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RESUMO AV1 CPP

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RESUMO AV1 – CPP
Princípios do Processo Penal
Princípio jurídico: é um postulado que se irradia por todo o sistema de normas, fornecendo um padrão de interpretação, integração, conhecimento e aplicação do direito positivo, estabelecendo uma meta maior a seguir.
Dignidade da pessoa humana: é um princípio regente, base e meta do Estado Democrático de Direito, regulador do mínimo existencial para a sobrevivência apropriada, a ser garantido a todo ser humano, bem como o elemento propulsor da respeitabilidade e da autoestima do indivíduo nas relações sociais.
Devido processo legal: cuida-se de princípio regente, com raízes no princípio da legalidade, assegurando ao ser humano a justa punição, quando cometer um crime, precedida do processo penal adequado, o qual deve respeitar todos os princípios penais e processuais penais.
Presunção de inocência: significa que todo indivíduo é considerado inocente, como seu estado natural, até que ocorra o advento de sentença condenatória com trânsito em julgado.
Prevalência do interesse do réu (in dubio pro reo): em caso de razoável dúvida, no processo penal, deve sempre prevalecer o interesse do acusado, pois é a parte que goza da presunção de inocência.
Imunidade à autoacusação: significa que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo (nemo tenetur se detegere), já que o estado natural do ser humano é de inocência, até prova em contrário, produzida pelo Estado-acusação, advindo sentença penal irrecorrível. Daí decorre, por óbvio, o direito de permanecer em silêncio, seja na polícia ou em juízo.
Ampla defesa: o réu deve ter a mais extensa e vasta possibilidade de provar e ratificar o seu estado de inocência, em juízo, valendo-se de todos os recursos lícitos para tanto.
Plenitude de defesa: cuida-se de um reforço à ampla defesa, que se dá no contexto do Tribunal do Júri, para assegurar ao réu a mais perfeita defesa possível, garantindo-se rígido controle da qualidade do aspecto defensivo, visto estar o acusado diante de jurados leigos, que decidem, sigilosamente, sem motivar seu veredicto.
Contraditório: a parte, no processo, tem o direito de tomar conhecimento e rebater as alegações fáticas introduzidas pelo adversário, além de ter a possibilidade de contrariar as provas juntadas, manifestando-se de acordo com seus próprios interesses.
Juiz natural e imparcial: toda pessoa tem o direito inafastável de ser julgada, criminalmente, por um juízo imparcial, previamente constituído por lei, de modo a eliminar a possibilidade de haver tribunal de exceção.
Iniciativa das partes: assegurando-se a imparcialidade do juiz, cabe ao Ministério Público e, excepcionalmente, ao ofendido, a iniciativa da ação penal.
Publicidade: significa que os julgamentos e demais atos processuais devem ser realizados e produzidos, como regra, publicamente, possibilitando-se o acompanhamento de qualquer pessoa, a fim de garantir a legitimidade e a eficiência do Poder Judiciário.
Vedação das provas ilícitas: consagrando-se a busca pelo processo escorreito e ético, proíbe-se a produção de provas ilícitas, constituídas ao arrepio da lei, com o fim de produzir efeito de convencimento do juiz, no processo penal.
Economia processual: é direito individual a obtenção da razoável duração do processo, combatendo-se a lentidão do Poder Judiciário, visto que a celeridade é uma das metas da consecução de justiça.
Duração razoável da prisão cautelar: a liberdade é a regra, no Estado Democrático de Direito, constituindo a prisão, exceção. Por isso, quando se concretiza a prisão cautelar, torna-se fundamental garantir a máxima celeridade, pois se está encarcerando pessoa considerada inocente, até prova definitiva em contrário.
Sigilo das votações: cuida-se de tutela específica do Tribunal do Júri, buscando-se assegurar a livre manifestação do jurado, na sala secreta, quando vota pela condenação ou absolvição do réu, fazendo-o por intermédio de voto indevassável.
Soberania dos veredictos: considerando-se que o Tribunal Popular não é órgão consultivo, torna-se essencial assegurar a sua plenitude, quanto à decisão de mérito. Nenhum órgão do Poder Judiciário togado pode sobrepor-se à vontade do povo, em matéria criminal, pertinente ao júri.
Competência para os crimes dolosos contra a vida: garantindo-se a competência mínima, sob mando constitucional, ao Tribunal do Júri, dele não se pode subtrair o julgamento dos delitos dolosos contra a vida, que são basicamente os seguintes: homicídio, participação em suicídio, infanticídio e aborto.
