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www.princexml.com Prince - Personal Edition This document was created with Prince, a great way of getting web content onto paper. Suplementação Nutricional na Prát- ica Clínica e Esportiva Entenda os conceitos da suplementação es- portiva e bioquímica no esporte Aurélio Tofani 2ª Edição 2013 EXPEDIENTE Produção editorial e Revisão final Adelson Marques Canudo Capa e Produção gráfica Washington da Silva Pacheco Edição ortográfica e textual – 1ª edição Éverton Oliveira Edição ortográfica e textual – 2ª edição Adelson Marques Canudo Coordenação de projeto para mí- dia digital Rafael da Silva Carrasco Coordenação geral Adelson Marques Canudo Luiz Eduardo Ferreira Fontes Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro eletrônico poderá ser reproduzida total ou parcialmente sem autor- ização prévia da A.S. Sistemas. Suplementação Nutricional na Prática Clínica e Esportiva – En- tenda os conceitos da suple- mentação esportiva e bioquímica no esporte 1ª Edição ISBN nº: 978-85-65880-14-5 2ª Edição ISBN nº 978-85-65880-20-6 Aurélio Tofani CRN: 3740 A.S. Sistemas Rua Professor Carlos Schlottfeld, casa 10 – Clélia Bernardes – Viçosa – MG – CEP 36570-000 Tel.: (31) 3892 7700 site: www.assistemas.com.br http://www.assistemas.com.br/ Sumário Módulo 1 1 Os tipos físicos e os efeitos do exercício Módulo 2 2 Os tipos de fibras musculares Módulo 3 3 Tipos de fibras musculares predominantes Módulo 4 4 Aminoácidos e L-arginina 5 BCAA, carnitina e creatina 6 Cisteína, L-glutamina e HMB, L-lisina, S-adenosilmetionina e L-taurina 7 L-triptofano, whey protein e maltodextrina 8 Suplementos e suas características Módulo 5 9 Sistema nervoso e hormonal 10 Modulação hormonal na atividade física Módulo 6 11 Metabolismo das plantas 12 Fitoterapia e esporte Módulo 7 13 Tipos de terapias de reposição hormonal 14 Overtraining 15 Exercício exaustivo e a tríade da mulher atleta 16 Imunologia na atividade física 17 O exercício físico e os aspectos psicobiológicos 18 Referências Bibliográficas 19 Glossário OEBPS/Text/../Text/part5.xhtml#navId2 OEBPS/Text/../Text/part6.xhtml#navId3 OEBPS/Text/../Text/part7.xhtml#navId4 OEBPS/Text/../Text/part8.xhtml#navId5 OEBPS/Text/../Text/part9.xhtml#navId6 OEBPS/Text/../Text/part10.xhtml#navId7 OEBPS/Text/../Text/part11.xhtml#navId8 OEBPS/Text/../Text/part12.xhtml#navId9 OEBPS/Text/../Text/part13.xhtml#navId10 OEBPS/Text/../Text/part14.xhtml#navId11 OEBPS/Text/../Text/part14.xhtml#navId11 OEBPS/Text/../Text/part15.xhtml#navId12 OEBPS/Text/../Text/part16.xhtml#navId13 OEBPS/Text/../Text/part17.xhtml#navId14 OEBPS/Text/../Text/part18.xhtml#navId15 OEBPS/Text/../Text/part19.xhtml#navId16 OEBPS/Text/../Text/part20.xhtml#navId17 OEBPS/Text/../Text/part21.xhtml#navId18 OEBPS/Text/../Text/part22.xhtml#navId19 OEBPS/Text/../Text/part23.xhtml#navId20 OEBPS/Text/../Text/part24.xhtml#navId21 OEBPS/Text/../Text/part25.xhtml#navId22 OEBPS/Text/../Text/part26.xhtml#navId23 OEBPS/Text/../Text/part27.xhtml#navId24 OEBPS/Text/../Text/part28.xhtml#navId25 OEBPS/Text/../Text/part29.xhtml#navId26 OEBPS/Text/../Text/part30.xhtml#navId27 APRESENTAÇÃO A relação da alimentação com o bem-estar físico e o pleno desenvolvimento mental e emocional já é conhecida desde a antiguid- ade. Nos séculos XVIII e XIX, os estudos sobre o corpo humano eram realizados por físicos e químicos. Os processos de combustão de ali- mentos e respiração celular começaram a ser desvendados em 1770, por Lavoisier. Essa correlação foi essencial para trazer, ao mundo científico da época, o tema da alimentação. No período de 1857 a 1890, Pasteur contribuiu para afirmar a necessidade do estudo dos alimen- tos de forma mais abrangente. Em 1919, Benedict constatou que, à medida que as pessoas sobrevivem com pouco alimento, seus processos fisiológicos modificam-se de tal modo a conservar apenas a energia básica para a sobrevida. Com o avanço das pesquisas, a tendência dos estudos foi se es- pecificando cada vez mais; se, no início, estudava-se, principalmente, o metabolismo dos macronutrientes de uma forma generalizada, com o passar dos anos, os estudos tornaram-se mais minuciosos, surgindo, então, os conceitos sobre tipos de lipídeos, carboidratos, aminoácidos e micronutrientes. Atualmente, as pesquisas vêm se aprofundando cada vez mais e novos produtos se tornam disponíveis no trabalho do orientador nu- tricional para a atividade física, adequando-se a nutrição e a suple- mentação às necessidades do atleta e do esportista, conforme a ativid- ade física, a fibra muscular predominante, o horário a se administrar o alimento e o suplemento nutricional. As suplementações esportivas são utilizadas não somente para a prática da atividade física, mas também na prevenção e na minimiz- ação de algumas doenças que serão correlacionadas com a indevida suplementação. Acompanhe, ao longo deste e-book, um grande apanhado sobre o poder da suplementação na qualidade da prática esportiva. Aurélio Tofani 7/206 Módulo 1 Introdução 1 Os tipos físicos e os efeitos do exercício Vários estudos demonstram que exercícios podem induzir modificações estruturais na célula muscular. Ruptura nas linhas Z, ruptura do sarcolema e do tecido conectivo induzidas pelas tensões geradas durante exercícios são verificadas em microscopia ótica e eletrônica (HORTOBA?GYI et al., 1998; NOSAKA & NEWTON, 2002; PEAKE et al., 2005). Esse tipo de fenômeno é mais facilmente obser- vado quando da prática de exercícios excêntricos, porém, sem descar- tar o aparecimento em exercícios concêntricos ou mistos (LEE et al., 2002; NOSAKA & NEWTON, 2002; NOSAKA et al., 2002; LIU et al., 2005). Postula-se que alterações metabólicas e a própria agressão física sejam responsáveis pela descontinuidade na manutenção da ul- traestrutura da fibra muscular (BEATON et al., 2002; WILLOUGHBY et al., 2003). Como descrito, as microlesões são uma resposta adaptativa normal e o organismo responde de forma imediata a essa agressão. Contudo, caso haja uma repetição de estresse muscular, essas lesões podem incapacitar o sujeito, levando este, a necessidade de auxílio terapêutico a fim de otimizar o processo de recuperação (SOLOMON e BOULOUX, 2006; MACHADO, 2007). Paralelamente aos estudos utilizando-se da microscopia ou eletroforese de proteínas, verifica-se que essas rupturas são acompan- hadas por alterações nas concentrações séricas e plasmáticas de diver- sas proteínas intracelulares, sendo que algumas marcadamente encon- tradas no músculo esquelético (Sayers et al., 2000). A creatina cinase (CK), o lactato desidrogenase (LDH), a mioglobina, a troponina I, o aspartato aminotranferase (AST), a alanina aminotranferase (ALT) além de fragmentos de miosina, invariavelmente tem seu pool extrace- lular aumentados após a execução de exercícios, verificando indireta- mente a existência da injuria muscular. Desse modo, essas proteínas podem ser chamadas de marcadores de lesão muscular (SAYERS et al., 2000; ANTUNES NETO et al., 2007). Entre esses marcadores a CK é a mais utilizada por ser de uso clínico corrente e com dosagem tecnicamente fácil, além de ser encontrada fartamente em tecido mus- cular. O pool de CK aumenta de 4 a 6h após a injuria, alcançando o pico de 48 a 72h após (MOUGIOS, 2007; ANTUNES NETO et al., 2007). Treinadores e médicos do esporte têm utilizado a con- centração sérica de CK em seus atletas como dado relevante para acompanhamento deles. Essas dosagens continuam sendo utilizadas inclusive como recurso de diagnóstico de sobretreinamento (MAGAUDDA et al., 2004; BRANCACCIO et al., 2007). Em estudo re- cente, Mougios (2007) propõe que os valores de referência para atletas seja diferente dos usados na população em geral. A fim de se avaliar o modelo morfométrico dos atletas de alto rendimento, recomenda-se à orientação, pelas várias características morfológicas: dimensão total, proporções corporais, composição cor- poral, constituição, massa específica do corpo, porte e outras referên- cias. As dimensões totais são caracterizadaspelas constantes antro- pométricas: altura e massa, superfície corpórea absoluta e relativa, e volume do corpo. O somatótipo tem sido usado para descrever o tipo corporal, as patologias mais suscetíveis e sua relação com as várias modalidades desportivas (ANJOS et al., 2003). A técnica de somato- tipia permite a classificação do sujeito de acordo com a proporcional- idade dos diferentes tipos de tecido. Classifica-se o sujeito como Meso- morfo, Ectomorfo ou Endomorfo, com classificações intermediárias quando não se consegue medir predominâncias entre os três tipos. Em atletas, encontramos a predominância de somatotipia mesomórfica pela massa muscular mais avantajada destes. A exigência física imposta aos atletas, em grande parte das modalidades esport- ivas, seja no treinamento ou na competição, exigem uma massa 10/206 muscular maior do que indivíduos sedentários ou ativos não atletas (MARINS e GIANNICHI, 2003). Sendo assim, é de se esperar que haja uma correlação positiva entre a característica mesomórfica e a con- centração sérica de CK. O conhecimento mais preciso da resposta fisiológica do treina- mento, somado a uma melhor interpretação de diferentes instru- mentos de medida usados na avaliação do atleta, é relevante para os profissionais do esporte. O presente estudo objetiva verificar a correl- ação entre as características antropométricas e as microlesões induzi- das pelo exercício em atletas durante o treinamento. No ponto de vista genético, existem três tipos físicos difer- entes, que variam entre cada indivíduo, que pode, inclusive, ter carac- terísticas de mais de um tipo, mas que sempre terá uma aproximação maior a um deles. Os tipos físicos existentes são: • Ectomorfo – indivíduo com características predominante- mente magras; estrutura delgada; massa muscular magra; tem dificuldade em aumentar de peso; metabolismo rápido; ombros estreitos. Os tipos de treinos indicados são: curto e intenso; deve concentrar-se em grandes grupos musculares; deve comer antes de dormir, para impedir o catabolismo muscular (Figura 1). 