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14 CRIMES CONTRA A VIDA

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57
DIREITO PENAL
PARTE ESPECIAL – CRIMES CONTRA A VIDA
Sumário
1	INTRODUÇÃO	4
1.1	FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL	5
1.2	ESPÉCIES	5
1.3	ASPECTOS EM COMUM	6
2	HOMICÍDIO	6
2.1	ESTRUTURA DO TIPO PENAL	8
2.2	CONCEITO	8
2.3	OBJETIVIDADE JURÍDICA	11
2.4	NÚCLEO DO TIPO PENAL – VERBO	11
2.5	SUJEITO ATIVO	12
2.6	SUJEITO PASSIVO	12
2.7	ELEMENTO SUBJETIVO	15
2.8	CONSUMAÇÃO	15
2.9	TENTATIVA/CONATUS	16
2.9.1	Desistência voluntária	17
2.10	HOMICÍDIO PRIVILEGIADO	17
2.11	IMEDIATIDADE DA REAÇÃO	18
3	HOMICÍDIO QUALIFICADO	22
3.1	ESPÉCIES QUALIFICADORAS	24
3.1.1	Inciso I: mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe.	24
3.1.2	Inciso II: motivo fútil	28
3.1.3	Inciso III: com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum.	30
3.1.4	Inciso IV: à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.	33
3.1.5	Inciso V: para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime.	34
3.1.6	Inciso VI – FEMINICÍDIO – LEI 13.104/15	38
3.1.7	Inciso VII: contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:	41
4	HOMICÍDIO CULPOSO	42
4.1	CONCEITO	42
4.2	CARACTERÍSTICA FUNDAMENTAL DO DELITO CULPOSO	43
4.3	PERDÃO JUDICIAL	44
4.4	HOMICÍDIO CULPOSO CIRCUNSTANCIADO	47
5	ABORTO	50
5.1	CONCEITO	51
5.2	ESPÉCIES	51
5.3	OBJETIVIDADE JURÍDICA	52
5.4	OBJETO MATERIAL	53
5.5	SUJEITO ATIVO	53
5.6	SUJEITO PASSIVO	54
5.7	MEIOS DE EXECUÇÃO	54
5.8	ELEMENTO SUBJETIVO	55
5.9	CONSUMAÇÃO	56
5.10	TENTATIVA	56
5.11	CRIMES EM ESPÉCIE	59
5.11.1	Aborto provocado pela gestante ou com o seu consentimento – é o tipo penal da gestante. Art. 124	59
5.11.2	Aborto provocado por terceiro sem consentimento da gestante. Art. 125	60
5.11.3	Aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante. Art. 126	61
5.12	FORMA QUALIFICADA	62
5.13	ABORTO LEGAL OU PERMITIDO	66
5.13.1	Aborto Eugenésico ou Eugênico	68
6	PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO	69
6.1	SUJEITO ATIVO	69
6.2	SUJEITO PASSIVO	69
6.3	CONDUTAS	70
6.4	TIPO SUBJETIVO	70
7	INFANTICÍDIO	72
7.1	SUJEITO ATIVO	72
8	DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	74
9	BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	74
ATUALIZADO EM 04/01/2019[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
CRIMES CONTRA A VIDA
	INTRODUÇÃO
O nosso CP, seguindo o exemplo da maioria dos CP dos demais países, dividiu o CP em duas partes: Parte Geral (regras gerais aplicáveis à parte especial e à legislação extravagante, quando não há regra específica) e Parte Especial (contém os crimes em espécie). O que será que surgiu primeiro? Os crimes em espécie. A parte especial tem uma precedência histórica.
Qual é a importância prática da Parte Especial? Atender ao princípio da reserva legal ou da estrita legalidade.
Em sua maior parte, a Parte Especial contém normas penais incriminadoras, mas também contempla normas penais não incriminadoras. Há também normas:
· Explicativas: art. 327 – conceito de funcionário público para fins penais
· Excluem a ilicitude do fato: art. 128 – hipóteses em que o aborto é permitido
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)
Aborto necessário
I - Se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
· Escusas absolutórias: art. 181 – causas de imunidade de crime contra o patrimônio.
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)
I - Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - De ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
Há também normas permissivas (permitem determinados comportamentos, estabelecendo a licitude, a inculpabilidade ou a impunidade dos comportamentos. Ex: abortamento permitido e não punição da difamação e da injúria). 
As normas penais incriminadoras apresentam título do crime - é o nome atribuído pelo CP ao delito. Nomen iuris. “Homicídio”, “roubo”. Esse título está contido na rubrica marginal. 
A divisão da Parte Especial leva em conta o bem jurídico protegido para elencar os crimes. A Parte Especial está dividida em 11 títulos. Esses títulos se dividem em capítulos. Alguns capítulos se subdividem em seções.
O CP de 1940 seguiu uma concepção individualista – os títulos se iniciam com os bens jurídicos individuais e termina com os difusos e coletivos. PROVA! Essa sistemática que o nosso Código adota foi idealizada pelo penalista italiano Arturo Rocco. Ele é o criador do Tecnicismo jurídico-penal. Ele idealizou uma parte especial levando em conta bens jurídicos e partindo dos bens individuais. Ele dizia que a vida humana era o centro de irradiação de todos os demais direitos. Por isso primeiro protegia a vida.
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL
A Teoria Constitucional do Direito Penal diz que a criação de crimes e cominação de penas só são legítimas quando tutelam valores consagrados na CF.
O fundamento está no caput do art. 5ª. A CF assegura a todas as pessoas o direito à vida. Esse direito à vida é um direito supraestatal: inerente a todos os homens e reconhecido por todas as nações. É um direito fundamental em duplo sentido: material (tem valor constitucional) e formalmente constitucional (está previsto em norma constitucional). 
Não é absoluto. Os direitos fundamentais são relativos. Robert Alexy fala da possibilidade lógica de restrições a direitos fundamentais e o direito à vida também suporta essas restrições. Leia MS 23/452. 
Ex. guerra, legítima defesa, aborto permitido.
ESPÉCIES
· Homicídio 
· Participação em suicídio
· Infanticídio
· Aborto
ASPECTOS EM COMUM
Em todos eles a ação é pública incondicionada, pois a vida humana é um bem jurídico indisponível. Não impede a utilização da ação penal privada da subsidiária da pública. “Dra. cabe ação penal privada no homicídio?” Sim, no caso de ação penal privada subsidiária.
São de competência do Tribunal do Júri art. 5 XXXVIII CF. Existe algum crime contra a vida que não é de competência do Tribunal do Júri? Sim, o homicídio culposo. Lembre-se que a competência do Tribunal do Júri é mínima – o legislador ordinário pode ampliar o rol de crimes de competência do Júri. Os crimes contra a vida têm competência de sede constitucional. 
	HOMICÍDIO
Homicídio simples
Art 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - Por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - Para assegurar a execução, a ocultação,a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:     (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - violência doméstica e familiar;      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - Menosprezo ou discriminação à condição de mulher.      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Homicídio culposo
 § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de um a três anos.
Aumento de pena
 § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
 § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
§ 6o  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.  (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:  (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;  (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.  (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
*#NOVIDADELEGISLATIVA #DIZERODIREITO: Comentários à Lei 13.771/2018: altera as majorantes do feminicídio. Outra importante novidade legislativa deste fim de ano foi a Lei nº 13.771/2018, que alterou três causas de aumento de pena do feminicídio (art. 121, § 7º do Código Penal).
Vejamos o que mudou.
O que é feminicídio?
Feminicídio é o homicídio doloso praticado contra a mulher por “razões da condição de sexo feminino”, ou seja, desprezando, menosprezando, desconsiderando a dignidade da vítima enquanto mulher, como se as pessoas do sexo feminino tivessem menos direitos do que as do sexo masculino.
O Código Penal prevê o feminicídio como uma qualificadora do crime de homicídio. Confira:
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
(...)
§ 2º Se o homicídio é cometido:
Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
(...)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
O feminicídio foi incluído no Código Penal pela Lei nº 13.104/2015.
Feminicídio X femicídio
Existe diferença entre feminicídio e femicídio?
• Femicídio significa praticar homicídio contra mulher (matar mulher);
• Feminicídio significa praticar homicídio contra mulher por “razões da condição de sexo feminino” (por razões de gênero).
O art. 121, § 2º, VI, do CP, trata sobre FEMINICÍDIO, ou seja, pune mais gravemente aquele que mata mulher por “razões da condição de sexo feminino” (por razões de gênero). Não basta a vítima ser mulher.
Como era a punição do feminicídio antes da Lei nº 13.104/2015?
Antes da Lei nº 13.104/2015, não havia nenhuma punição especial pelo fato de o homicídio ser praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. Em outras palavras, o feminicídio era punido, de forma genérica, como sendo homicídio (art. 121 do CP).
