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1 p UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA COLEGIADO DE SERVIÇO SOCIAL EDINETE COSTA DOS SANTOS ENVELHECIMENTO NO ENSINO SUPERIOR DA BAHIA: AS ESPECIFICIDADES DO ALUNO ENVELHESCENTE/IDOSO NO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DA UFRB. CACHOEIRA-BA 2022 2 EDINETE COSTA DOS SANTOS ENVELHECIMENTO NO ENSINO SUPERIOR DA BAHIA: AS ESPECIFICIDADES DO ALUNO ENVELHESCENTE/IDOSO NO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DA UFRB Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao colegiado do Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, como requisito para obtenção do Grau de Bacharel em Serviço Social. Orientadora Prof.ª. Drª Marcela Mary José da Silva. CACHOEIRA-BA 2022 3 EDINETE COSTA DOS SANTOS ENVELHECIMENTO NO ENSINO SUPERIOR DA BAHIA: AS ESPECIFICIDADES DO ALUNO ENVELHESCENTE/IDOSO NO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DA UFRB BANCA EXAMINADORA __________________________________________________________________________ Orientadora profa. Dra Marcela Mary José da Silva __________________________________________________________________________ Orientadora Profa. Dra. Marcia da Silva Clemente __________________________________________________________________________ Profa. Me. Mércia Custódio Torres Nogueira. CACHOEIRA/-BA Março/2022 4 DESPERTEI... Dirce Encarnacion Tavares – 2008 Sou um ser único... Desenvolvo minhas capacidades, minha inteligência, meu ser... Melhoro minha auto-imagem... Busco aplicar meus talentos para fins nobres e elevados. Ouço o melhor, falo no melhor, Penso no melhor. Trabalho, trabalho, trabalho na construção de um mundo melhor. O pensamento é vida... A velhice é vida... A vida é paixão... A vida é expansão... Coloco gotas diárias de alegria, otimismo, ideal, amor e confiança. Movimento tudo... Turbino minha vida; Desperto..., vivo..., revivo... Acredito, venço. Dirce Escarnación Tavares 5 Dedico esse Trabalho de Conclusão de Curso em primeiro lugar a Deus por ter me dado vida, força e fé e em especial a minha mãe Valdelice Costa (in memória) que tanto desejou ler e escrever e por ser minha maior inspiração como mulher negra, analfabeta, mãe solo, uma sobrevivente desse mundo tão desigual, que conseguiu criar seus filhos com maior sacrifício, com a força física do seu trabalho braçal, assim como tantas outras mulheres nessa condição e mesmo sem ter oportunidade estudar entendia e acreditava que a educação era um dos caminhos para a sucesso. Infelizmente, a senhora não teve a oportunidade ver no mundo físico seus filhos em uma universidade e formando. Veja agora no mundo espiritual sua primeira filha se formar. E como diz Cora Coralina: “O que vale na vida não é o ponto de partida, e sim, a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.” Minha mãe, não foi fácil, eu caminhei, semeei e EU CONSEGUI! Essa vitória é sua, mãe, é nossa! 6 AGRADECIMENTOS Quem disse que seria fácil? Foram muitas lutas, muitos desafios, muitas vezes ultrapassando meus próprios limites em prol da realização de um grande sonho, sobretudo por ser quem eu sou: mulher negra, viúva, trabalhadora, discente envelhescente, excluída em diversos meios sociais, inclusive no meio universitário, foi assim que cheguei até aqui, nesse momento tão esperado e sonhado. Entretanto, eu reconheço que em nenhum momento estive só, mesmo naqueles momentos dos “nãos; Você não vai conseguir”; “Pra que todo esse sacrifício?” “Você não precisa? “É egoísta”, falando com os olhares, nos gestos Você não é capaz, na reprovando e na anulação da minha fala, da minha presença. Enfim, chegou o grande dia e eu aqui estou para agradecer aqueles que acreditaram ou não no meu potencial. Vocês foram meu combustível para prosseguir e vencer essa jornada! É a você que eu agradeço: A meu Deus por ser minha força, minha fé, meu consolo, meu guia, por enxugar todas as minhas lágrimas nas horas difíceis e me fazer sorrir nas horas alegres e sem a sua misericórdia não teria vencido os obstáculos, as incertezas, os desânimos e as inseguranças quando apareceram; A UFRB e ao curso de Serviço Social por essa porta aberta possibilitando a inclusão de uma discente envelhescente nesse espaço; A minha orientadora Professora Dra. Marcela Silva, por despertar as minhas potencialidades, por motivar, apresentar trajetos, fortalecer interesse e oportunizar caminhos científicos que possibilitou a adentrar na pesquisa e extensão, em particular essas temáticas envelhescimento/educação, assim como, disponibilizou o apoio nos momentos mais difíceis, estendendo as mãos, segurando e não soltando até o momento, sempre com o direcionamento do caminho da humanização, da coletividade, do respeito aceitando e compreendendo nas diversas diferenças e as especificidades do outro, entendendo que o processo do conhecimento é partilha, é 7 dar e receber, é empatia. Enfim, por ser parceria e dar todo suporte cientifico durante todo curso e nesse trabalho final direcionando para que juntos possamos ter êxito, ressaltando a paciência que teve de suportar minha ansiedade e por ser esse ser humano impar, diferenciado, empático, amigo quando se trata de acolher o outro. Fique certa que é meu referencial como professora, pesquisadora e como ser humano. “EU sou porque NÓS somos”! Gratidão professora Marcela Silva; Ao Grupo de Trabalho de envelhecimento Populacional ( GTENPO) e o Grupo de Trabalho de Serviço Social na Educação (GTSSEDU) e aos membros, por todo suporte cientifico e emocional, pelo aprendizado e reflexões através das diversas temáticas discutidas em diversos espaços, por possibilitar a minha inclusão, crescimento intelectual, levando a refletir sobre a forma de pensar, por permitir a conviver e respeitar o outro com suas diferenças, pela partilha do conhecimento, por todo aprendizado nesse espaço interageracional. Enfim, por ter me dado acolhida, incentivo apoiando e fortalecido o interesse por esse tema, sobretudo por despertar o interesse pela pesquisa e extensão no percurso dessa jornada como aluna envelhescente. A todos os professores do Curso de Serviço Social, por transferir conhecimento em toda minha jornada acadêmica, no qual está explicito nesse trabalho. Tem um pouco de cada um de vocês. A minha família: Meu esposo, Nilton Santiago (in memória) que mesmo ausente fisicamente me deu suporte financeiro e emocional por intermédio dos nossos filhos, para que eu continuasse lutando por meus ideais. Meus filhos e neta: Adrielle Costa, Adrian Costa e Manuella Costa por compreender minha ausência e me motivar apoiando a jornada. Vocês são a razão da minha existência. Aos meus amigos (os): Lucas Vieira, um grande amigo, meu maior incentivador, minha inspiração para ingressar no ensino superior, obrigada por estar presente mesmo distante, me incentivando com palavras de encorajamentos, de correções, de sabedoria mostrando 8 que a educação, o conhecimento é o nosso maior investimento. Suas orientações eu levo pra vida, mesmo chorando. Afinal, “quando a necessidade falar, ouça vozes. Quando a saudade acabar, faça as malas. Quando ficar sufocada, abra a porta. Se der vontade de gritar, seja as vozes. Se o tempo fechar, procure as chaves. E quando o pensamento voar, crie asas” Lucas Vieira. Assim eu segui e venci! Adson Bezerra, pelas palavras de motivação: Sempre dizendo: Você é grande, tem potencial, vai conseguir,eu sou seu reflexo!”... Eu acreditei nas suas palavras e seguir confiante! Gratidão meu amigo pelo apoio; As amigas, minhas meninas da república de Cruz das Almas: Beatriz França, Dalila Costa, Crislane Neves, Géssica Santos e Vitória Nascimento, vocês foram os maiores presentes que Deus e a UFRB me proporcionaram depois do conhecimento, vocês seguraram em minhas mãos e não soltaram em nenhum momento, nunca me sentir só quando estava com vocês, encontrei respeito, ânimo, inspiração, alegria, apoio, empatia, colo, abraço nas madrugadas, nas noites de estudos, de desespero, de choro e riso. Eu recebi acolhimento, foi com vocês que me senti universitária, incluída totalmente, a ponto de compartilhei os melhores e piores momentos da minha vida particular e universitária. Meu muito obrigada por me aceitar como eu sou. Vocês fazem parte dessa trajetória e levaria cada uma para a vida, assim como todo aprendizado dessa convivência intergeracional. É da UFRB para a vida. Aos colegas da universidade: Camila Santos, Analice Simões, Estéffani dos Santos, Flávia Aline, Luis Carlos Miranda, Iuri Nobre, Rosimere Paixão, Ana Maria Vatin e outros pelo apoio escuta e aprendizado em algum momento nessa trajetória. Aos colegas que contribuíram respondendo o questionário da pesquisa, confiando na seriedade e assim enriquecendo ainda mais esse trabalho. A Mariana Santos, pelo encorajamento, por ter sido um suporte nos momentos de fragilidade e dificuldades. A todos os amigos (as), colegas que contribuíram diretamente e indiretamente me dando apoio, suporte em algum momento para permanência do curso assim como, na realizasse nesse trabalho. Gratidão a todos! Eu nunca estive só! Nós vencemos! . 