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AULA 02 
 LEGISLAÇÃO 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO AULA 2................................................................................................................3 
 
UNIDADE 1 .........................................................................................................................................4 
 
ANÁLISE DOS ASPECTOS LEGAIS PERTINENTES À QUESTÃO..............................................4 
 
UNIDADE 2..........................................................................................................................................6 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL ...........................................................................................................................6 
 
UNIDADE 3.........................................................................................................................................13 
 
CÓDIGO DO PROCESSO PENAL.....................................................................................................13 
 
UNIDADE 4........................................................................................................................................ 33 
 
OUTRAS NORMAS LEGAIS ......................................................................................................................... 33 
 
FECHAMENTO DA AULA .............................................................................................................. 35 
 
ATIVIDADE DE CONCLUSÃO DE AULA..................................................................................... 36 
 
ANEXO 1 ........................................................................................................................................... 37 
AULA 02 – Legislação 
3 
 
 
 
Legislação 
 
 
 
Olá! Você está na aula 2 do curso Busca e Apreensão. 
 
Nesta segunda aula serão discutidos os conteúdos das seguintes unidades: 
 
 
 Unidade 1: Análise dos aspectos legais pertinentes à questão. 
 Unidade 2: Constituição Federal. 
 Unidade 3: Código de Processo Penal. 
 Unidade 4: Outras normas legais. 
A seguir, conheça os objetivos desta aula. 
 
 
OBJETIVOS 
A partir dos conhecimentos tratados nesta aula você será capaz de: 
 Identificar e analisar os aspectos legais pertinentes à questão. 
 Examinar a Constituição Federal sobre a questão. 
 Examinar o Código de Processo Penal sobre a questão. 
 Enumerar outras normas legais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Curso Busca e Apreensão 
SENASP 
AULA 02 – Legislação 
4 
 
 
 
 
 
 
 Análise dos Aspectos Legais Pertinentes à Questão 
 
 
 
 
 
Conforme já orientado por seus 
 Qualquer policial deve ter a consciência da professores nas academias de polícia 
Importância de seu papel na busca da verdade real. que freqüentaram quando da 
realização de seu curso de formação 
profissional. 
 
Nesse contexto, ao realizar uma busca, seja ela 
domiciliar ou pessoal você, policial, tem que estar 
consciente de que aquela medida restritiva de 
direitos, em um primeiro momento, é recebida 
com uma certa resistência psicológica, natural em 
qualquer ser humano, embora não externada em 
condutas, ou seja, em poucas palavras, ninguém 
gosta de sofrer uma ação policial. 
 
 
 
 
 
Nestas circunstâncias, você agirá com equilíbrio, 
ponderação e bom senso, não deixando que 
aquela irritação momentânea por parte do cidadão 
se transforme numa crise ou em outro evento não 
desejado. 
 
 
 
 
 
Aí estão alguns dos atributos essenciais do profissional de segurança pública, aquilo que 
o difere do cidadão comum. Nas situações adversas é que se consegue demonstrar o 
preparo profissional recebido nas academias de polícia, logicamente aliado à experiência. 
 
 
Todos nós sabemos, sendo profissionais de segurança pública, que devemos ter uma 
precisão cirúrgica na realização da busca com conseqüente apreensão/constatação ou 
não das provas. 
 
Curso Busca e Apreensão 
SENASP 
AULA 02 – Legislação 
5 
 
 
Muitas das vezes, as investigações criminais 
demandam meses e até mesmo anos em 
busca de elementos de convicção que 
estabeleçam o liame materialidade-autoria. 
 
 
 
 
 
IMPORTANTE 
 
 
 
Ocorre que no desencadeamento da busca, como por 
exemplo, no cumprimento de um mandado judicial a 
ser realizado em uma residência, por ansiedade e 
afobação acabamos apreendendo/constatando provas 
materiais de forma incorreta, prejudicando, assim, a 
verdade real. 
Por este motivo temos o dever de evitar aquilo que chamamos de 
“questionamentos de ordem jurídica” quando executamos a busca. 
 
 
Fique atento! 
 
 
Conscientes de que nossa presença incomoda e de que o cidadão na realidade apenas “nos 
tolera”, por mero imperativo legal, não podemos olvidar que, por conseqüência, esse mesmo 
cidadão e seus defensores/advogados estarão alerta no sentido de procurarem falhas de 
ordem legal, objetivando, desta maneira, desconfigurar o que foi encontrado ou, no mínimo, 
colocar em dúvida a diligência da forma como foi realizada. 
 
 
 
 
IMPORTANTE 
 
 
Paciência, perspicácia, transparência e, principalmente obediência às leis, com 
certeza garantirão uma adequada e eficaz diligência policial de busca e 
apreensão, sem qualquer transtorno ou questionamento. 
 
 
Você verá a seguir alguns temas legais de relevância na aplicação da busca e apreensão. 
 
 
 
 
 
 
 
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Curso Busca e Apreensão 
SENASP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELEMBRANDO 
AULA 02 – Legislação 
6 
 
 
 
 
 Constituição Federal 
Na unidade anterior você estudou como se faz a análise dos aspectos legais pertinentes à 
questão. Nesta unidade falaremos sobre o que orienta a constituição federal referente à 
busca e apreensão. 
 
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/Cons 
A Constituição Federal é a lei máxima do país 
que traça linhas gerais a serem aplicadas na 
garantia do estado de direito. 
 
 
 
O legislador constituinte de 1988 teve muita 
preocupação na efetiva aplicabilidade dos 
direitos e garantias individuais do cidadão, 
muitas vezes esquecidos no passado recente, 
daí resultando seu reconhecimento como 
“constituição cidadã”. 
 
 
 
 
Neste aspecto, entre outros, a Carta Magna 
garantiu 
expressamente no inciso X do art. 5º, a 
inviolabilidade da intimidade e da vida privada, 
assegurando, inclusive, o direito à indenização por 
tituicao/Constitui%C3%A7ao.htm 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Inciso X art. 5° - são invioláveis a 
intimidade, a vida privada, a honra e a 
imagem das pessoas, assegurado o direito 
à indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação. (Constituição 
dano material ou moral decorrente de sua violação. A Federal, 1988). 
intimidade e a vida privada estão diretamente relacionadas com o tema aqui estudado. 
 
 
 
Em decorrência da garantia à privacidade, estabeleceu, expressamente, a inviolabilidade 
do domicílio, preceituando que ninguém poderá nele entrar sem consentimento do 
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, 
durante o dia, por determinação judicial. 
 
 
Curso Busca e Apreensão 
SENASP 
AULA 02 – Legislação 
7 
 
 
Observa-se que, nos casos de mandado judicial, o dispositivo restringiu o acesso ao 
domicílio da pessoa ao período diurno, o que não ocorre nas demais hipóteses, que 
podem ser realizados a qualquer hora. 
 
 
IMPORTANTE 
 
Então, é importante você sempre lembrar, que a intimidade e a vida privada 
do cidadão compreendem fatos que somente sejam de seu interesse, não 
estando acessíveis a terceiros, salvo nos casos em que os disponibilize 
espontaneamente. 
 
