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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO PENAL - 
PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte I
Livro Eletrônico
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Crimes contra a Pessoa - Parte I
DIREITO PENAL - PARTE ESPECIAL
Leonardo Castro
Sumário
Introdução ........................................................................................................................................ 3
Pacote Anticrime ............................................................................................................................. 3
Demais Reflexos do Pacote Anticrime ....................................................................................... 4
Legislação ......................................................................................................................................... 5
Comentários à Legislação ............................................................................................................. 6
Sinopse .............................................................................................................................................21
Quadro Sinótico .............................................................................................................................28
Jurisprudência e Súmulas ........................................................................................................... 30
Legislação .......................................................................................................................................42
Comentários à Legislação ...........................................................................................................43
Sinopse ............................................................................................................................................ 45
Quadro Sinótico ............................................................................................................................. 47
Legislação .......................................................................................................................................48
Comentários à Legislação ...........................................................................................................48
Sinopse ............................................................................................................................................48
Quadro Sinótico ............................................................................................................................. 50
Legislação ....................................................................................................................................... 50
Comentários à Legislação ............................................................................................................51
Sinopse ............................................................................................................................................ 53
Quadro Sinótico ............................................................................................................................. 56
Legislação ....................................................................................................................................... 57
Sinopse ............................................................................................................................................ 62
Quadro Sinótico ............................................................................................................................. 65
Questões de Concurso ................................................................................................................. 67
Gabarito ........................................................................................................................................... 93
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Crimes contra a Pessoa - Parte I
DIREITO PENAL - PARTE ESPECIAL
Leonardo Castro
Introdução
Olá, amigo(a)!
Neste primeiro encontro, veremos os crimes contra a vida e a lesão corporal (arts. 121/129). 
Para que a experiência seja proveitosa, sugiro: comece a leitura pela lei seca. De uns tempos 
para cá, as bancas têm cobrado com frequência a literalidade do texto legal. Caso tenha algu-
ma dúvida, a resposta provavelmente estará no tópico denominado comentários à legislação.
Para um estudo rápido, sem tanto aprofundamento, leia o tópico sinopse, onde são encon-
trados os destaques de cada delito. Ademais, não deixe de estudar a jurisprudência selecio-
nada e de resolver as questões trazidas – muitas são inéditas, com base no Pacote Anticrime. 
Em relação ao crime de homicídio, especificamente, há um tópico extra: o homicídio e a Parte 
Geral do CP.
Se quiser conversar, fale comigo no Instagram ou por e-mail (endereço ao final).
Um abraço!
Leo.
@leonardocastroprofessor
contato@leonardocastroprofessor.com
Pacote antIcrIme
Em sua redação original, a Lei n. 13.964/19 tornou qualificado o homicídio quando prati-
cado com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido. O Presidente da República, no 
entanto, vetou a nova qualificadora em virtude de possível violação ao princípio da proporcio-
nalidade entre o tipo penal descrito e a pena cominada, argumento que, de certa forma, com-
partilho. Explico: a partir da entrada em vigor do Pacote Anticrime, o crime de porte ou posse 
ilegal de arma de fogo de uso restrito (Lei n. 10.826/03, art. 16, caput e § 1º) foi extirpado do 
rol dos crimes hediondos (Lei n. 8.072/90, art. 1º, parágrafo único). Em seu lugar, ficou apenas 
a conduta praticada com arma de fogo de uso proibido (art. 16, § 2º). Portanto, não parece co-
erente a inclusão de forma qualificada do homicídio quando a arma de fogo for de uso restrito.
Outro argumento sustentado no veto foi o risco de punição mais severa de agentes de 
segurança pública que, no exercício das suas funções, para defesa pessoal ou de terceiro, 
ou em situações extremas para a garantia da ordem pública, provoquem a morte de alguém. 
Em uma primeira leitura, a motivação não parece fazer sentido, afinal, o agente de segurança 
pública estaria amparado por causa excludente da ilicitude (CP, art. 23). Contudo, o exemplo 
trazido no teor do veto permite compreender o que se buscou evitar: o agravamento da pena 
imposta ao agente de segurança pública que, em conflito armado contra facções criminosas, 
pratique homicídio em hipótese que não caracteriza a legítima defesa. Embora o argumento 
seja questionável, a verdade é que o Congresso Nacional derrubou o veto, fazendo com que a 
nova qualificadora fosse incluída ao rol do § 2º do artigo 121 do CP.
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demaIs reflexos do Pacote antIcrIme
Além de adicionar nova qualificadora ao artigo 121 do CP, a Lei n. 13.964/19 atinge o 
crime de homicídio em outros aspectos. A partir da vigência do Pacote, passou a ser vedada 
a concessão de saída temporária aos condenados que cumprem pena pela prática de crime 
hediondo com resultado morte, como é o caso do homicídio qualificado (Lei n. 7.210/84, art. 
122, § 2º). Além disso, a progressão de regime deve observar os novos parâmetros trazidos 
pelo artigo 112 da LEP, não sendo admitido o livramento condicional quandose tratar de delito 
hediondo ou equiparado com resultado morte, ainda que primário o condenado. Por fim, vale 
mencionar a legítima defesa funcional, adicionada ao artigo 25 do CP, tema tratado ao longo 
deste material.
Há mais uma importante alteração produzida pelo Pacote Anticrime, mas no Código de Pro-
cesso Penal, em seu artigo 492. A partir da entrada em vigor da Lei n. 13.964/19, em caso 
de condenação pelo Tribunal do Júri, o juiz-presidente da sessão determinará a execução 
provisória das penas, com expedição de mandado de prisão, se necessário. No entanto, essa 
regra vale apenas para condenações com pena igual ou superior a quinze anos de reclu-
são. De constitucionalidade duvidosa, o dispositivo permanecia válido até o fechamento des-
te material.
PACOTE ANTICRIME – LEI N. 13.964/19
Adicionou nova qualificadora ao homicídio (art. 121, § 2º, VIII). É punido com pena de 
reclusão, de doze a trinta anos, o homicídio praticado com emprego de arma de fogo de 
uso restrito ou proibido. Como o Código Penal não conceitua o que seria uma e outra, 
trata-se de norma penal em branco. Ademais, é crime hediondo, como ocorre com todas 
as demais qualificadoras do homicídio (Lei n. 8.072/90, art. 1º, I).
Adicionou ao artigo 25 do CP a legítima defesa funcional (art. 25, parágrafo único). 
Segundo o dispositivo, observado o caput do artigo 25, considera-se também em legítima 
defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima 
mantida refém durante a prática de crimes.
Adicionou ao artigo 492, I, “e”, do CPP a possibilidade de execução provisória da pena, em 
sentença proferida pelo juiz-presidente do Tribunal do Júri (crimes dolosos contra a vida), 
no caso de condenação a uma pena igual ou superior a quinze anos de reclusão.
O tempo máximo de cumprimento da pena privativa de liberdade passou de trinta para 
quarente anos (CP, art. 75). Embora não seja uma alteração específica para os crimes 
contra a vida, certamente terá impacto, principalmente, no homicídio qualificado, em que 
as penas costumam ser altas.
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Alterou o artigo 9º-A da LEP, que obriga o condenado à identificação do perfil genético. 
Antes do Pacote Anticrime, obrigava apenas os condenados por crimes hediondos – dos 
crimes contra a vida, apenas o homicídio qualificado ou o praticado em atividade típica 
de grupo de extermínio. Pela atual redação, a identificação é obrigatória a crime contra a 
vida, desde que doloso. Logo, quase todos aqueles dos artigos 121 a 126 do CP.
Estabeleceu novos parâmetros para a progressão de regime, no artigo 112 da LEP, com 
percentuais de dezesseis a setenta por cento. No mesmo artigo, vedou a concessão de 
livramento condicional ao condenado por crime hediondo ou equiparado com resultado 
morte.
