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RESUMÃO – PPM 1 º BIMESTRE DIARREIA AGUDA Diarreia aguda: Alteração do hábito intestinal com alteração da consistência (fezes amolecidas ou liquidas), acompanhado de aumento da frequência das evacuações (mais de 3x ao dia) e fezes com peso maior de 200g/dia CLASSIFICAÇÃO DURAÇÃO • Aguda < 14 dias • Persistente: de 2 a 4 semanas • Crônica > 4 semanas Obs: a pseudodiarreia é uma eliminação recorrente com peso <200g/dia, sendo um quadro clássico de síndrome do intestino irritável OUTRAS CLASSIFICAÇÕES NÃO INFLAMATÓRIA Fezes aquosas, sem sangue, pus ou muco Ausência de leucócitos e sangue nas fezes Autolimitada INFLAMATÓRIA Fezes com sangue, pus ou muco, febre e dor abdominal Presença de leucócitos e sangue nas fezes Bactérias enteroinvasivas EPIDEMIOLOGIA - Segundo a WHO e Unicef, 2 bilhões de pessoas/ ano - Causa importante de internações - Uma das 5 principais causas de morte pelo mundo - 2ª causa em crianças abaixo de 5 anos - Impacto na saúde TIPOS DE DIARREIA DIARREIA SECRETÓRIA: Está relacionada a hipersecreção de água e eletrólitos pelo enterócito e ação das enterotoxinas bacterianas. DIARREIA OSMÓTICA: Está relacionada ao processo de digestão que determina fisiologicamente a transformação do conteúdo intestinal em material isosmótico. O mesmo pode acontecer pela ingestão de agentes osmoticamente ativos como a lactulose, o manitol, o Sorbitol e os sais de magnésio. Essa diarreia desaparece com o jejum ou a cessação da ingestão de substância agressora. DIARREIA MOTORA Está relacionado a alterações motoras com trânsito intestinal acelerado, como ocorre nas enterocolopatias funcionais ou doenças metabólicas e endócrinas. DIARREIA EXSUDATIVAS / INFLAMATÓRIAS: São enfermidades causadas por lesões da mucosa resultantes de processos inflamatórios ou infiltrativos, que podem levar a perdas de sangue, muco e pus, com aumento do volume e fluidez das fezes DIARREIA DISABSORTIVAS: Está relacionada a deficiências digestivas e lesões parietais do intestino delgado que impedem a correta ingestão ou absorção. Este processo pode causar diarreia com esteatorreia e resíduos alimentares. ETIOLOGIA 90% dos casos de diarreia aguda são causados por infecções, e os outros 10% correspondem a causas como uso de medicamentos, intolerâncias alimentares, uso de elementos osmótico (sorbitol, manitol). DIARREIA AGUDA MEDICAMENTOSA Alguns medicamentos utilizados por pacientes que podem causar diarreia: • Orlistate – medicamento usado para diminuir a absorção de gordura (utilizado para emagrecer) • Metformina: hipoglicemiante oral • Acarbose – hipoglicemiante oral • Prócinéticos • Diuréticos • Antibióticos – efeitos adversos • AINES (anti-inflamatório não esteroidais) • Quimioterápicos FISIOPATOLOGIA Agentes infeciosos, toxinas ou outras substancias nocivas ao estimularem a secreção da fluidos e a motilidade intestinal, acarretam o quadro de diarreia. FISIOLOGIA DO INTESTINO A mucosa intestinal tem a importante função de barreira protetora do corpo humano, já que está em contato permanente com microrganismos. Portanto, a sua integridade funcional é fundamental para manter a proteção contra os microrganismos e quaisquer alterações dessa estrutura pode ocasionar diarreia. O sistema nervoso entérico é uma porção do sistema nervoso composta pelo plexo mioentérico e pelas camadas neuronais da mucosa. O intestino é considerado nosso segundo cérebro pois o sistema nervoso entérico secreta muitos neurotransmissores e substâncias, dentre elas: • Peptídeo intestinal vasoativo (VIP) • Somatostatina • Norepinefrina • Serotonina Cerca de 95% da serotonina produzida no nosso corpo é produzida no intestino. Quando ocorre a deficiência ou hipersecreção de substâncias exócrinas e endócrinas, ocorrerá alterações do trânsito intestinal. MICROBIOTA INTESTINAL A microbiota intestinal é muito variada, com mais de 500 espécies de microrganismos. A nossa microbiota é formada desde o nascimento, e possui enorme influência na nossa situação de saúde. No corpo humano existem 10x mais células bacterianas do que as próprias células do nosso corpo. O organismo possui uma relação de simbiose com as bactérias da microbiota, já que elas são essenciais para a saúde da mucosa intestinal e também para a nossa imunidade. O uso de antibióticos e de IBP alteram toda a composição da microbiota intestinal. Qualquer alteração da microbiota pode levar a diarreia. MOTILIDADE INTESTINAL O intestino é a estrutura mais importante para a absorção da água no organismo. Alterações da motilidade intestinal podem causar problemas como diarreia funcional, diarreia por doença endócrina (hipertireoidismo, VIPoma), síndrome do intestino irritável, além de atrapalhar a absorção de água pelo organismo. FISIOPATOLOGIA POR INFECÇÃO A diarreia por infecção ocorre por lesão direta provocada pelo microrganismo na mucosa intestinal. Os microrganismos produzem toxinas que lesarão a mucosa do intestino e causarão a diarreia. Essas toxinas ativam a adenilato ciclase ou guanilato ciclase e assim estimulam e aumentam a secreção de fluidos pela mucosa intestinal, causando então um desequilíbrio entre a secreção e a absorção dessa mucosa. Em geral, esse microrganismos são de transmissão fecal-oral ou advindos de alimentos contaminados. Exemplo de microrganismos: Salmonella, vibrião da cólera, E. coli SGHIGELLA FLEXNERI / E. COLI Esses microrganismos causam lesão e inflamação da mucosa, comprometendo a absorção intestinal. Isso gera então uma exsudação de sangue e material inflamatório. OBS: as diarreias agudas causadas por vírus e bactérias duram de menos de 7 dias, enquanto aquelas causadas por protozoários duram mais de 7 dias ETIOLOGIA DA DIARREIA INFECCIOSA VIRAL É a principal causa de diarreia infecciosa. Geralmente causada por: • Rotavírus • Norovírus • Adenovírus entérico • Astrovírus São as próprias proteínas virais que atuam como toxinas causando o quadro de diarreia. OBS: o rotavírus é uma causa importante em crianças e idosos, causada por transmissão fecal-oral. Pode causar desidratação, prostração BACTERIANA É segunda principal causa de diarreia infecciosa, geralmente causada por: • Escherichia coli • Campylobacter jejune • Salmonella • Shigella flexneri • Staphylocaccus.aureus • vibrião da cólera • Clostridium difficile. • Yersínia STAPHYLOCOCCUS AUREUS O Staphylococcus aureus se prolifera nos alimentos (presunto, ovos, maionese). Ele produz uma toxina que não causa mudança no sabor ou cheio do alimento, fazendo com que a pessoa não perceba sua presença. A diarreia por esse microrganismo é causada de 1 a 24h após a ingestão com dor abdominal, vômitos e sem febre. É autolimitada e melhora em 1 ou 2 dias. ESCHERICHIA COLI ENTEROTOXIGÊNICA A Escherichia coli enterotoxigênica está relacionada a ingestão de água ou alimento contaminado; possui um período de incubação de 24 a 48h. a diarreia ocorre de 1 a 24h após a ingestão. As toxinas dessa bactérias estimulam a adenilato ciclase ou a guanilato ciclase, causando a diarreia liquida. SHIGELLA FLEXNERI A Shigella possui um quadro um pouco mais grave. É uma contaminação via fecal-oral, com período de incubação de 24 a 48h. apresenta sintomas como febre, diarreia com pus, sangue ou muco e paciente bem prostrado SALMONELLA A Salmonella é uma bactéria que causa a Salmonelose através de alimentos contaminados (ovos e carnes). Possui período de incubação de 8 a 48h. Causa um quadro de diarreia com sangue, pus e muco, febre, dor abdominal e vômitos. O tratamento mais comum é o ciprofloxacino ou levofloxacino de 7 a 14 dias, dependendo do quadro. CAMPYLOBACTER JEJUNI A Campylobacter jejuni também é contraída a partir de água e alimentos contaminados com período de incubação mais longo de 2 a 5 dias e sintomas de diarreia com sangue. É um