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Indaial – 2020 Direção De Arte e CriAção Profª. Aline Gambin 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Profª. Aline Gambin Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: G191d Gambin, Aline Direção de arte e criação. / Aline Gambin. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 209 p.; il. ISBN 978-65-5663-061-8 1. Direção de arte. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 659.1 ApresentAção Caro acadêmico! Com este livro pretende-se apresentar o universo da direção de arte e seus principais conceitos. E para alcançar esse objetivo faremos uma longa viagem pela história da criatividade, nos seus mais variados aspectos. O propósito é que se possam observar tanto as questões teóricas e técnicas quanto as cognitivas envolvidas na direção de arte. Ferramentas e técnicas fundamentais para um profissional da direção de arte serão apresentadas. Contudo, busca-se ressaltar a importância do pensamento criativo, através desses hábitos, ferramentas e técnicas, formando profissionais inovadores, criativos e que não têm medo dos desafios. Afinal de contas, o mercado da publicidade e propaganda está em constante transformação, acompanhando sempre as tecnologias, meios de comunicação e, principalmente, as necessidades das pessoas. Para iniciar, a primeira dica é que se busque ter acesso aos softwares de edição de imagem. Hoje em dia os mais utilizados no mercado são Photoshop, InDesign, Illustrator e Corel Draw. Essas ferramentas serão fundamentais para o desenvolvimento das autoatividades, propostas ao longo do livro. Acredita-se que a partir desse método, de atividades práticas, será possível desenvolver habilidades como: interpretação dos conceitos teóricos; análise crítica de situações reais e possíveis soluções práticas; conhecimento técnico para o uso das ferramentas; e assimilação das discussões aplicadas no dia a dia da profissão. A autora deste livro didático, Aline Gambin, é publicitária e mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Através da sua experiência de mercado, atuando nas áreas de atendimento, planejamento e direção de criação, e como professora dos cursos de Publicidade e Propaganda e Jornalismo, em Santa Catarina, conduz as discussões intercalando teoria e prática. Formada desde 2009, encontrou na sala de aula o espaço desejado para explorar os processos criativos no ensino da direção de arte e design. Muitos desses aspectos serão apresentados nesta obra. A organização do livro didático se dá em três partes. A Unidade 1 é dividida em quatro tópicos: 1) Conceitos gerais de direção de arte e criação; 2) Briefing, pesquisas e documentos; 3) A linguagem da propaganda e 4) Arte final. Na Unidade 2 serão apresentados os seguintes pontos: 1) Contextualizando a criatividade; 2) Turbine o seu potencial criativo e 3) Os processos criativos aplicados na direção de arte. E por fim, na Unidade 3, serão apresentados os seguintes tópicos: 1) A origem do design gráfico e seus principais conceitos; 2) Planejamento visual gráfico 3) Uso e técnica das cores e 4) A edição de imagens. Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Que essa viagem pelo mundo da direção de arte e criação traga conhecimento e inspiração! Vamos lá! Profª. Aline Gambin Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO ........................................................................ 1 TÓPICO 1 — CONCEITOS GERAIS DE DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO ............................ 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3 2 DIREÇÃO DE ARTE NAS AGÊNCIAS DE PROPAGANDA ..................................................... 3 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 10 3 A DIAGRAMAÇÃO ......................................................................................................................... 13 4 PLANEJAMENTO DE CRIAÇÃO ................................................................................................. 24 5 A CAMPANHA .................................................................................................................................. 27 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 30 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 31 TÓPICO 2 — BRIEFING, PESQUISAS E DOCUMENTOS ......................................................... 33 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 33 2 CONCEITUANDO O BRIEFING .................................................................................................. 34 3 ENTREVISTAS E GRUPOS FOCAIS ........................................................................................... 37 4 MATRIZ DA MARCA E BRAND BOOKS .................................................................................... 40 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 43 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 44 TÓPICO 3 — A LINGUAGEM DA PROPAGANDA ................................................................... 45 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................45 2 OS PILARES DO DISCURSO PUBLICITÁRIO ........................................................................ 46 3 LINGUAGEM VISUAL – A ILUSTRAÇÃO ............................................................................... 53 4 LINGUAGEM VISUAL – A FOTOGRAFIA .............................................................................. 55 5 LINGUAGEM VERBAL – A REDAÇÃO PUBLICITÁRIA ...................................................... 56 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 60 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 61 TÓPICO 4 — ARTE FINAL ................................................................................................................. 63 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 63 2 ARTE FINAL ...................................................................................................................................... 63 3 OS PROCESSOS DE IMPRESSÃO ............................................................................................... 67 RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 69 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 70 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 71 UNIDADE 2 — CRIATIVIDADE E CRIAÇÃO .............................................................................. 73 TÓPICO 1 — SOBRE A CRIATIVIDADE ....................................................................................... 75 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 75 2 A EVOLUÇÃO DA CRIATIVIDADE E COMUNICAÇÃO AO LONGO DA HISTÓRIA ........................................................................................................... 76 3 CASES CRIATIVOS QUE MARCARAM A HISTÓRIA ........................................................... 88 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 93 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 94 TÓPICO 2 — TURBINE O SEU POTENCIAL CRIATIVO .......................................................... 95 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 95 2 A LÓGICA DA CRIATIVIDADE – O PENSAMENTO LATERAL ......................................... 96 3 FERRAMENTAS E TÉCNICAS DO PENSAMENTO LATERAL ........................................ 100 4 HÁBITOS E ESTADOS MENTAIS CRIATIVOS ..................................................................... 107 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 111 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 112 TÓPICO 3 — OS PROCESSOS CRIATIVOS APLICADOS NA DIREÇÃO DE ARTE ........ 113 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 113 2 DESIGN THINKING ....................................................................................................................... 114 3 DESBRAVANDO O PROBLEMA – IMERSÃO ......................................................................... 116 4 COMO TER IDEIAS – IDEALIZAÇÃO ..................................................................................... 121 5 TRANSFORMANDO CONCEITOS EM FORMAS – IMPLEMENTAÇÃO ........................ 126 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 131 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 136 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 137 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 138 UNIDADE 3 — DESIGN GRÁFICO ............................................................................................... 139 TÓPICO 1 — A ORIGEM E SEUS PRINCIPAIS CONCEITOS ................................................ 141 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 141 2 AS RAÍZES DO DESIGN GRÁFICO ......................................................................................... 142 3 BAUHAUS ......................................................................................................................................... 158 4 PRINCÍPIOS DA GESTALT ......................................................................................................... 