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1 
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INTENSIVO I 
Renato Brasileiro 
Direito Processual Penal 
Aula 1 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
Tema: Lei n. 13.964/19 
Pacote Anticrime 
 
O professor ressalta que a Lei n. 13.964/19 representa a maior mudança já sofrida pela legislação penal desde o Código 
de Processo Penal de 1941. 
 
➢ Essa lei altera alguns aspectos do Código Penal e altera consideravelmente o Código de Processo Penal. 
 
Considerações iniciais: 
 
I - Inicialmente, é importante destacar que, na aula de hoje, será analisado o art. 3º-A, o qual foi introduzido no CPP, que 
reafirma a natureza acusatória do processo. 
Serão analisados também os artigos 3º-B até o 3º-F, o qual trata do juiz de garantias. 
 
II – A vigência da Lei n. 13.964/19 ocorreu em 23/01/2020, conforme art. 201. 
Como a Lei n. 13.964/19 foi publicada em 24/12/2019, considerando que o dia da publicação é computado, o prazo final 
da vacatio legis acabou em 22/01/2020 e, portanto, sua vigência se iniciou em 23/01/2020. 
O professor destaca que o prazo de vacatio legis de 30 dias é incompatível com a importância das alterações feitas pelo 
Pacote Anticrime. 
 
 
 
1 Lei 13.964/19, art. 20: “Esta Lei entra em vigor após decorridos 30 (trinta) dias de sua publicação oficial.” 
 
 
2 
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III – Em 22/01/2020, o Ministro Fux suspendeu a eficácia dos arts. 3º-A, 3º-B, 3º-C, 3º-D, 3º-E e 3º-F da Lei n. 13.964/19. 
 
NOTA AO LEITOR: “Na condição de Relator das ADI’s 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305 (j. 22/01/2020), todas ajuizadas em face 
da Lei n. 13.964/19, o Min. Luiz Fux suspendeu sine die a eficácia, ad referendum do Plenário, da implantação do juiz das 
garantias e de seus consectários (CPP, arts. 3º-A, 3º-B, 3º-C, 3º-D, 3º-E e 3º-F), afirmando, ademais, que a concessão dessa 
medida cautelar não teria o condão de interferir nem suspender os inquéritos e processos então em andamento, nos 
termos do art. 10, §2º, da Lei n. 9.868/95.” 
 
✓ O art. 3º-A não versa sobre o juiz de garantias e, por esse motivo, segundo o professor, não haveria motivo para 
que o Ministro Fux suspendesse tal dispositivo. 
✓ Observação: há outros artigos da Lei n. 13.964/19 suspensos, mas estes não serão trabalhados na aula 1. 
✓ A Lei n. 13.964/19, conhecida como Pacote Anticrime, é o resultado de três forças diversas: 
• Projeto Moro; 
• Projeto Alexandre de Moraes; e 
• Projeto do Novo CPP (PL 156/09). 
✓ Observação: os arts. 3º-A, 3º-B, 3º-C, 3º-D, 3º-E e 3º-F foram extraídos do PL 156/09. 
 
1. Gestão da prova pelo magistrado: a vedação da iniciativa acusatória e probatória do juiz. 
 
Este item visa a analisar o art. 3º-A do CPP. 
 
Juiz das Garantias 
 
CPP, art. 3º-A: “O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a 
substituição da atuação probatória do órgão de acusação.” 
 
Observações sobre o art. 3º-A: 
 
1ª) O CPP reafirma que a estrutura do processo penal brasileiro é acusatória. Apesar de o texto constitucional não dizer 
expressamente que o processo penal brasileiro é acusatório, essa interpretação pode ser extraída do art. 129, I da CF2. 
✓ A partir do momento em que a CF atribui a órgão diverso do Poder Judiciário a função de acusar, isso significa que 
o sistema brasileiro é acusatório. 
 
 
 
2 CF, art. 129, I: “São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei” 
 
 
3 
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Sistema inquisitorial Sistema acusatório 
 
Todas as funções são concentradas no juiz inquisidor: 
acusar, defender e julgar. 
No sistema acusatório, há a separação das funções. 
A gestão da prova fica nas mãos do juiz. A gestão da prova recai sobre as partes. 
Comprometimento da imparcialidade do magistrado. Imparcialidade do magistrado. 
No sistema inquisitorial, o acusado é mero objeto. No sistema acusatório, o acusado é sujeito de direitos. 
No sistema inquisitorial, trabalha-se com a ideia da 
verdade real. 
No sistema acusatório, trabalha-se com a verdade 
processual. 
 
✓ Verdade real é uma falácia, pois o processo é feito por seres humanos e estes estão sujeitos a várias limitações 
do processo. Assim, jamais será possível atingir a verdade real, já que não é possível reproduzir 100% dos fatos 
ocorridos. A verdade existente no processo penal é a verdade processual. 
 
2ª) A intervenção ex officio do magistrado na fase de investigação (“iniciativa acusatória”) é inconcebível e isso está 
positivado no art. 3º-A do CPP. 
✓ A iniciativa acusatória é incompatível com o sistema acusatório. 
✓ Tanto na fase investigatória quanto na fase processual, o juiz deve ser espectador e não protagonista. 
 
➢ Na ADI 1.570, o STF entendeu que a revogada Lei 9.034/95 seria inconstitucional por violar o sistema acusatório 
e a imparcialidade. 
 
EMENTA: “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 9034/95. LEI COMPLEMENTAR 105/01. SUPERVENIENTE. 
HIERARQUIA SUPERIOR. REVOGAÇÃO IMPLÍCITA. AÇÃO PREJUDICADA, EM PARTE. "JUIZ DE INSTRUÇÃO". REALIZAÇÃO DE 
DILIGÊNCIAS PESSOALMENTE. COMPETÊNCIA PARA INVESTIGAR. INOBSERVÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. 
IMPARCIALIDADE DO MAGISTRADO. OFENSA. FUNÇÕES DE INVESTIGAR E INQUIRIR. MITIGAÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO E DAS POLÍCIAS FEDERAL E CIVIL. 1. Lei 9034/95. Superveniência da Lei Complementar 105/01. 
Revogação da disciplina contida na legislação antecedente em relação aos sigilos bancário e financeiro na apuração das 
ações praticadas por organizações criminosas. Ação prejudicada, quanto aos procedimentos que incidem sobre o acesso 
a dados, documentos e informações bancárias e financeiras. 2. Busca e apreensão de documentos relacionados ao pedido 
de quebra de sigilo realizadas pessoalmente pelo magistrado. Comprometimento do princípio da imparcialidade e 
conseqüente violação ao devido processo legal. 3. Funções de investigador e inquisidor. Atribuições conferidas ao 
Ministério Público e às Polícias Federal e Civil (CF, artigo 129, I e VIII e § 2o; e 144, § 1o, I e IV, e § 4o). A realização de 
inquérito é função que a Constituição reserva à polícia. Precedentes. Ação julgada procedente, em parte” (ADI 1570. 
Relator Mn. Maurício Corrêa. Julgada em 12/02/2004. DJ 22/10/2004). 
 
 
 
4 
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➢ No HC 94.641, o STF também entendeu que houve violação ao sistema acusatório e à imparcialidade. 
 
EMENTA: “HABEAS CORPUS. Processo Penal. Magistrado que atuou como autoridade policial no procedimento preliminar 
de investigação de paternidade. Vedação ao exercício jurisdicional. Impedimento. Art. 252, incisos I e II, do Código de 
Processo Penal. Ordem concedida para anular o processo desde o recebimento da denúncia.” (HC 94.641, Rel. Min. Ellen 
Gracie. Julgado em 11/11/2008. Segunda Turma. DJe 05/03/2009). 
 
3ª) O art. 156, I, CPP traz a possibilidade da iniciativa acusatória. Mesmo antes da Lei n. 13.964/19, este dispositivo já era 
considerado inconstitucional. 
Atualmente, como o art. 3º-A do CPP traz expressa a vedação da iniciativa acusatória do juiz, o art. 156, I do CPP é 
considerado tacitamente revogado. 
 
CPP, art. 156: “A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada 
pela Lei n. 11.690/08) 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, 
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre 
ponto relevante.” 
 
4ª) O legislador, ao preceituar no art. 3º-A do CPP, a vedação da “substituição da atuação probatória do órgão de 
acusação” não foi muito claro. 
 
