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07 - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

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Direito Administrativo: Responsabilidade Civil do Estado
Responsabilidade Civil do Estado
Responsabilidade Objetiva
O ordenamento jurídico pátrio adota, de fato, a responsabilidade civil objetiva do Estado, que prescinde (dispensa) da demonstração do elemento culpa ou dolo do agente público causador dos danos. A teoria abraçada, em nosso sistema, é a do risco administrativo.
Para que seja configurada a responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas de direito público e das prestadoras de serviço público devem estar presentes três elementos: a conduta do agente público, o dano e o nexo de causalidade.
A responsabilidade civil das pessoas jurídicas privadas prestadoras de serviços públicos será objetiva. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 591874/MS, entendeu que ainda que dano seja causado a terceiro, não usuário do serviço público, a responsabilidade também será objetiva.
O Estado possui responsabilidade civil direta e primária pelos danos que tabeliães e oficiais de registro, no exercício de serviço público por delegação, causem a terceiros.
STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2019 (repercussão geral) (Info 932).
CF. Art. 37, §. 
É firme a postura doutrinária e jurisprudencial na linha da possibilidade de responsabilização civil do estado por atos legislativos, em casos de: i) leis inconstitucionais; ii) leis de efeitos concretos causadora de danos; e iii) omissões legislativas desproporcionais.
Sobre a possibilidade, por exemplo, de configuração da responsabilidade civil do Estado por força de leis inconstitucionais, é ler o seguinte julgado do STJ:
"ADMINISTRATIVO. CRUZADOS NOVOS BLOQUEADOS. MP N. 168/90. LEI N. 8.024/90. CORREÇÃO MONETÁRIA. BTNF. DANO MORAL. RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATO LEGISLATIVO. AUSÊNCIA DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI. NÃO-CABIMENTO. 1. Consolidado está, no âmbito do STJ, o entendimento de que a correção dos saldos bloqueados transferidos ao Bacen deve ser feita com base no BTNF. Precedentes. 2. Apenas se admite a responsabilidade civil por ato legislativo na hipótese de haver sido declarada a inconstitucionalidade de lei pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle concentrado. 3. Recurso especial provido."
(RESP 571645, rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA TURMA, DJ DATA:30/10/2006)
Refira-se, em complemento, que a posição acima, a exigir declaração de inconstitucionalidade em controle concentrado, pelo STF, não é unânime na doutrina e na jurisprudência. Há quem sustente ser perfeitamente possível que o Estado seja responsabilizado, por atos legislativos inconstitucionais, em sede de controle incidental ou difuso de constitucionalidade. O precedente, contudo, é útil no sentido de que demonstrar que a responsabilidade civil dos entes públicos, pela produção de atos legislativos inconstitucionais, em si, é mansa e pacífica.
Segundo entendimento prevalecente no direito brasileiro, em regra, não há responsabilidade civil do Estado por atos legislativos típicos. Haverá, no entanto, em caráter excepcional, nos casos de normas declaradas inconstitucionais e nos atos legislativos de efeitos concretos com destinatários determinados.
Teoria do risco integral:
A Teoria do Risco Integral.  De acordo com essa teoria, o Estado é garantidor universal, assim sendo, a simples existência do dano e do nexo causal implica na obrigação de indenizar para a Administração Pública. Trata-se da responsabilização absoluta do Estado. Não se admite a exclusão do nexo causal. A doutrina entende que tal teoria pode ser aplicada em situações excepcionais.
 Não é aceita sequer a incidência de causas excludentes de responsabilidade, em rigor, somente é aplicável, de acordo com parcela da doutrina, em casos deveras excepcionais. Não é a hipótese de atos legislativos, nos quais, bem ao contrário, a regra geral consiste na irresponsabilidade do Estado, com exceção das leis inconstitucionais, das leis de efeitos concretos e das omissões legislativas inconstitucionais, todas dependentes, ainda, da efetiva ocorrência de danos.
Parte da premissa de que o ente público é garantidor universal e, sendo assim, a simples existência do dano e do nexo causal já é suficiente para que surja a obrigação de indenizar para a Administração, pois não admite nenhuma das excludentes de responsabilidade.
