) (Williams et al., 1995). Alguns dos fibroblastos do pericôndrio
Material composto: um materi-
al que é mais forte que qualquer
das substâncias das quais é feito
Estrutura básica
Células
Matriz
Característica dominante
Células adiposas
Substância basal
Fibras de colágeno
Fibras de elastina
Tipo de tecido
Adiposo
Frouxo
Fibroso
irregular
Elástico
irregular
Fibroso
regular
Elástico
regular
Irregular
Regular
Figura 4.15. Tecidos conjuntivos comuns.
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 115
se transformam em condroblastos, que eventualmente se tornam condrócitos. O pericôndrio
que não sofre pressão normalmente possui uma certa quantidade de vasos sangüíneos corren-
do através dele.
A cartilagem madura não posui vasos sangüíneos (exceto no pericôndrio, onde não há
pressão) ou nervos (Nordin e Frankel, 1989). Isso reflete as funções mecânicas da cartilagem no
sentido de que vasos sangüíneos e nervos poderiam ser destruídos pela deformação da cartila-
gem em resposta à pressão. Na ausência de um suprimento sangüíneo direto, as células
cartilaginosas dependem da troca intercelular via gel de proteoglican para sua nutrição e
excreção. Por essa razão e pelo fato de a cartilagem estar freqüentemente sob pressão conside-
rável, o reparo da cartilagem é lento e pode mesmo não ocorrer (Caplan, 1984).
Quando a cartilagem receber pressão (sujeita a tensão, a compressão, a cisalhamento ou a
qualquer combinação dessas), a água é forçada para fora da cartilagem, que se deforma. O
grau e a extensão da deformação dependem do tamanho e da duração da pressão. Quando a
pressão é removida, as estruturas de proteoglican restauram o nível original de saturação de
água e, conseqüentemente, o tamanho e o formato originais da cartilagem pela absorção da
água. A capacidade de um material de se deformar gradualmente em resposta a uma pressão e,
após a sua remoção, de restaurar gradualmente seu tamanho e forma originais, é referida como
viscoelasticidade. Em comparação, a elasticidade refere-se à capacidade do material de deformar-
se imediatamente em resposta a uma pressão e, após sua retirada, de imediatamente restaurar
seu tamanho e formato originais, tal como uma banda de borracha. A cartilagem tende a com-
portar-se viscoelasticamente em resposta a uma pressão prolongada e elasticamente em res-
posta a sobrecargas súbitas de impacto (ver Capítulo 10).
Na cartilagem madura não há vasos sangüíneos (exceto no pericôndrio) ou nervos. As
células cartilaginosas dependem da troca intercelular por meio do gel de proteoglican
para a nutrição e a excreção. Por essa razão e pelo fato de a cartilagem estar
freqüentemente sob pressão considerável, o reparo da cartilagem é lento e pode não
ocorrer.
Matriz
Figura 4.16. Estrutura típica da cartilagem.
Cápsula
Lacuna
Condrócito
Viscoelasticidade: a capacida-
de de um material deformar-se
gradualmente em resposta à
pressão e, seguindo sua retira-
da, restaurar gradualmente seu
tamanho e seu formato originais
Elasticidade: a capacidade de
um material deformar-se imedia-
tamente em resposta à pressão
e, após sua retirada, restaurar
imediatamente seu tamanho e
seu formato originais
116 JAMES WATKINS
O grau de viscoelasticidade, de elasticidade, de força de tensão, de força compressiva e de
força de cisalhamento da cartilagem depende das proporções das fibras de colágeno, de elastina
e de gel de proteoglican na matriz. Em geral, existem três principais tipos de cartilagem: carti-
lagem hialina, fibrocartilagem e cartilagem elástica.
Cartilagem Hialina
A cartilagem hialina é o tipo de cartilagem mais abundante no corpo (Tortora e Anagnostakos,
1984). Tem uma tonalidade perolada e azul-esbranquiçada, e sob microscopia de baixa potên-
cia a matriz aparece amorfa e translucente (semitransparente), como na Figura 4.16. Sob um
microscópio potente, a matriz pode ser vista consistindo de uma densa rede de fibrilas e fibras
de colágeno imersas em gel de proteoglican (Williams et al., 1995). O tamanho, o formato e o
arranjo das células e das fibras na cartilagem hialina variam em diferentes partes do corpo,
dependendo da função. A maioria do esqueleto é preformado de cartilagem hialina e, antes da
maturidade, o crescimento e o desenvolvimento de muitos ossos é determinado pelo conteúdo
de cartilagem hialina que possuem (discutido mais adiante neste capítulo). Ademais, a cartila-
gem hialina é composta pelos seguintes:
1. cartilagem articular – as superfícies articulares lisas, duras e resistentes ao desgaste
dos ossos nas articulações sinoviais;
2. cartilagens costais, que unem os 10 pares superiores de costelas ao esterno e fornecem
ao arcabouço costal flexibilidade e elasticidade;
3. anéis de sustentação dentro das paredes elásticas da traquéia e dos brônquios maio-
res;
4. parte do arcabouço de sustentação da laringe;
5. parte flexível externa do nariz que forma a maior parte das narinas.
Fibrocartilagem
Na fibrocartilagem, ou fibrocartilagem branca, a matriz é dominada por uma rede densa e
regular de feixes de fibras colágenas arranjadas de forma paralela entre si em várias camadas
(Figura 4.17). Os feixes nas camadas adjacentes correm em diferentes direções (como as cama-
das em uma cápsula articular); essa estrutura produz um forte material com uma quantidade
moderada de elasticidade. A fibrocartilagem é encontrada em algumas localizações e formas;
por exemplo:
1. Está presente nos discos completos ou incompletos interpostos entre as superfícies
articulares de algumas articulações sinoviais, incluindo o joelho, o esternoclavicular e
o acromioclavicular. Nessas articulações os discos aumentam a congruência (área so-
bre a qual as forças de reação são distribuídas) e a estabilidade articular (ver Capítulo
5). Os discos também se deformam em resposta a uma pressão e, assim, fornecem
absorção contra choques.
2. Existe em discos completos que unem os ossos em certas articulações (articulações
tipo sínfise; ver Capítulo 5). Essas articulações incluem a sínfise púbica e as articula-
ções entre os corpos das vértebras. Nessas articulações, a deformação do disco em
resposta à pressão permite o movimento entre os ossos articulados e fornece absorção
contra choques.
3. Está presente no lábio, ao redor da borda de cada fossa glenóide e no acetábulo. Os
lábios aumentam as áreas de articulação e, por conseguinte, a estabilidade das articu-
lações do ombro e do quadril.
4. Está no revestimento dos sulcos ósseos, como o sulco bicipital (ver Figura 3.25), que
estejam ocupados por tendões. Os sulcos agem como polias que normalmente aumen-
tam a eficiência mecânica dos músculos associados.
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 117
Cartilagem Elástica
Na cartilagem elástica, ou cartilagem elástica amarela, a matriz é dominada por uma densa
rede de fibras de elastina (Figura 4.18). A cartilagem elástica provê suporte com um grau de
moderado a alto de elasticidade. É encontrada principalmente na laringe, na parte externa da
orelha e no tubo que leva da parte média do ouvido à garganta (tuba de Eustáquio ou auditi-
va).
Existem três principais tipos de cartilagem: cartilagem hialina, fibrocartilagem e cartila-
gem elástica.
Osso
O mais forte e mais rígido de todos os tecidos conjuntivos é o osso. A matriz do osso consiste de
uma rede regular, densa e em camadas de fibras de colágeno mergulhadas em uma substância
basal dura e sólida. A substânciabasal é chamada de sal ósseo e consiste de uma combinação de
pirofosfato de cálcio e carbonato de cálcio, com quantidades menores de magnésio, sódio e
cloro (Alexander, 1975). No osso maduro, o sal ósseo perfaz aproximadamente 70% do peso
total do osso, com o colágeno respondendo pelos 30% remanescentes. O sal ósseo é mais denso
que o colágeno, de forma que ambos ocupam aproximadamente 50% do volume total. O mate-
rial composto feito de sal ósseo e colágeno produz uma estrutura endurecida e bastante rígida.
Em relação ao ferro fundido, o osso tem a mesma força tênsil, é apenas um terço de seu peso e
é muito mais elástico (Ascenzi e Bell, 1971). A elasticidade do osso, embora levemente relativa
à da cartilagem, é mesmo assim importante para permitir a absorção de um impacto súbito
sem a quebra. A capacidade das extremidades dos ossos, junto com a cartilagem articular, de se
deformar em resposta às pressões é também importante na manutenção da transmissão nor-
mal de pressões através das articulações.
A matriz do osso consiste de uma rede densa, em camadas e regular de fibras de
colágeno, em meio a uma substância basal chamada de sal ósseo. Em combinação
com cada um, o sal ósseo e o colágeno produzem um material endurecido com pouca
elasticidade.
Figura 4.17. Fibrocartilagem. Figura 4.18. Cartilagem elástica.
118 JAMES WATKINS
Crescimento e Desenvolvimento Ósseos
Ao redor da terceira semana de vida intra-uterina (dentro do útero), o esqueleto do embrião
inicia seu aparecimento sob a forma de blocos e de placas de tecido. Os blocos e as placas da
maior parte do esqueleto embrionário consistem de cartilagem hialina. O topo do crânio, as
clavículas e partes da mandíbula, contudo, têm uma forma altamente vascular de tecido cha-
mado de membrana fibrosa. Pela oitava ou nona semana de vida intra-uterina, as formas dos
ossos embrionários são similares a seu formato adulto eventual (Williams et al., 1995).
Ossificação
A ossificação ou osteogênese é o processo pelo qual o esqueleto embrionário é transformado
em osso (ósteo = osso, gênese = criação). A ossificação das membranas fibrosas é chamada de
ossificação intramembranosa e a ossificação da cartilagem hialina é chamada de ossificação
intracartilaginosa ou endocondral (endo = dentro de, condral = cartilagem). Ambas as formas de
ossificação são similares e produzem o mesmo tipo de tecido ósseo. O processo de ossificação
endocondral é descrito com referência a um osso longo típico.
Crescimento em Perímetro
Um osso longo embrionário consiste de um bloco de cartilagem hialina coberta em um
pericôndrio fibroso (Figura 4.19a). Entre a quinta e a décima segunda semanas de vida intra-
uterina, alguns fibroblastos no pericôndrio ao redor do meio da diáfise do
modelo cartilaginoso são transformados em osteoblastos. Os osteoblastos
são um dos três tipos de células ósseas e são responsáveis pela produção
de osso. Os osteoblastos assim formados invadem a cartilagem hialina
imediatamente abaixo do pericôndrio e começam a depositar cálcio e ou-
tros minerais na matriz. Conseqüentemente, a cartilagem hialina é trans-
formada em cartilagem calcificada. Esse processo de mineralização é cha-
mado de calcificação; a cartilagem calcificada representa um estágio inter-
mediário no processo de ossificação da cartilagem em osso. Conseqüente-
mente, um anel ou colar ósseo é formado ao redor do meio da diáfise do
modelo cartilaginoso (Figura 4.19b).