9 RESUMO Este estudo cujo tema é “Envelhecimento no Ensino Superior Público da Bahia: As especificidades do aluno envelhescente/idoso no curso de Serviço Social da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia”, aborda sobre a inserção e o acolhimento das pessoas mais velhas nas universidades. Analisa como a universidade pública acolhe o aluno envelhescente/idoso no espaço acadêmico. E com isso mapeia o perfil dos discentes envelhescentes/idoso no ensino superior público no Curso de Serviço Social na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Além disso, verifica como os discentes envelhescentes/idoso são tratados no mundo acadêmico e identifica as políticas educacionais para o ensino superior público e como tratam a inclusão, acolhimento e a permanência do aluno envelhescente/idoso. Além da pesquisa bibliográfica que traz o embasamento teórico para a temática, utilizou-se a análise documental, com documentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) entre outros, que expõem diversas análises e estatísticas quanto à permanência do idoso em diversos setores da sociedade, bem como a probabilidade desse público envelhescente aumentar ao longo do tempo devido a perspectiva de longevidade. Na pesquisa de campo, o instrumento utilizado foi o questionário, e buscou-se analisar discentes do curso de Assistente Social com idade acima dos 50 anos, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia para fazer a análise de dados para que o se entenda como se dá o “Processo De Envelhecimento” (cap.1), e compreender todo o histórico do Brasil no que diz respeito à “Educação para adultos no Brasil: Um caminho até o Ensino Superior”(cap.2); Também destaca “Os cabelos brancos na UFRB em tempos de pandemia” (cap.3) mostrando o resultado e a analise desta pesquisa. Palavras chave: Aluno. Envelhescente. Idoso. Preconceito. Aceitação. 10 RESUME This work, whose theme is "Aging in Public Higher Education in Bahia: The specifics of the aging/elderly student in the Social Service course at the Federal University of Recôncavo da Bahia", approaches the insertion and reception of elder people in universities. It analyzes the mode in wich the public university system welcomes the aging/elderly student in the academic space. And with that, it maps the profile of aging/elderly students in public higher education in the Social Service Course at the Federal University of Recôncavo da Bahia. Besides, it verifies how aging/elderly students are treated in the academic world and identifies educational policies for public higher education and how they treat the inclusion, reception and permanence of aging/elderly students. Furthermore to the bibliographic research that brings the theoretical basis for the theme, document analysis was used, with documents from the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) amid others, which expose sundry analyzes and statistics regarding the permanence of the elderly in several sectors of the population. society, as well as the probability of this aging public increasing over time due to the prospect of longevity. In the field research, the instrument used was the questionnaire, and it was sought to analyze students of the Social Service course aged over 50 years, from the Federal University of Recôncavo da Bahia to perform data analysis so that it is understood how to gives the “Aging Process” (chapter 1), and understand the entire history of Brazil with regard to “Adult Education in Brazil: A path to Higher Education” (chapter 2); It also highlights “White hair at UFRB in times of a pandemic” (chapter 3) showing the results and analysis of this research. KEYWORDS: student. aging. elderly. preconception. acceptance. . . 11 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Estimativas das taxas de natalidade e mortalidade ................................ 24 Gráfico 2: População e relativa de idosos de 60 anos e mais ................................. 26 Gráfico 3: Distribuição da população por sexo e grupo de idade / Distribuição da população de acordo cor ou raça. ............................................................................ 27 Gráfico 4: Projeção para população brasileira por proporção de pessoas por grandes faixas etárias, 2018. ................................................................................................ 30 Gráfico 5: População Bahia. .................................................................................. 33 Gráfico 6: População de 4 a 17 anos fora da escola. .............................................. 51 Gráfico 7: População de 4 a 17 anos fora da escola. .............................................. 52 Gráfico 8: Taxa de analfabetismo ........................................................................... 74 Gráfico 9: Taxa de Analfabetismo entre pessoas de 15 ou mais idade .................. 75 Gráfico 10: Nível de instrução das pessoas ............................................................ 76 Gráfico 11: Pessoas de 14 a 29 anos com nível de instrução inferior ao médio completo .................................................................................................................. 80 Gráfico 12: Pessoas que frequentavam ou concluíram curso técnico de nível médio, segundo a condição de estudante (%) ..................................................................... 82 Gráfico 13: Pessoas que frequentavam ou concluíram curso técnico de nível médio, segundo a condição de estudante (%). .................................................................... 83 Gráfico 14: Pessoas de 15 a 29 aos de idade, com no máximo o ensino superior incompleto ............................................................................................................... 85 Gráfico 15: Nível de instrução das pessoas com 25 anos ou mais de idade (Brasil - 2019)........................................................................................................................ 86 Gráfico 16:Total de Matriculados & Novas Matrículas – Bahia ................................90 Gráfico 17: Aluno Bahia (cor / raça) / (pública – particular) .................................... 91 Gráfico 18: Fatia no total de docentes em ensino superior em (%). ........................ 95 Gráfico19: 16 Anos UFRB 2015– 2021 ................................................................. 121 Gráfico 20: Distribuição do ano de 2020 por gênero ............................................. 122 Gráfico 21: Distribuição do ano de 2021 por gênero. ............................................ 123 Gráfico 22: Distribuição de faixa etária nos três semestres de 2020 ..................... 123 Gráfico 23: Distribuição de faixa etária primeiro semestre de 2021. ...................... 124 Gráfico 24: Como Retardar o Pico da Pandemia. ................................................. 127 12 Gráfico 25: Semestre dos entrevistados. .............................................................. 140 Gráfico 26: Distribuição por cor/raça. ................................................................... 142 Gráfico 27: Idade dos Discentes. .......................................................................... 143 Gráfico 28: Motivo do não ingresso no ensino superior quando era mais jovem .................................................................................................................. 148 Gráfico 29: Como foi recebido na universidade ............................................... 148 Gráfico 30: Relação com pessoas mais jovens na faculdade ............................ 148 Gráfico 31: Sentiram dificuldades em acompanhar os conteúdos acadêmicos .. 149 Gráfico 32: Relação com colegas ................................................................... 150 Gráfico 33: Se sentiu incluído em sala de aula ................................................ 151 Gráfico 34: Se sentiu incluído no seu curso .................................................... 151 Gráfico 35: Existe preconceito entre jovens e pessoas mais velhas ................. 152 Gráfico 36: Em algum momento julgado devido a idade ...................................... 153 Gráfico 37: Habilidades para mexer em computador, celular. ........................... 154 Gráfico 38: Sentiram dificuldades no dificuldade do ensino remoto ...................... 155 Gráfico 39: Concorrência em editais da universidade .......................................... 155 Gráfico 40: Apoio da universidade durante a pandemia. ................................. 156 13 LISTA DE TABELAS Tabela 1: População e relativa de idosos de 60 anos e mais .................................. 36 Tabela 2: População de 4 a 17 anos que não completou a Educação Básica ......... 52 Tabela 3: População de 4 a 17 anos fora da escola ................................................ 53 Tabela 4: Taxa de Analfabetismo (%). .................................................................... 77 Tabela 5: Pessoas de 18 a 24 anos de idade, por indicadores de educação ........... 79 Tabela 6: Ranking de Cursos – Presencial ............................................................. 91 Tabela 7: Ranking de Cursos – EAD ...................................................................... 92 Tabela 8: Perfil Do Discente Universitário (Semestre, município e religião). .......... 140 Tabela 9: Perfil Do Discente Universitário (sexo, cor/raça, idade e estado civil). ... 141 Tabela 10: Filhos dos discentes. .......................................................................... 144 Tabela 11: Cursos e Atividades dos Discentes. ..................................................... 144 Tabela 12: Percurso Antes de Chegar ao Serviço Social ...................................... 145 Tabela 13: Motivos para fazer o curso de Serviço Social ....................................... 146 Tabela 14: Sobre as políticas públicas idosos no ensino superior ......................... 