Questão: Durante a fase processual, será que o juiz ainda teria a chamada iniciativa probatória? O juiz poderia produzir 
provas de oficio na fase processual?Esse tema é bastante polêmico. O CPP autoriza a produção de provas de ofício pelo juiz durante o processo ou antes de 
julgar (art. 156, II, CPP). 
 
CPP, art. 156: “A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada 
pela Lei n. 11.690/08) 
(...) 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre 
ponto relevante.” 
 
 
 
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✓ Os artigos 1273, 1964, 2095, 2346, 2417, 2428 e art. 3669 do Código de Processo Penal são outros exemplos de 
permissão que o CPP dá ao juiz para a produção de provas. 
 
Sobre a questão, há duas correntes: 
• 1ª Corrente - A iniciativa probatória é compatível com o sistema acusatório e com a garantia da imparcialidade 
(Antônio Scarance Fernandes e Gustavo Badaró). 
• 2ª Corrente – Mesmo antes da Lei 13.964/2019, essa corrente já afirmava que a iniciativa probatória é 
inconstitucional (Geraldo Prado). 
 
“Quem procura sabe ao certo o que pretende encontrar e isso, em termos de processo penal condenatório, representa 
uma inclinação ou tendência perigosamente comprometedora da imparcialidade do julgador.” (Geraldo Prado). 
 
✓ Na opinião do professor, a redação do art. 3º-A do CPP vem ao encontro da segunda corrente, no sentido de dizer 
que já não se pode mais admitir a iniciativa probatória do magistrado na fase processual. 
✓ Assim sendo, os artigos 127, 196, 209, 234, 241, 242 e art. 366 do Código de Processo Penal teriam sido 
tacitamente revogados. 
✓ Curiosidade: o Enunciado n. 5 da PGJ-CGMP preceitua que “ O art. 3º-A do CPP não revogou os incisos I e II do art. 
156 do mesmo diploma, salvo no caso do inciso I no que tange à possibilidade de determinar de ofício a produção 
antecipada da prova na fase investigatória”. 
 
 
3 CPP, art. 127: “O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou mediante representação da 
autoridade policial, poderá ordenar o seqüestro, em qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia 
ou queixa.” 
4 CPP, art. 196: “A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de 
qualquer das partes.” 
5 CPP, art. 209: “O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes. 
§ 1º Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem. 
§ 2º Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa.” 
6 CPP, art. 234: “Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da acusação ou da defesa, 
providenciará, independentemente de requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possível.” 
7 CPP, art. 241: “Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverá 
ser precedida da expedição de mandado.” 
8 CPP, art. 242: “A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.” 
9 CPP, art. 366: “Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo 
e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, 
se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art312.
 
 
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CPP, art. 3º-A: “O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a 
substituição da atuação probatória do órgão de acusação.” 
 
2. Juiz das garantias. 
 
I - O juiz de garantias está previsto no projeto do novo CPP (PL 156/09). Uma das grandes críticas ao PL 156/09 era, 
justamente, o juiz de garantias. 
 
CPP, art. 3º-B: “O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda 
dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe 
especialmente: 
I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da Constituição Federal; 
II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o disposto no art. 310 deste 
Código; 
III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à sua presença, a qualquer 
tempo; 
IV - ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal; 
V - decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, observado o disposto no § 1º deste artigo; 
VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro 
caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do disposto neste Código ou em legislação especial 
pertinente; 
VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados 
o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral; 
VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões apresentadas pela 
autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo; 
IX - determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua instauração ou 
prosseguimento; 
X - requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da investigação; 
XI - decidir sobre os requerimentos de: 
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou de outras formas de 
comunicação; 
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; 
c) busca e apreensão domiciliar; 
d) acesso a informações sigilosas; 
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado; 
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia; 
 
 
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XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade mental; 
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código; 
XV - assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso 
a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, 
estritamente, às diligências em andamento; 
XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia; 
XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada, quando 
formalizados durante a investigação; 
XVIII - outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo. 
§ 1º (VETADO). 
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido 
o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim 
a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.” 
 
II – Não há nenhuma novidade na existência de juiz que controla a investigação e resguarda os direitos fundamentais na 
fase investigatória. A novidade inerente ao juiz das garantias é que o juiz que interveio na fase investigatória não poderá 
atuar na fase processual. Trata-se de causa de impedimento. 
Assim sendo, haverá dois juízes para cada persecução penal, conforme art. 3º-D do CPP: 
 
CPP, art. 3º-D: “O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competências dos arts. 4º e 5º deste 
Código ficará impedido de funcionar no processo. 
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio de 
magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo” 
 
III – Conceito:“Consiste o juiz das garantias na atribuição exclusiva, a um determinado órgão jurisdicional, da competência 
para o exercício da função de garantidor dos direitos fundamentais na fase pré-processual, com a consequente exclusão 
da competência desse magistrado para a sequência da persecução penal sobre o contraditório” (André Machado Maia). 
 
Com a criação do juiz de garantias, haverá o seguinte esquema para a persecução penal: 
 
Persecução penal10 
Fase investigatória – objetiva a colheita de elementos de 
informação quanto à autoria e à materialidade e a 
colheita de provas. 
Fase processual. 
Atuação do juiz das garantias. Atuação do juiz da instrução e julgamento. 
 
10 Persecução penal é um conjunto de atividades, levadas a efeito pelo Estado, diante da prática de uma infração penal. 
 
 
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A competência do juiz das garantias se dá a partir da 
instauração da investigação (art. 3º-D, IV, CPP11). 
A atuação/competência do juiz das garantias vai até o 
recebimento da peça acusatória (art. 3º-C, caput, CPP12). 
A competência se inicia a partir do recebimento da peça 
acusatória. 
 
IV- A criação do juiz das garantias pode ser traduzida como uma nova espécie de competência funcional por fase do 
processo. 
 
V – Distinção: 
 
➢ DIPO são as chamadas centrais de inquérito. A investigação, na cidade de São Paulo, tramita nas varas do DIPO. 
Quando o processo se inicia, ele tramita em outra vara. Entretanto, isso não é similar ao juiz de garantias, pois, 
no DIPO, não há impedimento, ou seja, o mesmo juiz pode julgar o processo em que atuou no DIPO. 
 
➢ O juiz das garantias não se confunde com o chamado juizado de instrução, existente em alguns países. Neste 
juizado, existe um juiz que atua na fase investigatória, mas também possui iniciativa acusatória, ou seja, trata-se 
de “juiz investigador”. 
 
VI – Fundamento: 
 
O juiz de garantias foi criado para manter a imparcialidade do magistrado, que é um princípio supremo do processo. 
✓ Imparcialidade é uma espécie de desinteresse subjetivo no resultado do julgamento. 
 
A imparcialidade do magistrado não está preceituada explicitamente na CF/1988. Entretanto, a doutrina sustenta que a 
imparcialidade é um dos desdobramentos do devido processo legal. 
✓ A imparcialidade do magistrado possui previsão no art. 8º da CIDH13. 
 
 A imparcialidade pode ser: 
• Subjetiva: é o íntimo da convicção do magistrado. 
 
11 CPP, art. 3º-D, IV: “ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal” 
12 CPP, art. 3º-C, caput: “A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de menor 
potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste Código” 
13 CIDH, art. 8º: “Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um 
juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer 
acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, 
fiscal ou de qualquer outra natureza.” 
 
 
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• Objetiva: está ligada à Teoria da Aparência. Assim, não se pode deixar nenhum espaço de dúvida sobre o juiz que 
conduz o processo (não basta ser imparcial, o juiz deve parecer ser imparcial). 
 
Na fase investigatória, pode haver: 
• Interceptação telefônica; 
• Busca domiciliar; 
• Prisão temporária. 
Até a Lei 13.964/2019, o mesmo juiz que participou de tais atos, era o juiz da fase processual. A ideia central disso é que 
o magistrado que participou da decisão de atos na fase investigatória ficaria, de certa forma, influenciado em sua atuação 
na fase processual, ou seja, se o juiz decretou todas as medidas exemplificadas acima (ou algumas delas), ele teria uma 
tendência a confirmá-las na fase processual. Esse procedimento quebra a imparcialidade do magistrado. 
 