161 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 166 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 167 TÓPICO 2 — PLANEJAMENTO VISUAL GRÁFICO ................................................................ 169 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 169 2 PRINCÍPIOS DO DESIGN GRÁFICO ....................................................................................... 169 3 TIPOGRAFIA .................................................................................................................................. 173 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 178 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 179 TÓPICO 3 — USO E TÉCNICA DAS CORES .............................................................................. 181 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 181 2 O CONTEXTO DA COR ................................................................................................................ 182 3 A TEORIA DA COR ........................................................................................................................ 185 4 A COR NA PUBLICIDADE E PROPAGANDA ......................................................................... 189 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 193 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 194 TÓPICO 4 — EDIÇÃO DE IMAGENS ........................................................................................... 195 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 195 2 OS PRINCIPAIS SOFTWARES E FERRAMENTAS ................................................................. 195 3 EDIÇÃO DE IMAGENS .................................................................................................................202 RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 205 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 206 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 207 1 UNIDADE 1 — DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender como funcionam os departamentos de criação dentro das agências de propaganda; • esclarecer os princípios da diagramação, através de conceitos e processos fundamentais para a direção de arte; • conceituar o briefing e as principais informações que devem guiar os processos criativos; • abarcar as abordagens possíveis na linguagem publicitária e suas aplicações nos textos verbais e visuais; • apresentar as informações necessárias para o fechamento de arquivo e processos e impressão. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONCEITOS GERAIS DE DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO TÓPICO 2 – BRIEFING, PESQUISAS E DOCUMENTOS TÓPICO 3 – A LINGUAGEM DA PROPAGANDA TÓPICO 4 – ARTE FINAL Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 CONCEITOS GERAIS DE DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO Se você questionar sobre “quem é o garoto propaganda da Bombril”, certamente vai saber responder ou terá recordações sobre a imagem do “Carlinhos”. Essa é a campanha mais longa da história do Brasil, e isso se deve ao fato de que os objetivos da marca foram alcançados a partir do conceito e estratégias propostas pela agência de propaganda. Sampaio (2013, p. 8) disserta que “a propaganda seduz nossos sentidos, mexe com nossos desejos, revolve nossas aspirações, fala com o nosso inconsciente, propõem-nos novas experiências, novas atitudes, novas ações”. Ser um comunicador envolve uma série de decisões que passam por questões estéticas e até mesmo éticas. Por tudo isso, é de suma importância conhecer os primórdios da comunicação, compreender a sua evolução e, principalmente, buscar observar a sociedade e consumidor para, com isso, poder entregar soluções criativas que atendam às necessidades e desejos das pessoas. Falar sobre direção de arte é falar sobre um universo de possibilidades que tem o intuito de entregar soluções criativas e inovadoras, focadas sempre nos objetivos empresariais e nas necessidades dos consumidores. Desse modo, no Tópico 1, falaremos brevemente sobre a história da propaganda e como funcionam as agências e seus diferentes setores. Depois disso, vamos desbravar os princípios da diagramação para a organização visual das imagens e textos ser eficaz. E por fim, será apresentada a metodologia para o planejamento, execução e apresentação de campanhas. 2 DIREÇÃO DE ARTE NAS AGÊNCIAS DE PROPAGANDA 1 INTRODUÇÃO Para compreender o momento atual dos departamentos de criação dentro das agências, é fundamental passar pela história, já que a comunicação acompanhou a evolução do homem. UNIDADE 1 — DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 4 Foi depois da Revolução Industrial, com o lançamento de milhares de produtos que passaram a ser vendidos em larga escala, que a propaganda passou a ser utilizada como uma estratégia para as vendas. De acordo com Domingos (2003, p. 115), “como tudo era novidade, bastava mostrar o produto, dizer para que ele servia e pronto: as pessoas iam correndo comprar”. Durante esse período, a propaganda introduziu hábitos de higiene, saúde, beleza e cuidados com o lar. Por exemplo, foi a propaganda que ensinou as crianças escovarem os dentes (DOMINGOS, 2003). A indústria da publicidade, como conhecemos hoje, teve início com a fundação, em 1871, da primeira agência de propaganda americana: a JWThompson. Contudo, foi em 1947, com a fundação da agência Doyle Dane Bernbach (DDB), que se mudou o modo de fazer publicidade no mundo (DOMINGOS, 2003). Um marco na história da propaganda, ainda no final da década de 1950, foi quando a Volkswagen escolheu a agência DDB para introduzir o Fusca (Beetle, em inglês) nos Estados Unidos. Os argumentos informativos não eram suficientes para competir com o mercado automobilístico e apagar a imagem negativa do carro alemão, uma nação inimiga até bem pouco tempo na Segunda Guerra Mundial. Por isso, decidiram se diferenciar deixando muito espaço em branco no layout (ver Figura 1), o que não era comum na época, e abordando uma chamada indireta “Pense pequeno”. FIGURA 1 – ANÚNCIO FUSCA “PENSE PEQUENO” TÓPICO 1 — CONCEITOS GERAIS DE DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 5 Tradução do texto de apoio: “Nosso pequeno automóvel já não é uma novidade. Uma dúzia de garotos universitários já não tenta mais caber dentro dele. O frentista do posto não pergunta mais onde se coloca a gasolina. Ninguém sequer nos encara. De fato, algumas pessoas que conduzem nosso pequeno nem sequer pensam que 32 milhas por galão está bem. Nem que ele consome dois litros e meio de combustível ao invés de cinco litros. Nem que nunca precisa de anticongelante. Ou que percorre 40.000 milhas com um jogo de pneus. É porque quando se acostuma com alguma de nossas economias, nem sequer se pensa mais nelas. Exceto quando se estaciona em um local muito pequeno. Ou se renova seu econômico seguro. Ou paga uma conta de reparo barata. Ou muda seu antigo VW por um novo. Pense nisso”. FONTE: <https://bit.ly/3dJpnAd>. Acesso em: 26 jun. 2020. A partir da segunda metade do século XX, os produtos deixaram de ser novidades e a concorrência crescia exponencialmente. “A pergunta dos consumidores não era mais “por que preciso de uma geladeira?”, mas, sim “qual geladeira eu devo comprar?” (DOMINGOS, 2003, p. 116). Desse modo, surge a necessidade de uma propaganda criativa para diferenciar os produtos, construir a imagem das marcas e ganhar a preferência dos consumidores. A evolução da comunicação não parou por aí! Com a globalização, os produtos tornaram-se praticamente iguais e os diferenciais de qualidade e preço deixaram de ser fatores competitivos. Além disso, o volume de mensagens publicitárias aumentou, tanto nos meios de comunicação, como nos pontos de venda. Assim, destaca-se a necessidade de mensagens criativas para diferenciar as marcas, ganhar um espaço na mente das pessoas e, no momento da compra, ser a opção desejada. Se lançassem hoje um carro movido a água, o anúncio não deveria ser “troque a gasolina por hidrogênio e oxigênio, mas sim “incrível: chegou o primeiro carro movido a água”. Não é criativo, mas é vendedor. E lembre-se: apesar do nome pomposo, a propaganda “criativa” nada mais é do que uma forma de venda (DOMINGOS, 2003, p. 117). E o Brasil, como fica na história da propaganda? Os percursores da publicidade criativa brasileira foram Alex Periscinoto (Agência Almap) e Júlio Cosi Jr. (Agência Standart), discípulos de Bernbach. Nos anos 1970, a DPZ se destacou no mercado, elevando o nível gráfico e criativo das campanhas. Segundo Domingos (2003, p. 121), “a agência criou campanhas inesquecíveis nos anos de 1970 e 1980, como a do Garoto Bombril, a Morte do Orelhão, o Leão do Imposto de Renda. Por tudo isso, a DPZ é vista como a mãe das agências criativas no Brasil”. Na Figura 2 é possível ver um anúncio da campanha, o Leão do Imposto de Renda. UNIDADE 1 — DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 6 FIGURA 2 – ANÚNCIO CRIADO PELA DPZ – O LEÃO DO IMPOSTO DE RENDA Textode apoio: “Você pode pensar que o imposto de renda está de boca, prontinho pra te arrancar um pedaço. Mas não é verdade. Leia com atenção o Manual de Instruções. Reúna os seus comprovantes. Escolha e preencha o formulário adequado. Assine corretamente. Cole a etiqueta no lugar apropriado. E entregue a sua declaração no prazo. Você vai ver que o leão não quer ficar com a parte do leão. Não perca o prazo para não perder o pé. Os prazos para a entrega da declaração são: 1) Até 24 de março, quem tem restituição. 