Vedou a concessão de saída temporária ao condenado que cumpre pena por praticar 
crime hediondo com resultado morte (LEP, art. 122, § 2º).
legIslação
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA1
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A VIDA2
Homicídio simples3-4
Art. 121. Matar5-6-7 alguém8-9-10:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena11-12
§ 1º. Se o agente comete o crime impelido por motivo13 de relevante valor social14 ou 
moral15, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da víti-
ma16-17-18-19-20-21, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.22
Homicídio qualificado23-24
§ 2º. Se o homicídio é cometido:
I – mediante paga25 ou promessa de recompensa26, ou por outro motivo torpe27;
II – por motivo fútil28;
III – com emprego de veneno29, fogo30, explosivo31, asfixia32, tortura33 ou outro meio insi-
dioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum34;
IV – à traição35, de emboscada36, ou mediante dissimulação37 ou outro recurso que dificul-
te ou torne impossível a defesa do ofendido38;
V – para assegurar a execução39, a ocultação40, a impunidade41 ou vantagem42 de ou-
tro crime43:
Pena – reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio
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VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da 
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguí-
neo até terceiro grau, em razão dessa condição:44
VIII – com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido:45
Pena – reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:46
I – violência doméstica e familiar;47
II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher.48
Homicídio culposo
§ 3º. Se o homicídio é culposo:49-50
Pena – detenção, de um a três anos.51
Aumento de pena
§ 4º. No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de 
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar 
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para 
evitar prisão em flagrante52. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) 
se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.53
§ 5º. Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as con-
sequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se 
torne desnecessária.54
§ 6º. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milí-
cia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.55
§ 7º. A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for 
praticado:56
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;57
II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com defici-
ência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulne-
rabilidade física ou mental;
III – na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;58
IV – em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e 
III do caput do art. 22 da Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006.59
comentárIos à legIslação
1. O Título I da Parte Especial do Código Penal tem por objeto os crimes contra a pessoa 
(CP, arts. 121/154-B). Neste material, veremos os crimes contra a vida (Capítulo I) e as lesões 
corporais (Capítulo II).
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TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES 
CONTRA A VIDA
Arts. 121/128.
Homicídio (art. 121); induzimento, instigação 
ou auxílio a suicídio ou a automutilação(art. 
122); infanticídio (art. 123); aborto provocado 
pela gestante ou com seu consentimento 
(art. 124); aborto provocado por terceiro 
sem o consentimento da gestante (art. 
125); aborto provocado por terceiro com o 
consentimento da gestante (art. 126).
CAPÍTULO II
DAS LESÕES 
CORPORAIS
Art. 129. Lesão corporal (art. 129).
CAPÍTULO III
DA PERICLITAÇÃO 
DA VIDA E DA SAÚDE
Arts. 130/136.
Perigo de contágio venéreo (art. 130); perigo 
de contágio de moléstia grave (art. 131); 
perigo para a vida ou saúde de outrem 
(art. 132); abandono de incapaz (art. 133); 
exposição ou abandono de recém-nascido 
(art. 134); omissão de socorro (art. 135); 
condicionamento de atendimento médico-
hospitalar emergencial (art. 135-A); maus-
tratos (art. 136).
CAPÍTULO IV
DA RIXA
Art. 137. Rixa (art. 137).
CAPÍTULO V
DOS CRIMES 
CONTRA A HONRA
Arts. 138/145. Calúnia (art. 138); difamação (art. 139); injúria (art. 140).
CAPÍTULO VI
DOS CRIMES 
CONTRA A 
LIBERDADE 
INDIVIDUAL
Arts. 146/154-B.
Seção I
(dos crimes contra a liberdade pessoal): 
constrangimento ilegal (art. 146); ameaça 
(art. 147); perseguição (art. 147-A); sequestro 
e cárcere privado (art. 148); redução a 
condição análoga à de escravo (art. 149); 
tráfico de pessoas (art. 149-A). Seção II 
(dos crimes contra a inviolabilidade 
do domicílio): violação de domicílio (art. 
150). Seção III (dos crimes contra a 
inviolabilidade de correspondência): 
violação de correspondência (art. 151); 
correspondência comercial (art. 152). Seção 
IV (dos crimes contra a inviolabilidade 
dos segredos): divulgação de segredo (art. 
153); violação do segredo profissional (art. 
154); invasão de dispositivo informático (art. 
154-A).
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2. Em seu Capítulo I, o Título I traz os crimes contra a vida. No entanto, duas ressalvas: 
(a) no homicídio, é típica a modalidade culposa do delito. Portanto, nem todos os crimes do 
Capítulo I são dolosos contra a vida e de competência do Tribunal do Júri; (b) Com a entrada 
em vigor da Lei n. 13.968/19, o artigo 122 passou a tipificar conduta que não pode ser consi-
derada crime contra a vida: a participação em automutilação.
3. Estrutura do tipo penal.
Homicídio Simples
4. Em regra, o homicídio simples não é crime hediondo. A exceção: quando praticado em 
atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente (Lei n. 8.072/90, 
art. 1º, I).
5. A expressão homicidium é composta por homo (homem, humus) e caedere (sufixo: cí-
dio – coedes, de caedere, matar). É o crime por excelência, aquele que, desde o começo dos 
tempos, se faz presente entre nós. O verbo nuclear não guarda segredo: matar, retirar a vida. 
O conceito de morte pode ser extraído do artigo 3º da Lei n. 9.434/97.
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Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a trans-
plante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e regis-
trada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utiliza-
ção de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.
6. O homicídio é delito de forma livre, que admite qualquer meio de execução. Em regra, 
crime comissivo – que se dá por ação, por fazer algo -, mas é possível a prática por omissão 
(omissão imprópria), nos termos do artigo 13, § 2º, do CP. É o que ocorre no exemplo do salva-
-vidas que, ao presenciar alguém se afogando, podendo fazer algo para evitar o resultado, se 
omite, e, em virtude disso, ocorre a morte.
Sendo imputada a prática de homicídio doloso praticado por omissão imprópria, necessá-
ria a descrição do comportamento omissivo voluntário, a consciência de seu dever de agir 
e da situação de risco enfrentada pelo ofendido, a previsão do resultado decorrente de sua 
omissão, o nexo normativo de evitação do resultado, o resultado material e a situação de 
garantidor nos termos do artigo 13, § 2º, do Código Penal, o que se verificou no caso dos 
autos. Logo, observados os parâmetros do artigo 41 do CPP. (STJ, RHC 46.823/MT)
7. Embora seja crime de forma livre, devem ser excluídos os meios que, por ineficácia 
absoluta, não são suficientes para a produção do resultado (crime impossível; CP, art. 17). 
Exemplo: agindo com vontade de matar, o pretenso homicida faz com que a vítima ingira 
todos os medicamentos que encontrou em sua casa (ao todo, trinta comprimidos de remé-
dios diversos). Embora a vítima tenha sentido mal-estar, os medicamentos ingeridos jamais 
provocariam a morte, mesmo em superdosagem. Todavia, cuidado: se a substância é capaz 
de matar, mas o agente emprega quantidade suficiente, deverá ser responsabilizado pelo ho-
micídio na forma tentada.
8. O homicídio consiste em matar alguém, outro ser humano, condição presente a partir do 
início do trabalho de parto. Na hipótese de vida intrauterina, quem atenta contra o feto deve 
ser responsabilizado por aborto (CP, arts. 124/128).
Iniciado o trabalho de parto, não há crime de aborto, mas sim homicídio ou infanticídio 
conforme o caso. Para configurar o crime de homicídio ou infanticídio, não é necessário 
que o nascituro tenha respirado, notadamente quando, iniciado o parto, existem outros 
elementos para demonstrar a vida do ser nascente, por exemplo, os batimentos cardía-
cos. (STJ, HC 228.998/MG)
9. Obviamente, não se fala em homicídio contra quem já morreu. Exemplo: agindo com 
vontade de matar, Mariana dispara um tiro contra Luciano, que aparentava estar dormindo. 
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Contudo, em verdade, Luciano estava morto no momento do disparo – faleceu segundos an-
tes, vítima de ataque cardíaco. Ou seja, nem mesmo a mais mortal das armas poderia provo-
car qualquer mal à vida de Luciano, devendo ser reconhecido o crime impossível por absoluta 
impropriedade do objeto (CP, art. 17). Acerca do moribundo, aquele que está diante de morte 
certa e iminente, é possível tê-lo por vítima de homicídio, afinal, ainda há vida.