quadro leve na maioria das pessoas, porém pode se tornar grave em pessoas imunodeprimidas. O tratamento indicado é ciprofloxacinoou azitromicina. YERSÍNIA A Yersínia também está relacionada a ingestão de alimentos contaminados, com período de incubação de 1 a 2 dias. O quadro clinico da Yersínia pode mimetizar uma apendicite. Os sintomas clássicos são diarreia com sangue, muco e pus. Em casos mais graves utiliza-se antibióticos como ceftriaxone e gentamicina. ESCHERICHIA COLI ENTEROHEMORRÁGICA A Escherichia coli enterohemorrágica está associada a ingestão de carne mal cozida, com período de incubação de 4 a 9 dias. Essa bactéria produz toxina que causa inflamação da mucosa. É uma diarreia com sangue, cólicas, vômitos, sem febre. Pode evoluir com síndrome hemolítico urêmica ou purpura trombocitopênica PROTOZOÁRIOS A diarreia causada por protozoários tende a ser mais prolongada, com uma duração maior que 7 dias. ENTAMOEBA HISTOLYTICA A Entamoeba histolytica é transmitida por água ou alimento contaminado. As toxinas dessa bactéria podem causar ulceração, hemorragia e perfuração. Os sintomas incluem diarreia com sangue, febre e dor abdominal. O tratamento inclui tinidazol ou metronidazol associado a iodoquinol ou paramonicina. GIARDIA LAMBLIA A Giardia lamblia está associada a ingestão de água contaminada. É um quadro comum na infância, causando diarreia aquosa. Essa infecção pode se tornar um quadro crônico. DIARREIA DOS VIAJANTES Quando indivíduos oriundos de países desenvolvidos viajam para países subdesenvolvidos, não acostumados com as condições de saneamento básico e higiene, eles acabam contraindo algum tipo de infecção. A transmissão geralmente é feita por água ou alimento contaminado. 80% dos casos são de infecção bacteriana, 25 a 50% são causados pela E. coli enterotoxigênica, mas podem também ser causados por Shigella, Salmonella, Campylobacter, vírus, parasitas e outros RESUMINDO: Mais comum: Vírus Menos comum: Protozoários Mais grave: Bactérias Avaliar procedência do paciente, se origem urbana ou rural, comorbidades, inclusive imunossupressão e HIV. QUADRO CLÍNICO * História detalhada em relação à duração dos sintomas, frequência e características das fezes * Pode ajudar na identificação do patógeno * Fatores de exposição: ocupacionais, residenciais, viagens recentes, animais de estimação, hobbies * História alimentar - consumo de produtos não pasteurizados - carnes e peixes crus ou malcozidos * tempo após exposição do alimento - Após 6 horas: sugestivo de ingestão de toxinas de Staphylococcus aureus ou Bacillus cereus - Após 8 a 16 horas: infecção por Clostridium perfringens - Após 16 horas: resultam de infecção viral ou bacteriana (contaminação alimentar por E. coli enterotoxigêncica ou enterro-hemorrágica * Sintomas sistêmicos: febre, cefaleia, mialgia * Avaliar uso prévio de antibióticos, outras medicações, imunocomprometidos e infecção nosocomial MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA DIARREIA AGUDA • Diarreia aquosa e leve • Diarreia com sangue, pus e muco • Náuseas, vômitos, febre e dor abdominal • Flatulência, tenesmo (vontade constante de evacuar) e distensão abdominal. DIAGNOSTICO O diagnóstico, em geral, é clinico. A maioria dos casos são casos leves, sem a necessidade de avaliação complementar. As indicações para a avaliação complementar incluem: • Casos graves que evoluem com piora • Crianças • Idosos • Imunocomprometidos • Pacientes com comorbidades graves. Além disso, pacientes com febre alta, sangue nas fezes, desidratação, e quando já tenham passado 48h, é necessário solicitar internação e fazer uma pesquisa de diagnostico mais assertivo. EXAMES COMPLEMENTARES • Hemograma, ureia, creatinina, eletrólitos - avalia a infecção, desidratação, distúrbios • Leucócitos fecais (indica processo inflamatório, mas não fecha o diagnóstico) • Coprocultura: identifica qual agente etiológico está causando a infecção, principalmente Shigella, Salmonella, Campilobacter) • Parasitológico de fezes (PPF) – ovos e parasitas (amostras em dias consecutivos, ou intervalo de 24h) • Hemocultura (investiga infecções sistêmicas) • Sorologias (investigações de outras causas) • Lactoferrina e calprotectina fecal – marcadores mais precisos para diarreias inflamatórias TRATAMENTO HIDRATAÇÃO O tratamento mais importante é a hidratação, devido à grande perda de líquidos. Em quadros leves pode ser feita por via oral e em casos mais graves (hipotensão, taquicardia, prostração) fazer reposição endovenosa ANTIMICROBIANOS (atb) Utiliza-se os antibióticos apenas em casos mais graves, já que a maioria dos casos é causada por vírus. Os casos mais graves são caracterizados por diarreia com sague, muco, pus, febre, sinais de toxemia e desidratação. Se a causa for realmente bacteriana, utilizar medicamentos como: ciprofloxacino ou levofloxacino ou efaclor ou cefuroxima ou azitromicina. OBS: Em pacientes com diarreia por E. coli enterohemorrágica (que não possui febre) não pode ser administrado antibióticos, pois aumenta o risco de síndrome hemolítico urêmica (quadro grave). TRATAMENTO DOS SINTOMAS Vômitos: • Metoclopramida • Ondansentrona Dores abdominais: • Hioscina • Dipirona Ou seja, devemos tratar o paciente como um todo: hidratação + antibiótico + alívio dos sintomas COVID 19 – SARS COV2 É sabido que sintomas como anorexia e diarreia podem ser sugestivas de COVID-19, mas quando esses sintomas são acompanhados de perda de paladar, perda de olfato e febre, a especificidade pra COVID-19 é de 99% • 24,2% dos pacientes com COVID apresentaram diarreia. • 17,9% dos pacientes com COVID 19 apresentaram perda de apetite. • 17,9% dos pacientes com COVID 19 apresentaram náuseas ANAMNESE e EXAME FÍSICO GERAL ANAMNESE Anamnese significa “Trazer de volta à mente todos os fatos relacionados com a doença e com o paciente”. É o primeiro contato com o paciente, onde inicia-se o vínculo médico-paciente. A anamnese, se bem-feita, culmina em decisões diagnósticas e terapêuticas corretas; se malfeita, em contrapartida, desencadeia uma série de consequências negativas, as quais não podem ser compensadas com a realização de exames complementares, por mais sofisticados que sejam. ESTRUTURA DA ANAMNESE * identificação * queixa e duração * historia da moléstia atual * interrogatório de diversos aparelhos * antecedentes pessoais * antecedentes familiares * hábitos de vida * história sócio econômica IDENTIFICAÇÃO Nome; Sexo / Gênero; Idade; Cor / Raça; Estado Civil; Naturalidade; Residência (atual, anteriores e por quanto tempo); Profissão atual; Ocupações anteriores; Religião QUEIXA PRINCIPAL E DURAÇÃO (QP) É um momento que deve ser breve e objetivo. É necessário identificar o motivo da consulta e o tempo do inicio dos sintomas. Deve ser relatado com as palavras do paciente. Ex: “dor de cabeça há 3 dias”; “dor de barriga há 2 dias” HISTÓRIA DA MOLÉSTIA ATUAL Devemos determinar o sintoma guia, o qual é o sintoma principal que levou o paciente a procurar o atendimento. O detalhamento do sintoma guia se faz por meio de perguntas quanto a duração do sintoma, intensidade, localização, cronologia, situações em que ocorre, algum fator que exacerba, manifestações associadas. Por fim, utiliza-se esse sintoma guia como condutor da história e estabelece a relação de outras queixas com o sintoma guia INTERROGATÓRIO SOBRE OS DIVERSOS APARELHOS (ISDA) É complemento da história da moléstia atual, permitindo reconhecer alguma enfermidade que não possui uma relação direta com o quadro registrado na história principal. Para não esquecer de perguntar sobre nenhum aparelho, é importante utilizar a sequência crânio-caudal O interrogatório não é exame físico!! Anotamos os sinais e sintomas que o paciente relata. Portanto anotamos “Paciente relata edema em membros inferiores”. No exame físico