11/206 Figura 1 – Tipo físico ectomorfo • Endomorfo – indivíduo que possui uma predisposição a ter uma maior acúmulo de gorduras; corpo do tipo mole e arredondado; tipicamente baixo e “encorpado; ganha mús- culo com facilidade; ganha gordura com muita facilidade; tem dificuldades em perder gordura; metabolismo lento; ombros largos. Deve fazer sempre treinos de cardio e com pesos, além de controlar o consumo de gordura (Figura 2). Figura 2 – Tipo físico endomorfo 12/206 • Mesomorfo – indivíduo que possui características genétic- as com predominância na sua musculatura, ou seja, possui a facilidade de obter melhores resultados relacionados à massa muscular, como, por exemplo, os halterofilistas. Tem tipo atlético; corpo duro, músculos definidos; naturalmente forte; ganha músculo com facilidade; engorda com mais fa- cilidades que os ectomorfos; apresenta ombros largo. Os ti- pos de treinos indicados são: cardio e musculação; tem mel- hores resultados com treinos com peso. Deve controlar o consumo de calorias (Figura 3). Figura 3 – Tipo físico mesomorfo Em relação aos efeitos benéficos que os exercícios físicos po- dem trazer para a saúde de um indivíduo, podemos relacionar os seguintes: • Melhoria do perfil metabólico e energético; • Redução da inflamação; • Melhora a ação da insulina; • Melhora da disposição geral; 13/206 • Aumento da analgesia e diminuição da dor. Acompanhe, a seguir (Tabela 1), alguns exemplos de ativid- ades físicas e os seus respectivos benefícios ao indivíduo obtidos ao praticá-las. Tipo de atividade Resultado A atividade resistida é mais efi- ciente na perda de peso do obeso, beneficiando o indivíduo: • na diminuição da HAS; • aumentando a função endotelial; • diminuindo a resposta do sis- tema nervoso autônomo; • atuando como antioxidante; • atuando como anti-isquêmico; • na melhora da perfusão san- guínea; e • melhorando o sistema imunológico. O exercício resistido: • diminui a glicemia; • aumenta o HDL; • diminui o triglicérides; e 14/206 • diminui a hemoglobina glicada. O exercício resistido funciona como: • musculação com pouco uso demitocôndrias. A atividade física libera en- dorfina, cuja ação é: • antidepressiva; • analgésica; • ansiolítica; • melhora da função cognitiva; • melhora da perfusão san- guínea; e • melhora da inteligência espacial. A atividade física: • é neuroprotetora; • atua como antioxidante do SNC; • diminui o armazenamento de gordura; • melhora a massa óssea; e • melhora a massa muscular. 15/206 Na atividade anaeróbia (resistida): • aumenta-se a massa magra; • aumenta-se a massa óssea; • aumenta-se a massa muscular. Na atividade aeróbia: • melhora-se a resistência vascu- lar; e • queima-se gordura durante os 90 minutos pós-atividade física. A atividade aeróbia intensa: • diminui o estresse; • aumenta a luz vascular; • aumenta a perfusão cerebral; • aumenta a memória; e • aumenta a testosterona. O excesso de atividade aeróbia: • aumenta os radicais livres. O exercício resistido após o exer- cício aeróbio: • aumenta a biogênesemitocondrial; • diminui a fadiga láctica; e 16/206 • melhora a recuperação aeróbia. O exercício aeróbio melhora a massa muscular, pois: • aumenta a biogênesemitocondrial; • aumenta a biossíntese muscu- lar; e • diminui a fadiga muscular. O exercício aeróbio com baixa intensidade: • queima ácidos graxos e queimagordura. O exercício aeróbio com alta intensidade: • queima energia. A atividade endurance: • é uma atividade aeróbia que es- timula a produção de mitocôndrias. A musculação: • queima gordura até 48 horas pós-atividade física. Tabela 1 – Tipos de atividades e seus benefícios Além do mais, a prática da atividade física melhora a resposta do sistema nervoso autônomo, é antioxidante, anti-isquêmico, mel- hora o sistema imune e o sistema endotelial, sendo que também libera endorfinas, desempenhando ação antidepressiva, analgésica, ansiolít- ica, melhora a função cognitiva e a inteligência espacial. 17/206 A atividade física é importante por ser neuroprotetora, di- minuindo o armazenamento de gordura, aumentando a massa óssea e a massa muscular. A atividade anaeróbica ou resistida (musculação, por exem- plo), de modo geral, aumenta a massa muscular e a massa óssea, en- quanto que a atividade aeróbica ou endurance (corrida), melhora a resistência vascular. Bioquimicamente, o exercício resistido pós-aeróbico aumenta a biogênese mitocondrial, diminui a fadiga láctica, melhora a estimu- lação de esqueletos de carbono e de mTOR. A biogênese mitocondrial melhora a biossíntese e diminui a fadiga muscular. A melhora da biossíntese muscular, culmina com o aumento do glicogênio muscular e hepático, melhorando o rendi- mento e a recuperação do atleta. O exercício físico tem efeito importante no controle do dia- betes. De um modo geral, nas pessoas com diabetes e glicemias abaixo de 300mg%, o exercício diminui imediatamente a taxa de glicose e melhora o controle do diabetes a longo prazo. Porém, em caso de hiperglicemia importante (maior que 300mg%) a atividade física pode aumentar a glicemia e deve ser evitada, principalmente nas pessoas com diabetes mellitus tipo I. E se tiver hipoglicemia durante o exercício? Pare a atividade física imediatamente e coma um alimento doce ou tome um líquido adoçado com açúcar. Por isso é importante comer algo antes da atividade física. Caso já tenha se alimentado antes do exercício, não é necessário fazê-lo novamente. Se a atividade física for muito longa, durando horas, coma um lanche leve (quatro a seis bolachas salgadas, uma fruta grande, ou um copo de leite ou um suco de frutas), no meio da sessão de exercícios. 18/206 Uma das atividades físicas mais indicadas para o indivíduo obeso é a associação da musculação com a atividade aeróbica. Essa as- sociação de atividades físicas, permite a ativação da glicólise, asso- ciada com a ação anti-inflamatória, melhorando a atividade mitocon-drial, a secreção de testosterona, o ganho de massa magra e a ad- equação do metabolismo. Complementando o raciocínio! O aumento de gordura é o “im- posto” que se paga por gerenciar de forma irresponsável as tarefas no dia a dia. Quer modular o metabolismo, controlar a gordura corporal ou, como dizem no popular, ter um abdômen “chapado”? Comece com uma boa noite de sono e repita isso para o resto da sua vida. 19/206 Módulo 2 O perfil das fibras mus- culares na atividade esportiva 2 Os tipos de fibras musculares Os músculos e seus respectivos neurônios motores estão dis- tribuídos em unidades funcionais chamadas unidades motoras, com- postas pelo motoneurônio alfa e pelas fibras por ele enervadas. Cerca de 40% da nossa composição corporal é formada pelo músculo esquelético, e quase 10% é formado pelo músculo liso e cardíaco. Quando estimulada, a unidade motora responde com con- tração máxima e a contração do músculo esquelético resulta da mobil- ização combinada de várias unidades motoras. A região de uma miofibrila, é chamada de sarcômero, situada entre duas linhas Z consecutivas (Figura 4). Figura 4 – Organização da fibra muscular As miofibrilas do interior da fibra muscular é chamada de sar- coplasma, sendo ricas em potássio e magnésio, fosfato e enzimas proteicas. As miofibrilas também são fontes de mitocôndrias, respon- sáveis pela produção de ATP. O processo de contração muscular ocorre segundo as seguintes etapas: um potencial de ação percorre o axônio motor até as suas terminações nas fibras musculares, sendo que, em cada termin- ação, existe a secreção de uma pequena quantidade de substância neurotransmissoras chamada acetilcolina, localizada na membrana da fibra muscular, abrindo canais proteicos de acetilcolina dependentes, permitindo grande influxo de íons sódio, produzindo o potencial de ação na fibra muscular, despolarizando a membrana da fibra muscu- lar, estimulando a liberação de íons cálcio pelo retículo endoplas- mático, gerando o processo contrátil. A força de um músculo é determinada pelo seu tamanho e pela concentração de testosterona. A força de contenção do músculo é cerca de 40% maior que a força contrátil, ou seja, se o músculo estiver contraído e uma força tende a distendê-lo como um pouso após um salto, isto requer 40% mais força do que a que pode ser conseguida por contração por encurtamento. A potência muscular é diferente da força muscular, visto que esta é controlada pela força da contração e a sua distância. A medida final de desempenho muscular é a resistência, dependente do aporte nutricional e do glicogênio armazenado no período anterior ao treino. As unidades motoras são classificadas de acordo com as carac- terísticas das fibras que as compõem, sendo classificadas como fibras de contração lenta e fibras de contração rápida (Figura 5). 22/206 Figura 5 – Características das fibras musculares As fibras de contração lenta, também conhecidas como fibras tipo I ou fibras lentas oxidativas, apresentam uma concentração re- lativamente alta de mioglobina, sendo, por esse motivo, vermelhas. Além disso, possuem alta capacidade oxidativa, evidenciada por uma elevada densidade de membranas mitocondriais, e mitocôndrias com um nível maior de atividade pelas suas concentrações elevadas de en- zimas do Ciclo de Krebs, betaoxidação e da cadeia de transporte de elétrons. Essas fibras são resistentes à fadiga, mas não geram grandes níveis de tensão. Por esse grande potencial de utilização de oxigênio para o seu metabolismo, tais fibras são primariamente mobilizadas em atividades de longa duração, ou seja, de minutos a horas. 