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APG 11 - broncoaspiração

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MORFOFISIOLOGIA DA LARINGE 
ANATOMIA 
A laringe é um tubo formado por músculos e 
nove cartilagens, sendo localizada entre a 
faringe e a traqueia na região anterior do 
pescoço. Além disso, ela confere função de 
fonação e proteção das vias aéreas durante a 
deglutição, por meio da abertura e fechamento 
da glote. 
As cartilagens da laringe: 
1. Três cartilagens ímpares 
− Tireóidea (proeminência laríngea) 
− Cricóidea 
− Epiglótica 
2. Três cartilagens em pares 
− Aritenóidea 
− Corniculada 
− Cuneiforme 
A musculatura da laringe se classifica em: 
1. Músculos extrínsecos da laringe 
− Infrahioideo: movimentam a laringe para 
baixo 
− Suprahioideo: movimentam a laringe 
para cima 
2. Músculos intrínsecos da laringe 
− Cricotireoideo – estende e tensiona o 
ligamento vocal 
− Tireoaritenoideo – relaxa o ligamento 
vocal 
− Cricotireoideo posterior – abdução das 
pregas vocais 
− Cricoaritenoideo lateral – abdução da 
parte interligar das pregas vocais 
− Aritenoideos transverso e oblíquo – 
abdução das cartilagens aritenóideas 
− Vocal – relaxa o ligamento vocal 
posterior, mantendo a tensão na parte 
anterior 
 
 
 
 
 
 
 
Cavidade da laringe: 
− Vestíbulo da laríngea 
− Parte média da cavidade laríngea 
− Ventrículo da laringe 
− Cavidade infraglótica 
Inervação da laringe: nervo laríngeo superior 
que se ramifica em laríngeo interno (sensitivo e 
autônomo) e laríngeo externo (motor). 
Irrigação da laringe: artéria laríngea superior, 
artéria cricotireoidea e artéria laríngea inferior. 
Drenagem venosa da laringe: veia laríngea 
superior e veia laríngea inferior que drenam, 
respectivamente, para veia jugular interna e veia 
braquiocefálica esquerda. 
Drenagem linfática da laringe: vasos linfáticos 
superiores as pregas drenam para os linfonodos 
cervicais profundos superiores enquanto os 
vasos inferiores as pregas drenam para os 
linfonodos cervicais profundos inferiores. 
HISTOLOGIA 
As cartilagens da laringe se unem por um tecido 
conjuntivo fibrelástico, mantendo o lúmen da 
laringe sempre aberto. As cartilagens tireóidea, 
cricóidea e aritenóideas são do tipo hialino 
enquanto as outras são do tipo elástica. 
A epiglote possui um eixo de cartilagem elástica 
revestida por tecido conjuntivo e epitélio. A 
mucosa da laringe forma dois pares de pregas: 
1. Pregas vestibulares – tecido conjuntivo 
frouxo com glândulas 
2. Pregas vocais – tecido conjuntivo 
elástico que segue os músculos 
intrínsecos da laringe (tipo estriado 
esquelético) 
➢ Durante a passagem do ar, esses 
músculos contraem e modificam a 
posição das cordas e a amplitude 
da fenda, produzindo sons. 
 
 
OBJETIVOS: 
1. Rever a morfofisiologia da laringe e vias áreas inferiores (árvore brônquica) 
2. Entender a fisiopatologia, manifestações, exames complementares e orientações sobre a 
prevenção da broncoaspiração 
O revestimento epitelial da laringe não é 
uniforme, sendo um epitélio estratificado 
pavimentoso não queratinizado nas pregas 
vocais por conta do atrito e desgaste, e epitélio 
respiratório (pseudoestratificado cilíndrico 
ciliado com células caliciformes) nas outras 
regiões da laringe. 
 