TEORIA DO ACIDENTE ADMINISTRATIVO: Basta comprovar a existência de uma falha objetiva do serviço público, ou o mau funcionamento deste, ou uma irregularidade anônima que importar em desvio da normalidade, para que fique estabelecida a responsabilidade do Estado e a consequente obrigação de indenizar. Não se trata de averiguar se o procedimento do agente foi culposo, porém de assentar que o dano resultou do funcionamento passivo do serviço público. Tal ocorrendo, responde o Estado.
Firmada a premissa de que se cuida de responsabilidade objetiva, está correto aduzir o dever de indenizar independe da configuração de dolo ou culpa por parte do agente público causador dos danos.
Em sendo a responsabilidade civil do Estado de índole objetiva, o que está correto afirmar, é equivocado aduzir que dependeria de dolo do agente (assim como de culpa), visto que este é elemento subjetivo da conduta, desnecessário de ser comprovado nos casos de responsabilidade objetiva.
A responsabilidade civil do Estado nos casos de danos decorrentes de atos lícitos ocorrerá quando expressamente prevista em lei ou a conduta estatal cause sacrifício desproporcional ao particular. Ressalte-se que, nesta última hipótese, a responsabilização estatal dependerá da comprovação de que os danos são anormais e específicos.
Pode-se dizer que apenas serão atribuídos à pessoa jurídica os comportamentos do agente público durante o exercício da função pública. Dessa forma, quando o dano for causado pelo agente público e ele não estiver exercendo a função pública, o Estado não responderá pelo dano.
Segundo o entendimento prevalecente da jurisprudência pátria, não configura responsabilidade civil do Estado por furto de veículo estacionado em zona azul, por haver o rompimento do nexo causal. 
Segundo entendimento assente da doutrina, para configurar a responsabilidade civil do Estado, com fulcro na responsabilidade objetiva, fundada na teoria do risco administrativo, faz-se necessário comprovar o evento danoso, a condutado do agente público e o nexo causal entre a conduta do agente público e o dano causado. Desse modo, uma vez rompido o nexo causa, não há falar em responsabilidade civil do Estado. Por outro lado, caso o conduta do agente não tenha sido a causa única para o evento danoso, haverá a redução proporcional da indenização devida.
Segundo entendimento jurisprudencial e doutrinário firme, tanto o caso fortuito, a força maior, a culpa exclusiva da vítima ou de terceiro são causas excludentes de responsabilidade.
Há consenso doutrinário e jurisprudencial na linha de que o Estado (em sentido amplo) não pode ser tido como uma espécie de segurador universal. De tal maneira, é descabida a pretensão de buscar reparação civil, em face do ente público, por conta de todo e qualquer ilícito penal cometido em seu território. A omissão que legitima tal responsabilização é aquela em que se verifica a falha em um dever jurídico específico de evitar o resultado danoso. Assim, não é toda e qualquer omissão (genérica) que possibilita o pagamento de soma indenizatória, a cargo do Estado.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Vejamos: “segundo alguns autores, o Estado só responde se o dano decorrer de ato antijurídico, o que deve ser entendido em seus devidos termos. Ato antijurídico não pode ser entendido, para esse fim, como ato ilícito, pois é evidente que a licitude ou ilicitude do ato é irrelevante para fins de responsabilidade objetiva; caso contrário, danos decorrentes de obra pública, por exemplo, ainda que licitamente realizada, não seriam indenizados pelo Estado. Somente se pode aceitar como pressuposto da responsabilidade objetiva a prática de ato antijurídico se este, mesmo sendo lícito, for entendidocomo ato causador de dano anormal e específico a determinadas pessoas, rompendo o princípio da igualdade de todos perante os encargos sociais. Por outras palavras, ato antijurídico, para fins de responsabilidade objetiva do Estado, é o ato ilícito e o ato lícito que cause danos anormal e específico".
A responsabilidade civil da agência reguladora (autarquia em regime especial) está regulamentada no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, que prevê a responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas de direito público pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. Agência reguladora possui personalidade jurídica própria.
A responsabilidade do empregado da agência reguladora é subjetiva e somente será apurada em eventual ação de regresso.
A responsabilidade será objetiva da agência reguladora. Ademais, não há subordinado entre a agência reguladora e o ente estatal a que estiver vinculada, havendo apenas o denominado "controle finalístico".
A responsabilidade civil das empresas prestadoras de serviço público não depende da comprovação de elementos subjetivos ou ilicitude, baseando-se somente na conduta do agente, dano e nexo de causalidade. Frise-se que a responsabilidade também será objetiva ainda que as vítimas não sejam usuárias do serviço público
Para saber como é caracterizada a responsabilidade civil das empresas estatais, é necessário averiguar a sua função, qual seja: prestadoras de serviço público ou exploradoras de atividade econômica. 