23/206 Além dos carboidratos e do glicogênio, os músculos utilizam como nutrientes os ácidos graxos, ácido acetoacético e os aminoácidos. Nem toda energia dos carboidratos provém do glicogênio muscular armazenado. É importante frisar que, nos primeiros segundos ou minutos, a energia provém dos carboidratos, enquanto que durante a exaustão do exercício físico, utiliza-se as gorduras como fonte de energia, em torno de 60 a 85%. Quanto a importância do treinamento na atividade de res- istência sobre os músculos e o desempenho muscular, o músculo que funciona sem qualquer sobrecarga, mesmo durante horas, pouco aumenta a sua força. Por outro lado, os músculos que se contraem com a sua força máxima, desenvolverão a força muito mais rapidamente, até mesmo quando as contrações forem realçadas poucas vezes ao dia, levando á hipertrofia muscular, sendo que a hipertrofia é determinada pela hereditariedade e a produção hormonal. As alterações que ocorrem nas fibras musculares são o aumento das miofibrilas, aumento das enzimas mitocondriais, do glicogênio armazenado, aumento de ATP e fosfocreatina. As fibras tipo IIa apresentam características mistas. Sua den- sidade de mitocôndria e concentração de mioglobinas e enzimas oxid- ativas são moderadas, apresentando coloração rosa devido à menor concentração de mioglobina do que as fibras tipo I, produzindo um nível de tensão maior do que as fibras do tipo I, sendo mais resistentes à fadiga do que as do tipo IIb, essencialmente glicolíticas. As fibras do tipo IIa são mobilizadas quando há necessidade de graus médios de contração por um tempo não muito prolongado, mas também não muito curto, em torno de alguns minutos. 24/206 As fibras de contração rápida dividem-se em dois subgrupos: • as rápidas oxidativas glicolíticas ou fibras IIa; e • as fibras rápidas glicolíticas ou fibras IIb. Tanto as fibras do tipo IIa quanto as do tipo IIb, têm menor concentração de moléculas e enzimas oxidativas, apresentando-se na cor branca, tendo baixa capacidade de utilização de oxigênio para manter as suas funções. Estudos mostram que, em relação ao tipo de fibra muscular e o desempenho no exercício, o tipo de fibra muscular predominante es- ta relacionado com o tipo de atividade física no qual o atleta se destaca. Por exemplo: os atletas de elite que praticam modalidades de longa duração, como corredores de fundo, ciclistas e nadadores tem predomínio de fibras tipo I em sua musculatura, enquanto que atletas de modalidade de força e potência como as corridas de velocidade ap- resentam predomínio de fibras tipo IIa e IIb. Produzem uma contração muito rápida e poderosa, são pouco resistentes à fadiga, costumam ser solicitadas em atividades que requerem muita tensão muscular em um curto período de tempo, vari- ando de segundos a minutos. Há evidências de que as características desses tipos de fibras musculares sejam resultantes da velocidade de condução dos mo- toneurônios que as enervam. Você sabia? Os quenianos e africanos sempre se destacam nas maratonas porque apresentam mais fibras 25/206 glicolíticas, fibras brancas, que caracterizam explosão muscular. Na tabela a seguir (Tabela 2), veja uma comparação das fibras oxidativas e das fibras brancas: Características das fibras musculares Fibra oxidativa Fibras brancas As fibras oxidativas apresentam como principais características: • fibras vermelhas; • alta resistência; • aumento do Ciclo de Krebs. As fibras brancas apresentam como principais características: • baixa capacidade de utilização de oxigênio para a manutenção das suas funções; • contração rápida e vigorosa; • são pouco resistentes à fadiga. Tabela 2 – Comparação dos tipos de fibras musculares Nos exercícios com duração aproximada de 10 segundos, o principal substrato utilizado vem do sistema creatina fosfato (ATP- CP). Nos exercícios intensos com duração superior a 10 segundos, a produção ATP passa a depender também do sistema glicolítico. Em geral, o exercício intenso com aproximadamente 60 segundos utiliza a produção de energia a partir das vias anaeróbia e aeróbia (70% e 30% respectivamente). Em exercícios mais prolongados, com duração su- perior a 10 minutos, a energia predominante provém do metabolismo aeróbio, especialmente a partir do consumo dos ácidos graxos e, em menor escala, de proteínas em torno de 5% do total (FRY et al., 1995). 26/206 O lactatogerado a partir do metabolismo glicolítico, repres- enta uma molécula de tamponamento aos íons hidrogênio (H+), form- ados durante o processo de degradação dos substratos, passando de lactato a ácido lático. Contudo, quando essa capacidade tamponante é reduzida, ocorre um acúmulo de íons H+ na célula muscular com re- dução no pH (GASTMANN et al., 1998). Como consequência, tem-se: • redução da transição das pontes cruzadas do estado de baixa para alta força; • inibição da velocidade máxima de encurtamento; • inibição da ATPase miofibrilar; • inibição da razão glicolítica; • redução na ativação das pontes cruzadas por competitivid- ade, inibindo a ligação do Ca+2 com a troponina C (PRESTES et al., 2006a) e redução da recaptação de Ca+2 pela inibição da ATPase sarcoplasmática (levando a sub- sequente redução na liberação de Ca+2) (GLADDEN, 2004). Essas respostas promovem um declínio na capacidade de ger- ação de força máxima do músculo. Quando a molécula do ácido lático ultrapassa a membrana do músculo esquelético, este é conduzido por meio de transportadores monocarboxílicos (MCTs) para a corrente sanguínea. Assim, a determ- inação do lactato tem sido utilizada para monitorar a intensidade do exercício e, consequentemente, o estresse gerado (MUTCH e BANISTEER, 1983). Nesse sentido, pode-se observar uma relação lin- ear entre a intensidade do esforço produzido e a concentração do lac- tato sanguíneo (CAIRNS, 2006). 27/206 O aumento no consumo de oxigênio pelo músculo durante a prática do exercício físico, principalmente com o predomínio da via aeróbia, gera a formação de radicais livres constituídos de espécies reativas de oxigênio (ROS) e espécies reativas de nitrogênio (NOS). Essas moléculas atuam promovendo a quebra de lipídeos da mem- brana (peroxidação lipídicas); quebra do DNA, enzimas e receptores proteicos (LEEUWENBURGH e HEINECKE, 2001). Em resposta, são ativados os mecanismos de defesa (enzimas antioxidantes e enzimas não oxidantes) e de reparo que são as enzimas de choque, tendo asso- ciação entre a resposta da atividade enzimática, conteúdo proteico e expressão gênica das enzimas antioxidantes catalase, glutationa perox- idade e redutase, superoxide dismutase (manganês, cobre e zinco), das enzimas de choque térmico e o estresse gerado pelo exercício físico (LEEUWENBURGH et al., 1994; POWERS et al., 1994). Os dados indicam que o exercício agudo realizado por pessoas destreinadas aumenta o estresse oxidativo. No entanto, a prática regu- lar de exercício pode contrapor este efeito aumentando a atividade de enzimas antioxidantes e reduzindo a produção de oxidantes (LEEUWENBURGH e HEINECKE, 2001). Os íons amônio, gerados a partir da incapacidade do músculo em refosforilar adenosina difosfato ADPem ATP, representam um fat- or limitante na prática do exercício, por modificarem a atividade neur- omuscular, podendo contribuir para a fadiga muscular conhecida como fadiga periférica (CAIRNS, 2006). Além disso, a amônia pode atingir o cérebro e causar efeito supressor sobre a função do sistema nervoso central (fadiga central), tendo como consequência, a diminu- ição no recrutamento de unidades motoras (MUTCH e BANISTEER, 1983). A formação da amônia ocorre pelo ciclo nucleotídeo adenina (ADP ? adenosina monofosfato - P + água-H2O ? inosina monofosfato - IMP + amônia-NH3). 28/206 Este ciclo é ativo também no cérebro e em outros órgãos (URHAUSEN e KINDERMANN, 1992). A partir deste processo, ocorre elevação nos níveis de amônia sanguínea (HARRIS E DUDLEY, 1989), sendo que, a taxa e período de acúmulo de amônia, dependem do tipo de exercício e de sua duração (ITOH e OHKUWA, 1990). Urhausen e Kindermann (1992) investigaram o efeito da prát- ica de exercícios de endurance em cicloergômetro nas intensidades moderada a alta, em atletas jovens; observou-se que, com o aumento da intensidade e duração do exercício, a produção de amônia pelo músculo esquelético também aumentava devido à incapacidade mus- cular de refosforilar ADP, ocorrendo redução no recrutamento de unidades motoras. Bangsbo et al. (1996), observaram que, durante a execução de exercícios intermitentes para braços e pernas em homens jovens e ativos, nas intensidades média e alta, ocorreu-se o aumento na concentração de amônia muscular liberada para o sangue. No des- canso, as concentrações de amônia no sangue arterial foram reduzi- das, retornando ao músculo, possivelmente sendo utilizada para a formação de ureia e sendo excretada. Além do estresse metabólico promovido pelo exercício físico, as ações musculares como contração e relaxamento, podem induzir ao estresse mecânico ao ponto de danificar o tecido muscular (LIEBER et al., 2002). A concentração sanguínea da enzima CK tem sido utilizada como indicador de estresse fisiológico induzido por estresse mecânico. (MUJIKA et al., 2004). Essa enzima está presente no músculo e eleva- se na corrente sanguínea por alteração da permeabilidade da mem- brana do tecido muscular, sendo considerada indicador de proteólise muscular relacionado com a intensidade e duração do exercício (NOAKES, 1987). Clarkson e Hubal (2002) compararam dois modelos de ex- ecução de ações excêntricas, a corrida em plano declinado e o treina- mento de força. A concentração sérica de CK não apresentou alteração 29/206 significativa quando os indivíduos foram submetidos à corrida no pla- no declinado. Entretanto, aumentos significativos foram encontrados no terceiro, quarto e quinto dia após o treinamento de força com ações excêntricas. Nesta linha, Mayhew et al. (2005) desenvolveram dois proto- colos de treinamento para indivíduos praticantes de treinamento de força. Os dois foram realizados no leg-press consistindo em 10 séries de 10 repetições a 65% de 1 RM (repetição máxima). Um grupo real- izava o protocolo com intervalo entre as séries de 1 minuto e o outro grupo realizou o intervalo de 3 minutos. Para o grupo com intervalo de 1 minuto, a concentração sérica de CK antes da sessão de treinamento, obteve média inferior a 200U/L, aumentando 24 horas após o término da sessão de treinamento (média superior a 350U/L). Diferentemente, o grupo que treinou com intervalo de 3 minutos não apresentou difer- ença significativa entre os tempos antes e após a sessão de treina- mento, sugerindo que o dano muscular pode ser influenciado pelo tempo de intervalo entre as séries. Kokalas et al. (2004) estudaram remadores submetidos a pro- tocolos de exercício de endurance, intervalado e de força (85 a 90% de 1 RM), no período de sete dias. Foram realizadas coletas sanguíneas 1 hora antes do exercício, imediatamente após e 4 horas após o término. Foi observado que, após 4 horas, nos protocolos de endurance e de força, os valores de CK aumentaram em 20 e 29%, respectivamente, comparados ao dia de repouso. Mujika et al. (2004) observaram que quando nadadores jovens foram submetidos durante quatro semanas de treinamento com intensidade reduzida, a concentração sanguínea de CK reduziu em 70% após o exercício. Essa enzima é citoplasmática e não tem a capacidade de atravessar a barreira da membrana sarco- plasmática (CLARKSON e HUBAL, 2002). Portanto, se sua con- centração sérica estiver aumentada, tem-se um indicativo que houve dano na membrana muscular. 