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RESUMO DE NEUROANATOMIA E NEUROFISIOLOGIA – Núcleos da Base MARIANA AFONSO COSTA REFERÊNCIAS: MACHADO, Ângelo B. M. Neuroanatomia funcional. 3 ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2007; Netter, Frank H. Netter – Atlas de Anatomia Humana. 6ª edição. Editora Elsevier, 2015. MARIANA AFONSO COSTA – MEDICINA: 3º PERÍODO 1 CAPÍTULO 1 NÚCLEOS DA BASE 1.0 INTRODUÇÃO Sabe-se que núcleos são porções de substância cinzenta localizadas em meio a substância branca, desse modo, entende-se que núcleos da base são porções de substância cinquenta fora do córtex cerebral, situados em meio a substância branca do cérebro, mais especificamente, na base do telencéfalo. De modo geral, os núcleos da base funcionam como os “freios de mão” dos movimentos, modulando assim, seu início e seu fim. Os núcleos da base, relacionados aos movimentos somáticos, são: ∙ Corpo Estriado: - Núcleo Caudado: → Núcleo Acúbens (cabeça). → Núcleo Amigdaloide (cauda e corpo). - Putâmen. ∙ Substância Negra (mesencéfalo); ∙ Núcleo Subtalâmico. ∙ Globo Pálido: - Externo (ou lateral). - Interno (ou medial). 2.0 CONEXÕES E CIRCUITOS 2.1 Neurotransmissores Vale destacar, que os neurotransmissores envolvidos com os circuitos dos núcleos da base são o glutamato, o GABA e a dopamina. O glutamato é um neurotransmissor excitatório, o GABA é inibitório e a dopamina pode ser os dois, atuando de forma inibitória ao se ligar ao receptor D2 e excitatória ao D1. 2.2 Circuitos Os núcleos da base formam tanto um circuito básico, via direta (córtico-estriado-pálido-tálamo- cortical) ou indireta (córtico-estriado-pálido-subtálamo-palidal), quanto um subsidiário (nigro-estriado- nigral). É importante compreender que em um indivíduo normal em repouso, o globo pálido interno (sob estimulação do núcleo subtalâmico – via indireta) mantém o tálamo “travado”, e por isso incapaz de permitir a iniciação de qualquer movimento involuntário. Ao passo que se decide, conscientemente, mover o corpo, um impulso cortical excitatório é enviado ao corpo estriado. Ao fazer isso, o córtex cognitivo “liga o freio” do corpo estriado, que por sua vez “freia o freio” do globo pálido interno. Sem a inibição pelo globo pálido interno, o tálamo estimula o córtex motor a iniciar o movimento intencionado (via direta). MARIANA AFONSO COSTA – MEDICINA: 3º PERÍODO 2 2.2.1 Via Direta: O circuito básico direto se inicia a partir do impulso nervoso excitatório (glutamato), que sai do córtex cognitivo e chega ao núcleo estriado (caudado + putâmen). No núcleo estriado existem neurônios gabaérgicos (inibitórios), que se dirigem ao globo pálido medial/interno inibindo-o. Como o globo pálido medial também é inibitório, já que atua inibindo o tálamo, sua inibição compactua com a não inibição do tálamo. Esse que envia fibras excitatórias, que saem principalmente do núcleo Ventral Anterior (VA), ao córtex motor, dando o “sinal” para dar facilitar o movimento. 2.2.2 Via Indireta: Já na via indireta, o núcleo estriado envia fibras inibitórias ao globo pálido lateral/externo, que envia fibras gabaérgicas ao núcleo subtalâmico, que por sua vez, é excitatório e envia suas fibras ao globo pálido medial/interior estimulando-o. Como o globo pálido medial é inibitório, ele inibe o tálamo, que por sua vez, não excita o córtex motor, possibilitando então o fim do movimento. MARIANA AFONSO COSTA – MEDICINA: 3º PERÍODO 3 2.2.3 Via Subsidiária Por fim, o circuito subsidiário consiste em uma via moduladora que funciona, simultaneamente, ao circuito básico, formando um minicircuito. Essa via é formada pela ligação da substância negra com o corpo estriado, podendo ser excitatória (receptor D1) ou inibitória (receptor D2). 3.0 CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS 3.1 Balismo e Hemibalismo É uma síndrome causada pela degeneração neuronal do núcleo subtalâmico, que, consequentemente, acarreta a diminuição da atividade excitatória desse núcleo para o pálido medial, diminuindo o efeito inibidor deste sobre o tálamo. Desse modo, as áreas corticais motoras respondem de modo exagerado aos comandos, disparando sinapses espontâneas, dando origem a movimentos involuntário, característica da hipercinesia. Balismo é quando ambos os lados do corpo são acometidos, e hemibalismo quando apenas um é afetado. 3.2 Doença de Huntington É uma condição genética grave onde os neuronios do corpo estriado sofrem uma degeneração gradual. Pelo fato de essa região ser a porta de entrada aos núcleos da base, quando perdida, o cérebro consciente perde o controle de seus mecanismos, e o paciente é incapaz de controlar seus movimentos, esses que ocorrem de maneira incontrolável e sem parar, característico da hipercinesia. A hipercinesia da Doença de Huntington é considerada a mais grave, já que no balismo o globo pálido ainda consegue exercer um pouco de sua função. 3.3 Doença de Parkinson É causada pela degeneração dos neuronios dopaminérgicos da substância negra, que acarreta a na perda de ativação do corpo estriado, que se torna mais fraco e menos capaz de inibir o globo pálido. Por consequência, essa incapacidade de desativar o freio natural do globo pálido por completo, o paciente apresenta dificuldade em se mover, resultando em uma hipocinesia, bradicinesia (movimentos lentos), rigidez muscular intensa que leva a tremores de repouso (alta tonicidade), quedas frequentes e face inexpressiva (congelamento do VII nervo). O Parkinson secundário faz referencia a indução dos sintomas da doença devido a outros fatores, como por exemplo o uso de fármacos neurolépticos (diminuem o nível de dopamina) ou impactos excessivos no encéfalo (ex.: Muhammad Ali). 4.0 OUTROS NÚCLEOS Existem também outros núcleos da base, mas que não se relacionam aos movimentos somáticos, como por exemplo o núcleo accumbens, núcleo basal de Meynert, corpo amigdaloide, entre outros.
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