Prestadoras de serviço público: responsabilidade objetiva.
Exploradoras de atividade econômica: responsabilidade subjetiva.
A responsabilidade civil objetiva do Estado, insculpida no art. 37, §6º da CRFB/88 abrange as seguintes pessoas:
1. Pessoas Jurídicas de Direito Público: administração direta, autarquias e fundações de direito público - independentemente das atividades que exerçam;
2. Pessoas Jurídicas de Direito Privado integrantes da Administração - prestadoras de serviços públicos (empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas com personalidade jurídica de direito privado, sempre que prestarem serviços públicos);
3. Pessoas Jurídicas de Direito Privado, não integrantes da administração pública, delegatárias de serviços públicos (concessionárias, permissionárias e detentoras de autorização de serviços públicos).
Importante frisar que, não submetem-se à norma do art. 37, §6º (responsabilidade objetiva), as empresas públicas e as sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica em sentido estrito. Estas entidades respondem pelos danos que seus agentes causarem a terceiros (responsabilidade extracontratual) obedecendo as mesmas regras de direito privado aplicáveis às pessoas jurídicas privadas em geral.
CAUSAS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO:
Caso fortuito;
Força maior;
Culpa exclusiva da vítima;
Culpa de terceiro: causa excludente do nexo causal ocorre quando o dano é causado por fato de terceiro que não possui vínculo jurídico com o Estado. Ex.: o Estado não pode ser responsabilizado, em regra, por crimes ocorridos em seu território; as concessionárias de serviços públicos de transporte não são responsáveis por danos ocasionados por roubo no interior de seus veículos ou arremesso de pedras por terceiros contra os passageiros."
CAUSA ATENUANTE DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO:
Culpa concorrente da vítima.
Responsabilidade integral da administração
Dano Nuclear;
Dano Ambiental;
Terrorismo.
Pode ocorrer, também, a responsabilidade civil do Estado no caso de edição das chamadas leis de efeitos concretos, assim consideradas aquelas que não possuem caráter normativo, que não são dotadas de generalidade, impessoalidade e abstração. São leis apenas em sentido formal (pois oriundas do Poder Legislativo), que possuem destinatários certos, determinados. Materialmente, elas são análogas aos atos administrativos individuais, com destinatários determinados e efeitos concretos.
Uma lei de efeitos concretos, desde que sua aplicação acarrete danos ao particular, pode gerar responsabilidade extracontratual para o Estado, possibilita que o indivíduo pleiteie o reconhecimento do direito à reparação dos prejuízos por ela causados. 
Para se configurar a responsabilidade civil do Estado, é preciso que haja os seguintes elementos: conduta, dano e nexo causal entre a conduta e o dano. 
No Brasil, adota-se a teoria do dano direto e imediato, de forma que o dever de reparar só ocorrer quando o dano é efeito necessário de determinada causa.
De fato, em tendo havido o vazamento de informações sigilosas ou pessoais, as quais se encontravam de posse da Administração, e daí decorrendo danos a particulares, caracterizada estaria a responsabilidade civil da Administração Pública, em virtude da existência de nexo de causalidade entre os prejuízos experimentados pelas vítimas e a conduta imputável ao Estado, consistente está na falha do dever de guarda de tais informações que se encontravam sob sigilo.
A omissão própria se dá quando um agente estatal tinha um dever específico de, em um caso concreto, praticar determinado ato e, ao não fazê-lo, acaba por causar um dano. Em contrapartida, a omissão imprópria, tal como definida por Marçal Justen Filho, consiste no descumprimento de um dever abstrato, ocorrendo muitas vezes mesmo sem o conhecimento dos agentes estatais do risco da ocorrência do evento danoso (FVG-Rio).
E nos casos de omissão própria (há um dever de agir pelo Estado), a situação da omissão assemelha-se à da comissão (agir). Assim, deixar de atuar quando a lei exige é o mesmo que agir quando a lei proíbe, devendo a responsabilidade, portanto, ser OBJETIVA. 