30/206 Módulo 3 Otimização da suple- mentação conforme as fibras musculares predominantes 3 Tipos de fibras musculares predominantes Em relação ao tipo de fibra muscular e o desempenho no exer- cício, estudos mostram que o tipo de fibra muscular predominante es- tá relacionado com o tipo de atividade física no qual o atleta se destaca. Os atletas de elite que praticam modalidades de longa dur- ação, por exemplo, como corredores de fundo, ciclistas e nadadores, têm predomínio de fibras tipo I em sua musculatura, enquanto que at- letas de modalidade de força e potência, como é o caso das corridas de velocidade, apresentam predomínio de fibras tipo IIa e IIb. Quanto ao metabolismo do músculo esquelético, a atividade muscular envolve a mobilização de substratos paraa transferência de energia que, em seguida, move os mecanismos de contração (catabol- ismo), presente durante o exercício. Vale ressaltar que a atividade aumentada durante o exercício exige, progressivamente, mais compos- tos energéticos, como a ATP (adenosina trifosfato, molécula universal condutora de alta energia, fabricada em todas as células vivas como um modo de capturar e armazenar energia), para a realização da con- tração muscular. As fontes para a produção de ATP são os substratos energéti- cos, entre os quais se incluem glicose, ácidos graxos livres e, em última instância, as proteínas. O metabolismo celular ocorre através de três vias: • Pelo sistema ATP-CP; • Pela glicólise sem a necessidade de oxigênio (vias anaeróbi- as); ou • Pelas reações ocorridas no interior da mitocôndria com a presença de oxigênio (vias aeróbias). O sistema ATP-CP envolve um composto de trifosfato de ad- enosina (ATP) mais a creatina fosfato (CP). Em razão de o ATP e a creatina estarem ligados ao fosfato, esse sistema é denominado sis- tema fosfagênico, e representa uma reserva de energia potencial presente no músculo para pronta utilização. Ao ser desintegrado, esse composto libera energia que será utilizada para a contração muscular e também para a ressíntese de ATP, tendo, como produto final, a creatina e o fosfato inorgânico, util- izado para a ressíntese de ATP. A desintegração e a formação de ATP-CP depende da ação das enzimas creatina quinase e a adenilato quinase. Durante a contração muscular, a desintegração do ATP leva a um aumento da disponibilid- ade de ADP em conjunto com as fibras musculares, o que fará com que a ação da creatina quinase ocorra no sentido da produção de ATP, mas, para que isso ocorra, é necessário que haja reserva suficiente de creatina fosfato. Apesar de úteis, os estoques de ATP-CP no organismo são modestos, não sendo muito significativos para a utilização durante o exercício. Quanto à glicólise, uma vez disponível no citoplasma, a glicose-6-fosfato entra no seu ciclo de redução, tendo a fosfofruto- quinase como enzima principal, resultando na formação de piruvato, ATP e NADH. O piruvato é o produto final da glicólise, sendo reduzido a lac- tato no citosol ou transportado para dentro da mitocôndria e oxidado a acetil-CoA, catabolizado para formar CO2 e NADH. O ATP produzido durante as etapas de redução da G6P forne- cerá energia para a contração muscular e também para a sua própria ressíntese. 33/206 Em relação ao temperamento, o indivíduo com predomínio de testosterona é mais agressivo, enquanto o indivíduo estrogênico ap- resenta comportamento mais suave. Os estímulos preliminares para aumentar a força máxima, po- dem ser exercidos através do treinamento de força, em que o desen- volvimento repetido pelos músculos esqueléticos em níveis acima daqueles encontrados nas atividades diárias, recrutam mais unidades motoras, consequentemente maior tensão muscular (HELLEBRANT; HOUTZ, 1956). O aumento é proporcional à quantidade de sobre- carga, tal como medido pela força relativa desenvolvida e pelo número das ações musculares executadas durante o treinamento de força (HELLEBRANT; HOUTZ, 1956). Aumentos da força muscular após o treinamento intenso, são devidos à ativação neural aumentada do músculo (HAKKINEN et al, 1985; RUTHERFORD e JONES, 1986, 1987; SALE, 1988). A luz destas considerações, serão discutidas de forma concomitante as contribuições dos fatores neurais durante o in- ício do treinamento de força. Destaca-se como objetivo deste estudo, as adaptações neurais pertinentes para os ganhos de força iniciais, além de seus mecanismos inibitórios. O treinamento da força conduz às adaptações neurais e estru- turais no sistema neuromuscular (HAKKINEN, 1994; ENOKA, 1997; FLECK et al., 1996; McCOMAS, 1994). A força é caracterizada pela ha- bilidade do sistema nervoso de ativar os músculos envolvidos em mo- vimentos específicos. O controle neural destes músculos, durante ex- ercícios de treinamento de força, pode ser muito intrínseco. Em con- sequência, os ganhos de força, originam-se dentro do sistema nervoso pelo fato da ocorrência das adaptações neurais (MORITANI e DeVRIES, 1979; ENOKA, 1997; McCOMAS, 1994; CARROLl et al., 2001). A adaptação neural é um conceito que, frequentemente, pode ser mal-entendido e negligenciado ao projetar programas de treina- mento. Quando um indivíduo começa primeiramente a treinar, a ad- aptação preliminar que experimentará será a neurológica. Enoka 34/206 (1988) discute que os ganhos da força podem ser conseguidos sem mudanças estruturais no tamanho do músculo, mas não sem a ocor- rência das adaptações neurais. O aumento inicial na força muscular ocorre mais rapidamente do que hipertrofia muscular, relacionando- se ao aprendizado motor (MORITANI, 1992; CARROLL et al., 2001). Seguindo essas conclusões, o ACSM (2001) apresentou investigações precedentes em relação às adaptações neurais e às contribuições hipertróficas aos ganhos da força de músculo. Alguns de seus mem- bros estudaram grupos destreinados, para executar oito semanas de treinamento de força progressivo. No fim do treinamento, ambos os grupos exibiram aumentos de força máxima. Contudo, o mais import- ante foram as medidas EMG (eletromiografia) indicadoras de que as mudanças na atividade contrátil dos músculos são fundamentais para aumentos da força, apresentando total relação com as adaptações neurais. Em relação à hipertrofia, ela aumenta gradualmente após as adaptações neurais ocorrerem. Moritani e DeVries (1979) testaram ex- ercícios de flexão de cotovelo e notaram mudanças significativas em relação ao braço treinado, na área de secção transversa tanto quanto ao nível de atividade neural, tornando-se fatores importantes para o ganho da força. O braço destreinado mostrou ganhos de força, asso- ciado com o aumento no nível de atividade neural. Na conclusão do estudo, observou-se que os fatores neurais contribuíram pela maior parte dos ganhos de força na fase inicial do treinamento, visto que mais tarde os fatores hipertróficos eram os principais contribuintes. Em relação comparativa ao treinamento unilateral Carolan e Cafarelli (1992), estudaram 20 estudantes universitários masculinos sedentári- os, realizando extensões de joelhos unilaterais três vezes por semana durante oito semanas. Após esse período, foram detectados aumentos de 32,8% em relação à força muscular na perna treinada, não havendo mudança na atividade eletromiográficas integrada. Essas informações fornecem um parâmetro significativo de que, no início do treinamento de força, ocorre o desenvolvimento da coordenação intramuscular e intermuscular, consequentemente o desenvolvimento da 35/206 sincronização quando todas as fibras musculares são recrutadas ao mesmo tempo, nível de estimulação neural e recrutamento de unid- ades motoras. Após a ocorrência dessas adaptações de níveis neurais, dá-se início aos fatores hipertróficos. Assim, torna-se prescindível a ocorrência das adaptações neurais e, consequentemente, ganhos de força. De acordo com o posicionamento do ACSM (2002) funda- mentado por uma série de revisões de estudos científicos, relata-se que os ganhos de força são mais relevantes durante as fases iniciais do que nas fases intermediárias e avançadas do treinamento de força, pelo fato da ocorrência das adaptações neurais. Os ganhos da força parecem resultar dos efeitos da prática do motor central, e adicionam as evidências existentes para a origem neural dos aumentos de força que ocorrem antes da hipertrofia mus- cular. Destaca-se também a importância de exercitar-se através da amplitude muscular, pois este tipo de exercício apresenta um efeito predominante de maior ativação neural, beneficiando a velocidade an- gular (BABAULT et al., 2003). Assim, conclui-se que exista uma lig- ação entre a adaptação neural e a hipertrofia em relação a força mus- cular (SALE, 1992). A coordenação intramuscular surge como um dos fatores de- correntes da adaptação neurogênica e vem mais uma vez elucidar afunção representada pelas unidades motoras nesse processo. A mel- hora