 
 
Lembre-se: Ainda que a intimidade também 
esteja diretamente relacionada ao corpo 
humano, na buscapessoal, como você verá 
mais adiante, a lei permite ao policial o 
toque na pessoa que sofre a busca, 
entretanto, existem limites a serem 
observados. 
 
 
REFLEXÃO 
Quantas vezes já não lhe veio ao pensamento, no seu cotidiano, principalmente na 
execução de buscas domiciliares, o que na realidade significa casa e dia, mencionados 
na Constituição Federal? 
 
 
Casa 
É obtido da interpretação dos arts. 150 do CP e 246 do CPP. Sob o nomen juris, de 
violação de domicílio, o Código Penal, no art. 150, prevê e comina pena para “quem 
entra ou permanece de forma clandestina ou astuciosa ou contra a vontade expressa 
ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências”. 
 
 
 
 
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Curso Busca e Apreensão 
SENASP 
 
 
 
 
 
 
Dia 
AULA 02 – Legislação 
8 
O Ministro do Supremo Tribunal Federal, JOSÉ CELSO DE MELLO FILHO, posicionou-se 
no sentido de que a expressão “dia” deve ser compreendida entre a aurora e o 
crepúsculo. (MORAES, Alexandre de. Direitos e Garantias Individuais, p. 34). 
 
 
 
As garantias constitucionais da intimidade e da vida privada estão diretamente 
relacionadas ao conceito de casa. A inviolabilidade do domicílio também. 
 
 
IMPORTANTE 
Por este motivo, casa deve ser interpretada como sendo o local em que o 
indivíduo se liberta para, muitas das vezes, sair das regras sociais de 
comportamento que lhe são impostas imperceptivelmente, sem ter o receio de 
ser incomodado ou observado por qualquer outro. 
É dentro de casa que o cidadão pode gritar livremente, ficar despido, deitar no 
chão, “plantar bananeira” etc., tudo em respeito à sua privacidade. Ou seja, em 
síntese, casa é qualquer compartimento habitado, não acessível ao público. 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE DESCRITIVA 
 
 
Faça neste momento uma análise lógica do que pretendeu o legislador constituinte ao 
inserir as palavras “casa” e “dia” no texto constitucional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Curso Busca e Apreensão 
SENASP 
AULA 02 – Legislação 
9 
 
 
Você pode compreender o que significa casa e dia, porém, não se pode, dentro das 
garantias individuais previstas na Constituição Federal, limitar a interpretação de casa 
apenas às referências que já então previstas no Código Penal e de Processo Penal. O 
tema é muito mais amplo. Veja... 
 
 
Art. 150 – Curso de Direito Processual Penal 
Convém lembrar a lição de Magalhães Noronha: 
Guarde-se também que o referido art. 150 fala em casa alheia ou suas dependências. 
Conseqüentemente, domicílio é não apenas a casa onde a pessoa desenvolve sua 
atividade, isto é, o edifício propriamente dito, mas também outros lugares, como o 
carro do saltimbanco, a cabina de um carro, o quarto do hotel, o escritório etc., e 
dependências são lugares acessórios ou complementares, como o jardim, o quintal, a 
garagem etc., não franqueadas ao público. (Curso de Direito Processual Penal). 
 
Como muito bem acentuou Magalhães Noronha, as dependências são lugares interligados 
à casa, entretanto não franqueadas ao público. 
 
 
EXEMPLO 
 
O jardim de uma casa localizada em um condomínio fechado, em que não haja muros 
ou grades que o separe da via pública, não pode ser considerado dependência da 
mesma, pois não há intimidade ou vida privada a ser preservada. Da mesma forma, os 
arredores de um imóvel localizado em uma propriedade rural, os estábulos, os 
depósitos de suprimentos, também não são dependências da casa-sede ou da casa de 
colonos. 
 
 
Por este motivo você, policial, não pode deixar de correlacionar casa com intimidade. 
Faça sempre este raciocínio e não terá dificuldade em definir o que é casa no aspecto 
legal constitucional. 
 
 
E quanto ao significado de dia? 
 
 
No início da vigência da atual Constituição Federal, muito se discutiu sobre o que deveria 
ser entendido como dia. Trata-se de assunto controvertido. 
 
Os juristas não chegaram ainda a um consenso, havendo duas correntes distintas quanto 
ao conceito de dia. 
 
 
Curso Busca e Apreensão 
SENASP 
 
 
 
 
 
Primeira corrente 
AULA 02 – Legislação 
10 
A primeira delas entende que dia é o período compreendido entre as 06:00 e às 18:00 
horas. 
Segunda corrente 
Já a segunda corrente defende a idéia de que dia é o período de tempo que medeia entre 
o nascer e o pôr-do-sol. 
 
 
 
REFLEXÃO 
 
Para você quais das duas correntes estão corretas? 
 
 
Vamos ver mais sobre isso a seguir. 
 
Homem: A mudança de fusos 
Veja, ambas possuem críticos e defensores e, na 
prática, tanto uma como a outra sofrem injunções 
ditadas ora pelo homem, ora pela natureza. 
 
 
 
 
 
DICA 
horários e a decretação do 
chamado “horário de verão”. 
 
Natureza: Os solstícios de 
verão e de inverno. 
Importante frisar, que o limite temporal impõe-se apenas para o início da busca. Iniciada 
a diligência durante o dia, poderá estender-se pelo tempo necessário à sua conclusão. 
 
 
A profissão de policial exige, na maioria das vezes, decisões rápidas e imediatas, não 
permitindo consultas preliminares capazes de definir seus limites de atuação. 
 
 
O risco é algo permanente no exercício de seu cargo. Não se trata somente do risco de 
vida, inerente à atividade. O risco aqui mencionado é aquele que deve ser colocado à 
disposição da sociedade na interpretação da norma jurídica, ou seja, você não pode ter o 
receio de agir em nome da sociedade ao executar ações de natureza policial. 
 
 
Por este motivo vale aqui uma definição lógica e não-doutrinária do conceito de dia. 
 
 
Basta verificar que se o legislador quisesse estabelecer horário fixo para a entrada na 
casa com mandado judicial, assim teria explicitado. Dessa forma, dia e noite se 
contrapõem. 
 
 
Curso Busca e Apreensão 
SENASP 
AULA 02 – Legislação 
11 
 
 
Assim, podemos dizer que o dia, de forma geral, se inicia com a claridade natural e se 
encerra com sua ausência. 
 
 
REFLEXÃO 
Mas, e naquelas situações de tempo fechado em que, por exemplo, ao meio-dia, a 
claridade não persiste? 
 
 
 
 
 
Bem, diante de tais situações, podemos dizer que quando o legislador autorizou a 
realização de busca domiciliar, mediante ordem judicial, somente durante o dia, quis 
também estabelecer que a noite é o período em que normalmente o cidadão reserva para 
o seu descanso rotineiro e não merece ser incomodado. 
 
 
Nesta linha, geralmente o trabalhador brasileiro, mesmo aqueles que labutam nas áreas 
agrícolas, na pesca etc., exerce suas atividades entre as 06:00 e às 18:00 horas. Eis a 
solução, BOM SENSO, como já dito anteriormente. 
 
 
Bem, então, mesmo com ausência de claridade, às 16:00 horas você poderá iniciar a 
busca. 
 
