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TORCHS Febrasgo 2018 + Sanar 2021 + Medcurso 2021 TOXOPLASMOSE O Toxoplasma gondii é um parasita intracelular obrigatório que existe em 3 formas: • Oocisto (eliminado apenas nas fezes de gatos), • Taquizoítos (forma infectante da fase aguda da infecção) e • Bradizoítos (forma de crescimento lento observada em cistos teciduais). Na infecção primária, o gato pode eliminar milhares de oocistos diariamente por um período de 1-3 semanas. Estes oocistos podem permanecer infectantes por períodos maiores de 01 ano em ambientes quentes e úmidos. 40-80% da população adulta já foi infectada pelo T. gondii, enquanto a incidência da toxoplasmose aguda durante a gestação chega a 1%. INFECÇÃO MATERNA INFECÇÃO FETAL Resulta da ingestão de oocistos presentes no meio ambiente ou da ingestão de bradizoítos ou taquizoítos presentes em carnes ou produtos derivados. Exemplos de possíveis fontes incluem: • Mãos mal lavadas após manipular jardins ou caixa de areia com fezes de gatos; • Consumo de comida ou água contaminada com oocistos de T. gondii; • Consumo de carne (principalmente de caprinos ou suínos, mas também bovinos ou aves) ou derivados de carne contendo taquizoítos ou bradizoítos viáveis (carnes cruas); • Inalação de poeira contaminada com oocistos; • Via transfusão sanguínea ou transplante de órgão. Resulta de passagem transplacentária e transmissão de parasitas após a infecção primária materna durante a parasitemia. Mulheres infectadas anteriormente à concepção não transmitem a infecção para o feto, com a rara exceção de gestantes imunocomprometidas. Complicações fetais: abortamento, catarata, estrabismo, icterícia, calcificações intracranianas difusas, microcefalia, microftalmia, crescimento intrauterino restrito, hidropisia fetal, surdez e hepatoesplenomegalia. Tríade clássica: coriorretinite, hidrocefalia e calcificações intracranianas. Quanto maior a idade gestacional, maior a probabilidade de infecção, porém menor a gravidade. DIAGNÓSTICO CLÍNICO E SOROLÓGICO MATERNO A maioria das gestantes é assintomática! Apenas 10-20% abrem quadro, os quais são, em geral: rash cutâneo, febre, mialgia e adenomegalia. Diferenciais: Mononucleose, rubéola, sífilis, citomegalovírus, tuberculose e parvovirose. A anamnese na toxoplasmose é pouco fidedigna para determinar o comprometimento passado, recomenda- se que a hipótese dessa doença seja considerada em todos os processos febris ou adenomegálicos da gestante, especialmente se houver história de contato com felinos, manuseio da terra ou carne crua (sem proteção com luva). A triagem pré-natal deve ser realizada pela detecção de anticorpos IgM e IgG na 1ª consulta pré-natal. INTERPRETAÇÃO O rastreio pré-natal de toxoplasmose deve ser realizado pela detecção de anticorpos das classes IgG e IgM na primeira consulta, visto que o diagnóstico é eminentemente laboratorial. Anticorpos IgG surgem em cerca de 2 semanas após a infecção, têm pico máximo em 6-8 semanas e declinam nos dois anos seguintes. Entretanto, permanecem detectáveis por toda a vida. Anticorpos IgM podem surgir já na primeira semana de infecção e geralmente declinam em alguns meses. Entretanto, algumas vezes persistem por anos após a infecção inicial, o que faz com que a presença de IgM não confirme uma infecção aguda (embora sugira). Anticorpos IgA não costumam ser dosados, mas podem ser detectados após 7 dias da infecção e desaparecem cerca de 4 meses após ela. Podem auxiliar no diagnóstico de infecção aguda. IgG e IgM- IgG + e IgM- Paciente suscetível. Novas sorologias a cada 2-3 meses durante a gravidez + no momento do parto. Orientar prevenção primária: evitar contato com fezes de gatos, carnes malcozidas, manuseio de alimentos e terra, água não filtrada, ovos crus e leite integral). Paciente imune/infecção crônica. Pode-se estar diante de uma infecção recente e não há risco de reativação nas pacientes imunocompetentes. IgG e IgM+ IgG - e IgM+ Infecção aguda ou crônica. Realizar Teste de Avidez do IgG: avalia a força de ligação anticorpo-antígeno na mesma amostra de soro na qual foram encontrados os anticorpos positivos. • Baixa avidez: infecção aguda (< 4m). • Alta avidez: infecção crônica (> 4 m). Pacientes com mais de 16 semanas de sorologia positiva para IgM e IgG, o teste de avidez não garantirá que a infecção ocorreu antes da