Todas as informações lançadas neste item estão em consonância ao que ensina a melhor doutrina. Sobre o tema, Celso Antônio Bandeira de Mello (Curso de Direito Administrativo, 30ª edição, 2013, p. 1.039) ressalta a necessidade de o dano, para ser indenizável, apresentar duas características, quais sejam: especialidade e anormalidade. E foram exatamente estes os dois aspectos aqui abordados na questão. Eis as lições do referido mestre: “Dano especial é aquele que onera a situação particular de um ou alguns indivíduos, não sendo, pois, um prejuízo genérico, disseminado pela Sociedade.
Corresponde a um agravo que incide especificamente sobre certo ou certos indivíduos, e não sobre a coletividade ou genérica e abstrata categoria de pessoas. (...) Dano anormal é aquele que supera os meros agravos patrimoniais pequenos e inerentes às condições de convívio social.”
1.) Policial Militar DE FOLGA que, ao descobrir que sua esposa é adultera, efetua disparos de arma de fogo (sendo ou não arma da corporação) contra ela, que vem a falecer. Nesse caso, NÃO há responsabilidade do Estado, pois o Policial não estava exercendo a sua função no momento dos fatos.
2.) Policial Militar DE FOLGA que, ao reagir a um assalto, efetua disparos de arma de fogo contra um bandido e, por erro, atinge João, pedestre inocente, que nada tinha a ver com os fatos......Observe que, nessa hipótese, o Policial agiu em defesa da sociedade, ou seja, estava exercendo sua função, logo, há um nexo de causalidade, qual seja, AGIR EM NOME DO ESTADO em defesa da sociedade. Aqui, há responsabilidade objetiva do Estado.
OBS: ficar de olho se o Agente Público está ou não exercendo sua função, ainda que de folga.
Responsabilidade objetiva é somente para atos comissivos, atos omissivos enseja responsabilidade subjetiva, ou seja, tem que provar a culpa ou o dolo.
Responsabilidade Subjetiva
Teoria da responsabilidade subjetiva do Estado: O Estado só poderia ser responsabilizado se houvesse a comprovação dos seguintes elementos cumulativamente: conduta; dano; nexo causal entre a conduta e o dano; a culpa ou o dolo do agente. 
A responsabilidade civil do agente público, pessoa física, é de índole subjetiva, admitindo-se sua configuração mediante dolo ou culpa, e não apenas o dolo.
As pessoas jurídicas de direito privado que prestarem serviço público responderão pelos danos que os seus agentescausarem a terceiros. Nesse caso, a responsabilidade será baseada na teoria objetiva. Contudo, quando tais pessoas jurídicas prestarem outras atividades, como a atividade econômica estarão sujeitas apenas à responsabilidade subjetiva.
A Teoria Civilista, também conhecida como Teoria da Responsabilidade Subjetiva, tem como fundamento a intenção do agente público, necessitando da comprovação de alguns elementos: a conduta do Estado, o dano, o nexo de causalidade e o elemento subjetivo (a culpa ou o dolo do agente).
"Nos casos em que o dano decorre de uma omissão administrativa, a responsabilidade civil do Estado é subjetiva, fundada na teoria da "falta de serviço", impondo à parte ofendida a demonstração de que o dano é consequência direta da culpa no mau funcionamento ou inexistência de um serviço afeto à Administração Pública." (Acórdão 1132683, unânime, Relator: ROBERTO FREITAS, 1ª Turma Cível, data de julgamento: 24/10/2018).
Responsabilidade Extracontratual 
A responsabilidade civil do Estado por danos de natureza extracontratual é da modalidade objetiva, baseada na teoria do risco administrativo e está prevista no art. 37, § 6º, da Constituição Federal.
Em primeiro lugar, pode-se dizer, que a responsabilidade extracontratual do Estado se refere a obrigação de reparar danos causados a terceiros em virtude de comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos.
A responsabilidade extracontratual do Estado não possui os mesmos princípios da responsabilidade contratual.
A responsabilidade contratual pode ser entendida como a responsabilidade advinda dos contratos que são celebrados pela Administração Pública, nos casos em que houver o descumprimento de determinada cláusula, cabendo ao Estado reparar o dano causado.
A responsabilização do Estado por danos materiais abrange os danos emergentes e os lucros cessantes.
Na responsabilidade civil, incide a reparação dano, dessa forma, o Estado pode ser condenado a promover a publicação de notícias com o objetivo de desfazer as implicações negativas.