 
Para concluirmos esta unidade, para que não pairem dúvidas a respeito do significado de 
dia, às vezes você pode ter ouvido de algum outro colega “que o juiz expediu o mandado 
e autorizou, inclusive, a entrada no domicílio, mesmo à noite”. 
 
 
Atenção! Você, sendo policial, somente poderá atender ordens emanadas de autoridades 
competentes e que atendam os preceitos legais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Busca e Apreensão 
SENASP 
AULA 02 – Legislação 
12 
 
 
Neste caso específico, lembre-se de que a ordem judicial, mesmo que documentada, fere 
a Constituição Federal, violando princípio fundamental e, portanto, deve ser ignorada, 
quanto ao aspecto noite. 
 
 
Fechamos aqui a segunda unidade da aula 2. A seguir, propomos uma atividade para 
sua auto-avaliação. 
 
 
ATIVIDADE DESCRITIVA 
 
 
Analise a situação a seguir, em seguida responda: 
 
Você tem um mandado que autoriza em domícilio, porém já são 17h. De acordo com a 
Constituição Federal que atitude você tomaria em tal situação? Socialize sua resposta com 
 os demais alunos e com seu tutor.Faça aqui suas anotações... 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Busca e Apreensão 
SENASP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELEMBRANDO 
AULA 02 – Legislação 
13 
 
 
 
UNIDADE 3 
 
 
CÓDIGO DO PROCESSO PENAL 
Na unidade anterior você estudou o que determina a Constituição Federal sobre busca e 
apreensão. Foi destacada principalmente a compreensão dos termos “casa” e “dia”. 
Nesta unidade você vai estudar o que orienta o código de processo penal em relação à 
busca e apreensão. 
O tema deste curso mereceu destaque especial no Código de Processo Penal, em um 
capítulo próprio, que disciplina em que situações são permitidas a busca e apreensão e a 
forma de suas execuções, objetivando a busca da verdade real. 
Veja a seguir o que diz o texto da lei. 
O capítulo XI do Código de Processo Penal trata exclusivamente sobre Busca e 
Apreensão. A seguir você pode imprimir o que diz o texto de lei. 
 
 
 
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941. 
 
Código de Processo Penal. 
 
 
 
CAPÍTULO XI 
 
DA BUSCA E DA APREENSÃO 
 
 
 
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. 
 § 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, 
para: 
 a) prender criminosos; 
 
 b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; 
 
 c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados 
ou contrafeitos; 
 d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou 
destinados a fim delituoso; 
 e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; 
 
 f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, 
quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação 
do fato; 
 g) apreender pessoas vítimas de crimes; 
 
 h) colher qualquer elemento de convicção. 
 § 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que 
alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do 
parágrafo anterior. 
 Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar 
pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado. 
 Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer 
das partes. 
 
Curso Busca e Apreensão 
SENASP 
AULA 02 – Legislação 
38 
 
 
 Art. 243. O mandado de busca deverá: 
 
 I – indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência 
e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome 
da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem; 
 II – mencionar o motivo e os fins da diligência; 
 
 III – ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir. 
 
 § 1º Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca. 
 
 § 2º Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do 
acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito. 
 
 Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando 
houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos 
ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso 
de busca domiciliar. 
 Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador 
consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores 
mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em 
seguida, a abrir a porta. 
§ 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e o 
objeto da diligência. 
 § 2º Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada. 
 
 § 3º Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas 
existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura. 
 
 § 4º Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando ausentes os moradores, 
devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e 
estiver presente. 
 § 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será 
intimado a mostrá-la. 
 § 6º Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida 
e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes. 
 § 7º Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o 
com duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4o. 
 Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de 
proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado de habitação 
coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde alguém exercer profissão ou 
atividade. 
 Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da 
diligência serão comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o requerer. 
Curso Busca e Apreensão 
SENASP 
AULA 02 – Legislação 
39 
 
 
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os 
moradores mais do que o indispensável para o êxito da diligência. 
 Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar 
retardamento ou prejuízo da diligência. 
 Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de jurisdição 
alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no 
seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente autoridade local, 
antes da diligência ou após, conforme a urgência desta. 
 § 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento da 
pessoa ou coisa, quando: 
 a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem 
interrupção, embora depois a percam de vista; 
 
 b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas ou 
circunstâncias indiciárias, que está sendo removida ou transportada em determinada 
direção, forem ao seu encalço. 
 § 2º Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade 
das pessoas que, nas referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da 
legalidade dos mandados que apresentarem, poderão exigir as provas dessa 
legitimidade, mas de modo que não se frustre a diligência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Busca e Apreensão 
SENASP 
Vamos a seguir tratar do texto de lei, acrescido de comentários com o objetivo de 
auxiliá-lo em sua atividade profissional. 
 
Para facilitar seu estudo e não tornar cansativa a sua leitura em tela organiza os artigos e seus 
comentários abaixo. 
 
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. 
 § 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para: 
 a) prender criminosos; 
 b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Busca e Apreensão 
SENASP 
AULA 02 – Legislação 
14 
 
 
 c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou 
contrafeitos; 
 d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou 
destinados a fim delituoso; 
 e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; 
 f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja 
suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato; 
 g) apreender pessoas vítimas de crimes; 
 h) colher qualquer elemento de convicção. 
 § 2o Proceder-se-áà busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte 
consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior. 
 
 
 
Artigo 240 § 1º - domiciliar 
§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:... 
 
O CPPB estabeleceu duas espécies ou modalidades de busca. A domiciliar é aquela 
realizada na casa/domicílio, cujo conceito e aplicação já foram expostos anteriormente. 
 
 
Artigo 240 § 1º alínea “h” – objeto da busca 
h) colher qualquer elemento de convicção. 
 
Embora já citado, você deve lembrar que a busca domiciliar é perfeitamente cabível para 
o possível encontro de “qualquer elemento de convicção”, o que lhe garante 
liberdade na diligência. 
 
 
Artigo 240 § 1º alínea “a” 
a) prender criminosos; 
c/c art. 243 § 1º – prisão 
§ 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca. 
 
 
 
