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Aspectos Sociológicos e Antropológicos no Mundo Contemporâneo

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DESCRIÇÃO
A visão socioantropológica dos aspectos contemporâneos da cidadania, globalização,
desigualdades sociais, pobreza e exclusão social.
PROPÓSITO
Compreender os aspectos e os conceitos de cidadania, globalização, desigualdades sociais,
pobreza e exclusão social sob o olhar da Sociologia e da Antropologia, bem como suas
relações com o processo saúde-doença, é importante para sua formação como profissional de
saúde, pois facilitará sua conexão com a população.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Definir o conceito de globalização e sua relação com o estado de saúde das sociedades
MÓDULO 2
Descrever as relações entre cidadania e saúde
MÓDULO 3
Identificar as desigualdades sociais, a pobreza e a exclusão social como determinantes no
processo saúde-doença
INTRODUÇÃO
Neste conteúdo, vamos conhecer um pouco as questões relacionadas à globalização, à
pobreza e à exclusão social por meio de alguns aspectos históricos e das ideias dos principais
pensadores sobre o assunto. Ao final deste estudo, nosso olhar sobre tais questões mudará,
pois as ideias aqui discutidas contribuirão muito para compreendermos as relações entre esses
tópicos na sociedade de hoje.
Tal debate nos possibilita enxergar fatos além do que conhecemos superficialmente da
sociedade, o que nos faz refletir para além do indivíduo que está a nossa frente e, por meio
desse movimento, exige de nós um pensamento mais coletivo.
A abordagem feita aqui para discutir sobre a globalização, a pobreza e a exclusão social nos
permitirá a refletir com embasamento pautado em conceitos, teorias e pesquisas de grandes
autores.
Vamos mergulhar sobre esse novo olhar e conhecer uma nova perspectiva sobre o mundo, ver
além dos contextos, além do que está à nossa frente. Certamente, após a leitura deste tema,
nossa percepção sobre a sociedade será muito melhor.
MÓDULO 1
 Definir o conceito de globalização e sua relação com o estado de saúde das
sociedades
 
Imagem: Shutterstock.com
GLOBALIZAÇÃO
De acordo com Santos (1993), a globalização tem a Guerra Fria como um marco que gerou um
impacto direto nas áreas da industrialização, a fim de estimular uma nova humanidade e novos
avanços. Impulsionado por esse movimento, um grupo de intelectuais de diferentes lugares
organizaram a Conferência Internacional para discutir essa nova dinâmica global e seus
impactos em aspectos da sociedade, como a cultura, a economia e a comunicação.
Para Rattner (1995), a globalização teve início logo após a Segunda Guerra Mundial, pois
houve uma expansão internacional da economia devido à ampliação do comércio, ao aumento
da produção mundial de produtos e aos investimentos externos.
Já Gorender (1995) afirma que a globalização só iniciou 30 anos após a Segunda Guerra
Mundial, com o aumento das taxas gerado pela economia capitalista.
No relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, a globalização
apresenta três etapas.

PRIMEIRA ETAPA
Entre 1870 e 1913, ocorreu uma enorme movimentação financeira e de trabalhadores. A
diminuição dos gastos com os transportes de mercadoria contribuiu muito para o aumento da
produção. Todo esse processo foi interrompido pela Primeira Guerra Mundial.
SEGUNDA ETAPA
Iniciou-se após a Segunda Guerra Mundial, de 1945 a 1973, onde o foco estava em
estabelecer relações entre os países desenvolvidos, estreitar os laços por meio de acordos
internacionais, econômicos e políticos, e aumentar o comércio de produtos manufaturados
entre esses países.


TERCEIRA ETAPA
Começou nas últimas décadas do século XX, com a característica principal do crescimento do
livre comércio e a presença de grandes empresas multinacionais.
Muitos estudiosos entendem que a globalização afeta apenas os aspectos econômicos de uma
sociedade, mas há os que defendem que os aspectos sociais e culturais também são atingidos.