10. Pode acontecer de o sujeito atentar contra a vida humana sem saber que o está fa-
zendo. Exemplo: no ano passado, em Itanhandu, Minas Gerais, dois amigos saíram para caçar 
juntos, mas um acabou matando o outro. O motivo: o homicida confundiu a vítima com um 
javali. Nesse caso, a conduta do atirador deve ser avaliada como hipótese de erro de tipo es-
sencial, nos termos do artigo 20, caput, do CP.
CONSEQUÊNCIAS PARA O CAÇADOR
Se o erro era inevitável (escusável), dolo e 
culpa devem ser afastados, fazendo com 
que a conduta seja atípica.
No entanto, se o erro pudesse ser evitado 
(inescusável), o que não aconteceu por 
imprudência, negligência ou imperícia, 
também deve ser afastado o dolo, mas 
persistea punição por homicídio culposo 
(CP, art. 121, § 3º).
No erro sobre elementos do tipo ou erro de tipo essencial, o agente tem uma falsa percep-
ção da realidade. Seus sentidos captam uma fantasia. Foi o que ocorreu com o caçador, que 
imaginou estar efetuando disparo de arma de fogo contra um javali. Não se trata de erro na 
execução (CP, art. 73), quando o agente conhece a realidade, mas não consegue executar o 
crime como planejou – por exemplo, atinge pessoa errada por erro de pontaria. Também não 
é hipótese de erro de proibição (CP, art. 21), em que não há falsa percepção da realidade, mas 
erro em relação à ilicitude da conduta. Se o homicida conhecesse a realidade, não teria feito o 
disparo, mas seus sentidos o enganaram, fazendo com que matasse uma pessoa sem querer.
Homicídio Privilegiado
11. O § 1º do artigo 121 dispõe sobre causa de diminuição de pena, e não privilégio. No 
entanto, embora equivocada, a expressão homicídio privilegiado é muito popular, devendo ser 
adotada em concursos públicos.
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CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA PRIVILÉGIO
A lei diminui a pena em determinada fração. 
É o que ocorre no § 1º, em que a pena é 
reduzida de um sexto a um terço.
A lei impõe penas mais brandas, diversas 
das trazidas para a forma simples. É o que 
acontece na corrupção passiva privilegiada 
(CP, art. 317, § 2º), punida com pena de três 
meses a um ano. No caput, o delito tem 
pena de dois a doze anos.
No cálculo da pena, a causa de diminuição 
é aplicada na terceira fase – é o momento 
em que deve ser considerado o homicídio 
privilegiado.
No privilégio, o cálculo da pena tem por 
base a pena mínima prevista em lei. 
Exemplo: na corrupção passiva (CP, art. 
317, caput), o cálculo da pena inicia em dois 
anos. Por outro lado, na corrupção passiva 
privilegiada (art. 317, § 2º), o cálculo começa 
em três meses.
12. O homicídio privilegiado jamais será considerado hediondo. Ainda que aplicada alguma 
qualificadora – homicídio qualificado-privilegiado ou híbrido -, a hediondez ficará afastada.
13. O criminoso que age motivado por relevante valor social ou moral pode ser beneficia-
do por circunstância atenuante (CP, art. 65, III, “a”). Naturalmente, não é possível a aplicação 
concomitante da atenuante e da causa de diminuição de pena do homicídio.
14. O relevante valor social diz respeito à relação entre a conduta homicida e a coletivi-
dade, fazendo com que seja reduzida a reprovabilidade do delito. É o que ocorre na prática 
do delito por patriotismo, altruísmo, sentimento de justiça ou outro motivo considerado rele-
vante para a sociedade. Exemplo: matar criminoso que aterroriza moradores de determinada 
localidade.
15. O relevante valor moral tem a ver com padrões éticos afetos ao homicida – a aná-
lise é subjetiva. A conduta é, de certa forma, aceita, afinal, em seu lugar, e tendo por parâ-
metro o homem médio, qualquer pessoa faria o mesmo. É o clássico exemplo do pai que 
mata aquele que estuprou sua filha. Está errado? Sim, afinal, não se pode aceitar a ação de 
justiceiros. Todavia, considerado o limite do aceitável, é possível compreender a conduta 
do homicida.
16. Para que seja reconhecida a causa de diminuição em razão do domínio de violenta 
emoção (homicídio emocional), devem estar presentes: (a) a precedente e injusta provo-
cação da vítima; (b) o domínio de violenta emoção; (c) o liame causal e temporal entre 
um e outro.
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17. Provocação injusta é aquela desmotivada, que não encontra amparo no sentimento 
comum de justiça. Deve ser grave a ponto de provocar o domínio de violenta emoção. Algu-
mas pessoas são mais sensíveis, mas devemos ter por parâmetro o homem médio (figura em 
desuso, mas decidi aplicá-la por razões didáticas) ao aferir a provocação.
18. Para que seja reconhecida a causa de diminuição de pena, o homicida deve agir sob 
o domínio de violenta emoção. Em choque emocional que se sobrepõe à razão, o indivíduo 
perde o controle e age por ímpeto, sem pensar. Ele entende a gravidade do que faz, sabe das 
consequências – perderá sua liberdade, causará o fim de uma vida -, mas nada mais importa. 
Não há mais freios inibitórios. É o caso daquele que mata após ofensa ou por ciúme presen-
cial, desde que o mal causado seja suficiente para provocar a reação – a causa de diminuição 
não ampara reações desproporcionais.
19. Para que seja reconhecida a causa de diminuição de pena, deve o homicida agir domi-
nado por violenta emoção. Se houver mera influência, não estará caracterizado o homicídio 
privilegiado, devendo incidir a atenuante do artigo 65, III, “c”. Ademais, a atenuante fala em ato 
injusto, e não em injusta provocação.
20. A violenta emoção não é causa de inimputabilidade. Em verdade, o Código Penal en-
tende imputáveis aqueles que agem por emoção, violenta ou não, ou paixão (CP, art. 28, I).
21. O artigo 121, § 1º, tem por lapso temporal a expressão logo em seguida. No entanto, 
questiono: qual seria o limite de tempo para o reconhecimento do homicídio privilegiado? 
Uma hora? Duas? Um dia? Não é possível dizer. Isso porque, para que seja aplicável a causa 
de diminuição de pena, tem de existir a relação causal entre a injusta provocação, a duração 
do domínio da violenta emoção e a reação homicida. Para não deixar a pergunta sem respos-
ta, considere que a reação deve ser imediata (incontinenti), sem lacunas temporais (ex inter-
vallo). A emoção é súbita, como fogo em pólvora. Difere da paixão, sentimento duradouro, não 
compatível com o homicídio privilegiado.
22. O § 1º traz causa de diminuição de pena, e não forma privilegiada do delito. Se o dispo-
sitivo fixasse pena, por exemplo, de quatro a dez anos – o homicídio simples tem pena de seis 
a vinte anos -, teríamos verdadeiro homicídio privilegiado. No entanto, o dispositivo fala em 
diminuição, de um sexto a um terço. Portanto, causa de diminuição de pena, e não privilégio.
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23. O § 2º do artigo 121 traz várias circunstâncias qualificadoras do homicídio doloso, pu-
níveis com pena de reclusão, de doze a trinta anos – o homicídio simples é punido com pena 
de seis a vinte anos. Não são aplicáveis, portanto, ao homicídio culposo. O artigo também 
possui algumas causas de aumento de pena (§ 4º, § 6º e § 7º).
Homicídio Qualificado
24. O homicídio qualificado é quase sempre hediondo (Lei n. 8.072/90, art. 1º, I), consu-
mado ou tentado. A exceção: não será hediondo quando reconhecida a causa de diminuição 
do § 1º do artigo 121, hipótese denominada homicídio qualificado-privilegiado ou homicídio 
híbrido. A coexistência da causa de diminuição de pena é possível somente quando a quali-
ficadora for de natureza objetiva (meio ou modo de execução). Exemplo:por relevante valor 
social, o homicida executa o delito com emprego de veneno.
Qualificadoras Subjetivas de Motivo
25. Mediante paga é o homicídio mercenário, qual o homicida age por dinheiro ou outra 
vantagem auferida para matar a vítima. É crime hediondo, consumado ou tentado. Por se 
tratar de circunstância de caráter pessoal (CP, art. 30), não se comunica com os demais en-
volvidos na prática delituosa – nem mesmo com o mandante, aquele que paga pela prática 
do homicídio.