147 14 LISTA DE SIGLAS: ABMES: Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior CEB: Câmara de Educação Básica BPC: Benefícios de Prestação Continuada CAHL: Centro de Artes Humanidades e Letras CEB: Câmara de Educação Básica CNBB: Confederação Nacional dos Bispos do Brasil CNDI: Conselho Nacional dos Direitos do Idoso CNE: Conselho Nacional de Educação CPCs: Centros Populares de Cultura CNE: Conselho Nacional de Educação CONEP: Conselho Nacional de Ética em Pesquisa CPCs: Centros Populares de Cultura EJA: Educação de Jovens e Adultos EAD: Educação a Distância FGV: Fundação Getúlio Vargas FIES: Fundo de Financiamento Estudantil FORPROEX: Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas FUNDEB: Fundo do Desenvolvimento da Educação Básica FUNDEF: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental de Valorização do Magistério GTENPO: Grupo de Trabalho de Envelhecimento Populacional GTSSEDU: Grupo de Trabalho de Serviço Social na Educação IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IES: Instituições de Educação Superior INEP: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira LDB: Lei de Diretrizes e Base da Educação 15 MEB: Movimento de Educação de Base MEC: Ministério de Educação e Cultura MOBRAL: (Movimento Brasileiro de Alfabetização OMS: Organização Mundial da Saúde ONU: Organizações das Nações Unidas OPAS: Organização Pan-Americana da Saúde PAS: Programa de Alfabetização Solidária PCD: Pessoas com Deficiência PNA: Plano Nacional de Educação PNADC: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua PNE: Plano Nacional de Educação PNAC: Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania PBP: Programa de Bolsa Permanência PNA: Plano Nacional de Alfabetização PNI: Política Nacional do Idoso PROUNI: Programa Universidade Para Todos. REUNI: Reestruturação e Expansão das Universidades Federais RIPSA: Rede de Intergerencial e de Informação para a Saúde. SEMESB: Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior da Bahia SEA: Serviço de Educação de Adultos SUS: Sistema Único de Saúde SIADI: Sistema Integrado de Avaliação do Desempenho Individual SES : Sistema de Ensino Superior TECLE: Tecnologia da Informação e Comunicação TIC: Tecnologia da Informação e Comunicação 16 TOPA: Todos Pela Alfabetização UATI: Universidade Aberta para a Terceira Idade UFRB: Universidade Federal do Recôncavo da Bahia UNATI: Universidade Aberta da Terceira UNESCO: Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura UNICEF: Fundo das Nações Unidas para a Infância UTIs: Universidades da Terceira Idade 17 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 18 CAPÍTULO I – PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ............................................. 23 1.1 Envelhecer é um atributo a vida ou um fardo social? ......................................... 36 1.2. A Complexidade em Conceituar Envelhecimento .............................................. 39 1.3. Ser velho numa sociedade contemporânea ...................................................... 44 CAPÍTULO II – EDUCAÇÃO PARA ADULTO NO BRASIL: UM CAMINHO ATÉ O ENSINO SUPERIOR ................................................................................................ 50 2.1 A Invisibilidade do Idoso na Educação ............................................................................ 55 2.2 Analfabetismo do Passado Afeta o Idoso no Presente ..................................... 73 2.3 A Quem Destina a Educação Superior da Bahia? .............................................. 89 2.4 Como o Processo de Envelhecimento Aparecena Política de Educação? ........ 96 2.5. A Expansão do Ensino Superior e a Inclusão do Velho na Academia ............ 102 2.6. Estratégias de inclusão do envelhescente/idoso nas instituições públicas: Existem? ................................................................................................................ 107 CAPÍTULO III – OS CABELOS BANCOS NA UFRB EM TEMPOS DE PANDEMIA ............................................................................................................................... 119 3.1. Pandemia E Seus Impactos No Ensino Superior............................................. 125 3.2 Metodologia ..................................................................................................... 136 3.3. Mostrando a realidade ................................................................................... 139 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 158 5. REFERÊNCIAS ................................................................................................. 163 ANEXOS ............................................................................................................... 180 18 INTRODUÇÃO Este Trabalho de Conclusão de Curso, com o tema “Envelhecimento no Ensino Superior Público da Bahia: As especificidades do aluno envelhescente/idoso no curso de Serviço Social da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia” surgiu do interesse de ser falar sobre uma temática que é observada não só nos meios acadêmicos, mas em todas as esferas da sociedade: a inserção e o acolhimento das pessoas mais velhas em diversos espaços sociais, eclodindo o preconceito e a exclusão. A necessidade de falar sobre tal temática adveio a partir de experiências vivenciadas pela própria autora desta pesquisa, haja vista, que a mesma ingressou no Ensino Superior já em idade acima dos 50 anos de idade, após mais de 30 anos de conclusão do ensino médio, sobretudo ao vivenciar alguns entraves no mundo acadêmico, pelo simples fato de estar inserido num ambiente onde foi pensado para pessoas mais jovens. No decorrer do percurso do curso de Serviço Social, na disciplina optativa Gerontologia e no grupo GTENPO (Grupo de Trabalho Envelhecimento Populacional) e o GTSSEDU (Grupo de trabalho de Serviço Social na Educação) surgiram vários questionamentos onde são trazidas várias discussões com reflexões relevantes sobre o envelhecimento humano como temática, principalmente no momento que todos foram pego de surpresa com a Pandemia da Covid-19, sendo mais que necessária essa discussão, na coordenação da Pesquisadora, Dra. Marcela Silva, Professora de Serviço Social na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, na qual, também é um dos referenciais científico sobretudo pelo incentivo, acolhimento aos seus alunos. Nesse processo, venho constatando através de diversos pesquisadores como Carvalho (2015), Saviani (2007), Mucida (2006) entre outros que a temática não é de grande relevância em muitos espaços, principalmente no mundo universitário, pois a mesma não consta na grade curricular do curso de Serviço Social como componente obrigatório, assim conforme o pensamentos dos autores referenciados existem algumas problemáticas de limitações, adaptação e socialização no espaço acadêmico, com isso surgiu o interesse de discutir as raízes dessas especificidades, e procurar compreender as razões para essas situações em que o envelhecimento está associado às doenças, incapacidades e dependência, negligenciando outros aspectos importantes na atenção aos alunos envelhescentes/idosos, tais como as 19 políticas públicas educacionais que garantam a inclusão, o acolhimento e a permanência e as relações socioculturais. Desta forma, esse tema partiu do pressuposto de compreender o contexto em que o aluno envelhescente/idoso está inserido e tem como objetivo geral: Analisar como a universidade pública acolhe o aluno envelhescente/idoso no espaço acadêmico. E a pesquisa foi elaborada especificamente com objetivos de: Mapear o perfil dos discentes envelhescentes/idoso no ensino superior público no Curso de Serviço Social na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Verificar como os discentes envelhescentes/idoso são tratados no mundo acadêmico. Identificar as políticas educacionais para o ensino superior público e como tratam a inclusão, acolhimento e a permanência do aluno envelhescente/idoso. Foi utilizada para esta pesquisa análise documental – IBGE sobre como se deu o progresso da educação de pessoas adultas no Brasil e de o porquê é uma realidade pessoas envelhescentes ou idosas estarem ainda nos bancos acadêmicos. Além disso, foi feito uma pesquisa de campo, e o instrumento utilizado foi questionário através do google forms que foram encaminhados para alunos do curso de Assistente Social com idade a cima dos 50 anos, responderam a um questionário mostrando as especificidades do aluno envelhescente/idoso no curso de Serviço Social da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Além da Introdução, esta pesquisa foi dividida em tópicos para melhor compreensão do assunto. O capítulo 1 ”PROCESSO DE ENVELHECIMENTO” trás a discussão de diversos estudiosos que refletem sobre esse tema e outras que outras que envolvem o envelhecimento, como: Mocelin (2017, p.04), Oliveira, (2015) Carvalho (2004), Camarano (2002), Castiglioni (2012), Camarano (2002), Duarte, 2008), Lebrão (2007), (Paixão, Rosimere, 2021, p. 16). Vem mostrando como o número da população jovem vem diminuindo no Brasil e como está aumentando a população idosa no país e que mudança demográfica é a queda de natalidade e queda de mortalidade e isso aumenta o processo de envelhecimento populacional influenciado na qualidade de vida desses idosos. O capítulo aponta ainda que conceito sobre ser velho é algo cultural e que o mundo atual é permeado pela ideia do novo, do corpo perfeito e da desvalorização do saber dos mais velhos e diante disso, existe uma complexidade em conceituar o envelhecimento e que o conceito de ser velho está associado à condição de incapaz. No entanto, com o intuito de quebrar diversos paradigmas e preconceitos e garantir às pessoas mais velhas alguns direitos que lhes 20 são