Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
90 ANA PAULA – XXII OBSTETRÍCIA – ATD1 Lactação Introdução ✓ Entre 1950 e 1970: fórmulas lácteas (virou moda ofertar essas fórmulas) ✓ Após 1970 voltou-se a defender a ama- mentação ✓ 823 mil mortes de crianças são passíveis de prevenção –13% dos óbitos mundiais todos os anos. ✓ Economia US$ 300 bilhões em todo mundo quando as crianças são amamen- tadas ✓ No Brasil aleitamento até 6 meses gera uma economia de até US$ 6 milhões. ✓ A amamentação é considerada padrão ouro para a alimentação infantil OMS: Aleitamento materno: é quando se tem leite humano Aleitamento materno exclusivo: leite humano + fármacos Aleitamento materno predominante: leite hu- mano + fármacos + suco de frutas + água Amamentação x aleitamento • AMAMENTAÇÃO: Bebê recebe leite diretamente da mama da mãe. • ALEITAMENTO: Bebê recebe leite materno com outros utensí- lios. Aleitamento materno: Exclusivo: no Brasil 45% até 6 meses de idade e no mundo 41%. Continuado: 53% no primeiro ano de vida. Anatomia e fisiologia da mama A mama só se desenvolve completamente depois que a mulher engravida. Sequência de eventos: TPM Telarca → Pubarca → Menarca Na grávida, há um aumento dos ductos e al- véolos mamários, mas não há secreção de leite ainda, porque o estrogênio, progeste- rona são antagonistas a prolactina. Portanto, durante a gestação, a mulher não tem secre- ção láctea. Depois que o bebê nasce, tem a dequitação, diminui a concentração desses hormônios, li- berando a ação da prolactina e a amamen- tação acontece. Lactogênese 91 ANA PAULA – XXII OBSTETRÍCIA – ATD1 Produção e ejeção do leite Quando o bebê mama, a hipófise anterior se- creta prolactina, o que leva a hipófise posterior a liberar ocitocina. A produção de ocitocina ajuda na contratili- dade uterina, o que diminui o risco de hemorra- gia pós-parto. Mesmo que, teoricamente, as mulheres que amamentam exclusivamente não ovulem nos primeiros meses, na prática, é dado método con- traceptivo. A primeira pega deve ser realiza até 40 mi- nutos após o parto (em partos normais). A frequência mínima deve ser de 7 a 8 ma- madas por dia → preconiza-se a livre de- manda (o bebê mama o tanto que quiser). Composição do leite • COLOSTRO: ✓ ↑ teor proteína e ↓ teor de gordura ✓ ↑ imunoglobulinas, células leucocitárias • APÓS APOJADURA (descida do leite): ✓ ↑ carboidrato (lactose) e gordura e ↓ pro- teínas ✓ Maior parte da gordura está nos alvéolos posteriores Orienta-se que a mãe ofereça a mama esquerda e esvazie completa- mente esta mama, para conseguir atingir a gordura, e só depois trocar de mama (na próxima mamada começar pelo outro lado) – isso funciona para que o bebê não tenha déficit de ga- nho de peso. • RN PRÉ-TERMO: ✓ 20% mais proteínas ✓ 50% mais carboidratos ✓ Alta teor IgA ✓ 15% menos de lactose (compatível com a imaturidade digestiva) → porque o intes- tino do prematuro ainda não está bem desenvolvido para metabolizar a lactose Epidemiologia do aleitamento • PREVENÇÃO: ✓ Diarreia ✓ Infecção respiratória. • PROTEÇÃO: ✓ Síndrome da Morte Súbita no Lactente. ✓ DM 1 e 2 ✓ Doença de Chron e Retocolite. ✓ Linfoma. ✓ Doenças alérgicas. • BENEFÍCIOS: Desenvolvimento orofacial, cognitivo e da fala. • ASSOCIAÇÃO COM QI: Estudo prospectivo que avaliou QI, escolari- dade e renda aos 30 anos em 3493 partici- pantes Amamentação maior que 1ano foi relacio- nada