 Teoria da dissonância cognitiva (Bernd Schunemann): os seres humanos tendem a buscar uma zona de conforto 
(voluntariamente ou não). Tal zona de conforto é chamada de consonância cognitiva. 
A partir da busca dessa zona de conforto, a pessoa passa a desenvolver um processo, voluntário ou involuntário, 
mas inevitável, de modo a evitar o sentimento incômodo da dissonância cognitiva. 
Assim sendo, a partir do momento em que o ser humano toma uma decisão, os atos subsequentes tendem a 
confirmá-la, de modo a evitar o sentimento incômodo da dissonância cognitiva. 
 
VII – Inconstitucionalidade: 
 
Em 22/01/2020, o Ministro Fux suspendeu a eficácia dos arts. 3º-A, 3º-B, 3º-C, 3º-D, 3º-E e 3º-F da Lei n. 13.964/19. Segue 
abaixo parte da decisão: 
 
“(...) Ao contrário do Poder Legislativo e do Poder Executivo, não compete ao Supremo Tribunal Federal realizar um juízo 
eminentemente político do que é bom ou ruim, conveniente ou inconveniente, apropriado ou inapropriado. Ao revés, 
compete a este Tribunal afirmar o que é constitucional ou inconstitucional, invariavelmente sob a perspectiva da Carta 
da 1988. (...) 
✓ Decisão disponível neste link. 
 
 Há um questionamento sobre a inconstitucionalidade formal (vício de iniciativa) da Lei n. 13.964/19. 
• 1ª corrente: o juiz das garantias, segundo essa corrente, seria inconstitucional, pois, por meio de uma lei federal 
(Lei n. 13.964/19) oriunda do executivo, o legislador versou sobre a organização judiciária. Assim, a organização 
judiciária deveria ser regulamentada pelo próprio Poder Judiciário. 
 
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADI6298.pdf
 
 
10 
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“(...) a criação do juiz das garantias não apenas reforma, mas refunda o processo penal brasileiro e altera direta e 
estruturalmente o funcionamento de qualquer unidade judiciária criminal do país. Nesse ponto, os dispositivos 
questionados têm natureza materialmente híbrida, sendo simultaneamente norma geral processual e norma de 
organização judiciária, a reclamar a restrição do artigo 96 da Constituição.” (Ministro Fux) 
 
• 2ª corrente: defende que não há inconstitucionalidade da lei nesse aspecto. 
 
“Os arts. 3º-A, 3º-B, 3º-C, 3º-D (caput), 3º-E e 3º-F do CPP, introduzidos pelo art. 3º da Lei nº 13.964/2019, tratam de 
questões atinentes ao processo penal, matéria da competência legislativa privativa da União (art. 22, inciso I). 
(...) 
‘“Na peça vestibular, nota-se aguda mixórdia entre os conceitos de normas de organização judiciária e normas de Direito 
Processual. Na lição de José Frederico Marques, ‘[a]s leis de organização judiciária cuidam da administração da justiça e 
as leis de processo da atuação da justiça. (...) As leis processuais, portanto, regulamentam a 'tutela jurisdicional', enquanto 
que as de organização judiciária disciplinam a administração dos órgãos investidos da função jurisdicional’ (Organização 
Judiciária e Processo. Revista de Direito Processual Civil. Vol. 1. Ano 1. Jan. a Jun. De 1960. São Paulo:Saraiva. p. 20-21).”’ 
(Min. Toffoli). 
✓ Decisão disponível neste link. 
✓ Segundo Toffoli, lei processual é aquela que versa sobre jurisdição, ação e processo. 
✓ O professor destaca que, em sua opinião, a segunda corrente parece mais acertada. 
 
Observação: segundo o professor, o art. 3º-D, §único, CPP, aparentemente, possui vício de inconstitucionalidade formal, 
pois a Lei 13.964/2019 preceitua como o estado deverá cuidar da divisão de trabalho nas comarcas de vara única com 
apenas um juiz e isso é matéria de organização judiciária. 
 
CPP, art. 3º-D, §único: “Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio de 
magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo.” 
 
✓ O art. 3º-E do CPP, ao contrário do art. 3º-D, §único, CPP, respeita a organização judiciária. 
 
CPP, art. 3º-E: “O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização judiciáriada União, dos Estados 
e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem periodicamente divulgados pelo respectivo tribunal.” 
 
 Há um questionamento sobre a inconstitucionalidade material da Lei 13.964/2019, relativa à autonomia 
financeira e administrativa do Poder Judiciário. 
• 1ª corrente: na visão do Min. Fux, a referida lei é inconstitucional por conta dos reflexos na autonomia financeira 
do Poder Judiciário. 
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/Juizdasgarantias.pdf
 
 
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“(...) é inegável que a implementação do juízo das garantias causa impacto orçamentário de grande monta ao Poder 
Judiciário, especialmente com os deslocamentos funcionais de magistrados, os necessários incremento dos sistemas 
processuais e das soluções de tecnologia da informação correlatas, as reestruturações e as redistribuições de recursos 
humanos e materiais, entre outras possibilidades. Todas essas mudanças implicam despesas que não se encontram 
especificadas nas leis orçamentárias anuais da União e dos Estados.” (Min. Fux). 
 
• 2ª corrente: defende que não há inconstitucionalidade material da lei em comento. Na visão de Toffoli, haverá 
apenas a necessidade de readequação dos recursos humanos do Poder Judiciário e não a criação de novos cargos. 
 
VIII – Início da eficácia: 
 
Atualmente, por conta da decisão do Min. Fux, houve a suspensão da eficácia dos artigos 3º-A até 3º-F. 
✓ Se não houvesse a suspensão, a vigência se daria em 23/01/2020. 
✓ Em 15/01/2020, o Min. Toffoli havia entendido que seria necessário um prazo de 180 dias para a implementação 
do juiz das garantias (a contar da publicação da lei). 
✓ Em 22/01/2020, o Min. Fux suspendeu a matéria por período indeterminado. 
 
 
IX – Aplicação imediata aos feitos em andamento: 
 
No projeto do Novo CPP (art. 748, II), há a previsão de que: 
 
 
 
Entretanto, como a Lei 13.964/2019 não cita nada sobre os processos em andamento, poder-se-ia cogitar que a lei teria 
aplicação aos processos em andamento. 
✓ Diante disso, o Min. Toffoli, na decisão de 15/01/2020, decidiu que, em relação aos processos já instaurados, não 
haveria modificação do juízo competente. Quanto às investigações em andamento, aplicar-se-ia a regra 
processual nova. 
✓ Contudo, com a suspensão dos dispositivos pelo Min. Fux, essa questão perdeu a relevância. 
 
X – Competências criminais do juiz das garantias (art. 3º-B, CPP) 
 
 
 
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CPP, art. 3º-B: “O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda 
dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe 
especialmente: 
I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da Constituição Federal; 
II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o disposto no art. 310 deste 
Código; 
III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à sua presença, a qualquer 
tempo; 
IV - ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal; 
V - decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, observado o disposto no § 1º deste artigo; 
VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro 
caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do disposto neste Código ou em legislação especial 
pertinente; 
VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados 
o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral; 
VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões apresentadas pela 
autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo; 
IX - determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua instauração ou 
prosseguimento; 
X - requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da investigação; 
XI - decidir sobre os requerimentos de: 
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou de outras formas de 
comunicação; 
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; 
c) busca e apreensão domiciliar; 
d) acesso a informações sigilosas; 
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado; 
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia; 
XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade mental; 
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código; 
XV - assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso 
a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, 
estritamente, às diligências em andamento; 
XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia; 
XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada, quando 
formalizados durante a investigação; 
XVIII - outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo. 
 
 
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§ 1º (VETADO). 
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido 
o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim 
a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.” 
 
