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CIVIL - Juizados 2017

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MATERIAL DE 2018 
 
Prática de Processo Civil 
 
Sumário: Juizados Especiais Cíveis (Lei n. 9.099/95). 
I. Juizados Especiais Cíveis 
 
1. Conceito 
A Lei 9099/95 dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Esses juizados foram 
criados para conciliação, processo e julgamento de causas de menor complexidade. Os critérios 
que regem o processo são os princípios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia 
processual e celeridade. As partes devem buscar sempre que possível a conciliação ou 
transação. 
 
Atualmente temos os juizados especiais cíveis e criminais, os juizados especiais da fazenda 
pública (Lei 12.153/2009) e os juizados especiais federais (Lei 10.259/2001). 
 
O autor tem a faculdade de optar pelo procedimento do Juizado Especial Cível e essa opção 
importará em renúncia ao crédito excedente ao limite imposto por essa lei, que é de 40 salários 
mínimos, exceto pela hipótese de conciliação. 
 
No juizado especial da Fazenda Pública, o valor máximo das causas é de 60 salários mínimos. 
 
O acesso ao Juizado Especial Cível independe de pagamento de custas ou taxas em 1º grau de 
jurisdição, observado que se o autor não comparecer à audiência ele terá de recolher as custas 
que lhes foram dispensadas. 
 
O procedimento deste Juizado é chamado de procedimento sumaríssimo. 
 
2. Competência (art. 3, Lei 9099/95) 
O Juizado Especial Cível é competente para julgar: 
Causa cujo valor não exceda a 40 (quarenta) salários mínimos; 
Enumeradas no art. 275, CPC, inciso II1; 
Ação de despejo para uso próprio; 
Ação possessória sobre bens imóveis de valor inferior a 40 salários mínimos. 
 
3. Excluídos da competência (art. 3, § 2º, Lei 9099/95) 
O Juizado Especial Cível não terá competência para julgar: 
Ações de natureza alimentar; 
Ações de natureza fiscal e de interesse da Fazenda Pública (há o juizado especial cível da 
Fazenda Pública); 
Ações relativas a acidentes do trabalho; 
Ações relativas ao estado e capacidade da pessoa, ainda que de cunho patrimonial. 
 
4. Partes (art. 8°, caput e § 1° e 2°, Lei 9099/95) 
Poderão propor ação (autores) somente pessoas físicas, as pessoas enquadradas como 
microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte, as pessoas 
jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, as sociedades 
de crédito ao microempreendedor. 
 
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 Observar que o NCPC determinou nas disposições transitórias que: Art. 1.063. Até a edição de lei específica, os juizados 
especiais cíveis previstos na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, continuam competentes para o processamento e julgamento 
das causas previstas no art. 275, inciso II, da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973) 
 2 
 
Não poderão ser partes 
O incapaz; 
O preso; 
Pessoas jurídicas de direito público, 
Empresas públicas da União; 
Massa falida; 
Insolvente civil. 
 
No juizado especial cível é admitido o litisconsórcio (pluralidade das partes), mas não são 
admitidas nenhuma forma de intervenção de terceiros e nem reconvenção (ao contrário, admite-
se o pedido contraposto). 
 
5. Assistência do advogado (art. 9°, Lei 9099/95) 
 
As partes não precisarão constituir advogado nas causas até 20 salários mínimos. Acima desse 
valor a assistência do advogado é obrigatória. 
 
Em fase recursal também é obrigatório que as partes sejam representadas por advogado 
 
Em causas em que o juiz achar necessário alertará as partes a conveniência de se fazer 
acompanhar por um advogado e o mandado do advogado poderá ser verbal, caso não sejam 
necessários poderes especiais. 
 
Se o réu for pessoa jurídica ou titular de firma individual poderá ser representado por um 
preposto. Se a assistência do advogado for facultativa, ou seja, nas causas cujo valor não 
ultrapasse a 20 salários mínimos, e qualquer das partes comparecerem com advogado, poderá a 
outra parte obter assistência judiciária prestado pelo Juizado. 
 