A depender do caso concreto, o feminicídio (mesmo sem ter ainda este nome) poderia ser enquadrado como sendo homicídio qualificado por motivo torpe (inciso I do § 2º do art. 121) ou fútil (inciso II) ou, ainda, em virtude de dificuldade da vítima de se defender (inciso IV). No entanto, o certo é que não existia a previsão de uma pena maior para o fato de o crime ser cometido contra a mulher por razões de gênero.
A Lei nº 13.104/2015 veio alterar esse panorama e previu, expressamente, que o feminicídio, deve agora ser punido como homicídio qualificado.
Sujeito ativo
O feminicídio pode ser praticado por qualquer pessoa (trata-se de crime comum).
O sujeito ativo do feminicídio normalmente é um homem, mas também pode ser mulher.
Sujeito passivo
Obrigatoriamente deve ser uma pessoa do sexo feminino (criança, adulta, idosa, desde que do sexo feminino).
• Mulher que mata sua companheira homoafetiva: pode haver feminicídio se o crime foi por razões da condição de sexo feminino.
• Homem que mata seu companheiro homoafetivo: não haverá feminicídio porque a vítima deve ser do sexo feminino. Esse fato continua sendo, obviamente, homicídio.
Razões de condição de sexo feminino
O que são “razões de condição de sexo feminino”?
O legislador previu, no § 2º-A do art. 121, uma norma penal interpretativa, ou seja, um dispositivo para esclarecer o significado dessa expressão.
§ 2º-A Considera-se que há “razões de condição de sexo feminino” quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Causas de aumento de pena
O § 7º do art. 121 do CP prevê causas de aumento de pena exclusivas para o feminicídio.
A Lei nº 13.771/2018 altera essas causas de aumento de pena.
Vamos comparar:
	Antes da Lei 13.771/2018
	ATUALMENTE
	Art. 121 (...)
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
	Art. 121 (...)
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
	Art. 121 (...)
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
	Não foi alterado. Continua a mesma redação.
	II – contra pessoa menor de 14 (quatorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;
	II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
	III – na presença de descendente ou de ascendente da vítima.
	III – na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;
	Não havia inciso IV.
	IV – em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
Mudança no inciso II:
Foi acrescentada a seguinte hipótese:
A pena imposta ao feminicídio será aumentada de 1/3 a 1/2 se, no momento do crime, a mulher (vítima) era portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental. Como exemplo, podemos citar a esclerose lateral amiotrófica.
A vítima, nesse caso, apresenta uma fragilidade (debilidade) maior, de forma que a conduta do agente se revela com alto grau de covardia.
Mudança no inciso III:
A pena imposta ao feminicídio será aumentada se o delito foi praticado na presença (física ou virtual) de descendente ou de ascendente da vítima.
Aqui a razão do aumento está no intenso sofrimento que o autor provocou aos descendentes ou ascendentes da vítima que presenciaram o crime, fato que irá gerar graves transtornos psicológicos.
Semanticamente, quando se fala que foi praticado “na presença de alguém”, isso nãosignifica, necessariamente, que a pessoa que presenciou estava fisicamente no local.
Assim, particularmente, entendo que, mesmo antes da alteração, já poderia ser aplicada a causa de aumento mesmo que não houvesse presença física do ascendente ou descendente, ou seja, essa presença poderia ser “virtual”.
A fim de evitar polêmicas, o legislador resolveu deixar isso expresso.
Desse modo, poderá haver a causa de aumento de pena do inciso III do § 7º do art. 121 do CP mesmo que o ascendente ou descendente não esteja fisicamente no mesmo ambiente onde ocorre o homicídio. É o caso, por exemplo, em que o filho da vítima presencia, por meio de webcam, o agente matar sua mãe; ele terá presenciado o crime, mesmo sem estar fisicamente no local do homicídio.
Apenas para relembrar:
• Ascendente: é o pai, mãe, avô, avó, bisavô, bisavó e assim por diante.
• Descendente: é o filho(a), neto(a), bisneto(a) etc.
Atenção: não haverá a causa de aumento se o crime é praticado na presença de colateral (ex: irmão, tio) ou na presença do cônjuge da vítima.
Inserção do inciso IV:
Vamos entender melhor esse inciso com um exemplo:
Carla decidiu se separar de Pedro. Este, contudo, continuou a procurá-la insistentemente e a fazer ameaças caso ela não reatasse o relacionamento.
Diante disso, Carla procurou a Delegacia pedindo que fossem tomadas providências.
A autoridade policial lavrou o boletim de ocorrência e enviou um expediente ao juiz com o pedido de Carla para que Pedro não se aproximasse mais dela (art. 12, III, da Lei nº 11.340/2006).
O juiz deferiu o pedido da ofendida e determinou, como medidas protetivas de urgência, que Pedro mantivesse distância mínima de 500 metros de Maria e não tentasse nenhum contato com ela por qualquer meio de comunicação, conforme autoriza o art. 22, III, “a” e “b”, da Lei nº 11.340/2006:
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:
(...)
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
(...)
Na decisão, o magistrado consignou ainda que, em caso de descumprimento de quaisquer das medidas impostas, seria aplicada ao requerido multa diária de R$ 100, conforme previsto no § 4º, do art. 22 da Lei nº 11.340/2006.
Quais as consequências caso o indivíduo descumpra as medidas protetivas de urgência?
• é possível a execução da multa imposta;
• é possível a decretação de sua prisão preventiva (art. 313, III, do CPP);
• o agente responderá pelo crime do art. 24-A da Lei Maria da Penha:
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
Continuando em nosso exemplo:
Pedro foi regularmente intimado. Apesar disso, uma semana depois procurou Carla em sua casa pedindo para que ela retomasse o relacionamento. Como ela não aceitou, Pedro a matou com uma faca.
Neste caso, Pedro responderá por feminicídio e incidirá a causa de aumento de pena prevista no art. 121, § 7º, IV, do CP.
Pergunta: responderá também pelo art. 24-A do CP?
NÃO. Isso porque o delito do art. 24-A do CP é absorvido pela conduta mais grave, qual seja, a prática do art. 121, § 7º, IV, do CP.
Fazer incidir o art. 24-A da Lei nº 11.340/2006 e também pelo inciso IV do § 7º do art. 121 do CP representaria punir duas vezes o agente pelo mesmo fato (bis in idem), o que é vedado.
Vigência
A Lei nº 13.771/2018 entrou em vigor na data de sua publicação (20/12/2018).
Por ser uma lei mais gravosa, ela não se aplica para fatos ocorridos antes de sua vigência.
A competência é a do local da consumação do delito. De ver-se, todavia, que a jurisprudência acabou criando uma exceção ao caso de homicídio doloso quando a vítima é alvejada em uma cidade e levada para hospital em outro município, normalmente grandes centros onde há melhores condições de atendimento, e acaba falecendo nesta última localidade. Teoricamente, o julgamento deveria se dar no local onde a vítima morreu, contudo, isso dificultaria sobremaneira o julgamento no Plenário do Júri, já que as testemunhas do crime estão no local onde a vítima foi alvejada e não são obrigadas a se deslocar para serem ouvidas no dia do julgamento. Nesses casos, o julgamento é feito no local em que ocorreu a ação delituosa, e não no lugar em que a vítima morreu.
Segundo os historiadores seria o segundo crime mais antigo. O primeiro seria o crime de lesa majestade. Por isso que se diz que o homicídio acompanha toda a evolução do Direito Penal. A ideia de dolo e culpa, legítima defesa e outros institutos surgiram para disciplinar os problemas do crime de homicídio.
É o único crime contra a vida que admite a modalidade culposa.
ESTRUTURA DO TIPO PENAL
Doloso:
· Homicídio simples: caput
· Homicídio privilegiado: §1º
· Qualificadoras: § 2º 
· Circunstanciado: §4º, segunda parte, e §6º. São causas de aumento da pena. 
Culposo
· Simples: §3º
· Circunstanciado: §4ª, primeira parte.
· Perdão judicial: §5º
CONCEITO
Homicídio é a eliminação da vida humana extrauterina praticada por outra pessoa. Se for intrauterina é o crime de aborto. Pode ser crime de infanticídio se estiverem presentes os elementos especializantes do art. 123, CP.
Homicídio simples x crime hediondo: em regra, o homicídio não é crime hediondo. Ele só é hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio. Art. 1º, I da Lei 8.072/90. Observe que o grupo de extermínio não precisa existir. Precisa haver a atividade típica de grupo de extermínio. Ex. agente sai à noite matando moradores de rua. O grupo não existe, mas a atividade é típica de grupo de extermínio. Isso é muito difícil na prática, pois essa atividade típica de grupo de extermínio quase sempre envolve alguma qualificadora (motivo fútil, torpe, etc), o que já enquadraria o crime como hediondo. Todo homicídio qualificado é hediondo.
