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SISTEMA DE ENSINO LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais Livro Eletrônico 2 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Lei das Contravenções Penais: Decreto-Lei n. 3.688, de 3 de outubro de 1941 ...............4 Introdução ......................................................................................................................4 Parte Geral .....................................................................................................................6 Competência...................................................................................................................6 Sistema Penal ................................................................................................................9 Aplicação da Lei das Contravenções no Espaço ............................................................ 10 Elemento Subjetivo ....................................................................................................... 11 Tentativa ....................................................................................................................... 11 Desistência Voluntária e do Arrependimento Eficaz ....................................................... 11 Penas ............................................................................................................................ 11 Possibilidade de Conversão da Pena ............................................................................. 12 Duração da Pena .......................................................................................................... 12 Suspensão Condicional da Pena .................................................................................... 13 Ação Penal ................................................................................................................... 13 Parte Especial .............................................................................................................. 16 Ponto Controvertido sobre a Possibilidade de Aplicação do art. 18 da Lei de Contravenções Penais para Armas Brancas ................................................................. 16 Contravenções em Espécie ............................................................................................17 Das Contravenções Referentes à Pessoa .......................................................................17 Das Contravenções Referentes ao Patrimônio ..............................................................22 Das Contravenções Referentes à Incolumidade Pública ................................................24 Das Contravenções Referentes à Paz Pública ...............................................................33 Das Contravenções Referentes à Fé Pública .................................................................37 Das Contravenções Relativas à Organização do Trabalho .............................................39 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Das Contravenções Relativas à Polícia de Costumes .....................................................42 Das Contravenções Referentes à Administração Pública ..............................................53 Mapas Mentais .............................................................................................................56 Questões de Concurso ................................................................................................. 58 Gabarito ....................................................................................................................... 77 Gabarito Comentado .....................................................................................................78 Referências Bibliográficas .......................................................................................... 124 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS: DECRETO-LEI N. 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941 Olá, meu(minha) caro(a) aluno(a). Eu sou o professor Sérgio Bautzer e leciono legislação penal especial há 15 anos. O estudo das contravenções penais se faz necessário por conta dos concursos de promotor de justiça e delegado de polícia. Por conta do mandamento cons- titucional, previsto no art. 109 da Constituição Federal, as contravenções penais são julgadas pela Justiça Estadual, por isso não haverá cobrança de tal matéria em concursos da magis- tratura federal, de procurador da república ou de delegado de polícia federal. Mesmo assim, se você for prestar tais concursos na área federal, deverá ficar antenado na própria letra da Constituição Federal, nos julgados que tratam da competência para se julgar as contravenções penais praticadas por pessoas que possuem foro por prerrogativa e na questão dos delitos de competência da Justiça Federal conexos às contravenções. Devemos nos lembrar sempre de que a contravenção de jogo do bicho está prevista em outro Decreto-Lei, e que existe até súmula do STJ sobre a atuação do “apontador” no cometimento de tal infração. Outra con- travenção que não está prevista na LCP, mas você deve ficar atento, é a retenção indevida de documentos de identificação pessoal, infração prevista no art. 3 da Lei n. 5.553/1968. Você deve sempre estar antenado na Lei de Introdução ao Código Penal, que diz como é punida a contravenção no sistema penal. Eu como professor sugiro que desde já você memorize que o legislador define o que é crime e o que é contravenção. Ah, e em 2020, o STJ decidiu que o porte de arma branca não é fato atípico aos olhos do Direito Penal. Qualquer dúvida, procure o fórum do Gran Cursos Online, que é o melhor, maior e mais completo curso virtual preparatórios do mundo. Boa aula! Sucesso. Introdução Infração penal é gênero da qual são espécies crime e contravenção penal. Tal diferença fora estipulada pelo art. 1 da Lei de Introdução ao Código Penal, Decreto-Lei n. 3.914, de 9 de dezembro de 1941, que considera crime a infração penal na qual a Lei comi- na pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL com a pena de multa; contravenção, a infração penal na qual a Lei comina, isoladamente, pena de prisão simples1 ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. Não existe diferença ontológica, de essência, entre crime (ou delito) e contravenção. O mesmo fato pode ser considerado crime ou contravenção pelo legislador, de acordo com a necessidade de prevenção social. Assim, uma contravenção pode no futuro vir a ser definida como delito. Aliás, vários são os exemplos de tipos penais que nasceramcomo contravenção penal e com o passar do tempo, atendendo às mudanças da sociedade e à necessidade de maior re- primenda do comportamento, com o fito de se adequarem socialmente, passaram a ser consi- derados crimes. Cite-se, por exemplo, o art. 63, I, da LCP (Importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor) que foi revogado pela Lei n. 13.718/2018 e passou a ser previsto no Código Penal no art. 215-A (Praticar contra alguém e sem a sua anu- ência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro). As contravenções penais são infrações penais de menor potencial ofensivo. De acordo com o art. 61 da Lei n. 9.099/1995, consideram-se infrações de menor potencial ofensivo as contravenções penais e crimes nos quais a Lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. A 1ª Turma do STF decidiu que crime previsto no Estatuto Penal não pode ser absorvido por contravenção penal: EMENTA Habeas corpus. Penal. Princípio da consunção. Alegação de que o crime de falso (art. 304 do CP) constitui meio de execução para a consumação da infração de exer- cício ilegal da profissão (art. 47 do DL n. 3.688/1941). Não ocorrência. Impossibilidade de um tipo penal previsto no Código Penal ser absolvido por uma infração tipificada na Lei de Contravenções Penais. Ordem denegada. 