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Módulo 1 – Enfoques iniciais: conceitos básicos 
 
Apresentação do Módulo 
 
Neste módulo você estudará os principais conceitos relacionados à temática des te 
curso, entre eles: prova, prova material, cadeia de custódia e busca e apreensão. 
 
Objetivo do Módulo 
 
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: 
- Conceituar prova e prova material; 
- Descrever a cadeia de custódia; 
- Definir busca e apreensão; 
- Compreender a finalidade da busca e apreensão; 
- Identificar os momentos da busca e da apreensão. 
 
 
Estrutura do Módulo 
 
Aula 1 – Conceitos e enfoques básicos 
Aula 2 – Busca e apreensão 
Aula 3 – Cadeia de custódia 
 
Aula 1 – Conceitos e enfoques básicos 
 
1.1. Prova 
 
Se você tem uma palavra conhecida e quer saber o significado, a primeira fonte de 
consulta é o dicionário. No dicionário Aurélio (versão eletrônica, 2004), o significado geral de 
 
 
 
prova nos diz ser “aquilo que serve para estabelecer uma verdade por verificação ou 
demonstração”. Em nosso caso específico, nos interessa a prova em sentido mais 
direcionado, ou seja, para a demonstração jurídica de um fato. 
 
Então, se você for consultar um dicionário jurídico, encontrará assim: 
 
Do latim proba, de probare (demonstrar, reconhecer, formar juízo de), entende-se, 
assim no sentido jurídico, a denominação que se faz, pelos meios legais, da 
existência ou veracidade de um fato material ou de um ato jurídico, em virtude da 
qual se conclui por sua existência do fato ou do ato demonstrado. 
A prova consiste, pois, na demonstração de existência ou da veracidade daquilo que 
se alega como fundamento do direito que se defende ou que se contesta (PLÁCIDO 
E SILVA, 2005, p. 1125). 
 
No aspecto criminal, você, profissional de segurança pública, deve estar preocupado 
com a busca incessante e célere da verdade real, coletando indícios e provas que possam ser 
trazidos à investigação policial de forma clara e cristalina. 
 
Refletindo sobre a questão 
Neste prisma policial/criminal, o que deve se entender como prova? 
 
 Em poucas palavras, PROVAR é, antes de qualquer coisa, estabelecer a existência da 
verdade; e as provas são os meios pelos quais se procura estabelecê-la. 
 
 O tema estudado neste material relaciona-se diretamente com a prova, ou melhor, são 
sequenciais. Como assim sequenciais? Observe você. Ao realizar uma busca, seja ela 
domiciliar ou pessoal, está procurando o quê? Nada mais nada menos que elementos que 
interessam à investigação criminal, objetivando estabelecer um liame com o fato investigado, 
ou seja, você busca, entre outros, verdade por intermédio da PROVA. 
 
 
 
 
 
Não é objeto de estudo neste tema e por isso não seria viável discorrermos sobre a 
PROVA em todos os seus aspectos. Por outro lado, a busca e a apreensão estão diretamente 
relacionadas à PROVA MATERIAL. 
 
 
1.2. A prova material 
 
É o conjunto de meios probantes idôneos, manifestados na forma de evidências 
periciais ou documentais, capazes de afirmar a existência positiva ou negativa de um fato 
alegado. 
 
Para se chegar ao esclarecimento de qualquer fato ocorrido, será preciso realizar 
investigações a fim de reunir informações confiáveis para o esclarecimento da verdade. Isso 
significa que se está buscando prova(s) daquele(s) fato(s) delituoso(s), que podem ser 
objetivas (periciais ou documentais) ou subjetivas (testemunhos, confissões, etc.). 
 
Essa prova objetiva é a que também conhecemos como prova material. 
 
O que se entende doutrinariamente por PROVA MATERIAL? 
 
Preste atenção, pois na atividade de busca e apreensão interessa a prova material, tanto 
a pericial quanto a documental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Importante! 
 
PROVA MATERIAL é uma das classificações dos elementos de prova, entendendo-se que 
quanto à forma pode ser, entre outras, MATERIAL, ou seja, aquela consistente em qualquer 
materialidade que sirva de prova ao fato que venha sendo investigado, como o instrumento 
utilizado na prática do crime e os exames periciais realizados nos vestígios coletados no 
próprio local de crime. 
 
Resumindo, PROVA MATERIAL é: 
 
Todo vestígio visível e que ofereça a oportunidade de apossamento ou constatação, 
sujeito ou não à realização de exames periciais, a depender da análise da cada caso. 
 
Mas qual é a diferença entre a prova pericial e documental? 
 
Ambas, como você já deve ter percebido, estão dentro do conjunto prova material. 
Então, veja a definição de cada uma delas, com o foco no instituto da busca e apreensão. 
 
A prova pericial pode ser entendida como os elementos materiais diretamente 
relacionados à ação delituosa. De tais elementos, após processados pericialmente, obtém-se a 
certeza científica ou não, da sua relação com o crime ou seu autor. Já a prova documental é 
aquela estruturada em um papel escrito ou registro eletrônico onde está demonstrado um fato. 
Sua produção pode não estar vinculada especificamente à ação criminosa, mas com ela ter 
algum tipo de relação, servindo para demonstrar fato alegado na investigação. 
 
Veja dois exemplos que ilustram a questão. 
 
 
 
 
 
 
Exemplo 1 – Em uma investigação de homicídio, a busca e apreensão podem resultar na 
apreensão de um revólver, o qual, após periciado, comprova que foi utilizado para matar a 
vitima. Trata-se, portanto, de uma prova pericial. 
 
Exemplo 2 – Nesta mesma diligência, você poderá encontrar um contrato comercial, onde 
existam obrigações assumidas pela pessoa investigada (objeto da busca) em relação à vítima. 
Após a devida análise, poderá restar provado que tal relação comercial foi um dos motivos do 
crime. 
 
Antes de você discutir a definição geral de prova material, é necessário que 
compreenda a resposta para o questionamento a seguir: Prova documental é prova científica? 
Em sentido mais amplo, entende-se que sim, e esta afirmativa está baseada no próprio 
significado vernacular do que seja documento. 
 
O artigo 6° e seus incisos, no Código de Processo Penal (CPP) permite ao policial 
investigador, sob a coordenação da autoridade policial, uma liberdade na procura da verdade 
real, essencialmente se observarmos o inciso III onde se diz: “Todas as provas que servirem 
para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias...”. 
 
Você deve observar que, mesmo não havendo restrição na busca da prova, não se 
admite a utilização de meios que atentem contra a moralidade e a dignidade da pessoa 
humana, em face dos princípios constitucionais. A título de exemplo, cabe destacar que não se 
admitem provas obtidas mediante tortura e aquelas por interceptação telefônica clandestina, 
entre outras. 
 
Importante! 
É preciso destacar que nem todo crime deixa prova material, mas, se deixar vestígios, 
é obrigatória a realização de exames periciais, conforme previsão do artigo 158 do CPP. 
 
 
 
 
Agora, imagine um fato criminoso que veio a se consumar apenas com palavras 
proferidas pelo autor do crime, como calúnia e difamação. 
 
Quais os vestígios que podem ser apossados ou constatados mediante 
a realização de exames periciais? 
 
Obviamente que nenhum (desde que não tenha ocorrido gravação da voz). Entretanto, 
por se tratar de um fato delituoso, a prova precisa ser buscada e, nestes casos, as testemunhas 
presenciais narrarão ‘à autoridade policial o ocorrido. É o que se denomina de corpo de delito 
indireto, ou seja, suprido por prova testemunhal devido à inexistência de vestígios a serem 
periciados. 
 
Aula 2 – Definição de busca e apreensão 
 
2.1. Definições 
 
Embora inseridos no mesmo capítulo do Código de Processo Penal, os termos são 
diferenciados. 
 
BUSCA é procura, revista ou pesquisa de pessoas, coisas ou mesmo rastros (vestígios) e 
significa o movimento desencadeado pelos agentes do Estado para investigação, descoberta e 
pesquisa de algo interessante para o processo penal, realizando-se empessoas e lugares. 
 
APREENSÃO corresponde ao apossamento, à detenção de coisas ou de pessoas, etc., sempre 
determinada pela autoridade competente e é medida assecuratória que toma algo de alguém ou 
de algum lugar, com a finalidade de produzir prova ou de preservar direitos, indicando, 
portanto, o apossamento. 
 
 
 
 
 
Em suma, pode-se afirmar que busca é a diligência destinada a encontrar a pessoa ou a 
coisa que se procura; e a apreensão, tecnicamente falando, é a medida constritiva que a ela se 
segue. 
 
Por isso é que se afirma que, estando ausente na diligência a autoridade policial, os 
policiais devem proceder à busca e à arrecadação (e não apreensão, no sentido técnico) dos 
elementos de convicção, apresentando-os, em seguida, ao Delegado para as formalidades 
legais. 
 
2.2. Finalidades da busca e apreensão 
 
A finalidade da busca é encontrar ou descobrir coisas que interessem à investigação, 
ou seja, elementos capazes de tornar certos fatos e circunstâncias conhecidos para que, nesta 
condição, sirvam de prova. A busca é meio idôneo para proceder à apreensão (coisas 
possíveis de serem apossadas) ou à constatação (exemplo: coleta de impressões digitais). 
 
2.3. Momentos para a realização da busca e apreensão 
 
Vários são os momentos para a realização tanto da busca quanto da apreensão. Veja... 
 Na fase preparatória de um procedimento policial ou judicial; 
 Durante a investigação policial, com ou sem inquérito; 
 Durante a instrução do processo judicial e ao longo da execução penal. 
 