gestação, justificando tratamento nesta situação. Ou alguns autores sugerem repetir a sorologia em 3 semanas, que será considerada positiva se houver elevação de 4x nos títulos de IgG. OBS: surgimento de IgG e IgM+ em uma paciente com anticorpos previamente negativos, deve-se iniciar o tratamento imediatamente com espiramicina e encaminhar a gestante para investigação de infecção fetal. Infecção aguda ou falso-positivo. Realizar Pesquisa de IgA: • Positiva: confirma a infecção aguda (< 4 meses); • Negativa: sugere um IgM falso-positivo. Na prática, poucos serviços dosam IgA, então considera-se infecção aguda para iniciar o tratamento com Espiramicina 1g (3 milhões de UI) de 8/8h, VO, imediatamente, com repetição de sorologia em 3 semanas visando detectar o aparecimento de IgG. Se a IgG permanecer negativa após esse período, suspender a espiramicina e considerar resultado falso-positivo, repetindo a sorologia a cada 3 meses. OBS: É importante ressaltar que os casos de toxoplasmose aguda na gestação deverão ser notificados à vigilância epidemiológica em unidades sentinelas. DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO FETAL Gestante com infecção aguda → encaminhamento para acompanhamento conjunto em serviço de referência para diagnóstico de infecção fetal: • PCR no líquido amniótico a partir de 16 semanas de gestação: identificação do parasita (padrão- ouro). • Cordocentese: identificação de anticorpos IgM (mais riscos e menor sensibilidade). Depois, USG mensal em pacientes com toxoplasmose aguda em busca de complicações fetais, como hidrocefalia, calcificações cerebrais, ascite fetal e alterações de ecotextura hepática e esplênica. A ultrassonografia normal, no entanto, não afasta infecção congênita. TRATAMENTO Infecção materna: • Espiramicina (1g, VO, 8/8h) deve ser prontamente iniciada, antes mesmo da confirmação de infecção fetal, com o objetivo de diminuir o risco de transmissão placentária do parasita; OU • Terapia tríplice se infecção materna > 30ª semana de gestação: Sulfadiazina (1.500 mg VO 12/12h) associada à Pirimetamina (25 mg VO 12/12h) e Ácido Folínico (10 mg/dia) até o fim da gestação. Ocorrência ou suspeita (USG) de infecção fetal: • Terapia tríplice até o fim da gestação no mesmo esquema acima. OBS: • A Pirimetamina deve ser evitada antes de 20 semanas de gestação devido ao efeito teratogênico (classe C). Já o uso de Sulfadiazina no 3º trimestre deve ser monitorado devido à possibilidade de Kernicterus no recém-nascido. Dessa forma, a espiramicina é a medicação a ser mantida nos dois extremos da gravidez (< 20 semanas e > 37 semanas). • Caso o PCR do líquido amniótico seja negativo, está indicada a manutenção da espiramicina até o fim da gestação. Nos locais onde os procedimentos para investigação de acometimento fetal não estiverem disponíveis, deve-se avaliar a possibilidade de utilização do esquema terapêutico supracitado para tratamento fetal. • A reativação da toxoplasmose na gravidez em pacientes imunocompetentes previamente infectadas não é relevante; entretanto, em pacientes imunodeprimidas, deve-se rastrear uma possível reativação solicitando sorologia a cada trimestre. Além disso, como pode haver deficiência na produção de anticorpos, a sua pesquisa pode não refletir o status infeccioso atual e, eventualmente, os resultados divergirem do quadro clínico. RUBÉOLA O vírus da rubéola (RV), da família Togaviridae, é envolto com RNA de cadeia positiva É transmitido por via respiratória e via hematogênica. O período de incubaçãoé de duas a três semanas. O contágio pode acontecer um ou dois dias antes da erupção cutânea e até uma semana após. A reinfecção com rubéola pode ocorrer e foi relatada mesmo após a imunidade induzida por infecção naturalmente adquirida ou por uma dose única da vacina. RV atravessa a barreira placentária quando infecta a gestante e dissemina-se nos tecidos fetais. O efeito do vírus no feto depende do momento de sua infecção. Quanto mais próximo da concepção, maior é o dano produzido. MANIFESTAÇÕES MATERNAS MANIFESTAÇÕES FETAIS Apresenta-se como uma infecção leve ou assintomática em adultos ou crianças: • Sintomas catarrais leves, febre baixa, linfoadenopatia retroauricular, cervical e occipital; • Exantema maculopapular rubeoliforme; • Manchas de Forchheimer. Raramente, resulta em complicações clínicas mais graves como encefalite, artrite