inerentes depois de algumas décadas de vida, foi criado o Estatuto do Idoso, que garante às pessoas, acima de 60 anos, alguns direitos como ter preferência em atendimentos públicos. Além disso, incentiva-se que as pessoas devem ser respeitadas e a sociedade deve mudar o pensamento de achar que ser velho é algo negativo. O capítulo aponta que ser velho na sociedade contemporânea não significa ser um problema para a sociedade, ao contrário, a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou políticas públicas para um envelhecimento ativo, garantindo qualidade de vida às pessoas mais velhas. Mas ainda há preconceitos contra pessoas mais velhas devido à valorização exagerada do corpo perfeito, corpo “malhado” em que ser velho foge ao modelo padronizado e que acaba por estigmatizá-lo. O capítulo 2 “A EDUCAÇÃO PARA ADULTOS NO BRASIL UM CAMINHO ATÉ O ENSINO SUPERIOR” traz estudos de vários pesquisadores que refletem sobre essa temática entre eles: Silva, Marcela (2021), Leão (2008), Florence Buer (2019), Moura (2003), Ribeiro (2001), Paiva (1987), Haddad (2000), Paiva (1987), Freire (1981), Gohn, (2006) Brandão (1981), Cruz, Ana Maria (2021), Marx (2011), Yamamoto; Carvalho, (2014), Carvalho (2015), Netto, (2009) e outras discussões que explanam sobre como se deu a educação para o adulto no Brasil, ao longo do tempo, o que se tornou um caminho para o Ensino Superior. No Brasil, devido a diversos aspectos econômicos e históricos, há uma grande distorção de idade-série no modelo educacional e se observam adolescentes e até crianças fora da escola. O capítulo esclarece que a Educaçãode Jovens e Adultos (EJA) teve uma trajetória de lutas e que devido ao grande número de analfabetos no Brasil, foram criados vários programas e políticas sociais para reverter esse quadro, e se destaca a figura de Paulo Freire que apresenta uma educação inovadora para essa clientela. A EJA teve um retardo durante a Ditadura Militar e durante esse regime, se destacou o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) e este foi extinto na década de 80 surgindo a Fundação Nacional de Jovens e Adultos, que ficou conhecida como “EDUCAR”. Para o processo de alfabetização de adultos, surgem vários programas como PAS (Programa de Alfabetização Solidária), Brasil Alfabetizado (Nacional), TOPA (Todos pela Educação- Bahia). Todos estes programas tiveram o intuito de alfabetizar os adultos e inseri-los no ensino regular para dar continuidade aos estudos. A EJA deixou de ter um caráter assistencialista quando foi reconhecida pela LDB (Lei de Diretrizes de Bases) 9394/96, como um Direito Público e uma modalidade da educação básica, tanto que em 10/05/2000 foi elaborado pela CNE (Conselho 21 Nacional de Educação) as Diretrizes Curriculares para Educação de Jovens e Adultos. Observou-se ainda, neste capítulo, que o analfabetismo do passado afeta o idoso no presente, pois, de acordo com dados do IBGE de 2019, é comum ver idosos procurando se capacitarem para entrar no mercado de trabalho. Mas infelizmente, o ensino noturno, mais utilizado pela EJA, ainda é visto como fracasso escolar, sobretudo porque está voltado para o mercado de trabalho. Sobre o Ensino Superior, o capítulo mostra o percentual de pessoas adultas que saíram da Educação Básica (Fundamental e Médio) mas não dão continuidade ao Ensino Superior, por diversos fatores: financeiros (falta de recursos ou mesmo ter que dar prioridade ao trabalho), ou para assumir obrigações familiares (cuidar dos filhos ainda menores) e essas pessoas acabam por voltar ao ensino superior quando estão mais estáveis economicamente ou quando seus filhos já estão adultos – ou seja, quando já estão em idade avançada, seja por satisfação pessoal ou para se qualificar e entrar no mercado de trabalho. Estas pessoas mais velhas estão buscando cada vez o ensino superior devido a programas como FIES, UAB, PROUNI que não existia quando estes eram mais jovens. Dessa forma, é uma realidade nos bancos acadêmicos ter pessoas envelhescentes ou idosas, ainda que em números insignificantes. O capítulo 3 “OS CABELOS BRANCOS NA UFRB EM TEMPOS DE PANDEMIA” Para explanação desse tema selecionamos alguns pesquisadores entre outros que fortaleceram o dialogo nesse trabalho: Oliveira Júnior, (2014). Sathler, (2020) Costa (2020), Silva, Marcela ( 2020 e 2021) Tavares (2008) Dourado (2020), Salgado, (2007), Grimber, (1998) Renato Veras, (2007): Debert, (1998). Silva, (2008), (Faleiros; Rebouças, (2006), entre outros, nos quais apresentamos histórico desta instituição como um espaço de formação, e uma política de ensino, pesquisa, expansão e interiorização. A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, foi fundada oficialmente através da Lei 11.151/2005 e que muito tem contribuído para o estado da Bahia e para o Brasil, na formação de profissionais qualificados e atividades de ensino, pesquisa e extensão, fruto de lutas sociais, sendo vista como uma grande oportunidade de inclusão das pessoas menos favorecidas socialmente. O curso de Serviço Social iniciou em 2008 e foi reconhecido pela Portaria 2020 de 2012 e é ofertado na cidade de Cachoeira (BA). Tem como objetivo capacitar e formar Assistentes Sociais críticos e competentes, capazes de compreender as diversas formas que assume a questão social, articulando sua dimensão local e global. Atualmente funciona nos turnos, diurno e noturno. O capítulo também mostra ainda 22 que a pandemia trouxe alguns impactos no Ensino Superior principalmente para idosos que são parte do grupo de risco e de todos (jovens e idosos) tiveram que continuar seus estudos através de recursos digitais, em um modelo de ensino remoto. Além disso, o capítulo vem esclarecendo a importância da troca de conhecimento e saberes interageracionais no ensino superior e o preconceito as dificuldades que os envelhescentes/idosos ainda sofrem. Diversos autores embasaram esta pesquisa bem como documentos oficiais, educação do envelhescente/idoso no mundo acadêmico, trazendo vários marcadores que envolve a todo ser humano como livros, artigos, revistas, TCC, teses, que foram de suma importância para toda a pesquisa. Convido a todos a leitura dessa pesquisa, assim como compartilhem com outros leitores, haja vista que é um tema instigador que emerge muitas questões relacionadas ao envelhecimento e ao ensino superior. 23 CAPÍTULO I – PROCESSO DE ENVELHECIMENTO O envelhecimento é um fenômeno natural, com início no período da fecundação e término com a morte. O processo de envelhecimento é entendido como o processo de vida, que contém a fase da velhice, mas não se esgota nela. [...] O processo de envelhecimento contém a fase da velhice, mas não somente ela, visto que a qualidade de vida e o próprio processo de envelhecimento se encontram ligado aos fatores sociais, culturais e econômicos. (BRÊTAS, 2006). Conforme diversos estudiosos que se debruçam sobre a temática envelhecimento populacional entre eles: Oliveira, (2015) Carvalho (2004), Camarano (2002), Castiglioni (2012), o Brasil está vivenciando momento de grandes modificações demográficas, e que associada a transição epidemiológica e ao envelhecimento da população, consequentemente influenciam na condição econômica, social e cultural nos anos vindouros. Segundo Camarano (2002), o envelhecimento é um acontecimento que tem revelado ao mundo, um grande aumento da população comparado as demais faixas etárias. Moreira (2001), define envelhecimento populacional como uma multiplicação da população idosa em uma proporção tal que, de maneira comprovada, expande a sua parcela referente na totalidade populacional. O envelhecimento é um processo natural de todo o ser humano, e apresenta as seguintes características: [...] é universal, por ser natural, não depende da vontade do indivíduo, todo ser nasce, desenvolve-se, cresce, envelhece e morre. É irreversível, apesar de todo o avanço da medicina [...] nada impede o inexorável fenômeno, nem o faz reverter. (DUARTE, 2008). De acordo Lebrão (2007), durante muitos anos, o Brasil foi conceituado como um país de jovens, de repente, reconhece-se com os cabelos brancos. Contudo, o país ainda dispõe de uma grande quantidade de crianças em sua população, porém, com a diminuição do crescimento da população brasileira, a faixa etária de 0 a 14 anos revela constantes quedas. Diante do crescimento populacional, o Brasil vem sinalizando, como indica o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2017),um declínio significativo da natalidade, o que indica uma decadência no crescimento do contingente populacional conforme o gráfico 1: 24 Gráfico 1:Estimativas das taxas de natalidade e mortalidade- Brasil 2010 – 2060-Fonte: IBGE (2017) A queda do quantitativo de nascidos vivos concorre pela redução da mortalidade, a associação dessas variáveis com a aumento da expectativa de vida exacerba o processo de Envelhecimento Populacional. Conforme sinaliza o IBGE, (2017). A transformação de hábitos da população o que é chamado de Transição Demográfica, diminui o contingente de crianças e aumenta o número dos velhos. A Transição Demográfica contribui para o Envelhecimento Populacional e estes dois processos são associados à Transição Epidemiológica, que consiste na mudança do perfil de mortalidade, que passa de uma situação onde as principais causas de mortes são as doenças infecciosas e parasitárias, característicasde locais com baixos níveis de desenvolvimento econômico e social, para uma nova fase, em que as doenças típicas da velhice começam a ocupar uma posição cada vez mais intensa entre as enfermidades mais comuns. (OLIVEIRA, 2015, p. 45). Segundo Castiglioni (2006), a Transição Demográfica resulta na mudança de um cenário de queda e de aumento da população, consequências de grandes números de nascimentos e de mortalidade, ainda existe outro ciclo evidenciado pela queda, tornando estável ou quando esse aumento é negativo, em que natalidade e mortalidade são baixas. As implicações da queda da mortalidade e da fecundidade e os impactos no processo de envelhecimento populacional do Brasil, foi percebido no século XX e os impactos com o crescimento gradativo das pessoas idosas, Moreira (1998) cita que: 25 A queda da mortalidade brasileira que beneficiou proporcionalmente mais aos recém-nascidos, reduzindo-se mais fortemente a mortalidade infantil, combinada com níveis de fecundidade ainda por algum tempo relativamente elevados, fez com que o envelhecimento da população brasileira, mensurado pelo aumento da população idosa – acima de 65 anos – vis-à-vis a população jovem – menor de 15 anos – só se tornasse uma realidade social mais palpável já nas décadas finais do século XX. (MOREIRA, 1998, p. 2). Muitas mudanças ao longo dos anos vêm acontecendo em relação a fecundidade e mortalidade com grandes veemências não vivenciados em outros tempos. Partindo da reflexão de Castiglioni (2012), entende-se que o envelhecimento populacional tem uma conexão com os processos de transição demográfica e de transição epidemiológica. Desta forma, é o modo de proceder demográfico da população, com a conduta das elevações da natalidade e de mortalidade, com essas transições interfere três grupos populacional, acontecendo ou o envelhecimento e ou ficando mais jovem. Entende-se por transição demográfica, de acordo com Oliveira (2019, p. 70) como “mudança do comportamento da população”, que segundo o autor, o Brasil passa por grandes transformações demográficas em que após anos de crescimento populacional, o país vem registrando quedas de natalidade, diminuindo, dessa forma, o contingente populacional. Além da redução do número de nascimentos há também a queda de mortalidade, intensificando o processo de envelhecimento populacional. Isso influenciará diretamente na qualidade de vida dos idosos, pois, como afirma Camarano (2004, p.86): “No futuro, os idosos terão melhores níveis de escolaridade e participação ativa na vida social e cultural”, ou seja, os idosos terão uma vida mais saudável advindas de políticas públicas centradas na promoção da saúde. Assim como, vai impactar na fecundidade compartilhando nos três faixas etárias (a 14 anos, 15 a 59 anos e 60 anos ou mais). Oliveira (2019, p.71) esclarece que, com as mudanças nos níveis de fecundidade e de mortalidade, em que se reduz a quantidade de nascimentos e também de mortes, provocando um envelhecimento da população, houve um “aumento da participação de idosos na população do Brasil”. Segundo o IBGE (2008), o país terá um crescimento populacional positivo até 2039, e o IBGE estima que em 2050, o grupo dos idosos será maior que o grupo das crianças, transformando o país em um dos países mais envelhecidos do mundo. 26 O Envelhecimento Brasileiro acompanha ao do mundo quanto ao crescimento da população idosa, contudo, o processo de envelhecimento populacional no Brasil é mais acelerado, conforme pode ser comparado no gráfico abaixo da Organização das Nações Unidas (ONU), que apresenta percentuais de idosos bem acima dos percentuais globais, conforme destaca através do gráfico 2: Gráfico 2: População e relativa de idosos de 60 anos e mais, 65 anos e mais e 80 anos e mais: Brasil: 1950-2100. Fonte: UN/Pop Division: World Population Prospects, 2019 Segundo os dados utilizados pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) 2018, da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) anual, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos anos a população brasileira ganhou 4,8 milhões de idosos desde 2012, ultrapassou a marca de 30,2 milhões em 2017. As pessoas com 60 anos ou mais eram de 25,4 milhões em 2012. Os 4,8 milhões de novos idosos em cinco anos representam a um crescimento de 18% dessa faixa etária, que tem se tornado cada vez mais representativo no Brasil. As mulheres têm uma representatividade nesse grupo, com 16,9 milhões (56% dos idosos), enquanto os homens idosos são 13,3 milhões (44% do grupo). Em 2020, a população nacional acima dos 60 anos de idade triplicou nos últimos 50 anos, passando de 5,8% na década de 70 para 18,8%. O Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), identifica que 10,53% da população brasileira têm 65 anos ou mais. Os dados utilizados pela FGV são da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) anual, de 2018, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 27 O aumento no número de pessoas com 65 anos ou mais na população brasileira foi de 20% na comparação com os dados de 2012, quando a proporção de idosos era de 8,8%. Há mais idosos entre as mulheres e entre amarelos e/ou brancos, que também têm uma maior expectativa de vida e uma taxa de fertilidade menor. Conforme o gráfico 3: Gráfico 3: Distribuição da população por sexo e grupo de idade / Distribuição da população de acordo cor ou raça. Fonte: IBGE – PNAD, 2017. Conforme os pesquisadores da PNAD em 2017 os idosos são as pessoas de referência ou os chefes de família de 19,3% dos domicílios brasileiros. Em 1997, quase a metade dos homens idosos trabalhadores exerciam atividades rurais. Para as mulheres, os serviços pessoais eram predominantes. Hoje, o trabalho por conta própria está aumentando. Entre os idosos do grupo de 60-64 anos esta atividade é exercida por cerca de 50% dos homens trabalhadores. Com o aumento da idade, cresce o percentual dos que exercem esta atividade. Entre o grupo de 75-79 anos, o trabalho por conta própria é exercido por mais de 60% dos idosos trabalhadores. (WAJNMAN; OLIVEIRA; OLIVEIRA, 1999, p. 190). Na relação que ocupam com a pessoa de referência da casa, eles são 91,5% dos avós, 69% dos sogros ou sogras e 61,2% dos pais ou mães, esse dado indica a dificuldade na política de isolamento domiciliar desta parcela da população. Os dados indicam também que os domicílios com idosos têm 25,6% menos pessoas do que a média nacional. Sinalizando números consideráveis dos idosos e idosas aptos para o trabalho e em atividades. De acordo com Coutrim (2004), os idosos que recebem benefícios é um dos setores sociais com mais constância, e o aumento de número de casos em que são atribuídos a eles o provedor das suas famílias, permanecendo saudável, e com mais 28 idades. Os de menor poder aquisitivo apela para o trabalho informal, que, mesmo com a renda baixa, possibilita outros ganhos como os vínculos de amizades, autoridade dentro da própria casa, autonomia de poder de compra e a liberdade. Destacando que não será reconhecido como um aposentado, mas como um trabalhador, lhe dando o poder e o status de provedor, sendo membro integrante e útil na família, portanto, longe da segregação. Barros, Mendonça e Santos (1999) destacam que, embora o salário da pessoa decline após os 60 anos, quando ocorre a aposentaria, a pobreza entre esse grupo da população diminuiu (50% entre 1983 e 1998), acontecendo uma redistribuição intergeracional da renda do idoso. Assim, há possibilidades de perceber que famílias com baixa renda ou que estão em situação de vulnerabilidade, atingindo a linha de pobreza que residem com seus idosos, dependem diretamente da renda desses idosospara sobreviverem Sobre a renda, a FGV (2018), indica que os idosos correspondem a 17,44% dos 5% dos brasileiros mais ricos e 1,67% dos 5% mais pobres. Eles são 15,54% da classe AB, 13,07% da classe C, 4,71% na classe D, e 1,4% dos idosos são da classe E. Quanto à fonte de renda, os idosos recebem 59,64% das aposentadorias da Previdência Social, 40,78% dos Benefícios de Prestação Continuada (BPC) e apenas 0,89% do Bolsa Família. Os micros dados utilizados pela FGV são da última da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) anual, de 2018, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). também traz dados mundiais sobre a proporção da população idosa. O país mais envelhecido em 2020 é o Japão, com 28,4% da população idosa, seguido da Itália: 23,3%. Os locais com as menores taxas de idosos são o continente africano e o Oriente Médio: Emirados Árabes Unidos (1,26%), Catar (1,69%) e Uganda (1,99%). Os dados da Pesquisa FGV social (2018), os territórios mais ricos do mundo também apresentam maior proporção de idosos na população. O Brasil está em uma categoria intermediária, porém, a proporção de pessoas com 65 anos ou mais varia de acordo com a renda. Entre 98 países analisados, o Brasil está em 80º no ranking do número de idosos, se considerados os 20% mais pobres, e em 31º do ranking entre os 20% mais ricos. A população brasileira está em trajetória de colisão com o envelhecimento e, até 2060, o percentual de pessoas com mais de 65 anos passará dos atuais 9,2% 29 para 25,5%. Ou seja, 1 em cada 4 brasileiros será idoso. É o que aponta projeção divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2018), e ainda assim continua negando esse processo da população. Segundo a pesquisa, a fatia de pessoas com mais de 65 anos alcançará 15% da população já em 2034, ultrapassando a barreira de 20% em 2046. Em 2010, estava em 7,3%. A pesquisa mostra que em 2039, o número de idosos com mais de 65 anos superará o de crianças de até 14 anos, o que acelerará a trajetória de envelhecimento da população. Atualmente, a população com até 14 anos representa 21,3% dos brasileiros e cairá para 14,7% até 2060, de acordo os dados do IBGE (2018). Já a faixa entre 15 e 64 