Quando o pericôndrio começa a produzir osteoblastos e, por sua vez,
osso, é chamado de periósteo. O primeiro local de formação óssea, o meio
da diáfise do modelo cartilaginoso, é chamado de centro de ossificação
primária. O processo de ossificação procede a partir do colar ósseo em
duas direções: através da diáfise, de fora para o centro, e em direção das
extremidades da diáfise. Por volta da 36ª semana, perto do momento do
nascimento, o colar ósseo torna-se um cilindro ósseo correndo o compri-
mento da diáfise, mas não progredindo para as extremidades bulbosas do
osso (Figura 4.19c). O cilindro ósseo é mais espesso no meio e mais fino
nas extremidades. Nesse momento, a cartilagem hialina remanescente no
meio da diáfise foi transformada em cartilagem calcificada. Logo após,
um segundo tipo de células ósseas, os osteoclastos, invade essa porção
central da cartilagem calcificada. Enquanto os osteoblastos produzem osso
novo, os osteoclastos removem osso e cartilagem calcificada. Os
osteoclastos iniciam a remoção da cartilagem calcificada no meio da diáfise,
criando um espaço conhecido como cavidade medular (Figura 4.19d). A
cavidade medular gradualmente se alarga e se estende em direção a ambas
as extremidades da diáfise. Simultaneamente, a espessura do osso na
diáfise aumenta gradualmente. O desenvolvimento do esqueleto antes do
nascimento, especialmente no ritmo no qual ocorre a ossificação, é parci-
almente causado pela pressão exercida pelos músculos em desenvolvi-
mento, o que é manifestado no movimento aumentado do feto.
Ossificação intramembranosa:
a ossificação das membranas fi-
brosas
Ossificação intracartilaginosa:
a ossificação da car tilagem
hialina
Ossificação endocondral: o
mesmo que ossificação intra-
cartilaginosa
Periósteo: a camada de tecido
fibroso que cobre as superfícies
não-articulares de um osso; o
periósteo é responsável pelo
crescimento em perímetro de um
osso por crescimento aposicional
Figura 4.19. Ossificação endocondral: estágios
precoces no crescimento e desenvolvimento de
um osso longo típico.
Pericôndrio Periósteo
d
c
b
a
Periósteo
Osso
Endósteo
Cavidade medular
Osso
Cartilagem
calcificada
Cartilagem
hialina
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 119
Eventualmente, toda a cartilagem calcificada é removida em função dos efeitos combina-
dos da ossificação através da diáfise, de fora em direção ao centro, e da atividade osteoclástica,
a partir do centro para fora. Nesse momento, a cavidade medular é ocupada por medula ama-
rela consistindo de tecido conjuntivo frouxo contendo um grande número de vasos sangüíneos,
de células adiposas e de leucócitos imaturos (Williams et al., 1995). Uma camada de tecido
conjuntivo frouxo contendo muitos osteoblastos e um número menor de osteoclastos reveste a
cavidade medular. Essa camada é chamada de endósteo.
Os ossos longos são feitos, acima de tudo, para resistir à flexão. Para uma dada quantida-
de de tecido ósseo, uma diáfise oca é mais resistente à flexão que uma sólida (Alexander, 1968).
Essa é a principal razão das diáfises dos ossos longos serem ocas. O crescimento no perímetro
da diáfise de um osso longo envolve a formação de novo osso na parte de fora da diáfise por
osteoblastos no periósteo e a remoção de osso a partir de dentro da diáfise por osteoclastos no
endósteo. O tipo de crescimento produzido pelo periósteo, que envolve a deposição de osso
novo na superfície de osso mais velho, como a adição de anéis em uma árvore, é chamado de
crescimento aposicional. No osso maduro, o periósteo consiste de tecido fibroso irregular. Além
do crescimento de aposição, o periósteo tem três outras principais funções:
1. prover uma cobertura protetora ao redor da diáfise do osso;
2. permitir a passagem de vasos sangüíneos dentro do osso;
3. prover inserções para músculos, tendões, ligamentos e cápsulas articulares.
Crescimento no Comprimento
Perto do nascimento, ocorre um centro de ossificação secundário no centro de cada extremida-
de de um osso longo. Esses novos centros de ossificação são responsáveis pela ossificação das
extremidades dos ossos; a ossificação procede a partir do centro em direção à periferia. Depois
que os centros de ossificação secundária tenham sido estabelecidos, a única cartilagem hialina
remanescente a partir do modelo de cartilagem original é aquele que cobre as extremidades
bulbosas do osso e as placas de cartilagem separando as extremidades do osso da diáfise (Figu-
ra 4.20). Essas duas regiões de cartilagem hialina são contínuas entre si e permanecem assim
até a maturidade.
Parte da cobertura de cartilagemde cada extremidade de um osso forma uma superfície
articular e, como tal, é referida como cartilagem articular. Cada extremidade de um osso é cha-
mada de epífise, e a parte do meio é chamada de diáfise. As placas de cartilagem que separam as
epífises e as diáfises são chamadas de placas epifisárias (Figura 4.20). As placas epifisárias são
responsáveis pelo crescimento do comprimento ósseo. Durante o crescimento normal elas per-
manecem ativas até que o osso tenha atingido seu comprimento da maturidade.
Uma placa epifisária consiste de quatro camadas (Tortora e Anagnostakos, 1984) (Figu-
ra 4.21). A camada adjacente à epífise é chamada de camada de reserva ou germinal. Nessa
camada, que ancora a placa epifisária ao osso da epífise, os condrócitos estão distribuídos
em toda a matriz como células únicas ou em pares. A segunda camada é a de proliferação.
Como o nome sugere, ela é responsável pela condrogênese (produção de nova cartilagem).
Os condrócitos, nessa camada, se submetem a uma divisão celular bastante rápida e, por sua
vez, as células produzem nova matriz, resultando em um aumento na quantidade de cartila-
gem. O crescimento no comprimento da diáfise de um osso se deve à condrogênese nas ca-
madas de proliferação das placas epifisárias. Esse tipo de crescimento, no qual um novo
tecido é produzido a partir da massa de tecido existente, é chamado de crescimento intersticial.
A terceira camada da placa epifisária é chamada de camada hipertrófica. Nela, os
condrócitos estão arranjados em colunas e gradualmente aumentam de tamanho, com as célu-
las maiores e mais maduras o mais longe da epífise. A quarta camada da placa epifisária é
chamada de camada calcificada. Nela, os condrócitos hipertrofiados e a matriz circundante
estão substituídos por cartilagem calcificada. A cartilagem calcificada interdigita-se com o osso
subjacente formando uma ligação relativamente forte (ver Figuras 4.20 e 4.21), capaz de resistir
a pressões de deslizamento. Como é formada nova cartilagem na camada de proliferação, a
cartilagem calcificada em contato com o osso subjacente é em si gradualmente transformada
Crescimento aposicional: o
tipo de crescimento no qual um
novo tecido é colocado na super-
fície do tecido existente
Cartilagem articular: a camada
de cartilagem hialina que cobre
cada superfície articular de um
osso (em uma ar ticulação
sinovial)
Epífise: a extremidade de um
osso separada da diáfise por
uma placa epifisária antes da
maturidade
Diáfise: a parte central do osso
Placa epifisária: a região de um
osso entre a epífise e a diáfise
que é responsável pelo cresci-
mento no comprimento do osso
por meio de crescimento in-
tersticial
120 JAMES WATKINS
em osso. O resultado final desses processos é que as placas epifisárias, que permanecem com a
mesma espessura, gradualmente se movem do meio da diáfise com o seu aumento no compri-
mento.
A metáfise é a região onde a epífise se une à diáfise; em um osso em crescimento, isso
corresponde à camada calcificada da placa epifisária, junto com o osso interdigitante (ver Figu-
ra 4.20). A interface entre as camadas hipertróficas e calcificadas é algumas vezes referida como
“linha da maré”.
O esqueleto ósseo adulto desenvolve-se a partir de um esqueleto embrionário que se
forma durante o segundo mês de vida intra-uterina e consiste principalmente de cartila-
gem hialina e de membrana fibrosa. O processo pelo qual a cartilagem e a membrana
são transformadas em osso é chamado de ossificação. O crescimento do perímetro dos
ossos ocorre por crescimento aposicional; o crescimento no comprimento dos ossos
ocorre por crescimento intersticial.
Quando um osso longo atingiu seu comprimento de maturidade, cessa o crescimento longitu-
dinal na placa epifisária. Logo após, as placas epifisárias são substituídas por osso, de forma
que as epífises são fusionadas com a diáfise. Na maioria dos ossos longos uma extremidade
habitualmente se fusiona com a diáfise antes da outra extremidade. Nos ossos longos dos bra-
ços e das pernas, a fusão de ambas as extremidades normalmente ocorre entre 14 e 20 anos de
Figura 4.20. Seção longitudinal de uma epífise e parte da diáfise de um típico osso longo imaturo.
Epífise
Placa epifisária
Diáfise
Metáfise
Periósteo
Osso
Endósteo
Cavidade medular
Cartilagem articular
Crescimento intersticial: o tipo
de crescimento no qual um novo
tecido é produzido a partir da
massa do tecido existente
Metáfise: a região de um osso
onde a epífise se junta à diáfise;
em um osso em crescimento,
isso corresponde à camada
calcificada da placa epifisária
junto com o osso interdigitante
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 121
idade (Williams et al., 1995). Em alguns outros ossos, como os inominados (que consistem de
três ossos – ilíaco, púbis e ísquio – antes da maturidade), a fusão ocorre habitualmente entre os
20 e 25 anos de idade. Segue-se que as placas epifisárias dos diversos ossos são vulneráveis a
lesões por um período relativamente longo. A lesão na placa epifisária pode, em alguns casos ,
resultar em um dos dois tipos de deformidade óssea (Pappas, 1983):
1. uma interrupção completa do crescimento e fusão prematura resultando em, por exem-
plo, discrepância de comprimento de membros;
2. uma interrupção assimétrica do crescimento através de uma placa epifisária resultan-
do em uma deformidade angular e uma incongruência articular.
O grau de deformidade óssea resultante de uma lesão da placa epifisária depende dos seguin-
tes fatores:
1. a maturidade física do indivíduo; quanto mais maduro, menor a probabilidade de
deformidade séria;
2. a gravidade da lesão;
3. a placa epifisária lesada.
Figura 4.21. Uma seção longitudinal em uma placa epifisária.
Cartilagem
calcificada
Osso
Camada de
reserva
Camada de
proliferação
Camada
hipertrófica
Camada
calcificada
122 JAMES WATKINS
As placas epifisárias em cada extremidade de um osso longo habitual-
mente contribuem com diferentes quantidades para o comprimento da
diáfise. Por exemplo, as placas epifisárias proximal e distal do úmero con-
tribuem, respectivamente, com aproximadamente 80 e 20% do compri-
mento total do osso. Em contraste, as placas epifisárias proximal e distal
do fêmur contribuem, respectivamente, com aproximadamente 30 e 70%
do comprimento total do osso (Pappas, 1983) (Figura 4.22). A lesão à placa
epifisária que dá a maior contribuição ao comprimento total de um osso é
provável de acarretar um efeito maior sobre o crescimento ósseo que a
lesão à outra placa epifisária (Siffert, 1987).
A vulnerabilidade das placas epifisárias à lesão é grandemente cau-
sada pelo fato de as placas serem as partes mais fracas do esqueleto ima-
turo. Por exemplo, os ligamentos e as cápsulas articulares são de 2 a 5
vezes mais fortes que as placas epifisárias (Larson e McMahan, 1966).
Quando um ligamento que sustenta uma articulação em particular for
inserido na epífise (que não seja a diáfise), uma pressão aplicada à articu-
lação que tenda a estirar o ligamento é, em uma criança, mais provável de
resultar em uma fratura através da placa epifisária do que uma ruptura
no ligamento. Em um adulto, o mesmo tipo de pressão tenderia a causar
uma ruptura ligamentar, uma vez que a epífise e a diáfise estão fusionadas
(Pappas, 1983) (Figura 4.23).
Figura 4.22. Contribuições das placas epifisárias
proximal e distal ao crescimento no sentido do com-
primento dos ossos longos dos (a) membros su-
periores e dos (b) membros inferiores.