A assertiva menciona a hipótese em que o Estado tenha atribuído a execução da obra pública a um empreiteiro através de contrato administrativo, sendo que o dano é causado por má execução da obra. Segundo José dos Santos Carvalho Filho1, "a solução será a de atribuir-se ao empreiteiro a responsabilidade subjetiva comum de direito privado, sabido que cumpre o contrato por sua conta e risco. A ação deve ser movida, no caso, somente contra o empreiteiro, sem a participação do Estado no processo. A responsabilidade do Estado é subsidiária, isto é, só estará configurada se o executor não lograr reparar os prejuízos que causou ao prejudicado".
O Direito positivo brasileiro adota as seguintes teorias publicistas da responsabilidade extracontratual do Estado:
Ato comissivo: Aplica-se a teoria do risco administrativo, em que a responsabilidade do Estado é objetiva (culpa presumida), mas não integral (admite causas excludentes e atenuantes da responsabilidade). Assim, não se pode afirmar que a responsabilidade está restrita aos danos causados com culpa e dolo.
Ato omissivo: Aplica-se a teoria da culpa administrativa ou culpa do serviço público ou do acidente administrativo, em que há responsabilidade subjetiva por omissão do poder público ('faute de service').
Dano nuclear: teoria do risco integral ou da responsabilidade objetiva.
Acerca da responsabilidade por atos legislativos e jurisdicionais temos que:
Atos legislativos: irresponsabilidade, salvo edição de leis inconstitucionais e/ou leis de efeitos concretos.
Atos jurisdicionais: irresponsabilidade, salvo erro judiciário.
Ação de regresso
Conforme indicado por Carvalho Filho (2020) o direito de regresso é assegurado ao Estado de dirigir a sua pretensão indenizatória ao agente responsável pelo dano, quando agiu com dolo ou culpa.
Com o direito de regresso o Estado será ressarcido dos prejuízos causados pelo agente responsável pelo dano, nos casos em que o agente agiu com dolo ou culpa.
Vale ressaltar, no entanto, que, se o Estado for condenado e pagar a indenização à vítima, ele tem o dever de cobrar de volta do tabelião ou registrador o valor que pagou.
Se o Estado não ajuizar a ação de regresso, os agentes públicos responsáveis por isso (exs: Governador, Procurador-Geral do Estado, Secretário de Fazenda, a depender do caso concreto e da organização administrativa do ente) poderão responder por ato de improbidade administrativa.
O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa.
STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2019 (repercussão geral) (Info 932).
Responsabilizado o Estado por ato culposo de servidor público, surge para Administração o direito de regresso a partir da sentença condenatória. Entretanto, ao contrário do que afirma a assertiva, a pretensão de ressarcimento não é imprescritível.
Todavia, em data mais recente, o STF reafirmou que as ações de ressarcimento ao erário envolvendo atos de improbidade administrativa são imprescritíveis. No entanto, o Tribunal fez uma “exigência” a mais que não está explícita no art. 37, § 5º da CF/88. O Supremo afirmou que somente são imprescritíveis as ações de ressarcimento envolvendo atos de improbidade administrativa praticados DOLOSAMENTE.
Uma vez que há divergência doutrinária e jurisprudencial em relação ao prazo prescricional para propor a Ação indenizatória em face do Estado. De acordo com o Código Civil de 2002, mais precisamente, o art. 206, §3º, V, o prazo é de três anos. Entretanto, "para fins de provas de concursos, melhor seguir o entendimento de que o prazo prescricional é de 5 anos, com base em lei específica, por ser o entendimento jurisprudencial mais aceito" (CARVALHO, 2015). 
Inexiste a necessidade de que a própria norma contemple, em seu teor, eventual previsão de pagamento de indenização. Trata-se de exigência de todo descabida, não agasalhada pela doutrina e pela jurisprudência. Com efeito, uma vez presente o dano derivado de situações acima descritas (leis inconstitucionais, leis de efeitos concretos e omissões legislativas inconstitucionais), restará caracterizada a responsabilidade civil estatal.
Em relação ao poder concedente (Estado, em sentido amplo), o entendimento tranquilo da doutrina e da jurisprudência é na linha de que a responsabilidade é de índole subsidiária, vale dizer, o ente público, que delega a prestação do serviço, somente poderá ser acionado acaso o concessionário não disponha de patrimônio suficiente para arcar integralmente com a indenização devida.