Legalidade estrita da prisão cautelar: significa que a prisão processual ou provisória constitui uma exceção, pois é destinada a encarcerar pessoa ainda não definitivamente julgada e condenada; demanda, então, estrita observância de todas as regras constitucional e legalmente impostas para a sua concretização e manutenção.
Duplo grau de jurisdição: no processo penal, todo acusado tem o direito de recorrer a instância superior, obtendo, ao menos, uma segunda possibilidade de julgamento, confirmando ou reformando a decisão tomada em primeiro grau. Cuida-se de autêntica segunda chance para alcançar a mantença do estado de inocência.
Promotor natural e imparcial: não somente o órgão estatal julgador deve ser imparcial, pois o Estado-acusação cumpre papel de destaque na apuração e punição dos crimes, razão pela qual se espera uma atuação justa e desvinculada de interesses escusos e partidários.
Obrigatoriedade da ação penal: trata-se de princípio ligado à ação penal pública, em que a titularidade cabe ao Ministério Público, instituição fundamental à realização de justiça. Consagrando-se a atuação imparcial do Estado-acusação, é obrigatório o ajuizamento de ação penal, quando há provas suficientes para tanto.
Indisponibilidade da ação penal: é o corolário natural da obrigatoriedade da ação penal pública, pois, uma vez ajuizada, não mais se pode dela desistir, devendo o Estado-acusação levar até o fim a pretensão punitiva, obtendo-se uma decisão de mérito definitiva.
Oficialidade: significa que o monopólio punitivo é exclusivo do Estado, motivo pelo qual os atos processuais são oficiais e não há qualquer possibilidade de justiça privada na seara criminal.
Intranscendência: quer dizer que nenhuma acusação pode ser feita a pessoa que não seja autora de infração penal; conecta-se com os princípios penais da responsabilidade pessoal e da culpabilidade.
Vedação do duplo processo pelo mesmo fato (bis in idem): é a garantia de que ninguém pode ser processado duas ou mais vezes com base em idêntica imputação, o que implicaria em claro abuso estatal e ofensa à dignidade humana.
Busca da verdade real: no processo penal, impera a procura pela verdade (noção ideológica da realidade) mais próxima possível do que, de fato, aconteceu, gerando o dever das partes e do juiz de buscar a prova, sem posição inerte ou impassível.
Oralidade: significa que a palavra oral deve prevalecer sobre a escrita, produzindo celeridade na realização dos atos processuais e diminuindo a burocracia para o registro das ocorrências ao longo da instrução.
Concentração: almeja-se que a instrução processual seja centralizada numa única audiência ou no menor número delas, a ponto de gerar curta duração para o processo.
Imediatidade: significa que o juiz deve ter contato direto com a prova colhida, em particular, com as testemunhas, de modo a formar o seu convencimento mais facilmente.
Identidade física do juiz: interligando-se com a busca da verdade real, demanda-se que o magistrado encarregado de colher a prova seja o mesmo a julgar a ação, pois teve contato direto com as partes e as testemunhas.
Indivisibilidade da ação penal privada: constituindo a ação punitiva um monopólio do Estado, quando se transfere ao ofendido a possibilidade de ajuizar a ação penal privada, deve fazê-lo contra todos os coautores, não podendo eleger uns em detrimento de outros.
Comunhão da prova: significa que a prova produzida, nos autos, pela acusação e pela defesa, é comum ao resultado da demanda, fornecendo todos os elementos necessários à formaçãodo convencimento do julgador.
Impulso oficial: cabe ao juiz a condução do processo criminal, jamais permitindo a indevida e injustificada paralisação do curso da instrução.
Persuasão racional: é o sistema de avaliação das provas escolhido pela legislação processual penal, em que o juiz forma o seu convencimento pela livre apreciação das provas coletadas, desde que o faça de maneira motivada.
Colegialidade: significa que os órgãos judiciais superiores, que servem para concretizar o duplo grau de jurisdição, devem ser formados por colegiados, não mais permitindo que uma decisão de mérito seja tomada por um magistrado único.
INQUÉRITO POLICIAL
O inquérito policial é um procedimento preparatório da ação penal, de caráter administrativo, conduzido pela polícia judiciária e voltado à colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma infração penal e sua autoria. Nessa ótica, confira-se o disposto pelo art. 2.º, § 1.º, da Lei 12.830/2013, cuidando da finalidade do inquérito: “a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais”.