Ulna
Fíbula
Fêmur
Tíbia
25%
75%
80%
80%
20%
20%
60%
40%
30%
70%
55%
45%
b
a
Úmero
Rádio
Figura 4.23. Efeito do grau de maturidade esquelética sobre o tipo de lesão; (a) aspecto anterior da articulação do joelho direito mostrando
alinhamento normal do fêmur, da tíbia e da fíbula; (b e c) abdução da perna que pode resultar de um golpe no lado de fora do joelho,
enquanto o pé está em contato com o solo. Em uma criança é mais provável que resulte em uma fratura através da placa epifisária distal
do fêmur do que em ruptura do ligamentomedial (b). Após a maturidade, a abdução excessiva do joelho certamente irá resultar em uma
ruptura parcial ou completa do ligamento medial (c).
Placa epifisária
distal do fêmur
Placa
epifisária
proximal
da tíbia
cba
Ligamento
lateral
Placa
epifisária
proximal
da fíbula
Ligamento medial
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 123
Quando um osso atingiu seu comprimento predeterminado, as placas epifisárias são
substituídas por osso de tal forma que as epífises são fundidas com a diáfise. Em geral,
a fusão ocorre entre 14 e 20 anos de idade. A lesão às placas epifisárias durante o
período de crescimento pode resultar em uma variedade de anormalidades esqueléticas,
incluindo discrepâncias nos comprimentos dos membros e deformidades angulares nas
articulações.
Crescimento das Epífises
Assim como as placas epifisárias são responsáveis pelo crescimento no sentido longitudinal do
osso, a cartilagem hialina que cobre a extremidade de um osso é responsável pelo crescimento
da epífise. Essa cartilagem consiste de uma região articular e de uma não-articular. Tal como
uma placa epifisária, a cartilagem articular (e suas regiões não-articulares adjacentes; ver Figu-
ra 4.20) consiste de quatro camadas. A única diferença real na estrutura entre a cartilagem
articular e uma placa epifisária está no arranjo das fibras na camada
de reserva.
Em uma placa epifisária, as fibras de colágeno cruzam-se obli-
quamente entre si, formando uma forte ligação entre o osso epifisário
e a camada de reserva da placa. Em uma cartilagem articular, a ca-
mada de reserva é a camada mais externa. Embora grande parte da
camada seja similar em estrutura à camada de reserva de uma placa
epifisária, a superfície mais externa da cartilagem articular é acelular
e consiste de fibras e de fibrilas de colágeno densamente agregadas,
arranjadas paralelamente à superfície articular. Esse arranjo produz
uma forte superfície resistente contra o desgaste.
O tipo de crescimento produzido por uma cartilagem articular
é o mesmo que é produzido por uma placa epifisária – crescimento
intersticial. Durante o período de crescimento, o valor da ossificação
de uma epífise é maior que o valor do crescimento da epífise. Conse-
qüentemente, a espessura da cartilagem articular torna-se relativa-
mente mais fina com a idade (Figura 4.24). Na maturidade, a espes-
sura da cartilagem articular é de aproximadamente 1 a 7 mm, ten-
dendo a diminuir ainda mais com o desgaste mecânico. Embora muito
do crescimento ósseo seja determinado por fatores genéticos, o
estresse mecânico experimentado pela cartilagem articular e pelas
placas epifisárias, com o resultado do movimento e da manutenção
de uma postura ereta, também tem um efeito importante no cresci-
mento ósseo (ver Capítulo 11).
Em determinados ossos, como alguns dos carpais e dos tarsais,
a ossificação é completada a partir de um único (primário) centro de
ossificação. Em outros ossos, como os metacarpais e os metatarsais, há um centro de ossificação
primária e somente um centro de ossificação secundária; existe apenas uma epífise. Em todos
os ossos longos grandes – os ossos dos braços e das pernas – , centros de ossificação secundária
ocorrem em ambas as extremidades do osso perto do nascimento.
A cartilagem articular e as regiões não-articulares associadas de uma epífise são res-
ponsáveis pelo crescimento da epífise por crescimento intersticial. Durante o cresci-
mento e o desenvolvimento, a espessura relativa da cartilagem articular gradualmente
diminui. Na maturidade é de aproximadamente 1 a 7 mm de espessura.
Crescimento das Apófises
Os centros secundários de ossificação ocorrem não apenas nas epífises dos ossos longos, mas
também em algumas das tuberosidades rudimentares de alguns ossos, incluindo o fêmur, os
ossos inominados e os calcâneos (Figura 4.25). Esses centros de ossificação secundária ocorrem
em regiões do osso chamadas de apófises em torno de 10 a 14 meses após o nascimento. Cada
Figura 4.24. Vários estágios na ossificação da epífise
distal do fêmur.
4 meses 5 anos 10 anos
15 anos 20 anos
124 JAMES WATKINS
apófise cresce e se ossifica da mesma maneira que uma epífise. As apófises fornecem áreas de
inserção para os tendões de músculos poderosos como o quadríceps (tuberosidade tibial), os
isquiotibiais (tuberosidade isquiática) e os músculos da panturrilha (tuberosidade do calcâneo)
(Figura 4.26). Essa forma de inserção é diferente daquela da maioria dos tendões, que se inse-
rem diretamente no periósteo.
Antes da maturidade, cada apófise está separada do resto do osso por uma placa apofisária,
que é muito similar em estrutura e função a uma placa epifisária. Cada placa apofisária é res-
ponsável pelo crescimento do osso adjacente ao lado não-apofisário da placa. O crescimento
da apófise em si devido à camada de cartilagem (mistura de cartilagem hialina e fibrocartilagem)
de fora da apófise para dentro das fibras da inserção tendinosa (ver Figura 4.25c). Na maturi-
dade, as apófises se fusionam com o resto do osso.
As apófises fornecem áreas de inserção para músculos poderosos. Antes da maturida-
de, cada apófise está separada do resto do osso por uma placa apofisária, que é similar
em estrutura e função a uma placa epifisária. Na maturidade, as apófises se fusionam
com o resto do osso.
As epífises, especialmente aquelas que formam as articulações de pressão, estão mais sujeitas a
pressões compressivas e, por conseguinte, são referidas freqüentemente como epífises de pres-
são. Em contraste, as apófises são mais submetidas a pressões de tensão, sendo com freqüência
referidas como epífises de tração. Embora as placas apofisárias não afetem o crescimento do
comprimento ósseo, elas afetam o alinhamento e a força dos tendões nelas inseridos. Conse-
Figura 4.25. Apófises do fêmur: o grande e o pequeno trocanter; (a) ocorrência de centros de ossifica-
ção secundária em saliências ósseas; (b) placas apofisária e epifisária do fêmur; (c) áreas de cresci-
mento da cabeça do fêmur e do grande e pequeno trocanteres.
Cartilagem articular
Placa epifisária
Camada de cartilagem
na inserção do tendão
Placa epifisária
Placas apofisárias
Placa epifisária
Centros de ossificação
secundária
c
ba
Placa apofisária
Apófise: uma tuberosidade se-
parada do resto do osso antes
da maturidade por uma placa
apofisária
Placa apofisária: uma região
cartilaginosa de um osso que se-
para uma apófise do resto do
osso antes da maturidade; uma
placa apofisária é responsável
pelo crescimento do osso adja-
cente ao lado não-apofisário da
placa
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 125
qüentemente, a lesão nas placas apofisárias pode afetar as características mecânicas dos mús-
culos associados que, por sua vez, podem afetar a função articular normal.
Os estudos de lesões ligadas aos esportes em crianças mostram que a proporção de
lesões envolvendo as placas de crescimento (epifisárias e apofisárias) está entre 6 e 18% do
número total de lesões (Speer e Braun, 1985; Krueger-Franke, Siebert e Pfoerringer, 1992;
Gross, Flynn e Sonzogni, 1994). Aproximadamente 5% dessas lesões em placas de crescimen-
to resultam em algum tipo de deformidade óssea (Larson, 1973). Com base nessas figuras, o
número de lesões da placa de crescimento resultando em deformidade óssea está na ordem
de 3 a 9 por mil. Entretanto, essa estimativa é conservadora, uma vez que muitas lesões que
ocorrem durante jogos e esportes não são relatadas ou são incorretamente diagnosticadas
(Combs, 1994).
Figura 4.26. Principais epífises e apófises do membro inferior.
Tuberosidade
tibial
Maléolo medial
Cabeça do fêmur
Grande trocanter
Tuberosidade
isquiática
Côndilos femorais
Côndilos tibiais
Cabeça da fíbula
Maléolo lateral
Tuberosidade do calcâneo
Espinha ilíaca ântero-superior
Espinha ilíaca
ântero-inferior
126 JAMES WATKINS
Estrutura do Osso Maduro
Durante o período de crescimento e de desenvolvimento de um osso longo, o tecido ósseo é
depositado de uma forma que maximiza a resistência do ossocomo um todo. O desenvolvi-
mento de uma diáfise oca é apenas um exemplo desse processo. Diferentes regiões do osso
estão sujeitas a diferentes tipos e magnitudes de pressão. Por exemplo, as epífises estão sujeitas
principalmente a cargas de compressão, enquanto a diáfise está sujeita principalmente a car-
gas de inclinação e de torção. Por essa razão, a diáfise não é apenas oca, mas também a densi-
dade e a espessura do osso na diáfise são maiores do que nas epífises, uma vez que a diáfise
está sujeita a maiores pressões de inclinação e torção. O osso denso é chamado de osso compacto.
A espessura do osso compacto na diáfise gradualmente diminui do meio em direção às epífises
(Figura 4.27).
Em cada epífise, a camada calcificada da cartilagem articular gradualmente se funde com
o osso subjacente. Essa região transicional é referida como osso subcondral; ela encerra uma
massa de osso de baixa densidade que perfaz o remanescente da epífise. O osso de baixa den-
sidade está na forma de uma colméia ou treliça, consistindo de finas barras curvas de osso
unidas umas às outras por barras de conexão óssea. As barras do osso são chamadas de
trabéculas, e a treliça formada pelas trabéculas é chamada de osso trabecular ou, mais
freqüentemente, osso esponjoso pelo grande número de espaços entre as
trabéculas. A maioria das trabéculas se cruza em ângulos retos; esse ar-
ranjo maximiza a força do osso trabecular. Os espaços entre as trabéculas
estão preenchidos por medula vermelha – tecido conjuntivo frouxo con-
tendo um grande número de vasos sangüíneos, alguns glóbulos brancos e
células adiposas e um grande número de células chamadas de eritroblastos,
responsáveis pela produção de glóbulos vermelhos. Os espaços no osso
esponjoso são contínuos com a cavidade medular e, assim, a medula ver-
melha é contínua com a medula amarela.
Na maioria das articulações, especialmente nas de sustentação, a
pressão nas epífises é diferente nas diversas posições articulares. A mu-
dança na pressão pode ser em termos de tipo, magnitude ou direção da
pressão ou uma combinação dessas características. As trabéculas estão
arranjadas para minimizar o estresse experimentado pelas epífises em to-
das as posições da articulação durante os movimentos habituais.
A única diferença estrutural real entre osso compacto e osso esponjo-
so é a densidade. O osso compacto é muito mais denso e, por conseguinte,
muito menos elástico que o osso esponjoso. A elasticidade do osso espon-
joso é muito importante para garantir a congruência nas articulações du-
rante a transmissão de pressões, minimizando assim o estresse dentro das
epífises e sobre as cartilagens articulares (Ascenzi e Bell, 1971; Radin, 1984).