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:     
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); (Redação dada pela Lei nº 13.142, de 2015)
*I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;  (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o);  (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o);  (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998)
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploraçãosexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014)
*Parágrafo único.  Consideram-se também hediondos o crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3oda Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou consumados. (Redação dada pela Lei nº 13.497, de 2017)
	Tortura é crime hediondo? NÃO! O tráfico de drogas, a tortura e o terrorismo não são crimes hediondos. Esses três delitos (TTT) são equiparados (assemelhados) pela CF/88 a crimes hediondos. Em outras palavras, não são crimes hediondos, mas devem receber o mesmo tratamento penal e processual penal mais rigoroso que é reservado aos delitos hediondos.
#OBS.: Prática típica do grupo de extermínio é matar sem saber quem está matando, mas mata-se por saber das raízes da pessoa, do seu grupo social, sexual, preferências religiosas Ex. Chacina, matança em geral (Candelária, Vigário Geral). Vamos falar um pouco sobre grupo de extermínio? 
QUANTAS PESSOAS SÃO NECESSÁRIAS PARA SE FALAR EM UM GRUPO DE EXTERMÍNIO?
	FERNANDO CAPEZ
	ALEXANDRE DE MORAIS
	ALBERTO SILVA FRANCO
	2 PESSOAS
	TRÊS PESSOAS
GRUPO ≠ PAR
GRUPO ≠ BANDO
	Como o legislador não deu um conceito para o grupo de extermínio = grupo = bando = quadrilha.
Por analogia à quadrilha são 4 também o número de pessoas MUDOU.
MELHOR DOUTRINA
#ATENÇÃO: MUDOU O CONCEITO DE QUADRILHA. Agora o crime é de associação criminosa – 3 ou mais pessoas. 
#ATENÇÃO – Masson diz que quando o CP não fala são três pessoas.
Art. 288 - Associarem-se três ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes:     (Vide Lei nº 12.850, de 2.013)  (Vigência)
Pena - reclusão, de um a três anos. (Vide Lei 8.072, de 25.7.1990)
Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado.
O diferencial do grupo de extermínio é que o crime pode ser praticado por um só dos indivíduos do grupo. O GRUPO DE EXTERMÍNIO é impessoal em relação à vítima, mas determinado em relação a sua classe social etnia, raça, cor, opção sexual, etc.. Ex: Skinhead – matar homossexuais. 
*#OBS.: QUEM É QUE DECIDE SE O HOMICÍDIO FOI PRATICADO EM GRUPO DE EXTERMINIO? OS JURADOS OU O JUIZ PRESIDENTE? Segundo Renato Brasileiro, a verificação deste fato cabe aos jurados, por meio da apresentação de quesito específico.
#OBS.: DIFERENÇA ENTRE O GRUPO DE EXTERMÍNIO ≠ GENOCÍDIO.
GENOCÍDIO Lei 2889/56 - INTENÇÃO DESTRUIR NO TODO OU EM PARTE – EXTERMINAR 
Quem com a intenção de destruir no todo ou em parte, grupo nacional, ético, religioso, pratica genocídio. 
#ATENÇÃO: No genocídio, não necessita a existência de um grupo. Uma única pessoa pode realizar o crime. 
GENOCÍDIO NÃO NECESSARIAMENTE ENVOLVE O HOMICÍDIO, já que pode se praticar o genocídio evitando que nasçam novas crianças da raça, grupo. Assim, impedindo o nascimento está se exterminando uma raça. 
Genocídio de índios: competência da JF. Pelo juiz singular, salvo se houver concurso formal impróprio com o homicídio (aí vai para o júri).
OBJETIVIDADE JURÍDICA
É o bem jurídico tutelado. É a vida humana extrauterina, independentemente da sua viabilidade (ex. bebê que vai viver três dias. Pode matar? não). Quando começa a vida? Há controvérsias, mas entende-se que se inicia com a respiração autônoma, provada com uma perícia denominada docimassia respiratória.
O direito romano falava no monstrum vel prodigium – ser humano com características monstruosas. Mesmo ele adquire personalidade jurídica. Ele pode ser inserido. 
NÚCLEO DO TIPO PENAL – VERBO
“Matar”. É a redação típica mais curta – verbo + elemento objetivo (alguém). O homicídio é crime de forma livre ou de ação livre – admite qualquer meio de execução. É possível que alguém mate outra de morrer de rir? Sim. Posso contar uma história com dolo de matar. (Monteiro Lobato).
É tipo normal – apenas elementos objetivos.
Pode ser praticado por ação ou por omissão, se presente o dever de agir – dever legal, garantidor e ingerência. Adequação típica mediata. 
Meio de execução pode ser: 
· Direito (disparo de arma de fogo) ou indireto (ordenar o ataque de um cão feroz).
· Material (atinge a integridade física da vítima) ou moral (atinge o aspecto psicológico – amedronta tanto que ela se mata). Qual a diferença entre essa execução moral e o crime de participação de suicídio? Na participação de suicídio a vítima tem uma capacidade de resistência. No homicídio a vítima não tem resistência. Não tem capacidade de resistir. Ex. manda uma criança pular do prédio.
O meio de execução de um homicídio pode caracterizar uma qualificadora. Ex. III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
A transmissão dolosa do vírus da AIDS pode ser um meio de execução do homicídio? Não só pela atividade sexual. Ex. seringa com sangue contaminado. Na doutrina o entendimento dominante sempre foi que SIM - Ela não tem cura e mata (mais cedo ou mais tarde. Os coquetéis? Ninguém pode obrigar uma pessoa a se submeter um tratamento). O Promotor denunciou por tentativa e a pessoa morreu = adita a denúncia. Transitou em julgado – já era. STF no HC 98712/SP (Informativo 603) disse que não era homicídio, mas não disse o que era. Disse que podia ser perigo de contágio venéreo ou lesão corporal gravíssima. 
Q - STJ – lesão corporal gravíssima.
SUJEITO ATIVO
Crime comum ou geral: pode ser praticado por qualquer pessoa. O tipo não exige nenhuma situação diferenciada quanto ao sujeito ativo. Admite a coautoria e a participação.
#OBS.: Caso dos irmãos xifópagos (siameses). Caso trazido de Euclides Custódio da Silveira.
I. Um atira e o outro pediu para atirar – um autor e um partícipe
II. Um atira e o outro pede para não atirar: 
1. Faz cirurgia e separa e um é condenado e o outro absolvido. 
2. Separação não é possível: absolve os dois. O estado de inocência prevalece.
SUJEITO PASSIVO
Qualquer pessoa, após o nascimento e que ainda esteja viva. Antes do nascimento – aborto. Pessoa morta – crime impossível.
O homicídio é bicomum – comum quando ao sujeito ativo e passivo. Qualquer um pode matar ou ser morto.
#OBS.: agente atirou e matou os irmãos xifópagos. Há dois homicídios.
I. Agente queria matar os dois: uma conduta – dois homicídios dolosos – concurso formal impróprio ou imperfeito (desígnios autônomos).
II. Agente queria matar só um, mas assumiu o risco de matar o outro: há dois homicídios. Um com dolo direito e outro com dolo eventual. Como se chama esse dolo eventual? Dolo de segundo grau ou de consequências necessárias (Roxin). Ex. bomba para matar Presidente. Vai necessariamente matar a tripulação. Há aqui concurso formal impróprio ou imperfeito.
III. Quer matar os dois, mas um sobrevive: Um homicídio consumado e um tentado.
Dependendo de quem for a vítima, a tipicidade pode ser deslocada para o art. 29 da Lei 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional). Não vai mais para o Júri e a competência é da JF. Quem são? 
· Presidente da República
· Presidente do Senado
· Presidente da Câmara dos Deputados
· Presidente do STF
Art. 26 - Caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação.
Pena: reclusão, de 1 a 4 anos.
Art. 29 - Matar qualquer das autoridades referidas no art. 26.
Pena: reclusão, de 15 a 30 anos.
Será que matar essas autoridades é automaticamente crime contra a segurança nacional? NÃO. É necessária uma motivação política. Uma motivação que atinja o Estado Democrático de Direito. Ex. Joaquim Barbosa morto por uma dos mensaleiros por cauda do julgamento – Não vai a Júri. Ex2. Moleque jogando pelada com Joaquim, sem nem saber quem ele é, irrita-se e mata o Joaquim – vai a Júri.
Genocídio x homicídio. Lei 2889/56. Não necessariamente é uma matança. Ex. grupo indígena que tenha dois índios e 50 índias. Mato os doiscom a intenção de exterminar o grupo – é genocídio. O genocídio não é crime contra a vida e sim contra a humanidade, contra a diversidade humana (bem jurídico difuso). Não é da competência do Júri. Veja o RE 351.487. Os casos que chegaram no STF são de genocídio conexos com homicídio. O Júri atrai o genocídio.