anos, que nos dias atuais, responde por 69,4% da população, cairá para 59,8% em 2060. Com isso a população brasileira provavelmente chegará a 233 milhões em 2047. A partir deste ano, entrará em declínio gradual chegando a 228,3 milhões em 2060. Antes de 2048, 12 estados (Piauí, Bahia, Rio Grande do Sul, Alagoas, Minas Gerais, Paraíba, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco, Maranhão, Paraná e Rio Grande do Norte) deverão ter redução no número de habitantes. Segundo o IBGE, a principal característica dessas unidades da Federação é o saldo migratório negativo. No limite da projeção em 2060, oito estados (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Amapá, Roraima, Amazonas e Acre) não terão queda nas suas populações. O IBGE explicou que eles apresentam saltos migratórios positivos e/ou têm taxas de fecundidade total mais elevadas. A expectativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), faz parte da Revisão 2018 da Projeção de População, que estima demograficamente os padrões de crescimento da população do país ano a ano, por sexo e idade para os próximos 42 anos, como confirma o gráfico 4: 30 Gráfico 4: Projeção para população brasileira por proporção de pessoas por grandes faixas etárias, 2018 Fonte: IBGE, 2018 — Foto: Fernanda Garrafiel/G1 O órgão acrescentou que o crescimento populacional é determinado pela combinação do perfil migratório, incluindo áreas de expulsão ou atração de pessoas; com taxas de fecundidade de uma unidade da Federação. Os estados do Piauí e da Bahia apresentam quedas importantes de fecundidade nos últimos anos e, segundo o instituto, perdem população para outros estados. Não registrando altas quedas de fecundidade, atualmente, a situação já foi diferente para o Rio Grande do Sul, que é também um estado “emissor”. Na definição do IBGE, as três unidades da Federação devem ser os primeiros a apresentar redução de população. A taxa de fecundidade também deve continuar caindo no Brasil, segundo o IBGE. Atualmente, é de 1,77 filhos para cada mulher. Pela projeção, deverá cair para 1,66 em 2060. Em 2010, estava em 1,75 e chegou a 1,8 em 2015. A idade média em que as mulheres têm filhos é atualmente de 27,2 anos e, segundo o IBGE (2018), chegará a 28,8 anos em 2060.Já a projeção para a expectativa de vida do brasileiro ao nascer, atualmente de 72,74 anos para homens e 31 79,8 anos para mulheres, é alcançar 77,9 anos para homens e 84,23 anos para as mulheres em 2060. Prata (1992), descreve o ciclo de transformação do perfil caracterizando os motivos da morte como sendo a ocorrência da mortalidade crescente, determinadas principalmente por doenças infecciosas com um nível de mortalidade baixa, de modo que, as enfermidades consequentes do processo de agravos do organismo e as causas externas ocupam o primeiro lugar do ranking das causas de mortalidade. As enfermidades que relacionam ao envelhecimento são atribuídas a grande parte das mortes do Brasil. De acordo com Castiglioni (2012), “o grupo de doenças ligadas ao envelhecimento já era responsável por 68,4% das mortes no Brasil em 2010, sendo as doenças do aparelho circulatório as que mais matam no país”. Em relação ao envelhecimento da população baiana, o (IBGE) 2019, informou que está acontecendo o crescimento dos idosos e a diminuição de nascimento em todo território baiano, assim como no Brasil e no mundo, aponta que de 2010 para cá, 23,6% da população tinha até 13 anos. Existindo uma queda para 19,1%. Por outro lado, o índice dos idosos da Bahia com mais de 60 anos foi de 10,3% para 15,4%. Ademais, a população baiana não tem um crescimento contínuo. Nos últimos dez anos, o crescimento anual aconteceu menos a meio por cento: 0,41%. Em contrapartida, IBGE (2019), revela um indicador positivo da população na região metropolitana da capital. Quatro municípios estão com os melhores índices do estado: Camaçari, que cresceu 1,84%; Dias D’Ávila, com 1,76%; Madre de Deus, que aumentou 1,72% e Lauro de Freitas com crescimento de 1,71%. Segundo o Técnico do IBGE Gabriel Brandão, existe uma probabilidade que em 2035 a população da Bahia já comece a cair e essa queda não tem impacto direto na economia. Entretanto, essa queda na economia vai ser a redução de 69% para 59% da população total, em relação à população em idade ativa. Porém, só em 2060 a população da Bahia presenciará essa queda, assim como todo território nacional. Confirmando que o envelhecimento é um fenômeno que está crescendo em no mundo. Em 2019, a população da Bahia era de 14.854 milhões de pessoas. Em relação a 2018, quando havia 14,793 milhões de moradores no estado, o número cresceu apenas 0,4% (mais 61 mil pessoas em um ano) indicando os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) 2019, divulgados em maio de 2020 pelo IBGE. 32 Segundo o órgão PNADC (2019), a taxa de crescimento populacional no estado tem se mantido baixa e estável em torno de 0,4% desde 2012, quando se iniciou a série histórica da PNADC para esse indicador, e é quase a metade da taxa nacional. Entre 2018 e 2019, a população do Brasil cresceu 0,79%, chegando a 209,946 milhões no ano passado (1,643 milhão a mais que em 2018). Observando-se a população baiana conforme PNADC (2019), se tratando dos grupos etários que refletem as diferentes etapas da vida, percebe-se que, tanto entre 2018 e 2019 quanto na comparação com 2012, os totais de crianças (0 a 14 anos) e adolescentes ou jovens (15 a 24 anos) diminuem. Em 2019, como divulgou o IBGE havia 3,081 milhões de pessoas de 0 a 14 anos no estado,-2,0% que em 2018 e -12,4% que em 2012. No grupo de idade seguinte (15 a 24 anos) estavam 2,272 milhões de adolescentes e jovens, -8,1% que em 2018 e -7,5% que em 2012. O número de adultos (25 a 59 anos) aumenta nas duas comparações, chegando a 7,237 milhões de pessoas em 2019 (+2,7% que em 2018 e +7,4% que em 2012). Mas é o total de idosos (60 anos ou mais) que tem as maiores taxas de crescimento. Entre 2018 e 2019, o número de idosos na Bahia cresceu 6,4%, passando de 2,126 milhões para 2,262 milhões, o que representou mais 136 mil pessoas de 60 anos ou mais de idade em um ano. Frente a 2012, a taxa de crescimento da população idosa no estado chegou a 32,0%, pouco mais de dez vezes a taxa média de crescimento da população em geral no período (3,0%). O aumento absoluto dos idosos nesse intervalo de sete anos foi de mais 549 mil pessoas de 60 anos ou mais de idade na Bahia, o maior dentre todos os grandes grupos etários. Em 2019, os idosos representavam 15,3% da população baiana, frente a 14,4% em 2018 e 11,9% em 2012. No Brasil, as 32,860 milhões de pessoas de 60 anos ou mais de idade representavam 15,7% da população nacional, no ano passado. O processo de envelhecimento da população é ainda mais intenso na capital do estado. Em Salvador, os idosos somavam 489 mil pessoas em 2019, o que significava 17,0% dos 2,872 milhões de soteropolitanos. Na capital, o número de pessoas de 60 anos ou mais de idade mostrou um crescimento de 18,1% em apenas um ano (eram 414 mil em 2018) e de 67,5% na comparação com 2012 (quando eram 292 mil). 33 Entretanto, um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgado em 27 de agosto de 2021, estimou a população atual da Bahia em 14.985.284 habitantes. O número coloca o estado como o quarto com maior população do país, atrás de São Paulo (46.649.132), Minas Gerais (21.411.923) e Rio de Janeiro (17.463.349), representando um aumento da população da Bahia com os dados de 2010,2020 e 2021, apresentando um aumento significativo representado pelo gráfico 5: Gráfico 5: POPULAÇÃO BAHIA. Fonte: IBGE (2021) Segundo o IBGE (2021), as estimativas da população não são resultado de pesquisa, mas elaboradas segundo um cálculo matemático cuja metodologia, referendada internacionalmente, utiliza duas fontes: As populações do Brasil e das Unidades da Federação obtidas nas Projeções da População mais recentes, divulgadas em 2018; e o crescimento populacional de cada município, medido a partir das respectivas populações recenseadas nos dois últimos Censos Demográficos, realizados em 2000 e 2010. Os efeitos da pandemia da Covid-19 no efetivo populacional não foram incorporados nesta projeção, devido à ausência de novos dados de migração, além da necessidade de consolidação dos dados de mortalidade e fecundidade, fundamentais para se compreender a dinâmica demográfica como um todo, informou em nota o IBGE (2021). A estatística reflete o aumento da expectativa de vida entre os brasileiros é de 76,3 anos, segundo o IBGE, (2019). Com a longevidade, vieram também a inclusão digital e mais acesso a novas tecnologias. Muitas instituições de ensino superior têm https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/08/27/nova-estimativa-da-populacao-nao-incorpora-efeitos-da-pandemia-diz-ibge.ghtml https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/08/27/nova-estimativa-da-populacao-nao-incorpora-efeitos-da-pandemia-diz-ibge.ghtml 34 cursos livres e programas de extensão para os idosos. Ou ainda, incentivam o ingresso desse público em cursos regulares de graduação ou pós-graduação. Outra política de incentivo para este público veio da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, que aprovou no ano 2019 uma proposta que reserva aos idosos entre 5% e 20% das vagas não preenchidas em instituições de ensino superior. Há ainda as iniciativas municipais, quando as câmaras criam programas de bolsas de estudo viabilizadas por meio de convênios e parcerias com instituições de ensino para permitir que os idosos ingressem nas universidades locais. Sobre a posse de bens e ativos, os idosos