Curso Busca e Apreensão 
SENASP 
AULA 02 – Legislação 
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Muito discutida no meio policial é a necessidade ou não de haver autorização judicial 
específica que autorize a entrada na casa para o cumprimento de um mandado de prisão 
em que está expresso o endereço residencial da pessoa contra quem será efetivada a 
medida constritiva. O que você acha sobre isso? Vamos conversar a respeito e esclarecer 
o assunto? 
Pois bem, você se recorda que momentos atrás falamos sobre a necessidade de você, 
policial, estar sempre atento a possíveis questionamentos de ordem jurídica sobre a sua 
ação? Pois bem, o artigo 240, § 1º, alínea “a” diz que a busca domiciliar será procedida 
para “prender criminosos”. Ainda o § 1º do artigo 243 ressalta “Se houver ordem 
de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca”. 
Estando você de posse de uma ordem judicial de medida restritiva de liberdade de 
locomoção, diga-se, um mandado de prisão, deverá empreender esforços no sentido de 
localizar a pessoa a ser presa e efetivar a medida. Normalmente, nos mandados de 
prisão expedidos pela justiça está expresso o endereço da pessoa em que o juiz assim se 
pronuncia: “Determino a autoridade policial ou seus agentes que prenda e recolha à 
cadeia pública local fulano de tal, residente na rua/av. tal , ou onde for encontrado”. 
Alguns policiais, equivocadamente, interpretam que as palavras “onde for encontrado” 
lhe garantem acesso a qualquer lugar, independentemente de ordem específica. Da 
leitura dos artigos 240,§ 1º, alínea “a” e 243 § 1º, não resta dúvida de que para se 
prender alguém, munido de ordem judicial, o policial para entrar em qualquer 
casa/domicílio, ainda que o endereço seja mencionado no mandado de prisão, necessita 
respeitar a inviolabilidade do domicílio, expresso na Constituição Federal e, portanto, 
necessita de uma ordem judicial específica que o autorize entrar naquela residência para 
cumprir o mandado de prisão. E ainda assim somente poderá ser realizado durante o dia, 
à exceção do morador consentir a entrada durante à noite, em que recomenda-se 
documentar a autorização de entrada e, se possível, na presença de testemunhas. 
Tratando-se de diligência (cumprimento de mandado de prisão) levada a efeito durante a 
noite, inicialmente o morador também será intimado para apresentar quem se busca e, 
se a ordem não for atendida, os executores deverão, então, vigiar e guardar todas as 
saídas do imóvel, arrombando-se as portas e efetuando-se a prisão ao amanhecer (art. 
293, CPP). 
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra 
em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for 
obedecido imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força 
na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao 
morador, se não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, 
logo que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão. 
 
 
 
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Cabe frisar que os policiais encarregados do caso terão que se certificar de que 
efetivamente o procurado entrou, ou se encontra, na casa investigada e devem estar 
munidos do Mandado de Busca e Apreensão de pessoa, além obviamente, do Mandado 
de Prisão. 
 
Por este motivo, orientam-se as autoridades policiais no sentido de quando efetuarem 
representações para a decretação da prisão de qualquer pessoa, também devem solicitar 
ao juiz competente fazer constar no próprio Mandado de Prisão as ressalvas que 
autorizam a entrada no imóvel do endereço indicado. 
 
 
Artigo 240 § 1º alínea “f” – correspondências 
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita 
de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato. 
 
Importante também observar que, em relação à apreensão de “cartas, abertas ou não, 
destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o 
conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato”, segundo a 
redação daquele mesmo artigo, não teria sido recepcionado pela Constituição Federal de 
1988, no entender de alguns autores e, portanto, não se admitiria em hipótese alguma a 
violação do sigilo da correspondência. Acreditar que este sigilo é absoluto, não podendo 
ser acessado nem mesmo com ordem judicial é, no mínimo, extremar a intimidade em 
prejuízo da coletividade. O sigilo deve ser garantido, entretanto deve ser interpretado 
com relatividade, em que, fundamentadamente, deve ser afastado para atender os 
interesses de ordem criminal. 
 
O tema é polêmico, “havendo quem sustente, com base na relatividade das liberdades 
públicas, a aplicação do princípio da proporcionalidade de modo a ser possível, em casos 
graves, a violação do sigilo das correspondências”. (CAPEZ, Fernando. Curso de Processo 
Penal). 
 
Contudo, a melhor orientação, especialmente para a atividade policial, em caso de 
apreensão de correspondências fechadas, quando no cumprimento de mandado de busca 
domiciliar, é apreender tais documentos, não procedendo à imediata abertura, 
mantendo-os preservados, para que, em seguida, a autoridade requeira ao juízo 
competente, autorização para sua abertura, em respeito aos princípios constitucionais 
vazados no art. 5º, X e XII, CF. 
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Tal orientação é aplicável também na hipótese de apreensão de objetos que sejam 
utilizados para a recepção e guarda de arquivos magnéticos, tais como disquetes, CDs, 
DVDs, Pen Drive, discos rígidos, etc. 
 
 
 
Artigo 240 § 2º 
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém 
oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do 
parágrafo anterior. 
c/c art. 244 – pessoal 
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando 
houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos 
ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso 
de busca domiciliar. 
 
A busca pessoal ou “revista” consiste na inspeção do corpo ou no âmbito de guarda 
aderente ao corpo (vestimenta) de alguém que se suspeita esteja ocultando objetos ou 
instrumentos de infração penal. Ela também é limitada por garantias constitucionais, 
uma vez que importa restrição à liberdade individual, podendo-se cogitar de eventual 
violação à intimidade. 
 
A medida pode ser realizada com ou sem mandado, a teor do art. 240, § 2º c/c o art. 
244 do CPPB. Via de regra, na atividade policial, ela é efetuada sem mandado, pelo 
seguinte permissivo legal, do próprio CPP: 
 
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver 
fundada suspeitade que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou 
papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de 
busca domiciliar. 
 
No entanto, da leitura acurada dos dispositivos acima mencionados, entende-se que é 
admitida a busca pessoal com expedição de mandado. A diferença dessa modalidade, 
para a busca domiciliar com mandado, reside no fato de que para a busca pessoal, o 
mandado (em sendo o caso de busca pessoal com mandado) não precisa ser 
necessariamente expedido por autoridade judicial, podendo a autoridade policial expedi- 
lo. Tal entendimento decorrente da inteligência do dispositivo constitucional que exigiu 
ordem judicial somente para a busca domiciliar recepcionando, por exclusão, as normas 
do CPP, em matéria de busca pessoal. Nos dias atuais não se tem utilizado a expedição 
 
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de mandado de busca pessoal, mesmo porque é difícil saber de antemão a identidade da 
pessoa a ser revistada. 
 
Importante salientar que a “revista” é fundamental para a preservação da integridade 
física dos policiais e do próprio “revistado”. A busca deve ser minuciosa e cautelosa, pois 
as cavidades naturais do corpo se prestam para a ocultação de armas e drogas. 
 
A lei processual exige “fundada suspeita” para autorizar a busca pessoal. Assim, em não 
havendo ao menos indícios a legitimar a atividade policial, a busca será considerada 
arbitrária e, por conseqüência, ilegal. 
 
O legislador, no tocante à busca pessoal realizada em mulher, determina: “será feita por 
outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da diligência” (art. 249 do CPP). 
Assim, poderá um homem, havendo risco de prejuízo relevante e irreparável à diligência 
policial, proceder à busca pessoal em mulher. Entretanto, tal medida deve ser adotada 
em casos extremos, uma vez que constrangimentos podem surgir na realização da 
referida medida. 
 
Assim, como orientação prática, recomenda-se, sempre que for possível, à equipe que 
realizará a diligência (busca domiciliar ou pessoal) deverá ser integrada por, pelo menos, 
uma policial. 
 
 
 
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, 
a busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado. 
 
 
 
 
 
Artigo 241 – necessidade do mandado 
 
O texto deste artigo não mais se aplica em razão da promulgação da Constituição Federal 
de 1988, excluindo-se, portanto, a autoridade policial como detentora de poderes para a 
expedição de mandado de busca e apreensão domiciliar. 
 