com: Maior QI. Maior nível de escolaridade. Maior Rendimento financeiro. • PREVENÇÃO CA DE MAMA: A amamentação previne cerca de 20 mil mortes por CA de mama. Maior taxa de sobrevida para as que ama- mentam por mais de 6 meses e/ou engravida- ram pelo menos 1 vez. 92 ANA PAULA – XXII OBSTETRÍCIA – ATD1 Além disso, ocorre uma melhora na glicemia pós-parto, podendo reduzir o risco de diabe- tes futura em pacientes com DMG. Técnicas de amamentação • EXAME FÍSICO DA MAMA E PAPILA: É importante avaliar o mamilo das gestantes. Se o mamilo for invertido, precisa perguntar se este sempre foi assim (pode ser indicativo de câncer). A mulher com mamilo invertido conseguirá amamentar caso, ao ser estimulado, o ma- milo fique plano. • POSIÇÃO DA MÃE DO LACTENTE: ✓ Lactante: Relaxada, sem se curvar, mão – “c” ✓ Lactente: Todo o corpo voltado para a mãe e alinhado. ✓ Boca e face do bebê: Boca aberta Mento encostada na mama Nariz afastado Lábios evertidos Língua sobre gengiva anterior • POSIÇÕES: Ordenha e armazenamento - 6º C corresponde à parte de cima da gela- deira. Acima de 2h → tem proliferação bacteriana. Se houver a necessidade de oferecer esse leite para o bebê, é dado com um copinho. Porque na mamadeira o mecanismo de de- glutição é diferente, o que faz com que o bebê perca o reflexo de sucção. Indução a lactação e relactação • INDUÇÃO ✓ Mães adotivas – ACHO ou terapia hormo- nal 2 a 6 meses antes ✓ Depois estimular com a sucção ✓ Demais casos ✓ Metoclopramida (Plasil) e domperidona (Motilium) – 5 meses antes (ação central diminui a dopamina e estimula a produ- ção de prolactina) As vezes uma paciente não grávida, que não está amamentando pode ser por fármacos que levam a essa situa- ção 93 ANA PAULA – XXII OBSTETRÍCIA – ATD1 Esse é um spray de ocitocina nasal que ajuda na ejeção. Deve ser utilizado minutos antes da ama- mentação. • RELACTAÇÃO: Tanto técnica mecânica quanto hormonal tem resultados semelhantes. Leite difere em quantidade de imunoglobu- lina, albumina, mas é igual em proteínas to- tais. Com sucção realizada pelo bebê, estimulam- se a produção e ejeção de leite, além de pre- parar o lactente para o aleitamento nas ma- mas. Intercorrências na amamentação (prova) • RN: Ganho de peso inadequado (necessidade de avaliar a pega e também de esvaziar completamente a mama). • INGURGITAMENTO MAMÁRIO (BILATE- RAL): Geralmente é causado pelo esvaziamento in- completo das mamas. 1 a 5 dias após o parto. Mamas brilhantes, endurecidas e dolorosas. Geralmente é bilateral. Toda vez que mandar suspender a amamen- tação, tomar cuidado (dificilmente se sus- pende completamente). Conduta: ✓ Manter aleitamento ✓ Avaliar técnica ✓ Evitar compressas e produtos tópicos ✓ Analgésicos e AINES (compatíveis com a amamentação) • FISSURAS: Causas: ✓ Obstrução ductos ✓ Infecção. ✓ Pega incorreta Tratamento: ✓ Lanolina, hidrogel ✓ Protetores de mama (adesivos gruda- dos nas mamas, retirados apenas para amamentar) – problema: custo. • MASTITE (UNILATERAL): Inflamação com ou sem infecção. Mais comum nas primeiras 7 semanas pós- parto Agente Etiológico: Staphylococcus aureus Tratamento: ✓ Cefalexina 500mg ✓ Clindamicina 300mg 6/6hs 10 d ✓ Amoxicilina 500mg 8/8hs. • ABCESSO (UNILATERAL): Inflamação com infecção. 