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1 MATERIAL DE 2018 Prática de Processo Civil DOS ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL. PRAZOS PROCESSUAIS I. PROPOSITURA DA AÇÃO Os setores de protocolo dos diversos Foros da Capital recebem as demandas desde que o interessado comprove o recolhimento das custas (guia GARE). A seguir fará o encaminhamento do protocolado ao setor de computação para a digitação e sorteio automático do feito. Expedem-se etiquetas adesivas contendo: o número do processo, da distribuição, do protocolado, nome da ação, indicação do juízo, Vara e Ofício, das partes e do advogado do autor. Na seqüência, os autos serão encaminhados para o juiz e este, verificando que não existem nulidades a serem sanadas e que se trata de jurisdição contenciosa, determinará a citação. II. CITAÇÃO ART. 238 A 259, CPC 2015 II.A. CONCEITO É o ato pelo qual se dá o chamamento do réu, o executado ou o interessado a juízo, para apresentar a sua defesa, integrando- o na relação processual. O juiz, ao deferir a petição inicial, ordenará a citação inicial do réu, sendo este ato indispensável para a validade do processo. Vejamos o conceito de Citação que o professor Nelson Nery Junior [1] aduz: Citação é a comunicação que se faz ao sujeito passivo da relação processual (réu ou interessado), de que em face dele foi ajuizada demanda ou procedimento de jurisdição voluntária, a fim de que possa, querendo, vir se defender ou se manifestar. II.B. MODALIDADES DE CITAÇÃO As citações podem ser classificadas em reais ou fictas. Citação real: é a citação recebida pessoalmente pelo réu ou por seu representante legal ou por procurador autorizado. A citação real pode ocorrer pelo correio, por oficial de justiça e por meio eletrônico. Pelo correio - art. 247 e 248, CPC É faculdade legal concedida ao autor, pois ele pode requerer de outra forma, podendo ser feita para qualquer comarca do País, salvo em cinco situações previstas no artigo 222, CPC. 1. Nas ações de estado; 2. Quando o réu for incapaz; 3. Quando o réu for pessoa de direito público; 4. Nos processos de execução; 5. Quando o local em que reside o réu não tenha entrega domiciliar de correspondência. Observar as pequenas modificações realizadas pelo CPC 2015, principalmente que autor deverá justificar outra modalidade de citação. Por oficial de justiça art. 249 a 250 CPC 2 A citação por oficial de justiça será feita quando a citação pelo correio for frustrada e nas hipóteses ressalvadas no art.222, CPC. A citação será feita por mandado, contendo requisitos específicos, conforme disposto no art. 225, CPC. O oficial de justiça deverá procurar o réu e ao encontrá-lo lerá o mandado, entregando-lhe a contrafé e obtendo a assinatura do citando. Em caso de recusa da assinatura ou do próprio recebimento do mandado incumbe ao oficial de justiça certificar o ocorrido. Observar as pequenas modificações realizadas pelo CPC 2015, principalmente que quando for o caso, haverá a intimação para o comparecimento na audiência de conciliação ou de mediação. Por meio eletrônico Essa forma de citação consta na Lei 11.419/06 que prevê a possibilidade de citação por meio eletrônico. Para sua validade o citando deve ter acesso total aos autos e deve encontrar-se cadastrado perante o órgão em que a ação tramita. Observar que o CPC 2015, possibilitada no inciso V, do artigo 246, a citação por meio eletrônico. Citação ficta: a citação ficta ou presumida é assim denominada, por não haver certeza de que o réu tenha tido conhecimento dela. Estabelece-se a presunção do conhecimento da existência da ação. A lei admite esta forma de citação para que, diante da impossibilidade da citação real, não haja perecimento do direito que o autor pretende. A citação ficta pode ocorrer por edital e por hora certa. Por edital art. 256 a 259, CPC A citação será por edital quando o réu for desconhecido ou incerto, ou quando o local em que se encontra o réu é ignorado, inacessível ou incerto. Será também por edital se a lei assim definir, como ocorre, por exemplo, em ações de usucapião. O país que se recusar a cumprir carta rogatória será considerado inacessível para efeito de citação por edital. Os requisitos para citação por edital estão dispostos no art. 232, CPC e um exemplar