26. Difere da paga apenas quanto ao momento em que o homicida recebe a vantagem. Na 
promessa, o pagamento depende da prática do delito.
27. O inciso I do § 2º encerra com fórmula genérica (por outro motivo torpe), dando azo 
à interpretação analógica. Torpe é o motivo que causa nojo, repulsa, asco (ex.: matar por 
dinheiro). Não se confunde com o motivo fútil, desproporcional (ex.: matar alguém por ouvir 
música em volume excessivo). O dispositivo inicia dando dois exemplos de torpeza: a paga e 
a promessa de recompensa.
O MOTIVO TORPE NOS TRIBUNAIS SUPERIORES
Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de 
feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência 
doméstica e familiar. (Informativo n. 625/STJ)
O reconhecimento da qualificadora da “paga ou promessa de recompensa” (inciso I do § 
2º do art. 121) em relação ao executor do crime de homicídio mercenário não qualifica 
automaticamente o delito em relação ao mandante, nada obstante este possa incidir no 
referido dispositivo caso o motivo que o tenha levado a empreitar o óbito alheio seja torpe. 
(Informativo n. 575/STJ)
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A vingança, por si só, não consubstancia o motivo torpe; a sua afirmativa, contudo, não 
basta para elidir a imputação de torpeza do motivo do crime, que há de ser aferida à luz do 
contexto do fato. (STF, HC 83.309/MS)
Esta Corte possui jurisprudência no sentido de que, a depender do contexto, o ciúme pode 
caracterizar o motivo torpe que qualifica o crime de homicídio, cabendo ao Tribunal do Júri 
tal valoração, caso a caso. (STJ, AgRg no AREsp 1.134.833/SP)
28. O motivo fútil é aquele desproporcional, insignificante, que em hipótese alguma po-
deria justificar a prática do homicídio. Exemplo: matar o vizinho por ouvir música em volume 
excessivo. Não há como confundir com o motivo torpe, vil, desprezível.
O MOTIVO FÚTIL NOS TRIBUNAIS SUPERIORES
Anotou-se, por último, que este Superior Tribunal já assentou a tese de o reconhecimento 
do ciúme como motivo fútil, ou mesmo torpe, depender do caso concreto. (Informativo n. 
417/STJ)
(...) o acusado praticou o crime de homicídio motivado por ciúmes da ex-mulher, que havia 
dançado com a vítima durante uma festa de vaquejada (motivo fútil), levando a efeito 
o delito no momento que a vítima estava sentada, esfaqueando-a (crime executado de 
maneira que impossibilitou a defesa). (STJ, RHC 120.962/AL)
Qualificadoras Objetivas de Meio (Compatíveis com o Artigo 121, § 1º)
29. O veneno é qualquer substância capaz de desencadear processo químico ou bioquí-
mico suficiente para matar ser humano. Não precisa ser, contudo, algo produzido com o ob-
jetivo de provocar a destruição biológica (ex.: agrotóxicos). O provérbio de Paracelso é válido 
para a análise da qualificadora: a diferença entre o remédio e o veneno está na dose.
30. Queimaduras da derme podem ser provocadas por outros meios (ácidos, altas tempe-
raturas etc.), mas a qualificadora diz respeito apenas àquela provocada diretamente por fogo, 
reação química exotérmica por todos conhecida. O homicida que o adota para matar alguém 
deve ser punido com maior rigor em razão do desnecessário sofrimento imposto à vítima.
31. É incontestável o perigo comum resultante do emprego de explosivo na prática do ho-
micídio. Por esse motivo, deve o sujeito ser punido com maior rigor. O explosivo que qualifica 
o crime pode ter fabricação artesanal – no ataque em Boston, em 2013, as bombas foram 
feitas com panelas de pressão, pregos e peróxido de acetona.
32. Na asfixia, a vítima tem dificuldade ou é impedida de respirar. Pode ser mecânica 
(afogamento, soterramento, enforcamento, esganadura, estrangulamento, sufocação) ou tó-
xica (por meio de gases), a exemplo do gás sarin, mundialmente conhecido após ataque em 
Tóquio, em 1995.
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33. No homicídio qualificado pela tortura, o sujeito age com vontade de matar (animus 
necandi). No entanto, a morte não é suficiente: ele quer que a vítima sofra até sucumbir. Por 
outro lado, no crime de tortura (Lei n. 9.455/97), não há intento homicida. O sofrimento é o 
resultado buscado. Caso ocorra a morte (crime preterdoloso), o torturador deverá ser respon-
sabilizado pela forma qualificada do delito, nos termos do artigo 1º, § 3º, da Lei de Tortura.
34. Da mesma forma como acontece no § 2º, I, o legislador traz, após dar alguns exem-
plos, fórmula genérica. Além do veneno, do fogo, do explosivo, da asfixia e da tortura, será 
qualificado o homicídio quando empregado outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa 
resultar perigo comum.
MEIO INSIDIOSO MEIO CRUEL
MEIO QUE POSSA 
RESULTAR EM PERIGO 
COMUM
É o meio traiçoeiro. A 
depender do caso, pode 
caracterizar a qualificadora 
do inciso IV.
É o meio de execução do 
crime que impõe sofrimento 
além do necessário. Sádico, 
o homicida não se contenta 
em dar fim à vida. Ele 
quer que a vítima sofra. 
Para o STJ, a reiteração de 
golpes em região vital pode 
caracterizar a qualificadora 
(REsp 1.241.987/PR).
É o meio que expõe a perigo 
um número indeterminado 
de pessoas. É o exemplo do 
sujeito que, com o objetivo 
de matar alguém, dispara 
tiros em local público.
Qualificadoras Objetivas de Modo (Compatíveis com o Artigo 121, § 1º)
35. O traidor é aquele que goza da confiança da vítima (ex.: homicida e vítima mantêm 
relação de amizade). O crime é qualificado em razão do elemento surpresa – o ofendido não 
tem chance de se defender, afinal, não espera o ataque.
36. Na emboscada, o algoz executa o homicídio de modo a dificultar ou impedir que a 
vítima se defenda. É o exemplo da tocaia. Embora a premeditação, em si, não qualifique o ho-
micídio, pode fazer com que seja reconhecida a qualificadora do inciso IV.
37. Na dissimulação, o sujeito oculta suas reais intenções. Ex.: para matar um comercian-
te, o homicida se passa por cliente. É punida com maior rigor por dificultar ou impedir que a 
vítima se defenda.
38. Ao fechar o inciso IV, o legislador adotou fórmula genérica, compatível com interpreta-
ção extensiva, ao dizer que a qualificadora é aplicável quando empregado recurso que dificulte 
ou torne impossível a defesa do ofendido.
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Leonardo CastroO golpe dado pelas costas da vítima qualifica o homicídio por emprego de recurso que dificul-
ta ou impede a defesa? Depende. Lembre-se, adotamos a Teoria Finalista (Welzel). Portanto, 
toda ação típica deve ser voltada às elementares do delito (consciência somada à vontade). 
Ou seja, o simples fato de a vítima estar de costas, por si só, não é suficiente para a incidência 
da qualificadora. Deve ficar demonstrado que o homicida, de forma consciente, aproveitou a 
situação para facilitar a execução do delito.
Qualificadoras de Finalidade
39. Para a prática de um outro delito, o indivíduo tem de praticar o homicídio. Deve existir, 
portanto, conexão teleológica (futura) entre o homicídio e o delito desejado pelo sujeito. To-
davia, atenção à morte – ainda que dolosa – praticada no contexto do crime de roubo, quando 
ficará caracterizado o latrocínio (CP, art. 157, § 3º, II).
40. É qualificado o homicídio praticado com o objetivo de impedir que um outro delito seja 
descoberto (conexão consequencial). Ex.: após a prática de um furto, o sujeito para testemu-
nha que pode reconhecê-lo.
41. O inciso V qualifica o homicídio praticado com o objetivo de assegurar a impunidade 
de outro crime (conexão consequencial). Ex.: ao receber voz de prisão em flagrante, o sujeito 
mata quem o está pretendo, com o objetivo de evitar ser capturado pela prática de crime an-
terior – que pode ser, até mesmo, outro homicídio.