É importante repetir que sua finalidade precípua é a investigação do crime e a descoberta do seu autor, com o fito de fornecer elementos para o titular da ação penal promovê-la em juízo, seja ele o Ministério Público, seja o particular, conforme o caso.
O inquérito é um meio de afastar dúvidas e corrigir o prumo da investigação, evitando-se o indesejável erro judiciário. Se, desde o início, o Estado possuir elementos confiáveis para agir contra alguém na esfera criminal, torna-se mais raro haver equívocos na eleição do autor da infração penal. Por outro lado, além da segurança, fornece a oportunidade de colher provas que não podem esperar muito tempo, sob pena de perecimento ou deturpação irreversível (ex.: exame do cadáver ou do local do crime).
JUIZ DAS GARANTIAS
A partir da Lei 13.964/2019, inseriu-se, no processo penal brasileiro, o juiz das garantias, responsável por fiscalizar a investigação criminal, controlar a sua legalidade e salvaguardar os direitos individuais do investigado (art. 3º-B, caput, CPP). É relevante mencionar o conteúdo do art. 3º-A do CPP: “o processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação”. Esse magistrado terá atuação até o recebimento da denúncia ou queixa, mas jamais julgará o processo-crime. Busca-se, com isso, a consagração do sistema acusatório e também a preservação da imparcialidade do Judiciário.
LIMINAR DO STF: o relator da Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 6.299-DF, Ministro Luiz Fux, houve por bem, em 22 de janeiro de 2020, suspender a vigência dos artigos 3º-A a 3º-F, todos relacionados à nova figura do juiz das garantias. Assim sendo, embora a Lei 13.964/2019 tenha entrado em vigor em 23 de janeiro de 2020, os referidos artigos estão suspensos, por prazo indeterminado, até que o Plenário do Pretório Excelso avalie o mérito da causa. Isso não significa a revogação desses artigos ou a declaração de mérito, no sentido da sua inconstitucionalidade. O relator valeu-se, basicamente, de dois argumentos: a) as normas do juiz das garantias, na essência, constituem regras de organização judiciária, cabendo ao próprio Judiciário manejá-las, citando o art. 96 da Constituição Federal; b) a efetiva criação do juiz das garantias exigiria gasto por parte do Judiciário, sendo constatada a ausência de dotação orçamentária prévia para tanto, invocando o art. 169 da Constituição Federal.
ATRIBUIÇÕES DO JUIZ DAS GARANTIAS
· a) receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da Constituição Federal (art. 3º-B, I, CPP). A comunicação da prisão consta do inciso LXII do art. 5º da Constituição Federal: “a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada”. Entende-se, pelo termo imediatamente o prazo máximo de 24 horas. Trata-se da garantia de que ninguém será (ou ficará) ilegalmente detido. Para tanto, dentro da normalidade, refere-se essa comunicação à lavratura do auto de prisão em flagrante pelo delegado. Afinal, quando alguém é encontrado em plena prática do delito, pode ser preso por qualquer pessoa, mas, como regra, é preso pela polícia e levado à presença da autoridade policial, que, encontrando presentes os requisitos legais, determina a lavratura do auto de prisão em flagrante. Esse auto será comunicado ao juiz das garantias;
· 
· b) receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o disposto no art. 310 do CPP (art. 3º-B, II, CPP). Chegando às suas mãos uma cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz das garantias deve verificar se os requisitos da referida prisão em flagrante encontram-se presentes. Os elementos intrínsecos à prisão em flagrante estão previstos no art. 302 do Código de Processo Penal. Porém, deve analisar, também, os requisitos extrínsecos ao flagrante, previstos no art. 304 do CPP. Se tudo estiver regular, o juiz não relaxará o flagrante (o que implicaria a soltura do investigado). Seguirá duas outras opções, expostas pelo art. 310 do CPP: a) pode converter a prisão em flagrante em preventiva, se presentes os elementos do art. 312 do CPP e se não forem suficientes as medidas cautelares do art. 319; b) pode conceder liberdade provisória, com ou sem fiança;
· c) zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à sua presença, a qualquer tempo (art. 3º-B, III, CPP). Deve o juiz das garantias verificar se todos os direitos do preso foram respeitados; por outro lado, a parte final deste inciso não guarda harmonia com a previsão, hoje constante em lei, da audiência de custódia. Na realidade, o juiz das garantias deve ouvir o preso na referida audiência, não se tratando de uma faculdade;
· 
· d) ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal (art. 3º-B, IV, CPP). Em nossa visão, esta é uma das principais atribuições do juiz das garantias, refletindo em direito do investigado, vale dizer, não deve existir investigação sigilosa, de modo a impedir que o suspeito possa acompanhá-la por meio de seu defensor. O inquérito policial já tem as suas formalidades: registra-se e deve ser acompanhado pelo juiz e pelo promotor. Porém, as investigações criminais realizadas pelo Ministério Público, não regulamentadas em lei, não podem mais transcorrer sem a informação de sua existência ao juiz das garantias. Se isto for feito, tudo o que foi colhido pode ser considerado prova ilícita, de modo a ser rechaçado pelo juiz no momento da análise da denúncia, podendo rejeitá-la;
· e) decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, observado o disposto no § 1º deste artigo (art. 3º-B, V, CPP). A primeira parte deste inciso remete ao que sempre foi praticado, ou seja, qualquer prisão provisória (temporária ou preventiva) e outras medidas cautelares (art. 319, CPP) somente são decretadas pelo Poder Judiciário. Ressalta-se, ainda, que a decretação de prisão ou outra medida cautelar depende de requerimento da parte legitimada a fazê-lo. Entretanto, a segunda parte deste inciso, ao se referir ao § 1º deste artigo, ficou incompleta. O referido § 1º foi vetado.