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;
Será punido:
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a;
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b;
Com as penas do art. 270, no caso da letra c;
Com as penas do art. 125, no caso da letra d;
Com as penas do art. 148, no caso da letra e;
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA EMENTAS: 1. CRIME. Genocídio. Definição legal. Bem jurídico protegido. Tutela penal da existência do grupo racial, étnico, nacional ou religioso, a que pertence a pessoa ou pessoas imediatamente lesionadas. Delito de caráter coletivo ou transindividual. Crime contra a diversidade humana como tal. Consumação mediante ações que, lesivas à vida, integridade física, liberdade de locomoção e a outros bens jurídicos individuais, constituem modalidade executórias. Inteligência do art. 1º da Lei nº 2.889/56, e do art. 2º da Convenção contra o Genocídio, ratificada pelo Decreto nº 30.822/52. O tipo penal do delito de genocídio protege, em todas as suas modalidades, bem jurídico coletivo ou transindividual, figurado na existência do grupo racial, étnico ou religioso, a qual é posta em risco por ações que podem também ser ofensivas a bens jurídicos individuais, como o direito à vida, a integridade física ou mental, a liberdade de locomoção etc.. 2. CONCURSO DE CRIMES. Genocídio. Crime unitário. Delito praticado mediante execução de doze homicídios como crime continuado. Concurso aparente de normas. Não caracterização. Caso de concurso formal. Penas cumulativas. Ações criminosas resultantes de desígnios autônomos. Submissão teórica ao art. 70, caput, segunda parte, do Código Penal. Condenação dos réus apenas pelo delito de genocídio. Recurso exclusivo da defesa. Impossibilidade de reformatio in peius. Não podem os réus, que cometeram, em concurso formal, na execução do delito de genocídio, doze homicídios, receber a pena destes além da pena daquele, no âmbito de recurso exclusivo da defesa. 3. COMPETÊNCIA CRIMINAL. Ação penal. Conexão. Concurso formal entre genocídio e homicídios dolosos agravados. Feito da competência da Justiça Federal. Julgamento cometido, em tese, ao tribunal do júri. Inteligência do art. 5º, XXXVIII, da CF, e art. 78, I, cc. art. 74, § 1º, do Código de Processo Penal. Condenação exclusiva pelo delito de genocídio, no juízo federal monocrático. Recurso exclusivo da defesa. Improvimento. Compete ao tribunal do júri da Justiça Federal julgar os delitos de genocídio e de homicídio ou homicídios dolosos que constituíram modalidade de sua execução. (STF - RE: 351487 RR , Relator: Min. CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 03/08/2006, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 10-11-2006 PP-00050 EMENT VOL-02255-03 PP-00571 RTJ VOL-00200-03 PP-01360 RT v. 96, n. 857, 2007, p. 543-557 LEXSTF v. 29, n. 338, 2007, p. 494-523)
ELEMENTO SUBJETIVO
Dolo - direto ou eventual, independentemente de qualquer finalidade específica. A doutrina clássica chamava de dolo genérico. Hoje se fala só dolo. O antigo dolo específico hoje é o elemento subjetivo específico. Se a finalidade específica existir, ela pode configurar uma qualificadora (motivo torpe) ou um privilégio (relevante valor moral).
Esse elemento é conhecido como animus necandi ou animus occidendi. Nas provas práticas use intenção homicida/ânimo homicida. Não usar latim na prova oral.
É também admissível o dolo eventual quando o agente, com sua conduta, assume o risco de provocar a morte. É o que ocorre quando alguém faz roleta-russa murando o revólver para outra pessoa e, apesar de haver uma só cápsula no tambor, acaba havendo o disparo e a morte. Nossa jurisprudência, inclusive dos Tribunais Superiores, tem admitido a existência de dolo eventual em mortes que decorrem de disputa não autorizada de veículos em via pública – rachas.
#OBS.: embriaguez ao volante – atropela e mata alguém: se for dolo eventual – art. 121 CP. Se for culpa consciente - 302 CTB. STF tinha a jurisprudência consolidada que esse era caso de dolo eventual. E agora? O STF corretamente diz que depende. Tem que se examinar o caso concreto. Ex1. Toma uma taça de vinho no almoço e atropela e mata alguém. É caso de culpa consciente (é previsível que tendo bebido ele pode matar alguém, mas acredita sinceramente que não vai ocorrer). Ex2. Sujeito passa 36 horas bebendo. Sai na rua a 200 por hora. Sobe num ponto de ônibus e mata dez pessoas. Isso é dolo eventual. Ou seja, não há fórmula fechada.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: 
O simples fato do condutor do veículo estar embriagado não gera a presunção de que tenha havido dolo eventual
 A embriaguez do agente condutor do automóvel, por si só, não pode servir de premissa bastante para a afirmação do dolo eventual em acidente de trânsito com resultado morte. A embriaguez do agente condutor do automóvel, sem o acréscimo de outras peculiaridades, não pode servir como presunção de que houve dolo eventual. 
Juiz da 1ª fase do Júri deve examinar se o agente que conduzia o veículo embriagado praticou homicídio doloso ou culposo 
Na primeira fase do Tribunal do Júri, ao juiz togado cabe apreciar a existência de dolo eventual ou culpa consciente do condutor do veículo que, após a ingestão de bebida alcoólica, ocasiona acidente de trânsito com resultado morte. STJ. 6ª Turma. REsp 1.689.173-SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 21/11/2017 (Info 623).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: Verifica-se a existência de dolo eventual no ato de dirigir veículo automotor sob a influência de álcool, além de fazê-lo na contramão. Esse é, portanto, um caso específico que evidencia a diferença entre a culpa consciente e o dolo eventual. O condutor assumiu o risco ou, no mínimo, não se preocupou com o risco de, eventualmente, causar lesões ou mesmo a morte de outrem. STF. 1ª Turma. HC 124687/MS, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/5/2018 (Info 904).
*#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO O fato de o autor de homicídio culposo na direção de veículo automotor estar com a CNH vencida não justifica a aplicação da causa especial de aumento de pena descrita no inciso I do § 1º do art. 302 do CTB. O inciso I do § 1º do art. 302 pune o condutor que "não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação". O fato de o condutor estar com a CNH vencida não se amolda a essa previsão não se podendo aplicá-lo por analogia in malam partem. STJ. 6ª Turma. HC 226.128-TO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 7/4/2016 (Info 581).
CONSUMAÇÃO
Crime material ou causal – há conduta e resultado materialístico e exige a sua produção para a consumação. Quando se consuma? Com a morte da vítima.
Em que momento essa morte ocorre? Lei 9434/97 (lei que trata de transplante, doação de órgãos, tecidos e partes do corpo humano). No passado houve muita polêmica. Hoje esse problema acabou com a lei – art. 3º, caput. O momento consumativo do homicídio é a morte encefálica. Anencefalia – se o feto não tem atividade cerebral, nunca viveu. Se nunca viveu, não há aborto. O STF corretamente não falou em aborto, mas sim em interrupção do parto.
Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada pordois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.
O crime de homicídio é crime de fato permanente, deixa vestígios. CPP – tem que ter perícia. É o exame necroscópico – é a perícia que atesta a morte e aponta a sua respectiva causa. Delito de fato permanente: é aquele que deixa vestígios ou não transeunte. 
É crime instantâneo – se consuma em um momento determinado, sem continuidade no tempo. Há opiniões minoritárias (alguns julgados) que dizem ser crime instantâneo de efeitos permanentes – se consuma num momento determinado, mas seus efeitos se prolongam no tempo. Camarada morreu, mas os efeitos dessa morte se prolongam (sogra continua sogra).
TENTATIVA/CONATUS
Possível, por ser crime plurissubsistente, ou seja, a conduta é composta de dois ou mais atos, admitindo o fracionamento.
Quando há o início da execução? Teoria objetivo formal – praticar o núcleo do tipo.
#EXEMPLOS:
Se o homicida concretizasse a entrega de um bolo envenenado, já estaríamos diante de ato executório, pois a partir desse instante a vítima poderia consumi-lo, independentemente de novas ações do homicida. Da mesma forma, constitui mero ato preparatório comprar uma arma com a qual se pretende matar a vítima, ou mais, ficar aguardando a vítima passar por determinado local para emboscá-la, mas não conseguir efetuar disparos por ter a vítima alterado seu trajeto nesse dia.
Em se tratando de arma de fogo, o início de execução se dá pelo ato de apertar o gatilho em direção a vítima. Em se tratando de arma branca, o início de execução se dá pelo movimento corpóreo a fim de atingi-la.
Quando se trata de ação homicida a ser realizada em dois atos seguidos (jogar gasolina e depois atear fogo), considera-se ter havido o início da execução com o primeiro ato, de modo que haverá tentativa de homicídio se o agente jogar o combustível na vítima, mas for impedido de atirar o fósforo aceso sobre ela.
Em suma, existe o início de execução com a prática do primeiro ato idôneo e inequívoco que pode levar à consumação. Ato idôneo é aquele apto a produzir o resultado consumativo. Ato inequívoco é aquele indubitavelmente ligado à consumação. 
a) Tentativa branca/incruenta: não atinge a vítima.
b) Tentativa vermelha/cruenta: atinge a vítima. - Se o agente tenta matar a vítima em uma oportunidade e, cessada a execução deste crime, em outro contexto fático, realiza novo ato agressivo conseguindo mata-la, responde por dois crimes, um tentado e outro consumado. Ex.: após alvejar a vítima com disparos de arma de fogo, esta é internada em um hospital. O homicida, ao saber que ela não morreu, vai até o hospital de madrugada, rende os seguranças do estabelecimento e mata a vítima com novos disparos.