Em outras palavras:
[...] A GLOBALIZAÇÃO IMPLICA UM ACESSO MAIS
AMPLO, MAS NÃO EQUIVALE PARA TODOS, MESMO
NA SUA ETAPA, TEORICAMENTE MAIS AVANÇADA.
DO MESMO MODO, OS RECURSOS NATURAIS SÃO
DISTRIBUÍDOS DE FORMA DESIGUAL. POR TUDO
ISSO, [...] O PROBLEMA DA GLOBALIZAÇÃO ESTÁ EM
SUA ASPIRAÇÃO EM GARANTIR UM ACESSO
TENDENCIALMENTE IGUALITÁRIO AOS PRODUTOS E
SERVIÇOS, EM UM MUNDO NATURALMENTE
MARCADO PELA DESIGUALDADE E PELA
DIVERSIDADE. HÁ UMA TENSÃO ENTRE ESSES DOIS
CONCEITOS BÁSICOS. TENTAMOS ENCONTRAR UM
DENOMINADOR COMUM, ACESSÍVEL A TODAS AS
PESSOAS DO MUNDO, A FIM DE QUE POSSAM OBTER
AS COISAS QUE NATURALMENTE NÃO SÃO
ACESSÍVEIS A TODOS. O DENOMINADOR COMUM É O
DINHEIRO, ISTO É, OUTRO CONCEITO ABSTRATO.
(HOBSBAWM, 2000, p. 75)
Conceituar globalização envolve questões sociais, políticas e econômicas sem fronteiras, pois,
na lógica de um mundo globalizado, qualquer decisão ou fato que modifique essas condições
citadas em determinada sociedade pode afetar pessoas em diferentes lugares no mundo.
Falar sobre globalização envolve entender que ela precisa ser vista como uma unificação das
relações sociais mundialmente e que suas transformações têm impacto nos diferentes
aspectos da vida: religioso, social, cultural, econômico ou tecnológico.
A globalização está diretamente relacionada com a tecnologia, pois as duas, em conjunto, são
a característica principal do sistema capitalista. O avanço das novas tecnologias da informação
possibilitou dar agilidade às mudanças financeiras de muitos países, levando-nos a uma
sociedade com características globais e sistemas políticos e econômicos semelhantes.
Imagem: Shutterstock.com
Com o processo de globalização, surgiram associações econômicas, geralmente, entre países
próximos, a fim de realizarem acordos econômicos e estabelecerem uma atuação no mercado
de maneira conjunta.
Imagem: Shutterstock.com
Fala-se de globalização apenas com o olhar voltado para a economia. Muitas vezes, a análise
concentra-se no papel das empresas multinacionais, cujas operações ultrapassam os limites
territoriais dos países, interferindo nos processos globais de produção e distribuição de
trabalho.
Imagem: Shutterstock.com
Há quem pense na globalização sob o viés da tecnologia, mas alguns acreditam que é errado
refletir sobre esse conceito de maneira econômica e tecnológica. Isso porque, a globalização é
um conjunto de fatores, porém cabe ressaltar que o seu progresso se deve aos avanços
tecnológicos na comunicação (GIDDENS, 2008).
As principais características da globalização são:
Crescimento do comércio internacional de bens, produtos e serviços;
Transnacionalização de megaempresas;
Livre circulação de capitais;
Privatização da economia e minimização do papel dos governos e dos Estados-nação;
Queda de barreiras comerciais protecionistas e regulação do comércio internacional,
segundo as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC);
Facilidade de trânsito de pessoas e bens entre os diversos países do mundo;
Expansão das possibilidades de comunicação pelo surgimento da chamada sociedade da
informação e da grande facilidade de contato entre as pessoas devido ao aparecimento
de diversos instrumentos e ferramentas, entre as quais a internet.