Ao receber a notícia de um crime, deve a autoridade policial, antes mesmo da 
instauração do inquérito policial, verificar a procedência da informação, objetivando constatar 
a sua materialidade, ou seja, a prova da existência do fato criminoso. 
 
 
 
 
 
 
 
Refletindo sobre a questão! 
Imagine você, ao receber a notícia de um homicídio, não ter condições mínimas de 
constatar a existência do cadáver ou de outro vestígio a ele relacionado. 
Obviamente, para que se inaugure uma investigação criminal sob o aspecto formal, 
mediante inquérito policial, preliminarmente se faz necessária a constatação do fato 
criminoso. No caso mencionado, a busca com consequente apreensão, até mesmo das provas 
materiais, ocorrem em uma fase preparatória do procedimento policial. 
 
Chama a atenção a possibilidade da realização da busca ao longo da execução penal, 
ou seja, após a sentença penal. Entretanto, você, na condição de policial, em algumas 
oportunidades a realiza sem a percepção de que aquela diligência se enquadra perfeitamente 
nos ditames da busca e apreensão. 
 
Exemplo 
No cumprimento de um mandado de prisão decorrente de sentença penal ou no cumprimento 
de mandado judicial que determine constatar se determinado condenado vem cumprindo com 
as restrições de uma prisão domiciliar. 
 
Aula 3 – Cadeia de custódia 
 
3.1. Definição 
 
Considerando o foco do tema do curso, você está diante do que seria a sequência de 
proteção ou guarda dos elementos encontrados durante a execução de uma busca e 
apreensão. 
 
 Então, como você já pode deduzir, a cadeia de custódia é: 
 
 
 
 
A garantia de total proteção aos elementos encontrados e que terão um caminho a percorrer, 
passando por manuseio de pessoas, análises, estudos, experimentações e demonstração-
apresentação até o ato final do processo criminal. 
 
3.2. Finalidade da cadeia de custódia 
 
 A finalidade da cadeia de custódia é assegurar a idoneidade dos objetos e bens 
apreendidos, a fim de evitar qualquer tipo de dúvida quanto à sua origem e caminho 
percorrido durante a investigação criminal e o respectivo processo judicial. 
 
 Se não aconteceu com você, muito provavelmente já ouviu falar de fatos dessa 
natureza, em que é levantada a suspeição sobre as condições de determinado objeto 
apreendido ou sobre a própria certeza de ser aquele o material que de fato fora apreendido. 
Assim, o valor probatório de um material será válido se não tiver sua origem e tramitação 
questionada. Isso acarretará prejuízo para todo o processo como um todo. 
 
 Tudo isso se resolve com os cuidados minuciosos na guarda e proteção do material 
apreendido, mediante o rigoroso controle de rotinas e registros formais da movimentação 
sofrida durante todo o processo investigatório e judiciário. 
 
 Sugerimos como leitura complementar o tópico idoneidade dos vestígios contido no 
livro “Perícia Criminal e Cível” (ESPINDULA, Alberi, 2009, p. 85), em que são discutidos 
esses aspectos já durante o exame pericial no local do crime. 
 
3.3. Sequência de proteção 
 
 A sequência de proteção envolve desde o momento da realização da busca até a 
entrega formal do inquérito policial à justiça. Mas você deve ficar atento para as situações nas 
quais o inquérito volte da justiça para novas diligências. Tenha muita atenção para conferir 
 
 
 
detalhadamente as condições de acondicionamento e lacre dos materiais que o acompanham. 
E tudo deve ser registrado em documentos. 
 
 
Os procedimentos a seguir pressupõem a participação de peritos criminais integrando a 
equipe. Caso contrário, as tarefas e procedimentos listados nessa aula deverão ficar sob a 
responsabilidade da autoridade policial. 
 
Procedimento 1 – A busca deve ser efetuada num cômodo de cada vez (sem desmembrar 
a equipe para atuar simultaneamente em outros ambientes), visando o completo controle 
dos bens desde o exato momento em que forem encontrados. Não se preocupe com o 
tempo. Essa é uma tarefa que deve ser feita sem pressa e com muito critério. 
 
Procedimento 2 – A autoridade policial que estiver coordenando a busca – de acordo com 
o planejamento prévio – deverá colocar somente alguns policiais (em número suficiente 
para tornar a busca eficiente, mas sem congestionar o ambiente examinado) nessa tarefa. 
Os demais ficarão vigiando os outros ambientes. 
 
Procedimento 3 – No momento em que algum objeto for encontrado ou em que seja 
evidente a sua descoberta, os peritos criminais deverão coordenar os registros da busca, 
utilizando-se dos recursos e técnicas criminalísticas para o tratamento de vestígios em 
locais de crime. Além disso, a autoridade policial deverá chamar a atenção das 
testemunhas para observarem o local onde o objeto se encontra. 
 
Procedimento 4 – Encontrado o objeto, primeiramente analisar as suas condições, 
visando conhecê- lo adequadamente, a fim de não comprometer qualquer informação ali 
contida e que possa ser alterada com o simples manuseio incorreto. Neste contexto pode 
haver inclusive alguma forma de camuflamento do objeto que seja importante registrar no 
exame. 
 
 
 
Procedimento 5 – Fazer o registro do objeto no exato local onde foi encontrado, 
descrevendo tudo e valendo-se de fotografias e medições – a chamada amarração – para, 
só depois, começar a manuseá- lo. 
 
Procedimento 6 – Caso seja imprescindível, os peritos criminais devem estar preparados 
para realizar alguns exames no próprio local, visando evitar eventuais perdas antes da sua 
movimentação e recolhimento. Isso para evitar a possível perda de alguma informação ao 
manusear o objeto. 
 
Procedimento 7 – Antes do recolhimento do objeto, fazer a sua respectiva identificação, 
para constar do laudo pericial e do auto de apreensão. 
 
Procedimento 8 – Colocar o objeto em embalagem adequada (malote, caixa, saco 
plástico, etc.) e lacrar a sua abertura, apondo a assinatura do perito criminal e/ou da 
autoridade policial. Quando tiver lacre próprio, relacionar no laudo e no auto de apreensão 
o respectivo número do lacre. Recomendamos ainda que o perito criminal ou o delegado 
de polícia acrescente um sinal/marca própria como garantia adicional, constando essa 
informação no laudo e no auto. 
 
Procedimento 9 – Quando se tratar de material sensível ao manuseio e transporte, tomar 
os devidos cuidados para mantê-locomo foi encontrado. 
 
Procedimento 10 – Transportar o objeto para o Instituto de Criminalística se for 
necessário algum exame pericial. Do contrário, levar diretamente para a delegacia de 
polícia onde estão sendo coordenadas as investigações. Em se tratando de valores ou 
qualquer outro material peculiar (p.ex.: substância entorpecente), a autoridade policial 
deverá providenciar a guarda em local seguro ou dar a destinação adequada. P.ex.: Caso se 
trate de dinheiro, providenciar o seu depósito bancário, sob a custódia do Estado, ou 
colocar em um cofre seguro. 
 
 
 
Procedimento 11 – Quando o objeto chegar na Criminalística, o lacre somente poderá ser 
rompido pelo perito criminal que examinará o referido objeto, ficando sob a sua 
responsabilidade até o final dos exames e entrega do laudo pericial. Durante o período do 
 
exame, nos momentos em que não estiver sob a sua guarda visual direta, é preciso que a 
Instituição tenha formas operacionais de guarda desse objeto, a fim de manter a sua 
idoneidade. Todas essas informações deverão constar no laudo pericial. 
 
Procedimento 12 – Se o objeto foi diretamente para a Delegacia ou para lugar 
predeterminado em função das suas peculiaridades, a autoridade policial deverá tomar 
todas as providências para mantê- lo lacrado. Somente quando necessário o objeto poderá 
ser aberto, o que, para tanto, deve ser formalmente registrado. Após, voltar a lacrar 
novamente. Também nesse caso, essas movimentações devem constar de algum 
documento formal inserido no Inquérito, inclusive listando o nome de quem abriu e quem 
manuseou tal objeto até o lacre seguinte. 
 
Procedimento 13 – Quando o objeto chegar na Delegacia, procedente do Instituto de 
Criminalística, juntamente com o laudo pericial, somente poderá ser aberto na estrita 
necessidade de algum exame. Não é preciso abrir para conferir o conteúdo, já que, estando 
lacrado, a responsabilidade é do perito criminal até o momento em que for aberto, mesmo 
que isso ocorra já no âmbito da Justiça. É bom lembrar que o rompimento do lacre sem 
motivo justificado levanta suspeitas a priori sobre a idoneidade do objeto, além de 
transferir a responsabilidade da guarda para quem o abriu. 
 
Procedimento 14 – No encaminhamento do Inquérito Policial ao Judiciário, ao relacionar 
os materiais apreendidos, deverão ser registrados todos os procedimentos adotados para a 
manutenção da cadeia de custódia e, ao final, informado que tais lacres só podem ser 
abertos por autoridade devidamente habilitada para tal nos autos do processo. 
 
 
 
 
Importante! 
 
É importante lembrar a necessidade de seguir um rigoroso controle dos objetos apreendidos e 
de registrar toda essa tramitação em documentos, de maneira a ser possível reconstituir – com 
absoluta segurança – o caminho e manuseios que esses objetos sofreram ao longo do período 
em que esteviveram em poder da polícia e da perícia. 
 
 
Você conclui o módulo 1. A seguir você estudará os aspectos legais da atividade de busca 
e apreensão. 
 