#OBS.: É POSSÍVEL A TENTATIVA NO CASO DO DOLO EVENTUAL? Existe vontade tanto no dolo direto quando no dolo eventual. Sendo assim ambos admitem a tentativa (maioria da doutrina e jurisprudência) OBS: GRECO discorda.
Desistência voluntária
Só responde pelos atos anteriores, já praticados (e não por tentativa de homicídio). Dessa forma, no exemplo anterior, se o disparo atingiu a vítima sobrevivente, o sujeito responderá por lesão leve ou grave, dependendo do que o disparo nela tenha causado, ou por crime de periclitação de vida (art. 132), caso o disparo não a tenha atingido.
Para que haja o reconhecimento da desistência voluntária, é necessário que o agente tenha percebido que não alvejou a vítima de modo fatal. Por isso, se ele deixou de disparar novos projéteis por pensar que a vítima já estava morta, responde por tentativa de homicídio.
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Qual a natureza jurídica desse §1º? O homicídio privilegiado de privilégio só tem o nome. O homicídio privilegiado nada mais é que uma causa de diminuição de pena (3ª fase da dosimetria). Esse nome de homicídio privilegiado é criação da doutrina e da jurisprudência. O que é privilégio? É o contrário da qualificadora. No privilégio os limites máximo e mínimo da pena são reduzidos em abstrato. O infanticídio sim é um homicídio privilegiado – muda os limites para de 2 a 6 anos. 
O privilégio é incomunicável, por sua natureza subjetiva. Lembra o art. 30 do CP? As circunstâncias subjetivas não se comunicam. Ex. pai contrata pistoleiro para matar estuprador da filha. O relevante valor moral é do pai. O pistoleiro não tem – ainda incide o motivo torpe.
O homicídio privilegiado é crime hediondo? NUNCA! Por falta de previsão legal. O Brasil adota o critério legal para definir o crime hediondo – é aquele que a lei diz ser hediondo. E se o crime for privilegiado qualificado? Segura o freio. Depois falaremos. Também não pode.
O juiz, na terceira fase, deve ou pode diminuir a pena no caso de homicídio privilegiado? O dispositivo fala “pode”. O juiz deve diminuir. Por quê? O crime privilegiado é doloso – competência do Júri. O juiz natural é o Conselho de Sentença. É ele que vai decidir acerca do privilégio. Se eles reconheceram, o juiz deve ou pode? Deve! O CPP fala que é competência do Conselho de Sentença resolver sobre as causas de diminuição de pena alegadas pela defesa. No entanto, o juiz decidirá sobre o quantum de diminuição. 
O MP não pode colocar o privilégio na denúncia. ATENÇÃO! A denúncia não pode conter nenhuma causa de diminuição da pena, salvo a tentativa por afetar a tipicidade. CUIDADO NA PROVA PRÁTICA.
IMEDIATIDADE DA REAÇÃO
	
Será imediata a reação sem intervalo temporal. Enquanto perdurar o domínio da violenta emoção qualquer reação será considerada imediata. (O caso concreto é que dirá) 
#CASCADEBANANA. O latrocínio figura no crime contra o patrimônio e, por isso, não vai a Júri. Foi uma opção do CP.
Um sujeito espanca e estupra uma mulher – a mulher entra em estado depressivo e se mata. Depende. Ele tinha dolo de matar a mulher? Ele sabia que ela iria se matar? Se não tem esse dolo – estupro qualificado pela morte.
Salva vidas num clube. Ele dormiu durante o serviço. A criança morre. Responde pelo homicídio culposo por omissão imprópria. Pode haver dolo eventual se provar que, por exemplo, era filho de um desafeto e ele não estava nem aí.
Concurso material do crime – um regime fechado e outro de pena restritiva de direito. Quando ele vai progredir, o juiz pode cumular a progressão com a restritiva? Se o juiz aplicou dessa forma, elas eram compatíveis entre si. Quando chegar a hora da progressão ele já cumpriu. Deve ter sido um perdimento de bens ou pena pecuniária.
O MP pode pedir a substituição da pena.
Sujeito atira na mulher grávida – mata o bebê. Mãe também morre - Homicídio contra a mãe e aborto contra o filho – concurso formal impróprio. Mãe não morre - Tentativa de homicídio contra a mãe e aborto contra o filho – concurso formal impróprio. 
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO #STJ:
O réu pode responder por homicídio mesmo que, no momento da ação, o bebê ainda estivesse dentro da barriga da mãe? SIM. Segundo a Relatora do caso no STJ, é irrelevante o fato de que, no momento da ação, o bebê estivesse dentro da barriga da mãe. 
O que deve ser verificado para a definição do delito, segundo a Relatora, é o resultado almejado. 
Assim, como a consumação do crime ocorreu após o nascimento, deve-se adequar o enquadramento penal de aborto para homicídio.
A Relatora afirmou que seria o mesmo raciocínio que se utiliza quando uma pessoa pratica tentativa de homicídio e que, depois de algum tempo, a vítima vem a falecer. Aquela conduta que era classificada como tentativa de homicídio passa a ser tipificada como homicídio consumado.
Não haveria bis in idem no fato de o réu responder por lesão corporal e também por homicídio?
NÃO, não há bis in idem. Segundo foi decidido, o que se verificouno presente caso foi um concurso formal imperfeito, ou seja, aquele no qual o agente, com uma só ação ou omissão, pratica, com desígnios autônomos, dois ou mais crimes.
O réu, com uma só conduta, gerou não apenas a lesão corporal na mãe, mas também, como resultado, a morte da criança. Assim, não poderia a análise do delito se limitar à lesão corporal, sob pena de se negar tutela jurídica ao segundo resultado
#SELIGA: JÚRI FEDERAL: CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DE COMPETÊNCIA DA JF. EX. HOMICÍDIO CONTRA FUNCIONÁRIO PÚBLICO FEDERAL. 
Todas as hipóteses de privilégio têm natureza subjetiva, pois dizem respeito à pessoa do agente. São hipóteses: 
A. Motivo de relevante valor social - diz respeito a um interesse da coletividade (exemplo: um criminoso que está aterrorizando uma determinada cidade);
B. Motivo de relevante valor moral – diz respeito ao agente, considerando um motivo nobre, que não causa reprovação (exemplos: agente que mata o estuprador da filha; homicídio eutanásico – Item 39 da Exposição de Motivos da Parte Especial do Código Penal – eutanásia é a compaixão diante do irremediável). 
*LFG diferencia eutanásia, ortotanásia e distanásia. Para ele, a eutanásia é entendida como a morte provocada por sentimento de piedade à pessoa que sofre. Ao invés de deixar a morte acontecer, a eutanásia age sobre a morte, antecipando-a. Ocorrerá quando for provocada em pessoa com forte sofrimento, doença incurável ou estado terminal, e movida pela compaixão ou piedade. Se a doença for curável não será eutanásia, mas homicídio tipificado no art. 121, pois a busca pela morte sem motivação humanística não se considera eutanásia.
Não há, em nosso ordenamento jurídico previsão legal para a eutanásia, contudo se a pessoa estiver com forte sofrimento, doença incurável ou em estado terminal dependendo da conduta, podemos classificá-la como homicídio privilegiado , no qual se aplica a diminuição de pena do parágrafo 1º do artigo 121 do CP ; como auxílio ao suicídio , desde que o paciente solicite ajuda para morrer, disposto no art. 122 do mesmo diploma legal ou ainda a conduta poderá ser atípica .
Distanásia é o prolongamento artificial do processo de morte e por consequência prorroga também o sofrimento da pessoa. Muitas vezes o desejo de recuperação do doente a todo custo, ao invés de ajudar ou permitir uma morte natural, acaba prolongando sua agonia.
Ortotanásia significa morte correta, ou seja, a morte pelo seu processo natural. Neste caso o doente já está em processo natural da morte e recebe uma contribuição do médico para que este estado siga seu curso natural. Assim, ao invés de se prolongar artificialmente o processo de morte (distanásia), deixa-se que este se desenvolva naturalmente (ortotanásia). Somente o médico pode realizar a ortotanásia, e ainda não está obrigado a prolongar a vida do paciente contra a vontade deste e muito menos aprazar sua dor.
#OBS.: A eutanásia pode ser citada como exemplo de homicídio privilegiado, uma vez que o autor do crime age para abreviar a dor e o sofrimento de uma pessoa desenganada pela medicina e com doença reconhecidamente incurável.
	EUTANÁSIA
	DISTANÁSIA
	ORTOTANÁSIA
	Homicídio piedoso, no qual o agente antecipa a morte da vítima, acometida de uma doença incurável, com a finalidade, quase sempre, de se abreviar-lhe algum tipo de sofrimento.