Osso Compacto e Osso Esponjoso
O osso compacto consiste de colunas completas e incompletas de osso
firmemente agrupado (Figura 4.28). Cada coluna de osso é chamada de
ósteon ou sistema haversiano. Nos ossos longos, os ósteons correm parale-
los ao eixo longo do osso. Cada ósteon consiste de 3 a 9 anéis concêntricos
(ou camadas) de osso circundando um canal central aberto. Os anéis con-
cêntricos de osso são chamados de lamelas, e o canal central é chamado
de canal haversiano. Cada lamela basicamente consiste de uma única ca-
mada de fibras de colágeno firmemente agrupadas e paralelas entre si,
com sal ósseo entre as fibras. Embora as fibras de colágeno em cada lamela
estejam paralelas entre si, a orientação das fibras em lamelas adjacentes é
diferente (Figura 4.29). Esse arranjo, similar ao das camadas de fibras de
colágeno em uma cápsula articular, permite que o osso resista firmemente
à deformação em qualquer direção. Além das lamelas nos ósteons, a su-
Osso compacto: o osso no qual
os ósteons estão firmemente
agrupados com pouco ou ne-
nhum espaço entre si
Osso esponjoso: o osso no qual
os ósteons estão frouxamente
agrupados com os espaços en-
tre eles preenchidos com medu-
la vermelha; os ósteons estão ha-
bitualmente arranjados na forma
de trabéculas
Ósteon: uma coluna de osso
consistindo de 3 a 9 camadas
concêntricas de osso, circundan-
do um canal haversiano
Figura 4.27. A estrutura de um osso longo madu-
ro: uma seção longitudinal através do terço proxi-
mal do fêmur.
Cartilagem articular
Osso
esponjoso
Periósteo
Osso compacto
Endósteo
Cavidade
medular
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 127
perfície externa do osso compacto consiste de um número de lamelas circunferenciais ou de
superfície que circulam o osso e tendem a se unir aos ósteons (Figura 4.28b).
Entre as lamelas estão numerosos osteócitos. Os osteócitos são basicamente osteoblastos
que se tornaram aprisionados no osso. Eles são responsáveis pela reparação no dano ósseo e
estão também envolvidos na regulação do nível de minerais, especialmente do cálcio e do
fósforo, no sangue (Bailey et al., 1986). Cada osteócito fica em uma lacuna, um pequeno espaço,
e as lacunas estão unidas por pequenos canais, chamados de canalículos. Os canalículos cor-
rem entre as lamelas e através dessas, de um lado a outro. Esse sistema de canalículos permite
que os osteócitos se comuniquem entre si tanto fisicamente, por meio de projeções dos corpos
celulares dentro dos canalículos, como quimicamente, por meio de secreções das células (ver
Figura 4.29; Figura 4.30). A comunicação entre os osteócitos é importante para coordenar o
crescimento, o desenvolvimento e o reparo das lamelas e para facilitar a troca intercelular entre
os osteócitos e entre esses e os vasos sangüíneos.
Lamelas
Periósteo
Osteócitos
Ósteons
Canal haversiano
b
a
Figura 4.28. Estrutura de um osso compacto.
Ósteons agrupados
firmemente entre si
Periósteo Endósteo
Lamelas
circunferenciais
Canal haversiano
Canal de Volkmann
128 JAMES WATKINS
O canal haversiano no centro de cada ósteon contém vasos sangüíneos e nervos sustenta-
dos por tecido conjuntivo frouxo. Os canalículos estão ligados aos canais haversianos, facili-
tando assim a troca intercelular entre os vasos sangüíneos e os osteócitos. Além da ligação
pelos canalículos, os canais haversianos dos ósteons adjacentes estão ligados também por um
sistema chamado canais de Volkmann, que são similares em tamanho aos canais haversianos.
Os canais de Volkmann, assim como os canais haversianos, contêm vasos sangüíneos e
nervos sustentados por tecido conjuntivo frouxo; eles formam um sistema de canais que cor-
rem de fora do osso para a cavidade medular, unindo o periósteo, os canais haversianos e o
endósteo (ver Figura 4.28a). O sistema de canais haversianos e de Volkman permite que os
vasos sangüíneos e os nervos passem ao longo, ao redor e através do osso.
No osso compacto, os ósteons estão firmemente agrupados com pouco ou nenhum espa-
ço entre eles. No osso esponjoso, os ósteons estão frouxamente agrupados, com os espaços
entre eles preenchidos com medula vermelha; os ósteons estão habitualmente arranjados em
pequenos grupos que formam trabéculas. Muitas das trabéculas não contêm canais haversianos
e consistem de várias lamelas na forma de uma tira estreita. Conseqüentemente, o osso espon-
joso consiste de uma mistura de osso osteonal e não-osteonal.
Em um osso maduro, a diáfise consiste de um cilindro de osso compacto, mais espesso
no meio e mais afilado em direção às extremidades. Cada epífise consiste de uma
camada externa relativamente fina de osso subcondral, envolvendo uma massa de osso
esponjoso. O osso esponjoso estende-se para dentro da diáfise e desaparece em dire-
ção ao meio. As superfícies articulares são cobertas por cartilagem articular.
Modelação e Remodelação Óssea
Os processos de crescimento, de desenvolvimento e de manutenção dos ossos do esqueleto são
executados pela interação de três subprocessos: a expressão do genótipo esquelético, a modelação
e a remodelação. A expressão do genótipo esquelético refere-se ao processo de mudança geneti-
camente programado na forma externa (tamanho e formato) e à arquitetura interna dos ossos.
A modelação refere-se às alterações na expressão do genótipo esquelético queocorrem como
resultado de fatores ambientais, como a nutrição, e, em particular, às pressões mecânicas im-
postas pela atividade habitual normal. A remodelação refere-se à coordenação da atividade
osteoblástica e osteoclástica responsável pelas alterações reais na forma externa e na arquitetu-
ra interna dos ossos, incluindo o seu reparo (Figura 4.31). Uma vez que o osso está continua-
mente sendo absorvido em alguns locais (pelos osteoclastos) e depositado em outros (pelos
osteoblastos), o processo de remodelação é algumas vezes referido como turnover. Antes da
Figura 4.29. Estrutura de um ósteon.
Osteócitos
Vasos sangüíneos
no canal haversiano
Lamelas
Genótipo esquelético: o pro-
cesso de alteração geneticamen-
te programada na arquitetura da
forma externa (tamanho e forma-
to) e interna dos ossos
Modelação: as alterações na ex-
pressão do genótipo esquelético
que ocorrem como um resultado
das influências ambientais
Remodelação: a coordenação
de atividade osteoblástica e
osteoclástica resultando em al-
terações na forma externa e na
arquitetura interna dos ossos, in-
cluindo o seu reparo
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 129
maturidade, todos os ossos estão em um contínuo estado de mudança na forma externa e na
arquitetura interna. Após a maturidade esquelética ser alcançada (aproximadamente 20 a 25
anos de idade), a modelação da forma externa diminui a proporções insignificantes, mas a
modelação da arquitetura interna continua durante toda a vida (Frost, 1979; Bailey, 1995).
O crescimento, o desenvolvimento e a manutenção dos ossos do esqueleto são deter-
minados pela interação de três processos: a expressão do genótipo esquelético, a
modelação e a remodelação.
Porosidade, Osteopenia e Osteoporose
Devido aos vários canais e espaços dentro do osso compacto e esponjoso, qualquer região do
osso consiste de certas quantidades de tecido ósseo e não-ósseo. O termo porosidade descreve a
proporção de tecido não-ósseo. Na maturidade esquelética, a porosidade do osso compacto e a
do esponjoso são, respectivamente, por volta de 2 e 50%; a densidade (quantidade de tecido
ósseo por unidade de volume) de osso compacto é aproximadamente o dobro do osso esponjo-
so (Radin, 1984). A densidade de tecido ósseo depende do grau de mineralização. Durante a
ossificação, o grau de mineralização do tecido ósseo aumenta gradualmente e alcança um nível
máximo na maturidade esquelética (Bailey et al., 1986). Entretanto, a quantidade de osso den-
tro do esqueleto pode continuar a aumentar por 5 a 10 anos após a maturidade esquelética,
especialmente em indivíduos fisicamente ativos (Stillman et al., 1986; Talmage e Anderson,
OsteócitoCanalículos
Lamelas
ba
Figura 4.31. Relação entre genótipo esquelético, modelação e remodelação no crescimento, desenvol-
vimento e manutenção óssea.
Modelação
Remodelação
Canal
haversianoVasos sangüíneos
Alterações na forma externa e
na arquitetura interna do osso
Figura 4.30. Osteócitos e canalículos; (a) seção transversal de um ósteon; (b) osteócito dentro de uma
lacuna mostrando projeções a partir do corpo celular para dentro dos canalículos.
Porosidade: a proporção de te-
cido não-ósseo em um osso ou
região óssea
Genótipo
esquelético
130 JAMES WATKINS
1984). Conseqüentemente, a massa óssea tem seu pico em homens e mulheres entre os 25 e 30
anos de idade. Em termos de turnover, isso significa que da maturidade esquelética até a idade
na qual ocorre o pico da massa óssea, mais osso novo é formado do que osso lesado é absorvi-
do.
Seguindo-se o pico da massa óssea, existe habitualmente um período estável no qual a
quantidade de osso no esqueleto permanece a mesma; ocorre um equilíbrio entre a absorção e
a formação do osso. Esse período estável é seguido por uma diminuição gradual na massa
óssea para o resto da vida do indivíduo; o ritmo de absorção óssea excede o ritmo de formação
óssea. A massa óssea é o produto do volume ósseo e a densidade do osso. A perda na massa
óssea que ocorre com a idade, após o pico de massa, é o resultado das diminuições no volume
e na densidade óssea. A osteopenia refere-se a um nível de densidade óssea abaixo do nível
normal para a idade e o sexo do indivíduo (Bailey, 1995).
A massa óssea começa a diminuir mais cedo e em um ritmo maior em mulheres do que
em homens. Nos homens, a perda óssea normalmente começa a ocorrer entre 45 e 50 anos de
idade e procede a uma taxa de 0,4 a 0,75% por ano (Bailey et al., 1986; Smith, 1982). Em mulhe-
res, a perda óssea tem três fases. A primeira fase inicia em torno dos 30 a 35 anos de idade e
procede a uma taxa de 0,75 a 1% por ano até a menopausa. A partir da menopausa até aproxi-
madamente cinco anos após, a perda de massa óssea aumenta entre 2 e 3% ao ano. Nessas
condições, as mulheres podem perder 40% de seu pico de massa óssea por volta dos 80 anos.
Em contraste, os homens podem perder 20% do seu pico de massa óssea em torno dos 80 anos
de idade (Figura 4.32).
Mesmo que o peso corporal tenda a diminuir com a idade, o ritmo de perda óssea é habi-
tualmente muito maior que o ritmo no qual o peso corporal diminui. Conseqüentemente, o
efeito de perda óssea é que os ossos, especialmente aqueles que sustentam pressão, tornam-se
progressivamente mais fracos em relação ao peso do resto do corpo. Além de uma diminuição
gradual na força, os ossos também perdem gradualmente a sua elasticidade e, como resultado,
tornam-se mais duros. Em alguns indivíduos, especialmente no sexo feminino, uma perda da
massa óssea e da elasticidade é eventualmente alcançada quando alguns ossos não são mais
capazes de suportar as sobrecargas impostas pela atividade habitual normal. Conseqüente-
Figura 4.32. Efeito da idade sobre a massa óssea.
Idade (anos)
% de
Massa
óssea
Homem
Mulher
Osteopenia: a densidade óssea
abaixo do nível normal para a
idade e o sexo do indivíduo
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 131
mente, esses ossos tornam-se muito suscetíveis a fraturas. Essa condição, a desordem óssea
mais comum em idosos, é chamada de osteoporose (Bailey et al., 1986). A osteoporose pode cau-
sar grave desfiguramento, especialmente do tronco, por causa de vértebras fraturadas ou
esmagadas. Muitas mortes em idosos são causadas por complicações originárias das fraturas
de ossos que ocorrem como resultado de osteoporose (Kaplan, 1983).