Observações sobre o art. 3º-B: 
 
✓ Juiz das garantias não é juiz inquisidor nem investigador, somente podendo agir quando for provocado e desde 
que haja necessidade de intervenção do Poder Judiciário. (Exemplo: o delegado quer ouvir testemunha. Este ato, 
em regra, não precisa de intervenção do Poder Judiciário). 
✓ O art. 3º-B, II, CPP, afirma que compete ao juiz das garantias receber o auto de prisão em flagrante, o qual ocorre 
por meio da audiência de custódia. Atenção: o Ministro Fux suspendeu o reconhecimento da ilegalidade 
decorrente da não realização da audiência de custódia em até 24 horas sem motivação idônea, a qual consta no 
art. 310, §4º, CPP14 (e não da audiência de custódia em si). 
✓ O art. 3º-B, IV, CPP dispõe que o juiz de garantias deve ser informado sobre a instauração de qualquer investigação 
criminal (e não apenas ao inquérito). O juiz de garantias é responsável pela legalidade da investigação e pode 
determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua instauração 
ou prosseguimento. 
✓ Cuidado: o art. 3º-B, IX o CPP cita apenas a possibilidade de trancamento do inquérito. Assim sendo, o juiz, por 
exemplo, não pode realizar o trancamento de um PIC (procedimento investigatório criminal). O trancamento de 
um PIC somente pode ser determinado pelo respectivo tribunal, sob pena de violação à competência originária 
que o promotor possui em relação ao tribunal. 
✓ Na opinião do professor, o juiz de garantias deve ser informado sobre a instauração e, também, sobre o 
encerramento de qualquer investigação criminal. 
✓ Toda prisão provisória está sujeita à cláusula de reserva de jurisdição (art. 3º-B, V, CPP). O §1º citado no art. 3º-
B, V, CPP, foi vetado, pois o dispositivo vedava o emprego de videoconferência. 
✓ O art. 3º-B, VI do CPP cita que, caso o juiz das garantias prorrogue a prisão temporária, ele deverá assegurar a 
realização de contraditório em audiência pública e oral. 
✓ O art. 3º-B, VII do CPP versa sobre a produção antecipada de provas urgentes e prova irrepetível. 
A produção antecipada é aquela produzida com a observânciado contraditório real, porém, em momento 
processual distinto daquele legalmente previsto ou até mesmo antes do início do processo. 
 
14 CPP, art. 310, §4º: “Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, 
a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada 
pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva.” (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
 
 
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Prova irrepetível é aquela que, uma vez produzida, não pode ser novamente produzida (Exemplos: prova 
documental por excelência é prova irrepetível; e, em regra, exames periciais). 
✓ Observação: a produção antecipada de provas depende de autorização judicial. Entretanto, não é necessária 
autorização judicial para a realização de provas irrepetíveis. 
✓ No CPP, se o investigado está preso, o inquérito deve terminar em 10 dias. Se está solto, o inquérito deve terminar 
em 30 dias. Por força do art. 3º-B, VIII e §2º, o legislador passou a admitir a prorrogação do inquérito com o 
investigado preso por mais 15 dias. 
✓ O art. 3º-B, XI do CPP afirma que o juiz de garantias decidirá sobre requerimentos que versem sobre: 
 
• interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou de outras 
formas de comunicação; 
• afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; 
• busca e apreensão domiciliar; 
• acesso a informações sigilosas (exemplos: prontuário médico, dados do WhatsApp); 
• outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado (exemplo: colaboração 
premiada). 
✓ O art. 3º-B, XII do CPP afirma que o juiz de garantias irá julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento 
da denúncia, desde que a autoridade coatora não seja dotada de foro por prerrogativa de função. 
✓ O art. 3º-B, XIV do CPP dispõe que o juiz de garantias deverá decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, 
nos termos do art. 399 deste Código. Entretanto, o momento adequado para o recebimento da denúncia é o 
estabelecido no art. 396 do CPP15. 
✓ O art. 3º-B, XV do CPP faz remissão ao que está disposto na Súmula Vinculante 1416 no art. 7º, §11 da Lei 
8.906/9417. 
✓ O art. 3º-B, XVI do CPP afirma que o juiz de garantias deve deferir pedido de admissão de assistente técnico para 
acompanhar a produção da perícia. 
 
15 CPP, art. 396: “Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar 
liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) 
dias. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal 
do acusado ou do defensor constituído.” 
16 SV 14: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já 
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito 
ao exercício do direito de defesa.” 
17 Lei 8.906/94, art. 7º,§11: “No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do 
advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, 
quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11719.htm#art1
 
 
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• Assistente técnico é o auxiliar das partes quanto à prova pericial. Até a Lei 13.694/19, o assistente técnico 
somente era admitido no curso do processo judicial (art. 159, §5, CPP18). Entretanto, O art. 3º-B, XVI do CPP 
passou a prever que o assistente técnico pode ser admitido pelo juiz de garantias (que é aquele que atua na 
fase investigatória). 
✓ O rol do art. 3º-B do CPP é exemplificativo. 
 
3. Abrangência da competência do Juiz das garantias (art. 3º-C) 
 
I- Infrações de menor potencial ofensivo 
O art. 3º-C do CPP somente ressalva que não há competência do juiz de garantias para as infrações de menor potencial 
ofensivo. 
 
Questão 1: Aplica-se a figura do juiz das garantias aos tribunais? 
• 1ª Corrente: Na decisão do Min. Toffoli, de 15/01/2020, ele sustentou que não, pois a colegialidade, por si só, já 
seria reforço à proteção da imparcialidade. 
• 2ª Corrente: para essa corrente, a figura do juiz das garantias se aplica aos tribunais. 
O professor destaca que, em sua opinião, a 2ª corrente é mais coerente. 
 
No que tange a segunda corrente, em relação ao julgamento dos recursos, duas sugestões são apresentadas pela doutrina: 
1ª) Os tribunais poderiam criar uma turma das garantias; 
2ª) Todo o recurso que subisse para o tribunal poderia ser encaminhado apenas a uma turma. No momento do 
recebimento da denúncia, os demais recursos seriam encaminhados para outra turma sem a alegação de prevenção. 
 
Questão 2: Aplica-se a figura do juiz das garantias ao tribunal do júri? 
Na decisão do Min. Toffoli, de 15/01/2020, ele sustentou que não. 
“Do mesmo modo, deve ser afastada a aplicação do juiz de garantias dos processos de competência do Tribunal do Júri, 
visto que, nesses casos, o veredicto fica a cargo de um órgão coletivo, o Conselho de Sentença. Portanto, opera-se uma 
lógica semelhante à dos Tribunais: o julgamento coletivo, por si só, é fator de reforço da imparcialidade.” (Min. Toffoli). 
 
 
18 CPP, art. 159, §5º: “Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: (Incluído pela Lei nº 
11.690, de 2008) 
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de 
intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) 
dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em 
audiência. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11690.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11690.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11690.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11690.htm#art1
 
 
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✓ O professor não concorda com a fundamentação do Ministro Toffoli, pois, quando se cogita o juiz das garantias 
no tribunal do júri, a ideia é a separação do juiz da fase investigatória do juiz sumariante. 
 
Questão 3: Aplica-se a figura do juiz das garantias na Justiça Militar? Sim. 
 
Questão 4: E na justiça eleitoral? 
O art. 121, caput, CF19 define que lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes 
de direito e das juntas eleitorais. A Lei 13.964/19 não é lei complementar e, portanto, na opinião do professor, não seria 
possível a figura do juiz das garantias na justiça eleitoral. 
 
Questão 5: É possível aplicar o juiz de garantias à Lei Maria da Penha? 
O Min. Toffoli, em sua decisão do dia 15/01/2020, afirmou que não, pois “a violência doméstica é um fenômeno dinâmico, 
caracterizado por uma linha temporal que inicia com a comunicação da agressão. Depois dessa comunicação, sucede-se, 
no decorrer do tempo, ou a minoração ou o agravamento do quadro. Uma cisão rígida entre as fases de investigação e de 
instrução/julgamento impediria que o juiz conhecesse toda a dinâmica do contexto de agressão.” 
 
✓ O professor Renato Brasileironão concorda com o posicionamento do ministro. 
✓ Se a lei não vedou o juiz de garantias para crimes hediondos e equiparados, não haveria motivos para o STF 
restringir a sua aplicação na Lei Maria da Penha. 
 
Questão 6: Existe MP das garantias? 
Não, pois o Ministério Público é parte e, portanto, não há óbice para a sua atuação na fase investigativa e na fase 
processual. 
 
CPP, art. 3º-C: “A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de menor potencial 
ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste Código. 
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e julgamento. 
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução e julgamento, que, após o recebimento 
da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) 
dias. 
§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria desse 
juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da 
instrução e julgamento, ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou 
de antecipação de provas, que deverão ser remetidos para apensamento em apartado. 
 