iremos verificar se o relato procede ou não procede. Fazer interrogatório sobre todos os sistemas: em relação a pele, sistema visual, auditivo, fonatório, cardiovascular, respiratório, gastrointestinal, renal, musculoesquelético,neurológico, psíquico, endócrino, genito-urinário, etc ANTECEDENTES PESSOAIS • Antecedentes patológicos: doenças da infância e da vida adulta • Antecedentes fisiológicos: condições de nascimento/desenvolvimento • Traumatismos e cirurgias anteriores • Internações anteriores • Alergia alimentar ou medicamentosa • Vacinação (sempre checar) • Antecedentes obstétricos e ginecológicos • Viagens recentes • Medicações em uso atual e anteriores ANTECEDENTES FAMILIARES Nesse momento, é necessário questionar sobre doença de influência constitucional de parentes próximos (avós, tios, pais, filhos). As principais questionadas são: diabetes, HÁ, doença autoimune. HABITOS E VÍCIOS • Tabagismo (se fumar, é necessário perguntar quantos maços fuma e há quanto tempo, para calcular a carga tabágica; porém se parou de fumar, perguntar por quanto tempo fumou e há quanto tempo parou) • Álcool (se bebe, perguntar o tipo de bebida, quantidade e frequência) • Uso de drogas ilícitas • Alimentação • Atividade física HISTÓRIA PSICOSSOCIAL • Local de nascimento • Qualidade do sono; atividades de lazer e outras tarefas • Relações familiares • Condição de habitação atual e pregressa na infância • Situação socioeconômica • Grau de escolaridade As vezes a forma que você fala não condiz com o grau de escolaridade do paciente, portanto, você deve detalhar e explicar de uma maneira mais simples para que ele compreenda. Ou ainda, saber adequar o melhor para o paciente dentro da realidade dele, como por exemplo, não prescrever um medicamento muito caro sabendo que é uma pessoa de situação socioeconômica baixa EXAME FÍSICO Possui técnicas como: inspeção, palpação, percussão e ausculta INSPEÇÃO São os dados obtidos através da visão. É muito importante ser realizada em um local com iluminação adequada. PALPAÇÃO É possível obter dados através do tato e pressão. Na palpação existem varias técnicas para palpar o paciente de acordo com a região a ser avaliada: com as mãos espalmadas, justapostas, digito-pressão. PERCUSSÃO Percutir um local é provocar uma vibração que possui características próprias em relação a intensidade, timbre. Pode ser real izada de algumas formas como digito-digital, de forma direta, punho-percussão, técnica de piparote. AUSCULTA Obtenção de dados através da audição. É uma etapa muito importante que também exige um ambiente muito silencioso para a identificação dos sons. EXAME FÍSICO GERAL O EF geral subdivide-se em: • Exame físico geral quantitativo • Exame físico geral qualitativo EXAME FÍSICO GERAL QUANTITATIVO Analisa tudo aquilo que eu posso medir, quantificar, como: • Pressão arterial • Pulso • Frequência respiratória • Temperatura • Peso • Altura • IMC • Circunferência da cintura abdominal EXAME FÍSICO GERAL QUALITATIVO Também chamado de ectoscopia. Analisa características como: • Estado geral • Nível de consciência • Fala e linguagem • Estado de hidratação • Estado de nutrição • Desenvolvimento físico • Fáscies • Atitude e decúbito preferido no leito • Mucosas (palidez, icterícia, cianose) • Pele e fâneros • Fotossenssibilidade e fotodermatoses • Enfisema subcutâneo • Inflamação de estruturas superficiais • Neoplasias de tecido moles • Musculatura • Movimentos involuntários • Linfonodos • Veias superficiais • Circulação colateral • Edema • Biotipo • Marcha ESTADO GERAL O estado geral é uma avaliação subjetiva, é como o paciente aparenta quando eu avalio em sua totalidade. Classifica-se como: • Bom estado geral - BEG • Regular estado geral - REG • Mau estado geral – MEG ESTADO DE HIDRATAÇÃO Quando se avalia o estado de hidratação, devemos classificar o paciente em algum dos graus: • Leve ou 1° grau: perda de peso de até 5% • Moderada ou de 2° grau: perda de peso de 5 a 10% • Grave ou de 3° grau: perda de peso acima de 10% ESTADO DE NUTRIÇÃO Também há uma classificação. O paciente pode estar em um estado de nutrição: • Estado de nutrição normal • Supernutrição • Hiponutrição A hiponutrição é classificada ainda como: • 1° grau: déficit de peso superior a 10% • 2° grau: déficit de peso superior a 25% • 3° grau: déficit de peso superior a 40% DESENVOLVIMENTO FÍSICO Pode ser classificado como • Desenvolvimento normal • Hábito grácil • Infantilismo • Hiperdesenvolvimento (gigantismo) • Hipodesenvolvimento (nanismo) FÁSCIES É um conjunto de dados exibido na face do paciente que pode determinar alguma patologia ou condição apresentada pelo paciente. • Hipocrática: olhos fundos, parados e inexpressivos, nariz afilado e lábios adelgaçados (abertos). •Basedowiana/Hipertireoidismo: rosto emagrecido, olhos salientes e brilhantes (exoftalmia), presença de bócio. • Acromegálica: (aumento do hormônio GH nos adultos) extremidade cefálica hiperdesenvolvido, mandíbula volumosa com prognatismo. Os lábios, orelhas e a língua são volumosas e as extremidades aumentadas. (o gigantismo é o aumento do GH na infância, pessoa proporcionalmente grande) • Leonina: pele espessa, face infiltrada, bem como lobo das orelhas; madarose (perda da cauda da sobrancelha) cabelo pode estar em grande quantidade • Cushingoide (lua cheia): característico de usuários crônicos de corticóde. Posuem face arredondada, bochecha proeminentes e avermelhadas, estrias largas em locais de crescimento (geralmente relacionada ao hipercortisolismo) MUCOSAS Em relação as mucosas, é necessário procurar a presença de palidez, icterícia, cianose. Se o paciente apresentar alguma dessas características, é necessário quantificar em cruzes de acordo com a intensidade até 4 cruzes (++++). PELE E FÂNEROS/FOTOSSENSIBILIDADE E FOTODERMATOSE Essa etapa pode mostrar muitas modificações sofridas pelo organismo. Pesquisar a respeito de: • Coloração • Continuidade e integridade • Umidade • Textura • Espessura • Temperatura • Elasticidade • Mobilidade • Turgor • Sensibilidade • Lesões elementares EDEMA Pode ocorrer em qualquer sitio do organismo. Deve-se avaliar a localização, intensidade, consistência, temperatura, sensibilidade do edema. BIOTIPO Para classificar o biotipo, temos como base o ângulo de Sharpay. • Longilíneo: pescoço longo, membros alongados com ângulo de Sharpay < 90° (estatura mais elevada) • Mediolíneo: tipo intermediário, possui equilíbrio entre os membros e tronco; e o ângulo de Sharpay está em torno de 90° • Brevilíneo: possui o pescoço curto, grosso, os membros curtos em relação ao tronco e o ângulo de Sharpay > 90° EXEMPLO DE EF GERAL Sinais vitais: • Pressão arterial (PA) em membro superior direito (MSD): 134/76 mmHg (na posição sentada), 130/74 mmHg (na posição supina, deitada), 132/84 mmHg (em ortostatismo, de pé); • Frequência de pulso (FP): 72 bpm; • Frequência respiratória (FR): 16 irpm (incursões respiratórias por minuto); • Temperatura axilar: 37,1°C; Dados ou indicadores antropométricos: • Peso: 66,4 kg; • Altura: 1,62 m; • IMC: 25,34 kg/m2; • Circunferência da cintura: 92 cm. Ectoscopia: Paciente em bom estado geral; consciente, orientado no tempo e no espaço; fácies atípica; mucosas normocoradas, anictéricas, acianóticas e hidratadas; pele com turgor e elasticidade preservados, coloração, textura, espessura e umidade normais; pelos de distribuição, implantação, quantidade e consistência compatíveis com a idade e o sexo; unhas de coloração, superfície e forma normais; boa perfusão capilar; cavidade oral sem alterações; panículo adiposo conservado; biotipo normolíneo; marcha normal e postura indiferente; musculatura eutônica e eutrófica; ausência de deformidades esqueléticas; linfonodos superficiais não palpáveis; tireoide normopalpável; ausência de edema subcutâneo. TORACOCENTESE