6. Pedido do autor (art. 14° a 17°, Lei 9099/95) 
 
O pedido poderá ser escrito ou oral, sendo que o pedido oral será reduzido a termo e deverá 
constar: 
 
Nome, qualificação e o endereço das partes; 
Os fatos e os fundamentos de forma sucinta; 
O objeto e seu valor; 
 
No Juizado Especial Cível é admitido formular pedido genérico quando não é possível determinar 
a extensão da obrigação. Também serão admitidos pedidos alternativos ou cumulativos, porém 
para pedidos cumulativos deve ser observado o valor porque a soma dos valores dos pedidos 
conexos não poderá ultrapassar 40 salários mínimos (limite estabelecido para competência desta 
lei). 
O pedido será registrado na Secretaria do Juizado que irá designar a sessão de conciliação e 
julgamento, no prazo de 15 dias. 
 
7. Resposta do réu (art. 30 e 31, Lei 9099/95) 
 
A contestação poderá ser oral ou escrita e deverá conter toda a matéria de defesa, porém a 
argüição de suspeição e impedimento do juiz deverá seguir o procedimento previsto nos artigos 
304 a 318 do CPC. 
 
O réu deverá contestar o pedido do autor na própria audiência e se assim não o fizer poderá 
requerer que seja designada nova data para contestar e se o réu não comparecer a audiência de 
 3 
instrução e julgamento ou a sessão de conciliação ocorrerá a revelia (todos os fatos alegados 
pelo autor na inicial serão considerados verdadeiros). 
 
A reconvenção neste juizado não é permitida, mas o réu poderá na contestação apresentar 
pedido em seu favor (pedido contraposto), mas sempre observando os limites previstos no art. 3° 
e o pedido em favor do réu deverá estar baseado nos mesmos fatos que fundamentam o pedido 
do autor. 
 
8. Citações (art. 18, Lei 9099/95) 
 
No juizado especial não se admite citação por edital. 
 
A citação será: 
 
Por correspondência, com aviso de recebimento em mão própria; 
Se pessoa jurídica ou firma, mediante a entrega à recepção, identificando a pessoa que recebeu; 
Por oficial de justiça quando necessário e independente de mandado ou carta precatória. 
 
Na citação deverá conter cópia do pedido inicial, a dia e hora do comparecimento e a advertência 
que se o citando não comparecer as alegações iniciais serão tidas como verdadeiras (revelia) e 
será proferido o julgamento, sendo que o comparecimento espontâneo da parte contrária supre a 
falta de citação. 
 
9. Intimações (art. 19, Lei 9099/95) 
 
No juizado especial as intimações serão feitas na forma prevista para citação, ou por qualquer 
outro meio idôneo de comunicação, sendo que dos atos que forem praticados na audiência as 
partes sairão cientes. 
 
As partes devem comunicar ao juízo as mudanças de endereço que venham a ocorrer no 
decorrer do processo. As comunicações enviadas ao local indicado inicialmente serão 
consideradas eficazes caso não haja indicação da mudança de endereço. 
 
10. Conciliação, juízo arbitral e audiência de instrução e julgamento (art. 21 a 27, Lei 9099/95) 
 
A conciliação é conduzida pelo juiz togado ou leigo ou conciliadores. 
 
Os conciliadores são auxiliares da Justiça e são recrutados preferencialmente entre os bacharéis 
em Direito. 
 
Já os juízes leigos são advogados com mais de cinco anos de experiência e também são 
auxiliares da Justiça, ficando impedidos de exercer a advocacia perante os Juizados Especiais 
enquanto estão desempenhando tal função. 
 
Na abertura da audiência de conciliação o juiz explicará sobre a conciliação e uma vez obtida 
será reduzida a termo e homologada. Se o demandado não comparecer o juiz togado preferirá 
sentença. 
 
A homologação da conciliação, que é feita pelo juiz togado, será feita mediante sentença e terá 
eficácia de título executivo. 
 
Se nesta audiência a conciliação não for obtida as partes poderão optar pelo juízo arbitral, sendo 
a escolha do árbitro feita pelas partes. 
Se não instituído o juízo arbitral será instaurada a audiência de instrução e julgamento. 
 
 4 
Na audiência de instrução e julgamento tem-se a oitiva de testemunhas, colheita de provas e 
sentença. 
 
11.Sentença (art. 38 a 49, Lei 9099/95) 
 
A sentença conterá resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e os elementos que 
serviram de convicção ao juiz, sendo dispensado o relatório. 
 