19 CF, art. 121, caput: “Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e 
das juntas eleitorais.” 
 
 
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§ 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados na secretaria do juízo das garantias” 
 
✓ Recebida a peça acusatória, cessa a competência do juiz das garantias. 
✓ As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução e julgamento (independência 
funcional). 
✓ De acordo com o §2º do art. 3º-C, CPP, em até 10 dias, o juiz do processo deverá analisar a necessidade das 
medidas cautelares em curso. 
✓ O §3º do art. 3º-C, CPP, tem causado grande controvérsia, pois ele preceitua que “Os autos que compõem as 
matérias de competência do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do 
Ministério Público e da defesa, e não serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e 
julgamento, ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de 
antecipação de provas, que deverão ser remetidos para apensamento em apartado.” 
No sistema anterior à Lei 13.964/19, quando a denúncia era oferecida, o inquérito policial ia para dentro do 
processo judicial. 
Diante disso, o §3º do art. 3º-C do CPP permite duas interpretações: 
• 1ª Corrente: entende que nada mudou, ou seja, o inquérito policial continuará integrando o processo 
judicial (art. 12 e art. 155 do CPP). Essa corrente entende que deve ser feita uma interpretação restritiva 
do §3º do art. 3º-C, CPP, já que a lei passou a prever que os “autos” citados no dispositivo não abrangem 
os autos do inquérito policial, pois estes não tramitam perante o juiz das garantias. 
• 2ª Corrente: essa corrente entende que deverá haver a exclusão física do inquérito policial dos autos do 
processo judicial. 
Para essa corrente, quando o promotor oferecer denúncia, apenas a prova irrepetível, a prova antecipada 
e o meio de obtenção serão juntados ao processo. Para essa corrente, os autos do inquérito policial não 
podem ser juntados no processo judicial. 
 
CPP, art. 12: “O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.” 
(...) 
 
CPP, art. 155: “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não 
podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as 
provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei n. 11.690/08). 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil.” 
 
4. Impedimento para a atuação do juiz das garantias na fase de instrução e julgamento. 
CPP, art. 3º-D: “O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competências dos arts. 4º e 5º deste 
Código ficará impedido de funcionar no processo. 
 
 
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Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio de 
magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo.” 
 
✓ O art. 3º-D do CPP cita os artigos 4º e 5º do CPP, mas esses dispositivos nada versam sobre as competências do 
juiz de garantias. 
 
5. Designação do juiz das garantias conforme as normas de Organização Judiciária da União, dos Estados e do Distrito 
Federal. 
 
CPP, art. 3º-E: “O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização judiciária da União, dos Estados 
e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem periodicamente divulgados pelo respectivo tribunal.” 
 
6. Da vedação à exploração da imagem de pessoa submetida à prisão como instrumento de se concretizar o respeito à 
integridade moral do preso. 
 
O art. 3º-F, CPP, vem parcialmente ao encontro do art. 13 da Lei de abuso de autoridade20. 
 
CPP, art. 3º-F: “O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o tratamento dos presos, impedindo 
o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, 
sob pena de responsabilidade civil, administrativa e penal. 
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oitenta) dias, o modo pelo 
qual as informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso serão, de modo padronizado e respeitada a 
programação normativa aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução 
penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão.” 
 
 
 
20 Lei 13.869/19, art. 13: “Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua 
capacidade de resistência, a: 
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; 
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; 
III - (VETADO). 
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: (Promulgação partes vetadas) 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13869.htm#derrubadaveto
 
 
1 
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INTENSIVO I 
Renato Brasileiro 
Direito Processual Penal 
Aula 2 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
Noções introdutórias 
 
1. PRETENSÃO PUNITIVA 
 
Conceito: consiste no poder do Estado de exigir de quem comete um delito a submissão à sanção penal. Através da 
pretensão punitiva, o Estado-Administração procura tornar efetivo o ius puniendi, exigindo do autor do crime, que está 
obrigado a sujeitar-se à sanção penal, o cumprimento dessa obrigação, que consiste em sofrer as consequências do crime 
e se concretiza no dever de abster-se de qualquer resistência contra os órgãos estatais a que cumpre executar a pena. 
Porém, tal pretensão não poderá ser voluntariamente resolvida sem um processo, não podendo nem o Estado impor a 
sanção penal, nem o infrator submeter-se à pena. Assim sendo, tal pretensão já nasce insatisfeita. 
 
Exemplo: O CP, no art. 121, traz a previsão do homicídio simples, preceituando que o ato de matar alguém acarreta uma 
pena de reclusão de 6 a 20 anos. 
Imagine que, diante de tal previsão legislativa abstrata, o agente mata alguém. No momento em que alguém pratica um 
fato delituoso, surge para o Estado o dever de puni-lo. 
 
Observação: o Direito Penal não é um direito de aplicação imediata. Paraque ele seja aplicado, ele depende do direito 
Processual Penal. 
 
2. SISTEMAS PROCESSUAIS. 
 
2.1. Sistema inquisitorial 
 
 
 
2 
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- As funções de acusar, defender e julgar encontram-se concentradas em uma única pessoa, que assume assim as vestes 
de um juiz acusador, chamado de juiz inquisidor; 
 
- Não há falar em contraditório, o qual nem sequer seria concebível em virtude da falta de contraposição entre acusação 
e defesa; 
 
- O juiz inquisidor é dotado de ampla iniciativa probatória, tendo liberdade para determinar de ofício a colheita de provas, 
seja no curso das investigações, seja no curso do processo penal, independentemente de sua proposição pela acusação 
ou pelo acusado. A gestão das provas estava concentrada, assim, nas mãos do juiz, que, a partir da prova do fato e 
tomando como parâmetro a lei, podia chegar à conclusão que desejasse; 
 
- Como se admite o princípio da verdade real, o acusado não é sujeito de direitos, sendo tratado como mero objeto do 
processo, daí por que se admite inclusive a tortura como meio de se obter a verdade absoluta; 
 
✓ Observação: ainda hoje, muitas pessoas insistem em falar da verdade real. O professor destaca que a verdade 
real não existe, tendo sido criada para justificar as maiores barbaridades que já foram cometidas no processo 
penal (exemplo: torturas). A verdade que existe é a verdade processual, a qual jamais conseguirá reproduzir 100% 
dos fatos ocorridos. 
 
- A concentração de poderes nas mãos do juiz e a iniciativa acusatória dela decorrente é incompatível com a garantia da 
imparcialidade (CADH, art. 8º, § 1º) e com o princípio do devido processo legal. 
 
2.2. Sistema acusatório 
No sistema acusatório, as funções de acusar, defender e julgar são atribuídas a pessoas diversas. 
 
- Caracteriza-se pela presença de partes distintas, contrapondo-se acusação e defesa em igualdade de condições, e a 
ambas se sobrepondo um juiz, de maneira equidistante e imparcial. Aqui, há uma separação das funções de acusar, 
defender e julgar. O processo caracteriza-se, assim, como legítimo actum trium personarum; 
 
- Gestão da prova: recai precipuamente sobre as partes. Na fase investigatória e na fase processual, o juiz só deve intervir 
quando provocado, e desde que haja necessidade de intervenção judicial. 
 
✓ Na gestão da prova, vigora o princípio dispositivo, ou seja, recai sobre as partes o gerenciamento das provas. 
 
Juiz das Garantias 
CPP, art. 3º-A: “O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a 
substituição da atuação probatória do órgão de acusação.” 
 
 
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✓ Diante do Pacote Anticrime, para muitos, o artigo 156, I e II do CPP teria sido revogado tacitamente. 
✓ Observação: o professor destaca que, se com a redação trazida pelo Pacote Anticrime, o juiz não pode decretar 
cautelares de ofício na fase processual, não haveria motivos para decretar provas nessa fase. 
 
- O princípio da verdade real é substituído pelo princípio da busca da verdade, devendo a prova ser produzida com fiel 
observância ao contraditório e à ampla defesa; 
 
- A separação das funções e a vedação da iniciativa acusatória e probatória do juiz preserva a equidistância que o 
magistrado deve tomar quanto ao interesse das partes, sendo compatível com a garantia da imparcialidade e com o 
princípio do devido processo legal; 
 
CF, art. 129: “São funções institucionais do Ministério Público: 
I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da Lei; 
(...)” 
 