da ativação das unidades motoras é justamente o que possibilita uma das primeiras alterações adaptativas no sistema neuromuscular (BACURAU et al., 2001). Quanto à melhoria das funções intramuscu- lares, Weineck (1999) destaca que o aumento da capacidade de um músculo em mobilizar um maior número de Unidades Motoras, causa aumento da capacidade de se desenvolver força de contração. No início do treinamento, constata-se a importância da ex- istência da coordenação intramuscular para todas as modalidades 36/206 esportivas, principalmente aquelas que exigem potência e força. Assim, a ativação das unidades motoras proporcionará a um determ- inado músculo a participação mais ativa, realizadas nas mais diversas circunstâncias. Hollmann e Hettinger (1983) verificam a coordenação intramuscular como uma cooperação neuromuscular dentro de uma sequência de movimentos determinada em cada um dos músculos isoladamente. A ocorrência da coordenação intramuscular se dá na fase da adaptação neural, quando se verifica o aumento da solicitação das unidades motoras. A justificativa para este fato é que, indivíduos não-treinados, não conseguem pôr em ação o recrutamento das unid- ades motoras específicas para um movimento em comparação a atletas treinados. Em relação a indivíduos treinados e destreinados, Weineck (1991) mostra que o treinado adquire a capacidade de ativar simul- taneamente mais unidades motoras de um músculo. Fala-se de uma melhora na coordenação intramuscular, ao contrário dos destreinados que só conseguem colocar simultaneamente em ação um determinado percentual de fibras musculares ativáveis. Os indivíduos treinados ap- resentam uma quantidade de fibras musculares contráteis ativadas sincronizadamente, significando maior recrutamento de unidades mo- toras e também a força total do músculo (BACURAU et al., 2001). Com o que foi visto até o momento sobre a coordenação intramuscular, pode-se constatar a estreita ligação desta com o princí- pio do tamanho ocorrido nas unidades motoras. A coordenação Intermuscular ocorre quase que simultanea- mente com a coordenação intramuscular, diferenciando-se desta pelo fato de ocorrerem ajustes entre as musculaturas envolvidas em um ato motor. O aprimoramento das capacidades coordenativas dos sistemas musculares acontece pelo direcionamento aumentado da inervação nas musculaturas. O aumento da inervação intermuscular pode ser ex- plicado devido à melhoria da coordenação dos grupos musculares par- ticipantes de um determinado movimento. Tanto agonistas quanto antagonistas desempenham um importante papel (WEINECK, 1999). Entretanto, a coordenação intermuscular representa a cooperação de 37/206 diversos músculos em relação a uma sequência que se tem em vista (HOLLMANN; HETTINGER, 1983). Assim, a coordenação intermus- cular evidencia a sua importância no esporte quando a força ne- cessária para um determinado movimento e a técnica com que este é executado, reúnem-se entre a eficiência e a coordenação motora. A aplicação quanto ao desenvolvimento da força, que ap- resenta as solicitações das unidades motoras, determina que a coorde- nação intermuscular aparece também como ferramenta de incremento da força. Com isso, ocorre o recrutamento das musculaturas necessári- as e seus sinergistas ao máximo, promovendo a inibição das musculat- uras antagonistas e finalmente mantendo a integridade das articu- lações através das musculaturas estabilizadoras. De acordo com essa afirmação, Weineck (1999) defende que o reduzido controle intermus- cular, seja quanto aos sinergistas ou aos antagonistas, leva a uma di- minuição do desenvolvimento de força dinâmica máxima possível. Dessa forma, a coordenação intermuscular apresenta-se como mais um evento ocorrido durante a adaptação neurogênica, devido às claras evidências do aumento desta em indivíduos treinados, quando com- parados a indivíduos não-treinados. O movimento humano é controlado e regulado pelo sistema nervoso central (SNC), embora o cérebro seja o controlador principal das atividades dos músculos, em que muitas das suas atividades ocorr- em no nível espinhal e o arco reflexo é o mecanismo básico para atividades automáticas. Os impulsos são integrados e transmitidos ao órgão periférico. A reação do processo contrátil da fibra muscular é controlada pela soma de impulsos neurais inibitórios e excitatórios que transmitem continuamente aos neurônios e determinam seu po- tencial para a excitação (WILMORE; COSTILL, 1999). Assim, os im- pulsos excitatórios excedem os impulsos inibitórios da fibra muscular, dando início à contração muscular. Esse procedimento facilita, de forma benéfica, o recrutamento de unidades motoras ativadas sincronizadamente. 38/206 As unidades motoras são definidas como um nervo motor e to- das as fibras por ele inervadas, tornando-se a unidade funcional básica do músculo esquelético (BOMPA; CORNACHIA, 2000; FLECK; KRAEMER, 1997). Os ganhos de força destacam-se a partir de uma melhora na sincronização das unidades motoras, pelo fato de resultar maior velocidade de contração e aumentar, consequentemente, a ca- pacidade dos músculos gerarem mais força. Segundo McArdle et al. (1991), os ganhos iniciais de força caracterizam-se por um maior nível de excitação e subsequente desinibição ou facilitação neural, res- ultando uma exacerbação na excitabilidade dos neurônios motores, ou seja, um maior recrutamento de unidades motoras, que poderiam dar origem a uma ativação plena dos grupos musculares. A maior ativação neural mostra ser o mecanismo responsável pelo aumento da força muscular, que ocorre quando se inicia um treinamento de força e que não estão relacionados à hipertrofia das fibras musculares. De forma crítica, McArdle et al. (1991) preferem a teoria de assincronizada e sin- cronizada. Eles discutem que o teste padrão do recrutamento das unidades motoras depende do exercício que está sendo executado, pois nem todas as unidades motoras são solicitadas ao mesmo tempo. A partir da afirmação citada, Fleck e Kraemer (1997) concluem que se uma unidade motora é ativada, uma quantidade muito pequena de força é produzida. Se várias são ativadas, mais força é produzida. Se todas as unidades motoras em um músculo são ativadas, a força máx- ima produzida por um músculo, é denominado de somação de unid- ades motoras múltiplas. Assim, o fato de o músculo contrair-se ou se mantendo relaxado, depende do somatório dos impulsos nervosos re- cebidos pelas unidades motoras num determinado estímulo. Este con- trole diferencial de testes-padrão de recrutamento das unidades mo- toras de forma sincronizada é provavelmente o fator principal que dis- tingue, não somente os grupos atléticos específicos, mas também os treinados dos destreinados. Assim, o sistema neuromuscular, quando estimulado, pode ser utilizado e desenvolvido para alcançar melhores 39/206 adaptações com o treinamento intenso de força, consequentemente objetivando um melhor desempenho motor (REDDIN, 1999). As unidades motoras estabelecem a ligação entre os músculos e o sistema nervoso que é considerado o principal componente para os ganhos inicias de força, tornando o recrutamento das fibras muscu- lares de forma sincronizada. O recrutamento das unidades motoras é determinado geralmente pelo tamanho de seu motoneurônio (CARROLL et al., 2001), que se destaca por agrupar um número aproximado de 10 a 180 fibras por unidade motora de fibras lentas, e 300 a 800 fibras por unidade motora de fibras rápidas (WILLMORE; COSTILL, 1999). Uma das características do maior recrutamento dos motoneurônios é conhecido como o princípio do tamanho. Dessa forma, o início do treinamento de força não estabelece a habilidade de recrutar uma porcentagem elevada de suas unidades motoras, e estas habilidades são fatores determinantes na aquisição da força muscular (FLECK; KRAEMER, 1997; SALE, 1987). Van Cutsem et al., (1998) ob- servaram em seu estudo que, cinco homens realizando 10 séries do ex- ercíciode dorsoflexão, durante 12 semanas, recrutaram, de forma or- denada e baseada no princípio do tamanho, as unidades motoras nas primeiras semanas de treinamento, passando a um maior recruta- mento nas semanas seguintes (antes do treinamento 5,2%; depois do treinamento 32,7%). O princípio do tamanho proporciona uma base anatômica para o recrutamento ordenado de unidades motoras es- pecíficas a fim de produzir uma contração muscular uniforme. Ele ap- resenta o recrutamento dos motoneurônios, de forma crescente, at- ravés dos menores motoneurônios para os maiores (BEAR et al., 2002; FLECK et al., 1996; SALE, 1987). Em recente publicação, Aagaard et al., (2002) estudaram 14 homens destreinados, parti- cipantes, durante 14 semanas, de treinamento de força que en- volveram exercícios intensos para o músculo solear, em que as medi- das foram avaliadas por meio do dinamômetro isocinético. A con- clusão do estudo destacou que a movimentação do motor central aumentou e ocorreu maior excitabilidade dos motoneurônios. Em 40/206 outro estudo, Larsson e Tesch (1998) descrevem que atletas, porém destreinados, especificamente em relação ao treinamento de força, não realizam tensão máxima no recrutamento de unidades motoras durante o início do treinamento. Um outro mecanismo que representa a adaptação neural é o aumento da estimulação de unidades do motor durante o treinamento de força (graduação de força). Esse mecanismo é definido pelo fato de quanto maior o estímulo perto da tensão máx- ima, maior será o número de fibras recrutadas para gerar força (SALE, 1992, 1987; ACSM, 2002; ENOKA; FUGLEVAND, 1993), con- sequentemente um aumento na taxa do recrutamento dos mo- toneurônios (FLECK et al., 1996; CARROLL et al., 2001). De acordo com a literatura, foram medidos aumentos na atividade gravada at- ravés da eletromiografia (EMG), depois do treinamento de força, em comparação à atividade do EMG antes do programa de treinamento, indicando que mais unidades motoras foram recrutadas (ENOKA,1997; McCOMAS, 1994). Assim, as unidades motoras