A toracocentese é o método de escolha para a obtenção de amostras de líquido pleural. É procedimento, que pode ser utilizado para alívio (como no pneumotórax hipertensivo) e diagnóstica (Classificação de Transudato e Exsudato pelos critérios deLight). INDICAÇÕES * Aliviar a dispnéia causada pela compressão do parênquima pulmonar por líquido ou ar * Coleta de material para análise laboratorial CONTRAINDICAÇÕES * Distúrbios hemorrágicos * Uso de anticoagulantes, especialmente trombolíticos * Lesões de pele (queimadura por radioterapia, piodermite) * Pacientes em ventilação mecânica EQUIPAMENTO - Abocath de calibre 14 ou 16 - Seringas de 10ml e 20ml - Agulhas 30x7 e 40x12 - Lidocaína 2% sem vasoconstritor - Antisséptico (preferencialmente clorexidina) - Gaze estéril - Luvas e campos estéreis - Tubos para coleta de material - Curativo oclusivo estéril POSICIONAMENTO - Paciente sentado no leito com as pernas apoiadas - Cabeça e braços dobrados em repouso em um travesseiro colocado sobre uma mesa de leito - O posicionamento correto estende o dorso e o tórax facilitando o acesso aos espaços interposta CUIDADO! - lesão do feixe vásculo-nervoso na borda inferior da costela - progredir a agulha na BORDA SUPERIOR do ARCO COSTAL INFERIOR ao local da punção EXAME FÍSICO DO TORAX ANATOMIA CLÍNICA "Conjunto de dados de grande utilidade no exame do aparelho respiratório "avaliação da projeção dos pulmões na parede torácica determinação das linhas torácicas delimitação das regiões torácica PROJEÇÃO DOS PULMÕES NA PAREDE TORÁCICA • Os ápices pulmonares ultrapassam de 3 a 4 cm a borda superior das clavículas. • O volume do ápice direito é ligeiramente menor que o do esquerdo e está mais próximo da traqueia. • Grande cissura: traça-se uma linha que nasce na extremidade interna da espinha da omoplata ou 3 vértebra dorsal, dirigi-se para baixo e para fora, indo terminar na linha hemiclavicular, ao nível da 6 costela. • Pequena cissura: No meio da linha da grande cissura, no ponto em que ela coincide com a linha axilar posterior, traça-se outra linha que segue o 4 arco costal que vai terminar na linha esternal, obtendo-se assim a projeção da pequena cissura • ÂNGULO DE LOUIS: é uma saliência transversal na junção do manúbrio com o corpo esternal, correspondendo à articulação da 2° costela. Na região dorsal, ele projeta-se na altura da 4° vértebra dorsal, onde ocorre a bifurcação traqueal (carina) • ÂNGULO DE CHARPY ou EPIGÁSTRICO: é formado pelas duas rebordas costais e serve para caracterizar o biotipo. • VÉRTEBRA PROEMINENTE: A sétima vértebra cervical é a altura onde se projeta os ápices pulmonares na parede torácica LINHAS TORÁCICAS Linhas torácicas verticais - Linha medio-esternal - Linha esternal - Linha paraesternal - Linha hemiclavicular - Linha axilar anterior - Linha axilar média - Linha axilar posterior - Linha escapular - Linha paravertebral - Linha espondiléia Linhas torácicas horizontais - Linha clavicular superior - Linha clavicular inferior - Linha das terceiras articulações condroesternais - Linha escapular superior DELIMITAÇÃO DAS REGIÕES TORÁCICAS Regiões anteriores do tórax - Região supraclavicular - Região clavicular - Região infraclavicular - Região mamária - Região infamamária - Região supra-esternal - Região esternal superior - Região esternal inferior - Regiões laterais do tórax - Região axilar - Região infra-axilar - Regiões posteriores do tórax - Região supra-escapular - Região supra-espinhal - Região infra-espinhal -Região interescapulovertebral - Região infra-escapular SEMIOLOGIA PULMONAR ANAMNESE (identificação; HP; HPMA...) EXAME FÍSICO Inspeção – palpação – percussão – ausculta INSPEÇÃO INSPEÇÃO ESTÁTICA BIOTIPO • Normolíneo: ângulo de Charpy = 90 graus • Longilíneo: ângulo de Charpy < 90 graus • Brevelíneo: ângulo de Chapy > 90 graus. Além do tórax, há alterações na altura do pescoço, comprimento dos membros, etc. TIPOS DE TÓRAX Os tipos de tórax dependem das alterações ósseas da coluna vertebral, costelas e esterno • EM TONEL: possui um diâmetro antero-posterior bem marcado. É muito comum em pacientes tabagistas de longa data. • TÓRAX INFUNDIBULIFORME OU PECTUS ESCAVATUM OU SAPATEIRO: Condição contrária ao cariniforme • CARINIFORME: Pectus carinatum proeminente. A correção é difícil e, portanto, dificilmente realizada. • TÓRAX CÔNICO OU EM SINO: a base é exageradamente alargada. • TÓRAX CHATO ou PLANO: também chamado de expiratório, paralítico ou tísico. É uma alteração mais discreta. • TÓRAX CIFÓCITO: alteração da coluna torácica e cervical que favorecem a cifose do tórax. • TÓRAX CIFOESCOLIÓTICO: pode ocorrer por iatrogenia pós cirurgia cerebral ou de coluna vertebral; ou ainda consequência de a lguma outra patologia. O paciente necessita de cirurgia corretiva da coluna vertebral. • GIBOSIDADE: comum em pacientes idosos; geralmente deambulam com dificuldade. Quando ocorre em adultos ou jovens, é importante pensar no diagnóstico de espondilite anquilosante INSPEÇÃO DINÂMICA Valores de referência frequência respiratória: • Adultos: 16 a 20 ipm, abaixo desse valor é considerado bradipneia e acima é considerado taquipneia. • Lactentes: até 35 ipm • RN: até 45 ipm (não é considerado taquipneia) RITMOS RESPIRATÓRIOS ANORMAIS • CHEYNE-STONES: padrão de ritmo respiratório no qual o paciente inspira, expira, e em seguida permanece em apneia por algum tempo e depois retoma a respiração normal. É uma respiração característica de doenças cerebrais como aterosclerose. • BIOT: esse tipo de respiração não possui um padrão definido, possui inspirações profundas, depois expira lentamente, faz uma apneia curta. Ou seja, a respiração possui amplitudes variáveis com períodos de apneia. Muito comum de doenças cerebrais como tumorações e traumas. • KUSSMAUL: esse tipo de respiração possui como característica uma inspiração profunda – pausa –expiração profunda – pausa. É muito comum em pacientes com cetoacidose diabética (diabetes descompensada). • SUSPIROSA: possui respirações normais intercaladas com suspiros profundos. É muito comum em doenças cerebrais e psiquiátricas. PLATIPNEIA: • dificuldade de respirar quando está em pé; melhora quando deitado. • presente em doenças incomuns, doencas cardiológicas congênitas ORTOPNEIA • dificuldade de respirar quando está deitado; melhora quando está de pé. • comum em pacientes com ICC (insuficiência cardíaca congetiva) TREPOPNEIA • quando o paciente tem dificuldade para respirar em um dos decúbitos laterais. • comum em derrames pleuras unilaterais PALPAÇÃO • palpação de lesões superficiais • sensibilidade superficial e profunda • temperatura cutânea • expansibilidade • elasticidade • frêmito toracovocal ("trinta e três") EXPANSIBILIDADE A expansibilidade dos ápices pulmonares é pesquisada com ambas as mãos espalmadas, de modo que as bordas internas toquem a base do pescoço, os polegares apoiem-se na coluna vertebral e os demais dedos nas fossas supraclaviculares. Para avaliar a expansibilidade das bases pulmonares, apoiam-se os polegares nas linhas paravertebrais, enquanto os outros dedos recobrem os últimos arcos costais. Em ambas as manobras, o médico fica atrás do paciente em posição sentada, e este deve respirar profunda e pausadamente. Esta técnica é muito útil na identificação dos processos localizados nas bases e que reduzem a mobilidade da região. ELASTICIDADE Para avalia-la uma mão permanece espalmada no tórax anterior enquanto a outra fica no tórax posterior. É uma técnica menos utilizada. FRÊMITO TORACOVOCAL O frêmito toracovocal (FTV) corresponde às vibrações das cordas vocais transmitidas à parede torácica. A maneira correta de pesquisá-lo é colocar a mão direita espalmada sobre a superfície do tórax, comparando-se a intensidade das vibrações enquanto o paciente pronuncia “TRINTA E