(BUSS, 2007)
TIPOS DE GLOBALIZAÇÃO
GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA E NEOLIBERAL
Nesse tipo de globalização, as economias internas devem estar abertas ao mercado mundial, e
os valores internos precisam estar preparados para acompanhar as mudanças de preço das
economias externas, adequando-se a elas, a fim de continuar em um padrão de
competitividade.
No modelo econômico neoliberal, as seguintes características devem ser consideradas:
A restrição drástica à regulação estatal da economia;
Os novos direitos de propriedade internacional para investimentos estrangeiros,
invenções e criações suscetíveis a entrar na regulação da propriedade intelectual;
A subordinação dos estados nacionais às agências multilaterais, tais como o Banco
Mundial do Comércio.
(SANTOS, 2001)
GLOBALIZAÇÃO SOCIAL E DESIGUALDADES
O sistema global sempre apresentou características de estrutura baseada em classes, que,
atualmente,revelam relações transnacionais, e podem contribuir para as desigualdades
econômicas. Nesse campo da globalização, é importante diminuir os gastos com salários para
fundamentar o crescimento e a estabilidade econômica. Dessa forma, esses fatores poderão
contribuir para a desigualdade social.
GLOBALIZAÇÃO POLÍTICA E ESTADO-NAÇÃO
Como território com barreiras geográficas limitadas, o país deixa de ser o centro e uma unidade
econômica, social e política. É necessário interagir com outros países para poder controlar
bens e até mesmo a circulação de pessoas.
EFEITOS DA GLOBALIZAÇÃO
No campo da economia, as mudanças são perceptíveis nas áreas de produção de
mercadorias. Impulsionados pelos novos meios de comunicação, muitos produtos deixam de
ser produzidos de maneira centrada em um território e passam a ser fabricados por vários
países. A concorrência faz com que o mercado interno se preocupe com a qualidade e o preço
de seus produtos e, com isso, busque uma estabilidade econômica.
Esse aumento na competição internacional motivou as empresas a buscarem meios de
diminuir custos e ganhos, a fim de alcançar melhores preços e qualidade dos produtos, e,
assim, manter a competitividade no mercado nacional e internacional. Em consequência dessa
busca pelo aumento da produção, observamos o processo de automação, que levou à
diminuição de várias vagas de emprego, devido à troca da máquina pela mão de obra humana.
No campo político, os países buscam proteção mútua por meio de acordos e blocos
internacionais, que os ajudam a se organizar diante de um mercado internacional competitivo
com base em regras e normas estipuladas entre eles.
 
Fonte: Autor/Shutterstock
A tecnologia é outro campo da globalização. Sua rápida evolução e a pulverização da
Tecnologia da Informação foram pontos-chave na abertura do comércio internacional e nas
relações econômicas entre diferentes países. Uma nova forma de organização do trabalho está
surgindo e, com todo o avanço tecnológico, trazendo a automação, aumentando a qualificação
profissional e diminuindo a quantidade de trabalhadores.
 
Fonte: Autor/Shutterstock
O campo social da globalização apresenta um grande desequilíbrio na vida dos trabalhadores.
O avanço da produção devido às novas tecnologias causou uma onda de desemprego e o
aumento da desigualdade entre as classes.
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Quanto aos aspectos culturais, houve um aumento da troca de informações sobre as diferentes
culturas pelo mundo que foi possível devido ao uso da internet. Essa troca possibilita
vislumbrar realidades sociais e culturais diferentes, bem como aumentar o reconhecimento e o
respeito pela diversidade cultural. Ainda nessa troca, podemos incluir a inserção de novos
hábitos alimentares por meio de fast-foods, principalmente, e o acesso a programas de
televisão.
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Para o meio ambiente, a globalização trouxe um enorme problema atmosférico, escassez de
matéria-prima, poluição de rios e mares, e diversos desastres ambientais, que podem
acontecer quando o homem interfere no percurso natural do meio ambiente ou por
consequência climática derivada do aquecimento global e do efeito estufa.