se tor- nam ativas sob a influência dos impulsos que saem dos mo- toneurônios, mediante os quais as fibras musculares se contraem (VERKHOSHANSKI, 2001). A taxa dos impulsos do sistema nervoso aumentada, faz com que as unidades motoras possam gerar mais força, tornando-se um outro exemplo da adaptação neural. O treinamento de força pode também contribuir com outros fatores neurais, como a coativação dos músculos agonista e antag- onista. Esses têm por resultado a eficiência melhorada de ambos os grupos que combinam junto para contrair-se e relaxar durante todo o teste padrão do movimento (WILLMORE; COSTILL, 1999). Quando o agonista recebe o impulso para se contrair, seu antagonista relaxa at- ravés da inibição recíproca. Para que um músculo agonista produza força máxima, todas as unidades motoras dos músculos devem ser re- crutadas para minimizar a intensidade da coativação, ocorrendo assim a contração máxima. A ativação simultânea dos músculos antagonistas pode ser associada à atividade dos agonistas, especialmente com mo- vimentos fortes e rápidos, que requerem precisão. Carolan e Cafarelli 41/206 (1992) observaram em seu estudo que, após oito semanas de treina- mento de força, utilizando exercícios unilaterais de extensão de joelho, ocorreu a redução de aproximadamente 20% na coativação. Eles con- cluíram que esta diminuição pequena, mas significativa na coativação dos antagonistas, ocorre durante os estágios adiantados do treina- mento de força, sendo uma adaptação que não provoca hipertrofia do sistema neuromuscular. Hakkinen et al., (1998) estudaram idosos durante um período de 6 meses, em que os mesmos foram submetidos ao treinamento de força realizando extensões de joelho. Ao final do estudo, observaram aumentos das ativações voluntárias dos agonistas, com reduções significativas na coativação dos antagonistas. Seguindo essas mesmas conclusões, Ferri et al., (2003) avaliaram idosos na faixa etária entre 65 e 81 anos que realizaram extensões de joelho e flexões plantares, com intensidade de aproximadamente 80% de 1 RM. Os resultados seguiram as mesmas estatísticas dos estudos an- teriormente citados, com diminuição na coativação dos músculos ant- agonistas e uma movimentação neural aumentada. Assim, a coativação diminui o torque líquido produzido no sentido desejado. Sugere-se que o treinamento de força causa um aumento na inibição dos antagonistas (HAKKINEN, 1994; ENOKA, 1997). A redução da coativação explica parte dos ganhos de força atribuídos aos fatores neurais. Muitos exercícios da força são executados bilateralmente, como flexão de cotovelo, extensão de joelho, etc. Alguns estudos con- stataram que indivíduos destreinados ao executarem exercícios de força, produziam menos força unilateralmente do que bilateralmente (HOWARD; ENOKA,1987). Além de alguns pesquisadores mostrarem haver diferenças significativas entre os membros superiores e inferiores, quando com- parados entre si (VANDERVOOT et al., 1984; SCHANTZ et al., 1989), Simão et al., (2003) avaliaram 32 mulheres entre 18 e 35 anos trein- adas, que foram submetidas a aplicação de teste de 1 RM, para 42/206 determinar a carga máxima na extensão de joelhos uni e bilateral. Concluíram, a partir da estatística que, através da determinação das cargas máximas, os somatórios das unidades unilaterais são superi- ores as bilaterais. Em outro estudo, mas avaliando membros superi- ores, Simão et al., (2001) pesquisou 14 homens e 10 mulheres destreinados, que foram submetidas a aplicação de teste de 1 RM, para determinar a carga máxima na flexão de cotovelo uni e bilateral. Ap- resentaram a mesma conclusão citada no estudo anterior, ou seja, so- matório das ações unilaterais, superior as bilaterais. Um resultado foi esperado na discussão de ambos os estudos, de que 25% e 21%, re- spectivamente, dos avaliados apresentaram o trabalho bilateral, super- ior ao somatório unilateral, mas não ocorrendo respaldo para mudança na estatística dos resultados e conclusões. Com esses resulta- dos, Simão et al., (2001; 2003) contradiz o que foi afirmado anterior- mente de que exista diferenças significativas em relação ao déficit bi- lateral, comparando membros superiores e inferiores. Esta diferença, chamada déficit bilateral, é maior em alguns exercícios do que em out- ros. Quanto a ação inibitória das contrações bilaterais, sabe-se que a ação bilateral promove deficiência de estimulação das unidades mo- toras de ambos os membros, diferentemente da ação de apenas um membro onde o rendimento demonstra-se ser maior (HOWARD; ENOKA, 1991; SALE, 1987). HOWARD e ENOKA (1987) encontraram a presença do déficit bilateral, associada com o tipo de atividade. Este déficit era pequeno, mas de total significância para diferentes ativid- ades. Sugeriu-se assim, que o déficit bilateral envolve a diminuição na ativação dos músculos solicitados e que o treinamento da força com movimentos bilateral reduz e as ações unilaterais aumentam o déficit bilateral. Essa ação é de grande importância para alguns esportes que tem como características a utilização de um só membro como é o caso do tênis, beisebol (arremessador), dardo (olímpico), entre outros, onde o treinamento em contrações unilaterais tende a maximizar a performance nesses esportes, que atuam através de focos unilaterais. 43/206 Nota importante: Na atividade física, para queimar gordura, o indivíduo não deve estar em jejum, pois, nesse caso, não haveria lipól- ise. Além disso, a perda de peso por um dia antes da competição pode compro- meter o rendimento do atleta em até 15%. 44/206 Módulo 4 Suplementação esport- iva na prática clínica e esportiva 4 Aminoácidos e L-arginina Neste capítulo, veremos algumas características e informações importantes sobre os aminoácidos e a L-arginina. Aminoácidos As proteínas são macromoléculas que possuem múltiplas fun- ções no organismo, como o transporte de nutrientes, armazenamento de nutrientes, defesa, regulação, produção enzimática, motilidadee construção muscular. A nomenclatura dos aminoácidos é precedida pela letra L em referência à sua capacidade de girar o plano da luz po- larizada para o lado esquerdo, revelando a posição do carbono central em relação aos grupos amino e carboxila. Existem 20 aminoácidos comuns e proteicos, classificados como essenciais e não essenciais. Todos os suplementos proteicos devem ser ingeridos longe dos horários das refeições, pois, quando absorvidos com outros aminoá- cidos dietéticos, os suplementos são direcionados para a rota de síntese e transaminação devido aos hormônios liberados na presença de carboidratos e lipídeos dietéticos, perdendo, assim, as suas funções como precursores e/ou cofatores de reações metabólicas. Caso o objetivo seja suprir o organismo com proteína, o ad- equado é que a proteína venha acompanhada de um carboidrato, pois este estimula a resposta insulínica, melhorando a entrada de aminoá- cidos nos tecidos. Os aminoácidos, como leucina e isoleucina, ativam o uso da glicose muscular e os estoques de glicogênio independente de insulina. Ressalta-se que a adição de carboidrato no suplemento pode aumentar a razão de síntese de glicogênio no músculo. O processo de digestão e absorção de suplementos de pro- teínas e aminoácidos depende de modificações físicas, como a mas- tigação, peristaltismo e agentes químicos como o ácido clorídrico e en- zimas, sendo que, além desses componentes, a disbiose intestinal in- terfere na digestão e absorção, mesmo de aminoácidos livres. A absorção dos aminoácidos é realizada através de transporta- doras de borda em escova e basolateral. O processo transcelular sódio dependente faz a absorção de aminoácidos, como a glutamina, glicina e aminoácidos neutros. Os transportadores de sódio independente transportam aminoácidos ramificados, como lisina, alanina, serina e cisteína. O uso de suplementos proteicos e de aminoácidos deve ser feito com cuidado, uma vez que pode acarretar uma sobrecarga de ni- trogênio. Isso porque, no processo de degradação oxidativa de aminoácidos, há origem do esqueleto carbônico que é redirecionado para o ciclo do óxido nítrico. Além disso, a produção de amônia pelo processo de degradação é muito tóxica, podendo ser destoxificada no fígado pelo ciclo da ureia e eliminada em seguida pela via renal, sendo por esse motivo, a suplementação proteica contraindicada em hepato- patas e pacientes renais. L-arginina A L-arginina é um aminoácido condicionalmente essencial, ou seja, tem status de indispensável em períodos específicos, como, por exemplo, o período neonatal. Possui carga positiva em pH neutro e uma das cadeias laterais mais longas, quando comparada a outros aminoácidos. A arginina é precursora de óxido nítrico, cujas principais pro- priedades são antioxidantes, antiproliferativas, anti-inflamatórias, cardioprotetora e anti-hipertensiva. Todavia, a suplementação exces- siva de arginina pode aumentar a produção de óxido nítrico induzível, 47/206 ocasionando um efeito contrário, como vasoconstrição e elevação da pressão arterial. Estudos recentes mostram que a desregulação na atividade das enzimas óxido nítrico sintase e arginase levam a múltiplas disfun- ções endoteliais e doenças cardiovasculares. As dietas aterogênicas, especialmente as ricas em colesterol, causam uma disruptura sistêm- ica no metabolismo de arginina através de alterações generalizadas na atividade da arginase e metabolismo de arginina, havendo diminuição da biodisponibilidade do aminoácido. A concentração de L-arginina plasmática é dependente do equilíbrio complexo entre a síntese endógena e a ingestão alimentar, com a absorção celular e o metabolismo catabólico corporal. Algumas pesquisas fazem referência à arginina em determin- adas situações clínicas que veremos a seguir: • Doenças cardiovasculares - a arginina promove a inibição da agregação plaquetária e regula o tônus vascular, a vas- odilatação e o fluxo sanguíneo, reduzindo a pressão arterial; • Reparação da função intestinal - no intestino, a L- arginina pode