TRÊS” em regiões homólogas. Para a palpação da face posterior do tórax, o médico deve colocar-se à esquerda do paciente usando sua mão direita, que vai sendo deslocada de cima para baixo. A seguir, passando para diante e à direita do paciente, o médico apoia sua mão, alternadamente,sobre o hemitórax esquerdo e o direito, seguindo a linha médio-esternal de cima para baixo. Os derrames pleurais líquidos ou gasosos, por afastarem o pulmão da parede, dificultam a transmissão das vibrações até a supe rfície, com redução ou mesmo abolição do FTV, sempre na dependência do volume de líquido ou de ar da cavidade. Nas condensações pulmonares, desde que os brônquios estejam permeáveis, o FTV torna-se mais nítido, uma vez que a consolidação do parênquima facilita a transmissão da voz. FREMITO AUMENTADO: condensação; Ex: pneumonia FREMITO DIMINUIDO/ABOLIDO: dificuldade de passagem das vibrações; Ex: derrame pleural PERCUSSÃO Percutir comparativa e simetricamente as várias regiões. A mão esquerda, com os dedos ligeiramente separados, deve apoiar-se suavemente sobre a parede, e o dedo médio, sobre o qual se percute, exerce apenas uma leve pressão sobre o tórax. O movimento da mão que percute é de flexão e extensão sobre o punho, nunca envolvendo a articulação do cotovelo, e muito menos a do ombro. Os golpes dados com a extremidade distai do dedo médio serão sempre da mesma intensidade (suaves ou medianamente fortes). Um pequeno intervalo entre cada batida possibilita melhor avaliação do som e das vibrações. Causas ligadas à parede torácica, como obesidade, massas musculares hipertrofiadas e edema, reduzem a nitidez dos sons normais, fazendo com que ele se torne submaciço ou mesmo maciço. SOM CLARO PULMONAR: - som normal SOM TIMPÂNICO: - hipercapenia (retenção de CO2); - Ex: asma SOM SUBMACIÇO: - transição entre som claro pulmonar e maciço; - Ex: neoplasias SOM MACIÇO: - aumento da densidade do parênquima - Ex: pneumonia; derrame pleural AUSCULTA A ausculta é o método semiológico básico no exame físico dos pulmões. Para sua realização exige-se o máximo de silêncio, além de posição cômoda do paciente e do médico. De início, o examinador coloca-se atrás do paciente, o paciente deve estar com o tórax despido e respirar pausada e profundamente, com a boca entreaberta, sem fazer ruído. A ausculta se inicia pela face posterior do tórax, passando, a seguir, para as faces laterais e anterior. Auscultam-se as regiões de maneira simétrica. É aconselhável solicitar ao paciente que faça algumas respirações profundas e tussa várias vezes. Com isso, visa-se separar os ruídos permanentes dos eventuais, de menor valor diagnóstico. Os sons pleuropulmonares podem ser classificados do seguinte modo: SONS NORMAIS: Som traqueal; respiração brônquica; respiração broncovesicular; murmúrio vesicular SONS ANORMAIS Descontínuos: estertores finos e grossos Contínuos: roncos, sibilos e estridor De origem pleural: atrito pleural MURMÚRIO VESICULAR: - fisiologicamente distribuídos - som normal ESTERTORES FINOS ou CREPITANTES: - indica secreção no alvéolo - EX: pneumonia e edema agudo pulmonar ESTERTORES GROSSOS: - som mais grave - Ex: bronquiectasia RONCOS: - secreção em locais mais calibrosos - varias patologias SIBILOS - estreitamento da arvore brônquica - ex: asma ESTRIDOR - secreção na laringe - ex: câncer de laringe; estenose da traqueia SOPROS - regiões de cavitações - ex: cavidades tuberculores AUSCULTA DA VOZ Auscultam a voz nitidamente pronunciada e a voz cochichada. Para isso, o paciente vai pronunciando as palavras “trinta e três" enquanto o examinador percorre o tórax com o estetoscópio, comparando regiões homólogas, tal como fez no exame do frêmito toracovocal, usando a mão. Os sons produzidos pela voz e ouvidos na parede torácica constituem o que se chama ressonância vocal. Em condições normais, tanto na voz falada como na cochichada, a ressonância vocal constitui-se de sons incompreensíveis, isto é, não se distinguem as sílabas que formam as palavras. Isto porque o parênquima pulmonar normal absorve muitos componentes sonoros, mas, quando está consolidado (pneumonia, infarto pulmonar), a transmissão é facilitada. NORMAL - paciente fala 33 em voz e auscultamos som abafado - a voz sussurrada não é audível na ausculta BRONCOFONIA - paciente fala 33 em voz normal e o som é auscultado nitidamente PECTORILOQUIA FONICA - paciente fala 33 em voz sussurrada e o som auscultado é nítido - suspeita de pneumonia EGOFONIA - paciente fala 33 em voz normal e o som é auscultado de forma analasada - comum em regiões de derrame pleural PNEUMONIA DEFINIÇÃO HISTOPATOLÓGICA: preenchimentos do espaço alveolar por infiltrado necroinflamatório DEFINIÇAÕ CLÍNICA: processo inflamatório agudo do parênquima pulmonar decorrente da infecção por algum microorganismo PNEUMONIA COMUNITÁRIA Manifesta-se clinicamente na comunidade ou dentro das primeiras 48 horas de internação hospitalar. - bactéria, micobacteria, micoplasma, vírus, fungo, etc PADROES HISTOPATOLOGICOS PNEUMONIA LOBAR - Quando praticamente todo (ou quase todo) lobo pulmonar é consolidado - Consolidação alveolar extensa 90-95% Streptococcus pneumoniae BRONCOPNEUMONIA - Mais comum - Presença de múltiplos focos coalescentes de consolidação alveolar, distribuindo-se na região peribrônquica - Consolidação alveolar multifocal FASES EVOLUTIVAS DA PNEUMONIA PNEUMOCÓCICA CONGESTÃO - Bactérias multiplicam-se rapidamente no interior dos alvéolos - Vasos dilatam-se ingurgitando-se o sangue HEPATIZAÇÃO VERMELHA: - Exsudação de hemácias, neutrófilos e fibrina no interior dos alvéolos HEPATIZAÇÃO CINZENTA: - As hemácias começam-se a se desintegrar e o exsudato passa a conter basicamente neutrófilos e debris celulares (fase supurativa) RESOLUÇÃO ou ORGANIZAÇÃO - O exsudato dá lugar a um material semifluido e granulado, formado pelos debris das células inflamatórias. - Parênquima pulmonar volta ao normal PNEUMONIA TÍPICA x ATÍPICA ATÍPICA: - pacientes com quadro pulmonar infecciosos que não vencia aos antibióticos - bacterioscopia não revelava agente conhecido - quadro clinico diferente: início subagudo, febre baixa, ausência de calafrios, tosse seca como sintoma predominante e raio-x com alterações discretas - principal agente: Mycoplasma pneumoniae TÍPICA: - pacientes com quadro pulmonar infeccioso de sintomas comuns - bacterioscopia revela o agente etiológico - apresentação hiperaguda (2-3 dias), calafrios e tremores, febre alta (39 a 40º), dor torácica pleurítica, tosse produtiva com expectoração purulenta esverdeada - principal agente: Streptococcus pneumoniae AGENTE ETIOLÓGICO Principal agente etiológico (30-40% em adultos) • Streptococcus pneumoniae Bactérias piogênicas aeróbicas • Streptococcus pneumoniae •Haemophilus influenzae •Moraxella catarrhalis •Klebsiella pneumoniae • Staphylococcus aureus • Streptococcus pyogenes •Pseudomonas aeruginosa Bactérias anaeróbicas da cavidade bucal (pneumonia aspirativa) •Peptostreptococcus sp. • Fusobacterium nucleatum •Prevotella sp. •Pseudomonas aeruginosa germes atípicos •Mycoplasma pneumoniae •Chlamydia pneumoniae • Legionella pneumophila Vírus respiratórios •Influenza •Parainfluenza •Adenovírus Outros (etiologia incomum) •Mycobacterium tuberculosis •Hystoplasma capsulatum •Paracoccidiodes braziliensis •Cryptococcus neofromans •Pneymocystis jiroveci (HIV+) •Chamydia psittaci •Coxiella burtnetii FATORES DE RISCO • ALCOOLISMO - S. pneumoniae; anaerónops; K. pneumoniae; Acinetobacter sp. • DPOC e/ou TABAGISMO: - H. influenzae; P. aeruginosa; M. catarrhalis; S. pneumoniae • ASPIRAÇÃO - entéricos gram-negativos anaeróbios orais • USO DE DROGAS INJETÁVEIS - S. aureus; S. pneumoniae • ABCESSO PULMONAR - S. aureus, anaeróbios orais, fungos, M. tuberculosis • OBSTRUÇÃO ENDOBRONQUICA - S. pneumoniae; H. influenzae; S. aureus, anaeróbios