2) Até 7 de abril, quem tem imposto a pagar. 3) Até 15 de maio, quem está isento de imposto. 4) até 30 de maio, quem está no exterior. A) A serviço do país, ou estudando. B) Brasileiros que transferirem, ou que tenham transferido sua residência do país, para prestar serviços como assalariados a: 1- Filiais, sucursais, agências ou representações, no exterior, de pessoas jurídicas domiciliadas no país. 2- Sociedades domiciliadas fora do país, de cujo capital participem, com pelo menos cinco por cento, pessoas jurídicas domiciliadas no país. 3- Organismos internacionais de que o brasil faça parte. Os bancos estão autorizados a receber as declarações no período de 27 de fevereiro a 15 de maio. A entrega da declaração fora do prazo acarretará o pagamento de juros de mora e, se o atraso for superior a dez dias, também a perda do direito ao pagamento parcelado do imposto. Atenção: o leão pega no pé de quem perder prazo de entrega da declaração”. FONTE: <https://bit.ly/2DYR0sG>. Acesso em: 26 jun. 2020. Em 1986, Washington Olivetto, redator responsável por parte do sucesso da DPZ, deixou a agência para criar a W/GGK, posteriormente batizada como W/Brasil. “A agência marcou época com comerciais impactantes, divertidos, inteligentes e emocionais” (DOMINGOS, 3003, p. 122). As contribuições da W/Brasil não param por aí. Eles inauguraram um modelo de agência que é reproduzido até hoje, com uma estrutura compacta e sem paredes entre os departamentos, para facilitar a comunicação entre os setores. TÓPICO 1 — CONCEITOS GERAIS DE DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 7 A direção de arte dentro das agências é esse setor responsável por criar as ideias que deverão auxiliar os clientes a atingir suas metas. Contudo, esse setor não trabalha sozinho. O diálogo entre os profissionais dos diferentes setores das agências é fundamental para o sucesso de toda a campanha. Os atendimentos são a linha de ligação entre a agência e os clientes. Sempre em contato direto com ambos, deve levar as equipes de criação e demais setores da agência todo o seu know-how (o conhecimento da pessoa para fazer determinada tarefa) a respeito das empresas atendidas, gerenciando os processos e atendendo aos prazos estabelecidos junto ao cliente. É muito comum a utilização de termos em inglês nas agências de propaganda. Isso porque, como vimos na breve história da propaganda, os Estados Unidos da América foram o berço da indústria e vários termos da língua inglesa foram adotados no mundo todo para definição de conceitos e processos da área. NOTA Os setores de planejamento e pesquisa são responsáveis por investigar o mercado e os concorrentes e fornecer às equipes da agência e seus clientes informações estratégicas, tendências e oportunidades de atuação. Já o setor de mídia propõe os meios de comunicação mais adequados para que as peças desenvolvidas pelo departamento de criação cheguem até o público- alvo. Esse departamento, além de comprar os espaços nos veículos, deve planejar, monitorar e mensurar a audiência e alcance dos investimentos feitos pelo cliente. As equipes de produção são compostas por profissionais com habilidades diversas: produtores gráficos, desenvolvedores, programadores, fotógrafos, arte- finalistas, entre outros, acionados de acordo com a necessidade de cada job. Todas essas atividades estão ligadas à execução das peças concebidas pela equipe de criação. Os departamentos de arte e criação são formados por um diretor de criação – responsável por gerenciar os processos e garantir um nível criativo interessante, sempre focado nos objetivos apresentados no briefing; pelo diretor de arte – quem desenvolve a concepção estética e artística das peças; e pelo redator – que com o diretor de arte (parceria conhecida nas agências como Dupla de Criação) desenvolve o conceito e a parte textual das peças de comunicação. UNIDADE 1 — DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 8 Job – do inglês “trabalho”, é um termo utilizado nas agências para designar as tarefas colocadas em pauta. Briefing – é o conjunto de informações levantadas, geralmente pelo atendimento, para a execução de um trabalho. No Tópico 2, vamos aprofundar as questões sobre o briefing. NOTA A direção de arte é para todos, mas nem todos são para a direção de arte. Isso porque, algumas questões são fundamentais para os profissionais que desejam se destacar nessa área. Newton Cesar (2009) elenca alguns detalhes que devem ser levados em consideração por aqueles que desejam ingressar na área da criação: 1. Relacionamento: entrar em uma conceituada agência de propaganda não é uma tarefa fácil. Você precisa ter um portfólio que valorize suas habilidades e conhecimento, precisa saber mexer em vários softwares, ser criativo, repertório variado e assim por diante. Por isso, ao alcançar tal objetivo muitos profissionais acabam sem saber como lidar com o ego. Contudo, é fundamental que dentro das agências se busque respeitar as diferenças e ouvir os colegas com empatia. Durante muito tempo se ouve falar da eterna batalha entre atendimentos e criação. Tudo o que sabemos é que essa rincha é como um bom clássico de futebol que movimenta os bastidores da profissão. E só isso! Porque todo profissional antenado sabe que a gestão dos relacionamentos dentro das agências, entre as equipes e com os clientes, é fundamental para o bom andamento dos trabalhos, na busca pelas soluções mais criativas e inovadoras possíveis. 2. Informação: a busca por informação de todo tipo é fundamental para melhorar o seu know-how e auxiliar na busca por soluções criativas e inovadoras. Busque informações sobre arte, música, moda, design, mas também assista a novelas e leia revistas de fofocas, pois conhecer o que as pessoas de todos os tipos estão consumindo é fundamental para falar a linguagem delas. O profissional antenado estará sempre conectado com as mudanças que acontecem constantemente no mercado, projetando uma carreia sólida na área de criação. 3. Proatividade: essa é uma dica que vale para profissionais de qualquer área. Esteja atento, analise seus hábitos e processos e sempre que achar necessário proponha melhorias. Quando ficamos fechados nos trabalhos diários, apenas executando sem um senso crítico, nos tornamos uma máquina facilmente substituível. Além disso, é importante controlar o tempo nas redes sociais e sites a fim de não atrasar a pauta ou comprometer os prazos dos clientes. 4. Sem desculpas: “sempre dá para fazer. Sempre. Um dos segredos da profissão, aliás, é encontrar formas de se fazer, com ou sem dinheiro” (CESAR, 2009, p. 27). TÓPICO 1 — CONCEITOS GERAIS DE DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 9 5. Tenha paciência e seja maleável: com paciência conseguimos enxergar as possibilidades com mais clareza e aproveitamos melhor nosso tempo. Dessa forma, poderemos analisar os argumentos e opiniões de outros profissionais. Ser maleável nos auxilia nos relacionamentos dentro da agência, primeiro tópico elencado por Cesar (2009). 6. Saia da caixa: algumas campanhas nos fazem questionar: “por que eu não pensei nessa ideia antes?” Essa resposta é simples. Grandes ideias envolvem todos os itens levantados até aqui: bons relacionamentos possibilitam a cocriação, profissionais bem informados têm repertóriopara as ideias e quando dispensamos as desculpas ocupamos nosso tempo para buscar as melhores soluções. A determinação em entregar trabalhos criativos que atendam aos objetivos do cliente devem ser o foco. Quando você trabalha em prol do cliente e seu público com ideias inovadoras, os méritos e prêmios devem chegar. Tudo é uma questão de conhecimento e processos. Cocriação – é uma prática que ocorre na gestão de empresas que buscam usar as potencialidades de cada profissional ou até mesmo de clientes e agente externos, a fim de alcançar soluções inovadoras e criativas. IMPORTANT E Entendendo como surgiram as agências de propaganda, seu contexto atual e requisitos para a profissão de direção de arte, iniciamos a jornada pelos mais variados conceitos e técnicas que envolvem a criação publicitária. UNIDADE 1 — DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 10 O DIA A DIA DO DIRETOR DE ARTE Newton Cesar Não seria difícil falar um pouco sobre propaganda após tatos anos de profissão, mas outros livros já fazem isso e, certamente, com toda maestria. Além disso, não tenho o interesse de que você leia apenas sobre propaganda. Se você me pedisse uma opinião do que se deve ler para entender que propaganda e ser um bom Diretor de Arte, certamente eu lhe indicaria um romance. E se não gosta tanto assim de ler, tudo bem optar por uma revista ou jornal. Na hora da criação – não importa ser Diretor de Arte ou redator – o conhecimento é uma ferramenta insubstituível. Meu interesse é que você, entendendo a direção de arte, aprenda sobre propaganda. Embora alguns momentos de reflexão façam-me questionar sobre o que é ensinado nos cursos superiores, não tenho dúvidas de que sejam importantes. Um bom advogado nunca será um bom advogado apenas porque estudou. Um jornalista só será um bom jornalista se aprender aquilo que os cursos não ensinam. O mesmo acontece em todas as profissões e, penso, não seria necessário dizer. Por sua vez, o glamour, a fantasia, o fascínio que a publicidade desperta em determinados estudantes, torna-os alunos maravilhados. Se não bastasse, a maioria esmagadora dos estudantes pensa em ser da criação, pois, assim, podem pertencer ao departamento mais cobiçado dentro da agência. Ser da criação, imaginam, garantir-lhes-á o direito de ser diferentes. Besteira. Há muito a propaganda mudou. Os departamentos de uma agência e suas maneiras de trabalhar e adaptar-se numa das profissões mais estressantes que existe. O dia a dia é duro. A concorrência é grande e os clientes estão sempre precisando de algumas doses diárias de marketing. Comparativamente, trabalhar em propaganda é como trabalhar num hospital: você precisa fazer plantão. E se o cliente está com algum problema grave, precisa encontrar um remédio da noite para o dia. Os 10% de inspiração que você teria direito por trabalhar na criação são esmagados pelos 100% de transpiração. Criar anúncio, afinal, virou coisa séria. Para entender melhor essa realidade, é preciso trabalhar. Vamos ao dia a dia. LEITURA COMPLEMENTAR TÓPICO 1 — CONCEITOS GERAIS DE DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 11 Ao se vestir, pode colocar uma gravata diferente, brinco, colete. Ninguém vai reparar, inclusive, se não pentear o cabelo. Afinal, você é o Diretor de Arte. Só que não vai mudar nada. Hoje, quando chega na agência – e não pode ser às 10 horas, salvo no caso de ter trabalhado até de madrugada – você quase não tem tempo de tomar o cafezinho nem de ler o jornal. Sobre a mesa, o trabalho ainda inacabado do dia interior ou um outro a ser começado. Se não for isso, é reunião de briefing. Seja qual for a alternativa, você está perdido. Não importa quanto você goste do que faz. Olhar para o papel ou a tela do computador em branco às 9 horas da manhã é um desafio sério. Você não está sozinho nessa, concordo. Comemore! Junto de você está o redator com o mesmíssimo problema. Se eu fosse definir o dia a dia do Diretor de Arte folheando os compromissos numa agenda, a situação seria a seguinte: 9h – Você chega na agência para trabalhar. 9h5 – Você tem de lembrar o que deixou para trás e continuar, ou tem de começar um trabalho novo. Se o trabalho é novo, você nunca viu aquele cliente antes. Caso você tenha visto o cliente, como tantas outras pessoas, em comerciais ou anúncios feitos por outra agência, não sabe exatamente o mal que ele está sofrendo. 9h15 – Você precisa sentar com o atendimento (pessoa que supostamente entende o cliente) e conseguir toda informação possível para aquele trabalho. Como isso é vida real e não a universidade que você cursou, o atendimento não tem as informações, ou porque não sabe mesmo ou porque o cliente não informou e, ainda assim, exatamente como um adivinha, você precisa encontrar o problema do cliente e criar um anúncio para solucioná-lo. Bem, a agência em que você trabalha é grande, tem nome, é organizada. O atendimento sabe das coisas. Atendimento, diretor de conta, planejamento e pesquisa sentam com você, que é da criação, e passam o maior número de informações possível. Muito bom. Assim, você – que é Diretor de Arte –, o redator, o diretor de criação, a equipe de criação e várias outras pessoas envolvidas com aquele cliente, descobrem o caminho a ser seguido. Agora é sentar e executar. 9h45 – As pessoas se separam. Afinal, mesmo que a discussão tenha sido em grupo, cada uma precisa fazer a sua parte. 10h – Você e o redator conversam um pouco mais sobre o que descobriram do cliente. Imaginam que, graças à conversa, com todo o caminho já traçado anteriormente, possam encontrar um título e uma imagem para o anúncio. Se for uma campanha publicitária, seguida de material de apoio, a situação piora. Precisam criar um anúncio, um filme, um spot de rádio, um outdoor, uma mala direta, cartazes e outros materiais para o ponto de venda, ações promocionais, brindes, entre tantas outras possibilidades. UNIDADE 1 — DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 12 Você é o Diretor de Arte, não precisa se envolver com tudo isso. Basta pedir os textos e títulos para o redator e fazer as peças gráficas. Errado!!! A opinião e o conceito para desenvolver o material tem que ser em conjunto. Diretor de Arte também cria título, filme, spot. Redator também faz layout. Não entendeu? Muito bem, você é da criação. É pago para ter ideias. Precisa tê-las. Então, no decorrer do trabalho, você dá sugestões. Imagina filmes, comerciais de rádio. Aparece, bem ali, naquele espaço em branco que você ainda precisa preencher, o título. Isso também pode acontecer com o redator. Quando você menos espera, lá vem de bandeja para você a ideia pronta para as peças gráficas. A sua frente, a imagem que tanto você quis encontrar. Amém ao redator. 10h30 – Vocês, finalmente, tiveram a ideia. Só que você não vai com a cara do redator. Diz que a ideia não é boa, mesmo sendo. O redator, que também não vai com a sua cara e senta bem na sua frente, também não concorda com seu ponto de vista. Vocês ponderam. Profissionalismo acima de tudo. 10h40 – Finalmente, cada um vai desenvolver a sua parte. Você vai esboçar os layouts. Ele, os textos. Os dois, filmes e spots. 11h50 – Você venceu o papel em branco e criou peças publicitárias lindas. O redator idem. Colocam embaixo do braço e mostram para o diretor de criação. Este, como lhe cabe dirigir o pessoal da criação, tem o direito de elogiar ou reprovar. Reprova. 12h15 – Você já pensa em almoçar. Não pode, precisa começar tudo de novo. O trabalho está marcado para ser apresentado no dia seguinte. No meio do trabalho, o almoço é o cliente. 15h – Nova ideia pronta. Antes de começar a desenvolver, o atendimento aparece. Olha, mesmo sem você permitir que ele tivesse olhado. Ele dá sugestões. Mesmo sem falar com o diretor de criação, pede para você mudar uma coisa aqui, outra ali. Às vezes você muda, outra não.Esse atendimento sai. Você, infelizmente, vai ter sossego para desenvolver o trabalho. Entra outro atendimento. Pede outro trabalho de outro cliente. Você se nega a atender. Não acabou nem aquele. De nada adianta. Após uma pequena discussão, lá estão você, o redator, o atendimento e o diretor de criação em reunião discutindo um novo trabalho. Aquele trabalho que você precisava ter continuado, à espera na mesa. 17h – Bom, você perdeu duas horas em reunião. Pega os novos esboços do cliente anterior e vai mostrar para o diretor de criação. Ufa! Aprovou. Agora, tem que passar tudo isso para o computador. Você ou seu assistente. Só que você precisa, no meio de tudo, sair e ir até o estúdio do fotógrafo acompanhar uma foto de um outro trabalho. 20h – Você volta para a agência. O trabalho braçal de executar as pelas ainda não está nem na metade. Vai ser uma noite longa. Pizza de novo. 2h da madrugada – Você vai embora. O assistente ainda fica um pouco mais para terminar as peças. Dia seguinte, 10 horas – O dono da agência resolve dar uma olhada nas peças. O atendimento, lógico, junto. Mudam coisas. Mexem naquela cor que você demorou para encontrar. Como você é o Diretor de Arte e não eles, você argumenta. O atendimento entende, atende. O dono da agência, não adianta, detesta aquela cor. Você muda, sem ter muito o que discutir. Você fica louco por TÓPICO 1 — CONCEITOS GERAIS DE DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 13 isso. A reunião é às 14 horas e mudaram muita coisa. Tem que correr e arrumar em tempo recorde. 12h30 – Está quase acabando e o outro atendimento entra pedindo aquele trabalho que havia passado no meio da tarde anterior. Como você estava fazendo esse, não fez aquele. Prioridade, afinal de contas, é importante. Mesmo assim, ele precisa de uma coisinha só, urgente, para passar para o cliente por fax ou e-mail. Você faz. Perde 30 minutos na coisinha urgente e quase não entrega a campanha das 14 horas. 14h15 – Finalmente, descanso. Você almoça. E se prepara para começar a mesma maratona para um cliente completamente diferente. 