e trombocitopenia. Abortamento (principalmente se infecção no início da concepção), óbito fetal ou Síndrome da Rubéola Congênita (SRC): Tríade da SRC: • Cegueira (catarata) + • Surdez + • Cardiopatia congênita. DIAGNÓSTICO Rastreamento de infecção por rubéola não é recomendado de rotina no pré-natal, uma vez que não há tratamento disponível para prevenção de transmissão vertical ou redução da morbidade fetal. Sua realização deve se limitar aos casos de suspeita de infecção ou possível exposição de pacientes imunossuprimidas (transplantadas e HIV positivo). • Infecção materna: sorologia IgG e IgM para rubéola ou cultura positiva em secreções maternas; • Infecção fetal: ✓ Pesquisa do vírus no feto: avaliação do líquido amniótico (coletado por amniocentese) pelo método RT-PCR ou a pesquisa no sangue fetal (coletado por cordocentese) busca a identi- ficação da IgM específica. ✓ Constatação de sinais em USG característicos de SRC: cardiopatias congênitas, microcefalia, alterações cerebrais, CIUR (crescimento intrauterino restrito), além de sinais de infecção grave aguda fetal, comum a várias infecções congênitas, que podemos chamar de “sepsis fetal”, podendo ser constatada por hepatoesplenomegalia, calcificações abdominais, ascite, e até mesmo sinais de hidropsia fetal. TRATAMENTO O tratamento fetal eficaz durante a gestação não existe no presente. A gestante, mediante o diagnóstico de comprometimento fetal pelo vírus, deve ser acompanhada em serviço especializado de Medicina Fetal. PROFILAXIA Vacinação de crianças e mulheres não grávidas em idade fértil: vacina tríplice viral (2 doses: 12 meses e 15 meses). Contraindicada durante a gestação. A orientação pós-vacinação de mulheres em idade fértil é de evitar engravidar por 28 dias após a vacinação, mesmo sabendo-se que o risco de acometimento fetal por vacinação materna é muito baixo. Puérperas que não possuam imunidade contra a rubéola durante o pré-natal devem ser vacinadas. CITOMEGALOVÍRUS Vírus DNA de cadeia dupla, da família Herpesviridae, subfamília Betaherpesvirinae e gênero citomegalovírus. • Reservatório único: próprio homem. • Transmissão: secreções biológicas! Contato sexual (esperma e/ou muco cervical), com sangue infectado, urina, saliva, secreções respiratórias e leite materno. • Transmissão vertical: transplacentária após uma infecção materna primária ou recorrente, mas também pode ocorrer se houver exposição às secreções contaminadas do trato genital inferior (TGI) no momento do parto ou durante a amamentação. • Incubação: 28-60 dias. Após a infecção primária, o CMV pode permanecer latente em células hospedeiras e recorrer, desencadeando nova infecção. Os anticorpos maternos contra CMV não previnem reativação ou reinfecção por uma nova cepa viral, e, portanto, não impedem o risco de infecção congênita. Prevalência de anticorpos para CMV na população adulta varia de 40% a 100%, mudando significativamente por região geográfica, status socioeconômico e etnia. Atualmente é a infecção congênita viral mais comum em todo o mundo. MANIFESTAÇÕES MATERNAS MANIFESTAÇÕES FETAIS A citomegalovirose primária geralmente é assintomática, mas os indivíduos podem experimentar uma síndrome mononucleose-like, com: • Febre, calafrios, mialgia, mal-estar • Leucocitose/linfocitose • Função hepática alterada • Linfadenopatia Principal causa infecciosa de malformação do SNC. Maioria assintomática. Sinais clínicos: icterícia, petéquias, trombocitopenia, miocardite, hidropisia fetal, hepatoesplenomegalia, hepatite, coriorretinite, perda auditiva neurosensorial (PANS), retardo mental. Principais: • Calcificações periventriculares; • Surdez. DIAGNÓSTICO Rastreamento de infecção para CMV não é recomendado de rotina no pré-natal, uma vez que não há tratamento disponível para prevenção de transmissão vertical ou redução da morbidade fetal. Sua realização deve se limitar aos casos de suspeita de infecção ou possível exposição de pacientes imunossuprimidas (transplantadas e HIV positivo). • Infecção materna: sorologia IgG e IgM para CMV, mas atenção! Não se deve rastrear durante o pré- natal. o A presença de IgM-CMV não é útil para sincronizar o início da infecção, pois ele está presente em apenas 75 a 90% das mulheres com infecção aguda e pode permanecer positivo por mais de um ano depois desse primeiro episódio. Além disso esse IgM pode reverter