APRESENTAÇÃO CLÍNICA - A doença apresenta-se geralmente de forma hiperaguda (2-3 dias) - História de calafrios com tremores - Febre alta (39-40 graus celsius) - Dor torácica pleurítica - Tosse produtiva com expectoração purulenta (esverdeada)PNEUMONIA HOSPITALAR Pneumonia que ocorre 48 a 72 horas após a internação hospitalar. É a segunda causa mais frequente de admissão hospitalar (15%). As bactérias causadoras são diferentes e a mortalidade é alta. Chamada também de pneumonia Nosocomial. EXAME FÍSICO PALPAÇÃO • expansibilidade diminuída •frêmito toracovocal aumentado na região acometida PERCUSSÃO • som maciço ou submaciço AUSCULTA • estertores finos/ crepitantes • broncofonia/ pectorilóquias fônica, afônica e Egofônica PECTORILÓQUIA FONICA: - broncofonia aumentada - paciente fala 33 em voz normal e o som é auscultado nitidamente, quando o normal seria abafado - indica consolidação pulmonar sem derrame pleural PECTORILÓQUIA AFONICA - paciente fala 33 em voz sussurrada e o som auscultado é nítido, quando o normal seria não ser audível - indica área de consolidação pulmonar importante sem derrame pleural EGOFONIA - pectorilóquia egofonica - paciente fala 33 em voz normal e o som é auscultado anasalado - indica derrame pleural SIINAIS E SINTOMAS • PROSTAÇÃO • TAQUIPNÉIA - adultos: acima de 20 incursões por minuto - crinças: acima de 35 incursões por minuto - lactentes: acima de 60 incursões por minuto • TAQUICARDIA - adultos: acima de 100 bpm • HIPERTEMIA • ACHADOS RESPIRATORIOS - estertores respiratórios - consolidação pulmonar - derrame pleural Ou seja, não há um achado único, dependem de diversos fatores como: tipo de tórax, história do paciente, doença de base, extensão da doença, dias de evolução, região acometida, etc. SINDROME DE CONSOLIDAÇÃO • Esse tipo de pneumonia não possui derrame, é o caso mais clássico (caso do paciente). • som bronquial (sopro tubário) • aumento do frêmito toracovocal • submacicez ou macicez à percussão • pectorilóquia fônica e pectorilóquia afônica SÍNDROME DE DERRAME PLEURAL • murmúrio vesicular diminuído ou abolido • frêmito toracovocal diminuído ou abolido • submacicez à percussão • egofonia PECTORILÓQUIA FÔNICA - broncofonia aumentada - paciente fala 33 normalmente e o com é auscultado nitidamente - o normal seria auscultarmos um som abafado PECTORILÓQUIA AFÔNICA - paciente fala 33 em voz sussurrada e o som é auscultado nitidamente - o normal seria a voz sussurrada não ser audível na ausculta EGOFONIA (pectorilóquia egofônica) - paciente fala 33 em voz normal e o som é auscultado de forma anasalada PALPAÇÃO - expansibilidade diminuída - FTV aumentado PERCUSSÃO - macicez ou submacicez AUSCULTA - estertores finos - broncofonia/pectorilóquia EXAMES COMPLEMENTARES A pneumonia é basicamente clínica, geralmente o paciente apresenta um histórico de tosse, febre, expectoração, taquipneia, prostração, expansibilidade alterada, frêmito aumentado, som maciço na percussão e ausculta com estertor. Porém, podemos solicitar o exame para corroborar com o diagnóstico. HEMOGRAMA • leucocitose neutrofílica (acima de 15.000/mm3) com desvio a esquerda • o desvio a esquerda significa leucocitose com os bastonetes aumentados • indicativo de infecçáo por bactérias PCR • >100mg/L: provável pneumonia • <20mg/L com mais de 24h de sintomas: PCR improvável HEMATOSCOPIA • corpúsculo de Dohle - ativação de neutrófilos RAIO-X • principal imaagem: infiltrado alveolar broncopneumônico: múltiplas condesações lobulares coalescentes • broncograma aéreo OBS: Se o raio-x tiver normal e não conseguir fechar o diagnóstico da pneumonia, pode ser indicativo de infiltrado retrocardíaco, uma condensação atrás do coração. Se o infiltrado estiver muito tênue, é necessário fazer uma tomografia de tórax para melhor visualização. Além disso, se o raio-x não for de boa qualidade e com ajuste adequado, a imagem sai muito enegrecida, sendo difícil de diagnosticar uma possível pneumonia. DIAGNÓSTICO Inicialmente o diagnóstico é clinico – laboratorial. Pode corroborar o diagnóstico com o raio-x de tórax de PA e lateral. Se há uma suspeita de pneumonia do paciente, porém o raio-x não apresentou nenhuma alteração característica; inicia-se o tratamento para pneumonia e repete o raio-x em 48h. Para favorecer o diagnóstico, é possível solicitar o exame do escarro para identificar a bactéria causadora específica; ou ainda se há um quadro atípico, pneumonia reincidente ou o tratamento de base não funcionou é necessário solicitar o antibiograma para saber qual antibiótico irá matar a bactéria. É possível também solicitar a broncofibroscopia (pouco utilizado) TRATAMENTO O tratamento baseia-se na Diretriz para Pneumonias Adquiridas na Comunidade em Adultos Imunocompetentes publicada pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. PACIENTE AMBULATORIAL - tratamento empírico PACIENTE INTERNADO - antibioticoterapia endovenosa DECISÃO DA INTERNAÇÃO: Para decidir a necessidade de internação, utiliza-se o CURB-65. A partir da análise das características clinicas do paciente, define-se uma pontuação que será decisiva para a internação ou não CURB: - C = confusão mental - U = uremia: >50mg/dL - R = FR: >30 rpm - B = pressão sanguínea: PAS – 90 mmHg ou PAD - <60 mmHg PONTOS * 0-1: - risco: 1 - mortalidade em 30 dias: 1,5% - tratamento: considerar tto domiciliar * 2: - risco: 2 - mortalidade em 30 dias: 9,2% - tratamento: considerar internação * 3-5: - risco: 3 - mortalidade em 30 dias: 22% - tratamento: internação TRATAMENTO - Antibioticoterapia - 7 a 10 dias em casos brandos - 14 a 21 dias em casos mais graves - O paciente deve estar afebril por no mínimo 3 dias - A pneumonia por micoplasma e clamídia deve ser tratada sempre por 2 semanas (14 dias COVID-19 • Família Coronavírus • Surto de pneumonia em Wuhan, na China • Possui alta transmissibilidade • Maior letalidade associada a idade e fatores de risco CURATIVO IRRIGADO CONCEITO É o procedimento de limpeza e cobertura aplicado a uma área do corpo que apresente lesão (ferida aberta, ferida operatória e afins). FINALIDADE - Proporcionar ambiente fisiológico adequado a cicatrização; - Absorver a drenagem; - Facilitar a drenagem de secreções; - Conter ou imobilizar a ferida; - Proteger a ferida de traumatismo mecânico; - Evitar a contaminação bacteriana exógena; - Promover hemostasia; proporcionar conforto físico e mental; - Desbridar a ferida; - Manter o contato do medicamento aplicado MATERIAIS - Pacote de curativo estéril (Pinças Kelly, Kocher, anatômica, dente-de-rato e tesoura); - Pacotes com gaze esterilizada; - Seringa de 20 mL; - Agulha descartável 40x12 mm; - Esparadrapo comum ou hipoalergênico; - Soro fisiológico a 0,9% (ampolas de 10 ml ou bolsa de 250 ml) - aquecido; - Espátula esterilizada; - Pomada, gel, creme ou outro produto se indicado para tratamento da ferida; - Saco plástico para descarte de materiais; - Luvas de Procedimentos, óculos de proteção, gorro e máscara cirúrgica; - Impermeável, forros de tecidos ou bandeja quando a ferida for em membros; - Atadura de crepe 10, 15 ou 20 cm (de acordo com o tamanho da ferida); - Biombo. - Outros materiais (se necessário): chumaço de algodão e/ou compressas estéreis; bacia; FATORES ADVERSOS A CICATRIZAÇÃO FATORES SISTEMICOS MÁ NUTRIÇÃO - interfere formação de tecido novo; e na maturação das fibras colágenas; DOENÇAS CRONICAS - diabetes, hepatopatias, nefropatias; INSUFICIENCIA DO SISTEMA IMUNOLOGICO - predispõe à infecção secundária, debilitação geral; MÁ PERFUSÃO TECIDUAL - EX: edema, atadura apertada, etc; IDADE AVANÇADA - circulação periférica precária, estado nutricional debilitado, doenças crônicas, etc; TERAPIA MEDICAMENTOSA - drogas citotóxicas, corticóides ou anti-inflamatórios. Obs: Período de internação prolongado; tipo de cirurgia; pré-operatório