MORFOFISIOLOGIA DA TRAQUEIA 
ANATOMIA 
A traqueia é um tubo formado por anéis 
cartilaginosos incompletos que se ligam por 
músculos lisos e ligamentos anulares. Esse tubo 
é considerado uma via condutora do sistema 
respiratório que desempenha funções de 
condução, lubrificação e aquecimento do ar. 
A traqueia irá se ramificar em brônquio principal 
direito e brônquio principal esquerdo na altura 
da carina. 
Inervação da traqueia: nervo laríngeo 
recorrente. 
Irrigação da traqueia: artéria tireóidea inferior, 
ramos da artéria tireóidea superior e ramos das 
artérias bronquiais. 
Drenagem venosa da traqueia: veia tireóidea 
inferior que drena para veia ázigo. 
Drenagem linfática da traqueia: parte cervical é 
drenada para os linfonodos pré-traqueais e 
paratraqueais, além de poderem ser drenado 
para os linfonodos traqueobrônquicos. 
HISTOLOGIA 
A traqueia é dividida em três camadas: 
1. Mucosa – epitélio pseudoestratificado 
cilíndrico ciliado com células caliciformes 
que produzem muco 
2. Submucosa – tecido conjuntivo denso 
com glândulas seromucosas 
3. Adventícia – tecido conjuntivo frouxo e 
semi-anéis de cartilagem 
 
 
FISIOLOGIA 
A traqueia permite que o ar chegue até as vias 
inferiores e, posteriormente, aos pulmões. As 
células caliciformes produzem muco que 
lubrifica as vias aéreas e umedece o ar, além de 
garantir que partículas estranhas fiquem retidas 
nesse muco. Já as células ciliares movimentam 
esse muco, permitindo que ele possa ser 
engolido ou expectorado. 
MORFOFISIOLOGIA DAS VIAS ÁREAS 
INFERIORES 
A traqueia se bifurca em brônquios principais 
direito e esquerdo que entram nos pulmões 
pelos hilos. Esses brônquios irão se dividindo 
até formarem os bronquíolos: 
1. Os brônquios principais se dividem em 
brônquios lobares secundário que 
suprem os lobos pulmonares, sendo dois 
a esquerda e três a direita 
2. Os brônquios lobares secundários se 
dividem em brônquios segmentares 
terciários que suprem os segmentos 
broncopulmonares 
3. Os brônquios segmentares terciários irão 
se dividir em vários bronquíolos 
terminais que servem para aumentar a 
troca gasosa 
Os brônquios e bronquíolos possuem os 
mesmos anéis cartilaginosos da traqueia, sendo 
esses incompletos nos bronquíolos. 
Os bronquíolos terminais originam bronquíolos 
respiratórios (alvéolos pulmonares) que formam 
ductos alveolares e por fim os sacos alveolares. 
 
 
Já os pulmões são responsáveis pela oxigenação 
do sangue, sendo formados pelo ápice, base, 
lobos (2 esquerdo – superior e inferior – e 3 
direito – superior, médio e inferior), faces 
(costal, mediastinal e diafragmática) e margens 
(anterior, inferior e posterior). Na raiz pulmonar 
é formada pela artéria pulmonar, veias 
pulmonares superior e inferior e brônquio 
principal. O hilo do pulmão é onde entram ou 
saem as estruturas que formam a raiz pulmonar. 
 
Inervação dos pulmões: nervos derivados dos 
plexos pulmonares. 
Irrigação dos pulmões: artéria pulmonar, 
artérias lobares secundárias, artérias 
segmentares terciárias. 
Drenagem venosa dos pulmões: veias 
pulmonares superior e inferior e veias 
bronquiais. 
Os pulmões são revestidos pela pleura que se 
divide em pleura visceral e pleura parietal. 
 