5 a 11% dos casos de mastite Tratamento: Drenagem 94 ANA PAULA – XXII OBSTETRÍCIA – ATD1 Fármacos na amamentação • SEGURAS: Não causa efeito no RN. • MODERADAMENTE SEGURAS: Efeitos pouco significativos ou não há estudos que comprovem ou descartem o maleficio. • POUCO SEGURAS: Há evidência de risco para o RN. Avaliar custo-benefício. • CONTRAINDICADA: Risco de efeito adverso grave. Suspender droga ou aleitamento. Contraindicações ao aleitamento (prova) • ABSOLUTA: ✓ HIV ✓ HTLV1 – vírus linfocítico relacionado com alguns tipos de leucemia. • CONTRAINDICAÇÃO RELATIVA: ✓ Herpes com lesão local ✓ Varicela com lesão local: Dar Ig ao RN Se não houver lesão, ordenhar e ofe- recer ao RN Qualquer doença infecto-contagiosa com le- são na mama.• HEPATITES: Hepatite A e B não contraindica → dar Ig e vacinar RN Obs: hepatite C tem a possibilidade de passar pelo leite, mas fica a critério da mãe escolher se vai amamentar ou não. • CITOMEGALOVÍRUS: Existe risco de transmissão através do leite em lactentes prematuros e imunodeficientes RN prematura com mãe CMV +: não ama- mentar RN de termo: leite pode ser congelado por 7 dias a -20ºC ou pasteurizado • SARAMPO: Isolar mãe Administrar imunoglobulina ao RN e amamen- tar depois • TUBERCULOSE: Mãe bacilífera: isolamento Não há bacilo no leite, pode ordenhar e ofe- recer Mãe não bacilífera: voltar aleitamente Isoniazida profilática ao RN Riscos nutricionais • GALACTOSEMIA RN com intolerância à lactose Casos leves: parte da alimentação pode ser leite materno. • FENILCETONÚRIA: Elevação dos níveis de fenilalanina Inabilidade em metabolizar tirosina em fenila- lanina Aleitamento artificial com leite sem fenilala- nina • LACTENTES COM DOENÇA DE WILSON: Acúmulo de Cobre nos tecidos. Não devem amamentar, pois a medicação usada (penicilamina) pode acometer o RN. 95 ANA PAULA – XXII OBSTETRÍCIA – ATD1 Riscos da dieta materna Mulheres que amamentam não podem fazer dieta. • DIETAS EXCLUSIVAMENTE VEGETARIA- NAS: Reposição de vitamina B6 e B12 para o RN • DIETAS HIPOCALÓRICAS (<1.800 KCAL/DIA): NÃO devem ser realizadas • INTOLERÂNCIA AOS LATICÍNIOS: Suplementação de Ca. Carbonato de Cálcio 600mg/dia com as re- feições. Reposição de 400UI/d de Vitamina D nas lac- tantes com dificuldades para exposição solar. Febre amarelada Adiar a vacinação até que RN complete 6 meses. Mas caso a mãe precise tomar: Suspender amamentação por 28 dias → atualmente 10 dias. 2 casos descritos de RN com encefalite pós- vacinal. COVID-19 ✓ Vacinar gestantes e puérperas (até 45 dias após o parto), a partir de 18 anos, como grupo prioritária, independente- mente da presença de fatores de risco adiciona ✓ A vacinação da gestante deverá ser rea- lizada com as vacinas que não conte- nham o vetor viral (Sinovac/Butantan e Pfizer) ✓ A vacinação poderá ser realizada em qualquer trimestre da gestação ✓ A vacinação das gestantes e puérperas (até 45 dias após o parto), a partir de 18 anos, deverá ser condicionada a uma avaliação individualizada Amamentação cruzada Quando a mulher amamenta o filho de outra mulher é contraindicada pelo Ministério da Saúde do Brasil. Isso porque, através do leite materno, pode ter a transmissão de doenças, como HIV, HTLV1 Mesmo se tiver feito sorologia e tenha dado negativo, porque essa mulher pode estar na janela imunológica. Inibição da lactação Às vezes é preciso inibir a lactação. Enfaixar a mama: 70 a 80% sucesso em 5 – 10 dias. Drogas: ✓ Bromocriptina ✓ Cabergolina Contraindicadas em pacientes cardiopatas e hipertensas.
Compartilhar