Não há como os governos controlarem a surgimento de doenças de ordem pandêmica, a crise
no mercado financeiro e suas consequências afetam a sociedade de modo geral.
Buscando dar uniformidade a essas questões, as grandes nações começaram a pensar em um
tipo de governança global, que é uma autoridade acima dos interesses dos territórios
nacionais. Como exemplo dessa governança, podemos citar a Organização das Nações
Unidas (ONU). Essa nova tendência se torna adequada à nova ordem mundial por estabelecer
um ritmo semelhante às mudanças que ocorrem e à interdependência entre as nações. No
entanto, essa nova função parece ser um dos maiores desafios para a sociedade global no
século XXI.
GLOBALIZAÇÃO E SAÚDE
Existe um conceito ampliado de saúde que a avalia sob os aspectos biológico, social e
psíquico. Pensando assim, o processo saúde-doença é diretamente afetado pela globalização
se pensarmos na desigualdade social causada por ela.
Para entendermos melhor essa relação entre globalização e saúde, vamos relembrar alguns
aspectos históricos que a compõem.
No final do século XIX, na luta contra as doenças contagiosas, três questões foram
consideradas primordiais pelo mundo:
 
Fonte: Autor/Shutterstock
A descoberta das causas das doenças.
O uso de remédios e terapias adequadas para o tratamento.
A vontade política de combatê-las.
Os séculos XIX e XX foram de grande avanço nesse sentido, em relação às principais
comorbidades que afetavam a população mundial. Doenças como a cólera, a tuberculose e a
peste faziam parte desse grupo de comorbidades. Graças a ações como o uso de soros e
vacinas, o aumento de saneamento básico nas cidades, a diminuição da carga horária de
trabalho e os protocolos de segurança para evitar a contaminação entre países, tais doenças
foram combatidas.
 COMENTÁRIO
Com todos esses avanços na saúde, foi observado, em seguida, o aumento da expectativa de
vida em escalas diferentes nos países, até mesmo porque a desigualdade social interna
também colabora para índices de expectativa de vida. No entanto, mesmo com essa
desigualdade, tais avanços representaram um grande progresso social e biológico.
A facilidade de circulação entre os países e o aumento das viagens internacionais foram
fatores que contribuíram para a disseminação de Doenças Sexualmente Transmissíveis e
aumentaram o risco de pandemias. Além desses aspectos, a maior circulação de pessoas
entre os países também fomentou o aumento da circulação de drogas ilícitas.
Junto com as questões políticas e econômicas que a globalização tornou sem fronteiras, os
avanços em saúde também acompanharam esse processo, trazendo melhorias e riscos em
nível global.
A GLOBALIZAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM A
SAÚDE
A especialista Carine Sena fala sobre a globalização e sua relação com a saúde.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A GLOBALIZAÇÃO É UM PROCESSO CONTÍNUO DE INTEGRAÇÃO, EM
ESPECIAL, ECONÔMICA DO GLOBO. PARA ISSO, É NECESSÁRIA A
DISPONIBILIDADE DE FERRAMENTAS QUE PERMITAM A ORGANIZAÇÃO
DAS REDES E DOS FLUXOS ENTRE AS DIFERENTES REGIÕES DO
MUNDO. DESSE MODO, A GLOBALIZAÇÃO ESTÁ AMPARADA NO:
A) Protecionismo econômico praticado pelos países desenvolvidos.
B) Desenvolvimento dos meios de transporte e de comunicação.
C) Emprego de técnicas tradicionais de produção, como o fordismo.
D) Comprometimento com o desenvolvimento sustentável das nações.
E) Processo industrial altamente concentrado nos países emergentes.