BRONCOASPIRAÇÃO 
A broncoaspiração é a entrada de substâncias 
estranhas nas vias aéreas inferiores como o 
conteúdo produzido pelo estômago, alimentos, 
líquidos, saliva ou até mesmo partículas sólidas, 
causando tosse, falta de ar, asfixia, pneumonia, 
pneumonite e atelectasia. Normalmente, esse 
quadro é frequente em internações hospitalares. 
CAUSAS: 
− 20% dos pacientes que apresentam 
microaspirações quando intubados 
− Vazamento aéreo do balonete ou seu 
enchimento incompleto que geram 
passagem de secreções e gotículas 
− Aspiração de corpos estranhos 
(amendoim, peças de brinquedos) 
− Tumores brônquicos 
− Compressão extrínseca por 
linfonodomegalias 
FATORES DE RISCO: 
Algumas condições clinicas podem 
comprometer a proteção das vias aéreas 
inferiores (fechamento correto da glote e reflexo 
da tosse). 
− Consciência reduzida 
− Distúrbios de deglutição/déficit 
neurológico – disfagia 
− Doença do refluxo gastroesofágico 
− Lesão mecânica na glote por conta de 
traqueostomia, intubação endotraqueal, 
broncoscopia, endoscopia ou 
alimentação por sonda nasogástrica 
− Cirurgia que envolve a via aérea 
superior 
− Ausência de jejum adequado no 
processo da anestesia geral 
− Anestesia com máscara laríngea 
− Gestante 
− Obesos 
− Íleo adinâmico 
− Vômito 
− Redução do reflexo da tosse 
DIAGNÓSTICO: 
− Visualização do conteúdo gástrico na 
orofaringe durante o processo de 
intubação orotraqueal 
− Hipoxemia durante a ventilação 
mecânica 
− Aumento da pressão inspiratória 
durantea anestesia geral 
− Dispneia 
− Broncoespasmos 
− Hiperventilação 
Quando ocorre a broncoaspiração, deve-se 
colocar o paciente em posição de 
Trendelemburg, aspirar sua orofaringe, realizar 
intubação orotraqueal e aspirar a luz do tubo 
endotraqueal. Em casos de broncoaspiração 
durante o ato cirúrgico, deve-se discutir com a 
equipe se continua ou não a realização do 
procedimento cirúrgico. Além disso, é 
importante realizar uma radiografia de tórax em 
casos suspeitos, mas não evidentes. 
Normalmente, os pacientes assintomáticos 
apresentam saturação acima de 95%; fração 
inspirada de oxigênio = 0,5; FR inferior a 20 
rpm e FC inferior a 100 bpm. 
COMPLICAÇÕES: 
1. Pneumonite 
Aspiração de substâncias toxicas para as vias 
respiratórias inferiores, independentemente de 
infecção bacteriana. A broncoaspiração causa 
aumento da permeabilidade capilar pulmonar e 
diminuição da complacência, exigindo suporte 
ventilatório com pressão positiva. Os sintomas 
são: dispneia, febre baixa, cianose, crepitantes 
difusos na ausculta pulmonar, hipoxemia grave 
e infiltrados na radiografia 
2. Pneumonia 
Consequências pulmonares resultantes da 
entrada de líquidos, substâncias exógenas, 
partículas ou secreções endógenas nas vias 
aéreas inferiores. As manifestações incluem 
tosse, febre, expectoração purulenta e dispneia, 
além de emagrecimento e anemia. 
3. Atelectasia 
Perda de volume ou ausência de ar no pulmão 
por aspiração de um corpo estranho, sendo 
mais comum em crianças. Os sintomas são dor 
torácica, tosse e dispneia. É importante a 
realização de um raio X de tórax para verificar a 
localização do corpo estranho e remove-lo com 
uma broncoscopia flexível. 
MEDIDAS PREVENTIVAS: 
− Jejum pré-operatório 
− Medicação pré-anestésica: anti-
histamínicos (diminuir a acidez gástrica, 
aumentar o pH e diminuir o volume 
gástrico), anti-eméticos (aumentar o 
tônus do esfíncter esofágico, relaxar o 
piloro e contribuir para o esvaziamento 
do estômago) 
− Intubação antes da indução anestésica 
− Balonete insuflado entre 20 e 30 cm de 
H₂O 
− Tubo de poliuretano com balonete 
(menor espessura) 
− Manter a cabeceira da cama elevada 
acima de 30 graus 
− Escovação dos dentes para reduzir os 
microrganismos da boca 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
RUBENICH, Rosana; ZAMPIERI, Juliana; NEVES, 
Vanessa; HECK; Jayme. Broncoaspiração no 
perioperatório e na emergência: diagnóstico e 
manejo. Disponível em: 
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/03/88
0060/broncoaspiracao-no-perioperatorio-e-na-
emergencia-diagnostico-e-manejo.pdf. 
Prevenção de broncoaspiração. Hospital Sírio-
libanês. Disponível em: 
https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/portal-
paciente/Documents/prevencao-
broncoaspiracao.pdf. 
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/03/880060/broncoaspiracao-no-perioperatorio-e-na-emergencia-diagnostico-e-manejo.pdf
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/03/880060/broncoaspiracao-no-perioperatorio-e-na-emergencia-diagnostico-e-manejo.pdf
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/03/880060/broncoaspiracao-no-perioperatorio-e-na-emergencia-diagnostico-e-manejo.pdf
https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/portal-paciente/Documents/prevencao-broncoaspiracao.pdf
https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/portal-paciente/Documents/prevencao-broncoaspiracao.pdf
https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/portal-paciente/Documents/prevencao-broncoaspiracao.pdf

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