· f) prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do disposto neste Código ou em legislação especial pertinente (art. 3º-B, VI, CPP). Este dispositivo nos parece exagerado, podendo causar diversos problemas. Decretada a prisão preventiva, até que seja revogada, está em vigor. Porém, a prisão temporária (5 dias ou 30 dias) pode ser prorrogada (por mais 5 dias ou por mais 30 dias). Cabe ao juiz decidir pela prorrogação ou não. Porém, feito o pedido pelo órgão acusatório ou realizada a representação pela autoridade policial, o magistradodeve decidir a respeito. E rápido. Como marcar audiência para ouvir as razões das pessoas interessadas (órgão acusatório, autoridade policial e investigado) em curto espaço de tempo? Note-se um exemplo prático: decretada a prisão temporária por 5 dias, chegando ao final, pede-se a prorrogação por outros cinco dias. É totalmente inviável marcar uma audiência para discutir se cabe ou não a prorrogação. Em suma, é impraticável. Pode-se até admitir que a prorrogação de 30 dias comportaria uma audiência, mas a de 5 dias é insolúvel. Diante disso, sugere-se que o juiz prorrogue a prisão temporária e marque audiência, intimando-se as partes por meios eletrônicos. Assim, enquanto decorre o prazo, faz-se a referida audiência. Será meramente formal, sem valor substancial;
· g) decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral (art. 3º-B, VII, CPP). Este dispositivo revoga, por incompatibilidade e por ser norma mais recente, o disposto pelo art. 156, I, do CPP Só cabe a produção antecipada de provas quando requerida pela parte interessada (órgão acusatório, autoridade policial ou investigado). O juiz das garantias defere a produção de provas a ser realizada em audiência, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa;
· h) prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo (art. 3º-B, VIII, CPP). A previsão é feita apenas quanto ao prolongamento de investigação cuidando de investigado preso. Se este estiver solto, pode-se prorrogar sem maiores formalidades. No entanto, caso haja prolongamento de investigação de pessoa presa, admite-se a referida prorrogação por no máximo 15 dias, em prazo fatal, nos termos do § 2º deste artigo;
· i) determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento (art. 3º-B, IX, CPP). Nem seria necessário prever o óbvio. Se uma investigação criminal é instaurada contra alguém, sem justa causa, cabe ao investigado impetrar habeas corpus, que será julgado pelo juiz. Porém, ficou registrado caber ao magistrado das garantias apreciar o pedido (ou agir de ofício) para trancar (determinar o arquivamento) do inquérito policial sem mais apuração. Não houve previsão para o trancamento de investigação criminal instaurada pelo Ministério Público; no entanto, considerando-se que essa investigação será comunicada ao juiz, dela o investigado terá notícia. Mas é preciso que o pedido seja formulado junto ao Tribunal, pois o membro do MP goza de prerrogativa de foro;
· j) requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da investigação (art. 3º-B, X, CPP). Requisitar significa exigir legalmente alguma coisa. Não é uma ordem emanada de um ente superior a um inferior. Cuida-se de ordem com fundamento legal. Portanto, como sempre ocorreu, cabe ao juiz fiscalizador do inquérito requisitar o que for preciso para instruir os autos: documentos, laudos e outras informações;
· k) decidir sobre os requerimentos de interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou de outras formas de comunicação; afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; busca e apreensão domiciliar; acesso a informações sigilosas; outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado (art. 3º-B, XI, CPP). Cabe, exclusivamente, ao Judiciário, em fase de investigação, decidir acerca desses temas, que consistem em reserva de jurisdição;
· 