A sentença condenatória por quantia ilíquida não é admitida e não poderá exceder o valor de 40 
salários mínimos (limite estabelecido para competência no Juizado Especial Cível). O que 
exceder a esse limite não será considerado. 
 
12. Recursos (art. 41 a 50, Lei 9099/95) 
 
Da sentença, exceto a de homologação de conciliação ou laudo arbitral, cabe recurso. 
 
O recurso será por petição escrita para o próprio juizado e o prazo para a interposição será de 10 
dias a partir da ciência da sentença. O recorrido, que será intimado pela Secretaria do Juizado, 
também terá o prazo de 10 dias para oferecer suas contra razões por escrito. 
 
O preparo do recurso compreenderá todas as despesas processuais, inclusive aquelas 
dispensadas em primeiro grau de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência judiciária 
gratuita. 
 
O recurso será julgado pela turma que será composta por três juízes togados. O recurso tem 
efeito devolutivo, mas o juiz poderá atribui efeito suspensivo se estiver diante de dano irreparável. 
 
A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de advogado, 
ressalvados os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as 
custas e honorários de advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do 
valor de condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa. 
 
Da sentença ou acórdão (súmula do julgamento) caberão Embargos de Declaração nas mesmas 
hipóteses de cabimento dos embargos declaratórios consoante o NCPC (esclarecer obscuridade 
ou eliminar contradição, suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o 
juiz de ofício ou a requerimento e corrigir erro material), no prazo de cinco dias, a contar da 
ciência da sentença ou do acórdão. 
 
Segundo o parágrafo único do Artigo 1.022 do CPC, considera-se omissa a decisão que: 
 
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente 
de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; 
 
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1o. 
 
489 § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, 
sentença ou acórdão, que: 
 
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação 
com a causa ou a questão decidida; 
 
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua 
incidência no caso; 
 
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; 
 5 
 
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a 
conclusão adotada pelo julgador; 
 
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos 
determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; 
 
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, 
sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do 
entendimento. 
 
Segundo o NCPC, o juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 
(cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação 
da decisão embargada. 
 
Segundo o artigo 50 da lei, os embargos de declaração, quando interpostos contra sentença, 
interrompem o prazo para recursos. A interrupção do prazo (pela oposição dos embargos de 
declaração) trata-se de alteração pelo NCPC pois até então o prazo era apenas suspenso e não 
interrompido. 
 
Quanto aos prazos (dias úteis ou corridos) decorrentes do NCPC 
 
No âmbito dos três Juizados, a questão deveria ser simples. Mas, infelizmente, não é… 
 
Hoje, há três Juizados: Juizado Especial Cível (JEC, Lei 9.099/95), Juizado Especial Federal 
(JEF, Lei 10.259/01) e Juizado Especial da Fazenda Pública (JEFP, Lei 12.153/09). 
 
Por expressa previsão legal, esses Juizados formam um sistema : 
 
Art. 1º, Parágrafo único da L. 12.153/2009. O sistema dos Juizados Especiais dos Estados e do 
Distrito Federal é formado pelos Juizados Especiais Cíveis, Juizados Especiais Criminais e 
Juizados Especiais da Fazenda Pública. 
 
E, no sistema dos Juizados Especiais, aplica-se de forma subsidiária o CPC – e não o CPP ou 
CLT, por certo: 
 
Art. 27 da L. 12.153/2009. Aplica-se subsidiariamente o disposto nas Leis nos 5.869, de 11 de 
janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, 9.099, de 26 de setembro de 1995, e 10.259, de 12 
de julho de 2001. 
 
Portanto, tendo em vista (i) que não há regra especial de contagem de prazos processuais nos 
Juizados e (ii) a aplicação subsidiária do CPC73 e NCPC aos Juizados, seria simples concluir que 
os prazos processuais, nos Juizados, deveriam ser contados em dias úteis. 
 
Trata-se de solução até mais simples que a do processo penal ou do trabalho, inexistindo aqui 
qualquer conflito normativo, correto? Infelizmente, errado… 
 
Existe uma divergência pública entre setores relevantes do Judiciário acerca da forma de 
contagem de prazos processuais nos Juizados – e que começa a se refletir nos casos concretos 
em trâmite em juízo, com respostas distintas. 
 
Vejamos o panorama da situação. 
 
 6 
(i) Em encontro de juízes organizado pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de 
Magistrados (ENFAM), em agosto de 2015, cerca de 500 magistrados se reuniram para debater o 
NCPC e elaborar enunciados. 
 