Finalizando... 
 
 Prova material é todo vestígio visível e que ofereça a oportunidade de apossamento 
ou constatação, sujeitos ou não a realização de exames periciais, a depender da 
análise da cada caso. 
 
 Busca é a diligência destinada a encontrar a pessoa ou a coisa que se procura; e a 
apreensão, tecnicamente falando, é a medida constritiva que a ela se segue. 
 
 A cadeia de custódia é a garantia de total proteção aos elementos encontrados e que 
terão um caminho a percorrer, passando por manuseio de pessoas, análises, 
estudos, experimentações e demonstração-apresentação até o ato final do processo 
criminal. 
 
 
 
 
Módulo 2 – Legislação 
 
Apresentação do Módulo 
 
Neste módulo você estudará os aspectos legais relacionados a busca e apreensão. 
 
Objetivos do Módulo 
 
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: 
- Identificar e analisar os aspectos legais pertinentes à questão; 
- Examinar a Constituição Federal sobre a questão; 
- Examinar o Código de Processo Penal sobre a questão; 
- Enumerar outras normas legais. 
 
Estrutura do Módulo 
 
Este módulo está dividido nas seguintes aulas: 
 
Aula 1 – Aspectos legais pertinentes à questão 
Aula 2 – Constituição Federal 
Aula 3 – Código de Processo Penal 
Aula 4 – Outras normas legais 
 
 
Aula 1 – Aspectos legais pertinentes à questão 
 
Qualquer policial, conforme já orientado por seus professores nas Instituições de 
Ensino de Segurança Pública que frequentaram quando da realização de seu curso de 
formação profissional, deve ter a consciência da importância de seu papel na busca da verdade 
real. 
 
 
 
 
Nesse contexto, ao realizar uma busca, seja ela domiciliar ou pessoal, você, 
profissional da área de segurança pública, tem que estar consciente de que aquela medida 
restritiva de direitos, em um primeiro momento, é recebida com uma certa resistência 
psicológica, natural em qualquer ser humano, embora não externada em condutas, ou seja, em 
poucas palavras, ninguém gosta de sofrer uma ação policial. 
 
Nessas circunstâncias, você deverá agir com equilíbrio, ponderação e bom senso, não 
deixando que aquela irritação momentânea por parte do cidadão se transforme numa crise ou 
em outro evento não desejado. Aliás, aí estão alguns dos atributos essenciais do profissional 
de segurança pública, e que o diferem do cidadão comum. Nas situações adversas é que se 
consegue demonstrar o preparo profissional recebido nas academias de polícia, logicamente 
aliado à experiência. 
 
Vocês já devem saber, como profissionais de segurança pública, que devem ter uma 
precisão cirúrgica na realização da busca com consequente apreensão/constatação ou não das 
provas. 
 
Muitas das vezes, as investigações criminais demandam meses e até mesmo anos em 
busca de elementos de convicção que estabeleçam o liame materialidade-autoria. Ocorre que, 
no desencadeamento da busca – como no cumprimento de um mandado judicial a ser 
realizado em uma residência – por ansiedade e afobação, muitos profissionais acabam 
apreendendo/constatando provas materiais de forma incorreta, prejudicando, assim, a verdade 
real. 
 
Você se lembra dos procedimentos que devem ser adotados e que já foram abordados no 
módulo 1? 
 
 
 
 
 
 
Por esse motivo, você tem o dever de evitar aquilo que é chamado de 
“questionamentos de ordem jurídica” quando se executa uma busca. Consciente de que a 
presença policial incomoda e de que o cidadão na realidade apenas a “tolera”, por mero 
imperativo legal, é importante lembrar que, por consequência, esse mesmo cidadão e seus 
 
defensores/advogados estarão alerta no sentido de procurarem falhas de ordem legal, 
objetivando, desta maneira, desconfigurar o que foi encontrado ou, no mínimo, colocar em 
dúvida a diligência da forma como foi realizada. 
 
Importante! 
Paciência, perspicácia, transparência e, principalmente, obediência às leis com certeza 
garantirão uma adequada e eficaz diligência policial de busca e apreensão, sem qualquer 
transtorno ou questionamento. 
 
A seguir, você estudará alguns temas, contidos nos documentos legais, de relevância 
na aplicação da busca e apreensão. 
 
2.1. Constituição federal 
 
• Intimidade e vida privada 
 
A Constituição Federal, 1 lei máxima do país, traça linhas gerais a serem aplicadas na 
garantia do estado de direito. 
 
Importante! 
O legislador constituinte de 1988 teve muita preocupação na efetiva aplicabilidade dos 
direitos e garantias individuais do cidadão, muitas vezes esquecidos no passado recente, daí 
resultando seu reconhecimento como “constituição cidadã”. 
 
1 Acesso a Constituição Republica Federativa do Brasil: 
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm 
 
 
 
Nesse aspecto, entre outros, a Carta Magna garantiu expressamenteno inciso X do art. 5.º 
2a inviolabilidade da intimidade e da vida privada, assegurando, inclusive, o direito à 
indenização por dano material ou moral decorrente de sua violação. A intimidade e a vida 
privada estão diretamente relacionadas com o tema aqui estudado. 
 
Em decorrência da garantia à privacidade, estabeleceu, expressamente, a 
inviolabilidade do domicílio, preceituando que ninguém poderá nele entrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. Observa-se que, nos casos de mandado 
judicial, o dispositivo restringiu o acesso ao domicílio da pessoa ao período diurno, o que não 
ocorre nas demais hipóteses, que podem ser realizadas a qualquer hora. 
 
A intimidade e a vida privada do cidadão compreendem fatos que somente sejam de 
seu interesse, não estando acessíveis a terceiros, salvo nos casos em que sejam 
disponibilizados espontaneamente. 
 
Importante! 
Lembre-se de que a intimidade também está diretamente relacionada com o corpo humano. 
Na busca pessoal, como você verá mais adiante, a lei permite ao policial o toque na pessoa 
que sofre a busca, entretanto, existem limites a serem observados. 
 
• Casa e dia 
 
Quantas vezes já não lhe veio ao pensamento, no seu cotidiano, principalmente na 
execução de buscas domiciliares, o que na realidade significa casa e dia, mencionados na 
Constituição Federal? 
 
 
2 X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a 
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação 
 
 
 
Reflita sobre a questão 
Faça neste momento uma análise lógica do que pretendeu o legislador constituinte ao 
inserir estas palavras no texto constitucional. 
 
Casa 
O conceito de casa é obtido da interpretação dos arts. 150 do CP e 246 do CPP. Sob o 
nomen juris de violação de domicílio, o Código Penal, no art. 150, prevê e comina pena para 
“quem entra ou permanece de forma clandestina ou astuciosa ou contra a vontade expressa 
ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências”. 
Dia 
O Ministro do Supremo Tribunal Federal, JOSÉ CELSO DE MELLO FILHO, 
posicionou-se no sentido de que a expressão dia deve ser compreendida entre a aurora e o 
crepúsculo (MORAES, Alexandre de. Direitos e Garantias Individuais, p. 34). 
 
Convém aqui lembrar a lição de Magalhães Noronha: 
Guarde-se também que o referido art. 150 fala em casa alheia ou suas 
dependências. Consequentemente, domicílio é não apenas a casa onde a pessoa 
desenvolve sua atividade, isto é, o edifício propriamente dito, mas também 
outros lugares, como o carro do saltimbanco, a cabina de um carro, o quarto do 
hotel, o escritório, etc., e dependências são lugares acessórios ou 
complementares, como o jardim, o quintal, a garagem etc., não franqueadas ao 
público (Curso de Direito Processual Penal). 
 
Não se pode, dentro das garantias individuais previstas na Constituição Federal, 
limitar a interpretação de casa a apenas as referências já então previstas no Código Penal e de 
Processo Penal. O tema é muito mais amplo. 
 
As garantias constitucionais da intimidade e da vida privada estão diretamente 
relacionadas ao conceito de casa. A inviolabilidade do domicílio também. 
 
 
 
 
 
Importante! 
Por esse motivo, casa deve ser interpretada como sendo o local em que o indivíduo se 
liberta para, muitas das vezes, sair das regras sociais de comportamento que lhe são impostas 
imperceptivelmente, sem ter o receio de ser incomodado ou observado por qualquer outro. 
É dentro de casa que o cidadão pode gritar livremente, ficar despido, deitar no chão, 
“plantar bananeira”, etc., tudo em respeito à sua privacidade. Ou seja, em síntese, casa é 
qualquer compartimento habitado, não acessível ao público. 
 
Como muito bem acentuou Magalhães Noronha, as dependências são lugares 
interligados a casa, entretanto não franqueadas ao público. 
 
 
Exemplo: 
O jardim de uma casa localizada em um condomínio fechado, em que não haja muros ou 
grades que o separe da via pública, não pode ser considerado dependência da mesma, pois não 
há intimidade ou vida privada a ser preservada. Da mesma forma, os arredores de um imóvel 
localizado em uma propriedade rural, os estábulos, os depósitos de suprimentos, também não 
são dependências da casa-sede ou da casa de colonos. 
 
Por esse motivo, você, profissional da área de segurança pública, deve correlacionar 
casa com intimidade. Faça sempre esse raciocínio e não terá dificuldade em definir o que é 
casa no aspecto legal constitucional. 
 
Por outro lado, quando do início da vigência da atual Constituição Federal, muito se 
discutiu o que deveria ser entendido como dia. 
 