de negativo para positivo em mulheres com reativação ou reinfecção por cepa viral diferente. o Se não houver sorologias IgM/IgG negativas prévias durante o pré-natal que permitam documentar a suscetibilidade e uma posterior soroconversão recente, é difícil ou impossível distinguir entre a infecção primária e a secundária/recorrente. OBS: pode ser realizado Teste de Avidez ao IgG. ✓ Alta avidez: infecção prévia (> 6 meses) ✓ Baixa avidez: infecção primária entre 2-4 meses atrás • Infecção fetal: ✓ Pesquisa do vírus no feto: avaliação do líquido amniótico (coletado por amniocentese) pelo método RT-PCR (maior sensibilidade após 21 semanas) – não é rotina (invasivo e dispensável). ✓ Constatação de sinais em USG característicos (diagnóstico mais comum): calcificações periventriculares; ventriculomegalia cerebral; microcefalia; intestino fetal hiperecogênico; restrição do crescimento fetal; hepatoesplenomegalia; calcificações hepáticas; hiipoplasia cerebelar; pseudocistos periventriculares; grande cisterna magna; anormalidades do LA: polidrâmnio; ascite e/ou derrame pleural; hidropsia fetal e espessamento placentário. TRATAMENTO O tratamento fetal eficaz durante a gestação não existe no presente. A gestante, mediante o diagnóstico de comprometimento fetal pelo vírus, realizar USG seriado a cada 2-4 semanas pode ser útil. Entretanto, um US normal não exclui completamente a possibilidade da doença e do RN desenvolver sequelas em longo prazo. O uso de drogas antivirais para o tratamento de infecções por CMV em adultos imunocompetentes, incluindo mulheres grávidas, não é indicado. As drogas disponíveis e utilizadas em indivíduos imunossuprimidos são: ganciclovir, foscarnet, cidofovir. Esses antivirais estão disponíveis para tratar a doença CMV grave em órgãos-alvo, mas nenhum deles mostrou reduzir a transmissão perinatal ou a gravidade da doença nos RNs. O Ganciclovir é, inclusive, contraindicado na gestação. HERPES Herpes é uma doença de transmissão sexual e contato (genital-genital ou genital-oral), que tem o HSV como agente etiológico. • Incubação: 4 dias. • Transmissão vertical: intraútero, periparto (maioria) ou pós-parto. Após a primoinfecção, o vírus permanece quiescente no sistema nervoso e pode determinar episódios chamados de reativação, os quais também podem ser assintomáticos ou apresentar quadro típico, porém menos intenso e duradouro que o da primo-infecção MANIFESTAÇÕES MATERNAS MANIFESTAÇÕES FETAIS Sintomas constitucionais, tais como: febre, astenia e mialgia. Em seguida lesões genitais: • Pápulas → vesículas → pústulas → úlceras em genitáliaexterna, canal vaginal e/ou colo uterino. • Dor local, desconforto e parestesia. Linfadenopatia e uretrite são outras manifestações frequentes dos quadros sintomáticos. Infecção de pele, olho e boca (45%); Infecção do sistema nervoso central (SNC) – 30%; Infecção disseminada (25%). Menos frequentemente, intraútero: • Micro-oftalmia, • Displasia de retina, • Coriorretinite, • Microcefalia, • Hidranencefalia, • Displasia cútis. DIAGNÓSTICO Rastreamento de infecção para HSV não é recomendado de rotina no pré-natal, uma vez que não há tratamento disponível para prevenção de transmissão vertical ou redução da morbidade fetal. Sua realização deve se limitar aos casos de suspeita de infecção ou possível exposição de pacientes imunossuprimidas (transplantadas e HIV positivo). As gestantes que se apresentam com um primeiro episódio de lesões genitais sugestivas de infecção herpética, sem história prévia de episódios semelhantes, devem ser avaliadas por meio do uso de testes sorológicos, que permitem diferenciar uma real primo-infecção de uma reativação. TRATAMENTO Tratamento supressivo com Aciclovir 400 mg 3x/dia a partir de 36 semanas se: • Primoinfecção ocorreu na gestação; ou • Se recidivas foram frequentes no período gestacional. Controvérsia: o uso de interrupção via cesárea pode ser capaz de reduzir a transmissão vertical e pode ser indicado nas pacientes que apresentarem lesões nas últimas seis semanas e periparto. Algumas evidências, entretanto, sugerem que casos de lesões relacionadas a reativações no periparto não determinam um aumento substancial no risco de transmissão vertical, e não são indicações absolutas de cesariana. SÍFILIS Infecção sexualmente transmissível provocada pela bactéria Treponema pallidum. Transmissão vertical: prevenida se tratada antes das 16 semanas de IG. MANIFESTAÇÕES MATERNAS MANIFESTAÇÕES NA CRIANÇA Maior parte assintomática. Pode haver: • Cancro duro (sífilis primária), • Rash cutâneo, condiloma plano e alopecia (sífilis secundária). Sífilis precoce (< 2 anos): rinite sifílica, placas mucosas, condiloma, pênfigo transmissível, periostite, osteocondrite. Sífilis tardia (> 2 anos): fronte olímpica, nariz em sela, rágades, alterações dentárias, tíbia em sabre, articulação de Clutton , ceratite intersticial. DIAGNÓSTICO Rastreamento: Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR na 1ª consulta e VDRL no 3º trimestre. • Teste rápido: teste treponêmico, já é confirmatório em uma única amostra. Uma vez que a paciente teve sífilis ela irá carregar a positividade do teste treponêmico como uma marca sorológica da doença. • VDRL: teste não treponêmico. Útil para acompanhamento da atividade da doença. Nas fases recentes da doença, o VDRL geralmente apresenta títulos elevados. Na fase latente tardia da doença, a mais comum em gestantes, o VDRL geralmente apresenta títulos baixos (inferiores a 1/8) ou até mesmo negativos. • Cicatriz sorológica será feita a partir da identificação de uma prova treponêmica positiva e uma não treponêmica negativa, apenas se a paciente apresentar história adequada de tratamento. Interpretação do VDRL: • Títulos baixos: inferiores a 1/8. • Em algumas situações, mesmo após tratamento adequado, uma porcentagem das pessoas poderá manter títulos baixos de VDRL como cicatriz sorológica. • Resposta adequada ao tratamento: é considerada a partir da observação de queda de duas ou mais diluições do VDRL em 2-3 meses após o tratamento, reforçando que, quando se trata mulheres com título baixo, a redução da titulação poderá ser lenta. Assim, a manutenção dos títulos pode ser observada mesmo após tratamento adequado. • Deve-se repetir VDRL mensalmente em qualquer pessoa tratada durante a gestação, interpretando como reinfecção a ascensão de duas diluições e falha a queda inadequada em mulheres com títulos maiores que 1/8. VDRL + e Treponêmico – em assintomáticas VDRL + e Treponêmico + Pode ser interpretado como falso positivo. Lembrar que, na fase primária, o VDRL pode ser negativo na doença inicial. Sífilis confirmada, lembrando que qualquer titulação deve ser valorizada durante a gravidez. VDRL - e Treponêmico + em mulheres com tratamento prévio documentado e confirmado VDRL – e Treponêmico + Cicatriz sorológica. Provável sífilis latente indeterminada. TRATAMENTO Sabe-se que o T. pallidum ultrapassa a barreira placentária antes das 16-18 semanas, mas observa-se que não há consequências da infecção fetal ocorrida antes deste período porque não ocorreu, ainda, a resposta inflamatória responsável pelas lesões determinadas pelo agente, o que aponta para a necessidade de se tentar diagnóstico e terapêutica precocemente na gravidez. O tratamento da gestante com penicilina é a única forma efetiva no tratamento do feto. • Sífilis recente (doença primária ou secundária): dose ÚNICA de penicilina benzatina de 2.400.000 UI intramuscular, com a administração de uma ampola em cada glúteo. • Sífilis tardia (doença latente ou terciária): dose de 7.200.000 UI intramuscular, divididas em três aplicações semanais de 2.400.000 UI. ✓ Se houver acometimento de sistema nervoso central, recomenda-se utilização de penicilina cristalina ou procaína, já que a benzatina não tem passagem adequada na barreira hematoliquórica. • Abordagem do parceiro: O parceiro sexual deverá ser sempre convocado pelo serviço de saúde para orientação, avaliação clínica, coleta de sorologia e/ou terapêutica. ✓ Em caso de negativa de comparecimento, poderá ser enviada a receita por meio da gestante, na mesma dose, sempre acompanhada de um pedido de comparecimento ao serviço. ✓ A necessidade de um controle das DSTs em geral e da reinfecção por sífilis exige que se estabeleçam ações direcionadas não só à paciente que está em seguimento, mas também diretamente com o parceiro. Tratamento efetivo para o feto se: • Feito com Penicilina Benzatina, • Adequado para a fase (doses e intervalos), • Iniciado a pelo menos 30 dias do parto, • Avaliado risco de infecção (outras parcerias sexuais, tratamento da parceria, outras relações sexuais desprotegidas), • Queda de VDRL.
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