	Morte lenta, prolongada, com sofrimento, a exemplo daqueles pacientes que são mantidos vivos por meio de aparelhos, sem qualquer chance de sobrevivência caso os aparelhos sejam desligados.
	A morte correta, ou seja, a morte pelo seu processo natural. Neste caso o doente já está em processo natural da morte e recebe uma contribuição do médico para que este estado siga seu curso natural.
	Geralmente é praticada a pedido ou com o consentimento da própria vítima.
	Conforme Maria Helena Diniz, "trata-se do prolongamento exagerado da morte de um paciente terminal ou tratamento inútil. Não visa prolongar a vida, mas sim o processo de morte"
	A ortotanásia é conduta atípica frente ao Código Penal, pois não é causa de morte da pessoa, uma vez que o processo de morte já está instalado.
C. Domínio de violenta emoção. 
Aqui o CP se filiou a uma concepção subjetivista. O agente tem o seu aspecto psicológico abalado, e isso é levado em consideração. O raciocínio normal do agente está afetado pela situação. 
Quais os requisitos dessa figura privilegiada?
· Domínio de violenta emoção: ele está dominado, não apenas influenciado. E não é domínio de violenta paixão, é domínio de violenta emoção. Não esquecer da diferença de emoção e paixão: a emoção é passageira, é transitória, enquanto a paixão é duradoura (não necessariamente eterna). Essa é a diferença. 
#ATENÇÃO: DOMÍNIO É ABSORVENTE E DURADOURO ≠ mera influência - passageiro e transitório. *Influência é atenuante do artigo 65, III.
#OBS.: HOMICÍDIO PASSIONAL (crimes praticados com amor, paixão).
A morte por ciúmes e a vingança pelo abandono da pessoa amada não constituem homicídio privilegiado.
 
· Injusta provocação da vítima: a provocação é injusta, não necessariamente criminosa. Provocação injusta é toda aquela que o agente não é obrigado a suportar. A provocação pode ser dirigida ao agente do homicídio, mas não apenas a ele. Pode também ser dirigida a um terceiro, como familiares e amigos, e até mesmo a um animal! Por fim, cabe salientar que o tipo fala em injusta provocação, e não injusta agressão. Se for injusta agressão, o caso é de legítima defesa, não de homicídio privilegiado. 
· Reação Imediata: está lá na expressão “logo em seguida”. Algumas perguntas podem aparecer em cima disso. O CP não definiu esse prazo, esse lapso temporal do “logo em seguida”. Então, decisiva será a análise do caso concreto. Fala-se que não pode existir uma interrupção (ou um hiato temporal) relevante entre a provocação e a prática do homicídio. Isso é que é fundamental. É possível também uma reação imediata a uma provocação passada, desde que o agente tenha tomado conhecimento naquele momento. Então decisivo é o momento em que o agente toma ciência dessa provocação, e não o momento da provocação em si. Outro ponto que merece raciocínio é que essa reação imediata é mais um motivo para excluir o privilégio diante de domínio de violenta paixão, uma vez que a paixão, conforme dito, é duradoura.
Questão batida em prova sobre violenta emoção: quando é privilégio e quando é atenuante genérica?
	
	Privilégio: art. 121, § 1º, CP
	Atenuante Genérica: art. 65, III, c, do CP.
	Aplicabilidade
	Exclusivamente ao homicídio doloso
	Aplicável a qualquer crime, inclusive ao homicídio doloso, quando não configurado o privilégio. É que para o agente é melhor o privilégio, mas seus requisitos são mais rigorosos e, se não for configurado, pode restar a atenuante genérica em questão.
	Requisito:
	Domínio de violenta emoção
	Basta a influência da violenta emoção. Não há fórmula, é o caso concreto, mas o domínio é bem mais que mera influência.
	Requisito:
	Injusta provocação da vítima
	Basta um ato injusto da vítima, que não precisa ser uma provocação.
O STF, no HC 98.814, também bem diferencia esses dois institutos.
HOMICÍDIO QUALIFICADO
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; MOTIVO DO CRIME. SUBJETIVA
II - Por motivo fútil; MOTIVO DO CRIME. SUBJETIVA.
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; MEIO DE EXECUÇÃO. OBJETIVA.
IV - À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; MODO DE EXECUÇÃO. OBJETIVA.
V - Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: CONEXÃO. SUBJETIVA.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 daConstituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:     (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o- A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - violência doméstica e familiar;      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Mentalizemos essas informações, que serão importantíssimos para concurso de pessoas e outros tantos assuntos.
Como sabemos, a qualificadora altera (aumenta) os limites (mínimo e máximo) da pena em abstrato. 
Além disso, devemos lembrar que o homicídio qualificado sempre é crime hediondo (art. 1º da lei 8072/90). O simples só é hediondo se for fato típico de grupo de extermínio.
São compatíveis, em princípio, o dolo eventual e as qualificações de homicídio. É penalmente aceitável que, por motivo torpe, fútil etc, assuma-se o risco de produzir o resultado.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar. Isso se dá porque o feminicídio é uma qualificadora de ordem OBJETIVA - vai incidir sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, enquanto que a torpeza é de cunho subjetivo, ou seja, continuará adstrita aos motivos (razões) que levaram um indivíduo a praticar o delito. STJ. 6ª Turma. HC 433.898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625).
Q – as qualificadoras do homicídio são compatíveis com o dolo direto ou eventual, à exceção do motivo torpe, fútil, traição e emboscada. – DOUTRINA.
A qualificadora do motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP) é compatível com o homicídio praticado com dolo eventual? A pessoa que cometeu homicídio com dolo eventual pode responder pela qualificadora de motivo fútil?
*#ATENÇÃO: Havia divergência jurisprudencial acerca do tema, como se pode observar:
	1ª corrente: SIM
	2ª corrente: NÃO
	O fato de o réu ter assumido o risco de produzir o resultado morte, aspecto caracterizador do dolo eventual, não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta, mostrando-se, em princípio, compatíveis entre si. STJ. 5ª Turma. REsp 912.904/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/03/2012.
	A qualificadora de motivo fútil é incompatível com o dolo, tendo em vista a ausência do elemento volitivo. STJ. 6ª Turma. HC 307.617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 19/4/2016 (Info 583). STJ. 6ª Turma. HC 307.617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 19/4/2016 (Info 583). #ALERTA: este entendimento está ultrapassado!
*#MUDANÇADEENTENDIMENTO #STJ
A qualificadora do motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP) é compatível com o homicídio praticado com dolo eventual? SIM. O fato de o réu ter assumido o risco de produzir o resultado morte (dolo eventual), não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta. STJ. 5ª Turma. REsp 912.904/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/03/2012. STJ. 6ª Turma. REsp 1601276/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/06/2017.
#CONCLUSÃO: Prevalece hoje no STJ que é compatível a qualificadora de motivo fútil com o homicídio praticado com dolo eventual!
*#OUSESABER: Há divergência sobre a questão, inclusive no STJ. Uma primeira corrente sustenta que o fato de o réu ter assumido o risco de produzir o resultado morte, aspecto caracterizador do dolo eventual, não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta, mostrando-se, em princípio, compatíveis entre si. É a posição da 5ª Turma do STJ. Por outro lado, em julgado mais recente, a 6ª Turma do STJ entendeu que a qualificadora do motivo fútil é incompatível com o dolo eventual, tendo em vista a ausência do elemento volitivo. (Ver Informativo 583 do STJ). Importante consignar que no mesmo informativo a 6ª turma decidiu que não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP), na hipótese de homicídio supostamente praticado por agente que disputava "racha", quando o veículo por ele conduzido - em razão de choque com outro automóvel também participante do "racha" - tenha atingido o veículo da vítima, terceiro estranho à disputa automobilística, pois o motivo fútil corresponde a uma reação desproporcional do agente a uma ação ou omissão da vítima. No caso de "racha" em que a vítima é um terceiro, estranho à disputa, não é possível considerar a presença da qualificadora de motivo fútil, tendo em vista que não houve uma reação do agente a uma ação ou omissão da vítima.
ESPÉCIES QUALIFICADORAS
Inciso I: mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe. 
Temos aqui uma interpretação analógica ou intra legem, que não é analogia! Analogia é uma coisa (integração), interpretação analógica é outra. O método da interpretação analógica, conforme vemos aqui, é quando o legislador utiliza uma fórmula casuística (fechada) seguida de uma fórmula genérica (aberta).
	INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
	ANALOGIA
	É o método de interpretação. É buscar o sentido da lei. 
Há uma forma casuística, exemplificativa na própria lei, seguida de uma fórmula genérica. É possível.
	É uma forma de integração. Integrar é suprir lacunas. Ela consiste em uma situação fática não prevista em lei, em que se aplica dispositivo legal previsto para o caso semelhante, desde que a lacuna seja involuntária. Só é possível em benefício do réu.
Percebamos também que paga ou promessa de recompensa é o primeiro exemplo (o exemplo legal!) de motivo torpe.