17h30 – Quando você pensa que tudo está resolvido, ninguém se feriu, o cliente não faleceu e as emergências foram atendidas com sucesso, volta o atendimento com alterações que o cliente fez naquela campanha que você dedicou horas de sabedoria, competência e aborrecimento para criar. Como você viu, a propaganda é muito ágil. O ritmo, tão alucinante, torna o trabalho dinâmico e, por vezes, estressante, eu já disse. Nem sempre é assim, é verdade. Mas quem hoje trabalha em criação vive como se o mundo não fosse mais existir. Sorte quando se consegue trabalhar sob planejamentos, prazos, pesquisas. Em casos assim, os resultados, tanto para a agência quanto para o cliente, normalmente são muito melhores. Nem todos concordam com isso, haja vista a publicidade brasileira se qualificar como uma das melhores do mundo. Estar entre as melhores do mundo, essa tal publicidade, só é possível porque, mesmo sob tensão, mesmo sob prazos esmagadores, mesmo sob os olhares e domínios de clientes e donos de agências, e mesmo, até, sob a falta de vontade de que algumas vezes não conseguimos nos livrar, fazemos um bom trabalho. Existe a consciência de que o tempo é curto. A concorrência é grande. As mudanças são meteóricas. O futuro vive atropelando o presente. Quem não acompanhar corre sérios riscos de extinção. Por isso, a propaganda é veloz. Se não for, não compete. Para tanto, todos são envolvidos: cliente, atendimento, mídia, produção e criação. Mesmo assim, tem um ditado que não me sai da cabeça toda vez que sou obrigado a criar um material em tempo recorde. Alguém, muito sábio, disse: – A pressa passa e a merda fica. Agora podemos falar de criação. FONTE: CESAR, N. Direção de arte em propaganda. 10. ed. Brasília: Editora Senac, 2015. p. 29-34. 3 A DIAGRAMAÇÃO “Todo layout começa com um espaço em branco a ser preenchido. Você pode preenchê-lo com textos, imagens, cores. Mas, acima de tudo, precisa preenchê-lo com objetividade, simplicidade e inteligência” (CESAR, 2015, p. 151). UNIDADE 1 — DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 14 Em direção de arte, diagramação é a organização visual de imagens e textos de uma revista, anúncio, catálogo, folheto ou qualquer peça gráfica. Tudo começa pela escolha do formato, passando pelo conceito criativo que deverá ser percebido através das escolhas estéticas. Antes de tudo, é fundamental compreender o conceito de estética aplicado à propaganda. Na sua essência, a experiência estética ocorre quando “nossos sentimentos são tocados, são despertados pelas formas do objeto e então vibram, dando-se a conhecer a nós mesmos” (DUARTE JÚNIOR, 1986, p. 52). A estética é a ciência das aparências que são percebidas por nossos sentidos, gerando sensações. Trata-se de uma experiência em que temos dois elementos: o objeto estético, que pode ser uma obra de arte, um filme, uma propaganda; e o espectador, que a partir da percepção do objetivo preenche os sentidos provenientes da estética (DUARTE JÚNIOR, 1986). Entendendo a importância das escolhas estéticas no sistema sociocultural, percebe-se que todas as decisões que envolvem uma peça gráfica devem levar em conta os sentimentos que queremos gerar com essa experiência. A primeira decisão que tomamos ao iniciar uma peça é o formato do material. Para essas escolhas leva-se em consideração, inicialmente, o meio no qual a peça será veiculada (revista, jornal, mídia digital etc.) e a verba disponível para produção, quando for o caso de produções gráficas (folder, flyer, cartaz etc.). De acordo com Ribeiro (2003, p. 155), “nas escolhas do formato influem fatores de praticidade, e comodidade, além de fatores estéticos e de interpretação”. Em 1911, a Associação de Engenheiros Alemães criou um formato padrão de papel, conhecido como formato internacional ou DIN, visando à economia do papel. Esse formato parte de um ponto lógico, ajustando qualquer peça gráfica a essas medidas (Figura 3). Os formatos foram calculados para que a folha tenha sempre a mesma proporção, por quantas vezes seja dobrado, conforme Figura 4 (RIBEIRO, 2003). FIGURA 3 – FORMATO INTERNACIONAL DE PAPEL SÉRIES A, B E C, DA NORMA ISO 216 TÓPICO 1 — CONCEITOS GERAIS DE DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 15 FIGURA 4 – TAMANHO DO PADRÃO ISO 216, SÉRIE A – 84,1 X 118,9CM FONTE: <https://iddigitais.com.br/conhecendo-padroes-de-papel/>. Acesso em: 30 jun. 2020. Ao sair da fábrica o papel é acondicionado em boninas, para o uso nas impressoras rotativas, ou em resmas, para as máquinas planas. Há diversas espécies e qualidades de papel, variando sua cor, textura e gramatura. A gramatura varia de acordo com a espessura do papel e é escolhida de acordo com os objetivos do material. FONTE: <https://iddigitais.com.br/conhecendo-padroes-de-papel/>. Acesso em: 30 jun. 2020 https://iddigitais.com.br/conhecendo-padroes-de-papel/ https://iddigitais.com.br/conhecendo-padroes-de-papel/ UNIDADE 1 — DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 16 As formas matematicamente determinadas (triângulo, quadrado, retângulo etc.) são as que mais impressionam a percepção humana. Contudo, a partir de estudos, percebeu-se que a natureza humana prefere a figura do retângulo como a mais agradável e harmoniosa das figuras gráficas – o que chamamos de retângulo áureo. Essa teoria, conhecida como Proporção áurea, Número de ouro, Divina proporção, Razão áurea, Golden Ratio, foi construída a partir de cálculos matemáticos, relacionados à proporção de PHI – 1,618 (RIBEIRO, 2003). Mas de onde vem a proporção área? Pitágoras, o pai da matemática, usava essa proporção para explicar a harmonia, o cosmo e a alma. A partir daí, passou a ser utilizada para se construir templos, pirâmides e palácios. Na idade média, Fibonacci propôs uma sequência numérica (0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144,233) onde cada elemento seguinte é obtido somando-se os dois anteriores: 1+1= 2, 1+2= 3, 2+3= 5 e assim sucessivamente. Essa teoria pode ser encontrada nas artes, arquitetura, design e biologia, isso porque a razão entre dois números consecutivos é muito próxima à proporção área – 1,618. Por exemplo: 5/3= 1,666, 21/21= 1,615, 233/144= 1,618 Curiosidade: os espirais de um caracol aumentam de tamanho em uma proporção de 1,618. FIGURA 5 – ESPIRAL CARACOL NA PROPORÇÃO DE 1,618 FONTE: A autora Na direção de arte, nós usamos o retângulo áureo nas criações com o intuito de alcançar seu rendimento máximo na harmonia das peças. No quadro a seguir é possível ver como se cria um retângulo áureo: TÓPICO 1 — CONCEITOS GERAIS DE DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 17 QUADRO 1 – COMO CRIAR UM RETÂNGULO ÁUREO FONTE: A autora Definido o formato, passamos para a diagramação dos elementos na página. Para isso, é fundamental a compreensão de que na página existem pontos de atenção, que devem ser explorados com os elementos principais do layout já que estarão nos locais de maior visibilidade de leitura. O centro ótico (Figura 5), como é conhecido na direção de arte, “não é o geométrico, determinado pelo cruzamento das diagonais. Seu centro vital está situado em cima daquele centro matemático; sua altura é variável, dependendo da relação entre largura e altura” (RIBEIRO, 2003, p. 177). UNIDADE 1 — DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 18 FIGURA 6 – CENTRO ÓTICO FONTE: A autora Na Figura 6 são apresentados também os pontos de atenção (círculos azuis), conhecidos como a Regra dos Terços. Quando dividimos um retângulo em três partes iguais, tanto horizontal como verticalmente, os pontos de encontro das linhas serão pontos fortes para colocarmos os principais elementos do layout. Essa Regra dos Terços é utilizada na diagramação e em outras áreas como a fotografia, para atrair o olhar do público (exemplo na Figura 6). FIGURA 7 – REGRA DOS TERÇOS APLICADA À PROPAGANDA FONTE: A autora TÓPICO 1 — CONCEITOS GERAIS DE DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 19 Ao iniciarmos um layout, a definição das margens é outro fator que deve ser levado em consideração. Em softwares como o InDesign e Illustrator, os mais utilizados no mercado atualmente, nas configurações de abertura de arquivo já é solicitada à medida que o diretor de arte pretende usar nas margens. Assim como as linhas de atenção, as margens auxiliam na harmonia visual das peças, colaborando com a organização dos elementos. O padrão mínimo de margem é de meia polegada, para garantir que nenhuma informação importante seja cortada na impressão. Contudo, como na maioria das regras apontadas aqui, o padrão existe, mas pode ser quebrado, quando aplicada uma lógica para atender à estética pretendida. AUTOATIVIDADE Agora vamos praticar: Escolha uma fotografia. Crie um texto para acompanhar essa imagem. Em um programa de edição de imagem (sugestão: Photoshop, InDesign, Illustrator, Corel Draw) inicie um arquivo com 21x14cm. Use as réguas do programa para aplicar a Regra dos Terços. Agora posicione os principais elementos da fotografia nos pontos de atenção e, depois, faça o mesmo com o texto que você criou. Definido o formato, entendendo quais são os pontos de maior atenção e iniciado o arquivo com as suas devidas margens, se inicia a distribuição dos elementos na página. O equilíbrio da peça pode ser simétrico ou assimétrico e varia de acordo com o tamanho, peso e a distribuição dos elementos na página. O equilíbrio simétrico (Figura 8) “evidencia a massa simetricamente distribuída em ambos os lados de um eixo fictício” (RIBEIRO, 2003, p. 182). Já a diagramação assimétrica (Figura 9) é caracterizada pela “distribuição dos vários elementos que se opõem com pesos desiguais de um e de outro lado, de sorte que a vertical do centro de gravidade divide o todo em partes desiguais, porém sensivelmente