Conforme já dito anteriormente, somente a autoridade judiciária poderá expedir referido 
mandado. Raras as vezes, em que a autoridade judiciária participa de uma diligência 
nesse sentido, cabendo salientar que se estiver presente, o juiz tem o dever de se 
 
 
 
 
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identificar ao morador e cumprir todo o rito exigido por lei, e ainda respeitar o horário de 
entrada. A sua presença no local dispensa apenas o documento “mandado de busca e 
apreensão”. 
 
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das 
partes. 
 
 
 
 
 
Artigo 242 – solicitação do mandado 
 
O pedido de autorização judicial para a realização de busca domiciliar no âmbito criminal 
é feito mediante representação fundamentada da autoridade policial ou do representante 
do ministério público ao juiz competente. Aquele que representar deve expor os motivos 
e os fins que ensejam a solicitação da expedição do mandado, não esquecendo de 
indicar, o mais precisamente possível, o local em que será realizada a diligência e o 
nome do respectivo proprietário ou morador. 
 
Nada impede que o mandado de busca domiciliar seja expedido pela autoridade judiciária 
sem a representação da autoridade policial ou do representante do ministério público, ou 
seja, de ofício. 
 
Algumas observações são pertinentes neste momento. Um estado de direito somente 
será sedimentado em nosso país, quando, dentre outros fatores, houver respeito 
recíproco entre as instituições, em que as limitações constitucionais de atuação devem 
ser observadas gerando, com isso, conseqüente fortalecimento das mesmas. 
 
Dessa forma, observamos em algumas oportunidades, instituições que operam 
diretamente nos ramos do direito penal e processual penal, querendo de alguma forma 
açambarcar as atribuições constitucionais de outras. 
 
No que consiste a busca e apreensão, aqui estudadas, dois pontos fundamentais devem 
ser lembrados e que são essenciais na atividade policial-criminal. Primeiro, a busca pode 
ter caráter preventivo; segundo, a busca pode ter caráter investigativo. 
 
 
 
 
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Quando falamos da busca em seu caráter preventivo, principalmente na busca pessoal, 
todos os policiais, de qualquer dos órgãos de segurança pública, previstos na 
Constituição Federal, estão autorizados a Requerê-la, independentemente de mandado, 
quando houver fundadas suspeitas ou no curso de busca domiciliar. Quando você está 
trabalhando em uma barreira/blitz e passa a efetuar buscas nas pessoas e nos veículos, 
está realizando-as em seu caráter preventivo, embora em algumas situações resultem 
em prisão em flagrante delito. 
 
Por outro lado, quando falamos da busca em seu caráter investigativo, em que se 
procuram indícios ou provas da prática de um delito criminal e sua autoria, somente os 
integrantes dos quadros das polícias judiciárias (civil ou federal) estão autorizadas 
requerê-las, com exceção dos procedimentos de ordem militar, pois a investigação 
criminal a elas pertence por força de mandamento constitucional. Obviamente que na 
execução da busca investigativa, a autoridade policial poderá contar com o auxílio de 
outras forças policiais, entretanto o comando será seu, até mesmo porque a presidência 
da investigação está sob sua responsabilidade. 
 
Embora o artigo 242 do CPPB diga que a expedição do mandado poderá ser solicitada a 
requerimento de qualquer das partes, torna-se de rara aplicação. Alguns doutrinadores 
entendem, por força deste dispositivo, que o investigado, no seu interesse, poderá 
requerê-lo. Na prática, quando ainda em fase de investigação, este requerimento é 
direcionado a autoridade policial, a qual, sempre em busca da verdade real, analisará a 
sua conveniência e, assim entendendo, representará ao juiz competente. 
 
 
 
 
Art. 243. O mandado de busca deverá: 
 I – indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência 
e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome 
da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem; 
 II – mencionar o motivo e os fins da diligência; 
 III – ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir. 
 § 1º Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca. 
 § 2o Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do 
acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito. 
 
 
 
 
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Artigo 243 – requisitos do mandado de busca 
Ao representar pela expedição de um mandado de busca domiciliar, a autoridade policial 
deverá expor os motivos e fundamentos que permitam aplicação da medida excepcional 
e, ainda, indicar o mais precisamente possível a localização do imóvel, seu proprietário 
ou morador, assim como o quer encontrar. 
Os motivos serão expostos de acordo com os elementos já investigados e comprovados, 
não cabendo a solicitação somente baseada em notícias anônimas. Uma vez recebida, a 
notícia anônima deve ser esmiuçada para quepossa buscar indicativos de sua 
procedência e, em sendo necessária, a depender de cada caso, a solicitação do mandado 
será efetivada. 
 
Ao indicar o imóvel, devido às particularidades de cada região do nosso país, a 
autoridade policial deverá ser detalhista, ou seja, dirá não somente o logradouro, 
numeral, bairro e cidade. Deverá, na medida do possível, descrevê-lo, indicando a cor e 
outras características capazes de identificá-lo. Atualmente, algumas organizações 
policiais melhores equipadas, têm incluído na representação a localização do imóvel com 
coordenadas geográficas constatadas por GPS (Global Position System). E mais, a 
identificação do proprietário ou morador traz maior credibilidade à representação, 
demonstrando que houve uma investigação preliminar de todas as circunstâncias que 
envolvem os fatos investigados. Você já se deparou com uma situação em que o número 
da residência constante no mandado não é o mesmo do local em que se pretende realizar 
a busca? O que fazer neste caso? 
 
Ora, se no mandado judicial constar, por exemplo, o nome do morador ou responsável 
ou da pessoa investigada, torna-se irrelevante a divergência do numeral e a busca deve 
ser procedida. Nesse mesmo sentido, estando o imóvel vazio, mas havendo outras 
características que permitam identificá-lo como sendo aquele em que se pretende 
realizar a busca, a divergência do numeral também se torna insignificante. 
 
Os mais cautelosos, desde que não haja prejuízo para a investigação, observando-se 
sempre o princípio da oportunidade, normalmente retornam e solicitam a expedição de 
novo mandado, já com os dados corrigidos. Não é a melhor saída, mas se você tiver de 
fazer isso, adote as providências para que os indícios e provas não desapareçam. Por 
outro lado o equívoco constatado quando da execução da busca demonstra que algo de 
errado ocorreu na fase preliminar, a dos levantamentos iniciais, justificando-se apenas 
 
 
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em situações de extrema dificuldade de acesso ao local, até mesmo com risco aos 
policiais. 
 
O mandado expedido deve conter o que se busca, ou seja, o que se pretende apreender, 
de forma que a autoridade policial deverá expor ao juiz o que pretende obter com a 
diligência. Deverá dizer se irá buscar documentos e quais; entorpecentes; armas; etc. 
Normalmente orienta-se as autoridades policiais a inserirem em suas representações “e 
outros elementos de convicção” relacionados com o crime investigado. Desta forma, 
o universo da busca torna-se mais amplo. 
 
Recepção do mandado judicial 
 
Não seria necessário mencionar, eis que notório entre os policiais, mas o sigilo “é a alma 
do negócio”. 
Ao solicitar o mandado judicial de busca e apreensão, a autoridade policial deve tomar a 
precaução necessária para manter o sigilo da investigação, tomando conhecimento 
apenas aqueles que estão diretamente relacionados com os fatos investigados. Se 
necessário deverá até mesmo estabelecer o grau de sigilo do documento, atendendo 
seus limites. 
 