longo; FATORES LOCAIS INFECÇÃO - destruição dos tecidos ISQUEMIA - mudança de decúbito deficiente, ataduras apertadas NECROSE - necessário remover área necrosada CORPOS ESTRANHOS - fiapos de gases, algodão. É difícil de remover AGENTES IRRITANTES- antissépticos TRICOTOMIA - predispõe a infecção SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE FERIDAS – ANAGRAMA Measure: M – MEDIDA - comprimento, largura, profundidade e área E – EXSUDATO - quantidade e qualidade A – APARENCIA - leito da ferida, tipo e quantidade de tecido S – DOR - tipo e intensidade de dor U – DESLOCAMENTO - presença ou ausência R – REAVALIAÇÃO - monitoração periódica de todos os parâmetros E – BORDA - condições das bordas da ferida e da pele adjacente TIPOS DE TECIDOS EM UMA FERIDA TECIDOS VIÁVEIS EM UMA FERIDA: - granulação e epitelização TECIDOS INVIÁVEIS - fibrina desvitalizada e tecido necrótico TIPOS DE CICATRIZAÇÃO 1ª INTENÇÃO ou PRIMÁRIA É a situação ideal para o fechamento da lesão e está associada a feridas limpas, ocorrendo quando há perda mínima de tecido, quando é possível fazer a junção dos bordos da lesão pormeio de suturas ou qualquer outro tipo de aproximação e com redução potencial para infecção. 2ª INTENÇÃO ou SECUNDÁRIA Está relacionada a ferimentos infectados e a lesões com perda acentuada de tecido, onde não é possível realizar a junção dos bordos, acarretando um desvio da sequência esperada dereparo tecidual, envolve uma produção mais extensa de tecido de granulação. 3ª INTENÇÃO ou TERCIÁRIA Ocorre quando há fatores que retardam a cicatrização de uma lesão inicialmente submetida a um fechamento por primeira intenção, esta situação ocorre quando uma incisão é deixada aberta para drenagem do exsudato e posteriormente fechada. TIPOS DE CURATIVOS CURATIVO ABERTO: - no pós-operatório os curativos são descartados quando possível; o que favorece a visualização da ferida, evita reações alérgicas às fitas adesivas, reduz os custos do curativo e elimina as condições que venham proporcionar o crescimento de microrganismos. CURATIVO FECHADO: - é necessário quando se tem uma ferida aberta e com alto risco contaminação ou quando a ferida apresenta exsudato (para absorção desse exsudato). CURATIVO COMPRESSIVO: - é aplicado em casos de sangramento, para que ocorra a hemostasia. FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO O processo de cicatrização que se segue com a finalidade de cura das feridas pode ser dividido didaticamente em três fases que se superpõem. Fase inflamatória - Funções: controle de sangramento, limpeza e defesa local. Fase proliferativa – Funções: desenvolvimento de tecido de granulação e formação de capilares (neoangiogênese). Fase reparadora - Funções: diminuição da vascularização, aumento da força tênsil e reorientação das fibras de colágeno. FERIDA Qualquer lesão que leve à perda da solução de continuidade da pele. Pode atingir a epiderme, a derme, o tecido subcutâneo e a fáscia muscular, chegando a expor estruturas profundas como tendões, ossos CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS Quanto a: ORIGEM * Agudas: geralmente são feridas traumáticas, há ruptura da vascularização e desencadeamento imediato da hemostasia. * Crônicas: descritas como de longa duração ou recorrência frequente; ocorre um desvio na sequência do processo cicatricial fisiológico PROFUNDIDADE * Superficial: atinge apenas a epiderme e a derme. * Parcial: é aquela que destrói a epiderme, derme e tecido subcutâneo. * Profunda: atinge o tecido muscular e as estruturas adjacentes CONTEÚDO MICROBIANO * Limpa: não infectada, livre de microrganismos patogênicos. Lesões produzidas sob condições assépticas, sem falha técnica, por incisão em tecidos estéreis ou de fácil descontaminação e sem indícios de sinais. * Limpa Contaminada: ocorrem em tecidos de baixa colonização, sem contaminação significativa prévia, ou durante o ato cirúrgico. Também lesões com tempo inferior a seis horas entre o trauma e o atendimento. * Contaminada: ferida acidental, recente e aberta, colonizada por flora bacteriana considerável. Também as cirúrgicas, quando a técnica é desobedecida ou ainda, ferida cujo tempo de atendimento inicial foi superior a seis horas após o trauma. * Infectadas: feridas potencialmente colonizadas ou quando há contaminação grosseira por detritos ou microrganismos como parasitas, bactérias, vírus, fungos, em razão de as defesas imunológicas do organismo estarem diminuídas. Apresentam evidências do processo infeccioso, como tecido desvitalizado, exsudação purulenta, e odor característico DESBRIDAMENTOS – TIPOS INTRUMENTAL • Conservador: Retirada seletiva do tecido, onde se retira apenas o tecido desvitalizado, preservando o tecido vivo. • Cirúrgico: Retirada maciça de material necrosado ou desvitalizado DESBRIDAMENTO MECANICO aciça de material necrosado ou desvitalizado. - Desbridamento mecânico: Não seletivo, consiste em remover tecidos necrosados e corpos estranhos, feito por fricção com gaze ou esponja macia, ou através do uso de instrumentos. AUTOLÍTICO A autólise aproveita a capacidade do corpo de dissolver o tecido morto utilizando a própria umidade e as enzimas. Curativos úmidos especiais seguram os fluidos da ferida em contato com o tecido necrótico, até que ele se liquefaça, o tecido necrosado é então removido com o curativo - é o tipo mais seletivo de desbridamento. Ele remove apenas o tecido necrótico e não danifica o tecido saudável circundante QUÍMICO Baseia-se em aplicações tópicas de soluções enzimáticas e soluções que dissolvem o tecido necrosado. O desbridamento químico é útil para pacientes que não são saudáveis o suficiente para fazer a cirurgia ou que estão em locais onde a cirurgia não é uma opção. O desbridamento químico não é um substituto para o mecânico ou cirúrgico quando indicados OBS: • A frequência de realização do curativo deve ser individualizada e determinada de acordo com o tecido e quantidade de exsudato e/ou conforme orientação do enfermeiro ou médico. • Use uma pressão de irrigação suficiente para limpeza da ferida sem causar trauma no leito da ferida. Esta pressão é conseguida quando utilizada a seringa de 20 ml adaptada na agulha 40 x12 mm, pois promove uma pressão segura e eficaz limpando o ferimento adequadamente, causar trauma e levar bactérias para o tecido da ferida. • Deve ser realizada avaliação periódica da ferida para o acompanhamento de sua evolução. • Em lesões causadas por pressão, todos os cuidados descritos no Protocolo "Prevenção de lesão por pressão" devem ser seguidos rigorosamente. • Não utilize a lixeira do paciente para desprezar o material de curativo, porém se for necessário utilizar, retire imediatamente após o uso e descarte em lixeira infectante. • Observe, comunique e anote se alteração na lesão, ex. exsudato, edema, hiperemia, isquemia, dor, etc. • Se houver dúvida sobre a realização do curativo, solicite avaliação do enfermeiro membro da Comissão de Curativo. • O curativo no dreno de Penrose deve ser isolado do curativo da ferida operatória, sempre que possível, e trocado todas as vezes que apresentar umidade. Se necessário, colocar bolsa coletora. • Procure evitar a fixação do curativo com produto como esparadrapo comum ou hipoalergênico, que durante as consecutivas trocas de curativo podem levar a uma escarificação da pele ao redor da ferida, comprometendo ainda mais a saúde do cliente. Esses podem ser substituídos por surgifix ou atadura de crepe. • Curativo primário é o que permanece em contato direto com o leito da ferida. Curativo secundário é o que permanece sobre o curativo primário, geralmente para absorver abundante exsudação. PRINCIPIOS DA TERAPIA TOPICA * Remova tecidos necróticos e corpos estranhos do leito da ferida: desbridantes enzimáticos ou desbridamento com