Trata-se de assunto controvertido. Os juristas não chegaram ainda a um consenso, 
havendo duas correntes distintas quanto ao conceito de dia: 
 
 
 
 
 
Primeira corrente 
 A primeira delas entende que dia é o período compreendido entre 6h e 18h. 
 
Segunda corrente 
A segunda corrente defende a ideia de que dia é o período de tempo que medeia entre o nascer 
e o pôr do sol. 
 
Qual corrente está correta? 
 
Ambas possuem críticos e defensores e, na prática, tanto uma como a outra sofrem 
injunções ditadas ora pelo homem3, ora pela natureza4. 
 
 
O que deve persistir, entretanto, é o bom senso, pois a lei não estabelece critérios nem 
fixa horários. Contudo, deve ser salientado que o Ministro do Supremo Tribunal Federal, 
JOSÉ CELSO DE MELLO FILHO, posicionou-se no sentido de que a expressão “dia” deve 
ser compreendida entre a aurora e o crepúsculo. (MORAES, Alexandre de. Direitos e 
Garantias Individuais, p. 34). 
 
Importante! 
O limite temporal impõe-se apenas para o início da busca. Iniciada a diligência durante 
o dia, poderá estender-se pelo tempo necessário a sua conclusão. 
 
A profissão de policial exige, na maioria das vezes, decisões rápidas e imediatas, não 
permitindo consultas preliminares capazes de definir seus limites de atuação. O risco é algo 
permanente no exercício de seu cargo. Não se trata somente do risco de vida, inerente à 
atividade. O risco aqui mencionado é aquele que deve ser colocado à disposição da sociedade 
 
 
3 a mudança de fusos horários e a decretação do chamado “horário de verão 
4 os solstícios de verão e de inverno 
 
 
 
na interpretação da norma jurídica, ou seja, você não pode ter o receio de agir em nome da 
sociedade ao executar ações de natureza policial. 
 
 Por esse motivo vale aqui uma definição lógica e não doutrinária do conceito de dia. 
Basta verificar que, se o legislador quisesse estabelecer horário fixo para a entrada na casa 
com mandado judicial, assim teria explicitado. Dessa forma, dia e noite se contrapõem. O dia, 
de forma geral, se inicia com a claridade natural e se encerra com sua ausência. 
 
Refletindo sobre a questão 
Mas e naquelas situações de tempo fechado, em que, por exemplo, ao meio dia, a claridade 
não persiste? 
 
Essas são situações excepcionais. Quando o legislador autorizou a realização de busca 
domiciliar, mediante ordem judicial, somente durante o dia, quis também estabelecer que a 
noite é o período em que normalmente o cidadão reserva para o seu descanso rotineiro e não 
merece ser incomodado. Nessa linha, geralmente o trabalhador brasileiro – mesmo aqueles 
 
 
que labutam nas áreas agrícolas, na pesca, etc. – exerce suas atividades entre 6h e 18h. Eis a 
solução: BOM SENSO, como já dito anteriormente. 
 
Bem, então, mesmo com ausência de claridade, às 16 horas você poderá iniciar a busca. 
 
Finalmente, para que não pairem dúvidas a respeito, às vezes você pode ter ouvido de 
algum outro colega “que o juiz expediu o mandado e autorizou, inclusive, a entrada no 
domicílio,mesmo à noite”. 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção! 
Você, como policial, somente poderá atender ordens emanadas de autoridades competentes e 
que atendam os preceitos legais. Nesse caso específico, lembre-se de que a ordem judicial, 
mesmo que documentada, fere a Constituição Federal, violando princípio fundamental e, 
portanto, deve ser ignorada quanto ao aspecto noite. 
 
 
2.2. Código de Processo Penal 
 
O tema busca e apreensão mereceu destaque especial no Código de Processo Penal 
(CPP), em um capítulo próprio, que disciplina em que situações são permitidas a busca e 
apreensão e a forma de suas execuções, objetivando a busca da verdade real. 
 
A seguir, serão reproduzidos os artigos do Código de Processo Penal, acrescidos de 
comentários com o objetivo de auxiliá-lo em sua atividade profissional. 
 
Texto do CPP – art. 240 
 
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. 
 
§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, 
para: 
 a) prender criminosos; 
 b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; 
 c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos 
falsificados ou contrafeitos; 
 d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de 
crime ou destinados a fim delituoso; 
 e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; 
 f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu 
poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa 
ser útil à elucidação do fato; 
 g) apreender pessoas vítimas de crimes; 
 
 
 
 h) colher qualquer elemento de convicção. 
 
 § 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que 
alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e 
letra h do parágrafo anterior. 
 
Comentários sobre o art. 240 
 
Art. 240, § 1º – domiciliar 
 
O CPPB estabeleceu duas espécies ou modalidades de busca. A domiciliar é aquela 
realizada na casa/domicílio, cujos conceito e aplicação já foram expostos anteriormente. 
 
Art. 240, § 1º, alínea “h” – objeto da busca 
 
Embora já citado, você deve lembrar que a busca domiciliar é perfeitamente cabível 
para o possível encontro de “qualquer elemento de convicção”, o que lhe garante liberdade 
na diligência. 
 
Art. 240, § 1º, alínea “a” c/c art. 243, § 1º – prisão 
 
Muito discutida no meio policial é a necessidade ou não de haver autorização judicial 
específica que autorize a entrada na casa para o cumprimento de um mandado de prisão em 
que está expresso o endereço residencial da pessoa contra quem será efetivada a medida 
constritiva. 
 
Refletindo sobre a questão 
O que você pensa sobre isso? 
 
Pois bem, você se recorda que, neste módulo, você já estudou sobre a necessidade de o 
policial estar sempre atento a possíveis questionamentos de ordem jurídica sobre a sua ação? 
 
 
 
O artigo 240, § 1º, alínea “a” diz que a busca domiciliar será procedida para 
“prender criminosos”. Ainda o § 1º do artigo 243 ressalta: “Se houver ordem de prisão, 
constará do próprio texto do mandado de busca”. 
 
Estando de posse de uma ordem judicial de medida restritiva de liberdade de 
locomoção, diga-se, um mandado de prisão, você deverá empreender esforços no sentido de 
localizar a pessoa a ser presa e efetivar a medida. Normalmente, nos mandados de prisão 
expedidos pela justiça está expresso o endereço da pessoa em que o juiz assim se pronuncia: 
“Determino a autoridade policial ou seus agentes que prenda e recolha à cadeia pública local 
fulano de tal, residente na rua/av. tal , ou onde for encontrado”. 
 
Alguns policiais, equivocadamente, interpretam que as palavras “onde for encontrado” 
lhe garantem acesso a qualquer lugar, independentemente de ordem específica. Da leitura dos 
artigos 240, § 1º, alínea “a” e 243, § 1º, não resta dúvida de que para se prender alguém, 
munido de ordem judicial, o policial, para entrar em qualquer casa/domicílio, ainda que o 
endereço seja mencionado no mandado de prisão, necessita respeitar a inviolabilidade do 
domicílio, expresso na Constituição Federal, e, portanto, necessita de uma ordem judicial 
específica que o autorize a entrar naquela residência para cumprir o mandado de prisão. Ainda 
 
assim, a entrada somente poderá ser realizada durante o dia, à exceção do morador consenti-la 
durante a noite, caso em que se recomenda documentar a autorização de entrada e, se 
possível, na presença de testemunhas. 
 
Tratando-se de diligência (cumprimento de mandado de prisão) levada a efeito durante 
a noite, inicialmente o morador também será intimado a apresentar quem se busca e, se a 
ordem não for atendida, os executores deverão, então, vigiar e guardar todas as saídas do 
imóvel, arrombando-se as portas e efetuando-se a prisão ao amanhecer (art. 293, CPP). 
 
 
 
 
 
 
Cabe frisar que os policiais encarregados do caso terão que se certificar de que 
efetivamente o procurado entrou, ou encontra-se, na casa investigada, bem como estar 
munidos do Mandado de Busca e Apreensão de pessoa, além, obviamente, do Mandado de 
Prisão. 
 
 Por esse motivo, orientam-se as autoridades policiais no sentido de, quando efetuarem 
representações para a decretação da prisão de qualquer pessoa, também devem solicitar ao 
juiz competente fazer constar no próprio Mandado de Prisão as ressalvas que autorizam a 
entrada no imóvel do endereço indicado. 
 
Art. 240, § 1º, alínea “f” – correspondências 
 
Importante também observar que, a apreensão de “cartas, abertas ou não, destinadas 
ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu 
conteúdo possa ser útil à elucidação do fato”, segundo a redação daquele mesmo artigo, 
não teria sido recepcionada pela Constituição Federal de 1988 no entender de alguns autores 
e, portanto, não se admitiria em hipótese alguma a violação do sigilo da correspondência. 
Acreditar que esse sigilo é absoluto, não podendo ser acessado nem mesmo com ordem 
judicial é, no mínimo, extremar a intimidade em prejuízo da coletividade. O sigilo deve ser 
garantido; entretanto, deve ser interpretado com relatividade, e, fundamentadamente, ser 
afastado para atender os interesses de ordem criminal. 
O tema é polêmico, “havendo quem sustente, com base na relatividade das liberdades 
 
públicas, a aplicação do princípio da proporcionalidade de modo a ser possível, em casos 
graves, a violação do sigilo das correspondências” (CAPEZ, Fernando. Curso de Processo 
Penal). 
Contudo, a melhor orientação, especialmente para a atividade policial, em caso de 
apreensão de correspondências fechadas quando no cumprimento de mandado de busca 
domiciliar, é apreender tais documentos, não procedendo a imediata abertura, mantendo-os 
 
 
 
preservados, para que, em seguida, a autoridade requeira, ao juízo competente, autorização 
para sua abertura, em respeito aos princípios constitucionais vazados no art. 5º, X e XII, da 
CF. 
Tal orientação é aplicável também na hipótese de apreensão de objetos que sejam 
utilizados para a recepção e guarda de arquivos magnéticos, tais como disquetes, CDs, DVDs, 
pen drive, discos rígidos, etc. 
 