da publicação do edital e seu anúncio deverão constar dos autos. Observar as pequenas modificações realizadas pelo CPC 2015, bem como a introdução do artigo 259, sem correspondente n CPC 73, que aumenta a possibilidade de citação por edital. Por hora certa art. 256 a 259, CPC A citação por hora certa ocorrerá quando o oficial de justiça tiver sua citação (por mandado) frustrada. Se por duas vezes (no CPC de 73 eram três vezes) o oficial de justiça houver procurado o réu e não o encontrar e suspeitar da ocultação deverá intimar qualquer pessoa da família ou na ausência, um vizinho, informando o dia e hora em que voltará para efetuar a citação. Se no dia designado o citando estiver ausente o oficial de justiça certificará a ocorrência, dando por feita a citação, deixando a contrafé com os vizinhos ou familiares. Finda a citação por hora certa o réu receberá carta ou telegrama enviado pelo escrivão, para conhecimento das ocorrências. II.C. HIPÓTESES PARA NÃO REALIZAÇÃO DA CITAÇÃO O artigo 244 do CPC traz as hipóteses em que não será feita a citação, salvo para evitar perecimento do direito: Se o citando estiver assistindo ato religioso; Ao cônjuge, companheiro ou parente do morto, consangüíneo ou afim em linha reta ou colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos sete dias seguintes; Aos noivos nos três primeiros dias do casamento; e, Aos doentes enquanto estiverem em estado grave. 3 Já o art. 245 do CPC trata da impossibilidade de realizar a citação quando o oficial de justiça verificar que o réu é demente ou encontra-se impossibilitado de recebê-la. Nessa situação deverá o oficial de justiça certificar a ocorrência e o juiz nomeará um médico para examinar o citando. Reconhecida pelo médico a impossibilidade do citando receber a citação, o juiz nomeará um curador. A nomeação do curador restringe-se a causa. A citação será então feita na pessoa do curador. II. D. EFEITOS DA CITAÇÃO (ART. 240, CPC) A citação válida gera efeitos processuais e materiais, sendo que os efeitos materiais efetivam-se mesmo que a citação tenha sido ordenada por juiz incompetente. Os efeitos processuais da citação válida são: tornar prevento o juízo, induzir a litispendência e tornar litigiosa a coisa (objeto que está sendo discutido). Os efeitos materiais são: constituição do devedor em mora, ressalvado os artigos 397 e 398 do Código Civil 1 que tratam, respectivamente, do inadimplemento da obrigação e das obrigações provenientes de ato ilícito e a interrupção da prescrição. Tornar prevento o juízo: significa fixar a competência de um juiz dentre todos os juízes que seriam competentes nas ações distribuídas em separado, conforme estudado na aula 1 (Competência). Litispendência: existindo uma ação em andamento tem-se o impedimento de existir outra ação idêntica. Caso haja mais de uma ação idêntica em andamento há litispendência, de modo que a segunda demanda deverá ser extinta sem resolução do mérito. Tornar litigiosa a coisa: significa que o bem, o objeto da demanda vincula-se ao processo até sua decisão final. Constituir o devedor em mora: significa que o devedor encontra-se em situação de descumprimento de uma obrigação. Interrupção da prescrição: o juiz, ao receber a petição inicial, ordena a citação do réu e cabe ao autor tomar tal providência em prazo de 10 dias. Ocorre que o prazo podia ser prorrogado por até 90 dias, no CPC de 73, mas se o autor não conseguir realizar a citação dentro desse prazo não será interrompida a prescrição. A interrupção da prescrição somente ocorrerá quando a citação válidaocorrer. Para aprofundar: SÚMULA 106, do STJ - Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência. ENUNCIADO 136, do FPPC - A citação válida no processo judicial interrompe a prescrição, ainda que o processo seja extinto em decorrência do acolhimento da alegação de convenção de arbitragem (Grupo: Arbitragem) III. INTIMAÇÃO (ARTS. 269 A 275 , CPC ) III.A. CONCEITO É o ato pelo qual se dá ciência a alguém de atos e termos processuais para que venha a fazer ou deixar de fazer algo. 1 Art. 397, CC. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial. E Art. 398, CC. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou. http://www.apartamentosemsantos.biz/ 4 O CPC não diferencia o termo intimação de notificação, enquanto comunicação de atos processuais, porém a doutrina costuma diferenciá-los, sendo intimação a ciência de atos já praticados e a notificação termo utilizado para designar a prática de um ato futuro. III. B. DESTINATÁRIOS E MODO DE REALIZAÇÃO As intimações das partes, seus representantes legais e advogados poderão ser feitas pelo correio ou pelo escrivão do cartório, caso estejam presentes em cartório. Poderão também ser feitas por oficial de justiça, quando as intimações pelo correio forem frustradas. Podem também ser feitas de modo eletrônico, regulado em lei própria. A intimação do representante do Ministério Público deverá ser feita pessoalmente (art. 236, §2, CPC). No Distrito Federal e nas Capitais as intimações consideram-se realizadas pela publicação na imprensa oficial, porém deve constar o nome das partes e respectivos advogados de forma que possa identificá-los, sob pena de nulidade. IV. CARTAS (ARTS. 260 A 268 CPC) Alguns atos são realizados fora da sede do juízo, sendo requisitada a realização do ato por carta. As cartas podem ser de ordem, rogatória e precatória, sendo que todas contêm requisitos essências para suas validades. Carta de ordem Expedida de um tribunal para um juiz subordinado. Carta rogatória Expedida frente à necessidade do ato realizar-se no exterior. Carta precatória Expedida frente à necessidade do ato realizar-se no Brasil, porém em outra comarca que não seja aquela em que a ação tramita. V. PRAZOS PROCESSUAIS V.A. CONCEITO A lei estabelece prazos processuais com o objetivo de impedir que o processo prolongue-se de modo demasiado. O processo é uma sucessão de atos praticados pelas partes, pelos juízes e pelos auxiliares de justiça, de tal forma que o não cumprimento dos prazos estabelecidos em lei acarreta sanções administrativas e perda da faculdade processual. V.B. CLASSIFICAÇÃO Os prazos são classificados quanto à fonte em legais, judiciais ou convencionais. Há ainda a classificação em próprios e impróprios e dilatórios e peremptórios. Prazos legais: são os prazos especificados em lei; Prazos judiciais: são os prazos fixados pelo juiz. O juiz poderá fixar prazos sempre que a lei for omissa (art. 218, CPC); Prazos convencionais: são os prazos definidos entre as partes, em comum acordo. Prazos próprios: são os prazos estabelecidos para as partes. O não cumprimento do ato no lapso temporal estabelecido acarreta a perda do direito de praticá-lo (preclusão), independente de declaração judicial (art. 223, CPC); Prazos impróprios: são os prazos estabelecidos para os auxiliares de justiça e para o juiz. O não cumprimento dos atos não afeta a relação jurídica, mas pode gerar sanções administrativas; 5 Prazos dilatórios: são os prazos que permitem prorrogação ou redução por vontade das partes, mas para isso as partes devem requerer antes do vencimento do prazo, apresentando razões legítimas para a alteração (art. 181, CPC); Prazos peremptórios: são os prazos que não admitem alterações. V.C. PRECLUSÃO É a perda da faculdade processual de praticar um ato e são três as espécies de preclusão: lógica, temporal e consumativa. Preclusão lógica É a perda da faculdade de praticar o ato pela prática de um ato anterior que é incompatível com o ato que a parte pretendia efetivar posteriormente. Preclusão temporal É a perda da faculdade de praticar um ato pelo decurso de tempo. O não cumprimento do ato no prazo estabelecido pela lei ou pelo juiz acarreta a perda do direito de fazê-lo. Preclusão consumativa É a perda da faculdade de praticar um ato de modo diferente quando o ato já foi realizado de outra forma permitida por lei. V.D. REGRAS DE CONTAGEM (ARTS. 218 A 232, CPC) O CPC, nos artigos 178 e 179, estabelece que os prazos sejam contínuos, não se interrompendo nos feriados e que a superveniência das férias suspende o curso do prazo. O que sobrar do prazo começara a correr do primeiro dia útil seguinte ao término das férias. Em regra os prazos são de 5 dias e o início é no primeiro dia útil e se encerra no último dia útil. Se a citação ou a intimação for feita, o prazo começará a correr: Pelo correio: da juntada do aviso de recebimento aos autos. Se vários réus, da juntada do último aviso de recebimento; Por mandado (citação pessoal ou por hora