 
 
2.3. Sistema misto ou francês 
 
Sistema misto ou francês é a fusão dos sistemas anteriores, em que a primeira fase é inquisitorial e a segunda é acusatória. 
✓ Esse sistema é muito criticado pela doutrina. 
 
- É chamado de sistema misto porquanto o processo se desdobra em duas fases distintas: a primeira fase é tipicamente 
inquisitorial, com instrução escrita e secreta, sem acusação e, por isso, sem contraditório. Nesta, objetiva-se apurar a 
materialidade e a autoria do fato delituoso. Na segunda fase, de caráter acusatório, o órgão acusador apresenta a 
acusação, o réu se defende e o juiz julga, vigorando, em regra, a publicidade e a oralidade. 
 
 
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3. Princípio da presunção de inocência (estado de inocência ou presunção de não culpabilidade). 
 
Até pouco tempo atrás, vigorava o entendimento do HC 126.292 (STF), em que o cidadão era presumido inocente até o 
esgotamento da instância nos tribunais de apelação. 
Em 2019, o STF alterou o seu entendimento nas ADC’s 43, 44 e 54, dispondo que há necessidade de se aguardar o trânsito 
em julgado de sentença penal condenatória. 
 
a) Conceito de presunção de inocência: consiste no direito de não ser declarado culpado, senão após trânsito em julgado 
de sentença penal condenatória, ao término do devido processo legal, em que o acusado tenha se utilizado de todos os 
meios de prova pertinentes para sua defesa (ampla defesa) e para a destruição da credibilidade das provas apresentadas 
pela acusação (contraditório). 
 
 b) Previsão constitucional e convencional: 
 
 
 
✓ A CF/1988 é redigida em sentido negativo, pois utiliza o termo “culpado”, enquanto a Convenção Americana de 
Direitos Humanos utiliza o termo “inocência”. 
✓ A CF/1988 em momento nenhum utiliza o termo “inocente”. É por esse motivo que muitos doutrinadores dizem 
que a Carta Magna contempla o princípio da presunção de não culpabilidade, enquanto a Convenção Americana 
de Direitos Humanos prevê o princípio da presunção de inocência. 
✓ O professor afirma que não há grande distinção entre presunção de não culpabilidade e presunção de inocência. 
A única distinção seria a extensão de tais presunções em seus respectivos diplomas. Nesse sentido, o texto 
constitucional é mais amplo, na medida em que estende referida presunção até o trânsito em julgado de sentença 
penal condenatória. Por outro lado, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Dec. 678/92, art. 8º,nº 2) 
o faz tão somente até a comprovação legal da culpa. 
 
 
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✓ A Convenção Americana sobre Direitos Humanos também prevê o duplo grau de jurisdição. Diante disso, a 
comprovação legal da culpa de alguém como limite temporal da presunção de inocência se refere até o exato 
momento em que o agente exerce o duplo grau de jurisdição. 
✓ O professor destaca que, quando se visualiza uma controvérsia entre as normas internas e o tratado internacional, 
sempre deve prevalecer o mais favorável. Assim, o disposto na CF/1988 deve prevalecer, portanto, sobre o teor 
da Convenção Americana de Direitos Humanos. 
 
c) Dimensões de atuação do princípio da presunção de inocência: 
 
c.1) Interna ao processo: é um dever imposto ao magistrado. Trata-se da presunção de inocência manifestada dentro do 
processo. Neste caso, ela se manifesta por meio da: 
• Regra probatória: recai sobre a acusação o ônus de provar a culpabilidade do acusado. Esta comprovação deve 
ser feita além de qualquer dúvida razoável, pois a dúvida autoriza a absolvição do acusado (art. 386, VI do CPP). 
É por esse motivo que, quando o acusado não consegue comprovar a sua inocência, ele tenta, ao menos, criar 
dúvida razoável sobre o fato. 
É da regra probatória que se origina o princípio do in dubio pro reo. Diante da dúvida razoável, o juiz não pode 
deixar de julgar (vedação ao non liquet). 
 
CPP, art. 386, VI: “O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: 
(...) 
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, 
todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência;” 
 
• Regra de tratamento: o acusado deve ser tratado como se inocente fosse. Assim sendo, a regra é que o acusado 
permaneça em liberdade. 
Nesse sentido,é bastante importante a mudança introduzida pelo Pacote Anticrime (art. 313, §2º, CPP). 
 
CPP, art. 313, §2º: “Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento 
de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de 
denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
✓ A regra de tratamento não é absoluta. Em situações excepcionais, é possível, antes do trânsito em julgado, haver 
a prisão cautelar e a aplicação de cautelares diversas da prisão (arts. 319 e 320 do CPP). 
✓ Observação: os demais comentários feitos pelo professor sobre a “dimensão interna” constam nos itens d.1 e d.2 
deste material. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
 
 
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c.2) Externa ao processo: o princípio da presunção de inocência e as garantias constitucionais da imagem, dignidade e 
privacidade demandam uma proteção contra a publicidade abusiva e a estigmatização do acusado, funcionando como 
limites democráticos à abusiva exploração midiática em torno do fato criminoso e do próprio processo judicial. 
 
✓ O professor destaca que a entrega em vigor na lei de abuso de autoridade (Lei 13.869/2019) tende a diminuir as 
posturas abusivas em relação a presos e detentos. 
 
Lei 13.869/2019, art. 13, I e II: “Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua 
capacidade de resistência, a: 
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; 
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;” 
 
CPP, art. 3º-F: “O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o tratamento dos presos, impedindo 
o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, 
sob pena de responsabilidade civil, administrativa e penal. 
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oitenta) dias, o modo pelo 
qual as informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso serão, de modo padronizado e respeitada a 
programação normativa aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução 
penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão.” 
 
A partir das alterações legislativas, a imprensa não poderá exibir as imagens de presos, podendo, apenas, divulgar 
informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso. 
 
Julgado da Corte Interamericana de Direitos Humanos: 
- Caso J. vs. Peru: a Corte Interamericana de Direitos Humanos responsabilizou o Peru por violação ao estado de inocência, 
previsto no art. 8.2 da CADH; 
- Caso J. vs. Peru: a Sra. J. foi presa durante o cumprimento de medida de busca e apreensão residencial. Processada 
criminalmente por terrorismo e associação ao terrorismo, em virtude de suposta vinculação com o grupo armado Sendero 
Luminoso, foi absolvida em junho de 1993. Logo após ser solta, deixou o território peruano. Em dezembro do mesmo ano, 
a Corte Suprema Peruana cassou a sentença absolutória, determinou um novo julgado e decretou sua prisão; 
- Para a CIDH, os distintos pronunciamentos públicos das autoridades estatais, sobre a culpabilidade de J. violaram o 
estado de inocência, princípio determinante que o Estado não condene, nem mesmo informalmente, emitindo juízo 
perante a sociedade e contribuindo para formar a opinião pública, enquanto não existir decisão judicial condenatória. 
Para a Corte, a apresentação da imagem da acusada para a imprensa, escrita e televisiva, ocorreu quando ela estava sob 
absoluto controle do Estado, além de as entrevistas posteriores também terem sido levadas a cabo sob conhecimento e 
controle do Estado, por meio de seus funcionários; 
 
 
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- A Corte acentuou não impedir o estado de inocência que as autoridades mantenham a sociedade informada sobre 
investigações criminais, mas requer que isso seja feito com a discrição e a contextualização necessárias, de tal modo a 
garantir o estado de inocência. Assim, fazer declarações públicas, sem os devidos cuidados, sobre processos penais, gera 
na sociedade a crença sobre a culpabilidade do acusado; 
 
d) Regras fundamentais que derivam do princípio da presunção de inocência (dimensão interna): 
 
d.1) Regra probatória (in dubio pro reo): recai sobre a acusação o ônus de comprovar a culpabilidade do acusado, além 
de qualquer dúvida razoável, e não deste de provar sua inocência; 
 
d.2) Regra de tratamento: a privação cautelar da liberdade de locomoção, sempre qualificada pela nota da 
excepcionalidade, somente se justifica em hipóteses estritas. Em outras palavras, a regra é que o acusado permaneça em 
liberdade durante a investigação e o processo; a imposição de medidas cautelares pessoais (v.g., prisão preventiva ou 
cautelares diversas da prisão) é a exceção; 
 
e) Limite temporal do princípio da presunção de inocência: 
 
Em um primeiro momento, o STF entendeu, no HC 84.078, que o indivíduo seria considerado inocente até o trânsito em 
julgado da ação. 
 