Art. 240, § 2º c/c art. 244 - pessoal 
 
A busca pessoal ou “revista” consiste na inspeção do corpo ou no âmbito de guarda 
aderente ao corpo (vestimenta) de alguém que se suspeita esteja ocultando objetos ou 
instrumentos de infração penal. Ela também é limitada por garantias constitucionais, uma vez 
que importa restrição à liberdade individual, podendo-se cogitar eventual violação à 
intimidade. 
 
A medida pode ser realizada com ou sem mandado, a teor do art. 240, § 2º c/c o art. 
244 do CPPB. Via de regra, na atividade policial, ela é efetuada sem mandado, pelo seguinte 
permissivo legal, do próprio CPP: 
 
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, nocaso de prisão ou 
quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma 
proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a 
medida for determinada no curso de busca domiciliar. 
 
 
 
No entanto, da leitura acurada dos dispositivos acima mencionados, entende-se que é 
admitida a busca pessoal com expedição de mandado. A diferença dessa modalidade para a 
busca domiciliar com mandado reside no fato de que, para a busca pessoal, o mandado (no 
caso de busca pessoal com mandado) não precisa ser necessariamente expedido por 
 
 
 
autoridade judicial, podendo a autoridade policial expedi-lo. Tal entendimento é decorrente 
da inteligência do dispositivo constitucional que exigiu ordem judicial somente para a busca 
domiciliar, recepcionando, por exclusão, as normas do CPP, em matéria de busca pessoal. 
Nos dias atuais não se tem utilizado a expedição de mandado de busca pessoal, mesmo porque 
é difícil saber de antemão a identidade da pessoa a ser revistada. 
 
Importante salientar que a “revista” é fundamental para a preservação da integridade 
física dos policiais e do próprio “revistado”. A busca deve ser minuciosa e cautelosa, pois as 
cavidades naturais do corpo se prestam para a ocultação de armas e drogas. 
 
A lei processual exige “fundada suspeita” para autorizar a busca pessoal. Assim, não 
havendo ao menos indícios a legitimar a atividade policial, a busca será considerada arbitrária 
e, por consequência, ilegal. 
 
O legislador, no tocante à busca pessoal realizada em mulher, determina: “será feita 
por outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da diligência” (art. 249 do CPP). 
Assim, poderá um homem, havendo risco de prejuízo relevante e irreparável à diligência 
policial, proceder à busca pessoal em mulher. Entretanto, tal medida deve ser adotada em 
casos extremos, uma vez que constrangimentos podem surgir na realização da referida 
medida. 
 
Assim, como orientação prática, recomenda-se, sempre que for possível, à equipe que 
realizará a diligência (busca domiciliar ou pessoal) ser integrada por, pelo menos, uma 
policial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Texto do CPP – Art. 241 
 
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar 
pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de 
mandado. 
 
Comentários sobre o art. 241 
 
Art. 241 – necessidade do mandado 
 
O texto desse artigo não mais se aplica em razão da promulgação da Constituição 
Federal de 1988, excluindo, portanto, a autoridade policial como detentora de poderes para a 
expedição de mandado de busca e apreensão domiciliar. Conforme já dito anteriormente, 
somente a autoridade judiciária poderá expedir referido mandado. Raras as vezes, em que a 
autoridade judiciária participa de uma diligência nesse sentido, cabendo salientar que se 
estiver presente, o juiz tem o dever de se identificar ao morador e cumprir todo o rito exigido 
por lei, e ainda respeitar o horário de entrada. A sua presença no local dispensa apenas o 
documento “mandado de busca e apreensão”. 
 
Texto CPP – Art. 242 
 
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer 
das partes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Comentários sobre o art. 242 
 
Art. 242 – solicitação do mandado 
 
O pedido de autorização judicial para a realização de busca domiciliar no âmbito 
criminal é feito mediante representação fundamentada da autoridade policial ou do 
representante do Ministério Público ao juiz competente. Aquele que representar deve expor os 
 
motivos e os fins que ensejam a solicitação da expedição do mandado, não esquecendo de 
indicar, o mais precisamente possível, o local em que será realizada a diligência e o nome do 
respectivo proprietário ou morador. 
 
 Nada impede que o mandado de busca domiciliar seja expedido pela autoridade 
judiciária sem a representação da autoridade policial ou do representante do Ministério 
Público, ou seja, de ofício. 
 
Algumas observações são pertinentes neste momento. Um estado de direito somente 
será sedimentado em nosso país quando, entre outros fatores, houver respeito recíproco entre 
as instituições, em que as limitações constitucionais de atuação devem ser observadas, 
gerando com isso consequente fortalecimento das mesmas. 
 
Dessa forma, observa-se em algumas oportunidades, instituições que operam 
diretamente nos ramos do direito penal e processual penal, querendo de alguma forma 
açambarcar as atribuições constitucionais de outras. 
 
No que é pertinente a busca e apreensão, aqui estudadas, dois pontos fundamentais 
devem ser lembrados e são essenciais na atividade policial-criminal. Primeiro, a busca pode 
ter caráter preventivo; segundo, a busca pode ter caráter investigativo. 
 
 
 
 
 
Quando se fala da busca em seu caráter preventivo, principalmente na busca pessoal, 
todos os policiais, de qualquer dos órgãos de segurança pública previstos na Constituição 
Federal, estão autorizados a realizá-la, independentemente de mandado, quando houver 
 
fundadas suspeitas ou no curso de busca domiciliar. Quando você está trabalhando em uma 
barreira/blitz e passa a efetuar buscas nas pessoas e nos veículos, está realizando-as em seu 
caráter preventivo, embora em algumas situações resultem em prisão em flagrante delito. 
 
Por outro lado, quando se fala da busca em seu caráter investigativo, em que se 
procuram indícios ou provas da prática de um delito criminal e sua autoria, somente os 
integrantes dos quadros das polícias judiciárias (civil ou federal) estão autorizados a requerê- 
 
la, com exceção dos procedimentos de ordem militar, pois a investigação criminal a elas 
pertence por força de mandamento constitucional. Obviamente que, na execução da busca 
investigativa, a autoridade policial poderá contar com o auxílio de outras forças policiais, 
entretanto, o comando será seu, até mesmo porque a presidência da investigação está sob sua 
responsabilidade. 
 
Embora o artigo 242 do CPP diga que a expedição do mandado poderá ser solicitada a 
requerimento de qualquer das partes, torna-se de rara aplicação. Alguns doutrinadores 
entendem, por força desse dispositivo, que o investigado, no seu interesse, poderá requerê-lo. 
Na prática, quando ainda em fase de investigação, este requerimento é direcionado a 
autoridade policial, a qual, sempre em busca da verdade real, analisará a sua conveniência e, 
assim entendendo, representará ao juiz competente. 
 
Texto do CPP - Art. 243 
Art. 243. O mandado de busca deverá: 
I – indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a 
diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de 
busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a 
identifiquem; 
 
 
 
II – mencionar o motivo e os fins da diligência; 
III – ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir. 
 § 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de 
busca. 
 
 
 § 2o Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor 
do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito. 
 
Comentários sobre o Art. 243 
 
Art. 243 – requisitos do mandado de busca 
Ao representar pela expedição de um mandado de busca domiciliar, a autoridade 
policial deverá expor os motivos e fundamentos que permitam aplicação da medida 
excepcional e, ainda, indicar o mais precisamente possível a localização do imóvel, seu 
proprietário ou morador, assim como o quer encontrar. 
 
Os motivos serão expostos de acordo com os elementos já investigados e 
comprovados, não cabendo a solicitação somente baseada em notícias anônimas. Uma vez 
recebida, a notícia anônima deve ser esmiuçada para que possa buscar indicativos de sua 
procedência e, sendo necessária, a depender de cada caso, a solicitação domandado será 
efetivada. 
 
Ao indicar o imóvel, devido às particularidades de cada região do nosso país, a 
autoridade policial deverá ser detalhista, ou seja, dirá não somente o logradouro, numeral, 
bairro e cidade. Deverá, na medida do possível, descrevê-lo, indicando a cor e outras 
características capazes de identificá-lo. Atualmente, algumas organizações policiais melhores 
equipadas, têm incluído na representação a localização do imóvel com coordenadas 
geográficas constatadas por GPS (Global Position System). E mais, a identificação do 
proprietário ou morador traz maior credibilidade à representação, demonstrando que houve 
uma investigação preliminar de todas as circunstâncias que envolvem os fatos investigados. 
 
 
Você já se deparou com uma situação em que o número da residência constante no mandado 
não é o mesmo do local em que se pretende realizar a busca? O que fazer nesse caso? 
 
Ora, se no mandado judicial constar, por exemplo, o nome do morador ou responsável 
ou da pessoa investigada, torna-se irrelevante a divergência do numeral e a busca deve ser 
procedida. Nesse mesmo sentido, estando o imóvel vazio, mas havendo outras características 
 
que permitam identificá-lo como sendo aquele em que se pretende realizar a busca, a 
divergência do numeral também se torna insignificante. 
 