contribuir para a proliferação celular, limitar a res- posta inflamatória e a apoptose, prevenindo lesões intestinais; • Asma - alguns derivados da arginina, como o óxido nítrico e a ornitina, estão relacionados com a resposta inflamatória do tônus das vias respiratórias. Sabe-se que, na asma, ocorr- em alterações no metabolismo da L-arginina resultante do aumento da competição entre as enzimas arginase e óxido nítrico sintase pelo mesmo substrato; • Carcinogênese - uma vez que a arginina é precursora de óx- ido nítrico, ela se envolve com o processo da carcinogênese, 48/206 promovendo a apoptose e o reparo de DNA, reduzindo a formação de células tumorais, regulando o afastamento de células metastáticas da microvasculatura de órgãos e sensib- iliza células tumorais para compostos quimioterápicos, além de agir contra a progressão e/ou metástase de tumores malignos; • Anabolismo muscular - estudos sugerem que a arginina pro- move o aumento da síntese de proteína muscular devido ao seu potencial de estimular a liberação do hormônio de cres- cimento da glândula ptuitária; • Cicatrização de feridas e pós-cirúrgico - a L-arginina ap- resenta capacidade imunoestimulatória e timotrófica, atu- ando como precursora de prolina e hidroxiprolina, ne- cessárias para a síntese de colágeno, aumento da cicatriza- ção, melhora da resposta imune e aumento da sobrevida; • Obesidade - evidências recentes mostram que a suple- mentação dietética de L-arginina reduz a adiposidade, uma vez que esta está envolvida com a disfunção no influxo de arginina. Estudos indicam que a L-arginina estimula a biogênese mitocondrial e o desenvolvimento do tecido adiposo marrom, além de aumentar a massa magra e pro- mover a melhora do perfil metabólico; • Anemia falciforme - a presença da anemia falciforme altera o metabolismo da arginina, diminuindo os níveis de óxido nítrico; • Sistema imunológico - a arginina regula a resposta imune inata, a ativação de macrófagos, entre outros; • Disfunção erétil - o processo de ereção está relacionado com a função endotelial, que pode ser melhorada pelo óxido nítrico; 49/206 • Sistema endócrino - a suplementação de arginina aumenta a secreção de GH, insulina e prolactina. 50/206 5 BCAA, carnitina e creatina Neste capítulo, veremos algumas características e informações importantes sobre os BCAA, carnitina e creatina. BCAA Os BCAA são aminoácidos ramificados, essenciais e repres- entados por valina, leucina e isoleucina, conhecidos por serem fontes de energia muscular e por desempenharem papel essencial no cresci- mento, além de serem precursores para a síntese de glutamina e alanina. Níveis elevados de BCAA são necessários em períodos de maior necessidade energética, como estados de jejum ou em exercícios prolongados. A degradação é iniciada pela transaminação de BCAA para o alfacetoácido, formando glutamato, ocorrendo, em seguida, a descarboxilação dos cetoácidos de cadeia ramificada pela enzima cetoácido desidrogenase de cadeia ramificada. Sendo o BCAA essencial na síntese de glutamato e, sub- sequentemente GABA, a sua depleção poderia resultar em estimulação intensa do SNC, doenças neuropsiquiátricas e comprometimento da função hipocampal. Em casos de traumas cerebrais, a depleção de BCAA é intensa, sendo que a restauração dos níveis desses aminoácidos é essencial para a promoção da melhora cognitiva através da restauração da fun- ção hipocampal. A concentração sérica de valina, isoleucina e leucina é di- minuída em algumas patologias hepáticas, sendo sugerida a sua suple- mentação em doenças como esteatose, caquexia hepática, cirrose e en- cefalopatia. Na encefalopatia hepática, a suplementação é necessária para promover a destoxificação de amônia, corrigir o desbalanço plasmático de aminoácidos e reduzir o influxo cerebral de aminoá- cidos aromáticos. Outros efeitos benéficos dos aminoácidos de cadeia ramificada sobre patologias hepáticas estão relacionados com o estímulo da síntese de proteínas,secreção do fator de crescimento dos hepatócitos, produção de glutamina, efeito inibitório sobre a proteólise e prevenção contra o desenvolvimento de carcinomas. Estudos mostram que a suplementação de BCAA pode aumentar a ingestão calórica do paciente, diminuindo o transporte de triptofano para o cérebro. Isso ocorreria porque o triptofano é precurs- or da serotonina e altas concentrações de serotonina podem estar en- volvidas com o processo de anorexia no paciente em tratamento de câncer. A suplementação de BCAA também é importante para evitar a queda das concentrações plasmáticas de glutamina. Na parte esportiva, a suplementação de BCAA leva ao aumento da capacidade e da diminuição do dano muscular durante o exercício e da degradação de proteínas, aumento da síntese proteica, ação antioxidante, com a diminuição da dor pós-treino e no retardo da fadiga central. A leucina é o principal BCAA associado à síntese proteica mus- cular e à hipertrofia, apresentando excelentes resultados no pós- treino, por aumentar a disponibilidade de aminoácidos no músculo. Carnitina A carnitina é um aminoácido ramificado condicionalmente es- sencial que desempenha várias funções vitais na produção de energia e metabolismo de ácidos graxos, sendo sintetizada a partir dos aminoá- cidos essenciais lisina e metionina, em regiões como fígado, rins e cérebro. 52/206 O ácido ascórbico, o ferro ferroso, a piridoxina e a niacina também são cofatores necessários para a sua síntese, sendo que a defi- ciência de qualquer um desses pode levar à deficiência desse aminoácido. A carnitina promove a passagem de ácidos graxos de cadeia longa para o interior da mitocôndria, facilitando sua oxidação e ger- ando ATP, além de tornar possível a utilização de triacilglicerois para o fornecimento de energia. É fundamental no balanço energético dos tecidos que possui grande parte da sua energia derivada da oxidação de ácidos graxos, como o músculo cardíaco e esquelético. A carnitina, além de fazer parte do metabolismo de ácidos graxos, também aumenta a utilização de carboidratos modulando os níveis intramitocondriais de acetil-CoA, importante cofator da reação do ciclo de Krebs. Estudos mostram que a carnitina também pode desempenhar propriedades antioxidantes, diminuindo a peroxidação lipídica. A carnitina está relacionada a diversas situações clínicas que veremos a seguir: • Doenças cardiovasculares - a deficiência da carnitina está relacionada com a cardiomiopatia, arritmias e insuficiência renal e respiratória, além de reduzir a pressão arterial; • Dialíticos - pacientes dialíticos, como, por exemplo, em hemodiálise, apresentam insuficiência plasmática de carnit- ina. A suplementação de 1g de carnitina após a diálise pode aliviar miopatias musculares, influenciar o estado nutricion- al de pacientes dialíticos, reduzir a resistência insulínica e a inflamação crônica; • HIV - os indivíduos que apresentam HIV possuem níveis mais baixos de concentrações séricas e musculares da 53/206 carnitina devido à maior excreção renal, sepse, hipermeta- bolismo, enteropatias, má absorção, dieta deficiente, ação de antibióticos e medicamentos antirretrovirais; • Doenças hepáticas - a deficiência de carnitina pode ser com- prometida no caso da cirrose hepática alcoólica, pois a in- gestão do álcool prejudica a absorção de aminoácidos, causando a deficiência da carnitina; • Obesidade - a suplementação da carnitina aumenta a capa- cidade oxidativa através do aumento da atividade de enzi- mas mitocondriais no fígado e no músculo; • Diabetes mellitus - estudos sugerem que os pacientes porta- dores de diabetes mellitus tipo II parecem apresentar defi- ciência de carnitina, diminuindo a função imune e aument- ando a disfunção mitocondrial e o dano oxidativo; • Hipertireoidismo - os pacientes com hipertireoidismo ap- resentam maiores concentrações de carnitina urinária; • Subnutrição - a deficiência da carnitina é evidenciada em crianças e adultos subnutridos; • Trauma, sepse e cicatrização de feridas - os pacientes com sepse apresentam depleção dos estoques de carnitina em nível celular. Sugere-se que a manutenção dos níveis nor- mais de carnitina podem inibir a perda de massa muscular, a lipogênese hepática, a hipertrigliceridemia e a diminuição da oxidação de ácidos graxos. Estudos demonstram que pa- cientes queimados e em cicatrização de feridas possuem uma diminuição drástica nos níveis de excreção de carnitina; • Envelhecimento e perda de massa óssea - os níveis de car- nitina diminuem com o passar da idade, diminuindo a 54/206 função mitocondrial e aumentando a produção de oxidantes mitocondriais. O acetil-L-carnitina (ALC) é um derivado do metabolismo da carnitina, sendo que apresenta melhor efeito nos níveis de carnitina cerebral do que a carnitina simplesmente, pois ela atravessa a barreira hematoencefálica com mais facilidade. O ALC representa um potente antioxidante mitocondrial, neutralizando o dano cerebral induzido pelo estresse oxidativo na Doença de Alzheimer, reduzindo a morte neuronal, prevenindo ou minimizando os efeitos da demência senil, além de distúrbios da memória e no comportamento. Creatina A creatina é um aminoácido (os aminoácidos são a base de formação das proteínas) produzido no nosso corpo pelos rins e fígado, proveniente da alimentação através da carne e produtos animais. É uma substância incolor, cristalina e usada pelo tecido muscular para a produção de fosfocreatina, um fator muito importante na formação de adenosina trifosfato (ATP), a fonte de energia para a contração muscu- lar e tantas outras funções no nosso corpo. • Como atua a creatina no nosso corpo? No nosso corpo, a creatina é alterada para uma molécula cha- mada “Fosfocreatina” a qual atua como reservatório de armazena- mento para a energia rápida. A fosfocreatina é sobretudo importante em tecidos como os músculos voluntários e para o sistema nervoso, os quais requerem periodicamente grandes quantidades de energia. • Porque os atletas consomem a creatina? 