HABEAS CORPUS. INCONSTITUCIONALIDADE DA CHAMADA "EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA". ART. 5º, LVII, DA 
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. ART. 1º, III, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. O art. 637 do 
CPP estabelece que "[o] recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez arrazoados pelo recorrido os autos 
do traslado, os originais baixarão à primeira instância para a execução da sentença". (...) A Lei de Execução Penal 
condicionou a execução da pena privativa de liberdade ao trânsito em julgado da sentença condenatória. A Constituição 
do Brasil de 1988 definiu, em seu art. 5º, inciso LVII, que "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória". 2. Daí que os preceitos veiculados pela Lei n. 7.210/84, além de adequados à ordem 
constitucional vigente, sobrepõem-se, temporal e materialmente, ao disposto no art. 637 do CPP. 3. A prisão antes do 
trânsito em julgado da condenação somente pode ser decretada a título cautelar. 4. A ampla defesa, não se a pode 
visualizar de modo restrito. Engloba todas as fases processuais, inclusive as recursais de natureza extraordinária. Por isso 
a execução da sentença após o julgamento do recurso de apelação significa, também, restrição do direito de defesa, 
caracterizando desequilíbrio entre a pretensão estatal de aplicar a pena e o direito, do acusado, de elidir essa pretensão. 
(STF, Pleno, HC 84.078, Rel. Min. Eros Grau, j. 05/02/2009). 
 
Posteriormente, no HC 126.292 (2016), o STF entendeu que seria cabível a execução provisória quando houvesse o 
esgotamento da instância nos tribunais de segundo grau, independentemente do trânsito em julgado. 
✓ A decisão se referia a uma prisão penal e não a uma prisão cautelar. 
 
 
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Veja a decisão do HC 126.292 e os fundamentos utilizados pelo Relator: 
 
STF (Habeas Corpus n. 126.292) 
 
- 17/02/16: por maioria de votos (7 a 4), o Plenário do STF entendeu que a possibilidade de início da execução da pena 
condenatória após a confirmação da sentença em segundo grau não ofende o princípio constitucional da presunção de 
inocência. Isso porque a manutenção da sentença condenatória pela segunda instância encerra a análise de fatos e provas 
que assentaram a culpa do condenado, o que autoriza o início da execução da pena, até mesmo porque os recursos 
extraordinários ao STF e ao STJ comportam exclusivamente discussão acerca de matéria de direito; 
 
FUNDAMENTOS DO RELATOR 
 
- Deve ser buscado o necessário equilíbrio entre o princípio da presunção de inocência e a efetividade da função 
jurisdicional penal, que deve atender a valores caros não apenas aos acusados, mas também à sociedade; 
- É no âmbito das instâncias ordinárias que seexaure a possibilidade de exame de fatos e provas e, sob esse aspecto, a 
própria fixação da responsabilidade criminal do acusado. É dizer, os recursos de natureza extraordinária não configuram 
desdobramentos do duplo grau de jurisdição, porquanto não são recursos de ampla devolutividade, já que não se prestam 
ao debate da matéria fática probatória; 
- Se houve, em segundo grau, um juízo de incriminação do acusado, fundado em fatos e provas insuscetíveis de reexame 
pela instância extraordinária, parece inteiramente justificável a relativização e até mesmo a própria inversão, para o caso 
concreto, do princípio da presunção de inocência até então observado; 
- A Lei da Ficha Limpa (LC n. 135/2010) expressamente consagra como causa de inelegibilidade a existência de sentença 
condenatória por crimes nela relacionados quando proferidas por órgão colegiado; 
- Em nenhum país do mundo, depois de observado o duplo grau de jurisdição, a execução de uma condenação fica 
suspensa, aguardando referendo da Corte Suprema; 
- A jurisprudência que assegurava a presunção de inocência até o trânsito em julgado de sentença condenatória vinha 
permitindo a indevida e sucessiva interposição de recursos da mais variada espécie, com indisfarçados propósitos 
protelatórios, visando, não raro, à configuração da prescrição da pretensão punitiva ou executória, já que o último marco 
interruptivo do prazo prescricional antes do início do cumprimento da pena é a publicação da sentença ou do acórdão 
recorríveis (CP, art. 117, IV). 
- não se pode afirmar que, à exceção das prisões em flagrante, temporária, preventiva e decorrente de sentença 
condenatória transitada em julgado, todas as demais formas de prisão foram revogadas pelo art. 283 do CPP, com a 
redação dada pela Lei 12.403/2011, haja vista o critério temporal de solução de antinomias previsto no art. 2º, § 1º, da 
Lei 4.657/1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro). Se assim o fosse, a conclusão seria pela prevalência da 
regra que dispõe ser meramente devolutivo o efeito dos recursos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo 
Tribunal Federal (STF), visto que os arts. 995 e 1.029, § 5º, do CPC têm vigência posterior à regra do art. 283 do CPP. 
 
 
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Portanto, não há antinomia entre o que dispõe o art. 283 do CPP e a regra que confere eficácia imediata aos acórdãos 
proferidos por tribunais de apelação; 
- Quanto a eventuais equívocos das instâncias ordinárias, não se pode esquecer que há instrumentos aptos a inibir 
consequências danosas para o condenado, suspendendo, se necessário, a execução provisória da pena, como, por 
exemplo, medidas cautelares de outorga de efeito suspensivo ao RE e ao Resp, e o habeas corpus; 
 
STF (ADC’s 43 e 44) 
- 05/10/2016: por maioria de votos (6 a 5), o Plenário do STF entendeu que o art. 283 do CPP não impede o início da 
execução da pena após condenação em segunda instância. Por isso, indeferiu as cautelares pleiteadas nas ações 
declaratórias de constitucionalidade; 
 
STF: “(...) Em regime de repercussão geral, fica reafirmada a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de 
que a execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau recursal, ainda que sujeito a recurso 
especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência afirmado pelo artigo 
5º, inciso LVII, da Constituição Federal. Recurso extraordinário a que se nega provimento, com o reconhecimento da 
repercussão geral do tema e a reafirmação da jurisprudência sobre a matéria”. (STF, Pleno, ARE 964.246 RG/SP, Rel. Min. 
Teori Zavascki, j. 10/11/2016, DJe 251 24/11/2016). 
 
Em 2019, o STF voltou a reconhecer, no julgamento das ADC’s 43, 44 e 54, a inconstitucionalidade da execução provisória 
da pena. 
 
STF (ADC’s 43, 44 e 54) 
- o Supremo Tribunal Federal voltou a apreciar a matéria em novembro de 2019. Porém, dessa vez, e novamente por 
maioria (6 a 5), julgou procedentes pedidos formulados nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade 43/DF, 44/DF e 
54 (Rel. Min. Marco Aurélio, j. 07/11/2019) para assentar a constitucionalidade do art. 283 do CPP, que condiciona o início 
do cumprimento da pena ao trânsito em julgado do título condenatório. Como consequência, determinou a suspensão 
imediata de toda e qualquer execução provisória de pena cuja decisão a encerrá-la ainda não tivesse transitado em 
julgado. Desse modo, determinou a libertação daqueles que tenham sido presos, ante exame de apelação, reservando-se 
o recolhimento aos casos verdadeiramente enquadráveis no art. 312 do CPP, sem prejuízo, ademais, de implementação 
das cautelares diversas da prisão. Prevaleceu o voto do Min. Marco Aurélio (Relator), que foi acompanhado pelos 
ministros Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Dias Toffoli. 
 
 
✓ Na época em que a decisão do STF foi proferida (novembro de 2019), a redação do art. 283 do CPP era a seguinte: 
 
CPP, art. 283: “Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da 
autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso 
 
 
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da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva. (Redação dada pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
 
Redação atual do art. 283 do CPP (caput): 
 
CPP, art. 283: “Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade 
judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em 
julgado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)” 
 
Observações: 
1ª) Princípio Pro homine: 
 
CADH, art. 29: “Nenhuma disposição desta Convenção pode ser interpretada no sentido de: 
(...) 
b) Limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos de acordo com as leis de 
qualquer dos Estados-Partes ou de acordo com outra convenção em que seja parte um dos referidos Estados;” 
 
 
 
 
2ª) Execução provisória no caso de condenação pelo Júri a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão. 
 