2. NA ATUALIDADE, A EMERGÊNCIA DAS QUESTÕES AMBIENTAIS
GERA INTENSOS DEBATES ENTRE OS REPRESENTANTES DOS PAÍSES,
ASSIM COMO NA SOCIEDADE CIVIL. COMO INDUTOR DE
TRANSFORMAÇÕES NA SUPERFÍCIE TERRESTRE, O PROCESSO DE
GLOBALIZAÇÃO CONTRIBUI PARA O AUMENTO DOS IMPACTOS
AMBIENTAIS GERADOS PELAS ATIVIDADES HUMANAS. UM EXEMPLO
DE IMPACTO AMBIENTAL PROVOCADO PELO AUMENTO DAS REDES E
DOS FLUXOS TÍPICOS DA GLOBALIZAÇÃO É:
A) O estabelecimento de acordos comerciais entre os países do globo.
B) O acordo das nações desenvolvidas para o desenvolvimento agrário.
C) A escassez de matéria-prima e os diversos desastres ambientais.
D) O planejamento urbano baseado nos fluxos das grandes cidades.
E) O aumento da produção de veículos movidos à eletricidade.
GABARITO
1. A globalização é um processo contínuo de integração, em especial, econômica do
globo. Para isso, é necessária a disponibilidade de ferramentas que permitam a
organização das redes e dos fluxos entre as diferentes regiões do mundo. Desse modo,
a globalização está amparada no:
A alternativa "B " está correta.
 
A globalização é vista por muitos autores apenas como uma revolução econômica, mas
ultrapassa os limites territoriais de produção. Esses limites são rompidos graças ao progresso
da globalização, com avanços tecnológicos nos meios de comunicação, e à ampliação dosmeios de transporte para o comércio.
2. Na atualidade, a emergência das questões ambientais gera intensos debates entre os
representantes dos países, assim como na sociedade civil. Como indutor de
transformações na superfície terrestre, o processo de globalização contribui para o
aumento dos impactos ambientais gerados pelas atividades humanas. Um exemplo de
impacto ambiental provocado pelo aumento das redes e dos fluxos típicos da
globalização é:
A alternativa "C " está correta.
 
A ampla utilização dos diferentes meios de transportes, em razão do aumento das trocas
comerciais em nível global, elevou os níveis de poluentes na atmosfera.
MÓDULO 2
 Descrever as relações entre cidadania e saúde
 
Foto: Shutterstock.com
CIDADANIA
Cidadania é uma palavra de origem latina e que significa cidade. Nos séculos VIII e VII a.C.,
cidadão era aquele indivíduo homem que nascia em terras gregas e, por isso, tinha seus
direitos políticos garantidos. Já os escravos, as mulheres e os estrangeiros não tinham esses
direitos assegurados.
Em Roma, exercer a cidadania tinha relação direta com questões políticas. Como a classe
social era muito importante, apenas os nobres tinham o direito de cidadão romano garantido.
Após séculos, com o objetivo de diminuir as desigualdades entre a população por meio de
revoluções, a palavra cidadania assumiu o significado de ter direitos, sejam civis e sociais
sejam coletivos e bioéticos. Posteriormente, esses direitos foram estendidos à saúde e ao
âmbito econômico.
Para Marshall (1967), a cidadania moderna pode ser descrita a partir de três elementos
importantes: político, civil e social.
O elemento político trata do direito de qualquer cidadão em participar do poder político como
eleitor ou como um candidato para fazer parte da estrutura.
O elemento civil, inicialmente, era garantido apenas aos homens e assegurava o direito de ir e
vir, de se expressar, bem como o direito à justiça.
Já o elemento social foi definido da seguinte maneira: 
 
[...] refere-se a tudo o que vai desde o direito a um mínimo bem-estar econômico e à segurança
ao direito de participar, por completo, na herança social e levar a vida de um ser civilizado de
acordo com os padrões que prevalecem na sociedade.
(MARSHALL, 1967, p. 111)
Entendendo que a cidadania não está vinculada apenas à política, aqui, vamos descrever
como seu exercício também está relacionado com as questões voltadas para a saúde da
população como direito.