são 13,17% dos que possuem casa própria em terreno próprio, são 22,47% dos brasileiros sem acesso à internet e 12% dos que têm TV, correspondendo a 10,22% dos que têm canais pagos. Diante do crescimento gradativo da população idosa, uma realidade que ora vivenciamos na Bahia, no Brasil e no mundo, conforme os dados demográficos, estatísticos, assim como, os inúmeros estudos dos pesquisadores citados acima, como o Brasil enfrentará essa situação, uma vez que vai impactar em todas as áreas da sociedade, inclusive a área educacional. Oferecendo uma melhor qualidade de vida aos idosos, Camarano garante que: No futuro, os idosos terão melhores níveis de escolaridade e participação ativa na vida social e cultural. Tais características podem afetar positivamente as condições de saúde e bem-estar dos idosos, apontando para um cenário positivo, que dependerá, no entanto, de políticas públicas centradas na promoção da saúde desde as primeiras idades (CAMARANO, 2004, p. 86). Carvalho (2015), afirma que as políticas públicas proporcionam um “envelhecimento ativo” à sociedade, assegurando um envelhecimento saudável, possibilitando viver melhor, contribuindo com a sociedade, sentindo-se útil, independente e com autonomia para exercer sua cidadania. Sendo assim, é de grande importância que a rede de assistência à saúde no Brasil preste serviços de prevenção, educação e assistência com eficácia, com isso, podendo contribuir para diminuir as demandas pelos serviços ofertados, sobretudo reduzir os custos com tratamentos., proporcionando melhor qualidade de vidas aos idosos Conforme Alonso (2010) discorre, o processo de envelhecimento no Brasil é heterogêneo e impacta as desigualdades das diversas regiões constatadas em todo país. Sobre a contradição econômica, social e cultural do Brasil, Castiglioni (2012), diz 35 que essa é traduzida em padrões diferenciados do crescimento quando refletirmos os processos de transição demográfica, transição epidemiológica e do envelhecimento populacional entre as diversas regiões do Brasil. As gerações do futuro serão formadas por um número bem menor de pessoas, com índice de fecundidade caindo, os nascidos vivos não vão garantir uma queda, ou estabilizar o envelhecimento. Em consequências, a juventude terá poucos espaços e os idosos terão um crescimento na totalidade da população. Diante desse cenário, surgirá uma moderna realidade demográfica, como nunca vista no Brasil, com muitos idosos, que necessitarão de novo olhar. Kalache (1987), classifica algumas especificidades do aumento de idosos na população do país: O envelhecimento da população brasileira é um fato irreversível e que deverá se acentuar no futuro próximo imediato. O impacto desta nova ordem demográfica é imenso, sobretudo, quando se observa que os fatores associados ao subdesenvolvimento continuarão se manifestando por um tempo difícil de ser definido. (KALACHE et.al, 1987, p. 219). Diante dessa realidade, o Brasil exibirá crescimento elevação do grupo dos mais idosos, constituídos por pessoas a partir dos 80 anos. O país irá envelhecer, e diminuirá o grupo da faixa etária das crianças, elevando o grupo dos idosos, com o aumento da expectativa de vida. “Nas próximas décadas, o declínio da mortalidade no Brasil, se concentrará, provavelmente, nas idades mais avançadas. Esse sim terá como efeito uma aceleração do processo de envelhecimento”. (CARVALHO, WONG, 2006, p. 8). De acordo com a ONU, foi divulgado em 17 de junho de 2019, que o processo de envelhecimento populacional no Brasil é grande. A população brasileira em 1950 tinha um total de 54 milhões de habitantes em 1950 e passou para 213 milhões em 2020 e pode chegar 229 milhões em 2050 e em seguida ir reduzindo para 181milhões de habitantes em 2100. O número de brasileiros idosos de 60 anos e mais era de 2,6 milhões em 1950, aumentou para 29,9 milhões em 2020 e existe uma expectativa de alcançar 72,4 milhões em 2100. O crescimento absoluto foi de 3,3 vezes em 150 anos (menor do que os 4,3 vezes do crescimento da população mundial. Assim, aponta abaixo a Tabela 6: 36 TABELA 1: População e relativa de idosos de 60 anos e mais, 65 anos e mais e 80 anos e mais: Brasil: 1950-2100 (em mil). Fonte: UN/Pop Division: World Population Prospects, 2019 Nessa perspectiva, o Brasil com a taxa de natalidade em queda e o aumento de um grande número de pessoas velhas com 60 anos ou mais, vem impactando mudanças individuais, coletivas, nas famílias e na sociedade necessitando de políticas sociais, educacionais que garantam a esse grupo populacional direitos para viver com dignidade como: saúde, educação, esporte, lazer, cultural, trabalho possibilitando viver com dignidade, autonomia, bem estar, sentindo sujeito útil e produtivo a sociedade dentro das suas condições físicas e mentais. Como bem adverte Ramos (2014, p.21): “os velhos não são apenas uma questão numérica, mas especialmente uma questão social, motivo pelo qual o envelhecimento populacional precisa ser analisado com muita cautela”, assim como destaca Silva(2011) “a preocupação em melhor entender o processo de envelhecimento, bem como de otimizar a qualidade de vida dos idosos é cada dia mais frequente e investigada em caráter multidisciplinar”, como o Brasil enfrentará essa situação, uma vez que vai impactar em todas as áreas da sociedade, inclusive a área educacional? 1.1 Envelhecer é um atributo a vida ou um fardo social? Alves (2020) esclarece que o envelhecimento é uma realidade no Brasil, fenômeno que tem sido temática fomentada entre os estudiosos nos últimos anos em virtude do crescimento população nessa faixa etária e algumas inquisições que envolvem a dimensão humana. Segundo dados da Rede Interagencial de Informação para a Saúde (RIPSA), são classificadas como idosas as pessoas de 65 e mais anos e com habilidades para produzir as de 15 a 64 anos. Porém, para ser coerente com 37 os outros indicadores e para atender à Política Nacional do Idoso (Lei nº. 8842, de 4 de janeiro de 1994), utiliza-se o parâmetro de 60 e mais anos para a população idosa e de 15 a 59 anos para a população potencialmente produtiva. De acordo Mucida (2006, p. 14), na atualidade o incômodo cultural é “envelhecer em um mundo permeado pelo imperativo do novo”, onde o corpo idoso é a contradição ao protótipo corporal da capacidade. “Há a desvalorização do saber dos mais velhos em favor do novo, da beleza e da juventude.” (MUCIDA, 2006, p. 80). A experiência e os saberes, provavelmente oriundos da vivência no cotidiano, uma vez sinalizada como identidade da velhice, nos últimos anos não tem mais importância, pois a até mesmo a forma de envelhecer, é determinada por métodos estruturados e estabelecidos que devem ser utilizados por aqueles que alcançam esse período da vida. Magnani (2001, p. 18) também ressalta que o corpo quando envelhece é percebido como inconveniente, um incômodo social e compreender essa perspectiva social só é permitido através do conhecimento, da sociedade e da cultura: “o corpo não é apenas um suporte de símbolos, mas ele próprio é uma construção social e só se torna inteligível no imaginário e quadro conceitual de cada cultura em partícula.” A velhice na reflexão de (Debert, 1999) é considerada a vida caracterizada pela declínio físico e afastamentos de atribuições sociais a partir da segunda metade do século XIX. O aumento da idade ocorreria a continuidade de perdas e de dependência, que seria associado como incapacidade aos idosos, responsabilizando por muitos conceitos negativos associados à velhice. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística- IBGE (2019), a população brasileira em 2012 ganhou 4,8 milhões de idosos e em 2017 ultrapassou a marca de 30,2 milhões. Alves (2020) afirma que a população brasileira era de 213 milhões em 2020 e com expectativa de passar para 229 milhões em 2050 e o número de brasileiros idosos de 60 anos e mais era de 2,6 milhões em 1950, passou para 29,9 milhões em 2020 e deve alcançar 40 milhões em 2050. Com a confirmação do IBGE, é visível que a sociedade brasileira está envelhecendo e pesquisar os múltiplos aspectos do envelhecimento, suas especificidades são imprescindíveis considerando que o Brasil enfrentará grandes desafios pela frente, sobretudo por ser um país com pessoas com idade mais jovens. Conforme Barros e Branco (2017, p.1), com o processo de envelhecimento, aumenta-se as complexidades em que são envolvidos os fenômenos da natureza que podem atingir as condições de saúde, socioeconômicas, educacionais e culturais das 38 pessoas de cada território. Barros e Branco (2017, p.1) continua afirmando que “(...) o processo de envelhecimento é uma das poucas coisas que unificam e definem todos. Estamos todos envelhecendo e isso é um fato a ser comemorado.” A Organização Mundial de Saúde (OMS) em1978 relatou que a saúde é conceituada como “estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente como a ausência de doenças ou enfermidades”. Assim entende-se que ter uma vida saudável interfere positivamente no envelhecimento. O envelhecimento ativo segundo OMS (2005) “é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas”. A velhice na reflexão de Debert (1999) é considerada a vida caracterizada pelo declínio físico e afastamentos de atribuições sociais a partir da segunda metade do século XIX. O aumento da idade ocorreria a continuidade de perdas e de dependência, que seria associado como incapacidade aos idosos, responsabilizando por muitos conceitos negativos associados à velhice. Quando se fala em idoso, de acordo com Veras e Oliveira (2018, p.1931), a perspectiva que prevalecia no Brasil, no início do século XX, era a de afastamento das pessoas idosas, promovendo a prática de internações em asilos, que proliferaram nessa época, na expectativa de camuflar as questões sociais, políticas e econômicas. Quando se trata da imagem do idoso, ou imagem da velhice assim como é conhecida, o que é propaganda é uma imagem muito relacionada a aspectos negativos, de doente, tristezas, perdas físicas, visão de coisas feias e assustadoras, de algo que é ruim, além da preocupação com a aparência (do envelhecer). O padrão da estética e da beleza baseado somente na ótica do jovem e com a contribuição global da mídia que condena o envelhecimento, exalta a juventude e negligencia a longevidade. O homem repete suas ações ancestrais que não percebiam sua finitude. (LOPES; ARANTES e LOPES, 2007, p. 50). Esta visão, entende-se que se deva à excessiva preocupação que se tem atualmente com a aparência e com a questão midiática da pessoa ter que ser jovem, magra, seguir um padrão de beleza sendo associada à juventude. 