Ao recebê-lo da justiça, também deverá atuar com discrição. Não se pode admitir que 
esta ordem judicial seja recebida por um funcionário não integrante da carreira policial, 
sob pena de ter o seu conteúdo veiculado, ainda que inconscientemente. Lembre-se de 
que você, policial, tem uma doutrina diferente dos demais servidores e está preparado 
para manter o sigilo e a compartimentação necessárias para o deslinde satisfatório da 
investigação. 
 
 
Art. 243 § 2º – Apreensão de documentos em poder do advogado 
§ 2o Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, 
salvo quando constituir elemento do corpo de delito. 
O elemento de corpo de delito é tudo aquilo que esteja relacionado com o fato criminoso 
e que possa, de alguma forma, comprovar sua materialidade, ou seja, a existência do 
próprio crime, objetivando a busca da verdade real com o possível esclarecimento de 
autoria. 
 
 
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O advogado tem fundamental relevância na efetiva aplicação da justiça, entretanto não 
poderia este profissional prevalecer-se de alguma prerrogativa e se tornar insuscetível 
das ações policiais, entre elas a de busca e apreensão. 
Perceba que não é somente a condição profissional que lhe dá a garantia da não 
apreensão do documento em seu poder. O advogado tem que estar na condição de 
defensor do investigado/acusado para poder usufruí-la. 
Existem situações em que o próprio defensor atua na condição de co-autor ou partícipe 
do crime que está sendo investigado. Em outras se torna autor de crimes que decorrem 
da ação criminosa de seu cliente, entre eles o de receptação (art. 180 do CPB) do 
produto do crime e até mesmo de favorecimento real (art. 349 do CPB) e, nestas 
condições não gozará, em nenhuma hipótese, deste preceito legal. 
 
Dúvidas surgirão no momento da execução da busca, para se saber se o documento 
encontrado em poder do defensor é ou não resguardado pelo sigilo profissional. A 
recomendação, neste caso, é para que se proceda à apreensão de forma a garantir o 
sigilo de seu conteúdo, narrando no auto circunstanciado de busca o ocorrido, inclusive 
com os protestos do defensor e, aguardar o posicionamento do juiz sobre a possibilidade 
do uso do documento apreendido como prova obtida por meios lícitos. Dessa maneira 
você, policial, não estará cometendo qualquer abuso ou excesso, ao contrário, estará 
sendo zeloso na busca da verdade real, cabendo ao judiciário a decisão final. 
Você deve estar se perguntando, é possível a realização de buscas em escritório 
de advocacia? 
Os ambientes específicos que estão sujeitos à busca e apreensão serão estudados mais 
adiante, entretanto neste momento, tenha certeza que sim. 
 
 
 
Art.244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando 
houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos 
ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso 
de busca domiciliar. 
 
 
 
Artigo 244 – Busca Pessoal 
 
 
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Já falamos sobre a “fundada suspeita”, mas o que na realidade seria isso? 
Você aprendeu na Academia de Polícia a analisar diuturnamente os ambientes em que 
está presente, independentemente de estar ou não em seu horário de trabalho. 
A observação do policial é muito mais aguçada que à do cidadão comum. O policial 
observa os fatos de uma maneira mais completa e aliando o seu aprendizado com a 
experiência é capaz, de muitas vezes, antever o seu acontecimento, suspeitando que 
aquela circunstância é no mínimo estranha. 
Quando você percebe que alguém possa, de alguma forma, por suas atitudes e condutas 
em um ambiente específico, estar na iminência de cometer algum ilícito, não pense duas 
vezes, aja com seriedade e rapidez. Neste caso, a sua perspicácia poderá evitar o 
cometimento de algum crime, estando presente, sem sombra de dúvidas, a “fundada 
suspeita”. 
O termo colocado em questão não encontra uma definição jurídica adequada e por 
conseqüência, cabe a você defini-lo ao caso concreto, sempre se utilizando do atributo do 
BOM SENSO. Não tenha receios, acredite na sua percepção e, em suspeitando, realize a 
busca nos moldes legais. 
Tema controvertido diz respeito às buscas em veículos. Mais adiante trataremos do tema, 
mas neste momento já tenha ciência de que é possível a sua realização sem mandado 
judicial, em casos específicos, sendo interpretada como busca pessoal. Por outro lado, 
também há momentos em que o veículo está na condição de compartimento habitado, 
em que deve ser respeitada a inviolabilidade do domicílio. 
 
 
Art.245. As buscas domiciliaresserão executadas de dia, salvo se o morador consentir que se 
realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao 
morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta. 
 § 1º Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e o objeto da 
diligência. 
 § 2º Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada. 
 § 3º Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas existentes no 
interior da casa, para o descobrimento do que se procura. 
 § 4º Observar-se-á o disposto nos §§ 2º e 3º, quando ausentes os moradores, devendo, neste 
caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente. 
 § 5º Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será intimado a 
mostrá-la. 
 
 
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§ 6º Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta 
sob custódia da autoridade ou de seus agentes. 
§ 7º Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com duas 
testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4º. 
 
 
Art.246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de 
proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado de habitação 
coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde alguém exercer profissão ou 
atividade. 
 
 
Art.247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da diligência 
serão comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o requerer. 
 
 
Art.248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores 
mais do que o indispensável para o êxito da diligência. 
 
 
Art.249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento 
ou prejuízo da diligência. 
 
 
Art.250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de jurisdição 
alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no 
seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente autoridade local, 
antes da diligência ou após, conforme a urgência desta. 
 § 1º Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento da 
pessoa ou coisa, quando: 
a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem 
 interrupção, embora depois a percam de vista; 
 b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas ou 
circunstâncias indiciárias, que está sendo removida ou transportada em determinada 
direção, forem ao seu encalço. 
 § 2º Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade 
das pessoas que, nas referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da 
legalidade dos mandados que apresentarem, poderão exigir as provas dessa 
legitimidade, mas de modo que não se frustre a diligência. 
 
 
 
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Artigos 245 a 250 – execução da busca 
 
Como deve ser realizada a busca domiciliar? Essa indagação compreende dois 
significados, ou seja, quais as formalidades legais que devem ser observadas numa 
busca e quais as atitudes operacionais a serem adotadas pelos policiais no curso de uma 
diligência dessa natureza. Neste momento será abordado apenas o aspecto legal. 
 
 
 
 
 
 
 
Artigo 245 – buscas domiciliares 
Art.245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir 
que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e 
lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir 
a porta. 
 
Para a validade da busca devem ser cumpridas as regras do art. 245 do CPP, obrigando a 
leitura, a apresentação do mandado e a intimação do ocupante do imóvel para abrir a 
porta antes do início da busca. Há, contudo, situações em que este procedimento poderá 
importar em frustração da diligência ou excessivo risco aos executores. Nestas situações, 
conforme será visto mais adiante, a leitura e a apresentação do mandado serão feitas tão 
logo a situação esteja sob o controle dos policiais. 
 
 
 
 
Artigo 245 § 2o – busca domiciliar 
 
 
§ 2º Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada. 
 