Tais magistrados aprovaram o seguinte enunciado, a respeito do tema: 
 
45) A contagem dos prazos em dias úteis (art. 219 do CPC/2015) aplica-se ao sistema de 
juizados especiais. 
 
Em nosso entender, essa é a resposta correta, tendo em vista os argumentos acima expostos. 
 
(ii) Contudo, em março de 2016, poucos dias antes da vigência do NCPC, o Fórum Nacional de 
Juizados Especiais (FONAJE) divulgou “nota técnica” afirmando que, no JEC, não se aplica o 
prazo em dias úteis – e indicando que isso será votado, como enunciado, em encontro a ocorrer 
em junho de 2016. 
 
Os argumentos para tal conclusão são a celeridade, duração razoável do processo e 
especialidade dos Juizados. 
 
Há, entretanto, um detalhe importante. Não se indica qual o diploma legal a ser utilizado para a 
contagem de prazo processual em dias corridos, já que é afastada a contagem de prazos em dias 
úteis do NCPC e não há previsão acerca desse tema na Lei 9.099/95. Seria o CPP? Seria a CLT? 
Seria a aplicação das regras revogadas do CPC/1973? 
 
De qualquer forma, não se trata de posição isolada no Judiciário. A tese de contagem de prazos 
em dias contínuos foi defendida publicamente pela Ministra Nancy Andrighi, do STJ e atual 
corregedora nacional do CNJ e teve enunciado aprovado no âmbito do Fórum dos Juizados 
Especiais do Estado de São Paulo (FOJESP), realizado em 18/03/16 – ainda que por apertada 
maioria. 
 
A respeito do conflito com o enunciado ENFAM, um dos representantes do FONAJE se 
manifestou, sendo conveniente reproduzir o seguinte trecho de notícia divulgada pela Associação 
de Magistrados do Brasil (AMB) : 
 
Para o Juiz de Direito e Secretário-Geral do FONAJE, Gustavo A. Gastal Diefenthäler, “tal 
entendimento é equivocado e foi extraído sem que fosse ouvido o FONAJE, foro adequado para 
deliberações sobre as questões e temas que afetam o Sistema de Juizados Especiais, em seus 
19 anos de existência”. 
 
 
Tem-se, portanto, uma divergência pública entre magistrados, que causa confusão entre os 
advogados e demais profissionais do Direito (inclusive, é claro, os próprios juízes dos Juizados). 
Isso é de causar perplexidade, especialmente considerando o comando legislativo inserto no 
NCPC que afirma que os tribunais deverão “uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, 
íntegra e coerente” (artigo 926). 
 
ENUNCIADOS DO X FOJESP (Fórum dos Juizados Especiaisde São Paulo), de 23/03/2016 
 
1. “Considerado o princípio da especialidade, o CPC 2015 somente terá aplicação ao Sistema dos 
Juizados Especiais nos casos de expressa e específica remissão, ou na hipótese de 
compatibilidade com os critérios previstos no art. 2º da Lei 9.099/95” (passou a ser Enunciado 66 
do Fojesp); 
 
Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, 
economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação. 
 7 
 
2. “Não se aplica ao Sistema dos Juizados Especiais a regra do art. 489 do CPC 2015 diante da 
expressa previsão contida no art. 38, caput, da Lei 9.099/95” (passou a ser Enunciado 67 do 
Fojesp); 
 
9.099, Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos 
fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório. 
 
Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico 
o pedido. 
 
===== 
 
CPC, Art. 489. São elementos essenciais da sentença: 
 
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e 
da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; 
 
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; 
 
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. 
 
§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença 
ou acórdão, que: 
 
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação 
com a causa ou a questão decidida; 
 
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua 
incidência no caso; 
 
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; 
 
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a 
conclusão adotada pelo julgador; 
 
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos 
determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; 
 
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, 
sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do 
entendimento. 
 
§ 2o No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da 
ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e 
as premissas fáticas que fundamentam a conclusão. 
 
§ 3o A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos e 
em conformidade com o princípio da boa-fé. 
 