Na linha do exposto, da jurisprudência do STJ, confira-se:
"RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. PODER CONCEDENTE. CABIMENTO. PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. 1. Há responsabilidade subsidiária do Poder Concedente, em situações em que o concessionário não possuir meios de arcar com a indenização pelos prejuízos a que deu causa. Precedentes. 2. No que tange à alegada ofensa ao art. 1º, do Decreto 20.910/32, mostra-se improcedente a tese de contagem da prescrição desde o evento danoso, vez que os autos revelam que a demanda foi originalmente intentada em face da empresa concessionária do serviço público, no tempo e no modo devidos, sendo que a pretensão de responsabilidade subsidiária do Estado somente surgira no momento em que a referida empresa tornou-se insolvente para a recomposição do dano. 3. Em apreço ao princípio da actio nata que informa o regime jurídico da prescrição (art. 189, do CC), há de se reconhecer que o termo a quo do lapso prescricional somente teve início no momento em que se configurou o fato gerador da responsabilidade subsidiária do Poder Concedente, in casu, a falência da empresa concessionária, sob pena de esvaziamento da garantia de responsabilidade civil do Estado nos casos de incapacidade econômicadas empresas delegatárias de serviço público. 4. Recurso especial não provido." (RESP  1135927 2009.00.73229-6, rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, DJE DATA:19/08/2010).
Não é uma faculdade do Estado buscar o direito de regresso é um dever. “(...) O que é preciso é que as Procuradorias dos órgãos públicos se compenetrem de que devem aforar a competente ação regressiva contra o agente público que agiu com dolo ou culpa (CF, art. 37, § 6º)" (STF, Agrado de Instrumento nº 167.659-1, Rel. Min. Carlos Velloso).
A teoria do risco integral não admite causas excludentes de responsabilidade. Exemplo: danos nucleares.
Segundo Alexandrino e Paulo (2017) a doutrina costumava defender que todas as ações judiciais de ressarcimento ao erário seriam imprescritíveis com base no artigo 37, §5º, da CF/88. Algumas decisões do STF confirmavam esse entendimento.
Entretanto com base em decisões recentes e no julgado citado acima RE 990010 ED-AgR de 2019, o STF entendeu que a parte final do §5º do artigo 37, da CF/88 não pode ser interpretada como regra de imprescritibilidade que seja aplicável a ações de ressarcimento ao erário no que se refere a prejuízos ocasionados por todo e qualquer ilícito.
As ações judiciais de ressarcimento de prejuízos ao erário causados por ilícitos civis comuns, que não forem considerados atos de improbidade administrativa, estão sujeitas a prescrição indicada no artigo 206, § 3º, V, do Código Civil de 2002, que estabelece que prescreve em três anos a “pretensão de reparação civil".
Não é necessária a identificação do agente estatal causador dos danos. Pelo contrário, o STF possui entendimento firmado na linha de que referido agente responde apenas perante o próprio Estado, em sua ação regressiva, à luz da teoria da dupla garantia. Na linha do exposto, confira-se: dispositivo constitucional consagra, ainda, dupla garantia: uma, em favor do particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público, ou de direito privado que preste serviço público, dado que bem maior, praticamente certa, a possibilidade de pagamento do dano objetivamente sofrido. Outra garantia, no entanto, em prol do servidor estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional se vincular. 
A prescrição da pretensão de responsabilidade civil por danos extracontratuais em face do Estado prescreve no prazo de 3 (três) anos, conforme entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça. - Para o STJ a prescrição em face do Estado é de 5 anos (Decreto 20910/1932), todavia, quando o direito de ressarcimento couber à Fazenda Pública, será de 3 anos se derivado de ato ilícito e imprescritível se derivar de improbidade.
No livro do Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (16ª edição), em nota de rodapé, tem claro que "A Lei 4.619/65 explicita que o direito de ajuizar a ação regressiva nasce com o trânsito em julgado da decisão que condenar a pessoa jurídica administrativa a indenizar. Nos termos dessa lei, o ajuizamento da ação regressiva é OBRIGATÓRIO, e deve dar-se no prazo de 60 dias a partir da data em que transitar em julgado a condenação imposta à Administração Pública. Essas disposições da Lei nº 4.619/65, segundo o entendimento de nossa doutrina, a nosso ver majoritário, foram recepcionadas pela CF/88, estando, portanto, em pleno vigor."
Jurisprudência
A responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, devendo ser comprovados a negligência na atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade.
