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Categorias as históricas e a práxis Da identidade: a interpretação da etnicidade na arqueologia histórica. Siân Jones Siân Jones é uma estudiosa interdisciplinar, com especialidade em patrimônio cultural. É professora de patrimônio na Universidade de Stirling. Em seu artigo intitulado “Categorias as históricas e a práxis Da identidade: a interpretação da etnicidade na arqueologia histórica” ela explora a alguns dos problemas surgidos de tal abordagem no contexto de recentes debates sobre o valor e uso das evidências históricas e arqueológicas. É sugerida uma nova abordagem que afirmam que tentativas de buscar os correlatos arqueológicos de grupos étnicos historicamente conhecidos são inúteis, não somente porque elas frequentemente ignoram a natureza situada e subjetiva das fontes históricas, mas também porque desconsideram diferenças qualitativas na manifestação da etnicidade nas fontes escritas e na cultura material. o reconhecimento dessas diferenças qualitativas é essencial para o desenvolvimento de uma estrutura analítica para análise da etnicidade na qual tanto evidências arqueológicas como documentais são “vistas como iguais e potencialmente opondo elementos no processo dialético de conhecimento”. Ela vai dizer que a primeira concepção de identidade vai ser no sujeito do iluminismo. Esse sujeito do iluminismo estava baseado numa concepção da pessoa humana como um indivíduo totalmente centrado, unificado, dotado das capacidades de razão, de consciência e de ação, cujo “centro” consistia num núcleo interior, que emergia pela primeira vez quando o sujeito nascia e com ele se desenvolvia, ainda que permanecendo essencialmente o mesmo. No histórico culturalismo a cultura material nesse período era pensada como reflexo da cultura, dentro dessa perspectiva pensava-se que se fizesse uma leitura desse espelho (cultura material) poderíamos ler a cultura e a identidade étnica. Dentro dessa perspectiva e com a atuação do histórico culturalismo no Brasil se percebe que se acreditava que era possível atribuir etnicidade aos grupos que estavam sendo estudados a partir dos vestígios materiais. A partir dessas ideais que a arqueologia passou a deferir as tradições, as sub tradições, as fases e os estilos. Um dos principais elementos que foram utilizados para essa classificação de identidade étnica pela arqueologia foi a cerâmica, que vem sendo utilizada até hoje como sendo elementos chave para essa identificação. Existem alguns termos que são utilizados, como é o caso dos marcadores culturais que são correlatos materiais que são utilizados para atribuição dessas identidades do passado. Sendo construídas de uma atribuição étnica numa hipótese onde as fontes históricas a partir essas categorias étnicas são associadas diretamente a cultura material através da associação dessas fontes com achados em ambientes parecidas com aquelas descritas nos textos históricos. A arqueologia vai fazer uso do acesso a etnicidade pensando na reflexão dos povos sobre suas próprias identidades e atribuindo status de etnicidade a determinados tipos de sítios e regiões A autora começa a problematizar a forma que a arqueologia atribuía essa identidade, apontado três pontos de suposições que demonstram a circularidade do processo da interpretação da etnicidade nesse caso especialmente na arqueologia histórica. No primeiro ponto ela aponta que essa circularidade desse processo de interpretação da etnicidade passa por um determinado princípio e acaba voltando para o mesmo antecedente. Ela diz que existe um precedente muito utilizado na arqueologia, porém que acaba sendo uma falácia, sendo as fontes históricas que podem ser tomadas como afirmações diretas e válidas com relação a etnicidade. Essa premissa não deveria ser válida na arqueologia visto que a maioria das nossas classificações não contém as impressões do próprio grupo sobre o que eles consideravam sua própria etnicidade, mas sim a atribuição a partir do olhar do outro. O segundo ponto problemático é que existe uma relação fixa entre estilos particulares de cultura material e uma identidade particular. Ela não se sustenta a partir de investigação arqueologia. Os grupos étnicos são entidades homogêneas e radicalmente separadas uma das outras. Essa premissa tem levado as pesquisas arqueológicas a incidirem em erros elementares sendo que esses grupos não são entidade homogêneas e nem radicalmente separadas uma das outras. Ela vai dizer que ao mesmo tempo tanto a