equivalentes” (RIBEIRO, 2003, p. 182). UNIDADE 1 — DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 20 FIGURA 8 – EXEMPLO DE COMPOSIÇÃO SIMÉTRICA FONTE: <https://bit.ly/2Cqwpgo>. Acesso em: 30 jun. 2020. FIGURA 9 – EXEMPLO DE COMPOSIÇÃO ASSIMÉTRICA FONTE: <https://bit.ly/3kNpcbs>. Acesso em: 30 jun. 2020. TÓPICO 1 — CONCEITOS GERAIS DE DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 21 Quando o diretor de arte opta por um equilíbrio simétrico, com pesos iguais e bem distribuídos pela página, pode parecer menos criativo. Isso porque a assimetria remete mais à ação, evidenciando elementos na página. Note que os espaços em branco são fundamentais para compor um equilíbrio assimétrico e garantir o destaque dos elementos. Outro fator que contribui com o equilíbrio do layout são os alinhamentos. Quando se refere ao texto, temos as seguintes opções: QUADRO 2 – TIPOS DE ALINHAMENTOS AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAA Texto centralizado AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAA Texto alinhado à esquerda AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAA Texto alinhado à direita AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA Texto justificado FONTE: A autora Para fazer um layout equilibrado, segundo Cesar (2015), siga algumas dicas: • Alinhe os blocos de texto com outro elemento da página (foto, título ou os dois). • Quando centralizar um bloco de texto, faça o mesmo com outro objeto da página para justificar o porquê de o texto estar centralizado. • Se você tiver mais de uma foto no layout com o mesmo grau de importância, alinhe elas verticalmente ou horizontalmente. Contudo, se optar por um equilíbrio assimétrico, busque alinhar as imagens com outros elementos (textuais ou imagens) para que não fiquem soltos na página. • Não deixe o logotipo, site ou endereço solto na página. Alinhe com outro objeto. • Crie contrastes visíveis entre os elementos da página (retomaremos esse assunto na unidade 3) criando hierarquia entre as informações. Se você aplicar todos os elementos grandes (chamada, imagem, logotipo etc.) você corre o risco de deixar o layout poluído e não chamar a atenção do público para a leitura. Facilite a leitura guiando os olhos do leitor através do tamanho e contraste dos elementos. • Deixe espaços vazios. “Às vezes, a melhor maneira de atrair a atenção do leitor para uma peça gráfica ou anúncio é usar título ou foto bem pequena, deixando mais de 50% da peça gráfica sem absolutamente nada, apenas áreas livres” (CESAR, 2000, p. 159). • Cuidado com as cores. “A dica da escolha correta da cor é fazer com que ela combine com a imagem principal do anúncio” (CESAR, 2015, p. 156). Se não UNIDADE 1 — DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 22 tiver uma imagem ou cor predominante, você poderá usar a paleta de cores da identidade visual do cliente ou do produto. Na dúvida, use o branco e cores neutras! Para a organização das imagens na página é fundamental o cuidado com a proporção dos elementos. “A proporção, em linguagem simples, é a relação de escala entre as coisas (prédios, carros árvores, objetos, produtos, animais, natureza, pessoas etc.). E a escala de proporção vale para três medidas: altura, largura e profundidade” (CESAR, 2009, p. 46). Existem maneiras de verificar a proporção. A primeira é a comparação, realizada por desenhistas com o auxílio de um lápis para verificar a medida visual. Nos casos de ampliações e reduções, a proporção pode ser medida com uma régua de proporção, um escalímetro ou, simplesmente, optar pela regra de três. Por exemplo, se você tem uma foto com 18 x 10cm e quer que a altura caia de 10cm para 4cm basta fazer o cálculo 18 (largura) x 4 (altura que deseja) = 72 dividido por 10 (altura atual) = 7,2cm. Contudo, a maneira mais usual nas agências são as malhas de proporção, isto é, conjunto de linhas horizontais e verticais, que são distribuídos proporcionalmente e auxiliam o diretorde arte na distribuição dos elementos na página. A maior parte dos programas gráficos (InDesign, Illustrator, etc.) disponibilizam essa ferramenta para a diagramação. Outro ponto que deve ser levado em consideração na diagramação é a perspectiva. Esse trabalho envolve decisões a respeito da profundidade e distância entre os objetos. Como regra básica, “quanto mais distante dos olhos, mais perto os espaços. Quanto mais perto dos olhos mais distante os espaços” (CESAR, 2009, p. 61), conforme é ilustrado na Figura 10. FIGURA 10 – PERSPECTIVA FONTE: (CESAR, 2009, p. 61) TÓPICO 1 — CONCEITOS GERAIS DE DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 23 Para compreender a perspectiva é importante entender que tudo é feito de linhas, que convergem para um ou mais pontos, conhecidos como ponto de fuga. Esses pontos existem a partir da linha do horizonte, isso é, uma linha imaginária, determinada pela nossa posição. Para ter uma ideia precisa sobre a linha do horizonte, basta traçar uma linha num pedaço de acetato ou papel transparente. Coloque-o na frente dos olhos, esticando o braço, não importa se você está de pé, sentado, agachado ou deitado. A linha que estiver na altura dos seus olhos é a linha do horizonte (CESAR, 2009, p. 63). A perspectiva da imagem pode ser central ou oblíqua. A primeira é determinada por um único ponto de fuga, conforme representado na Figura 11. Já a perspectiva obliqua é determinada por dois ou mais pontos. Na Figura 12 é possível ver a diagramação correta de um reflexo, respeitando a perspectiva. FIGURA 11 – PERSPECTIVA CENTRAL FONTE: Cesar (2009, p. 65) FIGURA 12 – PERSPECTIVA OBLÍQUA FONTE: Adaptado de Cesar (2009, p. 66-67) UNIDADE 1 — DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 24 AUTOATIVIDADE Agora vamos praticar: Copie e cole a figura a seguir em um software de edição (Sugestões de programas para realizar as atividades: Photoshop, InDesign, Illustrator, Corel Draw). Escreva nesta placa o texto – “Ponto de referência” – usando duas linhas. Deixe o texto alinhado à esquerda. Depois faça uma linha divisória e escreva – “Como ser o número 1”. Obedeça à perspectiva da placa para aplicação desses elementos. EXERCÍCIO PRÁTICO FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/2YiFsrJ> Acesso em: 30 jun. 2020. A diagramação dos elementos na página envolve essa série de decisões e conhecimentos a fim de compor um layout harmônico. Os softwares de edição auxiliam muito através de suas ferramentas. Contudo, o elemento humano por trás das máquinas é o agente principal para que as ideias e conceitos sejam bem distribuídos. Na direção de arte, a busca pela inovação é constante, contudo, nunca se esqueça de que o layout deve atender aos objetivos do briefing e todas as escolhas estéticas devem estar focadas no público-alvo e não nos seus gostos pessoais. 4 PLANEJAMENTO DE CRIAÇÃO Antes de criar qualquer peça publicitária, a primeira coisa a ser pensada é o conceito. De acordo com Cesar (2009, p. 170), “campanhas com bons conceitos são campanhas vencedoras, duradouras”. Bons conceitos conseguem resolver os problemas de comunicação do cliente, com ideias inovadoras que se destacam no meio das inúmeras peças publicitárias com que temos contato diariamente. TÓPICO 1 — CONCEITOS GERAIS DE DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 25 Não existe uma fórmula mágica para criar o conceito de uma peça, mas alguns processos auxiliam na construção. O desenvolvimento criativo inicia com a leitura do briefing. Busque compreender qual o problema e objetivo do job. Muitas vezes, a leitura superficial do briefing ou a falta de clareza e informações acarretam em retrabalho. A dica é: na falta de informação entre em contato com o atendimento para que ele esclareça as questões que ficaram pendentes. Além disso, nunca perca o foco no público-alvo. Depois de compreender os objetivos do job, é importante evidenciar os diferenciais do produto, serviço ou marca. Isso é, buscar as características tangíveis ou intangíveis que proporcionam algum tipo de benefício ao consumidor. Para isso, é de suma importância uma análise detalhada da concorrência e a clareza das necessidades e desejos do target. A partir disso, é possível definir a promessa básica da peça, isso é, a afirmação que fazemos no anúncio explorando os diferenciais (concretos ou subjetivos) da marca. A promessa básica deve responder à pergunta: O que estou afirmando que meu produto/marca pode fazer pelo consumidor? Observe a Figura 13: FIGURA 13 – ANÚNCIO DA CAMPANHA DA GOL – NOVOS TEMPOS NO AR FONTE: <https://bit.ly/2E614ju>. Acesso em: 3 ago. 2020. No anúncio criado pela agência AlmapBBDO, a promessa básica afirmada é que nos aviões da Gol as pessoas terão mais conforto. Os diferenciais ressaltados nessa peça gráfica são: mais espaço entre as poltronas, bagageiro exclusivo e embarque prioritário. Definida a promessa básica, nós passamos para a criação do conceito, isso é, uma forma original de passar a mensagem. A busca do conceito criativo passa por alguns processos criativos como brainstorm, mapa mental, painel UNIDADE 1 — DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 