42. É qualificado o homicídio quando o agente o pratica com o objetivo de assegurar a 
vantagem de um outro delito (ex.: furto). Também decorre de conexão consequencial.
43. O inciso V do § 2º fala em crime, e não em infração penal. Portanto, não é aplicável a 
qualificadora quando conexo o homicídio a contravenções penais.
Qualificadora Funcional
44. Da mesma forma como ocorre no feminicídio (inciso VI), o inciso VII torna qualificado 
o homicídio quando praticado contra algumas pessoas específicas: membros das Forças Ar-
madas e integrantes dos órgãos de segurança pública. Para melhor compreender a incidência 
da qualificadora, veja o esquema a seguir.
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QUALIFICADORA FUNCIONAL (CP, ART. 121, § 2º, VII)
CONDUTA
Ciente da condição especial 
ostentada pela vítima, o sujeito ativo 
age com vontade de matar (animus 
necandi).
Se a intenção do agente é a prática 
de lesão corporal, mas a vítima 
morre, estará caracterizada a 
qualificadora do artigo 129, § 3º, do 
CP, somada à causa de aumento de 
pena do artigo 129, § 12.
VÍTIMAS
Autoridade ou agente descrito nos 
artigos 142 e 144 da CF (integrantes 
das Forças Armadas e de órgãos de 
segurança pública);
Integrantes do sistema prisional. Ou 
seja, todos aqueles que atuam na 
esfera administrativa da execução 
de pena privativa de liberdade e de 
medida de segurança;
Integrantes da Força Nacional de 
Segurança Pública;
Cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau 
das pessoas mencionadas 
anteriormente.
As guardas municipais são tratadas 
no artigo 144 da CF, mas em seu § 
8º. Como o texto do inciso VII não 
faz menção ao caput do dispositivo 
constitucional, devemos considerá-
lo integralmente. Ou seja, também 
qualifica o homicídio a conduta 
perpetrada contra guardas civis 
municipais.
Os policiais penais foram inseridos 
no artigo 144 da CF em 2019, por 
força da EC n. 104).
O legislador limitou a qualificadora a 
parentes consanguíneos. Portanto, 
não é aplicável o inciso VII na 
hipótese de parentesco civil (ex.: 
filhos adotivos) ou de parentesco 
por afinidade (ex.: sogro, genro, 
cunhado).
NATUREZA 
JURÍDICA
Como diz respeito à motivação do 
agente, o inciso VII traz qualificadora 
de natureza subjetiva. Ele mata uma 
das possíveis vítimas no exercício 
das funções ou em decorrência 
delas.
Por se tratar de qualificadora de 
natura subjetiva, não é possível a 
incidência concomitante da causa de 
diminuição do artigo 121, § 1º, do CP 
(homicídio privilegiado).
45. O homicídio praticado com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido é 
novidade trazida pelo Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19). Inicialmente, a nova qualificadora 
havia sido vetada pelo Presidente da República, mas o Congresso Nacional derrubou o veto. 
O Código Penal não conceitua o uso restrito ou proibido, matéria reservada a decreto – por-
tanto, norma penal em branco heterogênea. De natureza objetiva, pois diz respeito ao meio 
de execução adotado, é possível a aplicação conjunta com o homicídio privilegiado (CP, art. 
121, § 1º).
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Feminicídio
46. A qualificadora do feminicídio foi adicionada pela Lei n. 13.104/15, quase dez anos 
após a Lei n. 11.340/06 (Maria da Penha). Embora não concorde, o STJ a considera de nature-
za objetiva. Portanto, nada impede a incidência conjunta com o homicídio privilegiado ou com 
a qualificadora do motivo torpe ou do motivo fútil (CP, art. 121, § 1º e § 2º, I e II).
A jurisprudência desta Corte de Justiça firmou o entendimento segundo o qual o femi-
nicídio possui natureza objetiva, pois incide nos crimes praticados contra a mulher 
por razão do seu gênero feminino e/ou sempre que o crime estiver atrelado à violência 
doméstica e familiar propriamente dita, assim o animus do agente não é objeto de aná-
lise. (STJ, AgRg no AREsp 1.454.781/SP)
FEMINICÍDIO (CP, ART. 121, § 2º, VI)
É o homicídio praticado contra mulher por razões da condição de sexo feminino.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). O sujeito passivo tem de ser, 
necessariamente, do sexo feminino.
Em relação ao transexual nascido homem, a questão é polêmica. Se considerada apenas 
a capacidade de gestação, a qualificadora não pode ser reconhecida. No entanto, se 
somado o registro civil alterado à vulnerabilidade, a qualificadora poderia ser aplicável à 
vítima transexual. Ao julgar o HC 541.237/DF, por se tratar de tema em construção, o STJ 
deixou a decisão sobre incidir ou não a qualificadora ao Tribunal do Júri.
As razões de condição de sexo feminino estão presentes quando o crime envolve:
violência doméstica e familiar;
menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Alguns manuais fazem a distinção entre femicídio, o homicídio contra mulher, e o 
feminicídio, a forma qualificada do delito. Embora a expressão femicídio não exista no 
VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), o CEBRASPE a trouxe em uma prova 
do TJRO, em 2012, para o cargo de analista judiciário.
47. O inciso I do § 2º-A fala em violência doméstica e familiar, de forma cumulativa. Contu-
do, errou o legislador, pois nem toda relação doméstica se dá entre familiares, e a convivência 
não é condição para a existência da relação familiar. Melhor seria a alternatividade.
48. O homicídio motivado por menosprezo ou discriminação à condição de mulher é outra 
hipótese de feminicídio. O homicida mata a mulher por tê-la por ser inferior. Não se exige a 
violência doméstica e familiar contra a mulher – os incisos do § 2º-A não são cumulativos.
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49. A culpa não é, necessariamente, a ausência do dolo. Elemento normativo do tipo, a 
ocorrência da culpa deve ser verificada no caso concreto, quando se afere ter havido ou não a 
violação de um dever jurídico de cuidado. Dois exemplos:
a) Durante manuseio de arma de fogo, em razão de falha imprevisível decorrente de vício 
na fabricação, ocorre um disparo. Acidentalmente, alguém é atingido e morre.
b) Por imprudência no manuseio de arma de fogo, que não possui qualquer falha em sua 
estrutura, ocorre um disparo. Alguém é atingido e morre.
No primeiro exemplo, não houve dolo ou culpa. A arma de fogo disparou por falha em sua 
fabricação. A morte não decorreu de inobservância do dever de cuidado. Logo, fato atípico. 
Por outro lado, no segundo exemplo, o resultado foi resultado de conduta imprudente, mas 
ausente o dolo, devendo o indivíduo ser responsabilizado por homicídio culposo.
50. Ocorre o homicídio culposo quando o sujeito pratica voluntariamente a conduta, mas 
não há dolo, direto ou eventual. Ele não quer o resultado, embora previsível a possível ocor-
rência. Em seu agir, constata-se violação a dever jurídico de cuidado a todos imposto (objeti-
vo) por meio de imprudência, negligência ou imperícia.
51. O homicídio culposo não é hediondo – em verdade, a Lei n. 8.072/90 não tem crimes 
culposos em seu teor. A pena mínima de um ano faz com que o delito seja compatível com a 
suspensão condicional do processo, embora não seja crime de menor potencial ofensivo (Lei 
n. 9.099/95, arts. 61 e 89).
52. A primeira parte do § 4º do artigo 121 do CP traz causas de aumento exclusivamente 
aplicáveis ao homicídio culposo, fazendo com que a pena seja aumentada de um terço (fração 
fixa, não variável).