discrição que é feita da cultura material quanto a interpretação que é construída a partir do estudo da mesma na arqueologia histórica, caminharam sempre impregnadas de discurso de narrativas identitárias que são na verdade oriundas de fontes escritas. Basicamente ela diz que os escopos investigativos não tem partido de evidencias arqueológicas para construir premissas de pesquisa, sendo construídas a partir das fontes documentais que não tem se quer muitas vezes testado a partir das evidencias arqueológica. Sendo basicamente a utilização da arqueologia como uma fonte complementar a história. É dito que é necessário levar em consideração algumas questões, assim dentro do texto é pontuada três coisa. Informa que a documentação histórica vai fornecer discursos de setores específicos da sociedade, ou seja, que é desconsiderado como as relações de poder são construídas dentro dessas sociedades, como essas relações de poder vão gerar discursos diferentes sobre a mesma situação histórica. O primeiro ponto vai dizer que nem todos os discursos de classes e grupos sociais vão estão presentes na documentação, ou seja, existia uma variabilidade de grupos sociais que não vai estar presente nessas documentações, e com isso se for usada essa fonte como única ou verdadeira sobre as identidades do passado acaba sendo feito uma reprodução de uma ideia criada a partir das relações de poder, onde uma sociedade acaba oprimindo a outra. O segundo ponto é colocado como se trata das reações de poder na maioria das vezes as ideologias dominantes é que vão estar impressas nos documentos históricos, nesse sentido a arqueologia acaba reproduzindo a história dos vencedores. No terceiro ponto ela aponta que é muito importante que se considere o caráter conflitivo das fontes históricas. Para Siân Jones a etnicidade é um processo que vai envolver a construção subjetiva da identidade com base na cultura compartilhada. Na antropologia a etnicidade se dá a partir de dois processos, o primeiro é auto definição e o outro é a definição do outro. A etnicidade na arqueologia acaba tendo uma associação da cultura material na construção da etnicidade, mas a autora vai dizer que existe outros aspectos para essa construção. Nem tudo que envolve a cultura material em um certo contexto necessariamente vai ter haver com a construção das identidades. Basicamente ela quer dizer que nem todo os materiais vão ser capaz de acessar essas etnicidades. Ela diz que apesar dessas dificuldades existe uma proposta de se pensar nesses aspectos materiais que vão constituir a etnicidade a partir da teoria da prática de Pierre Bourdieu (1977) sobre o habitus. O habitus de Bourdieu argumenta que os povos possuem algumas disposições duráveis e frequentemente subliminais, relativas e certas percepções e práticas (tais como aquelas relativas à de visão sexual do trabalho, moralidade, gostos e assim por diante). Ele vai dizer que essas disposições ao logo da pratica social dessas pessoas vão se tornar em certo momento um sentido individual. Essas disposições são geradas por condições, compondo um ambiente social particular. Essa construção de etnicidade também se dá na pratica social. Necessariamente para o estudo da construção dessa etnicidade é preciso observar efetivamente como se davam os contatos e interações social,que se dão também por interesses políticos e econômicos. Para Pierre Bourdieu o habitus é construído a partir das práticas sociais, no entanto essa vida social não se dá do nada, vai ser constantemente transformadas, ou seja, o mesmo objeto pode possuir várias atribuições, dependendo da estrutura social e a temporalidade que estão inseridas. Desconsideramos a mudança constante desse habiuts e essa construção dessa vida social. Essas identidades se dão a partir do compartilhamentodo mesmo, no entanto nesse processo de construção da etnogêneses os elementos que podem ser repassados para a cultura material só acontecem de forma tardia. Ela conclui que buscar correlatos de grupos étnicos que historicamente conhecidos é inútil, sendo preciso prestar atenção nessa natureza situada e subjetiva dessas fontes e que muitas vezes nessa busca de correlatos materiais para atribuição de grupos étnicos acaba desconsiderando diferenças qualitativas na manifestação da etnicidade nas fontes escritas e na cultura material. Apesar da dificuldade Siân Jones aponta que a partir dessas teorias socias há uma maior facilidade para se entender essas etnicidades.
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