Os mais cautelosos, desde que não haja prejuízo para a investigação, observando-se 
sempre o princípio da oportunidade, normalmente retornam e solicitam a expedição de novo 
mandado, já com os dados corrigidos. Não é a melhor saída, mas se você tiver de fazer isso, 
adote as providencias para que os indícios e provas não desapareçam. Por outro lado, o 
equívoco constatado quando da execução da busca demonstra que algo de errado ocorreu na 
fase preliminar, a dos levantamentos iniciais, justificando-se apenas em situações de extrema 
dificuldade de acesso ao local, até mesmo com risco aos policiais. 
 
 
O mandado expedido deve conter o que se busca, ou seja, o que se pretende apreender; 
por isso, a autoridade policial deverá expor ao juiz o que pretende obter com a diligência. 
Deverá dizer se irá buscar documentos e quais, entorpecentes, armas, etc. Normalmente 
orientam-se as autoridades policiais a inserirem em suas representações “e outros elementos 
de convicção” relacionados com o crime investigado. Dessa forma o universo da busca torna-
se mais amplo. 
 
Recepção do mandado judicial 
Não seria necessário mencionar, eis que notório entre os policiais, mas o sigilo “é a 
alma do negócio”. 
 
 
 
Ao solicitar o mandado judicial de busca e apreensão, a autoridade policial deve tomar 
a precaução necessária para manter o sigilo da investigação, tomando conhecimento apenas 
aqueles que estão diretamente relacionados com os fatos investigados. Se necessário, deverá 
até mesmo estabelecer o grau de sigilo do documento, atendendo seus limites. 
 
Ao recebê-lo da justiça, também deverá atuar com discrição. Não se pode admitir que 
esta ordem judicial seja recebida por um funcionário não integrante da carreira policial, sob 
 
pena de ter o seu conteúdo veiculado, ainda que inconscientemente. Lembre-se de que você, 
policial, tem uma doutrina diferente dos demais servidores e está preparado para manter o 
sigilo e a compartimentação necessárias para o deslinde satisfatório da investigação. 
 
Texto do CPP – Art. 243, § 2º 
 
§ 2o Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do 
acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito. 
 
Comentários do Art. 243 
 
Art. 243, § 2º - Apreensão de documentos em poder do advogado 
 
O elemento de corpo de delito é tudo aquilo que esteja relacionado com o fato 
criminoso e que possa de alguma forma comprovar sua materialidade, ou seja, a existência do 
próprio crime, objetivando a busca da verdade real com o possível esclarecimento de autoria. 
 
O advogado tem fundamental relevância na efetiva aplicação da justiça, entretanto, 
não poderia este profissional prevalecer-se de alguma prerrogativa e se tornar insuscetível das 
ações policiais, entre elas a de busca e apreensão. 
 
Perceba que não é somente a condição profissional que lhe dá a garantia da não 
apreensão do documento em seu poder. O advogado tem que estar na condição de defensor do 
investigado/acusado para poder usufruí-la. 
 
 
 
Existem situações em que o próprio defensor atua na condição de coautor ou partícipe 
do crime que está sendo investigado. Em outras, se torna autor de crimes que decorrem da 
ação criminosa de seu cliente, entre eles o de receptação (art. 180 do CPB) do produto do 
crime e até mesmo de favorecimento real (art. 349 do CPB) e, nessas condições, não gozará, 
em nenhuma hipótese, desse preceito legal. 
 
 
 Dúvidas surgirão no momento da execução da busca, para se saber se o documento 
encontrado em poder do defensor é ou não resguardado pelo sigilo profissional. A 
recomendação neste caso é para que se proceda à apreensão de forma a garantir o sigilo de seu 
conteúdo, narrando no auto circunstanciado de busca o ocorrido, inclusive com os protestos 
do defensor e, aguardar o posicionamento do juiz sobre a possibilidade do uso do documento 
apreendido como prova obtida por meios lícitos. Dessa maneira, você, policial, não estará 
cometendo qualquer abuso ou excesso; ao contrário, estará sendo zeloso na busca da verdade 
real, cabendo ao judiciário a decisão final. 
 
Você deve estar se perguntando: É possível a realização de buscas em escritório de 
advocacia? Os ambientes específicos que estão sujeitos à busca e apreensão serão estudados 
mais adiante, entretanto, neste momento, tenha certeza que sim. 
 
Texto do CPP – Art 244 
 
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando 
houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de 
objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for 
determinada no curso de busca domiciliar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Comentários art. 244 
 
Artigo 244 – busca pessoal (complemento) 
 
Você já estudou sobre a “fundada suspeita”, mas o que na realidade seria isso? 
 
Você aprendeu na Academia de Polícia a analisar diuturnamente os ambientes em que 
está presente, independentemente de estar ou não em seu horário de trabalho. 
 
A observação do policial é muito mais aguçada que a do cidadão comum. O policial 
observa os fatos de uma maneira mais completa e, aliando o seu aprendizado com a 
 
experiência, é capaz de, muitas vezes, antever o seu acontecimento, suspeitando que aquela 
circunstância é, no mínimo, estranha. 
 
Quando você percebe que alguém possa, de alguma forma, por suas atitudes e 
condutas em um ambiente específico, estar na iminência de cometer algum ilícito, não pense 
duas vezes: aja com seriedade e rapidez. Neste caso, a sua perspicácia poderá evitar o 
cometimento de algum crime, estando presente, sem sombra de dúvidas, a “fundada suspeita”. 
 
O termo colocado em questão não encontra uma definição jurídica adequada e por 
consequência, cabe a você defini-lo no caso concreto, sempre se utilizando do atributo do 
BOM SENSO. Não tenha receios, acredite na sua percepção e, suspeitando, realize a busca 
nos moldes legais. 
 
Tema controvertido diz respeito às buscas em veículos. Mais adiante você estudará 
sobre esse tema, mas, neste momento, já tenha ciência de que é possível a sua realização sem 
mandado judicial, em casos específicos, sendo interpretada como busca pessoal. Por outro 
lado, também há momentos em que o veículo está na condição de compartimento habitado, 
em que deve ser respeitada a inviolabilidade do domicílio. 
 
 
 
Texto CPP – Art. 245 a 250 
 
 Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o 
morador consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os 
executores mostrarão e lerão o mandado ao morador,ou a quem o represente, 
intimando-o, em seguida, a abrir a porta. 
 § 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua 
qualidade e o objeto da diligência. 
 § 2o Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a 
entrada. 
 § 3o Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra 
coisas existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura. 
 
 
 § 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando ausentes os 
moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer 
vizinho, se houver e estiver presente. 
 § 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador 
será intimado a mostrá-la. 
 § 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente 
apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes. 
 § 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, 
assinando-o com duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no 
§ 4o. 
 
 
 Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se 
tiver de proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado 
 
de habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde 
alguém exercer profissão ou atividade. 
 Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos 
da diligência serão comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o requerer. 
 Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste 
os moradores mais do que o indispensável para o êxito da diligência. 
 
 
 
 
 Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar 
retardamento ou prejuízo da diligência. 
 Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de 
jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão, 
forem no seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente 
autoridade local, antes da diligência ou após, conforme a urgência desta. 
 § 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento 
da pessoa ou coisa, quando: 
a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem 
sem interrupção, embora depois a percam de vista; 
 b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações 
fidedignas ou circunstâncias indiciárias, que está sendo removida ou 
transportada em determinada direção, forem ao seu encalço. 
 § 2o Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da 
legitimidade das pessoas que, nas referidas diligências, entrarem pelos seus 
 
 
distritos, ou da legalidade dos mandados que apresentarem, poderão exigir as 
provas dessa legitimidade, mas de modo que não se frustre a diligência. 
 
Comentários dos arts. 245 a 250 
 
Artigos 245 a 250 – execução da busca 
 
Como deve ser realizada a busca domiciliar? Essa indagação compreende dois 
significados, ou seja, quais as formalidades legais que devem ser observadas numa busca e 
quais as atitudes operacionais a serem adotadas pelos policiais no curso de uma diligência 
dessa natureza. Nesse momento, será abordado apenas o aspecto legal. 
 
Para a validade da busca, devem ser cumpridas as regras do art. 245 do CPP, 
obrigando a leitura, a apresentação do mandado e a intimação do ocupante do imóvel para 
abrir a porta antes do início da busca. Há, contudo, situações em que esse procedimento 
poderá importar em frustração da diligência ou excessivo risco aos executores. Nessas 
 
 
 
 
situações, conforme será visto mais adiante, a leitura e a apresentação do mandado serão 
feitas tão logo a situação esteja sob o controle dos policiais. 
 
A lei autoriza, em caso de desobediência à intimação para a abertura da porta, o seu 
arrombamento e a entrada forçada (art. 245, § 2º, CPPB). Discute-se se essa conduta poderia 
caracterizar o crime de desobediência previsto no artigo 330 do CPB. Não se pode ter outra 
interpretação, pois a ordem da abertura da porta está sendo determinada por um servidor 
público e amparada por dispositivo legal. Você não pode neste momento demonstrar 
insegurança, tem que fazer prevalecer o imperativo legal, entretanto, mais uma vez o BOM 
SENSO deve acompanhá-lo. 
 
Exemplo 
Imagine, por exemplo, você chegar para efetuar uma busca domiciliar na cidade de 
São Paulo/SP com uma viatura descaracterizada e os policiais não trajados ostensivamente? É 
possível, em uma situação destas, que o morador ou o porteiro desconfie se tratar de um roubo 
e, dessa forma, recusar-se a abrir a porta. Pergunta-se: Haverá desobediência no aspecto 
criminal? Obviamente que não. Por isso, você deve avaliar cada caso e as suas circunstâncias 
específicas. 
 