· l) julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia. Poderiam ter sido previstos num único inciso o disposto no inc. IX (trancamento da investigação) e neste (julgar habeas corpus antes da denúncia), pois a via é a mesma. O investigado pode impetrar HC para trancar o inquérito policial ou utilizar o remédio heroico para qualquer outro fim, desde que se tenha como autoridade coatora a figura do delegado. Quanto ao HC impetrado contra membro do MP, prevalece a jurisprudência de dever ser apreciada em 2ª instância, pois promotores têm foro privilegiado e se está lidando com eventual abuso de autoridade (crime), a ser apreciado pelo Tribunal;
· m) determinar a instauração de incidente de insanidade mental. O que era da atribuição do delegado (art. 6º, VII, CPP), passou à competência do juiz das garantias. Havendo suspeita de insanidade do investigado, o magistrado determina a instauração de incidente e, considerando-se a hipótese, de um laudo afirmativo, comprovando a insanidade, pode caber a medida cautelar descrita no art. 319, VII: “internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração”;
· n) decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 do CPP: “recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente”. Este é um ponto obscuro, pois o juiz das garantias não detém o controle da pauta do juízo de instrução. Portanto, ele deve apenas receber a denúncia ou queixa e enviá-la ao juiz instrutor, que fará o restante. O motivo pelo qual se atribuiu ao juiz das garantias o recebimento (ou não) da peça acusatória é que os autos das provas coletadas em fase de investigação não seguirão para as mãos do juiz da instrução (art. 3º-C, § 3º, CPP);
· o) assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em andamento. Como regra, o inquérito policial – e outras investigações – costuma ser uma colheita de provas de maneira sigilosa; afinal, não existe contraditório e ampla defesa nessa fase. Entretanto, segundo este dispositivo, assegura-se ao investigado acesso às provas colhidos durante a investigação criminal, exceto, por óbvio, às diligências em andamento. Não seria crível que uma escuta telefônica, judicialmente autorizada, tivesse ampla publicidade, pois redundaria em total fracasso. Portanto, o investigado, por seu defensor, poderá acessar as provas já produzidas, mas não as que estão em andamento;
· p) deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia. Na reforma processual penal, em 2008, admitiu-se, finalmente, a presença de assistentes técnicos da defesa – como sempre existiu no cível – durante a produção de provas periciais criminais. Afinal, muitas provas são irrepetíveis;
· q) decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados durante a investigação. O dispositivo está correto e em sintonia com o propósito do juiz das garantias. O novo instituto de processual penal – acordo de não persecução penal – precisa ser decidido antes do advento de uma denúncia. Logo, cabe ao juiz das garantias. Por outro lado, a colaboração premiada também ocorre, majoritariamente, na fase da investigação criminal. Portanto, precisa ser conferida e aceita (ou não) pelo juiz das garantias. De fato, o juiz instrutor do feito não tem que se imiscuir nos acordos pré-instrução e nem mesmo no que se refere à delação premiada;
· r) outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo. Por cautela, deixou-se uma norma aberta, o que é razoável, para prever que cabe ao juiz das garantias qualquer outra decisão inerente a matéria jurisdicional.
ENCAMINHAMENTO DAS INVESTIGAÇÕES
O juiz das garantias tem competência para fiscalizar as investigações que cuidem de todas as infrações penais, exceto as que figuram como de menor potencial ofensivo, pois,nesta hipótese, o termo circunstanciado segue ao Juizado Especial Criminal, nos moldes estabelecidos pela Lei 9.099/95.
Como já apontado no item 1.1.1 supra, cabe ao juiz das garantias, que possui livre acesso aos autos da investigação, receber – ou não – a peça acusatória. Recebendo-a, a sua competência cessa de pronto, passando as questões porventura pendentes ao juiz da instrução e julgamento (art. 3º-C, § 1º, CPP).