A 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, em Brasília, foi um marco da busca
pelo direito à saúde da população brasileira. Essa foi a conferência com o maior número de
participantes que promoveu a construção de ações políticas e financeiras para garantir o
acesso, baseado na universalidade, integralidade e equidade, à saúde para qualquer cidadão
em território nacional. Em nível internacional, o direito à saúde foi estabelecido pela Declaração
dos Direitos Humanos, em 1948.
A saúde é um direito reconhecido e legitimado na Constituição Federal brasileira. Na prática,
porém, observamos que esse direito não está totalmente assegurado, pois depende de
arranjos políticos e partidários que tenham interesse em garanti-lo à população. Os ideais
capitalistas acabam se sobrepondo aos de ética, direito à vida e humanidade que deveriam ser
respeitados quando o assunto é saúde.
DIREITOS GARANTIDOS POR LEI
O conceito de cidadão sofreu mudanças ao longo da história até chegar ao atual, que
considera todos os cidadãos iguais perante a lei e com direitos iguais. No entanto, nem todos
os países conseguem garantir esse direito de cidadania frente às desigualdades sociais
enfrentadas.
Diante desse estado de desigualdades, vale abordarmos aqui a normalidade com que a
população as recebe e como isso passa a fazer parte do cotidiano. Sobre essa passividade,
Freire (2005) afirma que a população precisa se empoderar de seus direitos para reivindicá-
los. Esse empoderamento, cujo nível pode ser individual ou coletivo, envolve despertar no
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cidadão a autonomia para que realize suas próprias análises e críticas, a fim de interferir em
seu processo saúde-doença.
A Constituição Federal de 1988 define:
ART. 196. A SAÚDE DIREITO DE TODOS E UM DEVER
DO ESTADO, GARANTIDO MEDIANTE POLÍTICAS
SOCIAIS E ECONÔMICAS QUE VISEM À REDUÇÃO DO
RISCO DE DOENÇAS E OUTROS AGRAVOS, E AO
ACESSO UNIVERSAL E IGUALITÁRIO ÀS AÇÕES E
[AOS] SERVIÇOS PARA PROMOÇÃO, PROTEÇÃO E
RECUPERAÇÃO.
(BRASIL, 1988)
Essa definição demonstra o reconhecimento de um cenário político de luta pela ampliação da
cidadania.
 
Foto: Brenda Rocha - Blossom / Shutterstock.com
No Brasil, a representação da participação popular na construção do Sistema Único de Saúde
(SUS) é garantida pela Lei nº 8.142/1990, que assegura, por meio dos Conselhos Municipais,
Estaduais e Nacional, bem como pelas Conferências de Saúde, a atuação da sociedade na
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tomada de decisões, principalmente em questões relativas à saúde da coletividade. Ao longo
dos anos, novas estratégias foram estruturadas para fortalecer cada vez mais essa
participação.
Os integrantes dessas instituições devem ser estabelecidos de maneira paritária, ou seja, 50%
de representantes da sociedade civil e 50% de prestadores de serviços, profissionais de saúde
e representantes do governo. Outra característica importante é que todos os representantes
possuem grau de autoridade igual dentro dos espaços colegiados.
Em 1991, foram criadas as Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite. A Comissão
Intergestores Bipartite possui representação de Secretários Estaduais e Municipais de Saúde.
Já a Comissão Intergestores Tripartite possui, além dessas duas instâncias, a representação
do Ministério da Saúde.
A partir de 1993, o governo começou a instituir Normas Operacionais Básicas (NOBs) que
contribuíram para a estrutura e descentralização da tomada de decisão e do poder sobre a
saúde da população. Vejamos algumas delas:
NOB-SUS/1993
NOB-SUS/1996
NOB-SUS/1993
Instituiu o início da municipalização a partir da descentralização do poder político-administrativo
da assistência em saúde.