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. ALEGAÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284/STF. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.OMISSÃO. NEXO DE CAUSALIDADE. DANOS MORAIS E MATERIAIS. REEXAME DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
1. A alegação genérica de violação do artigo 535 do Código de Processo Civil, sem explicitar os pontos em que teria sido omisso o acórdão recorrido, atrai a aplicação do disposto na Súmula 284/STF.
2. Nos termos da jurisprudência do STJ, a responsabilidade civil do estado por condutas omissivas é subjetiva, sendo necessário, dessa forma, comprovar a negligência na atuação estatal, o dano e o nexo causal entre ambos.
3. O Tribunal de origem, com base no conjunto fático probatório dos autos, expressamente consignou que "restou evidente o nexo de causalidade entre a omissão do ente municipal e o evento danoso".
4. Dessa forma, não há como modificar a premissa fática, pois para tal é indispensável o reexame do contexto fático-probatório dos autos, o que é vedado por esta Corte, pelo óbice da Súmula 7/STJ. 
Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 501507/RJ,Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,Julgado em 27/05/2014,DJE 02/06/2014).
O Estado não responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema penitenciário, salvo quando os danos decorrem direta ou imediatamente do ato de fuga.
PROCESSO CIVIL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ART. 535, II, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA 284/STF. DISSENSO PRETORIANO NÃO COMPROVADO. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. NEXO DE CAUSALIDADE.SÚMULA 126/STJ.
1. Não se conhece do recurso por violação do art. 535, II, do CPC quando a recorrente se limita a transcrever os embargos de declaração e afirmar que as questões ali apontadas como omissas deveriam ter sido examinadas. Deficiência de fundamentação. Incidência da Súmula 284/STF.
2. O nexo de causalidade e, portanto, a responsabilidade civil do Estado foi exclusa, no acórdão recorrido, com base nas peculiaridades existentes no caso concreto como o lapso temporal entre a conduta criminosa e a fuga do presidiário e também a distância entre o local do ato e o estabelecimento prisional. Esses elementos reforçam a inexistência da divergência pretoriana, ante a ausência de similitude fática entre os julgados confrontados.
3. O STJ apenas tem reconhecido a responsabilidade civil estatal por omissão, quando a deficiência do serviço tenha sido a causa direta e imediata do ato ilícito praticado pelo foragido, situação não constatada nos autos.
4. Apesar de haver fundamentação fulcrada no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, não foi apresentado pela agravante recurso extraordinário, o que reclama a aplicação do óbice da Súmula 126/STJ.
5. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 173291/PR,Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA,Julgado em 07/08/2012,DJE 21/08/2012).
Nas ações de responsabilidade civil do Estado, é desnecessária a denunciação da lide ao suposto agente público causador do ato lesivo.
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA.ACIDENTE DE TRÂNSITO EM RODOVIA FEDERAL. BURACO NA PISTA. AUSÊNCIA DE SINALIZAÇÃO. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. DESNECESSIDADE.
1. O STJ entendimento de não ser obrigatória a denunciação à lide de empresa contratada pela administração para prestar serviço de conservação de rodovias, nas ações de indenização baseadas na responsabilidade civil objetiva do Estado.
2. Agravo Regimental não provido.
(AgRg no AREsp 534613/SC,Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,Julgado em 18/12/2014,DJE 02/02/2015).
STJ, AgInt no REsp 1658378 / PB. 
"ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. ANIMAL NA PISTA. DEVER DE VIGILÂNCIA. OMISSÃO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. ACÓRDÃO RECORRIDO EM DISSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTO DESTA CORTE. SENTENÇA CONDENATÓRIA RESTABELECIDA. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. 
(...) a responsabilidade civil do Estado por omissão, havendo nexo causal entre o acidente e a conduta estatal, consubstanciada no dever de fiscalizar as rodovias e de impedir que animais fiquem soltos em suas imediações e invadam a pista" (AgInt no REsp 1658378 / PB AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL 2017/0049156-5, Min. Assusete Magalhães, Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA, Data do Julgamento: 27/08/2019, Data da Publicação: DJe 02/09/2019). 
Uma vez que o Município tem o dever de fiscalizar as rodovias e de impedir que animais fiquem soltos em suasimediações e invadam a pista - responsabilidade civil do Estado por omissão, nos termos do RE 2017/0049156-5, do STJ. 