A lei concede ao juiz da instrução o prazo máximo de 10 dias para analisar se mantém ou revoga as cautelares, naturalmente, justificando e fundamentando. Por outro lado, o juiz da instrução não pode “reformar” a decisão do juiz das garantias no sentido de não receber a peça acusatória. Não é da sua competência essa avaliação. Cabe ao réu, não satisfeito pelo recebimento da denúncia ou queixa, por meio de habeas corpus, requerer o trancamento da ação junto ao tribunal competente.
Umas das mudanças mais importantes da reforma implantada pela Lei 13.964/2019 é a determinação de acautelamento dos autos da investigação extrajudicial no cartório, à disposição apenas das partes, mas não do juiz da instrução (art. 3º-C, § 3º, CPP). Faz-se, corretamente, a ressalva de que serão juntados aos autos do processo principal, em apenso, as provas irrepetíveis (são as periciais) e as obtidas sob o crivo do contraditório (em produção antecipada). Este dispositivo provoca a revogação da parte do art. 155 do CPP, que permite a decisão do juiz da instrução calcada em qualquer prova do inquérito, desde que não exclusivamente. Finaliza-se a análise de qualquer prova produzida na fase extrajudicial por parte do juiz do mérito da causa (exceto das periciais e as antecipadas).
Embora o § 4º do art. 3º-C, de maneira repetida, pois o preceituado por ele já constava do § 3º, garanta amplo acesso aos autos da investigação, que estarão em cartório, isto não significa, por exemplo, que possam providenciar fotocópias e juntar nos autos principais, dando conhecimento de um depoimento de testemunha. É prova ilícita e será descartada. Porém, há um problema. O art. 157, § 5º, do CPP, com a reforma, menciona que o juiz da instrução, se tomar contato com qualquer prova ilícita, não poderá julgar o feito (o § 5º do art. 157 do CPP também teve a eficácia suspensa por decisão liminar do STF, de 22.1.2020, até que o Plenário julgue se é constitucional ou não). Eis que poderia surgir uma válvula de escape para a parte que não gostar do magistrado – por ser muito rigoroso ou liberal nas decisões – juntar nos autos principais cópias de depoimentos da fase extrajudicial somente para provocar o efeito de afastamento do juiz. A ninguém é dado lucrar em face da própria torpeza (art. 565, CPP). Nesta hipótese, as cópias serão excluídas dos autos e o magistrado da instrução permanecerá, valendo representação junto ao órgão de classe para quem assim agir.
PERSERCUÇÃO CRIMINAL
APURAÇÃO DAS INFRAÇÕES PENAIS E SUA RESPECTIVA AUTORIA COMPORTA DUAS FASES:
1º) INQUÉRITO POLICIAL OU ATRAVÉS DO MP (EXTRA JUDICIAL OU EXTRAJUDICIUM).
2º) FASE PROCESSUAL (JUDICIAL OU IN JUDICIUM).
POLÍCIA JUDICIÁRIA E POLÍCIA ADMINISTRATIVA
POLÍCIA JUDICIÁRIA: ATUAÇÃO REPRESSIVA (APÓS A INFRAÇÃO PENAL).
POLÍCIA ADMINISTRATIVA OU DE SEGURANÇA: CARÁTER EMINENTEMENTE PREVENTIVO (ANTES DA INFRAÇÃO PENAL)
Preceitua o art. 144 da Constituição Federal ser a segurança pública um dever do Estado, valendo-se este da polícia para a preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Os órgãos policiais são constituídos da polícia federal, da polícia rodoviária federal, da polícia ferroviária federal, das polícias civis, das polícias militares, dos corpos de bombeiros militares, das polícias penais federal, estaduais e distrital. Além disso, cabe à polícia federal, órgão mantido pela União, “apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei” (art. 144, § 1.º, I, CF) e “exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União” (art. 144, § 1.º, IV, CF).
Quanto à polícia civil, menciona a Carta Magna o seguinte: “às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares” (art. 144, § 4.º, CF).
Portanto, cabe aos órgãos constituídos das polícias federal e civil conduzir as investigações necessárias, colhendo provas pré-constituídas para formar o inquérito, que servirá de base de sustentação a uma futura ação penal. O nome polícia judiciária tem sentido na medida em que não se cuida de uma atividade policial ostensiva (típica da Polícia Militar para a garantia da segurança nas ruas), mas investigatória, cuja função se volta a colher provas para o órgão acusatório e, na essência, para o Judiciário avaliar no futuro.
A presidência do inquérito cabe à autoridade policial, embora as diligências realizadas possam ser acompanhadas pelo representante do Ministério Público, que detém o controle externo da polícia.

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