1. O princípio da consunção é aplicável quando um delito de alcance menos abrangente praticado pelo agente for meio neces- sário ou fase preparatória ou executória para a prática de um delito de alcance mais abrangente. 2. Com base nesse conceito, em regra geral, a consunção acaba por deter- 1 Prisão Simples é a pena cumprida sem rigor penitenciário em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime aberto ou semiaberto. Trata-se de pena aplicada em face de contravenção penal (Lei das Contravenções Penais – Decreto Lei n. 3.688/1941), que, por sua vez, é infração penal de menor potencial ofensivo – conceito retirado do Wikipédia – enciclopédia livre. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL minar que a conduta mais grave praticada pelo agente (crime-fim) absorve a conduta menos grave (crime-meio). 3. Na espécie, a aplicabilidade do princípio da consunção na forma pleiteada encontra óbice tanto no fato de o crime de uso de documento falso (art. 304 do CP) praticado pelo paciente não ter sido meio necessário nem fase para consecução da infração de exercício ilegal da profissão (art. 47 do DL n. 3.688/1941) quanto na impossibilidade de um crime tipificado no Código Penal ser absorvido por uma infração tipificada na Lei de Contravenções Penais. 4. Habeas corpus denegado. (HC 121652, Relator (a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 22/04/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-107 DIVULG 03-06-2014 PUBLIC 04-06-2014). Parte Geral ComPetênCIa O inciso IV do art. 109 da Constituição da República: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: [...] IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interes- ses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral. O Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula n. 38, que dispõe que compete à Justiça Estadual o processo e julgamento das contravenções, ainda que cometidas em detrimento de bens da União, vejamos: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades. Caberá à Justiça Estadual julgar a contravenção penal mesmo quando for conexa com crime de competência da Justiça Federal. O Superior Tribunal de Justiça decidiu: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PENAL. CONTRAVENÇÃO. EXPLORAÇÃO DE JOGOS DE AZAR (ART. 50 DECRETO-LEI n. 3.688/1941). CONTRABANDO (ART. 334 DO CP). CONE- XÃO. INVIABILIDADE DE JULGAMENTO PERANTE O MESMO JUÍZO. SÚMULA n. 38/STJ. DESMEMBRAMENTO. 1. Apesar da existência de conexão entre o crime de contrabando e contravenção penal, mostra-se inviável a reunião de julgamentos das infrações penais perante o mesmo Juízo, uma vez que a Constituição Federal expressamente excluiu, em seu art. 109, IV, a competência da Justiça Federal para o julgamento das contravenções penais, ainda que praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União. Súmula n. 38/STJ. Precedentes. 2. Firmando-se a competência do Juízo Federal para processar e julgar o crime de contrabando conexo à contravenção penal, impõe-se o desmembramento do feito, de sorte que a contravenção penal seja julgada perante o Juízo estadual. 3. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito do 8º Juizado Especial Criminal do Rio de Janeiro/RJ, o suscitado, para processar e julgar a conduta relacionada à contravenção, remanescendo a competência do Juízo Federal da 9ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro-RJ, suscitante, para o pro- cesso e julgamento do crime de contrabando. (CC 120.406/RJ, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/PE), TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/12/2012, DJe 01/02/2013 – Informativo 511). No mesmo sentido: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PENAL. CONTRAVENÇÃO. EXPLORAÇÃO DE JOGOS DE AZAR (ART. 50 DECRETO-LEI n. 3.688/1941). CONTRABANDO (ART. 334 DO CP). CONEXÃO. INVIA- BILIDADE DE JULGAMENTO PERANTE O MESMO JUÍZO. SÚMULA n. 38/STJ. DESMEMBRA- MENTO. 1. Apesar da existência de conexão entre o crime de contrabando e contravenção penal, mostra-se inviável a reunião de julgamentos das infrações penais perante o mesmo Juízo, uma vez que a Constituição Federal expressamente excluiu, em seu art. 109, IV, a competência da Justiça Federal para o julgamento das contravenções penais, ainda que praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União. Súmula n. 38/STJ. Pre- cedentes. 2. Firmando-se a competência do Juízo Federal para processar e julgar o crime de contrabando conexo à contravenção penal, impõe-se o desmembramento do feito, de sorte que a contravenção penal seja julgada perante o Juízo estadual. 3. Conflito conhe- cido para declarar a competência Juízo de Direito do 8º Juizado Especial Criminal do Rio O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL de Janeiro/RJ, o suscitado, para processar e julgar a conduta relacionada à contravenção, remanescendo a competência do Juízo Federal da 1ª Vara Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro-RJ, suscitante, para o processo e julgamento do crime de contrabando. (CC 124.037/RJ, Rel. Ministra ALDERITARAMOS DE OLIVEIRA (DESEMBARGADORA CONVO- CADA DO TJ/PE), TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 24/10/2012, DJe 31/10/2012). O Tribunal Regional Federal da 1ª Região também já se posicionou quanto ao tema: PROCESSO PENAL. CONTRABANDO. CONTRAVENÇÃO PENAL. ABSOLVIÇÃO DO CRIME DE CONTRABANDO. PRORROGAÇÃO DA JURISDIÇÃO. 1. “Verificada a reunião dos pro- cessos por conexão ou continência, ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos.” (art. 81 - CPP). 2. Na espécie, tendo havido absolvição no juízo federal quanto ao crime de contrabando (as máquinas caça-níqueis teriam componen- tes estrangeiros), que firmara a conexão para o julgamento da contravenção (uso da máquina), não se dá o deslocamento do processo, quanto à contravenção, para a justiça estadual, competente, em situações normais, para a matéria. 3. Provimento da apelação. Competência da justiça federal. Reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva (art. 61 - CPP). (TFR1 - ACR 0000523-02.2005.4.01.4000, DESEMBARGADOR FEDERAL OLINDO MENEZES, TRF1 - QUARTA TURMA, e-DJF1 23/10/2012 PAG 175.) A Segunda Turma do STF já decidiu: A competência penal da Justiça Federal comum – que possui extração constitucional – reveste-se de caráter absoluto, está sujeita a regime de direito estrito e apenas deixa de incidir naquelas hipóteses taxativamente indicadas no texto da própria Carta Política.2 Além do mais, a competência da Justiça Federal, fixada na Constituição, somente pode ser ampliada ou reduzida por emenda constitucional, contra ela não prevalecendo dispositivo legal hierarquicamente inferior.3 2 STF – HC n. 79.33a1, Rel. Min. Celso de Mello, 2ª Turma, J. A 24/8/1999. 3 STJ – (RSTJ n. 92/157). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Todavia, cumpre lembrar a competência da Justiça Federal para julgar contravenções quando o agente for detentor de foro por prerrogativa de função naquela esfera do judiciário, uma vez que a competência é absoluta. É importante destacar que o Plenário do Supremo Tribunal Federal, em maio de 2018 (AP 937-QO), decidiu que o foro por prerrogativa de função conferido aos Deputados Federais e Senadores se aplica apenas a crimes cometidos no exercício do cargo e em razão das funções a ele relacionadas. No julgamento da citada Questão de Ordem, foram firmadas duas teses que devem ser destacadas: a. As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância, mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o de- lito não apresentar relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercí- cio do cargo e relacionados às funções desempenhadas. b. Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. SIStema Penal O Brasil adota o critério bipartido, sendo que a infração penal é gênero, da qual são espécies crime e contravenção. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL O professor Wilson Lavorenti diz que os mesmos institutos aplicados aos crimes, aplicam-se às contravenções: • Princípio da Legalidade; • Da anterioridade; • Da abolitio criminis; • Da retroatividade da lei mais benéfica; • As regras da contagem de prazo; • As causas excludentes de ilicitude; • Das descriminantes putativas; • As causas de exclusão da imputabilidade; • As causa de exclusão da culpabilidade; • A aberratio ictus; • A aberratio criminis; • As regras do concurso de pessoas; • As regras do concurso material, formal e contravenção continuada; • A obrigação de reparar o dano civil da sentença condenatória; • As causas de exclusão da punibilidade; • As regras das várias formas de prescrição. Todavia, não se aplicam às contravenções penais: • Prisão temporária; • Lei dos Crimes Hediondos; • Prisão preventiva; • Regime fechado; • Regras de extraterritorialidade. aPlICação da leI daS ContravençõeS no eSPaço Rege o artigo 2 da norma em estudo: Art. 2º a lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território nacional. Assim, as contravenções penais praticadas no exterior não serão punidas no Brasil, já que é adotado o princípio da territorialidade absoluta. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL elemento SubjetIvo Dispõe o artigo 3º do Decreto-Lei n. 3.688/1941: Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a ação ou omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o dolo ou a culpa, se a lei faz depender, de um ou de outra, qualquer efeito jurídico. A doutrina, ao comentar esse dispositivo, ensina que: Nos termos do dispositivo, a contravenção não exige dolo ou culpa, contentando-se com o sim- ples querer (voluntariedade). (...). Hoje, entretanto, adotada a teoria finalista da ação e vedada a responsabilidade objetiva pela reforma penal de 1984, o disposto no art. 3º, que diz prescindir a contravenção de dolo e culpa, está superado: a contravenção, assim como o crime, exige dolo ou culpa, conforme a descrição típica. O dolo se apresenta como elemento subjetivo implícito no tipo; a culpa, como elemento normativo. Ausentes, o fato é atípico. (JESUS, Damásio de. Lei das Contra- venções Penais anotada: Decreto-lei n. 3.688, de 3-10-1941, 13ª edição.. Saraiva, 2014). tentatIva Diz o artigo 4º da Lei em comento: “art. 4º não é punível a tentativa de contravenção”. Não se pune a forma tentada da contravenção por questões de política criminal, por se tratar de conduta a que se atribui pena mais branda, multa e a prisão simples. Desse modo, a tentativa é cabível, mas não punível. deSIStênCIa voluntárIa e do arrePendImento efICaz Defendemos a tese de que é incabível a aplicação dos institutos da desistência voluntária e do arrependimento eficaz, ambos previstos no art. 15 do Código Penal. Ora, se a punição da tentativa da contravenção está afastada pelo próprio texto legal, é impraticável o agente desistir deum fato considerado delito, uma vez que a contravenção já fora consumada. Ao se falar em contravenção na fase executória, ou se consuma ou não se leva para a esfera do Direito Penal. PenaS Dispõe o art. 5º da Lei das Contravenções Penais que são penas principais a prisão simples e a multa. Não são impostas as penas de detenção ou de reclusão ao contraventor. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL De acordo com o art. 6º, a pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto. O condenado à pena de prisão simples fica sempre separado dos condenados à pena de reclusão ou de detenção. O trabalho do condenado é facultativo, se a pena aplicada não excede a quinze dias. Com a alteração do art. 61 da Lei n. 9.099/1995, todas as contravenções penais são de competência do Juizado Especial Criminal. Assim, são cabíveis todas as medidas despenali- zadoras – transação penal, composição civil, sursis processual e exigência de representação – previstas na Lei dos Juizados Especiais e, em consequência, não é imposta atualmente a prisão simples ao contraventor. PoSSIbIlIdade de ConverSão da Pena O art. 9º da Lei das Contravenções Penais diz que: A multa converte-se em prisão simples, de acordo com o que dispõe o Código Penal sobre a con- versão de multa em detenção. Reza o parágrafo único que se a multa é a única pena cominada, a conversão em prisão simples se faz entre os limites de quinze dias e três meses. Vale lembrar que o art. 9º fora revogado pela Lei n. 9.268/1996, que extinguiu a possibili- dade de conversão da multa em prisão. Desta forma, tratando-se de contravenção penal, ainda que o contraventor não venha pagar a multa devida, jamais ocorrerá a conversão da pena de multa em prisão simples. duração da Pena A duração da pena de prisão simples não pode, em caso algum, ser superior a cinco anos, nem a importância das multas ultrapassar cinquenta contos, na forma do art. 10 da Lei das Contravenções Penais. A mesma regra fora adotada pelo Código Penal ao afirmar que o tempo de cumprimen- to das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 anos (conforme redação do art. 75 dada pela Lei n. 13.964/2019 – Pacote Anticrime). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Cumpre salientar que a aplicação da multa segue as regras dos artigos 59 a 76 do Código Penal. Destaca-se, ainda, que transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será execu- tada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição, na forma do art. 51, do Código Penal, com redação dada pela Lei n. 13.964/2019 – Pacote Anticrime. SuSPenSão CondICIonal da Pena Desde que reunidas as condições legais, o juiz pode suspender a execução da pena de prisão simples, por tempo não inferior a um ano nem superior a três, bem como conceder livramento condicional. O art. 11 traz em seu bojo a possibilidade de que o agente que cometa uma contravenção penal venha a ser beneficiado com o instituto do sursis, ou seja, a suspensão condicional da pena. ação Penal Segundo Décio Luiz, Quando se fala em ação penal nas contravenções penais, somente se pode falar em AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA, inexistindo, pois, ação penal privada ou pública condicionada à repre- sentação ou requisição. Sustentamos que a contravenção de vias de fato é de ação penal pública condicionada, pois, se a lesão corporal de natureza leve exige representação, com mais razão o “delito-anão” exigirá. O STF tem entendimento em sentido contrário ao nosso: Tratando-se de contravenção penal, a ação é pública incondicionada devendo o Ministério Público oferecer denúncia independentemente de representação da vítima. Com esse entendimento, a Turma indeferiu habeas corpus que objetivava o trancamento de ação O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL penal instaurada pelo Ministério Público pela prática da contravenção penal de vias de fato (LCP, art. 21), no qual se sustentava a decadência do direito de representação da vítima. Considerou-se que permanece em vigor a primeira parte do art. 17 da LCP (“A ação penal é pública”), não se aplicando o art. 88 da Lei n. 9.099/1995, que tornou condi- cionada à representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves (HC n. 80.617/MG, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1ª Turma, julg. em 20/3/2001). Por fim, com inteira propriedade, Ada Pellegrini Grinover, Antonio Magalhães Gomes Filho, Antonio Scarance Fernandes e Luiz Flávio Gomes deixaram assentado que: A contravenção prevista no art. 21 da Lei das Contravenções Penais (vias de fato), embora implique menor ofensa ao bem jurídico integridade física, continua sendo de ação penal pública incondiciona- da. Aqui não prevalece a regra, intocável do ponto de vista lógico, de que se a lei exige representação para o mais (lesão corporal) também se faz necessária para o menos (vias de fato). O