A Primeira Turma do STF possui alguns precedentes admitindo a execução provisória no caso de condenação pelo Júri a 
uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão. 
 
O Pacote anticrime positivou essa possibilidade no art. 492 do CPP: 
 
CPP (Depois da Lei n. 13.964/19) 
“Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que: 
I – no caso de condenação: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
 
 
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(...) 
e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão 
preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão, determinará a 
execução provisória das penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de 
recursos que vierem a ser interpostos; 
§ 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar de autorizar a execução provisória das penas de que trata a 
alínea e do inciso I do caput deste artigo, se houver questão substancial cuja resolução pelo tribunal ao qual competir o 
julgamento possa plausivelmente levar à revisão da condenação. 
§ 4º A apelação interposta contra decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) 
anos de reclusão não terá efeito suspensivo. 
§ 5º Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir efeito suspensivo à apelação de que trata o § 4º deste artigo, quando 
verificado cumulativamente que o recurso: 
I - não tem propósito meramente protelatório; e 
II - levanta questão substancial e que pode resultar em absolvição, anulação da sentença, novo julgamento ou redução 
da pena para patamarinferior a 15 (quinze) anos de reclusão. 
§ 6º O pedido de concessão de efeito suspensivo poderá ser feito incidentemente na apelação ou por meio de petição em 
separado dirigida diretamente ao relator, instruída com cópias da sentença condenatória, das razões da apelação e de 
prova da tempestividade, das contrarrazões e das demais peças necessárias à compreensão da controvérsia.” (NR) 
 
✓ O professor destaca que a constitucionalidade do art. 492 do CPP é questionável. Ressalte-se que esse tema será 
trabalhado no Curso Intensivo II. 
 
STF: “(...) Não viola o princípio da presunção de inocência ou da não culpabilidade a execução da condenação pelo Tribunal 
do Júri, independentemente do julgamento da apelação ou de qualquer outro recurso. Decisão alinhada com a orientação 
firmada no julgamento do ARE 964.246-RG, Rel. Min. Teori Zavascki. (...)”. (STF, 1ª Turma, HC 118.770/ED, Rel. Min. 
Roberto Barroso, j. 04/06/2018, DJe 116 12/06/2018). Em sentido semelhante: STF, 1ª Turma, HC 140.449/RJ, Rel. Min. 
Roberto Barroso, j. 06/11/2018. 
 
Diante de tudo que foi explicado, é possível verificar que, atualmente, o STF exige o trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória para dar início à execução da pena. 
 
Observações: 
 
1ª) É necessário ficar atento ao exercício abusivo do direito de recorrer. O direito de recorrer deve ser exercido de forma 
regular, não podendo ser usado de forma excessiva para procrastinar o trânsito em julgado. 
Neste ponto, o Pacote Anticrime demonstra importância, pois o Código Penal foi alterado e teve acrescentado o art. 116, 
III, CP: 
 
 
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CP, art. 116: “Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: (...) 
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; 
e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)” 
 
✓ Trata-se de causa de suspensão da prescrição. 
 
2ª) ADC’s 43, 44 e 54 – A vedação da execução provisória da pena não impede a concessão antecipada de benefícios 
prisionais ao preso cautelar. 
Não é necessário aguardar o trânsito em julgado da ação penal condenatória para conceder os benefícios prisionais. 
 
Súmula 716, STF: “Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos 
severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.” 
 
Súmula 717, STF: “Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em 
julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.” 
 
4. Princípio do “Nemo Tenetur se Detegere” 
 
Trata-se da ideia de que ninguém é obrigado a contribuir para a sua própria destruição. 
 
4.1. Previsão constitucional e convencional: 
 
CADH, art. 8º Garantias judiciais (...) 
“2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente 
comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: 
(...) 
g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada.” 
 
CF/88, art. 58º, LXIII: “o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 
assegurada a assistência da família e de advogado;” 
 
4.2. Titular do Direito a Não-Autoincriminação 
 
O titular do direito de não-autoincriminação não é apenas o preso. A CF/1988, nesse ponto, deve ser interpretada 
extensivamente. 
Assim sendo, o titular do direito de não-autoincriminação é todo aquele que figure na condição de imputado. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
 
 
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✓ Imputado é o suspeito, o investigado, o indiciado, o acusado e o réu. 
✓ Não importa se o imputado está preso ou solto. De qualquer modo, ele terá o direito de não produzir prova contra 
si mesmo. 
 
➢ Testemunha: 
 
Questão: a testemunha possui o direito à não-autoincriminação? 
• Enquanto testemunha, a pessoa tem a obrigação de dizer a verdade, sob pena de responder, inclusive, 
criminalmente (art. 342, CP1). 
• Se, entretanto, das perguntas que lhe forem formuladas puder resultar autoincriminação, até mesmo a 
testemunha terá direito ao silêncio. 
 
STF: “(...) Paciente que, embora rotulado de testemunha, em verdade encontrava-se na condição de investigado. Direito 
constitucional ao silêncio. Atipicidade da conduta. Ordem concedida para trancar a ação penal ante patente falta de justa 
causa para prosseguimento”. (STF, 2ª Turma, HC 106.876/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 14/06/2011, DJe 125 
30/06/2011). No mesmo contexto: STF, Pleno, HC 73.035/DF, Rel. Min. Carlos Velloso, j. 13/11/1996, DJ 19/12/1996; STF, 
2ª Turma, RHC 122.279/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 12/08/2014, DJe 213 29/10/2014. 
 
4.3. Advertência quanto ao direito de não produzir prova contra a si mesmo. 
 
Questão: o cidadão precisa ser informado do seu direito ao silêncio? 
 
• 1ª corrente: presume-se o conhecimento da lei. 
• 2ª corrente: o preso precisa ser informado, pois esta é a determinação do art. 5º, LXIII da CF. Essa corrente possui 
muito mais respaldo na doutrina e na jurisprudência. 
 
CF/88, art. 58º, LXIII: “o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 
assegurada a assistência da família e de advogado” 
 
 
1 CP, art. 342: “Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou 
intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 
10.268, de 28.8.2001) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) 
(...)” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10268.htm#art342
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10268.htm#art342
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art25
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art27
 
 
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➢ O dever de advertência, nos EUA, é conhecido como “Aviso de Miranda”: 
 
Aviso de Miranda: Os Miranda rights ou Miranda warnings têm origem no famoso julgamento Miranda V. Arizona, 
verificado em 1966, em que a Suprema Corte americana, por cinco votos contra quatro, firmou o entendimento de que 
nenhuma validade pode ser conferida às declarações feitas pela pessoa à polícia, a não ser que antes ela tenha sido 
claramente informada de: 1) que tem o direito de não responder; 2) que tudo o que disser pode vir a ser utilizado contra 
ele; 3) que tem o direito à assistência de defensor escolhido ou nomeado. 
 
Gravações clandestinas de confissões: Tendo em vista que se considera ilícita a prova colhida mediante violação a normas 
constitucionais, não se considera lícita gravação clandestina de confissões feitas pelo preso, em modalidade de 
“interrogatório” sub-reptício, quando, além de o capturado não dar seu assentimento à gravação ambiental, não for 
advertido do seu direito ao silêncio. Trata-se de interrogatório fraudulento. 
 
STF: “(...) Gravação clandestina de “conversa informal” do indiciado com policiais. Ilicitude decorrente - quando não da 
evidência de estar o suspeito, na ocasião, ilegalmente preso ou da falta de prova idônea do seu assentimento à gravação 
ambiental - de constituir, dita “conversa informal”, modalidade de “interrogatório” sub- reptício, o qual - além de realizar-
se sem as formalidades legais do interrogatório no inquérito policial (C.Pr.Pen., art. 6º, V) -, se faz sem que o indiciado 
seja advertido do seu direito ao silêncio. O privilégio contra a auto-incriminação - nemo tenetur se detegere -, erigido em 
garantia fundamental pela Constituição - além da inconstitucionalidade superveniente da parte final do art. 186 C.Pr.Pen. 
- importou compelir o inquiridor, na polícia ou em juízo,

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