A perda óssea tende a ocorrer mais cedo e a proceder em um ritmo mais acelerado no osso
esponjoso do que no osso compacto (Bailey et al., 1986). Conseqüentemente, as regiões dos
ossos com uma alta proporção de osso esponjoso, como os corpos das vértebras, a cabeça e o
colo do fêmur e a extremidade distal do rádio, são particularmente vulneráveis à osteoporose
e, por conseguinte, a fraturas em pessoas idosas. Essa vulnerabilidade está refletida nos estu-
dos indicando um rápido aumento na incidência de fraturas ósseas com a idade, especialmen-
te em mulheres. Por exemplo, os resultados de um estudo mostraram que a incidência de fra-
turas na extremidade distal do rádio era sete vezes maior em mulheres com 54 anos de idade
do que em mulheres com 40 anos de idade (Bauer, 1960). Em outro estudo, a incidência de
fratura do colo do fêmur foi 50 vezes mais alta em mulheres com 70 anos do que em mulheres
com 40 anos (Chalmers e Ho, 1970). Quanto ao osso compacto, a perda óssea ocorre principal-
mente na superfície endosteal, de tal forma que a largura óssea permanece relativamente imu-
tável até a idade mais avançada (Smith, 1982).
Embora a causa da osteoporose ainda não esteja clara, existe uma concordância geral de
que quatro variáveis são as principais responsáveis: fatores genéticos, estado endócrino, fato-
res nutricionais e atividade física (Bailey et al., 1986; MacKinnon, 1988). A contribuição relativa
dessas variáveis ainda não foi estabelecida, mas o nível de atividade física parece ser o mais
importante. Na ausência de atividade com sobrecarga, nenhuma intervenção endócrina ou
nutricional irá prevenir a rápida perda óssea; deve haver estresse mecânico(Bailey et al., 1986).
A pesquisa sugere que a atividade física regular durante a vida, dentro da amplitude de sobre-
carga moderada (ver Capítulo 11), pode ajudar a prevenir a osteoporose de três maneiras (Bailey
et al., 1986; Stillman et al., 1986; Talmage e Anderson, 1984; Smith e Gilligan, 1987):
1. O pico da massa óssea está diretamente relacionado com o nível de atividade física
antes dele; quanto maior o pico da massa óssea, menor o risco de osteoporose.
2. Um nível acima da média de atividade física após o pico da massa óssea irá retardar o
aparecimento da perda óssea.
3. Um nível acima da média de atividade física após o pico da massa óssea irá reduzir o
ritmo de perda óssea.
Aproximadamente a partir dos 30 anos em mulheres e 45 anos em homens, ocorre uma
diminuição gradual na massa óssea e na elasticidade dos ossos. Muitos indivíduos,
especialmente mulheres, desenvolvem osteoporose, que pode causar desfiguração e,
em alguns casos, morte por complicações originárias das fraturas nos ossos
osteoporóticos. Embora a causa de osteoporose ainda não esteja clara, as pesquisas
sugerem que um dos principais fatores é a falta de estresse mecânico. A atividade física
regular durante toda vida parece ser a melhor maneira de prevenir a osteoporose.
RESUMO
Este capítulo descreveu a estrutura e as funções dos vários tecidos conjuntivos. A característica
estrutural dominante de todos os tecidos conjuntivos é uma grande massa de matriz acelular;
as características físicas da matriz de cada tecido conjuntivo determinam sua função. Os teci-
dos conjuntivos fornecem a sustentação mecânica em todos os níveis de organização celular e
facilitam a troca intercelular. A função mecânica dos tecidos conjuntivos fica claramente evi-
dente no próximo capítulo, que descreve o sistema articular.
Osteoporose: a perda de mas-
sa óssea e de elasticidade a pon-
to de os ossos não mais agüen-
tarem as pressões impostas pela
atividade habitual resulta em
uma alta suscetibilidade a fratu-
ras
132 JAMES WATKINS
Questões para Revisão
1. Descrever as duas principais funções dos tecidos conjuntivos.
2. Descrever a diferença entre os seguintes:
• tecidos conjuntivos comuns regulares e irregulares;
• tecido conjuntivo frouxo e tecido conjuntivo adiposo;
• ligamentos capsulares e não-capsulares.
• ligamentos e retináculos;
• tecido fibroso e tecido elástico.
3. Descrever os tipos diferentes de células encontradas nos tecidos conjuntivos comuns.
4. Descrever as duas principais funções da cartilagem.
5. Explicar a diferença entre elasticidade e viscoelasticidade.
6. Descrever a diferença na estrutura e na função entre tecido fibroso regular e fibrocartilagem.
7. Explicar o porquê de o reparo na cartilagem ser habitualmente lento, podendo também
não ocorrer.
8. Diferenciar entre os seguintes:
• centros de ossificação primária e secundária;
• crescimento aposicional e intersticial;
• placas epifisárias e apofisárias;
• osteoblastos, osteoclastos e osteócitos;
• osso compacto e esponjoso;
• osteopenia e osteoporose.
CAPÍTULO 5
O SISTEMA ARTICULAR
O corpo humano é capaz de uma ampla gama de movimentos facilitados pelos efeitoscombinados do arranjo em cadeia aberta dos ossos, pelo número de articulações unindo
os ossos, pelos diferentes tipos de articulações e pela amplitude de movimento das articula-
ções. A maioria das articulações permite uma certa quantidade de movimento, e todas elas
transmitem forças. As articulações diferem em termos do tipo e da amplitude de movimento e
do mecanismo de transmissão de força; essas diferenças estão refletidas na estrutura de cada
articulação. Este capítulo descreve a estrutura e a função dos vários tipos de articulações.
134 JAMES WATKINS
Uma articulação, também referida como junta, é definida como uma região onde dois ou mais
ossos estejam conectados. O esqueleto adulto normalmente tem 206 ossos, unidos por aproxi-
madamente 320 articulações. O sistema articular refere-se a todas as articulações do corpo. A
função das articulações é basicamente mecânica – para facilitar o movimento relativo entre os
ossos e a transmissão de forças de um osso a outro.
As articulações do sistema articular adulto podem ser consideradas permanentes porque
estão presentes em toda a vida do indivíduo, embora a função e a estrutura de algumas dessas
articulações possam mudar com a idade. Além das articulações permanentes, o sistema articu-
lar imaturo também possui um grande número de articulações temporárias, que estão ligadas
ao crescimento ósseo e que gradualmente se tornam menos distintas e são virtualmente
obliteradas na maturidade. Conseqüentemente, em relação ao sistema articular imaturo, o ter-
mo articulação não apenas se refere às regiões onde os ossos separados estejam conectados,
mas também às regiões que unem as partes ósseas de cada osso imaturo.
Todas as articulações do sistema articular adulto – articulações permanentes – estão
presentes no sistema articular imaturo. Entretanto, o sistema articular imaturo também
apresenta articulações temporárias, relacionadas com o crescimento ósseo, que gra-
dualmente se tornam menos distintas e são virtualmente obliteradas na maturidade. As
articulações adultas facilitam o movimento relativo entre os ossos e a transmissão de
forças de um osso a outro.
Classificação Estrutural das Articulações
Em termos de estrutura, existem basicamente dois tipos de articulações:
1. Articulações nas quais as superfícies articulares (opostas) dos ossos estão unidas por
tecido fibroso ou cartilagem, referidas como articulações fibrosas ou cartilaginosas, res-
pectivamente (Figura 5.1a).
2. Articulações nas quais as superfícies articulares não estão unidas umas às outras, mas
são mantidas em contato por uma manga de tecido fibroso sustentado por ligamentos
Articulação: uma região onde
dois ou mais ossos estão
conectados
Sistema articular: todas as ar-
ticulações do corpo
Articulação fibrosa: uma articu-
lação na qual as superfícies
opostas dos ossos estão unidas
por tecido fibroso
Articulação cartilaginosa: uma
articulação na qual as superfíci-
es opostas dos ossos estão uni-
das por cartilagem
Articulação sinovial: uma arti-
culação na qual as superfícies
opostas não estão unidas entre
si, mas são mantidas em conta-
to por meio de ligamentos e de
uma cápsula articular
Objetivos
Após a leitura deste capítulo você deverá ser capaz de:
 1. Definir ou descrever os termos básicos.
 2. Distinguir as articulações temporárias e permanentes.
 3. Descrever a classificação estrutural das articulações.
 4. Descrever a estrutura e as funções específicas das diferentes formas de articulações fibrosas e
cartilaginosas.
 5. Descrever a estrutura de uma articulação sinovial.
 6. Descrever a classificação da estabilidade-flexibilidade das articulações.
 7. Explicar a relação entre a classificação estrutural e a classificação da estabilidade-flexibilidade
das articulações.
 8. Descrever as diferentes formas de articulações sinoviais.
 9. Descrever as funções das cápsulas articulares e dos ligamentos.
10. Diferenciar flexibilidade, frouxidão, estabilidade e congruência.
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 135
(Figura 5.1b), sendo referidas como articulações sinoviais; a manga fibrosa é a cápsula
articular (ver Capítulo 4).
Articulações Fibrosas
As articulações fibrosas são com freqüência referidas como sindesmoses (sin = com, desmo =
ligamento). O grau de movimento em uma sindesmose é determinado pela quantidade de
tecido fibroso entre as superfícies articulares. Em geral, quanto menor a quantidade de tecido
fibroso, mais limitado o movimento. Existem dois tipos de sindesmoses: a membranosa e a
sutural.
Sindesmoses Membranosas
Em uma sindesmose membranosa as superfícies articulares estão unidas por uma folha de
tecido fibroso chamada membrana interóssea (inter = entre, óssea = osso). A membrana interóssea
age como uma trama. As bordas interósseas do rádio e da ulna estão conectadas por uma
membrana interóssea (Figura 5.2a). A maioriadas fibras na membrana corre obliquamente e
para baixo e medialmente, a partir da borda interóssea do rádio até a ulna. As fibras remanes-
Tecido fibroso
ou cartilagem
ba
d
c
ba
Figura 5.2. Vistas anterior e transversal das sindesmoses membranosas entre o rádio e a ulna, (a) e (c),
e entre a tíbia e a fíbula, (b) e (d).
Membrana interóssea
Figura 5.1. Há dois tipos de estruturas articulares; (a) superfícies articulares
unidas por tecido fibroso ou cartilagem; (b) superfícies articulares não unidas,
mas mantidas em contato por uma manga de tecido fibroso (cápsula articular).
Tíbia
Fíbula
UlnaRádio
Osso
Sindesmose: o mesmo que uma
articulação fibrosa
Manga de
tecido fibroso
(cápsula articular)
136 JAMES WATKINS
centes correm obliquamente, lateralmente e para baixo a partir da borda interóssea da ulna até
o rádio. A membrana interóssea funciona como um estabilizador do rádio e da ulna em todas
as posições, da supinação completa até a pronação completa, e para fornecer áreas de inserção
para músculos nos aspectos anterior e posterior do antebraço (Figura 5.2c). Existe uma mem-
brana interóssea conectando a borda medial da diáfise da fíbula e a borda lateral da diáfise da
tíbia (Figura 5.2b). Similar em estrutura à membrana interóssea do antebraço, ela estabiliza a
tíbia e a fíbula em todas as posições da articulação do tornozelo e fornece áreas de inserção
para os músculos nos aspectos anterior e posterior da perna (Figura 5.2d).
Embora as membranas interósseas nos antebraços e nas pernas sejam características per-
manentes, existe um grupo particular de sindesmoses, as suturas e as fontanelas do crânio, que
originam as sindesmoses membranosas e então mudam para sindesmoses suturais (ver tam-
bém Capítulo 3).
Sindesmoses Suturais
Em uma sindesmose sutural, as superfícies articulares estão unidas por uma fina camada de
tecido fibroso, semelhante à camada de concreto entre os tijolos em uma parede (Figura 5.3).
Na infância tardia, todas as suturas e as fontanelas do crânio são convertidas de sindesmoses
membranosas a suturais. A fina camada de tecido fibroso, junto com o intertravamento das
superfícies articulares, tende a limitar o movimento nessas articulações. Com o aumento da
idade, o tecido fibroso nas suturas é gradualmente substituído por osso, de forma que a sutura
é convertida em uma sinostose (sin = com, ósteo = osso).