raciocínio não é válido tendo em vista o disposto no art. 100, § 1º, do CP, que diz: A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. Por falta de previsão legal expressa a referida contravenção, em síntese, con- tinua ‘incondicionada’ (Juizados Especiais Criminais, Editora Revista dos Tribunais, 1995, p. 180). Marino Pazzaglini Filho (1996, p. 91) ainda explana o tema: “Não se aplica o art. 88 à contravenção de vias de fato, por ausência de expressa determinação legal”. O Enunciado n. 76 do FONAJE dispõe: A ação penal relativa à contravenção de vias de fato dependerá de representação. A lógica adotada é a de que se a lesão corporal, que é mais grave, depende de representação, também deve ser exigida a representação em relação às vias de fato. Apesar do enunciado do FONAJE e da argumentação acerca da desproporcionalidade instituída na legislação, há decisões do Superior Tribunal de Justiça que priorizam a Lei das Contravenções Penais, não estendendo o art. 88 da Lei n. 9.099/1995 às vias de fato: O artigo 88 da Lei n. 9.088/1995, que tornou condicionada à representação a ação penal por lesões corporais leves e lesões culposas, não se estende à persecução das O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br15 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL contravenções penais. A contravenção penal de vias de fato, insculpida no artigo 21 da Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei n. 3.688/1941), ainda que de menor potencial ofensivo em relação ao crime de lesão corporal, não foi incluída nas hipóteses do artigo 88 da Lei n. 9.099/95. 2. A Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei n. 3.688/1941) continua em pleno vigor e nela há expressa previsão legal de que a ação penal é pública incondicionada, conforme disciplina o seu artigo 17. 3. Recurso ordinário desprovido. (RHC 47.253/MS, Rel. Ministra Maria Thereza De Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 04/12/2014, DJe 17/12/2014) Quanto às vias de fato praticadas no contexto de violência doméstica, a jurisprudência entende que a ação penal é pública incondicionada, da mesma forma que a ação referente à lesão corporal leve, haja vista que a Lei n. 9.099/1995 não seria aplicável às infrações penais apuradas no âmbito da Lei Maria da Penha: PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. VIAS DE FATO. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. DIREITO DA VÍTIMA AO SILÊNCIO. NULIDADE. AUSÊNCIA. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. PREJUÍZO NÃO COMPROVADO. PRECEDEN- TES. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Nos termos do art. 565 do CPP, nenhuma das partes poderá arguir nulidade referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse, de modo que eventual direito da vítima ao silêncio somente interessaria à ofendida, que não a está arguindo. 2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça vem se mani- festando quanto à natureza pública incondicionada da ação penal em caso de delitos de vias de fato praticados mediante violência doméstica e familiar contra a mulher. 3. Segundo o princípio pas de nullité sans grief, previsto no art. 563 do CPP, não comprovado efetivo prejuízo ao réu, não há falar em nulidade do processo. 4. Agravo regimental impro- vido. (AgRg no REsp 1738183/AM, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 27/11/2018, DJe 06/12/2018). AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. VIAS DE FATO. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. 1. A natureza da ação penal para a contravenção de vias de fato é pública incondicionada, pois o art. 17 da LCP (Decreto Lei n. 3.688/1941) remanesce em vigor. Precedentes. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 972.372/ES, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 07/02/2017, DJe 16/02/2017). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Parte eSPeCIal Em um primeiro momento, é salutar mencionar que os arts. 18 e 19 da Lei das Contra- venções Penais encontram-se derrogados pelos arts. 17, 18 e 19 da Lei n. 10.826/2003, que dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição e, ainda, sobre o Sistema Nacional de Armas (Sinarm). Ponto ControvertIdo Sobre a PoSSIbIlIdade de aPlICação do art. 18 da leI de ContravençõeS PenaIS Para armaS branCaS Uma informação que é importante ser levada em conta é com relação à aplicação da Lei de contravenções às armas brancas. A doutrina diverge muito quando se depara com tal tema. Uma corrente afirma que os arts. 18 e 19 da Lei das Contravenções estariam parcialmente derrogados, uma vez que a Lei n. 10.826/2003 traz em seu bojo condutas criminosas relacio- nadas às armas de fogo, acessórios e munições. Damásio de Jesus afirma: O art. 18 foi derrogado pela Lei n. 9.437, de 20 de fevereiro de 1997, que define os crimes de porte ilegal de armas de fogo. A Lei n. 9.437, de 1997, em parte, foi revogada pela Lei n. 10.826, de 2003 (Estatuto do Desarmamento), que disciplina os ilícitos relacionados com a arma de fogo e munição. Assim, tratando-se de armas brancas, continua aplicando-se o art. 18 da LCP; cuidando-se, entretan- to, de armas de fogo, incide o Estatuto do desarmamento. Como afirmado acima, em relação às armas de fogo, o art. 19 da Lei de Contravenção Penal foi tacitamente revogado pelo art. 10 da Lei n. 9.437/1997, que, por sua vez, também foi revogado pela Lei n. 10.826/2003. O porte ilegal de arma de fogo caracteriza, atualmente, infração aos arts. 14 ou 16 do Estatuto do Desarmamento, conforme seja a arma permitida ou proibida. Entrementes, permaneceu vigente o referido dispositivo do Decreto-Lei n. 3.688/1941 quanto ao porte de outros artefatos letais, como as armas brancas. A jurisprudência, em especial do Superior Tribunal de Justiça, é firme no sentido da possibilidade de tipificação da conduta de porte de arma branca como contravenção prevista no art. 19 do Decreto-Lei n. 3.688/1941, não havendo que se falar em violação ao princípio da intervenção mínima ou da legalidade, tal como pretendido. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Veja: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CONTRAVENÇÃO PENAL PREVISTA NO ART. 19 DO DECRETO-LEI N. 3.688/1941. ALEGAÇÃO DE ATIPICIDADE DA CONDUTA. NÃO OCORRÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO. 1. Em relação às armas de fogo, o art. 19 da Lei de Contravenção Penal foi tacitamente revogado pelo art. 10 da Lei n. 9.437/97, que por sua vez também foi revogado pela Lei n. 10.826/2003. O porte ilegal de arma de fogo caracteriza, atualmente, infração aos arts. 14 ou 16 do Estatuto do Desarma- mento, conforme seja a arma permitida ou proibida. Entrementes, permaneceu vigente o referido dispositivo do Decreto-Lei n. 3.688/1941 quanto ao porte de outros artefatos letais, como as armas brancas. 2. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido da possibilidade de tipificação da conduta de porte de arma branca como contravenção prevista no art. 19 do Decreto-Lei n. 3.688/1941, não havendo que se falar em viola- ção ao princípio da intervenção mínima ou da legalidade, tal como pretendido. 3. Não obstante o Supremo Tribunal Federal tenha reconhecido a repercussão geral da matéria nos autos do Agravo em Recurso Extraordinário n. 901.623, estando, pois, pendente de apreciação o mérito da controvérsia. Isso não obsta, contudo a validade da interpretação desta Corte sobre o tema, não havendo nenhuma flagrante ilegalidade a ser reconhecida pela presente via, mormente porque não se determinou a suspensão dos processos pen- dentes. 