certa): a partir da juntada aos autos do mandado; Por edital: após final da contagem e o prazo varia de 20 a 60 dias; Pela impressa (só a intimação): dia seguinte ou dia útil subseqüente; e Por cumprimento de carta de ordem, precatória ou rogatória: data da juntada das mesmas devidamente cumpridas. Recurso: data em que os advogados forem intimados da decisão, da sentença ou do acórdão. Observações O prazo é contínuo, não se interrompe nos feriados. Apenas serão levados em conta domingos, feriados ou dia de não expediente do fórum (sábado), fórum fechado antes ou sem expediente se neles tiver iniciado ou terminado qualquer prazo. Se o feriado ou domingo estiver no meio de um prazo já em curso não serão descontados; O Juiz pode prorrogar prazos, mas nunca por mais de 60 dias; Prazo para juiz: 2 dias para despachos e 10 dias para decisões (sentenças e interlocutórias); Prazo para serventuário: 24 horas para remeter autos conclusos da data que concluir o ato processual e 48h para cumprir os atos, da data que tomar ciência da ordem, emanada pelo juiz. Prazos para a Fazenda e Ministério Público são especiais: há prazo em dobro para recorrer e em quádruplo para contestar. Importantíssimo: O CPC 2015 estabelece que se computem somente os dias úteis na contagem do prazo. 6 V.E. CAUSAS DE SUSPENSÃO DO PROCESSO Algumas causas levam a suspensão do processo. São elas: Obstáculo criado pela parte contrária; Morte ou perda de capacidade processual da parte, de seu representante ou de seu procurador; Convenção entre as partes; Oposição de exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal; Intervenção de terceiros (nomeação à autoria, denunciação da lide, chamamento ao processo e oposição); Férias suspendem o curso do prazo e o que faltar conta no primeiro dia da volta das férias. Conta-se pelo saldo. PEÇA PRÁTICA 1 (ELABORAÇÃO EM SALA) (Exame 127, OAB/SP) João Macedo é desenhista (“designer”) de produtos, na Cidade de São Paulo, onde é domiciliado. Ao ser contratado para participar de um grande projeto, João adquiriu um microcomputador portátil (“notebook”) de última geração, da loja ABC Eletronics Ltda., sediada na Cidade de Curitiba (PR), pelo valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). O produto, fabricado pela empresa Pearl Inc., norte-americana, é importado com exclusividade por algumas lojas no Brasil, como a ABC Eletronics. O produto não possui qualquerprazo de garantia além daqueles informados no Código de Defesa do Consumidor. João efetuou a compra do produto pelo telefone e solicitou a entrega do mesmo em sua residência. O pagamento foi debitado em uma única prestação em seu cartão de crédito. Três dias depois da compra, o microcomputador foi entregue na residência de João. Seguindo todas as instruções contidas no manual, João tentou ligar o aparelho, sem sucesso, já que o produto simplesmente não funcionava. Quatro dias depois da compra, João dirigiu-se à ABC Eletronics, em Curitiba (PR), para exigir a substituição do produto, e foi informado de que a empresa, por ser representante da marca do computador, possuía um serviço de assistência técnica para onde o produto deveria ser encaminhado para verificar as razões pelas quais não ligava. João assinou e recebeu cópia de uma ordem de serviço para comprovar o envio do produto ao conserto. Trinta dias depois, o produto retornou da assistência técnica. João testou o aparelho na própria loja e constatou que, apesar do equipamento ligar, o monitor apresentou defeitos na imagem. Irritado, João recusou-se a retirar o produto e exigiu, dessa vez, a restituição da quantia paga. Ao ter seu pedido negado, João deixou a loja, levando o aparelho defeituoso, após protocolar um documento informando sua insatisfação e exigindo a devolução do dinheiro. Como nada foi feito, João procurou um advogado para providências judiciais, pretendendo receber tudo o que gastou, corrigido monetariamente, além de perdas e danos. QUESTÃO: Como advogado(a) de João, promova a demanda cabível, sabendo que, além do produto não funcionar direito, João, para concluir o projeto para o qual foi contratado, precisou alugar um equipamento similar, por trinta dias, pelo valor total de R$ 3.000,00 (três mil reais).
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