Por outro lado, nessa mesma situação, você poderá arrombar a porta? Sem dúvida, 
pois a não abertura espontânea irá trazer prejuízo à diligência. Uma vez dentro do imóvel e 
com a situação sob controle, demonstre ao morador que você realmente é um policial e 
prossiga lendo e apresentando a ordem judicial. Em seguida pergunte para que apresente onde 
se encontra o objeto da busca descrito no mandado (caso especificado). 
Sendo determinada a pessoa ou coisa que se procura, os executores deverão intimar o 
morador a mostrá-la (art. 245, § 5º, CPP). No caso de entrada forçada, em virtude da ausência 
dos moradores, o art. 245, § 4º do CPP determina que a diligência deverá ser assistida por 
qualquer vizinho, se houver e estiver presente. Nessa hipótese, a autoridade adotará medida 
para que o imóvel seja fechado e lacrado após a realização da busca que, recomenda-se que 
seja assistida por duas testemunhas não policiais. 
 
 
 
Perceba que a transparência da diligência é fator primordial para uma boa busca com 
consequente apreensão. Você já deve ter ouvido falar que, infelizmente, alguns advogados 
sempre questionam o trabalho realizado pelos policiais, fazendo inclusive afirmações de que o 
que foi encontrado no local da busca é produto da ação tendenciosa da polícia que quer a 
qualquer custo incriminar seu cliente. Por essas razões é recomendável, sempre que possível, 
que as testemunhas convidadas a acompanhar a diligência não sejam policiais. 
 
Na ausência de pessoas no interior do imóvel, não inicie a busca sem a presença de 
vizinhos/testemunhas, sob pena de deixar dúvidas quanto ao que realmente foi encontrado. 
Paciência é uma das chaves para o sucesso deste tipo de diligência. Contudo, haverá situações 
 
em que você não terá possibilidades de encontrar nenhuma testemunha, como em áreas rurais 
e/ou isoladas. Nesses casos, faca a busca assim mesmo, consignando essa circunstância no 
auto respectivo. 
 
Os policiais executores da busca deverão, por cautela, adotar providências para 
resguardar os bens, valores e numerários existentes no local, e evitar constrangimentos 
desnecessários aos moradores (art. 248 do CPP). É aconselhável que o morador ou pessoa por 
ele indicada e testemunhas acompanhem os policiais em cada compartimento da casa onde for 
realizada a busca, para evitar futuros questionamentos. 
 
Neste particular, você já deve ter participado de alguma busca domiciliar em que o 
morador e as testemunhas convidadas permanecem distantes dos policiais, às vezes até 
mesmo fora dos limites da residência. Esse é um procedimento incorreto, já que devem 
acompanhar as buscas passo a passo, para se ter a certeza do local e forma como o objeto foi 
encontrado. 
 
 
 
 
 
 
 
Mais uma vez lembre-se: NINGUÉM GOSTA DE SOFRER AS AÇÕES DA 
POLÍCIA. 
 
No caso de busca com consentimento do morador, é de todo conveniente que se colha 
essa autorização por escrito, se possível na presença de testemunhas, para evitar futuras 
alegações perante o Poder Judiciário de que a busca não foi espontaneamente autorizada. 
 
Finalmente, após a realização da busca, serálavrado auto circunstanciado, mesmo 
quando a diligência resultar negativa (art. 245, § 7º). Esclarecedora é a lição de Galdino 
Siqueira: 
 
 
Finda a diligência, farão os executores um auto de tudo quanto tiver sucedido, 
no qual também descreverão as coisas, pessoas e lugares onde foram achadas, e 
assinarão com duas testemunhas presenciais, que os mesmos oficiais de justiça 
(agora também a autoridade policial) devem chamar logo que quiserem 
principiar a diligência e execução, dando de tudo cópia às partes, se o pedirem. 
Se a busca e apreensão forem feitas na presença do acusado, poderá este 
rubricar os papéis apreendidos, e, se reconhecer os objetos apreendidos como 
seus, será declarada no auto essa circunstância. Também neste auto mencionar-
se-ão as respostas que o acusado der quando perguntado sobre a procedência 
das coisas apreendidas, a razão da posse, o uso a que se destinava. 
 
 
Recomendação 
Lembra-se da cadeia de custódia? Então leia o que diz o artigo 245 do CPP em seu § 6º: 
“Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob 
custódia da autoridade ou de seus agentes”. 
 
 
 
 
 
 
 
Com relação às situações de flagrante delito, são pacíficas a doutrina e a 
jurisprudência no entendimento de que a busca domiciliar pode ser realizada sem mandado, 
mormente nas situações de crime permanente, como é o caso de manter em depósito ou 
guardar substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, previsto no 
art. 33 da Lei nº 11.343/06. 
 
A esse respeito, assim se manifestou o Tribunal de Justiça de São Paulo: “Tratando-se 
de infração de natureza permanente, como é previsto no art. 12 da Lei n° 6.369/76 (leia-se 
agora em legislação atualizada: art. 33 da Lei nº 11.343/06), ininvocável é a tutela 
constitucional da inviolabilidade do lar e falta de mandado para nela ingressar”. (RT 
549/314-5). 
 
Somente nas hipóteses de flagrante delito, desastre, para prestar socorro ou com 
mandado judicial (durante o dia) se pode ingressar em casa sem o consentimento do morador. 
Mesmo assim, e no caso de crime permanente, é imprescindível ter a certeza de que o delito 
está sendo praticado naquele momento, não se justificando o ingresso no domicílio para a 
realização de diligências complementares à prisão em flagrante ocorrida noutro lugar, nem 
para averiguação de notitia criminis. 
 
E se o mandado judicial tiver que ser cumprido em outra localidade? O que fazer? 
 
Por dispositivo legal, a autoridade judiciária a quem a investigação está distribuída em 
razão da competência, teria que expedir uma Carta Precatória à autoridade judiciária do local 
da busca solicitando a expedição do mandado para cumprimento. Na prática, em raras 
situações isso é realizado, até mesmo para que a diligência não seja frustrada em razão da 
burocracia. 
 
Nos dias atuais, o que se constata é o juiz do feito expedir o mandado a ser cumprido 
em outro local fora de sua jurisdição. Quando isso ocorre, é de boa cautela que os policiais 
executores do mandado procurem a autoridade judiciária do local da busca antes de efetivar a 
 
 
 
medida, caso isso não traga prejuízo à diligência ou logo após, dependendo da urgência. De 
qualquer forma, o juiz do local da busca deve ser comunicado, antes ou depois da diligência. 
 
Os procedimentos operacionais para a realização de buscas serão estudados adiante, 
em outro capítulo. 
 
Aula 4 – Outras normas legais 
 
A maioria das instituições de segurança pública do nosso país estabelecem regras 
internas para o desenvolvimento operacional de suas atividades legais, logicamente se 
coadunando com os dispositivos existentes na legislação pátria. 
 
No tocante a busca e apreensão, a título exemplificativo, devido a repercussões das 
recentes operações da Polícia Federal, em que algumas críticas surgiram quanto ao 
cumprimento de mandados judiciais de busca e apreensão, o Ministro da Justiça editou as 
 
 
portarias nº 1.287 5 e 1.288, de 30 de junho de 2005 6, disciplinando a matéria, determinando, 
entre outros, que o Delegado de Polícia Federal comande a execução dos mandados de busca 
e apreensão expedidos pelo Poder Judiciário. O descumprimento dessa previsão poderá 
acarretar sanções de caráter administrativo, entretanto, sob o prisma processual penal não há 
que se falar em qualquer nulidade do ato. É, no entanto, uma medida recomendável a de que a 
autoridade policial se faça sempre presente nessas diligências, fato que também contribui para 
eliminar um momento de transição da cadeia de custódia, qual seja, a transferência de 
responsabilidade, entre o policial e a autoridade policial, sobre a guarda do bem arrecadado. 
 
Sugestões vêm sendo encaminhadas à Secretaria Nacional de Segurança Pública 
objetivando a tentativa de se disciplinar, em normativos internos das corporações policiais 
 
 
5 http://expresso-noticia.jusbrasil.com.br/noticias/127362/portarias-do-ministerio-da-justica-tentam-disciplinar-
diligencias-da-pf-em-escritorios 
6 http://www.legisweb.com.br/legislacao/?legislacao=500453 
 
 
estaduais, uma padronização para o cumprimento dos Mandados Judiciais de Busca e 
Apreensão. Este curso é um dos primeiros passos para atingirmos tal objetivo. 
 
Saliente-se que, aliada a estas Portarias, a Polícia Federal já dispõe de uma Instrução 
Normativa interna (IN 11/2001-DG/DPF7) em que, em um dos tópicos, estão disciplinadas as 
atividades de busca e apreensão. Veja a íntegra dessas portarias no material em anexo. 
 
Finalizando... 
 
Nesse módulo você estudou que: 
 
 A casa deve ser interpretada como sendo o local em que o indivíduo se liberta 
para, muitas das vezes, sair das regras sociais de comportamento que lhe são 
impostas imperceptivelmente, sem ter o receio de ser incomodado ou 
observado por qualquer outro. É dentro de casa que o cidadão pode gritar 
livremente, ficar despido, deitar no chão, “plantar bananeira”, etc., tudo em 
respeito à sua privacidade. Ou seja, em síntese, casa é qualquer compartimento 
habitado, não acessível ao público. 
 