A lei autoriza em caso de desobediência à intimação para a abertura da porta, o seu 
arrombamento e a entrada forçada (art. 245, § 2º, CPPB). Discute-se se esta conduta 
poderia caracterizar o crime de desobediência previsto no artigo 330 do CPB. Não 
podemos ter outra interpretação, pois a ordem da abertura da porta está sendo 
determinada por um servidor público e amparada por dispositivo legal. Você não pode 
neste momento demonstrar insegurança, tem que fazer prevalecer o imperativo legal, 
entretanto, mais uma vez o BOM SENSO deve acompanhá-lo. 
 
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Imagine, por exemplo, você chegar para efetuar uma busca domiciliar na cidade de São 
Paulo/SP com uma viatura descaracterizada e os policiais não trajados ostensivamente? 
É possível, em uma situação destas, que o morador ou o porteiro desconfie se tratar de 
um roubo e desta forma recusar-se a abrir a porta. Pergunta-se. Haverá desobediência 
no aspecto criminal? 
Obviamente que não. Por isso, você deve avaliar cada caso e as suas circunstâncias 
específicas. 
 
Por outro lado, nesta mesma situação, você poderá arrombar a porta? Sem dúvida, pois 
a não abertura espontânea irá trazer prejuízo à diligência. Uma vez dentro do imóvel e 
com a situação sob controle, demonstre ao morador que você realmente é um policial e 
prossiga lendo e apresentando a ordem judicial. Em seguida pergunte para que 
apresente onde se encontra o objeto da busca descrito no mandado (caso especificado). 
 
 
 
Artigo 245, § 5º – determinação 
 
§ 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando ausentes os moradores, 
devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e 
estiver presente. 
§ 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será intimado 
a mostrá-la. 
 
 
 
 
 
Sendo determinada a pessoa ou coisa que se procura, os executores deverão intimar o 
morador a mostrá-la (art. 245, § 5º, CPP). No caso de entrada forçada, em virtude da 
ausência dos moradores, o art. 245, § 4º do CPP, determina que a diligência deverá ser 
assistida por qualquer vizinho, se houver e estiver presente. Nessa hipótese, a 
autoridade adotará medida para que o imóvel seja fechado e lacrado após a realização da 
busca que, recomendando-se que seja assistida por duas testemunhas não policiais. 
 
Perceba que a transparência da diligência é fator primordial para uma boa busca com 
conseqüente apreensão. Você já deve ter ouvido falar que, infelizmente, alguns 
advogados sempre questionam o trabalho realizado pelos policiais, fazendo inclusive 
afirmações de que o que foi encontrado no local da busca é produto da ação tendenciosa 
da polícia que quer a qualquer custo incriminar seu cliente. Por estas razões é 
recomendável, sempre que possível, que as testemunhas convidadas a acompanhar a 
diligência não sejam policiais. 
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Na ausência de pessoas no interior do imóvel, não inicie a busca sem a presença de 
vizinhos/testemunhas, sob pena de deixar dúvidas quanto ao que realmente foi 
encontrado. Paciência é uma das chaves para o sucesso deste tipo de diligência. 
Contudo, haverá situações que você não terá possibilidades de encontrar nenhuma 
testemunha, como em áreas rurais e/ou isoladas. Nestes casos, faça a busca assim 
mesmo, consignando esta circunstânciano auto respectivo. 
 
 
 
 
 
Artigo 248 – em casa habitada 
 
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores 
mais do que o indispensável para o êxito da diligência. 
 
Os policiais executores da busca deverão, por cautela, adotar providências para 
resguardar os bens, valores e numerários existentes no local, e evitar constrangimentos 
desnecessários aos moradores (art. 248 do CPP). É aconselhável que o morador ou 
pessoa por ele indicada e testemunhas acompanhem os policiais em cada compartimento 
da casa onde for realizada a busca, para evitar futuros questionamentos. 
Neste particular, você já deve ter participado de alguma busca domiciliar em que o 
morador e as testemunhas convidadas permanecem distantes dos policiais, às vezes até 
mesmo fora dos limites da residência. Este é um procedimento incorreto, já que devem 
acompanhar as buscas passo a passo, para se ter a certeza do local e forma como o 
objeto foi encontrado. 
Mais uma vez lembre-se: NINGUÉM GOSTA DE SOFRER AS AÇÕES DA POLÍCIA. 
 
 
 
No caso de busca com consentimento do morador é de todo conveniente que se colha 
essa autorização por escrito, se possível na presença de testemunhas, para evitar futuras 
alegações perante o Poder Judiciário, de que a busca não foi espontaneamente 
autorizada. 
 
 
 
 
Artigo 245 § 7º – término a diligência 
 
§ 7º Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com 
duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4º. 
 
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Finalmente, após a realização da busca será lavrado auto circunstanciado, mesmo 
quando a diligência resultar negativa (art. 245, § 7º). Esclarecedora é a lição de Galdino 
Siqueira: 
Finda a diligência farão os executores um auto de tudo quanto tiver sucedido, no qual 
também descreverão as coisas, pessoas e lugares onde foram achadas, e assinarão com 
duas testemunhas presenciais, que os mesmos oficiais de justiça (agora também a 
autoridade policial) devem chamar logo que quiserem principiar a diligência e execução, 
dando de tudo cópia às partes, se o pedirem. Se a busca e apreensão forem feitas na 
presença do acusado, poderá este rubricar os papéis apreendidos, e se reconhecer os 
objetos apreendidos como seus, será declarada no auto essa circunstância. Também 
neste auto mencionar-se-ão as respostas que o acusado der quando perguntado sobre a 
procedência das coisas apreendidas, a razão da posse, o uso a que se destinava. 
 
 
 
 
 
Lembra-se da cadeia de custódia? 
Então leia o que diz o artigo 245 do CPP em seu § 6º. “Descoberta a pessoa ou coisa que se 
procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus 
agentes.” 
 
 
 
 
Com relação às situações de flagrante delito, são pacíficas a doutrina e a jurisprudência 
no entendimento de que a busca domiciliar pode ser realizada sem mandado, mormente 
nas situações de crime permanente, como é o caso de manter em depósito ou guardar 
substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, previsto no 
art. 12 da Lei nº 6.368/76. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Lei nº 6.368/76 
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Art. 12. Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, 
expor à venda ou oferecer, fornecer ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, 
trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a consumo 
substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem autorização 
ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar; 
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 360 
(trezentos e sessenta) dias-multa. 
 § 1º Nas mesmas penas incorre quem, indevidamente: 
 I – importa ou exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda ou 
oferece, fornece ainda que gratuitamente, tem em depósito, transporta, traz consigo ou 
guarda matéria- prima destinada a preparação de substância entorpecente ou que 
determine dependência física ou 
psíquica; 
II – semeia, cultiva ou faz a colheita de plantas destinadas à preparação de entorpecente 
ou de 
substância que determine dependência física ou psíquica. 
§ 2º Nas mesmas penas incorre, ainda, quem: 
I – induz, instiga ou auxilia alguém a usar entorpecente ou substância que determine 
dependência física ou psíquica; 
II – utiliza local de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou 
consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, para uso indevido ou tráfico 
ilícito de 
entorpecente ou de substância que determine dependência física ou psíquica. 
III – contribui de qualquer forma para incentivar ou difundir o uso indevido ou o tráfico 
ilícito de 
substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica. 
 