Esse exemplo legal (paga ou promessa) de recompensa é chamado de homicídio mercenário ou por mandato remunerado. É a chamada cupidez, que é a busca por dinheiro a qualquer custo (não tem nada a ver com cupido, amor, paixão). 
Na “paga recompensa” o recebimento é prévio. Ele recebe a recompensa e, após, comete o crime. Mesmo que tenha recebido ainda apenas parte da recompensa, a qualificadora já está configurada.
Já na “promessa de recompensa” o pagamento é convencionado a um momento posterior ao crime. Aí a primeira pergunta que aparece na prova é: e se, depois do crime, o pagamento não for realizado? Não tem relevância, a qualificadora incide do mesmo modo, pois basta a promessa.
O pagamento ou a recompensa pode ser em dinheiro ou em prestação de outra natureza. O homicídio não é crime contra o patrimônio, é contra a vida! Pode ser uma promessa de casamento, prestação de favores sexuais, prestígio político, qualquer coisa!
QUAL A NATUREZA DA PAGA E PROMESSA RECOMPENSA? Prevalece que deve ter NATUREZA ECONÔMICA. – Sanches também Mas matar por recompensa sexual é torpe do mesmo jeito, não é o exemplo do homicídio mercenário, mas é torpe. Sanches também
É importante saber também que nesses dois casos (paga e promessa) o homicídio é um crime plurissubjetivo (plurilateral, de concurso necessário), pois exige pelo menos duas pessoas, o mandante (quem paga ou promete) e o executor. 
Contudo, conforme dito antes, essa qualificadora tem caráter subjetivo, e se aplica apenas ao executor. O motivo do mandante é outro, não é o dinheiro. O motivo do mandante pode até ser passível de privilégio. Não importa. A qualificadora é só do executor. É ele que está matando por dinheiro! Ex. pai manda B matar C, que estuprou sua filha. O pai responde por homicídioprivilegiado e B por homicídio qualificado.
A QUALIFICADORA DO MOTIVO TORPE É SOMENTE DO EXECUTOR OU ELA SE APLICA AO MANDANTE TAMBÉM? 
#DIVERGÊNCIA[footnoteRef:2]: Existe divergência na doutrina sobre se a qualificadora em tela é simples circunstância, com aplicação restrita ao executor do crime, que é quem mata motivado pela remuneração, ou se será aplicada também ao mandante, configurando verdadeira elementar subjetiva do tipo. [2: http://meusitejuridico.com.br/2017/02/07/comunicabilidade-da-qualificadora-no-homicidio-mercenario/] 
Adotando a primeira corrente, Rogério Greco explica:
“Imagine a hipótese na qual um pai de família, trabalhador, honesto, cumpridor de seus deveres, que em virtude de sua situação econômica ruim tenha que residir em um local no qual impera o tráfico de drogas. Sua filha, de apenas 15 anos de idade, foi estuprada pelo traficante que dominava aquela região. Quando soube da notícia, não tendo coragem de, por si mesmo, causar a morte do traficante, contratou um justiceiro, que, ‘executou o serviço’. O mandante, isto é, o pai da menina estuprada, deverá responder pelo delito de homicídio simples, ainda com a diminuição de pena relativa ao motivo de relevante valor moral. Já o justiceiro, autor do homicídio mercenário, responderá pela modalidade qualificada” (Curso de Direito Penal: parte especial, v. 2, p. 154-5).
O STJ tem decisões tanto no sentido de que se trata de elementar, que, portanto se comunica automaticamente ao mandante, quanto no sentido de que, embora não se trate de elementar, pode haver a comunicação, a depender do caso concreto:
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA 
	6ª TURMA
	5ª TURMA
	O reconhecimento da qualificadora da "paga ou promessa de recompensa" (inciso I do § 2º do art. 121) em relação ao executor do crime de homicídio mercenário não qualifica automaticamente o delito em relação ao mandante, nada obstante este possa incidir no referido dispositivo caso o motivo que o tenha levado a empreitar o óbito alheio seja torpe.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.209.852-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/12/2015 (Info 575).
	 (...) Nos termos da jurisprudência desta Corte, no homicídio mercenário, a qualificadora da paga ou promessa de recompensa é elementar do tipo qualificado e se estende ao mandante e ao executor. (...)
STJ. 5ª Turma. REsp 1262706/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 22/11/2016.
1a corrente: Não se comunica a qualificadora. 
Para os seguidores dessa corrente, deve-se respeitar o entendimento de que elementares são apenas os requisitos essenciais do crime elencados no tipo básico, sendo chamada de circunstâncias os fatos que alteram o montante da pena, tais como as qualificadoras. Esse é o aspecto técnico dessa orientação. O aspecto lógico que sempre é ressalvado pelos defensores dessa tese é de que o mandante tem seus próprios motivos para querer a morte da vítima, pois apenas o executor mata por dinheiro, de modo que deve ter sua conduta avaliada sob o prisma de sua própria motivação. Assim, o vice-prefeito que contrata um pistoleiro para matar o prefeito a fim de ficar com o cargo, responde pela qualificadora genérica do motivo torpe, e o executor por ter matado em razão da paga. Por outro lado, o pai que descobre quem foi o estuprador de sua filha e contrata outrem para mata-lo incorre em homicídio privilegiado, devendo apenas o executor incidir na figura qualificada da paga. 
Em suma, para esta corrente, a paga ou a promessa de recompensa não é elementar e, por ser de caráter pessoal, não se estende ao mandante, que deve ser responsabilizado de acordo com os motivos que o levaram a contratar o executor. Nesse sentido, as opiniões de GRAFOSO, CAPEZ, GRECO. 
2a corrente: Comunica-se a qualificadora ao mandante.
Os seguidores desta orientação, embora reconheçam que normalmente qualificadoras são circunstâncias e não elementares, ressaltam que, excepcionalmente, no caso do homicídio mercenário, não há como deixar de reconhecer que o envolvimento do mandante no crime é requisito essencial para a sua existência – por se tratar de crime de concurso necessário – e, na condição de requisito essencial, deve ser considerado elementar. Assim, deve ser aplicada a qualificadora também a ele, cujo envolvimento no fato criminoso é premissa para sua existência.
Em suma, se excluído o envolvimento do mandante, o fato não pode caracterizado como homicídio mercenário, daí porque seu envolvimento no delito constituir elementar. Trata-se, portanto, de qualificadora sui generis, pois sua existência tem como premissa o envolvimento de duas pessoas e, assim, para ambos deve ser aplicada a pena maior.
Argumentam, ainda, sob o prisma da lógica, que o mandante deve também ser condenado pela forma qualificada, pois é dele a iniciativa de procurar o executor e lhe propor o crime. Sem essa proposta não haveria homicídio. 
Podem ser apontados como defensores MIRABETE, DAMASIO. 
É a orientação do STF “... a comissão do fato mediante paga, porque qualifica o homicídio e, portanto, constitui essentialia do tipo qualificado, não atinge exclusivamente o accipiens, mas também o solvens e qualquer outro dos coautores do delito: assim, já se decidiram, não faz muito, ambas as turmas do Tribunal”. (STF. 2a turma. Rel. Min. Sepúlveda Pertence. DJ 28/03/1995).
No mesmo sentido “No homicídio mercenário, a qualificadora da paga ou promessa de recompensa é elementar do tipo qualificado e se entende ao mandante e ao executor do crime” (STJ – 6a turma. Rel. Min. Og Fernandes. DJ 17/11/08).
Ressalte-se, por fim, que ainda que se adote esta corrente, segundo a qual a qualificadora se estende também ao mandante, poderá acontecer de, na votação em Plenário, os Jurados reconhecerem que ele agiu por relevante valor social ou moral (privilégio) e, caso isso aconteça, o juiz automaticamente se verá obrigado a excluir dos quesitos seguintes a qualificadora da paga em relação ao mandante, pois, conforme será estudado no momento oportuno, o reconhecimento do privilégio inviabiliza as qualificadoras de caráter subjetivo. Assim, pode acontecer de os Jurados condenarem o executor na forma qualificada e o mandante na forma privilegiada (pai que contratou alguém para matar o estuprador da filha).
Em suma, para essa orientação, o delito é, a priori, qualificado para ambos os envolvidos. Por isso, se o vice-prefeito contrata alguém para matar o prefeito para ficar com seu cargo, ambos devem ser condenados pela qualificadora da paga. Excepcionalmente, porém, se o Jurados reconhecerem o privilégio para o mandante, ficará afastada para ele a figura qualificada.
Para finalizarmos o inciso I, analisemos a expressão “outro motivo torpe”. 
O que é um motivo torpe? Segundo a doutrina e a jurisprudência, pacificamente, o motivo torpe é um motivo vil, abjeto, moralmente reprovável. Dica: é aquele que causa “repugnância”, “nojo”. Exemplo: matar para ficar com a herança (Suzane Vonh Histoffen), matar colega de trabalho para pegar promoção, etc. 