Articulações Cartilaginosas
O grau de movimento nas articulações cartilaginosas é determinado pelo tipo e pela espessura
da cartilagem. Existem dois tipos de articulações cartilaginosas: as sincondroses e as sínfises.
Sincondroses
Em uma sincondrose (sin = com, condro = cartilagem), as superfícies articulares estão unidas
por cartilagem hialina. Existem dois tipos de sincondroses: as temporárias e as permanentes.
As sincondroses temporárias, algumas vezes referidas como articulações fisárias, incluem as
seguintes:
Figura 5.3. Uma típica articulação sutural.
Periósteo
Sindesmose sutural
Sincondrose: uma articulação
cartilaginosa na qual as superfí-
cies opostas estão unidas por
cartilagem hialina
Sínfise: uma articulação cartila-
ginosa na qual as superfícies
opostas estão unidas por uma
combinação de car tilagem
hialina e fibrocartilagem; uma
camada de cartilagem hialina
cobre cada uma das superfícies
articulares e, prensado entre as
camadas de cartilagem hialina,
está um coxim relativamente es-
pesso de fibrocartilagem
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 137
1. articulações entre ossos que eventualmente se fusionam para for-
mar ossos maiores no esqueleto adulto, por exemplo, cada osso
inominado é formado pela fusão do ilíaco, do ísquio e do púbis
correspondentes;
2. articulações formadas por placas epifisárias;
3. articulações formadas por placas apofisárias;
4. articulações entre as primeiras costelas e o manúbrio.
Todas as sincondroses temporárias são convertidas em sinostoses em al-
gum estágio da vida. Poucas sincondroses permanecem moderadamente
flexíveis durante toda a vida. Essas articulações são as sincondroses per-
manentes e incluem as articulações entre as extremidades anteriores da se-
gunda até a décima costelas e o esterno (as cartilagens costais).
Sínfises
Em uma sínfise (sim = com, físis = placa de crescimento) as superfícies arti-
culares estão unidas por uma combinação de cartilagem hialina e
fibrocartilagem. Uma camada de cartilagem hialina cobre cada superfície
articular e, prensado entre as camadas de cartilagem hialina, está um coxim
relativamente espesso de fibrocartilagem (Figura 5.4). O coxim de
fibrocartilagem é freqüentemente referido como um disco, mesmo se tiver
um formato de rim ou se for oval. A articulação é normalmente sustentada
por um número de ligamentos que cruzam a parte externa da articulação e
se inserem na periferia do coxim de fibrocartilagem. É importante apreciar
que os elementos como o osso, a cartilagem hialina e a fibrocartilagem em
uma articulação tipo sínfise estão intimamente conectados; não há divisões
exatas entre os três tecidos, mas uma mudança gradual de um tipo de teci-
do para outro. De fato, a articulação consiste de uma única peça de materi-
al, cuja consistência varia através da articulação.
A fibrocartilagem deforma-se prontamente em resposta a pressões de
inclinação e de torção, e o grau de movimento em uma articulação tipo
sínfise é determinado pela espessura do coxim de fibrocartilagem; quanto
mais espesso, maior a capacidade de movimento. As articulações entre os
corpos das vértebras, a sínfise do púbis e a articulação manubrioesternal são articulações tipo
sínfise. Embora a maioria das articulações tipo sínfise permaneça moderadamente flexível
durante toda a vida, algumas delas, como a articulação manubrioesternal, podem ser converti-
das à sinostose (Tortora e Anagnostakos, 1984).
Articulações Sinoviais
No esqueleto adulto, aproximadamente 80% das articulações são sinoviais (sin = com, vial =
cavidade). Em geral, as articulações sinoviais têm uma amplitude de movimento maior que as
articulações fibrosas ou cartilaginosas. A capacidade do corpo de adotar uma ampla variedade
de posturas é grande devido à amplitude de movimentos nas articulações sinoviais. Virtual-
mente todas as articulações dos membros superiores e inferiores são sinoviais.
Como foi visto no Capítulo 4, em uma articulação sinovial cada superfície é coberta com
uma camada de cartilagem articular (hialina). As superfícies não estão unidas entre si mas, em
circunstâncias normais, são mantidas em contato em todas as posições articulares por uma
cápsula articular e vários ligamentos (Figura 5.5). Durante o movimento de uma articulação
sinovial, as superfícies articulares deslizam e rolam entre si. A cápsula engloba uma cavidade
articular que, pelo contato íntimo entre as superfícies articulares, é normalmente muito peque-
na. Na Figura 5.5, a cavidade articular é mostrada muito maior que o normal para diferenciar
as várias características da articulação. A parede interna da cápsula e as superfícies ósseas não-
articulares dentro da articulação estão cobertas com uma membrana sinovial. A membrana
Cartilagem
hialina
Fibro-
cartilagem
Ligamento
Figura 5.5. Uma típica articulação sinovial.
Cápsula
Membrana
sinovial
Cavidade
articular
Cartilagem
hialina
Figura 5.4. Uma típica articulação de sínfise.
138 JAMES WATKINS
sinovial consiste de tecido areolar (ver Capítulo 4), com células especializadas que secretam o
fluido sinovial para dentro da cavidade articular. O fluido sinovial é viscoso e lembra a consis-
tência da clara de ovo. Ele tem duas importantes funções.
1. uma função mecânica: o fluido lubrifica as superfícies articulares de tal forma que elas
deslizam facilmente entre si, prevenindo assim um desgaste excessivo;
2. uma função fisiológica: o fluido escorre para dentro da cartilagem articular e nutre as
células cartilaginosas.
A Figura 5.6 resume a classificação estrutural das articulações.
Em termos de estrutura, existem basicamente dois tipos de articulações:
• articulaçõesfibrosas ou cartilaginosas, em que as superfícies articulares são unidas por teci-
do fibroso ou cartilagem;
• articulações sinoviais, em que as superfícies articulares não estão unidas entre si, mas são
mantidas em contato por uma cápsula articular e por ligamentos.
Congruência, Discos Articulares e Meniscos
As superfícies articulares na maioria das articulações sinoviais têm uma forma recíproca, que
normalmente resulta em uma grande área de contato (relativo à área das superfícies articula-
res) entre as superfícies articulares opostas em todas as posições da articulação. Para qualquer
posição e força de reação articular, quanto maior a área de contato entre as superfícies articula-
res – maior será a área sobre a qual será transmitida a força de reação articular –, menor o
estresse de compressão nas superfícies articulares e vice-versa. Algumas articulações sinoviais,
como a articulação tibiofemoral, não têm superfícies articulares de formato recíproco, de ma-
neira que é provável que a área de contato real entre as superfícies articulares em qualquer
posição seja relativamente pequena. Entretanto, em tais articulações a área efetiva de contato
entre as superfícies é normalmente tão grande quanto em articulações com superfícies articu-
lares recíprocas devido a um ou mais pedaços de fibrocartilagem que formam cunhas entre as
partes não-opostas das superfícies articulares e distribuem a força de reação articular em uma
grande área das superfícies articulares. As cunhas de fibrocartilagem não estão unidas às su-
perfícies articulares, mas estão normalmente em contato com elas e são mantidas em posição
pela inserção à parede interna da cápsula articular ou por inserção no osso adjacente à superfí-
cie articular.
Na articulação acromioclavicular e algumas vezes na ulnocarpal, existe uma única cunha
de fibrocartilagem em forma de anel que afila de fora para dentro (Figura 5.7a). Na articulação
Figura 5.6. A classificação estrutural das articulações.
Sinostose
Permanente
Temporária
Permanente
Temporária
Sutural
Membranosa
Tipo de articulação
Sínfise
Sincondrose
Sindesmose
3. Sinovial
2. Cartilaginosa
1. Fibrosa
Categoria
Menisco: uma cunha de fibro-
cartilagem em forma de C que
ajuda a aumentar a congruência
na articulação tibiofemoral; exis-
tem normalmente dois meniscos
em cada articulação tibiofemoral
Disco articular: um pedaço de
fibrocartilagem que ajuda a au-
mentar a congruência em algu-
mas articulações sinoviais; a
fibrocartilagem pode estar na for-
ma de um anel que se afila da
periferia para o centro
Congruência: a área sobre a
qual a força de reação articular
é transmitida em uma articulação
sinovial; em qualquer posição
articular, quanto maior a área de
contato entre as superfícies arti-
culares, maior a congruência e
vice-versa
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 139
tibiofemoral existem normalmente duas cunhas de fibrocartilagem em forma de C; cada cunha
é chamada de menisco (meia-lua, formato crescente; Figura 5.7b). Em algumas articulações,
como na esternoclavicular e na ulnocarpal, existe habitualmente um disco completo de
fibrocartilagem que efetivamente divide a articulação em duas (Figura 5.7, c e d). Um disco
completo de fibrocartilagem é referido como um disco articular. A congruência de uma articula-
ção refere-se à área sobre a qual a força de reação articular é transmitida; em qualquer posição
articular, quanto maior a área, maior a congruência, e vice-versa. Normalmente, a congruência
é maximizada de forma a diminuir o estresse de compressão nas superfícies articulares. Uma
das principais funções dos discos e dos meniscos articulares é aumentar a congruência das
articulações. A congruência melhorada tende a
1. reduzir o estresse de compressão nas superfícies articulares opostas;
2. auxiliar a manter os movimentos articulares normais e a efetiva distribuição do fluido
sinovial sobre as superfícies articulares;
3. melhorar a absorção de choques.
As superfícies articulares na maioria das articulações sinoviais apresentam formatos
recíprocos, que permitem um alto nível de congruência em todas as posições da articu-
lação. Algumas articulações sinoviais não têm superfícies articulares de formato recí-
proco, e a congruência nessas articulações é melhorada por meio de discos articulares.
Movimentos Articulares
O movimento nas articulações é habitualmente uma combinação de movimentos lineares (Fi-
gura 5.8, a e b) e angulares (Figura 5.8, c e d). Com relação às articulações cartilaginosas e
Figura 5.7. Discos articulares e meniscos; (a) seção coronal através da articulação acromioclavicular direita; (b) seção coronal através da
articulação do joelho direita, com uma flexão de aproximadamente 90o; (c) seção coronal através da articulação esternoclavicular direita;
(d) seção coronal através da articulação do punho esquerdo.
Figura 5.8. Tipos de movimentos nas articulações; (a) movimento linear em uma articulação sinovial; (b) movimento linear em uma
articulação fibrosa; (c) movimento angular em uma articulação sinovial; (d) movimento angular em uma articulação fibrosa.
cb
a
d
dcba
140 JAMES WATKINS
sinoviais, o tipo dominante de movimento é o angular. O movimento line-
ar pode ocorrer mas, nos movimentos articulares normais, o grau de mo-
vimento linear é habitualmente muito pequeno. Por exemplo, a sínfise
púbica e as sínfises intervertebrais podem experimentar um certo grau de
movimento linear, similar àquele mostrado na Figura 5.8b. Quando isso
acontece, o coxim de fibrocartilagem na articulação é submetido a uma
pressão de deslizamento propensa a romper o coxim se o grau de
sobrepressão aumentar um pouco mais. Uma quantidade limitada de mo-
vimento linear pode ocorrer em algumas articulações sinoviais como as
intercarpais e as intertarsais e as articulações entre as facetas superior e
inferior das vértebras. Entretanto, na maioria das articulações sinoviais, o
movimento linear é normalmente pequeno (Basmajian, 1970). O movimen-
to linear além de uma pequena quantidade quase sempre resulta em se-
paração parcial das superfícies articulares e em lesão à cápsula e aos liga-
mentos da articulação.