26 semântico, entre outros (na Unidade 2 aprofundaremos cada um deles), que são fundamentais para a solução do problema. A pergunta inicial que todo diretor de arte deve fazer é: como é que todo mundo faz? Segundo Cesar (2009, p. 171): O criativo faz esse questionamento exatamente para encontrar o caminho diferente, pois é evidente que ele quer fazer o que ninguém fez. Pensar em fazer o que ninguém fez já é, em primeira instância, uma atitude louvável. Partindo desse raciocínio, a criação vai se desenvolvendo fora dos parâmetros convencionais, e as peças criadas terão destaque no mercado. Um diretor de arte criativo é um observador nato. Isso porque, grandes conceitos nascem da pura observação. Um exemplo disso é a tradicional campanha da cerveja Brahma – a número 1. O gesto típico de levantar o dedo para chamar o garçom se transformou num grande conceito do mercado das cervejas. Essa é a função dos criativos, encontrar associações que permitam passar a mensagem de uma forma diferente. Depois de criado o conceito, são desenvolvidos os textos (chamada, texto de apoio) e rafes da campanha ou peça. Nessa etapa, a dupla de criação, diretor de arte e redator, trabalham nos esboços, muitas vezes, no papel, para tentar alcançar a melhor composição de elementos visuais e textuais. A dica é: não tenha medo de abandonar o computador e rabiscar o papel. Você pode ganhar tempo, quando usa os softwares já com a ideia pronta. DICAS Nessa etapa, definimos os recursos que usaremos para transmitir a mensagem: Apenas texto? Apenas imagem? Imagem e texto? Cada job tem necessidades únicas e é preciso planejar seu conteúdo atendendo ao apelo que se deseja. “Um anúncio deve ou não ter tanto texto quanto for preciso para vender o produto. É preciso só uma imagem? Perfeito. É preciso uma frase? Excelente. É preciso um texto enorme? Vamos fazer um texto enorme” (DOMINGOS, 2003, p. 178). O intuito é conseguir expressar a promessa básica, respeitando as peculiaridades de cada cliente, através do conceito escolhido. A decisão com relação às imagens (foto e/ou ilustração) depende do tempo para execução do job e, também, da verba disponibilizada pelo cliente. Como opção para a utilização de fotografias existem bancos de imagens onde é possível comprar imagens, avulsas ou pacotes. Além disso, dependendo dos objetivos da campanha e verba, outra opção é produzir as imagens com um fotógrafo da TÓPICO 1 — CONCEITOS GERAIS DE DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 27 agência ou terceirizado. É importante ressaltar que a utilização de imagens sem a devida concessão dos direitos pode resultar em processos jurídicos e retirada dos materiais dos meios de comunicação. Lembre-se: “uma ideia é nada mais nada menosque uma nova combinação de velhos elementos” (JAMES WEBB YOUNG). Portanto, observe seu cliente, o comportamento das pessoas, o mundo. Isso mesmo, esteja atento às mudanças e tendências que estão acontecendo no mundo. Ouça sua dupla de criação, duas cabeças pensam melhor do que uma. E, por fim, foquem seus esforços em conceitos que atendam às necessidades e desejos do público-alvo, valorizando os potenciais da marca em questão. 5 A CAMPANHA A campanha publicitária é composta por peças distribuídas em diferentes meios on-line e off-line, além de ações não mídia. “Se você tem um bom conceito, tem igualmente um bom anúncio e uma boa campanha, simples assim. E é justamente esse “simples assim” que dá um trabalho danado” (CESAR, 2009, p. 177). O papel da campanha é convencer o consumidor sobre os objetivos do briefing. Esses objetivos podem variar, principalmente, entre a venda de um produto/serviço (campanha promocional) ou na divulgação dos diferencias de uma marca (campanha institucional). A grande vantagem de uma campanha publicitária é que os investimentos acontecem em vários meios, reforçando a mensagem a ser transmitida. As campanhas envolvem esforços de vários profissionais dentro da agência: planejamento, mídia, produção, e, é claro, criação. Um bom conceito criativo, circulando em um meio que não atinge o público-alvo, dificilmente vai alcançar os objetivos estabelecidos pelo cliente. Do mesmo modo, de nada adianta estar nos meios corretos com uma criação confusa que não facilita a compreensão da mensagem pelo público. Uma boa campanha precisa demonstrar os benefícios para o consumidor e o posicionamento da marca. “É o posicionamento que determina o espaço e o lugar que a marca ocupa ou ocupará frente à concorrência e o consumidor” (CESAR, 2009, p. 178). Contudo, vale lembrar que mesmo atentos aos detalhes relacionados à comunicação, isso não é suficiente para o sucesso das empresas. Existem outros fatores relacionados ao marketing da empresa que precisam funcionar bem. Por exemplo: imagine fazer uma campanha de lançamento de um produto onde tudo está absolutamente certo. Tudo, menos a distribuição. O departamento comercial até que havia garantido o produto nos pontos de vendas, mas depois da campanha lançada não conseguiu atingir o objetivo. Resultado: a campanha é lançada, o consumidor é impactado, levado à compra e, na hora “h”, nada de produto. Fracasso total (CESAR, 2009, p. 178). UNIDADE 1 — DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 28 Contudo, não se pode garantir o sucesso de uma campanha sem que a empresa esteja com todos os processos bem alinhados com a comunicação. Para isso, precisamos estar atentos a questões relacionadas ao público-alvo, mercado em que a empresa atua, a situação atual da marca, como funciona o atendimento e distribuição (se for o caso) e o investimento e verba disponíveis para a campanha. Assim, passamos para a etapa de planejamento de estratégias de mídia e não mídia e criação. Para a criação de campanhas, Cesar (2009) apresenta as seguintes instruções: 1. Escolher as cores sempre atento aos aspectos psicológicos (falaremos sobre isso na Unidade 3) ou, no mínimo, usando cores que condizem com o produto ou o clima da peça. 2. Procure ter unidade nas peças da campanha. Se cada peça (anúncio, outdoor, vídeo etc.) possuir elementos estéticos muito diferentes você corre o risco de perder a identidade da campanha. A padronização é fundamental para que as pessoas memorizem a mensagem e relacionem as peças com a mensagem transmitida. 3. Sempre que possível opte por clareza e peças limpas. A poluição visual, quando não for uma estratégia estética, pode dificultar a interpretação do público. 4. Usar imagens criativas, mas que sejam de fácil entendimento. 5. Aproprie-se da tipografia e a use com sabedoria (retomaremos esse assunto na Unidade 3). Uma fonte bem escolhida contribui para a harmonia da peça e, também, para a percepção do conceito. 6. Sempre que possível, trabalhe com formatos diferenciados. 7. Seja detalhista, revise as peças, pois a boa direção de arte está nos detalhes. 8. Quanto mais próximo da realidade for o layout que o cliente vai aprovar, mais fácil será para a aprovação. Utilize mockups para apresentar as peças. 9. Organize sua agenda de trabalhos e cumpra os prazos. Saiba a hora de encerrar um processo e iniciar outro para poder dar atenção a todas as etapas que serão desenvolvidas desde as pesquisas até a apresentação da campanha ao cliente. 10. Trabalhe em equipe. Inclua o atendimento, planejamento e mídia nas reuniões para decisão das peças e caminhos a serem traçados. Finalizada toda a campanha dentro da agência chega a hora de apresentá- la para o cliente. A primeira dica é: monte uma apresentação limpa e organizada, que valorize a compreensão e os layouts criados. Uma apresentação bem-feita deve explorar os recursos visuais, utilizando o mínimo de texto possível. O objetivo é que essas telas auxiliem quem estiver apresentando a campanha e, principalmente, a compreensão do cliente. Como regra geral, sugere-se a seguinte ordem: planejamento, criação, mídia e orçamento. Segundo Cesar (2009, p. 185), essa ordem é a mais adequada porque primeiro você mostra para o cliente toda a estratégia pensada para a marca. Depois a criação demonstra tudo o que foi criado, por meio das peças. Uma vez que ele já entendeu o planejamento e viu a criação, é hora de saber onde as peças serão veiculadas. E nisso inclui-se, se for o caso, as peças no media. Finalmente, os custos. TÓPICO 1 — CONCEITOS GERAIS DE DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 29 Contudo, cada apresentação é única e os itens devem estar distribuídos para auxiliar na compreensão e venda das ideias. Além disso, sempre que for necessário leve protótipos para o cliente. No caso de materiais impressos, leve um boneco, isso auxilia na aprovação e, também, na revisão da própria equipe de criação. Com os bonecos é possível analisar o tamanho das fontes (se estão dando boa leitura, se podem ser maiores ou menores) e as cores que mudam bastante do computador para o impresso. Já os vídeos podem ser apresentados em storyboards, uma construção gráfica que revela quadro a quadro o conteúdo de um audiovisual, a partir de ilustrações ou colagens de imagens que revelam o que deve contar em cada cena, além dos diálogos, narração ou lettering (texto que aparece sobreposto às imagens). Outra opção, que envolve um investimento maior de tempo e recursos, é montar o filme com imagens disponíveis nos meios eletrônicos. Todos os recursos que facilitem a compreensão da ideia são bem-vindos, não tenha medo de propor novos métodos. 