instrumental (médico ou enfermeiro). * Identifique e elimine processos infecciosos: - se houver indicação, utilize antissépticos na limpeza da lesão. * Em caso de presença de “espaços mortos”: - para irrigar feridas com cavidade, pode ser necessário o uso de seringa conectada à um cateter, - preencha “espaços mortos” com curativos absorventes. * Mantenha o leito da ferida com umidade controlada: - em feridas com excesso de exsudato, utilize coberturasabsorventes. - em regiões ressecadas, utilize coberturas que forneçam umidade. * Promova isolamento térmico: solução fisiológica na temperatura próxima à temperatura corporal (em torno de 37° C). * Proteja a ferida de traumas e infecção: - mantenha a ferida com curativo oclusivo - evite traumas no local da lesão VENÓCLISE E PUNÇÃO VENOSA ADMNISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS É o processo de preparo e introdução de substância química no organismo humano, visando a obtenção de efeito terapêutico. É de fundamental importância que o profissional esteja consciente de que na administração de medicamentos há implicaçoes éticas e legais, portanto, exige cuidados muito maiores quanto á: - interpretação correta da prescrição, - fidelidade na execução da técnica, - observação, - atuação ágil nas possíveis reações que o cliente possa apresentar REGRAS GERAIS 1- Todo medicamento – deve ser prescrito pelo médico, somente em casos de emergência e na presença do médico a prescrição pode ser verbal. 2- A prescrição de medicamento deve conter: data; nome do paciente; registro; enfermaria; leito; idade; nome do medicamento; dosagem; via de administração; frequência; assinatura e carimbo do médico. 3- O local de preparo de medicamento deve estar limpo e em ordem. 4- Anotar qualquer anormalidade após administração do medicamento como: vômitos; diarreia; erupções; urticária etc. 5- Certificar-se das condições de conservação do medicamento - sinais de: decomposição; turvação; deterioração; precipitação etc. 6- Não administrar medicamento sem rótulo 7- Sempre verificar a data de validade do medicamento. 8- Em caso de dúvida nunca administrar o medicamento, até que a mesma seja esclarecida. 9- Utilizar técnica asséptica ao manusear o material esterilizado. 10- Não administrar medicamento preparado por outras pessoas. 11- Estar atento aos cuidados específicos com os medicamentos. EX: insulina - manter sob refrigeração. 12- Identificar o paciente, certificando-se do seu nome completo. 13- Orientar o paciente quanto: ao nome do medicamento; à ação da medicação; ao procedimento; ao autocuidado (horário, doses, cuidados gerais) 14- Posicionar o paciente adequadamente mantendo-o confortável. 15- Identificar a seringa ou recipiente de via oral: quarto; leito; via; nome do medicamento. 16- Checar e rubricar o horário do medicamento administrado somente após a administração do mesmo. VENÓCLISE É a infusão de solução dentro da veia, em quantidade relativamente grande. FINALIDADE: * infusão de grande volume de líquidos; * proporcionar via para administração de me-dicações; * repor líquidos; * manter equilíbrio de eletrólitos; * administrar nutrientes MATERIAIS Bandeja contendo: - Soro prescrito, - Equipo de soro, - Rótulo para soro, - Álcool, - Algodão PREPARO DO SORO Realizar a conferência da prescrição médica; Confeccionar o rótulo de soro: - Soro prescrito e medicamentos se prescritos - nome do paciente nº registro, - clínica e nº do leito, - Data, horário de início e previsão do término, - nº de gotas/minutos - nome de quem preparou o soro PUNÇÃO VENOSA É a introdução de um cateter diretamente na corrente sanguínea (veia periférica). OBJETIVO Instalar cateter em trajeto venoso periférico para: - manutenção de uma via de acesso, para retirada de amostras de sangue, - introdução de medicamentos, - monitorização da PVC, - transfusão de sangue e derivados, - hidratação e correção de distúrbios eletrolíticos, - introdução de nutrientes, - introdução de contraste e - drenagem de líquidos COMPLICAÇÕES CHOQUE: palidez, lipotimia, ansiedade, tremores e sudorese, podendo ser: * Pirogênico - introdução de solução contaminada; * Anafilático: hipersensibilidade a droga; * Periférico - aplicação rápida e dosagem elevada EMBOLIA: em geral de prognóstico fatal, podendo ser: * gasosa - introdução de ar na corrente sanguínea; * oleosa - introdução de medicamentos oleosos e * sanguínea - mobilização de trombos FLEBITES e TROMBOFLEBITES: processo inflamatório das veias, tornando a área dolorosa e hiperemiada. ESCLEROSE DA VEIA: devido a injeções frequentes no mesmo local e introdução de soluções hipertônicas (Ex: glicose 50%). INFILTRAÇÕES MEDICAMENTOSAS: devido ao extravasamento de medicamento fora do interior da veia. ABCESSOS: são processos infecciosos, devido a falta de assepsia e introdução de substâncias irritantes fora da veia PROCEDIMENTO - Higienizar as mãos, - Reunir o material, - Explicar o procedimento ao paciente, - Conectar o scalp no equipo de soro, - Tirar o ar do scalp, - Calçar as luvas de procedimentos e colocar os óculos de proteção, - Inspecionar a rede venosa do paciente, - Escolher um local para punção venosa – venóclise: se possível, inicialmente, escolher veias do dorso da mão e depois antebraço e braço. - Colocar o garrote acima do local a ser puncionado (3 a 10 cm), - Realizar a antissepsia do local a ser puncionado, - Retirar a tampa da agulha do scalp, - Segurar o cateter com firmeza, - Fixar a pele do paciente e introduzir a agulha – com o bisel para cima - na veia do paciente, - Ao retornar sangue no prolongamento do scalp, soltar o garrote, - Fixar o cateter na pele do paciente com adesivo, - Retirar as luvas de procedimentos. - Identificar a punção com data, hora e nome da pessoa que puncionou a veia, - Controlar o gotejamento do soro, - Deixar o paciente confortável e a unidade em ordem - Higienizar as mãos, - Checar a instalação do soro na prescrição médica. OBS: Para a escolha a veia, deve-se: * levar em consideração as condições das veias, tipo de solução a ser infundida e o tempo de infusão; * Se possível, inicialmente, escolher veias do dorso da mão e depois antebraço e braço. * preferir veias calibrosas na administração de drogas irritantes ou muito viscosas, a fim de diminuir o trauma do vaso e facilitar o fluxo; * se possível, escolher o membro superior não dominante para que o paciente possa movimentá-lo mais livremente; * evitar usar veias antecubitais, pela limitação de movimentos do paciente, a menos que se utilizem dispositivos venosos flexíveis * Evitar a proximidade entre o local da nova punção e o local da anterior. * Não puncionar o membro em casos: - veias esclerosadas ou membros paralisados, - edemaciados ou com lesões, - fístula arterio-venosa, - do mesmo lado de uma mastectomia. * Para facilitar o aparecimento de uma veia, pode-se fazer compressa ou bolsa de água morna, minutos antes da punção no membro escolhido. * Na retirada do cateter venoso, pressionar o local da punção com uma bola de algodão por 1 minuto ou até parar o sangramento, e aplicar um curativo adesivo no local da punção. * Após a segunda tentativa sem sucesso de punção venosa é recomendado solicitar a outro profissional para realizar o procedimento * Fazer o rodízio das punções, mesmo que a veia pareça íntegra: - Cateter venoso periférico flexível – 96 horas (4 dias). -Cateter venoso periférico rígido – uso único (usar somente no PS). * Equipo macro/microgotas uso intermitente – infusão de medicação – 24 horas (1 dia). * Equipo macro/microgotas uso contínuo – infusão de soroterapia – 96 horas (4 dias). * Avaliação de flebite e infiltração e extravasamento. * Caso ocorram sinais de flebite e infiltração/extravazamento, deve-se retirar o cateter venoso
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