3. “Os procedimentos de tutela de urgência requeridos em caráter antecedente, na forma prevista 
nos arts. 303 a 310 do CPC/2015 são incompatíveis com o Sistema dos Juizados Especiais” 
(passou a ser Enunciado 68 do Fojesp); 
 
 8 
4. “O art. 229, caput, do CPC 2015, não se aplica ao Sistema de Juizados Especiais” (passou a 
ser Enunciado 69 do Fojesp); 
 
Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia 
distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo 
ou tribunal, independentemente de requerimento. 
§ 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa 
por apenas um deles. 
§ 2o Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos. 
 
5. “A desistência da ação, mesmo sem a anuência do réu já citado, torna prejudicado eventual 
pedido contraposto e implica a extinção do processo sem resolução do mérito, ainda que tal ato 
se dê em audiência de instrução e julgamento, salvo quando houver indícios de litigância de má-
fé ou de lide temerária” (passou a ser a nova redação do Enunciado 35 do Fojesp); 
 
6. “A multa prevista no art. 523, § 1º, do CPC 2015, aplica-se aos Juizados Especiais Cíveis, 
ainda que o valor desta, somado ao da execução, ultrapasse o limite de alçada; a segunda parte 
do referido dispositivo não é aplicável, sendo, portanto, indevidos honorários advocatícios de dez 
por cento” (passou a ser Enunciado 70 do Fojesp); 
 
§ 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de 
dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento. 
 
7. “O art. 332 do CPC 2015 aplica-se ao Sistema dos Juizados Especiais; e o disposto no 
respectivo inc. IV também abrange os enunciados e as súmulas de seus órgãos colegiados” 
(passou a ser Enunciado 71 do Fojesp); 
 
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do 
réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: 
 
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; 
 
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em 
julgamento de recursos repetitivos; 
 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de 
competência; 
 
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. 
 
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a 
ocorrência de decadência ou de prescrição. 
 
§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos 
termos do art. 241. 
 
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. 
 
§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do 
réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no 
prazo de 15 (quinze) dias. 
 
8. “Na hipótese de realização de exame técnico previsto no art. 10 da Lei 12.153/09, em 
persistindo dúvida técnica, poderá o juiz extinguir o processo pela complexidade da causa” 
(passou a ser Enunciado 72 do Fojesp); 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art241
 9 
 
9. "O condomínio e o espólio não podem propor ação nos Juizados Especiais em razão do 
disposto no art. 8º, par. 1º, da Lei 9.099 95" (nova numeração prejudicada, tendo em vista que já 
se tem o Enunciado 10 do Fojesp); 
 
10. "O art. 1.063 do CPC 2015 não estabelece hipótese de competência absoluta dos Juizados 
Especiais" (passou a ser o Enunciado 73 do Fojesp); 
 
11. Todos os prazos, no Sistema dos Juizados Especiais, serão contados de forma contínua, 
excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento" (passou a ser o Enunciado 74 do 
Fojesp); 
 
12. “No Sistema dos Juizados Especiais, o juízo prévio de admissibilidade dos recursos deve ser 
feito pelo juízo a quo” (Enunciado 75 do FOJESP). 
 
 
 
 
 
 
 
PEÇA PRÁTICA PROCESSO CIVIL 
Tício teve seu veículo abalroado por Bruno na Vila Madalena enquanto parado no semáforo. 
Atualmente Tício exerce atividade remunerada com o veículo, por meio do aplicativo UBER. Além 
de testemunhas, um policial presenciou o acidente e lavrou o respectivo Boletim de Ocorrência 
em seguida ao acidente. Apesar da apresentação de orçamentos da ordem de R$5.000,00 para o 
reparo do veículo, que precisará ficar 10 dias na oficina para reparos, Tício encontra dificuldade 
em obter o ressarcimento de Bruno, que não lhe retorna a ligação. Tício então o procura para 
promover a competente ação, pedindo-lhe optar pelo procedimento mais célere e econômico 
possível. 
QUESTÃO: Como advogado do terceiro lesado, aja em seu prol. 
EXERCÍCIO DE MEMORIZAÇÃO 
01- Qual a Justiça, Foro e Juízo competentes? 
02- Quem são os autores? 
03- Quem é o réu? 
04- No caso, é necessário qualificar as partes? 
05- O que deve ser requerido? 
06- Quais os fatos e fundamentos da petição? 
07- Dá-se valor à causa? Por que? 
08- Como deve ser feito o encerramento da petição? 
09- Justifique a medida adotada.

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