A vingança é motivo torpe? STJ, Resp 785.122. Informativo 452. Julgado bem didático. A vingança é motivo torpe? Depende. Depende do que fundamenta essa vingança. Se você se vinga de algo torpe, a vingança será torpe. Se você se vinga de algo que não é torpe, a vingança não será torpe. Pode até ser privilegiado, se se vinga do estuprador da filha, por exemplo.
Por último, mas não menos importante, falemos do ciúme. O ciúme é motivo torpe? A doutrina diz que não! Diz-se que quem mata por ciúme mata por amor, um motivo nobre, e por isso não pode ser considerado torpe. O STJ, contudo, tem um julgado que é uma posição importante para quem vai fazer concurso para promotor: Resp 810.728: dependendo do caso concreto, o ciúme pode ser motivo torpe.
Inciso II: motivo fútil
Motivo fútil é motivo insignificante, desproporcional frente ao resultado produzido. Causa perplexidade. Matar o cozinheiro porque a comida estava ruim. Briga de transito, futebol, etc.
Ausência de motivo equivale a motivo fútil? STF diz que não. E tem razão. HC 152.548. A ausênciade motivo não é o mesmo que motivo fútil. Até porque, todo crime tem um motivo. Se o MP não descobriu o motivo, não pode dizer quer foi sem motivo e querer enquadrar como motivo fútil. Mas, num concurso pro MP, podemos defender a tese da ausência de motivo ser motivo fútil. 
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA Não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP), na hipótese de homicídio supostamente praticado por agente que disputava "racha", quando o veículo por ele conduzido - em razão de choque com outro automóvel também participante do "racha" - tenha atingido o veículo da vítima, terceiro estranho à disputa automobilística. Motivo fútil corresponde a uma reação desproporcional do agente a uma ação ou omissão da vítima. No caso de "racha", tendo em conta que a vítima (acidente automobilístico) era um terceiro, estranho à disputa, não é possível considerar a presença da qualificadora de motivo fútil, tendo em vista que não houve uma reação do agente a uma ação ou omissão da vítima. STJ. 6ª Turma. HC 307.617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 19/4/2016 (Info 583).
HOMICÍDIO SEM MOTIVO É QUALIFICADO?
	1A CORRENTE
	2A CORRENTE
	Se o motivo fútil qualifica, deve qualificar também a ausência de motivos.
	Motivo fútil pode não ser equiparado a ausência de motivos, querer abranger a ausência de motivos seria uma analogia em malan parten, ferindo o princípio da legalidade. Bittencourt. 
PREVALECE NA JURISPRUDÊNCIA.
Há divergência. Sempre conferir.
E o ciúme? STF, HC 90.744. Também não é motivo fútil, pelos mesmos motivos que não é motivo torpe. Mas esse panorama está mudando, tanto no STF como no STJ. STF: HC 107.090 – Informativo 711. STJ: Resp 810.728. Informativo 417. Não se pode de antemão dizer se é fútil ou não. A competência é dos jurados (conselho de sentença), a quem cabe dizer se, naquele caso concreto, o ciúme foi motivo fútil, ou não. 
Importa dizer que um motivo não pode ao mesmo tempo ser torpe e fútil. Um exclui o outro.
Há um abismo entre a motivação e o comportamento extremo levado a efeito pelo agente. (Ex. briga no trânsito)
#ATENÇÃO: NÃO CONFUNDIR MOTIVO FÚTIL COM MOTIVO INJUSTO. A injustiça não qualifica o homicídio, todos os crimes são injustos. 
Se o agente pratica o crime por causa de ciúmes, haverá homicídio qualificado por motivo fútil? NÃO (posição majoritária).
Um homicídio pode ser fútil (inciso II) e torpe (inciso I) ao mesmo tempo? NÃO. Um homicídio nunca poderá ser fútil e torpe ao mesmo tempo. Se for fútil (bobo), não pode ser torpe (repugnante).
É possível que uma pessoa pratique homicídio qualificado por motivo fútil agindo com dolo eventual? SIM. Nesse sentido: STF. 2ª Turma. HC 111442/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 28/8/2012.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIADOSTJ:
	1ª corrente: SIM
	 2ª corrente: NÃO
	O fato de o réu ter assumido o risco de produzir o resultado morte, aspecto caracterizador do dolo eventual, não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta, mostrando-se, em princípio, compatíveis entre si. STJ. 5ª Turma. REsp 912.904/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/03/2012.
	A qualificadora de motivo fútil é incompatível com o dolo, tendo em vista a ausência do elemento volitivo. STJ. 6ª Turma. HC 307.617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 19/4/2016 (Info 583). STJ. 6ª Turma. HC 307.617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 19/4/2016 (Info 583)
Antes desta última decisão da 6ª Turma, prevalecia no STJ a primeira corrente, ou seja, a compatibilidade entre dolo eventual e motivo fútil. Vamos aguardar a definição do tema.
É possível que o homicídio seja qualificado por motivo fútil (art. 121, § 2º, II) e, ao mesmo tempo, privilegiado (art. 121, § 1º)? NÃO. A jurisprudência somente admite que um homicídio seja qualificado e privilegiado ao mesmo tempo se esta qualificadora for de natureza objetiva (ex: meio cruel, surpresa). Se a qualificadora for subjetiva, entende-se que ela é incompatível com o privilégio.
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO #INFORMATIVO716 #STF: Não há motivo fútil se o início da briga entre vítima e autor é fútil, mas ficar provado que o homicídio ocorreu realmente por conta de eventos posteriores que decorreram dessa briga inicial. Caso concreto julgado pelo STF: A vítima iniciou uma discussão com algumas outras pessoas por causa de uma mesa de bilhar. Tal discussão é boba, insignificante e, matar alguém por isso, é homicídio fútil. No entanto, segundo restou demonstrado nos autos, o crime não teria decorrido da discussão sobre a ocupação da mesa de bilhar, mas sim do comportamento agressivo da vítima. Isso porque a vítima, no início do desentendimento, poderia deixar o local, mas preferiu enfrentar os oponentes, ameaçando-os e inclusive, dizendo que chamaria terceiros para resolverem o problema. Logo, a partir daí os agentes mataram a vítima, não mais por causa da mesa de sinuca e sim por conta dos fatos que ocorreram em seguida. Segundo noticiado no Informativo, o STF entendeu que “o evento ‘morte’ decorreu de postura assumida pela vítima, de ameaça e de enfrentamento”. Logo, não houve motivo fútil.
Inciso III: com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum.
O juiz, na decisão de pronúncia, só pode fazer o decote (retirada) da qualificadora imputada se ela for manifestamente improcedente, ou seja, se estiver completamente destituída de amparo nos elementos cognitivos dos autos. Isso porque o verdadeiro julgador dos crimes dolosos contra a vida são os jurados. O juiz togado somente deve atuar em casos excepcionais em que a pretensão estatal estiver claramente destituída da base empírica idônea. Ex.: O fato de o agente ter praticado o crime com reiteração de golpes na vítima, ao menos em princípio e para fins de pronúncia, é circunstância indiciária do “meio cruel previsto no art. 121, §2º, III do CP.
Conforme vimos, esse inciso trata dos meios de execução. Além dos exemplos legais, trais três meios: meio insidioso, meio cruel e meio de que possa resultar perigo comum.
· Meio insidioso: é meio fraudulento. Tirar o óleo do freio da vítima, por exemplo. Ver melhor.
· Meio cruel: é aquele que causa à vítima um intenso e desnecessário sofrimento físico e/ou moral. 
· Meio de que possa resultar perigo comum. Perigo comum é a probabilidade de dano a um número indeterminado de pessoas. Basta a possibilidade de ocorrer o perigo comum. E se efetivamente ocorrer o perigo comum? Aí o agente vai responder por 2 crimes: pelo homicídio qualificado e pelo crime de perigo comum em concurso formal. 
Vamos agora às espécies legais:
A) Emprego de veneno.
Para que o homicídio seja qualificado pelo emprego de veneno é indispensável que a vítima desconheça a circunstância de estar sendo envenenada. CHAMADO DE MEIO INSIDIOSO. Neste caso o agente irá responder pelo homicídio causado com o uso de MEIO CRUEL, ou seja, o fato de obrigar a vítima a tomar o veneno o qualifica como meio cruel de execução.
É o chamado venefício. A prova depende de perícia. O chamado exame toxicológico.
Mas o que é veneno? Essas são as perguntas mais complicadas em provas orais. Veneno é a substância de origem química ou biológica capaz de matar quando introduzida no organismo humano.
Para a substância ser enquadrada como veneno é preciso analisar o caso concreto. Existem substâncias normalmente inofensivas, mas que podem matar determinadas pessoas. Ex: anestesia pra quem tem alergia ao anestésico. Açúcar (glicose) para diabético. Mas o agente tem que saber da incompatibilidade da substância com o indivíduo. 
Via de regra, o veneno é considerado meio insidioso. Colocar veneno na comida ou na bebida, sem que ela perceba. Porém, excepcionalmente, o veneno pode ser um meio cruel, se for devagarzinho,

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