HOMICÍDIO CULPOSO – CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (CP, ART. 121, § 4º, 1ª PARTE)
Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício
 Não configura bis in idem, a incidência conjunta da causa de aumento da pena definida 
pelo art. 121, § 4º, do Código Penal, relativa à inobservância de regra técnica de profissão, 
arte ou ofício, no homicídio culposo cometido com imperícia médica. (STJ, AgRg nos EDcl no 
AREsp 1.686.212/SE)
Deixar de prestar socorro à vítima
 No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a causa de aumento de 
pena prevista no art. 121, § 4º, do CP – deixar de prestar imediato socorro à vítima -, a não 
ser que o óbito seja evidente, isto é, perceptível por qualquer pessoa. (Informativo 554/STJ)
Não procura diminuir as consequências do seu ato
Fugir para evitar prisão em flagrante
 Muito se questiona sobre a constitucionalidade dessa causa de aumento de pena, 
pois pune aquele que busca evitar ser preso. O STF, no entanto, entendeu pela 
constitucionalidade do artigo 305 do CTB, que tipifica a conduta daquele que afasta do 
local do acidente de trânsito para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser 
atribuída. (ADC 35/DF)
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53. Na parte final do § 4º do artigo 121, a pena é aumentada de um terço se o crime for 
praticado contra pessoa menor de catorze anos (treze ou menos) ou maior de sessenta anos 
(igual ou superior).
54. No § 5º, o artigo 121 do CP tem por objeto o perdão judicial na hipótese de crime cul-
poso, quando a consequência do delito atinge o agente de forma tão grave que a sanção penal 
se torne desnecessária. Basta imaginar o exemplo em que, ao manobrar um automóvel, o pai 
atropela e mata seu filho. Seja qual for a pena aplicável, nenhuma será mais dura do que a dor 
provocada pela perda e/ou pelo mal por ele causado. O perdão judicial tem natureza jurídica 
de causa de extinção da punibilidade – portanto, o crime não deixa de existir. A aplicação do 
dispositivo independe de consentimento do homicida.
O perdão judicial não pode ser concedido ao agente de homicídio culposo na direção de 
veículo automotor (art. 302 do CTB) que, embora atingido moralmente de forma grave 
pelas consequências do acidente, não tinha vínculo afetivo com a vítima nem sofreu 
sequelas físicas gravíssimas e permanentes. Conquanto o perdão judicial. (Informativo 
542/STJ)
55. Com fundamento no § 6º, a pena deve ser aumentada de um terço até metade se o 
homicídio doloso for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de 
segurança, ou por grupo de extermínio.
MILÍCIA GRUPO DE EXTERMÍNIO
Expressão adotada desde a época da 
criação da Guarda Nacional, em 1831, força 
extinta no começo do século passado, 
em 1922, as milícias consistiam em forças 
policiais para a manutenção da ordem 
em algumas regiões do país – não havia 
ilegalidade nessas formações. Atualmente, 
contudo, o termo tornou-se pejorativo, 
pois faz alusão a organizações criminosas 
armadas que agem sob o pretexto de 
oferecer segurança em locais abandonados 
pelo Estado – as milícias nascem nas 
lacunas estatais. Exemplo: em comunidade 
carente, indivíduos armados extorquem 
moradores em troca de proteção que 
deveria ser oferecida por forças policiais.
Embora a lei nada diga, deve ser 
considerado grupo de extermínio a 
associação de três ou mais indivíduos, o 
mesmo número exigido para a existência 
de uma associação criminosa (CP, art. 
288), com o objetivo de matar pessoas que 
ostentem característica comum entre si (ex.: 
condenados por crimes sexuais).
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56. O § 7º traz causas de aumento de pena aplicáveis exclusivamente ao feminicídio, com 
variação de um terço até metade.
57. A majorante somente pode ser aplicável se o homicida tiver ciência da gestação.
58. Causa de aumento aplicável apenas quando praticado o delito na presença, física ou 
virtual, de ascendentes ou descendentes (filhos, pais etc.). Não incide o dispositivo se o femi-
nicídio for cometido na presença de colaterais (sobrinhos, primos, irmãos etc.).
59. Reconhecida a causa de aumento, deve ser absorvido o delito do artigo 24-A da Lei n. 
11.340 – crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência.
sInoPse
Conduta
O homicídio consiste em matar alguém. Para que fique caracterizado o delito, a vida tem 
de ser extrauterina – se intrauterina, o crime será o de aborto (CP, arts. 124/128). Crime de 
forma livre, admite qualquer meio de execução capaz de produzir a morte da vítima.
Bem Jurídico
O bem jurídico tutelado é a vida humana extrauterina, que tem por início o trabalho de parto.
Objeto Material
É o ser humano atingido pelo ataque.
Sujeitos do Crime
Crime comum, o homicídio pode ser praticado por qualquer pessoa, desde que iniciada a 
vida extrauterina. O sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa, mas algumas vítimas 
influenciam na forma como o homicida deve ser punido, podendo, até mesmo, caracterizar 
outro delito.
VÍTIMA CONSEQUÊNCIA
HOMICÍDIO CONTRA A 
MULHER POR RAZÕES 
DA CONDIÇÃO DO SEXO 
FEMININO.
Torna o homicídio qualificado pelo feminicídio (§ 2º, VI). As 
razõesda condição do sexo feminino estão no § 2º-A do 
artigo 121 do CP.
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Crimes contra a Pessoa - Parte I
DIREITO PENAL - PARTE ESPECIAL
Leonardo Castro
HOMICÍDIO PRATICADO 
CONTRA AUTORIDADES E 
AGENTES DESCRITOS NOS 
ARTIGOS 142 E 144 DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
Torna o crime qualificado. Segundo o inciso VII do § 2º, 
é punido com pena de reclusão, de doze a trinta anos, 
o homicídio contra autoridade ou agente descrito nos 
artigos 142 e 144 da CF, integrantes do sistema prisional 
e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da 
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, 
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, 
em razão dessa condição.
HOMICÍDIO DOLOSO 
CONTRA PESSOA MENOR 
DE CATORZE E MAIOR 
DE SESSENTA ANOS DE 
IDADE.
Aumenta a pena do crime – um terço. No entanto, 
importante ressaltar que a causa de aumento de pena 
atinge apenas o homicídio doloso. Ademais, para o 
feminicídio, há causa de aumento específica (CP, art. 121, § 
7º, II).
HOMICÍDIO CONTRA O 
PRÓPRIO FILHO.
Se a mãe atenta contra a vida do filho, pode ficar 
caracterizado o crime de infanticídio, desde que ela aja 
influenciada pelo estado puerperal, durante o parto ou 
logo após (CP, art. 123).
HOMICÍDIO CONTRA 
O PRESIDENTE DA 
REPÚBLICA, DO SENADO 
FEDERAL, DA CÂMARA 
DOS DEPUTADOS OU DO 
SENADO FEDERAL.
Se praticado homicídio doloso contra o Presidente 
da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos 
Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, se a 
motivação for política, o crime será o do artigo 29 da Lei n. 
7.170/83.
Elemento Subjetivo
É o dolo, direto ou eventual. É típica a modalidade culposa (art. 121, § 3º), algo a se observar 
em questões sobre o erro de tipo essencial ou descriminantes putativas (art. 20, caput e § 1º).
Consumação e Tentativa
Crime material, o homicídio se consuma com a morte da vítima, verificada a partir do 
diagnóstico de morte encefálica, como previsto no artigo 3º, caput, da Lei n. 9.434/97. Por ser 
crime plurissubsistente, é possível a tentativa. Ademais, é possível conciliar o homicídio com 
os institutos da desistência voluntária e do arrependimento eficaz (CP, art. 15), tema melhor 
tratado na legislação comentada.
Ação Penal
Crime de ação penal pública incondicionada, sem exceção.
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Crimes contra a Pessoa - Parte I
DIREITO PENAL - PARTE ESPECIAL
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Hediondez
Em regra, o homicídio simples não é hediondo, salvo quando praticado em atividade típi-
ca de grupo de extermínio. Por outro lado, o homicídio qualificado é crime hediondo, exceto 
se reconhecida a causa de diminuição de pena denominada homicídio privilegiado (CP, art. 
121, § 1º).
Art. 1º (...)
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que 
cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); 
(Lei dos Crimes Hediondos)
Homicídio Privilegiado
O § 1º traz causa de diminuição de pena, equivocadamente intitulada homicídio privile-
giado. A pena do homicídio é diminuída, de um sexto a um terço, se o agente comete o crime 
impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, 
logo em seguida a injusta provocação da vítima.