4. Recurso desprovido. (RHC 56.128/MG, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 10/03/2020, DJe 26/03/2020). Deve ser destacado que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral da matéria nos autos do Agravo em Recurso Extraordinário n. 901.623, estando, pois, pendente de apreciação o mérito da controvérsia. ContravençõeS em eSPéCIe daS ContravençõeS referenteS à PeSSoa Art. 20. Anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto: (Redação dada pela Lei n. 6.734, de 1979) Pena – multa de um mil cruzeiros a dez mil cruzeiros. (Redação dada pela Lei n. 6.734, de 1979) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilizaçãocivil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Verbo-núcleo Anunciar significa dar informação ao público. Objetividade Jurídica A objetividade jurídica é tutelar a vida em sua forma intrauterina. Sujeito Ativo e Passivo Qualquer um pode ser sujeito ativo. Porém, o sujeito passivo é a coletividade, portanto, é crime vago. Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo. Não se pune a forma culposa. Consumação e Tentativa A contravenção se consuma com a simples realização de uma das condutas descritas no tipo. Com relação à possibilidade de se caracterizar a tentativa, como já foi afirmado (art. 4º da LCP), esta é impunível. Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não constitui crime. Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. (Incluído pela Lei n. 10.741, de 2003) A mais corriqueira das contravenções é a “vias de fato”. É a violência contra a pessoa, sem que ocorram lesões corporais na vítima. Alguns exemplos: alguém rasgar a roupa de outrem, desferir um tapa na cara sem a inten- ção de humilhar, sacudi-la, dar empurrões, puxões de cabelos, bofetadas, socos e pontapés em que não há lesão. Ressalta-se, ainda, que existe uma linha muito tênue entre as vias de fato e a lesão corporal. A diferença encontra-se na intenção do agente. Se o agente tem animus de lesionar, responderá pelo crime de lesão corporal ou tentativa, se for o caso. Caso contrário, onde não houver tal objetivo, responderá por contravenção penal. Ainda, é importante traçar uma diferença com relação à injúria real e a contravenção. Aquela tem como objetivo ofender a dignidade ou o decoro da pessoa. Por exemplo: Tício O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL segura Mévio para esbofetá-lo e, ainda, o xinga, com o objetivo de humilhá-lo. Neste caso, não haverá a contravenção de vias de fato, mas sim injúria real. Verbo-núcleo Praticar significa realizar. Objetividade Jurídica A objetividade jurídica é tutelar a integridade física do indivíduo. Sujeito Ativo e Passivo Quanto aos sujeitos da infração, tanto o ativo quanto o passivo pode ser qualquer um. Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo. Não se pune a forma culposa. Ao contrário deste entendi- mento, entende-se que há possibilidade na modalidade culposa (doutrinadores Valdir Szinck (1991) e Paulo L. Nogueira (1993)). Consumação e Tentativa A contravenção se consuma com a simples realização de uma das condutas descritas no tipo. Com relação à possibilidade de se caracterizar a tentativa, como já afirmado (art. 4º da LCP), esta é impunível. Jurisprudência AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRAVENÇÃO PENAL. VIAS DE FATO. MATERIALIDADE. AUSÊNCIA DE VESTÍGIOS. EXAME DE CORPO DE DELITO. DESNECESSIDADE. RECURSO DESPROVIDO. 1. In casu, a vítima compareceu para regis- tro da ocorrência da agressão física somente duas semanas após o evento. A conclusão dos julgadores a respeito da materialidade da contravenção de vias de fato decorreu, portanto, da análise de elementos probatórios colhidos nos autos: interrogatórios, fotos e mensagens enviadas pelo réu. 2. De acordo com precedentes desta Corte, a contraven- ção penal de vias de fato nem sempre deixa vestígios, motivo pelo qual se permite a dis- pensa da realização do exame de corpo de delito. A materialidade, em tais casos, pode ser constatada pela ponderação do julgador a respeito de outros elementos probatórios, como previsto no art. 167 do Código de Processo Penal. 3. Agravo regimental despro- vido. (AgRg no AREsp 1422430/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 13/08/2019, DJe 26/08/2019) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL PENAL. ART. 21 DA LEI DE CONTRAVENÇÕES PENAIS. LEGÍTIMA DEFESA AFASTADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. As provas produzidas, harmônicas e coe rentes, demonstraram que após discussão verbal o réu desferiu socos e chutes nas três vítimas mulheres. Reação imoderada. Legítima defesa afastada. 2. Materialidade e autoria da contravenção penal do art. 21 da Lei de Con- travenções Penais devidamente comprovada. Sobre a matéria o pertinente precedente do e. TJDFT, de relatoria do Exmo. Des. Edson Alfredo Smaniotto: “(...) 2. Para restar caracteri- zada a legítima defesa própria, necessário que o agente utilize moderadamente dos meios necessários para repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem (...)” (20070110385359APR; 1ª Turma Criminal; DJ 4/9/2009, p. 207). 3. Recurso conhecido e desprovido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos, com súmula de julgamento servindo de acórdão na forma do art. 82, § 5º, da Lei n. 9.099/1995. (20070910228609APJ, Relator SANDRA REVES VASQUES TONUSSI, PRIMEIRA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DO DF, julgado em 22/9/2009, DJ 1/10/2009, p. 105). Ação Penal Veja os apontamentos da parte geral, na qual foi tratada a controvérsia da natureza da ação penal na contravenção das vias de fato. Art. 22. Receber em estabelecimento psiquiátrico, e nele internar, sem as formalidades legais, pessoa apresentada como doente mental: Pena – multa. § 1º Aplica-se a mesma pena a quem deixa de comunicar a autoridade competente, no prazo legal, internação que tenha admitido, por motivo de urgência, sem as formalidades legais. § 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, aquele que, sem observar as prescrições legais, deixa retirar-se ou despede de estabelecimento psiquiátrico pessoa nele, internada. Verbos-núcleo Os verbos-núcleo do tipo são receber (aceitar, acolher), em estabelecimento psiquiátrico (clínica ou hospital especializado em cuidar de doentes mentais), e nele internar (abrigar em hospital) pessoa apresentada como doente mental. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Objetividade Jurídica É a liberdade pessoal do indivíduo internado. Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo é qualquer pessoa, embora a maior parte das vezes seja o administrador do estabelecimento ou o médico do hospital, enfim, pessoa que detenha atribuição para internar. Já o sujeito passivo é a pessoa internada. Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo. Não se pune a forma culposa. Consumação e Tentativa Na hipótese do caput, ocorre a consumação com a internação em estabelecimento psi- quiátrico sem as formalidadeslegais de pessoa apresentada como doente mental. No § 1º, ao término do prazo concedido para a comunicação e, no § 2º, com a saída do doente mental do estabelecimento psiquiátrico. A tentativa é impunível. Art. 23. Receber e ter sob custódia doente mental, fora do caso previsto no artigo anterior, sem au- torização de quem de direito: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa. Verbos-núcleo O núcleo do tipo é receber (aceitar, acolher) e ter sob sua custódia (ter em vigilância). Objetividade Jurídica Protege-se a liberdade pessoal. Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo é qualquer pessoa. Já o sujeito passivo é o doente mental. Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo. Não se pune a forma culposa. Consumação e Tentativa Ocorre no instante em que se inicia a custódia do doente mental. A tentativa é impunível. Subsidiariedade O tipo previsto no art. 23 é subsidiário em relação ao do art. 22. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL daS ContravençõeS referenteS ao PatrImônIo Art. 24. Fabricar, ceder ou vender gazua ou instrumento empregado usualmente na prática de crime de furto: Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e multa. Verbos-núcleo Os verbos-núcleo do tipo são fabricar (construir, criar), ceder (transferir a outrem), ou ven- der (alienar por determinado preço). Os objetos materiais são a gazua ou outro instrumento empregado usualmente para prática de furto (pé de cabra, lima, alicate, serra, etc.). Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo é qualquer pessoa. Já o sujeito passivo é a sociedade. Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo. Não existe a forma culposa. Objetividade Jurídica Protege-se o patrimônio. Consumação e Tentativa Ocorre com o inicio da fabricação. A tentativa é impunível. Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado, por crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos empregados usualmente na prática de crime de furto, desde que não prove destinação legítima: Pena – prisão simples, de dois meses a um ano e multa. Verbos-núcleo O núcleo do tipo “ter em seu poder” (possuir livremente) é a conduta. O objeto é a gazua (chave falsa) e o instrumento destinado usualmente à prática de furto, por ser impreciso, me- rece exemplos doutrinários: alicate, pé de cabra, serra, etc. Objetividade Jurídica O patrimônio. Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo somente pode ser vadio (pessoa que não trabalha porque não quer, cultivan- do, assim, a ociosidade), mendigo (pessoa que pede esmola para sobreviver) ou o condenado anteriormente por furto (art.155 do Código Penal). Já o sujeito passivo é a coletividade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo. Não existe a forma culposa. Consumação e Tentativa Ocorre com a posse do objeto material. A tentativa é impunível. Jurisprudência Sobre a constitucionalidade do dispositivo em comento, já decidiram os Magistrados do DF: PENAL. DELITO DO ART. 25 DA LEI DE CONTRAVENÇÕES PENAIS. CRIME DE PERIGO PRESUMIDO. CONSTITUCIONALIDADE DO DISPOSITIVO LEGAL. CRIME CONFIGURADO. 1 – Portar, o agente, chave “mixa”, instrumento empregado na prática de crime, com eficiência testada, conforme laudo pericial, depois de condenado por crime de roubo e sem prova de destinação legítima, configura a contravenção prevista no art. 25 da Lei de Contravenções Penais. 2 – Os crimes de perigo abstrato não são inconstitucionais e justificam-se como opção do Estado no sentido de proteger bens jurídicos relevantes antes mesmo da ocorrência de uma ameaça concreta de lesão. 3 – Recurso conhecido e improvido. (20070710082975APJ, Relator ARLINDO MARES, Segunda Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do DF, julgado em 30/6/2009, DJ 11/9/2009, p. 297). Todavia, de forma diferente entendeu o Supremo Tribunal Federal que, em decisão unâni- me do plenário, no julgamento do Recurso Extraordinário n. 583.523, seguiu entendimento do relator, ministro Gilmar Mendes, segundo o qual o dispositivo é discriminatório e contraria o princípio fundamental da isonomia. O Tribunal, por unanimidade, superou a questão da prescrição da pretensão punitiva. No mérito, o Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, deu provimento ao recurso extraordinário por reconhecer, no acórdão recorrido, a violação dos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da isonomia, previstos nos artigos 1º, inciso III; e 5º, caput e inciso I, da CF, ante a não recepção do artigo 25 do Decreto-Lei n. 3.688/1941 (Lei das Contravenções Penais) pela Constituição Federal de 1988, e, em consequência, absolver o recorrente, nos termos do artigo 386, inciso III, do Código de Pro- cesso Penal. Votou o Presidente, Ministro Joaquim Barbosa. Ausente, justificadamente, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI187697,21048-E+inconstitucional+artigo+da+lei+das+contravencoes+penais+sobre+porte 24 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL o Ministro Dias Toffoli, participante da “V Conferência Iberoamericana sobre Justicia Electoral”, em Santo Domingo, República Dominicana. Plenário, 03.10.2013. Art. 26. Abrir alguém, no exercício de profissão de serralheiro ou ofício análogo, a pedido ou por incumbência de pessoa de cuja legitimidade não se tenha certificado previamente, fechadura ou qualquer outro aparelho destinado à defesa de lugar ou objeto: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa. Verbos-núcleo O núcleo do tipo “abrir” (destrancar) é a conduta. O objeto é a fechadura (peça apropriada para fechar janelas ou portas) ou outro aparelho destinado à defesa de lugar ou objeto (exemplo: cadeado). Objetividade Jurídica O patrimônio. Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo é o serralheiro ou pessoa que exerça ofício que dependa de habilidade, como, por exemplo, o chaveiro. Já o sujeito passivo é a sociedade. Elemento Subjetivo É a culpa, pois consiste na negligência do sujeito de certificar-se das qualidades da pessoa que lhe solicita o serviço. Consumação e Tentativa Ocorre com a abertura da fechadura. A tentativa é impunível. O art. 27 da Lei de Contravenções Penais encontra-se revogado pela Lei n. 9.521, de 27/11/1997. daS ContravençõeS referenteS à InColumIdade PúblICa Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela: Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis, quem,em lugar habitado ou em suas adjacências, em via O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL pública ou em direção a ela, sem licença da autoridade, causa deflagração perigosa, queima fogo de artifício ou solta balão aceso. A infração prevista no caput do artigo supracitado foi revogada pelo art. 15 da Lei n. 10.826/2003, que rege: Disparo de Arma de Fogo Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. (Veja ADI n. 3.112-1). Com relação ao parágrafo único, pode-se afirmar que houve uma revogação parcial, pois, o art. 42 da Lei n. 9.605/1998 normatiza a soltura de balões, in verbis: Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano: Pena – detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Já com relação à deflagração, que significa detonar, estourar ou explodir, o entendimento dominante é que se deve aplicar o disposto no § 1º do art. 251 do Código Penal, que rege: Art. 251. Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Desta forma, a contravenção apenas subsiste no que se relaciona à queima de fogos de artifícios, como, por exemplo, rojões, “bombas” ou qualquer outro artefato sem a devida licença da autoridade competente. É importante destacar que, se da queima dos fogos ocorrer incêndio, há o crime do art. 250 do CP, que acabará por absorver a contravenção penal. Quando houver venda de fogos de artifícios à criança ou ao adolescente, haverá o crime do art. 244 da Lei n. 8.069/1990. Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, à criança ou adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Pena – detenção de seis meses a dois anos, e multa. Art. 29. Provocar o desabamento de construção ou, por erro no projeto ou na execução, dar-lhe causa: Pena – multa, se o fato não constitui crime contra a incolumidade pública. Verbos-núcleo Os verbos-núcleo do tipo são provocar (gerar, produzir) ou dar causa (ser fonte de algo). As condutas voltam-se ao desabamento de construção (queda, ruína). Objetividade Jurídica Protege-se a incolumidade pública. Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo é qualquer pessoa. Já o sujeito passivo é a sociedade. Elemento Subjetivo Tal contravenção é praticada de maneira culposa. Consumação e Tentativa Ocorre com o desabamento total ou parcial da construção. A tentativa é impunível. Art. 30. Omitir alguém a providência reclamada pelo estado ruinoso de construção que lhe pertence ou cuja conservação lhe incumbe: Pena – multa. Verbos-núcleo O núcleo do tipo é omitir (deixar de fazer). É não tomar a providência (serviço) reclamada (necessária), pelo estado ruinoso (que está para desabar) da construção. Objetividade Jurídica A incolumidade pública. Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo é qualquer pessoa. Já o sujeito passivo é a sociedade. Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo, podendo tal contravenção ser punida na forma culposa. Consumação e Tentativa Ocorre com a simples omissão. A tentativa é impunível. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente, ou não guardar com a devida cautela animal perigoso: Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou corrida, ou o confia à pessoa inexperiente; b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia; c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a segurança alheia. Verbos-núcleo Deixar em liberdade (permitir que fique solto), confiar à guarda (entregar a outrem com a finalidade de vigilância) de pessoa inexperiente (sem experiência) e não guardar (não tomar conta, com a devida cautela (atenção necessária) são as condutas que têm por objeto o animal perigoso (é o que pode causar dano a terceiro, seja ou não feroz). Objetividade Jurídica A incolumidade pública. Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo é qualquer pessoa, embora, em regra, seja o proprietário do animal. Já o sujeito passivo é a sociedade e secundariamente as pessoas vítimas do risco de lesão. Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo. Não se pune a forma culposa. Consumação e Tentativa Ocorre com o abandono do animal ou com a simples omissão de cautela. Na alínea a, com sua entrega a terceiro. Já na alínea b, com excitação ou irritação e, por fim, na alínea c, com o perigo decorrente da condução perigosa. A tentativa é impunível. Jurisprudência Sobre a contravenção em estudo, já decidiu o TJ-RS: CONTRAVENÇÃO PENAL. OMISSÃO DE CAUTELA NA GUARDA DE ANIMAL PERIGOSO. ART 31 DA LCP. 1. PRESCRIÇÃO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. INOCORRÊNCIA. O lapso prescricional da contravenção penal, considerando tanto a pena em abstrato quanto o apenamento fixado pelo juízo a quo, é de três anos, nos termos do art. 109, VI, do Código Penal. Prazo prescricional que não transcorreu entre quaisquer dos marcos interrupti- vos previstos no art. 117, do Diploma Penal. 2. SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. SENTENÇA O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL CONDENATÓRIA MANTIDA. Conjunto probatório que bem demonstrou a falta de cau- tela da acusado na guarda de animal perigoso (cão da raça rottweiler), uma vez que o mesmo circulava solto e desacompanhado pela via pública, colocando em risco a integri- dade física dos moradores da localidade, a ponto de atacar criança e causar-lhe lesões corporais. Conduta caracterizadora da contravenção penal prevista no art. 31, do DL 3.688/1941. Impositiva a manutenção do édito condenatório.3. Carece de amparo legal a substituição de pena privativa de liberdade por prestação de serviços à comunidade na hipótese de a primeira não ser fixada em montante superior a seis meses, nos termos do art. 46, do Código Penal. Pena substitutiva redimensionada para prestação pecuniária no montante de um salário mínimo. RECURSO IMPROVIDO. PENA READEQUADA, DE OFÍCIO. (Apelação Criminal, n. 71008848681, Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Rela- tor: Luis Gustavo Zanella Piccinin, Julgado em: 21-10-2019) Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou embarcação a motor em águas públicas: Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. A respeito da direção sem habilitação, é correto afirmar que, segundo posição dominante no STF e na doutrina, o art. 32 da LCP, que define a contravenção de direção sem habilitação, foi derrogado pelo art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro. Quando se tratar de veículo auto- motor, há crime; quando se tratar de embarcação a motor, existe contravenção.4 Dispõe o art. 309 do CTB: Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilita- ção ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano: Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa. A Súmula n. 720 da Suprema Corte assim dispõe: O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no tocante à direção sem habilitação em vias terrestres. 4 NCE/UFRJ/Delegado da Polícia Civil de 3ª classe do RJ/Questão 8/Assertiva i/2002. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Dessa forma, houve uma derrogação, ou seja, remanesce apenas a figura do tipo relacionada à direção de embarcações a motor em águas públicas. Verbos-núcleo O núcleo do tipo é dirigir, significa conduzir. Cumpre ressaltar que deve haver a condução sem a devida autorização, licença embarcação a motor em águas públicas. Note que o tipo fala em águas públicas, ou seja, a condução de embarcação em águas particulares é considerada fato atípico, uma vez que o Direito Penal não adota a analogia in malem partem. Objetividade Jurídica A incolumidade pública. Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Já o sujeito passivo imediato é a sociedade. Porém, o sujeito passivo mediato é o indivíduo sujeito a sofrer as lesões. Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo. Não se pune pela culpa. Consumação e Tentativa A contravenção se consuma com a simples realização de uma das condutas descritas no tipo. Com relação à possibilidade de se caracterizar a tentativa, como já afirmado (art. 4º da LCP), esta é impunível. Art. 33. Dirigir aeronave sem estar devidamente licenciado: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, e multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. Verbos-núcleo O núcleo do tipo é dirigir, significa conduzir. O sujeito ativo deve conduzir sem estar devida- mente licenciado. Assim, incorre em contravenção penal quem dirige aeronave sem estar devidamente licenciado, mesmo que tenha como passageiro um piloto que possua experiência no mesmo artefato e esteja em dia com sua documentação junto ao Departamento de Aviação Civil.5 5 Delegado de Polícia Substituto de Santa Catarina/Questão 31/Assertiva d/2001. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Objetividade Jurídica A incolumidade pública. Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Já o sujeito passivo é a sociedade. Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo. Não se pune pela culpa. Consumação e Tentativa A contravenção se consuma com a simples realização de uma das condutas descritas no tipo. Com relação à possibilidade de se caracterizar a tentativa, como já afirmado (art. 4º da LCP), esta é impunível. Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou embarcações em águas públicas, pondo em perigo a se- gurança alheia: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa. Verbos-núcleo O núcleo do tipo é dirigir (conduzir) veículo (meio de transporte), na via pública (lugares de livre acesso da população), ou dirigir embarcações (construções aptas a navegar em águas, a motor ou não) em águas públicas (lugares de livre acesso da população). Objetividade Jurídica A incolumidade pública. Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Já o sujeito passivo é a sociedade. Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo. Não se pune a forma culposa. Consumação e Tentativa Ocorre em momento definido. A tentativa é impunível. Jurisprudência DIREÇÃO PERIGOSA NA VIA PÚBLICA. ART. 34 DO DL 3.688/1941 NÃO DERROGADO PELO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO. TIPICIDADE DA CONDUTA. SENTENÇA O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL ABSOLUTÓRIA REFORMADA. 1 – A conduta do réu de efetuar manobras perigosas com um automóvel, em via pública movimentada, vindo a colidir contra uma árvore, caracte- riza a contravenção em comento, na medida em que colocada em perigo a segurança alheia. 