Eixos de Referência e Graus de Liberdade
Ao descrever um movimento em uma articulação, é útil mencionar três
eixos de referência mutualmente perpendiculares. Os três eixos de refe-
rência representam direções ântero-posterior (frente para trás), transver-
sal (lado a lado) e vertical em relação à posição anatômica. A Figura 5.9
mostra a posição dos eixos de referência em relação à articulação do om-
bro. Com respeito aos eixos de referência, há seis possíveis direções, chamadas graus de liberda-
de, nas quais a articulação do ombro, ou qualquer outra, pode mover-se, dependendo de sua
estrutura. As seis direções consistem de três direções lineares (ao longo dos eixos) e três angu-
lares (ao redor dos eixos). Uma articulação com seis graus de liberdade poderia mover-se em
qualquer direção por meio de uma combinação de movimentos lineares e angulares. Algumas
articulações cartilaginosas têm seis graus de liberdade, embora dentro de uma pequena ampli-
tude de movimento. Em contraste, as grandes articulações sinoviais tendem a não apresentar
graus lineares de liberdade, mas habitualmente têm de um a três graus angulares de liberdade,
com amplitude de movimentos relativamente grande.
A maioria dos movimentos na vida diária, tais como caminhar, inclinar-se, alcançar algo e
escrever, envolvem movimentos simultâneos e seqüenciais em duas ou mais articulações. Em
tais movimentos multiarticulares, os graus de liberdade no total da cadeia segmentar respon-
sável pelo movimento são a soma dos graus de liberdade das articulações individualmente na
cadeia. Conseqüentemente, existe um número quase infinito de combinações de movimentos
articulares que poderiam ser empregados em todos os movimentos multiarticulares. Ademais,
o prejuízo temporário ou permanente em uma articulação na cadeia segmentar pode ser com-
pensado por uma mudança no movimentode outras articulações da cadeia (ver Capítulo 12).
Movimentos Angulares
Os movimentos angulares nas articulações referem-se às rotações ao redor de três eixos de
referência. Com a posição anatômica de referencial, termos especiais descrevem os vários mo-
vimentos angulares.
Na maioria das articulações os termos abdução e adução referem-se a rotações ao redor
do eixo ântero-posterior. No ombro, no punho e no quadril, a abdução e a adução referem-se,
respectivamente, a movimentos do braço, da mão e da perna para longe ou em direção ao
plano mediano (Figuras 5.10 e 5.11a). Na mão e no pé, a abdução ocorre quando os dedos e os
pododáctilos são afastados, e a adução ocorre quando os dedos e os pododáctilos retornam à
posição de referência (Figura 5.11b).
Na maioria das articulações, os termos flexão e extensão referem-se à rotação ao redor do
eixo transversal. No ombro, no punho e no quadril, a flexão refere-se a movimentos do braço,
da mão e da perna para frente, e a extensão refere-se a movimentos do braço, da mão e da
Figura 5.9. Eixos de referência com relação à ar-
ticulação do ombro: V – eixo vertical; T – eixo trans-
versal; AP – eixo ântero-posterior.
Graus de liberdade: as direções
linear e angular de movimento
consideradas normais para uma
articulação com relação aos ei-
xos de referência ântero-poste-
rior, transversal e vertical, dando
seis possíveis graus de liberda-
de – três direções lineares (junto
aos eixos) e três direções angu-
lares (ao redor dos eixos)
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 141
perna para trás (Figura 5.11c; Figura 5.12, a e b). No cotovelo, no joelho, na metacarpofalângica
e na interfalângica, a flexão ocorre quando as articulações se dobram, e a extensão quando as
articulações endireitam (Figura 5.12, c e d). No tronco – a coluna vertebral como um todo – a
flexão refere-se a dobrar o tronco para frente, e a extensão refere-se ao movimento reverso
(Figura 5.13, a e b). A flexão lateral do tronco ocorre quando ele se inclina para o lado em um
eixo ântero-posterior (Figura 5.13c).
A circundução descreve um movimento no qual a extremidade distal de um osso ou mem-
bro move-se em círculo, enquanto a extremidade proximal (na qual ocorre o movimento arti-
Figura 5.10. Abdução e adução das articulações do ombro e do quadril.
Figura 5.11. Movimentos angulares do punho e dos dedos; (a) abdução e adução do punho; (b) abdu-
ção e adução dos dedos; (c) flexão e extensão do punho.
c
ba
142 JAMES WATKINS
cular) fica no mesmo lugar. Conseqüentemente, o movimento do osso ou
do membro descreve um formato de cone. Todas as articulações capazes
de flexão e extensão e de abdução e adução, como o ombro, o punho, a
metacarpofalângica e a do quadril, são capazes de circundução.
Algumas articulações, como o ombro, o quadril e a coluna vertebral
como um todo, podem rodar em um eixo vertical em relação à posição
anatômica. Essa forma de rotação é habitualmente descrita como rotação
axial, rotação ao redor de um eixo, paralelo a ou perto da diáfise de um
osso móvel. A rotação axial do ombro ocorre quando o úmero roda em um
eixo paralelo ao seu eixo longo. Por exemplo, as rotações interna (medial)
e externa (lateral) do ombro ocorrem ao se tirar o pó de uma mesa com um
pano; nessa situação, as posições das articulações do ombro e do cotovelo
tendem a mover-se pouco, mas o movimento de varredura lado a lado da
mão é produzido principalmente pelas rotações interna e externa do om-
bro. A rotação axial do úmero não deve ser confundida com pronação do antebraço, que ocorre
como resultado do movimento nas articulações radioulnares proximal e distal. A rotação do
tronco em um eixo vertical é habitualmente descrita como rotação axial (ou virada) para a
esquerda ou a direita.
Além dos termos abdução, adução, flexão, extensão e rotação, existem vários outros para
descrever os movimentos específicos de certas articulações. Esses movimentos incluem
supinação e pronação do antebraço, que ocorrem, por exemplo, ao se usar uma chave de fenda
para retirar ou colocar um parafuso.
Com respeito à posição anatômica, a abdução e a adução descrevem o movimento
angular de uma articulação no eixo ântero-posterior. A flexão e a extensão descrevem
o movimento angular no eixo transversal, e a rotação axial descreve a rotação articu-
lar em um eixo que passa junto, paralelo a ou quase paralelo à diáfise de um osso em
movimento.
Classificação das Articulações
por Estabilidade-Flexibilidade
As articulações são mais freqüentemente classificadas com base na sua estrutura, como vimos
anteriormente. Entretanto, existe uma outra classificação usada relativamente com freqüência,
baseada no grau de estabilidade e de flexibilidade das articulações. A estabilidade articular refere-
se à resistência da união entre os ossos; quanto mais forte a união, mais estável a articulação. A
flexibilidade articular refere-se ao grau de movimento da articulação. Existem três categorias:
sinartroses, anfiartroses e diartroses (Tortora e Anagnostakos, 1984).
Figura 5.13. (a) Flexão, (b) extensão, e (c) flexão
lateral do tronco.
cba
Figura 5.12. Flexão e extensão das articulações do (a) ombro, do (b) quadril, do (c) cotovelo, e do (d) joelho.
dcba
Estabilidade articular: a força
da ligação entre os ossos em
uma articulação; quanto mais
forte a ligação, mais estável a ar-
ticulação
Flexibilidade articular: o grau
de movimento de uma articula-
ção
Sinartroses: as sindesmoses
suturais e as sincondroses tem-
porárias; as sinartroses são tam-
bém referidas como articulações
imóveis ou fixas
Anfiartroses: as sínfises, as
sindesmoses membranosas e
as sincondroses permanentes;
as anfiartroses são também re-
feridas como articulações leve-
mente móveis
Diartroses: as ar ticulações
sinoviais; as diartroses são tam-
bém referidas como articulações
livremente móveis
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 143
Uma sinartrose é uma articulação estável na qual o grau de flexibilidade é nulo ou virtu-
almente nulo. As suturas do crânio adulto, as sincondroses temporárias e todas as sinostoses se
enquadram nessa categoria. Na classificação estrutural, o prefixo “sin” significa “com”. Na
classificação da estabilidade-flexibilidade, o prefixo “sin” significa “junto”; isso se refere à união
direta entre as superfícies articulares.
Uma diartrose é uma articulação relativamente instável, com um grau consideravelmen-
te alto de flexibilidade. Todas as articulações sinoviais enquadram-se nessa categoria. O prefi-
xo “dia” significa “afastado”; isso se refere ao fato de que as superfícies articulares não estão
unidas, mesmo estando em contato.
Uma anfiartrose é uma articulação cujas características de estabilidade e de flexibilidade
estão entre os extremos representados por sinartroses e diartroses. As anfiartroses (anfi = am-
bos) são algumas vezes referidas como articulações levemente móveis, enquanto as sinartroses
e diartroses são, respectivamente, referidas como articulações imóveis e livremente móveis. As
sindesmoses membranosas e as sínfises encaixam-se na categoria de anfiartroses.
A classificação da estabilidade-flexibilidade pode ser pensada como um espectro, com
sinartroses e diartroses em extremidades opostas (Figura 5.14). Cada articulação ocupa um
certo ponto no espectro. As posições dessas articulações podem mudar com a mudança da
estrutura e, por conseguinte, da estabilidade e da flexibilidade. A Figura 5.15 resume a classifi-
cação da estabilidade-flexibilidade das articulações.
Embora várias articulações encaixem-se exclusivamente em uma das principais categori-
as de ambas as classificações, estrutural e estabilidade-flexibilidade, algumas apresentam ca-
racterísticas de mais de uma categoria (Williams et al., 1995). Os seguintes são exemplos de tais
articulações:
1. Uma cavidade articular é uma das principais características das articulações sinoviais.
Entretanto, cavidades parciais podem-se desenvolver em algumas articulações não-
sinoviais como a manubrioesternal e a sínfise do púbise as articulações entre as coste-
las e o esterno.
2. Em algumas articulações sinoviais as superfícies articulares estão separadas ou parci-
almente separadas por discos articulares ou meniscos.
3. A porção anterior de cada articulação sacroilíaca é basicamente sinovial, embora a
porção posterior seja uma sindesmose membranosa (ver Capítulo 6).
Figura 5.14. O espectro estabilidade-flexibilidade.
Sinartroses Anfiartroses Diartroses
Alta Estabilidade
Baixa
Baixa
Flexibilidade Alta
Figura 5.15. A classificação de estabilidade-flexibilidade das articulações.
1. Sinartrose
2. Anfiartrose
3. Diartrose
Sindesmose sutural
Sínfise temporária
Sínfise permanente
Sinovial
Sinostose
Categoria Tipo de joelho
Sindesmose membranosa
Sincondrose permanente
Sincondrose temporária
144 JAMES WATKINS
Conseqüentemente, em termos de estrutura e de função, a amplitude das articulações é gran-
de. Tal amplitude reflete a capacidade do sistema esquelético para adaptação estrutural – a
capacidade de modificar a estrutura das articulações em relação a suas necessidades funcio-
nais.
As articulações são classificadas com base na estabilidade e na flexibilidade em
sinartroses, anfiartroses e diartroses. As sinartroses, como as suturas, são estáveis e
com pouca ou nenhuma flexibilidade. As diartroses (incluindo todas as articulações
sinoviais) são relativamente instáveis e com um grau consideravelmente alto de flexibi-
lidade. As anfiartroses são articulações cujas características de estabilidade e de flexi-
bilidade situam-nas entre os extremos representados pelas sinartroses e diartroses.
Classificação das Articulações Sinoviais
As articulações sinoviais são classificadas de acordo com o tipo de movimento que ali ocorre.
Existem dois tipos de articulações sinoviais:
1. Articulações com movimento limitado, basicamente linear. Nessas articulações as su-
perfícies articulares, que são relativamente achatadas, deslizam entre si. Conseqüente-
mente, são chamadas de articulações deslizantes ou planas. O deslizamento ocorre até
certo ponto em todas as articulações sinoviais, mas em articulações deslizantes ele é o
principal tipo de movimento. As articulações deslizantes incluem as articulações
intercarpal e intertarsal e as junções entre as facetas superior e inferior das vértebras.