Incomunicabilidade do Privilégio
Por ter natureza subjetiva, a causa de diminuição de pena não se comunica entre os en-
volvidos na prática do homicídio (CP, art. 30). Portanto, é possível que, em um mesmo homicí-
dio, um coautor seja punido por homicídio qualificado enquanto outro é responsabilizado por 
homicídio privilegiado, afinal, como dito, a causa de diminuição não se comunica.
Hediondez
O homicídio privilegiado jamais será hediondo. Ainda que presente alguma qualificadora, 
a hediondez permanecerá afastada.
Homicídio Qualificado-Privilegiado
Se o § 1º fosse, de fato, forma privilegiada do delito, jamais seria possível a construção 
qualificado-privilegiado – leia a explicação no item XX (legislação comentada). No entanto, por 
se tratar de causa de diminuição, as qualificadoras do § 2º podem coexistir com o § 1º, desde 
que de natureza objetiva (meio ou modo de execução do delito).
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Relevante Valor Social
O relevante valor social é aquele que desperta interesse da coletividade. Exemplo: matar 
criminoso que tirava a paz dos moradores de uma cidade.
Relevante Valor Moral
O relevante valor moral é aquele relacionado a interesse particular do homicida. Exemplo: 
o sujeito mata aquele que assassinou seu filho.
Domínio de Violenta Emoção
Deve incidir a causa de diminuição do § 1º quando o homicida age sob o domínio de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima (ex.: xingamentos). Por 
violenta emoção, entenda como o sentimento capaz de fazer com que o indivíduo perca o 
autocontrole. A reação deve ser imediata, logo em seguida a injusta agressão.
Homicídio Qualificado
GLOSSÁRIO
• Homicídio híbrido: quando presentes, concomitantemente, a causa de diminuição de pena 
do § 1º (homicídio privilegiado) e circunstância qualificadora de natureza objetiva (§ 2º).
• Homicídio mercenário: é o praticado em troca de recompensa (§ 2º, I).
• Venefício: homicídio praticado com emprego de veneno (§ 2º, III).
• Homicídio procustiano: homicídio praticado pelo emprego de traição (§ 2º, IV).
• Homicídio teseuniano: homicídio motivado por vingança. Pode qualificar o delito, mas 
não é regra (§ 2º, I).
• Feminicídio: homicídio praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
Homicídio funcional: é aquele previsto no § 2º, VII.
No homicídio simples, do caput, a pena é de reclusão, de seis a vinte anos. Na forma qua-
lificada, a pena começa em doze anos, podendo alcançar trinta anos, o antigo limite máximo 
de cumprimento de pena privativa de liberdade em nosso país – atualmente, o limite é de 
quarenta anos (CP, art. 75). Provavelmente, em breve, a pena máxima do homicídio qualificado 
será modificada para o novo teto. As qualificadoras estão no § 2º do artigo 121, melhor vistas 
no esquema a seguir.
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QUALIFICADORA DESCRIÇÃO
Mediante paga 
ou promessa de 
recompensa, ou por 
outro motivo torpe (§ 
2º, I).
Na primeira parte, temos a figura do mercenário, (sicário, 
assassino de aluguel etc.), aquele que mata em troca de 
recompensa (recebida ou prometida). Para essa relação, temos, 
no mínimo, três pessoas: o mandante, o assassinoe a vítima. 
Nem sempre a qualificadora alcançará o mandante – pode 
parecer injusto, mas expliquei no tópico sobre o homicídio 
hediondo. Em seguida, o legislador traz fórmula genérica. Torpe 
é o motivo repugnante, que causa nojo. Por exemplo, matar por 
herança.
Por motivo fútil (§ 2º, 
II).
É importante não confundir o motivo fútil com o torpe. O motivo 
fútil é o desproporcional, em que há total desequilíbrio entre 
ação/reação. Por exemplo, matar alguém em discussão sobre 
futebol. Em casos reais, pode ser difícil a distinção, mas não há 
diferença prática, afinal, ambas fazem com que o homicídio seja 
qualificado.
Com emprego 
de veneno, fogo, 
explosivo, asfixia, 
tortura ou outro meio 
insidioso ou cruel, ou 
de que possa resultar 
perigo comum (§ 2º, 
III).
Da mesma forma como ocorre no inciso I, o legislador usa 
fórmula genérica, mas traz alguns exemplos concretos. Meio 
insidioso é o traiçoeiro, aquele em que a vítima tem sua vida 
atingida por golpe dissimulado (ex.: veneno na bebida). O meio 
cruel é o que causa na vítima sofrimento desnecessário, que 
ultrapassa o necessário para causar a morte. Se disparo tiros 
contra alguém, evidentemente, a crueldade está presente, mas 
a qualificadora é aplicável ao excesso. Exemplo: morte por 
empalamento. Por fim, o meio que resulte em perigo comum, a 
exemplo do explosivo.
À traição, de 
emboscada, 
ou mediante 
dissimulação ou outro 
recurso que dificulte 
ou torne impossível a 
defesa do ofendido (§ 
2º, IV).
Mais uma vez, fórmula genérica acompanhada de exemplos. 
O homicídio deve ser punido com mais rigor quando a vítima 
não tem a chance de se defender. Ou seja, temos no inciso IV a 
tipificação da covardia. É o exemplo da emboscada, quando o 
homicida fica em tocaia, aguardando a passagem da vítima pelo 
local. Quanto à traição, uma informação importante: a condição 
de traidor é exclusiva de quem goza, de alguma forma, de 
confiança da vítima. O traidor frustra a expectativa da vítima, que 
esperava outro comportamento. Por isso, o homicídio qualificado 
pela traição é crime próprio, pois exige qualidade especial do 
criminoso.
Para assegurar a 
execução, a ocultação, 
a impunidade ou 
vantagem de outro 
crime (§ 2º, V).
É a qualificadora aplicável, por exemplo, ao indivíduo que mata 
testemunha de um crime anteriormente praticado, ou que 
pratica o homicídio para assegurar a execução de um delito 
ou para ocultar vantagem dele obtida. Importante destacar 
que o inciso V fala em crime. Ou seja, não se fala em homicídio 
qualificado quando se busca ocultar uma contravenção penal.
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Feminicídio (§ 2º, VI).
O feminicídio é forma qualificada do homicídio, quando a vítima 
é morta por razões da condição de sexo feminino. Ela morre 
em razão do seu gênero. Para que o conceito não ficasse 
demasiadamente aberto, o legislador explicou o que quis 
dizer com condição de sexo feminino: quando o crime envolve 
violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação 
à condução de mulher. Cuidado: o STJ entende que se trata de 
qualificadora de natureza objetiva.
Homicídio funcional (§ 
2º, VII).
É qualificado o homicídio quando praticado contra autoridade 
ou agente descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de 
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência 
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. 
Exemplo: matar uma pessoa por ser casada com um policial 
militar.
Homicídio com 
emprego de arma de 
fogo de uso restrito ou 
proibido (§ 2º, VIII).
Novidade do Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19), a nova 
qualificadora havia sido vetada pelo Presidente da República. 
No entanto, o Congresso Nacional derrubou recentemente o 
veto. Norma penal em branco heterogênea, pois o conceito de 
arma de fogo de uso restrito ou proibido é extraído de decreto, 
a qualificadora do inciso VIII tem natureza objetiva. Portanto, 
compatível com o denominado homicídio privilegiado (art. 121, § 
1º).
Causas de Aumento de Pena do Homicídio Doloso
HIPÓTESES AUMENTO
Homicídio praticado contra pessoa menor de catorze ou maior de 
sessenta anos. Um terço.
Homicídio praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de 
serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. Cuidado: o homicídio 
praticado em atividade típica de grupo de extermínio é hediondo, ainda 
que simples (Lei n. 8.072/90, art. 1º).
Um terço até 
metade.
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Causas de Aumento de Pena do Feminicídio
HIPÓTESES AUMENTO
A pena do feminicídio é aumentada quando o crime é praticado:
(a) durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto;
(b) contra pessoa menor de catorze anos, maior de sessenta anos, com 
deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem 
condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
(c) na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da 
vítima;
(d) em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas na 
Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/06, art. 22).
Um terço 
até metade.