55/206 Estudos demonstraram que a creatina pode melhorar a per- formance dos atletas em atividades que requerem explosões rápidas de energia, tal como na corrida para os sprints, além de ajudar na re- cuperação mais rápida dessas mesmas explosões. A creatina é, no entanto, mais adequada para os culturistas, pois ajuda no aumento da massa muscular em vez da resistência mus- cular, sendo, por isso, menos apropriada para atletas que participem de atividades desportivas de resistência. Todavia, o aumento da massa muscular pode dever-se à retenção de líquidos e não ao aumento do tecido. • Porque se fala tanto sobre a creatina e doenças neuromusculares? Dois estudos científicos indicaram que a creatina pode ser benéfica nas doenças do foro neuromuscular. Um estudo levado a cabo pelo investigador financiado pelo MDA, Sr. Flint Beal do Centro Médico da Universidade de Cornell, demonstrou que a creatina era duas vezes mais efetiva do que o medic- amento de prescrição médica Riluzole, no prolongamento da vida dos ratos portadores da doença neurodegenerativa “esclerose lateral amni- otrópica” (ALS, ou doença de Lou Gehrig). Um outro estudo efetuado pelos canadenses Tarnopolsky e Joan Martin do Centro Médico da Universidade McMaster em Ontário, concluiu que a creatina pode levar a pequenas melhorias de força em pessoas com vários tipos de desordens do foro neuromuscular. O trabalho de Beal foi publicado na edição de março de 1999 na revista científica “Nature Neuroscience” e o segundo foi publicado na edição de março de 1999 dedicada à Neurologia. 56/206 • Eu quero começar a tomar creatina. É seguro? Na sua grande maioria, os atletas não observaram qualquer tipo de efeito secundário provocado pelo consumo de creatina. En- tretanto, foram reportados alguns casos de danos renais ligados ao seu uso. Não foi registada toxicidade consistente em estudos levados a cabo relativamente à suplementação com creatina. Contudo, foi re- latado a desidratação como um problema a considerarquando do con- sumo desse aminoácido. Os atletas ingerem normalmente “uma dose pesada” de 20 gramas por dia, durante cinco ou seis dias, e depois continuam com uma dose de manutenção “de 2 a 5 gramas” por dia. • Quais são os efeitos secundários? Ainda não se conhece muito sobre os efeitos da creatina tomada por longos períodos de tempo, mas os relatórios de toxicidade efetuados na suplementação, não são consistentes. Num dos estudos sobre os efeitos secundários da creatina, concluiu-se que a diarreia era um dos efeitos secundários mais fre- quentes, seguido pelas cãibras musculares. Em outros 18 relatórios ficou demonstrado que nem rins, nem fígado ou mesmo as funções da corrente sanguínea eram afetados pela grande quantidade de creatina por curtos períodos de tempo, ou pequenas quantidades por períodos longos, em jovens adultos saudáveis. Num estudo menos extenso, com pessoas que tomaram doses de 5-30 gramas de creatina por dia, não foram detectadas alterações na função renal após 5 anos de uso do suplemento. 57/206 As cãibras musculares decorrentes da ingestão do suplemento de creatina foram relatadas de forma anedótica em alguns dos estudos. A creatina desempenha o papel de fornecer energia rápida para a contração muscular, sendo que, no músculo esquelético, ela é fosforilada em fosfocreatina, que ressintetiza o ATP através da molécula de ADP. A creatina também desempenha a transferência de energia da mitocôndria para o citosol, previne o estresse oxidativo via ação antioxidante direta e indireta, promove a manutenção do PH e a ativação da glicólise e glicogenólise, através do fornecimento de fos- fato. Estudos demonstram que a suplementação de creatina pode mel- horar o metabolismo de carboidrato e lipídeos, além de melhorar a hiperglicemia e os sintomas de miopatias. Estudos mostram que a deficiência de creatina pode levar à manifestação do retardo mental, autismo, atrofia cerebral, atraso na fala, ansiedade, déficit de atenção. A sua suplementação pode melhor- ar o reparo ósseo e cartilaginoso e levar à melhora da função contrátil do coração. Na prática esportiva, a suplementação da creatina está asso- ciada ao aumento da força, da massa magra e da capacidade aeróbica, sendo que a quantidade intramuscular da creatina dura de 20 dias a um mês e meio, entrando em homeostase em seguida. A creatina é in- dicada no pós-exercício anaeróbio, no trabalho de explosão e no ganho de força. Em repouso, a creatina não queima gordura. A creatina é indicada no tratamento para atrofia muscular, melhorando a produção de energia e aumentando a creatina fosfato no músculo. Pode ser benéfica no tratamento da osteoartrite, diabetes mel- litus tipo II, osteoartrite, dislipidemia, câncer e esquizofrenia. 58/206 No tratamento da diabetes mellitus tipo II, ocorre a diminu- ição da resistência insulínica durante a atividade física. Existem contraindicações quanto ao uso da creatina, dentre estas: • não é indicada na desordem bipolar. A creatina quinase é a enzima que converte a creatina fosfato em ATP, e consequentemente, em energia. Após a atividade física, ocorre o aumento da creatinina e da creatina quinase, sendo que o aumento da creatinina, diminui a produção de ATP. A creatina quinase realiza a conversão de ADP em ATP. A contração muscular ocorre através da transformação do ADP em ATP e PI, sendo que a creatina fosfato retransforma a ADP em ATP, e, por conseguinte, aumenta a contração muscular. A creatina monohidratada apresenta pico de 1 a 2 horas após administrado, sendo indicado 1 a 2 horas antes da atividade física. Ela ainda aumenta a creatina fosfato no músculo, se administrada com dextrose, sendo que, o efeito permanece por até 6hs após a ingestão do produto. A administração de inositol, dextrose e creatina mono- hidratada, gerará o aumento do potencial muscular, da força e do volume muscular. O inositol 3p aumenta a liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático. O efeito do uso da creatina na atividade física, ocorre dentro de 5 a 7 dias, aumentando a sua concentração e diminuindo a fadiga. 59/206 A creatina também pode ser utilizada em idosos, visando o aumento da força, além de auxiliar na diminuição dos níveis glicêmi- cos, na diminuição da hemoglobina glicada e devido a sua ação antioxidante. Em exames laboratoriais, a creatinina é um marcador de perda de massa magra, lesão e inflamação muscular. Ao se avaliar os exames laboratoriais de um atleta que faz uso de creatina, provavelmente, esse atleta, se fizer uso excessivo de creat- ina, apresentará creatinina elevada, o que pode indicar uma possível lesão renal. Nesse caso, certamente, deve-se observar os demais ex- ames do atleta e prescrever a creatinina com cautela, em média, em ciclos de 20 dias de treinos suplementado com creatina, intervalados pelo uso de 40 dias de treino, suplementado por whey protein ou BCAA, com cautela e observando bem esse atleta. 60/206 6 Cisteína, L-glutamina e HMB, L-lisina, S-adenosilmetionina e L-taurina Neste capítulo, veremos algumas características e informações importantes sobre a cisteína, glutamina, HMB, L-lisina, S-adenosil- metionina e taurina. Cisteína A cisteína é um aminoácido não essencial que apresenta um átomo de enxofre em sua cadeia lateral, permitindo, assim, a ma- nutenção das estruturas proteicas do organismo, funcionando como anti-inflamatório e antioxidante, importantes no processo de destoxi- ficação de xenobióticos. A cisteína também é fundamental para a manutenção da fun- ção intestinal, além de reforçar o revestimento protetor do estômago e intestino, prevenindo os danos causados pelos medicamentos. A cisteína também está envolvida com as doenças neuromotoras e neurodegenerativas, além de se relacionar com doenças inflamatórias como artrite reumatoide, hipersensibilidade alimentar e sensibilidade química. A cisteína apresenta uma variação bioquímica denominada NAC (N-acetilcisteína), cuja ação é antioxidante, quimioprotetora, supressora da proliferação das células cancerosas, hepatoprotetora, anti-hiperglicêmica, precursora da glutationa, além de ser um agente mucolítico e prevenir a encefalopatia hepática. L-glutamina A L-glutamina é um aminoácido não essencial formado a partir da leucina, isoleucina e valina ou pela transformação do alfa- cetoglutarato. É um aminoácido abundante na corrente sanguínea e no músculo esquelético, sendo importante fonte de energia para o en- terócito e essencial para a função imunológica. A glutamina está envolvida com a manutenção da saúde do in- testino através da conservação da sua integridade pela diminuição da permeabilidade intestinal e da translocação de fragmentos bacterianos e aumento da proliferação de enterócitos. Além de ser anti-inflam- atória, ela diminui lesões intestinais e acelera o reparo da mucosa intestinal. HMB: beta-hidroxi-beta-metilbutirato O HMB é produzido a partir da quebra de proteínas que con- tém leucina, sendo que o primeiro passo no metabolismo do HMB é a transaminação reversível da leucina em alfacetoisocaproato, que ocorre de forma extra-hepática. O HMB pode servir como precursor para a síntese celular do colesterol, além de ser imunomodulador, anticatabólico ou anabólico, melhorando a integridade das fibras musculares, anticaquético e anti- tumoral, aprimorando também a densidade mineral óssea. Na prática esportiva, o HMB promove ganho de força e massa muscular, sendo que a associação com creatina pode aumentar a per- formance física. L-lisina Transportada através da barreira hematoencefálica por uma transportadora de aminoácido básico, competindo com a arginina, a L-lisina é um aminoácido essencial bem indicado no tratamento de herpes. Estudos indicam que a lisina pode diminuir enxaquecas e a sua suplementação pode prevenir o aparecimento do Mal de Alzheimer. A associação da L-lisina e da L-arginina pode reduzir a an- siedade e diminuir o cortisol, adrenalina e noradrenalina, além de aumentar a absorção de cálcio. Ela também auxilia no tratamento de artrite reumatoide,
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