2 – O CTB não derrogou o art. 34 da Lei das Contravenções Penais, passando, apenas, a reger algumas formas de direção perigosa, consoante se infere de seus arti- gos 306, 308 e 311. As condutas remanescentes de condução perigosa de veículo auto- motor, não abrangidas por tais dispositivos, seguem regidas pelo art. 34 da LCP, que não foi abrangido pela Súmula 720 do STF. RECURSO PROVIDO. Relator Min. Gilmar Mendes. Art. 35. Entregar-se na prática da aviação, a acrobacias ou a voos baixos, fora da zona em que a lei o permite, ou fazer descer a aeronave fora dos lugares destinados a esse fim: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa. Verbos-núcleo O núcleo do tipo é entregar-se (dedicar-se a algo) na prática de aviação (direção de aero- nave) e acrobacias (manobras bruscas) ou a voos baixos (abaixo da linha permitida), ou fazer descer (aterrissar) a aeronave em lugar diverso do autorizado. Objetividade Jurídica A incolumidade pública. Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Já o sujeito passivo é a sociedade. Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo. Não se pune a forma culposa. Consumação e Tentativa Ocorre com a prática da manobra proibida. A tentativa é impunível. Art. 36. Deixar do colocar na via pública, sinal ou obstáculo, determinado em lei ou pela autoridade e destinado a evitar perigo a transeuntes: Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: a) apaga sinal luminoso, destrói ou remove sinal de outra natureza ou obstáculo destinado a evitar perigoa transeuntes; b) remove qualquer outro sinal de serviço público. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Verbos-núcleo O núcleo do tipo é deixar de colocar (abster-se) os objetos, ou os sinais (algo que serve para advertência), ou obstáculo (barreira) que serve para impedimento destinado a evitar (im- pedir) perigo (risco de dano) aos transeuntes (pessoas que caminham por vias públicas). Objetividade Jurídica A incolumidade pública. Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo é a pessoa que tem obrigação legal de inserir o sinal ou o obstáculo descrito no tipo. Já o sujeito passivo é a sociedade. Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo. Não se pune a forma culposa. Consumação e Tentativa Ocorre no instante em que se exige do sujeito o cumprimento do dever de colocar em via pública o sinal ou obstáculo, vindo a omitir-se. A tentativa é impunível. Art. 37. Arremessar ou derramar em via pública, ou em lugar de uso comum, ou do uso alheio, coisa que possa ofender, sujar ou molestar alguém: Pena – multa. Verbos-núcleo Arremessar (atirar com força, lançar), ou derramar (deixar correr um líquido para fora) coisa (qualquer objeto), que possa ofender (lesar), sujar (manchar) ou molestar (incomodar) alguém (pessoa humana) em via pública (local de livre acesso da população, em lugar de uso comum) (local de acesso comum) ou de uso alheio (uso particular). Objetividade Jurídica A incolumidade pública. Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo é qualquer pessoa. Já o sujeito passivo é a sociedade. Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo. Não se pune a forma culposa. Consumação e Tentativa Ocorre com o arremesso, derramamento, etc. A tentativa é impunível. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Art. 38. Provocar, abusivamente, emissão de fumaça, vapor ou gás, que possa ofender ou molestar alguém: Pena – multa. O artigo supracitado foi revogado pelo art. 54 da Lei dos Crimes Ambientais. daS ContravençõeS referenteS à Paz PúblICa Art. 39. Participar de associação de mais de cinco pessoas, que se reúnam periodicamente, sob com- promisso de ocultar à autoridade a existência, objetivo, organização ou administração da associação: Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa. § 1º Na mesma pena incorre o proprietário ou ocupante de prédio que o cede, no todo ou em parte, para reunião de associação que saiba ser de caráter secreto. § 2º O juiz pode, tendo em vista as circunstâncias, deixar de aplicar a pena, quando lícito o objeto da associação. Verbos-núcleo Participar (tomar parte) de associação (liga de pessoa que possui um propósito em comum) secreta (oculta, escondida) é a conduta principal. Todavia, há alguns requisitos: número de pessoas (mínimo seis); encontros periódicos (frequentes); ocultando sua existência da autori- dade; bem como o objetivo da organização. Objetividade Jurídica A segurança pública. Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo é qualquer pessoa. Já o sujeito passivo é o Estado. Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo. Não se pune a forma culposa. Consumação e Tentativa Infração habitual, sendo assim, consuma-se com a realização do início da última reunião que demonstre a periodicidade. A tentativa é impunível. Art. 40. Provocar tumulto ou portar-se de modo inconveniente ou desrespeitoso, em solenidade ou ato oficial, em assembleia ou espetáculo público, se o fato não constitui infração penal mais grave; Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Verbos-núcleo Provocar (dar causa) tumulto (desordem) ou portar-se (agir), de modo inconveniente (ino- portuno), ou desrespeitoso (em reverência) são as condutas. Enumerar o tipo em comento, os locais onde tais manifestações são inadmissíveis: solenidade (festividade), ou ato oficial (cerimônia organizada pelo Estado), assembleia (reunião de pessoas para determinado fim), espetáculo público (exibição teatral ou cinematográfica em local aberto ao público). Objetividade Jurídica A incolumidade pública. Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo é qualquer pessoa. Já o sujeito passivo é a sociedade. Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo. Não se pune a forma culposa. Consumação e Tentativa Ocorre com o tumulto ou conduta inconveniente. Da mesma forma, a tentativa é impunível. Art. 41. Provocar alarma, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto: Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa. Verbos-núcleo Provocar significa dar causa, alarmar (tumultuar). Exige-se que o agente anuncie (noticie) desastre (acidente), ou perigo (probabilidade de dano) inexistente (não autêntico). Objetividade Jurídica A ordem pública. Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo é qualquer pessoa. Já o sujeito passivo é a sociedade. Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo. Não se pune a forma culposa. Consumação e Tentativa Ocorre com o alarme ou com a realização de ato que provoca pânico ou tumulto. A tentativa é impunível. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EDIVANIRA VIDAL MEDEIROS - 83032908272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 125www.grancursosonline.com.br Sérgio Bautzer Decreto-Lei n. 3.688/1941 - Contravenções Penais LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL É bem comum a prática de tal contravenção “contra” escolas e faculdades em dias de prova e repartições públicas, principalmente as policiais, paralisando de sobremaneira as atividades concernentes. Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheio: I – com gritaria ou algazarra; II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais; III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; IV – provocando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de que tem a guarda: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa. Verbos-núcleo Perturbar (atrapalhar) o trabalho (atividade profissional), ou o sossego (tranquilidade) de pessoas. Objetividade Jurídica A paz pública. Sujeito Ativo e Passivo O sujeito ativo é qualquer pessoa. Já o sujeito passivo é a sociedade. Elemento Subjetivo O elemento subjetivo é o dolo. Não se pune a forma culposa. Consumação e Tentativa Ocorre com o ato de perturbar o trabalho ou o sossego alheio. A tentativa é impunível. Jurisprudência Sobre a contravenção em estudo, já decidiu o Egrégio TJDFT: PENAL E PROCESSUAL PENAL. CONTRAVENÇÃO DE PERTURBAÇÃO DO SOSSEGO PÚBLICO. HOMOLOGAÇÃO
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