Homicídio Qualificado-Privilegiado
É possível a incidência da causa de diminuição do § 1º do art. 121 (homicídio privilegiado) 
em conjunto com alguma das qualificadoras (§ 2º), desde que a qualificadora tenha natureza 
objetiva – aquelas referentes ao meio ou modo de execução do delito. Ex.: o pai que mata o 
estuprador da filha usando veneno como meio de execução. O homicídio por ele praticado é 
qualificado (§ 2º, III), mas privilegiado em virtude da motivação do delito (§ 1º).
No entanto, não é compatível o § 1º com as qualificadoras de natureza subjetiva (motivo 
do crime). Explico: no homicídio privilegiado, a ideia é mais ou menos a seguinte: o homicida 
deve ser punido porque não lhe é dado o direito de matar outras pessoas, mas a sua pena 
deve ser diminuída em razão da menor reprovabilidade de sua conduta. No exemplo do pai 
que mata o estuprador da filha, é bem provável que o jurado, ao se colocar no lugar do homi-
cida, conclua que teria feito igual.
Não teria lógica dizer que o homicídio foi privilegiado e, ao mesmo tempo, fútil ou torpe. 
Por isso, o homicídio privilegiado não é compatível com qualificadoras de ordem subjetiva (ex.: 
motivo torpe). Por fim, atenção: o homicídio qualificado-privilegiado não é hediondo, pouco 
importando se consumado ou tentado. Primeiro, por não estar no rol dos crimes hediondos 
(Lei n. 8.072/90, art. 1º); segundo, porque não seria coerente um crime ser considerado, ao 
mesmo tempo, privilegiado e hediondo.
Homicídio Culposo
No homicídio culposo, embora o resultado seja o mesmo do homicídio doloso, o desvalor 
da conduta é inferior, já que a morte decorre de falta de observância de dever objetivo de cuida-
do a todos imposto – por exemplo, manusear arma de fogo sem o devido cuidado. A culpa se 
manifesta por três meios: (a) pela imprudência, representada por um agir; (b) pela negligência, 
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que se dá por omissão, por deixar de agir e; (c) pela imperícia, a culpa profissional, ligada ao 
exercício de arte, ofício ou profissão.
Se o homicídio culposo for praticado na direção de veículo automotor, deve o indivíduo ser 
punido pelo crime do artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503/97), em razão 
do princípio da especialidade. De qualquer forma, tanto em uma hipótese (homicídio culposo 
do CP) quanto em outra, o crime não será de competência do Tribunal do Júri, que deve julgar 
apenas os crimes dolosos contra a vida.
Perdão Judicial
Há alguns dias, em um noticiário, li a respeito de uma mãe que, ao dar ré em seu automóvel 
na garagem de casa, por acidente, atropelou a filha de três anos, causando a sua morte. Se-
gundo a matéria, a mãe sempre tomava cuidado ao sair, pois a criança, vez ou outra, gostava 
de brincar atrás do veículo. No entanto, no dia da tragédia, por estar atrasada para o trabalho, 
não se lembrou de olhar atrás do automóvel e acabou matando a criança. Considerando os 
objetivos de imposição de pena – a punição do agente, por exemplo -, questiono: há alguma 
função em se aplicar uma pena de detenção, de um a três anos, para essa mãe? É evidente 
que não. Provavelmente, a punição a ela imposta pelo mal causado é pior do que qualquer 
sanção penal. A respeito do tema, importante saber: (a) trata-se de causa de extinção da pu-
nibilidade. Logo, o delito continua a existir, só não é punível; (b) o perdão judicial independe 
de aceitação do réu.
Causas de Aumento de Homicídio Culposo
HIPÓTESES AUMENTO
Quando o homicídio culposo resultar de inobservância de regra técnica de 
profissão, arte ou ofício.
Um terço.Quando o homicida foge para evitar prisão em flagrante.
Quando o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima.
Quando o homicida não procura diminuir as consequências do seu ato
Quadro sInótIco
HOMICÍDIO
Crime comum, simples, material, de dano, de forma livre, não transeunte, comissivo ou 
omissivo (exceção), progressivo, instantâneo com efeitos permanentes, unissubjetivo, 
plurissubsistente.
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O homicídio simples está previsto no caput do artigo 121 do CP. Punido com pena de 
reclusão, de seis a vinte anos, em regra, não é hediondo.
De acordo com o artigo 1º, I, da Lei n. 8.072/90, são hediondos, simples ou consumado, 
quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um 
só agente, e homicídio qualificado, exceto quando qualificado-privilegiado.
Embora bem aceita a expressão homicídio privilegiado, o artigo 121, § 1º, do CP trata 
de causa de diminuição de pena – diminui a pena de um sexto a um terço -, e não de 
privilégio. O dispositivo é aplicável quando o homicídio decorre de:
Motivo de relevante valor social;
Motivo de relevante valor moral;
Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima.
É possível o denominado homicídio qualificado-privilegiado ou híbrido, quando a causa de 
diminuição de pena do § 1º é aplicada em conjunto com qualificadora. No entanto, essa 
construção somente é admitida quando a qualificadora for de caráter objetivo (meio ou 
modo de execução).
O homicídio culposo é punido com pena de detenção, de um a três anos. Não se trata de 
crime de menor potencial ofensivo, pois a pena máxima ultrapassa dois anos, mas admite 
suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61 e 89).
No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta de 
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar 
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge 
para evitar prisão em flagrante.
Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as 
consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a 
sanção penal se torne desnecessária. Trata-se de perdão judicial, causa de extinção da 
punibilidade que independe de aceitação pelo beneficiado (CP, art. 107, IX).
NATUREZA DAS QUALIFICADORAS DO HOMICÍDIO
NATUREZA OBJETIVA
• Emprego de veneno, fogo, 
explosivo, asfixiam tortura ou outro 
meio insidioso ou cruel, ou que 
possa resultar perigo comum;
• À traição, de emboscada, ou 
mediante dissimulação ou outro 
recurso que dificulte ou torne 
impossível a defesa do ofendido;
• Emprego de arma de fogo de uso 
restrito ou proibido;
• Feminicídio.
NATUREZA SUBJETIVA
• Mediante paga ou promessa de recompensa, ou 
por outro motivo torpe;
• Por motivo fútil;
• Homicídio funcional.
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CAUSAS DE AUMENTO DE PENA DO HOMICÍDIO DOLOSO
GERAIS
• Aumento de um terço
Homicídio praticado contra pessoa 
menor de quatorze ou maior de 
sessenta anos.
Homicídio praticado por milícia 
privada, sob o pretexto de prestação 
de serviço de segurança, ou por 
grupo de extermínio.
APENAS DO FEMINICÍDIO
• Aumento de um terço até metade
A pena do feminicídio é aumentada de um terço 
até a metade se o crime for praticado:
(a) durante a gestação ou nos 3 (três) meses 
posteriores ao parto;
(b) contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, 
maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência 
ou portadora de doenças degenerativas 
que acarretem condição limitante ou de 
vulnerabilidade física ou mental;
(c) na presença física ou virtual de descendente ou 
de ascendente da vítima;
(d) em descumprimento das medidas protetivas de 
urgência.
JurIsPrudêncIa e súmulas
Homicídio
A tenra idade da vítima é fundamento idôneo para a majoração da pena-base do crime 
de homicídio pela valoração negativa das consequências do crime. (Informativo n. 679/STJ)
O dolo eventual não é compatível com as qualificadoras de traição, emboscada dissimu-
lação. (Informativo n. 677)
A qualificadora do meio cruel é compatível com o dolo eventual. (Informativo n. 665/STJ)
Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de fe-
minicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica 
e familiar. (Informativo n. 625/STJ)
Não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP), na hipótese de homicídio 
supostamente praticado por agente que disputava “racha”, quando o veículo por ele conduzi-
do – em razão de choque com outro automóvel também participante do racha – tenha atingi-
do o veículo da vítima, terceiro estranho à disputa automobilística. (Informativo n. 583/STJ)
O reconhecimento da qualificadora da paga ou promessa de recompensa (inciso I do § 2º 
do art. 121) em relação ao executor do crime de homicídio mercenário não qualifica automa-
ticamente o delito em relação ao mandante, nada obstante este possa incidir no referido dis-
positivo caso o motivo que o tenha levado a empreitar o óbito alheio seja torpe. (Informativo 
n. 575/STJ)
A morte instantânea,

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