Informativo 557, o STF termina por vez com a diferenciação antes adotada, uma vez que a própria CF, assim não o fez. Tanto para o usuário, como ao não usuário, a responsabilidade será objetiva.
Súmula nº 187 do STF: "A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva".
SÚM. 362 DO STJ: "A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento."
SÚM. 54 DO STJ: "Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual."
CCB, Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou
Portanto, em caso de indenização por danos morais (responsabilidade extracontratual, a correção monetária incide desde a data do arbitramento, e os juros moratórios, a partir do evento danoso.
Teoria da Imputação Normativa
no âmbito da responsabilidade civil do Estado, e mais precisamente no que tange aos danos causados por condutas omissivas, ainda prevalece o entendimento, tanto na doutrina quanto na jurisprudência, segundo o qual a teoria a ser adotada, nesses casos, é de índole subjetiva, isto é, deve-se analisar o elemento subjetivo (dolo ou culpa), em ordem a caracterizar, ou não, o dever indenizatório por parte do ente público.
Tal postura doutrinária e jurisprudencial, todavia, vem sendo questionada e combatida pelos que adotam a teoria da imputação normativa (ou da imputação objetiva, como também é conhecida). À luz dessa corrente de pensamento, o nexo causal não deve se limitar ao exame dos fatos da natureza, vale dizer, da típica relação de causa e efeito existente no que denominam como “mundo fenomênico”. Articula-se que o essencial, a rigor, consiste em aferir, objetivamente, se havia, no caso concreto, o dever jurídico de evitar o resultado danoso. Em outras palavras, o que importa, para essa corrente, é verificar qual seria o comportamento juridicamente exigível por parte do Poder Público, ou de quem lhe esteja fazendo as vezes, caso se trate de delegatário de serviço público. Se for exigível, diante do caso concreto, a adoção de comportamento capaz de evitar o dano, haverá responsabilidade do Estado, porque assim lhe imputou o ordenamento jurídico, objetivamente, no art. 37, §6º, da CF/88. Adiciona-se, ainda, que tal dispositivo constitucional, ao estabelecer a regra da responsabilidade objetiva do Estado, não fez qualquer distinção entre condutas comissivas ou omissivas, de modo que não seria dado ao intérprete distinguir se a norma não o fez.
Para melhor ilustrar em que consiste a teoria da imputação normativa, em sede de responsabilidade patrimonial do Estado, ofereço o seguinte trecho de sentença prolatada pela 3ª Vara de Fazenda Pública de São Paulo, nos autos do Processo nº: 0015619-93.2009.8.26.0053, em caso envolvendo o homicídio de Delegado de Polícia, durante rebelião na cadeia de Jaboaticabal/SP.
Confira-se:
“(...)E a mesma solução apesar das divergências na doutrina e na jurisprudência deve aplicar-se ao comportamento omissivo do Estado.
Como afirma Juarez Freitas:
‘(...) não dimana do art. 37, § 6º, da CF nenhuma rigidez dicotômica, no regime da responsabilidade do Estado, no tocante às condutas omissivas ou comissivas dos agentes públicos 'lato sensu' (...)’1, e neste sentido igualmente se pronuncia Weida Zancaner2.
Acedo ao entendimento de que a norma constitucional, ao prescrever a dispensa do elemento subjetivo pelos danos causados a terceiros, não se refere à ação, mas sim à capacidade do ato ou do fato, da Administração Pública Direta e Indireta, do Estado em geral, e de quem faça as suas vezes, de ser a causa adequada do efeito danoso segundo a imputação normativa (na ação), ou simplesmente, a despeito da ausência da causa, existir a imputação normativa (na omissão).
A norma constitucional não poderia nunca reger a causa do plano apofântico (leis naturais); disciplina apenas a imputação normativa. Seja a razão jurídica um comportamento comissivo (ação) ou um comportamento omissivo. Pois a prescrição constitucional, insisto, representa a imputação normativa que tanto se refere à ação (independentemente de culpa) quanto à omissão (enquanto dever jurídico de evitar o resultado, igualmente independentemente de culpa). A opção é normativa. É a norma constitucional, e fruto do Poder Constituinte originário quem imputou de tal forma.
Quanto à omissão, o que importa é reconhecer um comportamento qualificado como dever jurídico de impedir o resultado, isto é, o que é imputado normativamente porque, recordo, não há nexo causal (relação causal no mundo fenomênico) entre o evento e a inércia do agente.”
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