39 1.2. A Complexidade em Conceituar Envelhecimento Ferreira et.al (2010, p.357) enfatizam que estudos científicos apontam muitas definições sobre a evolução humano no que diz respeito a envelhecimento. Estes conceitos são refletidos através de diferentes particularidades que movimentam o campo biológico, social, psicológico e cultural, por isso: (...) não é possível encontrar uma definição de envelhecimento que envolva os complicados caminhos que levam o indivíduo a envelhecer e como este processo é vivenciado e representado pelos próprios idosos e pela sociedade em geral. (FERREIRA et.al, 2010, p.357) Entretanto, existem possibilidades de averiguar como se dá o processo de envelhecimento em diferentes aspectos dasociedade. Por exemplo, Ferreira et.al (2010, p. 358), afirma que nos tempos atuais, estudos mostram que a ideia de idoso se associa a aspectos negativos relacionando à ideia de pessoa necessitada, dependentes, frágil e caducos. Já Dawalibi (2013, p.394), afirma que “o envelhecimento pode ser definido como um processo sociovital multifacetado ao longo de todo o curso da vida”. “A velhice denota o estado de “ser velho”, condição que resulta do processo de envelhecimento que gerações vivenciaram e vivenciam dentro de contextos sociais, políticos e individuais diversos.” (LIMA et al., 2008; NERI, 2006). Envelhescente, de acordo com Silva, Silva e Freitas (2020, p.50) “(...) vem sendo empregado em trabalhos acadêmicos (...)”, é semelhante com a adolescência, se refere a um planejamento para a velhice, assim como a adolescência é uma preparação para a idade adulta. Para Chaves (2006, p.189, apud SILVA, SILVA e FREITAS, 2020, p.50 ) “a envelhescência nada mais é que uma preparação para entrar na velhice, assim como a adolescência é uma preparação para a maturidade”, porém, essa palavra, muito utilizada no campo acadêmico, ainda não existe um significado no dicionário, levando em consideração ao processo de envelhecimento, portanto, quando se citar essa palavra envelhescente, é a fase que vem antes da velhice que corresponde, de acordo com o Estatuto do Idoso, artigo 1º (BRASIL, 2013, p.07) pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos de idade. Estabelecer a idade inicial da velhice na sua multiplicidade é uma tarefa árdua porque dá generalização ao se tratar à velhice, como também existem várias circunstâncias para conceituar o início da uma idade de idosos e velhices, pois a idade é uma informação pré-determinante, entretanto, está associado as características da pessoa. Essas situações são contraditórias entre vários profissionais e pesquisadores. 40 Entre tantas formas de definir velhice uma delas é recomendada pela Organização Mundial da Saúde, que é baseada na idade cronológica, na qual a definição de idoso inicia aos 65 anos nos países desenvolvidos e aos 60 anos nos países em desenvolvimento. No Brasil, de acordo com o Estatuto do Idoso (2003), “as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos são reconhecidas como idosas”. Entretanto, alguns direitos como a gratuidade no transporte coletivo público urbano e semi-urbano só é concedida aos maiores de 65 anos. Atualmente, muitos pesquisadores, inclusive Papalia, Olds & Feldman, que se debruçam estudar envelhecimento citam-se três grupos de pessoas mais velhas: os idosos jovens, os idosos velhos e os idosos mais velhos. O termo idoso jovens geralmente se refere a pessoas de 65 a 74 anos, que costumam estar ativas, cheias de vida e vigorosas. Os idosos velhos, de 75 a 84 anos, e os idosos mais velhos, de 85 anos ou mais, são aqueles que têm maior tendência para a fraqueza e para a enfermidade, e podem ter dificuldade para desempenhar algumas atividades da vida diária. (PAPALIA, OLDS & FELDMAN, 2006, (p.586). Na reflexão de Bee (1997) esta categorização é bastante usada, muitas pesquisas apontam que o envelhecimento é uma experiência heterogênea, vivida individual. Algumas pessoas, aos 60 anos, já apresentam alguma incapacidade; outras estão cheias de vida e energia aos 85 anos. Para Derbet (1999, apud DARDENGO e MAFRA, 2018, p.09) “A velhice foi caracterizada a partir da segunda metade do século XIX como uma etapa da vida assinalada pela decadência e pela ausência de papéis sociais”. Dardengo e Mafra (2018, p.09) também apontam que “O envelhecimento foi inicialmente observado através de estudos biológicos e fisiológicos, sendo associado à deterioração do corpo”. Para os autores citados, na contemporaneidade, mesmo após alguns estudos, o envelhecimento ainda é compreendido e associado a doença, fragilidade e perdas, relacionado como um problema médico, está associado degeneração do corpo, ao definhamento, a um ser inútil, prestes a morrer. "Na base da rejeição ou da exaltação acrítica da velhice, existe uma forte associação entre esse evento do ciclo vital com a morte, a doença, o afastamento e a dependência" (Neri & Freire, 2000, p. 8). Conforme as autoras, os estigmas correlacionados à velhice vêm de um processo histórico, mesmo com tantos mecanismos usados para prevenção, com o intuito de postergar, 41 ou evitá-la, a velhice é vista com muito temor e encarada com uma fase vista como ruim, odiada. Segundo Uchôa, (2003), pesquisas apontam que a velhice pode ser vivenciada como algo singular de cada pessoa, analisada como uma prática positiva ou negativa, de acordo a narrativa de vida da pessoa e da reprodução de velhice que está arraigado na sociedade em que vive. Sobretudo, podendo compreender que não é importante a idade da pessoa, mas sim, experiência vivida e o tratamento que ela recebe da sociedade sendo uma pessoa velha. Estudos realizados em sociedades não ocidentais apresentam imagens positivas da velhice e do envelhecimento, ensinando que a representação de velhice enraizada nas ideias de deterioração e perda não é universal. À medida que o envelhecimento é documentado em outros povos, constata-se que ele é um fenômeno profundamente influenciado pela cultura. (UCHÔA, 2003). Para Jones (2006), importa ressaltar que os conceitos de velhice é fruto de uma construção histórica com valores e princípios contraditórios enraizados de uma determinada sociedade com múltiplos problemas. No mesmo momento que incentiva a prolongação da vida, a sociedade exclui os velhos da sociedade, considerando sem valor e sem capacidade. Na sociedade capitalista, só tem valor o que é o novo, produtivo visando a produção e o capital. Nesse contexto, o velho perde seu valor, sua importância, é descartado, considerado inútil para o mercado e a sociedade. Compreende-se melhor essa lógica com o pensamento de Pacheco (2005, p. 65), “O ser humano envelhecido é nos apresentados, pela ideologia dominante, como o aparelho ultrapassado. Fala, mas ninguém quer!” Quando exemplifica com os aparelhos de celulares: É transformado várias vezes no ano. Modificam os projetos, aplicativos e funções, são planejados para que as pessoas despertem interesses pela aparência, pelo status, para que os jovens sejam vistos como bem-sucedidos. É semelhante o medo que se tem de envelhecer para não ser excluído, descartado, inferiorizado é o mesmo sentimento de usar um celular antigo de muitos anos. Para o autor Pacheco (2003, p. 65), o status que inferioriza o velho estão relacionado a esse movimento contemporâneo da exaltação da juventude, como bela, que tem vigor, valor, é independente e tem força para exercer atividades laborais produtivas e reprodutivas, inerente do sistema capitalista. Nessa condição, o próprio velho também assimila e reproduz esses valores negativos que lhe são atribuídos, contudo não é uma exclusividade. 42 Para Jones (2006), o significado social relacionado às pessoas mais velhas é amplamente negativo, embora não seja exclusivamente assim. “Os estereótipos negativos são atribuídos pelos próprios idosos, que não se reconhecem como tal e falam da categoria "velho" como se não fizessem parte da mesma”. As pessoas querem ter vida longa, porém não querem ficar velha. Desse modo: A velhice é uma construção social, uma produção histórica, assim como os demais tempos da vida, e como tal, seu significado é diferente em cada sociedade e em cada tempo histórico. Em nossa sociedade – ocidental, moderna – vivemos o paradoxo de aspirar uma vida mais longa ao mesmo tempo em que recusamos as marcas do envelhecimento e da velhice, suas fraquezas. Essa questão está presente não apenas no momento atual, mas em toda a história da velhice, não importando o momento histórico em que ela foi abordada (BOIS, 1994; ORDA, 1995, apud ALVES JÚNIOR,
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