 O limite temporal impõe-se apenas para o início da busca. Iniciada a diligência 
durante o dia, poderá estender-se pelo tempo necessário a sua conclusão. 
 
 O tema busca e apreensão mereceu destaque especial no Código de Processo 
Penal (CPP), em um capítulo próprio, que disciplina em que situações são 
permitidas a busca e apreensão e a forma de suas execuções, objetivando a 
busca da verdade real. 
 
 O CPPB estabeleceu duas espécies ou modalidades de busca. A domiciliar é 
aquela realizada na casa/domicílio e a busca pessoal ou “revista”, que consiste 
na inspeção do corpo ou no âmbito de guarda aderente ao corpo (vestimenta) 
 
7 http://gceap.prpe.mpf.gov.br/folderpdf/instrucao-normativa-11-2001-dg-dpf.pdf/view 
 
 
de alguém que se suspeita esteja ocultando objetos ou instrumentos de infração 
penal. Ela também é limitada por garantias constitucionais, uma vez que 
importa restrição à liberdade individual, podendo-se cogitar de eventual 
violação à intimidade. 
 
 A maioria das instituições de segurança pública do nosso país estabelecem 
regras internas para o desenvolvimento operacional de suas atividades legais, 
logicamente se coadunando com os dispositivos existentes na legislação pátria. 
 
 
 
Módulo 3 – Aspectos técnicos dos locais de busca e apreensão 
 
Apresentação do Módulo 
 
Neste módulo você estudará os aspectos técnicos relacionados à atividade de busca e 
apreensão. 
 
Objetivos do Módulo 
 
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: 
- Identificar os elementos básicos de busca e apreensão; 
- Enumerar os passos da cadeia de custódia a partir da atividade de busca e 
apreensão. 
 
 
Estrutura do Módulo 
 
Este módulo é composto das seguintes aulas:Aula 1 – Elementos básicos da atividade de busca e apreensão 
Aula 2 – Passos da cadeia de custódia a partir da atividade de busca e apreensão 
 
 
Aula 1 – Elementos básicos da atividade de busca e apreensão 
 
Do ponto de vista pericial, torna-se necessário identificar os elementos básicos da 
atividade de busca e apreensão inseridos no contexto geral da investigação, a saber: 
 
 
 
 
 
1) Obter informações antecipadamente – Os peritos criminais deverão se inteirar 
completamente das peculiaridades da busca e apreensão que será implementada 
com a participação da Criminalística. Essa interação se dará pela participação de 
reunião com a autoridade policial responsável e/ou por intermédio de outras 
formas de troca de informações; 
 
2) Checar o endereço – Checagem rigorosa do endereço, visando a garantia de que o 
exame seja feito no local certo; 
 
3) Descrever a área externa – Na chegada ao local, descrever em detalhes toda a área 
externa e, se for pertinente e necessário, inclusive as vias de acesso. Como os 
peritos criminais já sabem, a descrição do local será mais ou menos detalhada em 
função do contexto geral do exame e da relevância que isso representa para o 
resultado final; 
 
4) Descrever a área interna – Outra necessidade é a descrição, também em detalhes 
no grau da sua relevância, do ambiente interno onde está sendo realizada a busca; 
 
5) Descrever os locais onde encontraram os objetos – Descrição pormenorizada dos 
locais onde se encontrarem os objetos que serão apreendidos; 
 
6) Analisar cada local individualmente – Para cada situação, os peritos criminais 
deverão ter em mente que não existem dois locais iguais e, portanto, a análise 
individual de cada um vai conduzi- los à identificação de outros elementos que 
serão básicos e essenciais no contexto daquele exame. 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 2 – Passos da cadeia de custódia a partir da atividade de busca e apreensão 
 
 Você já estudou, no módulo 1, alguns pontos sobre a cadeia de custódia, lembra? A 
seguir, serão enfatizados outros detalhes importantes no conjunto geral da investigação. 
 
 O que seriam, então, esses passos da cadeia de custódia? 
 
Entre muitos outros dados que poderiam ser discutidos, serão enfatizados os 
momentos de transição de responsabilidade dessa cadeia de custódia. 
 
1º passo – Identificação correta e registro de onde foi encontrado 
 O primeiro passo na cadeia de custódia de qualquer material apreendido em uma busca 
é a sua própria identificação correta, e mais: o registro do exato local onde foi encontrado. De 
nada adianta assegurar os passos seguintes se estamos com um objeto ou bem em mãos que 
pode gerar dúvida quanto a sua verdadeira individualidade e origem. 
 
2º passo – Acondicionamento da embalagem correta e guarda com cuidado técnico 
 
 Como segundo passo pode ser caracterizado como o cuidado que os peritos criminais 
ou a autoridade policial – quando não for necessário o exame pericial – devem ter em preparar 
o acondicionamento na embalagem correta. Essa preocupação tem dois objetivos: o 
acondicionamento em embalagem que propicie o seu completo isolamento, por intermédio de 
lacres que garantam a inviolabilidade de seu conteúdo, e a guarda com cuidado técnico, para 
que não se perca qualquer informação que possa ser extraída daquele bem ou material 
apreendido. 
 
 
 
 
 
 
 
3º passo – Guarda e necessidade de manuseio do material 
 
No terceiro momento de transição da cadeia de custódia, você deve ficar atento para 
duas situações: 
 Primeira, quando não há necessidade de exames periciais e o material 
apreendido ficar na delegacia enquanto o inquérito não é concluído. Nesse 
caso, a preocupação é manter o material devidamente lacrado em sua 
embalagem e, simultaneamente, guardado em local apropriado e seguro. Se 
houver necessidade de abrir o lacre para qualquer fim, somente a autoridade 
policial é que deverá fazê-lo ou autorizar tal procedimento – tudo isso por ato 
formal no inquérito – uma vez que ele é quem detém a responsabilidade pela 
manutenção da cadeia de custódia. 
 A segunda situação é quando o material estiver sob a responsabilidade do 
Instituto de Criminalística, para a realização de exames que vão demandar 
manuseio do material. Além dos controles de tramitação formal existentes no 
órgão, o perito responsável deverá mencionar essas fases em seu laudo pericial. 
 
Finalizando... 
Nesse módulo você estudou que: 
 Os elementos básicos da atividade de busca e apreensão são: obter informações 
antecipadamente; checar o endereço; descrever a área externa e a área interna; 
descrever os locais onde encontraram os objetos e analisar cada local 
individualmente. 
 
 A cadeia de custódia relacionada a Busca e Apreensão compreende os seguintes 
passos: identificação correta e registro de onde foi encontrado; 
acondicionamento da embalagem correta e guarda com cuidado técnico e 
guarda e necessidade de manuseio do material 
 
 
 
Módulo 4 – Peculiaridades de alguns tipos de locais de busca e apreensão, sob o ponto de 
vista pericial 
 
Apresentação do Módulo 
 
 Embora os assuntos tratados neste curso sejam de interesse de todos os policiais, neste 
módulo você estudará mais detalhadamente sob o enfoque pericial. 
 
Objetivos do Módulo 
 
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: 
- Justificar a participação dos peritos criminais na atividade de busca e 
apreensão; 
- Identificar e descrever as peculiaridades de alguns tipos de locais sob o ponto 
de vista pericial. 
 
Estrutura do Módulo 
 
Este módulo é composto pelas seguintes aulas: 
Aula 1 – Participação dos peritos criminais na atividade de busca e apreensão 
Aula 2 – Locais sob o ponto de vista pericial 
 
 
Aula 1 – Participação dos peritos criminais na atividade de busca e apreensão 
 
O engajamento da Criminalística nos locais de busca e apreensão pode ser de 
fundamental importância para muitas situações, tendo em vista a necessidade de 
conhecimentos específicos e especializados dos peritos nos objetos da referida investigação. 
 
 
 
 
Caberá a autoridade policial encarregada da investigação analisar a necessidade ou não 
do concurso dos peritos criminais, a fim de garantir o subsídio adequado ao inquérito e ao 
processo, por especialistas no assunto, sobre a constatação, o registro, o 
recolhimento/apreensão e a cadeia de custódia dos objetos encontrados nesses locais. 
Também poderá ser vislumbrada pela autoridade policial uma possível necessidade de exames 
periciais em objetos, ainda no local e antes de serem arrecadados para apreensão, caso que 
também se justifica a necessidade da perícia. Sendo identificada uma ou mais dessas 
necessidades, a autoridade policial deverá requisitar ao Instituto de Criminalística a 
participação dos peritos criminais. 
 
1.1. Constatação 
 
 Você já está habituado a ver e sabe que a técnica criminalística determina que num 
exame pericial de local, os peritos criminais só podem considerar nos seus estudos e laudo 
pericial aqueles vestígios que diretamente foram constatados (encontrados) pelos próprios 
peritos. Os motivos técnicos para tal são vários e não cabe ser discutido neste curso. Você só 
está estudando esse assunto para compreender a diferença para as situações de busca e 
apreensão. 
 
 Nos casos de busca e apreensão, de um modo geral e com pouquíssimas exceções, a 
procura e a constatação poderão ser feitas por toda a equipe de policiais e peritos, previamente 
planejados. 
 
 É evidente que essa procura e constatação devem obedecer a um planejamento prévio 
e técnicas pertinentes, visando a otimização dos esforços de cada um ali presente. 
 
Outro aspecto imprescindível é que esse trabalho se limite até o momento da 
constatação (o ato de encontrar, ou ter a quase certeza). Assim, se o escrivão de polícia 
constatou a presença de um pequeno volume

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