30 Neste tópico, você aprendeu que: RESUMO DO TÓPICO 1 • A direção de arte dentro das agências é esse setor responsável por criar as ideias que deverão auxiliar os clientes a atingir suas metas. Contudo, esse setor não trabalha sozinho. O diálogo entre os profissionais dos diferentes setores das agências é fundamental para o sucesso de toda a campanha. • Um bom diretor de arte deve: 1. Manter um bom relacionamento com colegas e clientes; 2. Buscar informação de todo tipo; 3. Ser proativo; 4. Buscar soluções para os clientes independente da verba; 5. Ter paciência e ser maleável; 6. Buscar soluções criativas e inovadoras. • Existem formatos padrões de papéis e devemos buscar o seu melhor aproveitamento. • Na direção de arte usamos o retângulo áureo nas criações com o intuito de alcançar seu rendimento máximo na harmonia das peças. • O local de melhor visualização na página é o centro ótico e não geométrico. • O equilíbrio da peça pode ser simétrico ou assimétrico. • A proporção e perspectiva dos elementos da página devem ser cuidadosamente pensados e diagramados. • Paracriação do conceito da peça ou campanha é fundamental elencar os diferenciais, objetivos e o público-alvo. • A grande vantagem de uma campanha publicitária é que os investimentos acontecem em vários meios, reforçando a mensagem a ser transmitida. • Planejar a apresentação da campanha para o cliente é tão importante quanto os outros processos envolvidos. 31 1 Tarefa: criar uma campanha para a concessionária da Mercedes – Safety, de Curitiba. BRIEFING 1. Cenário: será inaugurada uma concessionária Mercedes em Curitiba, precisamos criar uma campanha para divulgar a sua inauguração. Ela não é a primeira concessionária da região, por isso precisamos destacar os diferenciais da marca Safety. 2. Diferenciais: localização (fácil acesso e estacionamento), atendimento (especializado, com profissionais que conhecem tudo sobre os carros da Mercedes) 3. Público-alvo: Principalmente homens, classe social A, a partir dos 35 anos, em sua maioria moradores de Curitiba, com filhos. 4. Peças a serem criadas: Anúncio para jornal e panfleto a ser distribuído em pontos estratégicos. 5. O que não pode faltar: pelo menos a imagem de um veículo da Mercedes. Criar um selo de garantia de 5 anos. 6. Formatos: A ser definido pela criação. 7. Mídia: Está aguardando o formato para entrar em contato com os jornais de cidade. 8. Observação: para desenvolver as peças você pode usar imagens da internet. AUTOATIVIDADE 32 33 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 BRIEFING, PESQUISAS E DOCUMENTOS 1 INTRODUÇÃO “Por trás de quase todo projeto de design bem-sucedido há um briefing concreto e conciso” (LUPTON, 2013, p. 56). Grandes campanhas são reflexo de processos bem realizados pelos diferentes profissionais e setores das agências. A primeira etapa é a tomada de informações junto ao cliente – o briefing. Esse documento vai tramitar em todos os setores da agência (criação, mídia, planejamento, produção), garantindo que os objetivos sejam alcançados com a comunicação. O compromisso com a tomada das informações iniciais é do atendimento da conta. Contudo, quando isso não acontece de forma satisfatória é necessário solicitar esclarecimentos. Sobre isso, Cesar (2009, p. 164) discorre: Já recebi briefing dizendo apenas “criar um anúncio de revista”, mais nada. Claro, eu conhecia o cliente, sabia o que, normalmente, ele oferecia. Ainda assim, qual era o objetivo do anúncio? Evidentemente, fui falar com o atendimento e colher o máximo de informações possíveis, mesmo já conhecendo o cliente. De maneira geral, um briefing deve conter o cenário/histórico da marca/ produto, informações a respeito do público-alvo e o mercado em que a marca está inserida. Depois disso, para criar as estratégias adequadas é fundamental a clareza nos objetivos. Quando os objetivos são definidos junto ao cliente, compreendendo a importância de serem viáveis e mensuráveis, as expectativas tornam-se alcançáveis. Por fim, o briefing deve conter o formato das peças a serem criadas e os prazos para entrega. Ainda neste tópico serão abordados os processos de investigação – como entrevistas, grupos focais – que buscam esclarecer o problema, analisando o que os consumidores desejam, tendências ou o que já foi feito anteriormente. Por fim, serão apresentados dois modelos de documentos – matriz de marca e brand book – que auxiliam na organização das informações das marcas e clientes. Nesse tópico, falaremos sobre os conceitos de identidade e posicionamento de marca que devem ser levados em consideração durante todo o processo de criação e planejamento. 34 UNIDADE 1 — DIREÇÃO DE ARTE E CRIAÇÃO 2 CONCEITUANDO O BRIEFING Como vimos no tópico anterior, a preparação do briefing e planejamento são tarefas importantes para o andamento dos trabalhos dentro da agência. De acordo com Sampaio (2013, p. 219), O processo do briefing ocorre todas as veze que uma informação vai de um ponto para outro, ou seja, de uma pessoa para outra, de uma empresa para outra, e seu propósito é assegurar a passagem da informação correta entre todos os pontos da cadeia que tem como final o alcance do objetivo do anunciante. Como regra geral, um bom briefing deve ser tão curto quanto possível, sem deixar de conter as informações relevantes para o trabalho. Um briefing com informações irrelevantes, toma tempo da equipe e pode causar confusão no entendimento das informações. Contudo, ele não deve ser incompleto, pois deixa espaço para suposições e isso pode resultar em retrabalho para a equipe (SAMPAIO, 2013). O briefing e o planejamento de propaganda andam juntos, isso porque, no momento em que começa a investigação do problema, começa o processo de planejamento. Segundo Sampaio (2013, p. 221), “o briefing é um processo contínuo e cumulativo através de todos os estágios do planejamento de propaganda. Se cada estágio for corretamente realizado, o passo seguinte torna-se muito mais claro, fácil, certo e preciso”. Com isso, entende-se que aquele que vai coletar as informações, geralmente o atendimento da conta, deve ter sensibilidade para captar as informações e buscar, sempre que for necessário, esclarecer as demandas em aberto. Outro fator importante é a participação das pessoas certas nas reuniões de briefing, para transmitir e receber informações com profundidade. Além disso, organize os debates nas reuniões para otimizar o seu tempo e das pessoas envolvidas. Algumas vezes, as tomadas de informação acontecem por e-mail, contudo, evite enviar questionários para os clientes responderem digitalmente quando se tratar de uma campanha grande. Isso porque pessoalmente é possível analisar outros fatores que podem contribuir com o projeto, além de já emendar dúvidas e questões que surgem ao longo da conversa. Por isso é interessante, sempre que for viável e útil, reunir os principais envolvidos com a campanha, dos diferentes setores da agência, nas reuniões de briefing (SAMPAIO, 2013). Uma dica importante é que o profissional se pergunte: quais informações são fundamentais para a compreensão do objetivo do cliente? Como organizar essas informações de forma compreensível e sistematizada? Faça as perguntas certas e terá tudo o que precisa para iniciar o trabalho. TÓPICO 2 — BRIEFING, PESQUISAS E DOCUMENTOS 35 Existem vários modelos de documentos disponíveis para construção de briefings, de acordo com a demanda de cada job. Contudo, falaremos aqui de aspectos e informações que devem ser levados em consideração (SAMPAIO, 2013): 1. EMPRESA/LINHA/PRODUTO/SERVIÇO - Nome. - Descrição/definição. - Faz parte de uma linha de produto? Compreenda sua aplicação e como compõe o loque de produtos ou serviços ofertados. - Propriedades básicas. - Problemas, deficiências, efeitos colaterais, contraindicações. - Aparência física. - Pequeno histórico. - Embalagem. - Preço. - Custo x benefício (para o consumidor). - Como é usado (local e forma)? - Distribuição (loja física, e-commerce). - Qual é a frequência de compra (diária, mensal, sazonal)? - A decisão de compra é individual ou coletiva? - Local de fabricação. - Concorrentes diretos e indiretos (vantagens e desvantagens). - Benefícios funcionais e emocionais. - Imagem da marca (passado e presente). 2. MERCADO E DISTRIBUIÇÃO - Como se organiza o mercado? (Hábitos de consumo, influências da demografia, economia, política, tecnologia e culta). - Características dos canais de venda. - Serviços agregados ao produto (atendimento, pós-vendas, treinamento, assistência técnica). - Como se organiza a comunicação do segmento. - Tecnologias aplicadas. - Concorrentes: evolução na participação de mercado, estratégias de marketing e táticas mais frequentes, objetivos percebidos, principais vantagens e desvantagens, imagem da marca. - Pesquisas disponíveis
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