 
 
A esse respeito, assim se manifestou o Tribunal de Justiça de São Paulo: “Tratando-se de 
infração de natureza permanente, como é previsto no art. 12 da Lei nº 6.368/76, 
ininvocável é a tutela constitucional da inviolabilidade do lar e falta de mandado para 
nela ingressar”. (RT 549/314-5). 
 
Somente nas hipóteses de flagrante delito, desastre, para prestar socorro ou com 
mandado judicial (durante o dia) se pode ingressar em casa sem o consentimento do 
morador. Mesmo assim, e no caso de crime permanente, é imprescindível ter a certeza 
de que o delito está sendo praticado naquele momento, não se justificando o ingresso no 
domicílio para a realização de diligências complementares à prisão em flagrante ocorrida 
noutro lugar, nem para averiguação de notitia criminis. 
 
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E se o mandado judicial tiver que ser cumprido em outra localidade? O que fazer? 
Por dispositivo legal, a autoridade judiciária a quem a investigação está distribuída em 
razão da competência, teria que expedir uma Carta Precatória a autoridade judiciária do 
local da busca solicitando a expedição do mandado para cumprimento. Na prática, em 
raras situações isto é realizado, até mesmo para que a diligência não seja frustrada em 
razão da burocracia. 
 
Nos dias atuais, o que se constata é o juiz do feito expedir o mandado a ser cumprido em 
outro local fora de sua jurisdição. Quando isso ocorre é de boa cautela que os policiais 
executores do mandado procurem a autoridade judiciária do local da busca antes de 
efetivar a medida, caso isto não traga prejuízo a diligência ou logo após, dependendo da 
urgência. De qualquer forma, o juiz do local da busca deve ser comunicado, antes ou 
depois da diligência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Os procedimentos operacionais para a realização de buscas serão estudados adiante, em 
outro capítulo. 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
Se você quiser acessar o código completo acesse o site a seguir: 
Código de Processo Penal 
http://www.planalto.gov.br/ccivi 
l/Decreto-Lei/Del3689.htm 
 
 
A seguir, realize as atividades relacionadas com esta unidade. 
 
 
 
1) Alguns policiais, equivocadamente, interpretam que as palavras “onde for encontrado” 
lhe garantem acesso a qualquer lugar, independentemente de ordem específica. De 
acordo com o que você estudou o que tem a dizer sobre isso? Socialize com os demais 
alunos da turma sua resposta. 
 
ATIVIDADE DESCRITIVA 
 
 
2) Você já se deparou com uma situação em que o número da residência constante no 
mandado não é o mesmo do local em que se pretende realizar a busca? O que fazer 
neste caso? 
 
 
 
 
3) Qual o melhor procedimento a ser feito no caso de apreensão de correspondênciasfechadas? 
 
 
 
 
4) No que consiste a busca pessoal? Registre sua resposta 
 
 
 
 
 
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Você concluiu aqui o estudo do capítulo XI do Código de Processo Penal. Na próxima 
unidade, veja outras normas legais relacionadas a realização de buscas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RELEMBRANDO 
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 Outras Normas Legais 
Na unidade anterior você estudou o que determina o Código de Processo Penal em 
relação à busca e apreensão. Agora, nesta última unidade da aula 2, você conhecerá 
mais algumas normas legais que tratam deste assunto. 
 
 
A maioria das instituições de segurança pública do nosso país estabelece regras internas 
para o desenvolvimento operacional de suas atividades legais, logicamente se 
coadunando com os dispositivos existentes na legislação pátria. 
 
No tocante à busca e apreensão, à título exemplificativo, devido a repercussões das 
recentes operações da Polícia Federal, em que algumas críticas surgiram quanto ao 
cumprimento de mandados judiciais de busca e apreensão, o Ministro da Justiça editou 
as Portarias 1.287 e 1.288 de 30 de junho de 2005, disciplinando a matéria, 
determinando, entre outros, que o Delegado de Polícia Federal comande a execução dos 
mandados de busca e apreensão expedidos pelo Poder Judiciário. 
Você pode acessar as portarias na íntegra, no site a seguir: 
 
http://www.trt02.gov.br/geral/tribunal2/Min_Div/MJ_Port1287-05.html 
Portaria 1.287 
Portaria 1.288 
 
http://www.trt02.gov.br/geral/tribunal2/Min_Div/MJ_Port1288-05.html 
 
 
O descumprimento desta previsão poderá acarretar sanções de caráter administrativo, 
entretanto sob o prisma processual penal não há que se falar em qualquer nulidade do 
ato. 
 
É, no entanto, uma medida recomendável a de que a autoridade policial se faça sempre 
presente nestas diligências, fato este que também contribui para eliminar um momento 
de transição da cadeia de custódia, qual seja, a transferência de responsabilidade entre o 
policial e a autoridade policial, sobre a guarda do bem arrecadado. 
 
Outras sugestões vêm sendo encaminhadas à Secretaria Nacional de Segurança Pública 
objetivando a tentativa de se disciplinar, em normativos internos das corporações 
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policiais estaduais, uma padronização para o cumprimento dos Mandados Judiciais de 
Busca e Apreensão. 
 
Este curso é um dos primeiros passos para atingirmos tal objetivo. 
 
 
Salientamos que aliada às Portarias 1.287 e 1.288, a Polícia Federal dispõe de uma 
Instrução Normativa interna (IN 11/2001-DG/DPF) em que em um dos tópicos, estão 
disciplinadas as atividades de busca e apreensão. 
. 
 
Você concluiu a última unidade da aula 2. A seguir vamos ao fechamento da aula e as 
atividades de conclusão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Fechamento e Atividades de Conclusão da Aula 
 
 
 
 
 
. 
FECHANDO AULA... 
Fechamos aqui o conteúdo da aula 2. A seguir, realize a atividade de auto-avaliação desta 
aula, para que você possa sedimentar seus conhecimentos aqui construídos. 
Nesta aula você pôde construir conhecimentos sobre as normas legais que regulamentam 
as ações de Busca e Apreensão. Certamente agora você terá mais segurança em seus 
procedimentos futuros. Conhecer os aspectos legais pertinentes sobre este tema é 
fundamental para qualquer pessoa, mas principalmente aos profissionais que exercem tal 
função. 
 
Acreditamos que entender as orientações emanadas da Constituição Federal, do Código 
de Processo Penal e das outras normas legais será de grande valia para você! 
 
DICA 
 
Lembre-se: Qualquer dúvida retome o conteúdo e tire suas dúvidas com seu tutor. Não 
vá em frente se algo não foi compreendido! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Atividade de Fechamento de Aula 
 
 
 
Analise a situação-problema a seguir: 
 
Imagine você chegar para efetuar uma busca domiciliar na cidade de São Paulo/SP com 
uma viatura descaracterizada e com policiais não trajados ostensivamente. É possível, 
em uma situação destas, que o morador ou o porteiro desconfie se tratar de um roubo e 
desta forma recusar-se a abrir a porta. 
 
O que você deve fazer como policial nesta situação? Socialize sua resposta com seus colegas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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