2. Articulações com movimentos basicamente angulares. O movimento nessas articula-
ções é normalmente uma combinação de rolagem e deslizamento entre as
superfícies articulares. Existem três grupos: uniaxial, biaxial e multiaxial.
Cada grupo é dividido de acordo com o formato das superfícies articula-
res.
Uniaxial
Nas articulações uniaxiais, o movimento ocorre principalmente em um
único eixo. Há dois tipos de articulações uniaxiais – as trócleas e os pivôs.
Na articulação troclear, uma superfície articular convexa e em forma de
carretel (bicondilar) articula-se com uma superfície de formato reciproca-
mente côncavo. O cotovelo (umeroulnar), as interfalângicas e o tornozelo
são os melhores exemplos das articulações trocleares (Figura 5.16). O sul-
co no carretel impede (ou limita) o movimento lateral. A articulação
tibiofemoral é habitualmente classificada como uma articulação troclear,
mesmo que as superfícies articulares dos côndilos femoral e tibial não se-
jam muito congruentes. Entretanto, na articulação tibiofemoral normal, a
congruência entre as superfícies articulares é consideravelmente aumen-
tada pela presença dos meniscos. Se, para o propósito de comparação, os
meniscos forem considerados como sendo parte da tíbia, os formatos das
superfícies articulares do joelho são similares aos das articulações
interfalângicas.
Em uma articulação pivotal, uma superfície articular cilíndrica roda
em seu eixo longo dentro de um anel formado por osso e tecido fibroso. A
articulação entre a apófise odontóide do áxis e o anel fibro-ósseo formado
pelo arco anterior e pelo ligamento transverso do atlas é uma articulação
tipo pivô (Figura 5.17). A cabeça do rádio é mantida contra o sulco radial
por um ligamento conhecido como ligamento anular (ânulo = anel). Du-
rante a supinação e a pronação do antebraço, a cabeça do rádio roda den-
tro do anel formado pelo ligamento anular e pelo sulco radial.
Figura 5.16. Articulações troclear e condilar; (a)
seção coronal através do cotovelo direito em ex-
tensão; (b) seção sagital através do cotovelo (arti-
culação umeroulnar em extensão); (c) e (d) se-
ções coronal e sagital através das articulações
metacarpofalângica e interfalângica.
Rádio Ulna
dc
ba
Articulação
metacarpofalângica
(condilar)
Articulação
interfalângica
(troclear)
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 145
Biaxial
Nas articulações biaxiais, o movimento ocorre principalmente em dois
eixos, em ângulos retos entre si, habitualmente ântero-posterior (abdução/
adução) e transversal (flexão/extensão). Existem três tipos de articula-
ções biaxiais: condilar, elipsóide e selar. Em uma articulação condilar, uma
superfície condílea convexa articula-se com uma superfície condílea côn-
cava. As articulações metacarpofalângicas são condilares (ver Figura 5.16,
c e d). Em uma articulação elipsóide, como a radiocárpicas, uma superfí-
cie convexa elíptica articula-se com uma superfície côncava elíptica. A su-
perfície articular na extremidade distal do rádio é elíptica, côncava e rasa.
Essa superfície articula-se com as superfícies articulares proximais do
escafóide e do semilunar que, juntos, formam uma superfície articular
elíptica convexa. Os movimentos das articulações metacarpofalângicas e
radiocárpicas são normalmente combinações de flexão, extensão, abdução
e adução. Em uma articulação selar, as superfícies articulares têm o for-
mato de uma sela (Figura 5.18a). Cada superfície articular é convexa em
uma direção e côncava em ângulos retos na direção convexa. O movimen-
to ocorre principalmente em dois planos de ângulos retos entre si. As arti-
culações carpometacárpica do polegar (Figura 5.18b) e calcaneocubóidea
são articulações selares.
Multiaxial
Algumas articulações, como o ombro e o quadril, podem rodar em todos os três eixos de refe-
rência. Conseqüentemente, essas articulações são referidas como multiaxiais. Nesse tipo de
articulação, uma superfície articular muito arredondada, como parte de uma bola, articula-se
com uma concavidade tipo soquete. Devido aos formatos das superfícies articulares, essas
articulações são habitualmente referidas como enartroses. Os melhores exemplos são o ombro
e o quadril (ver Figuras 4.9a e 4.10a). A Figura 5.19 resume a classificação das articulações
sinoviais.
Figura 5.17. Uma típica articulação em pivô: a
articulação radioulnar proximal; (a) aspecto ante-
rior da radioulnar proximal; (b) seção transversal
da articulação radioulnar proximal.
Cabeça do rádio
b
a
Ligamento anular
Ligamento anular
Ulna
258 JAMES WATKINS
Arquitetura e Função do Músculo
Todos os músculos são feitos de fibras musculares, tendo o comprimento
e a orientação das fibras (penadas ou não-penadas) um efeito considerá-
vel sobre a função muscular. As relações fundamentais entre a arquitetura
e a função muscular são que a excursão (a distância que o músculo pode
Relação força-velocidade: a re-
lação entre a velocidade de en-
curtamento ou de estiramento e
a tensão em um músculo
Figura 8.27. O efeito das velocidades de encurtamento e de estiramento sobre a relação comprimento-
tensão no músculo esquelético. A e B mostram contrações excêntricas: a velocidade de alongamento
em A > B; C e D mostram contrações concêntricas: a velocidade de encurtamento em C < D; I mostra a
curva de tensão isométrica.
Comprimento em repouso (%)
Tensão
Figura 8.26. A relação força-velocidade no mús-
culo esquelético.
Força
isométrica (%)
Velocidade de
alongamento
(excêntrica)
Velocidade de
encurtamento
(concêntrica)
, , , ,
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 259
encurtar) e a velocidade de encurtamento são proporcionais ao comprimento da fibra e a força
é proporcional à área transversaltotal fisiológica das fibras musculares (Lieber e Bodine-Fowler,
1993).
Todas as fibras musculares são formadas de sarcômeros similares, e o número de
sarcômeros determina o comprimento de uma fibra muscular. Cada sarcômero em uma fibra
muscular é capaz de encurtamento na mesma medida de todos os outros sarcômeros na fibra
muscular. Conseqüentemente, a excursão da fibra muscular é igual à soma das excursões de
todos os sarcômeros individualmente; quanto maior o número de sarcômeros, mais longa a
fibra muscular e maior a excursão. A excursão e a velocidade de encurtamento estão direta-
mente relacionadas, uma vez que a velocidade de encurtamento é o índice de mudança da
excursão – o índice de mudança no comprimento do músculo. Quanto mais longa a fibra mus-
cular (em termos de número de sarcômeros), maior a sua excursão e a velocidade de encurta-
mento.
Teoricamente, o músculo ideal (em termos de capacidade de força e de excursão) tem
uma grande área transversal e fibras muito longas. Entretanto, tal músculo seria volumoso e
criaria consideráveis problemas de acomodação pelo seu perímetro e áreas de inserção no sis-
tema esquelético. Uma vez que não há músculos com essas duas características, é razoável
pressupor que a arquitetura do sistema muscular evoluiu para fornecer a melhor proporção
entre estrutura e função. Os músculos do corpo representam uma grande variedade de combi-
nações de capacidade de força e de excursão (Lieber, 1992), e não é surpreendente que a maio-
ria dos movimentos do corpo envolva atividade simultânea em vários músculos com cada um
executando um papel específico.
As relações fundamentais entre a arquitetura e a função muscular são que a excursão
(a distância que o músculo pode encurtar) e a velocidade de encurtamento são propor-
cionais ao comprimento da fibra e a força é proporcional à área transversal total das
fibras musculares.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. 
Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. 
 
Dica do professor
No vídeo desta Unidade de Aprendizagem serão definidas e conceituadas as articulações conforme 
a estrutura e a estabilidade/flexibilidade. Será listada cada estrutura que forma uma articulação e 
definidas a sua estrutura e funções. Por fim, será abordado o conceito dos planos e dos eixos de 
movimento.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/8d165beb4dc9a8c253e83f291f33e5cd
Exercícios
1) Das afirmações abaixo, quais estão corretas? I - Podemos classificar as articulações quanto à 
sua estrutura em: fibrosas, cartilaginosas e sinoviais. 
II - Sincondrose é uma subdivisão das articulações cartilaginosas que mescla fibrocartilagem 
e cartilagem hialina em sua composição. 
III - A diartrose é uma articulação com alta estabilidade e baixa flexibilidade. 
A) Somente a afirmação I.
B) Somente a afirmação II.
C) Somente a afirmação III.
D) As afirmações II e III.
E) Nenhuma das afirmações está correta.
2) Todos os músculos são feitos de fibras musculares, tendo o comprimento e a orientação das 
fibras um efeito considerável sobre a função muscular. Sendo assim, é muito importante que 
o fisioterapeuta entenda as relações fundamentais entre a arquitetura e a função muscular 
que impactam diretamente a função muscular. 
Nesse sentido, qual é a relação entre a excursão de uma fibra muscular e a velocidade de 
encurtamento?
A) A excursão e a velocidade de encurtamento não estão relacionadas. 
B) A excursão é inversamente proporcional à velocidade de encurtamento. 
C) A excursão é diretamente proporcional à velocidade de encurtamento.
D) A excursão afeta a velocidade de encurtamento, mas não diretamente. 
E) A velocidade de encurtamento não depende da excursão.
3) O _____________ é um tecido fibroso denso que conecta músculos a ossos. Podemos destacar 
como funções primárias desse tecido: a conexão entre músculos e ossos, a propriocepção e a 
transmissão da força muscular aos ossos. 
A) Ligamento.
B) Tendão.
C) Cartilagem.
D) Ossos.
E) Músculo.
4) Dentre as alternativas abaixo, escolha aquela que representa duas importantes funções dos 
ossos. 
A) Movimento articular com fricção mínima e estabilidade articular.
B) Hematopoiese e propriocepção.
C) Reserva de cálcio e proteção a órgãos.
D) Mobilidade articular e prevenção de movimento excessivo.
E) Trasmitir a força do músculo e dar sustentação/forma ao corpo.
5) De acordo com os conceitos de plano de movimento e eixo de movimento, quais afirmações 
abaixo estão corretas? I - O plano transversal divide o corpo em lado direito e lado esquerdo. 
II - Os planos de movimento são uma divisão imaginária do nosso corpo e servem como 
referência para o movimento, enquanto os eixos de movimento permitem o movimento em 
determinado plano. 
III - Os eixos de movimento são: vertical, transversal e ântero-posterior. 
A) Somente a afirmação II.
B) Afirmações I e II.
C) Afirmações I e III.
D) Afirmações II e III.
E) Nenhuma das afirmações está correta.
Na prática
Imagine que você é um fisioterapeuta e deve ter em mente que é fundamental, dentro da prática 
clínica, dominar e identificar as estruturas que formam uma articulação, pois as articulações são o 
ponto de partida para o trabalho de qualquer fisioterapeuta. 
Você conhece a estrutura de cada um desses tecidos? E suas funções?
É de suma importância conhecer essas estruturas e identificar suas principais funções, para assim 
compreender de forma mais aprofundada as questões pertinentes a cada um desses tecidos e 
poder trabalhar de forma mais apropriada na sua recuperação.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Comportamento biomecânico e resposta dos tecidos biológicos 
ao estresse e à imobilização
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Human Skeleton - Muscles
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Tecido Cartilaginoso
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Tendons vs. Ligaments - What's the Difference?
http://www2.pucpr.br/reol/index.php/rfm?dd99=pdf&dd1=540
https://www.youtube.com/watch?v=aXdkzwJITsc
https://www.youtube.com/watch?v=ww0e4BRtaTw
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://www.youtube.com/watch?v=PdJ5QDkqG2g

Mais conteúdos dessa disciplina