NOB-SUS/1996
Acelerou o processo de descentralização da gestão para os municípios, instituiu programas
com o olhar voltado para a população mais vulnerável, como o Programa do Agente
Comunitário de Saúde (PACS), e incentivou a ampliação do Programa Saúde da Família (PSF),
que já havia iniciado em 1994. As ações de ambos os programas estão voltadas para a
promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a recuperação.
Em 2002, foi lançada a Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS/2002), com a
intenção de fomentar a regionalização dos serviços de saúde, que teve o apoio da Secretaria
Estadual de Saúde. De acordo com essa norma, os municípios com características
semelhantes e proximidade nos limites territoriais devem planejar ações em conjunto e de
maneira integrada, buscando atender às demandas de média e alta complexidade de
determinada região, a fim de garantir ao cidadão e àquela coletividade o direito e o acesso aos
diferentes níveis de atenção à saúde.
ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE
O Brasil possui como modelo preferencial de acesso à assistência à saúde a Atenção
Primária em Saúde (APS). Por adotar esse modelo, o país precisa seguir alguns valores e
princípios e determinadas características oriundas do padrão de APS existente no mundo.
Esses valores precisam garantir acesso aos diferentes níveis de atenção à saúde, de forma a
manter a complexidade equivalente a cada um deles.
A tabela a seguir apresenta o modelo de assistência à saúde com base no sistema APS:
Atenção Primária em Saúde
Princípios Características
Resposta às
necessidades de
saúde da
população.
Serviços de saúde
orientados pela
qualidade.
Responsabilidade
e prestação de
Acesso e cobertura universal.
Atenção integral e integrada.
Ênfase na prevenção e na promoção.
Atenção apropriada, ou seja,focalizar na pessoa
como um todo e em suas necessidades sociais e de
saúde ao longo da vida.
Orientação familiar e comunitária.
contas dos
governos.
Sociedade justa.
Sustentabilidade
do sistema de
saúde.
Participação e
intersetorialidade.
Organização e gestão otimizadas.
Primeiro contato/porta de entrada principal do
sistema de serviços sociais e de saúde.
Sistema acoplado intimamente com as ações
intersetoriais e com enfoques comunitários.
Quadro: Sistema de saúde baseado na APS.
Extraído de Organização Pan-americana da Saúde, 2007, p. 9.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
A partir de 2006, houve reforço da APS na perspectiva de uma atenção organizadora ou
coordenadora do modelo assistencial, ou, ainda, responsável pela integração do cuidado, por
meio da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), aprovada pela Portaria nº 648/2006.
Dentro da proposta de organização do modelo de atenção à saúde no Brasil, a Estratégia de
Saúde da Família (ESF) surge a fim de reestruturar os serviços de saúde, onde há maior
contato com a população. Essa nova proposta busca estabelecer vínculo e continuidade nas
práticas assistenciais por meio de uma rede de atenção à saúde, demandada pela ESF, para
os outros níveis de complexidade da rede.
O compromisso assumido é prestar uma assistência baseada na universalidade, integralidade
e equidade, e longínqua, na própria unidade ou em atendimento domiciliar, caso haja
necessidade (GIOVANELLA; MENDONÇA, 2018).
A PNAB/2006 foi revisada cinco anos depois e publicada pela Portaria nº 2.488/2011. Essa
revisão manteve parte do conteúdo da PNAB anterior. As mudanças atenderam apenas a
algumas necessidades de adequação quanto às equipes de saúde da família, ao núcleo de
apoio à saúde da família, às equipes fluviais e ribeirinhas, ao consultório na rua e à alteração
da carga horária médica.
Depois disso, houve uma revisão na PNAB/2011, quando foi lançada a Portaria nº 2.436/2017,
que manteve parte do conteúdo da política anterior, propondo algumas mudanças na estrutura
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das equipes. Independentemente da formação dessas equipes, elas são responsáveis por
desenvolver suas atividades respeitando algumas diretrizes inerentes ao processo de trabalho
do modelo APS, que são:
[...] DEFINIÇÃO DO TERRITÓRIO E
TERRITORIALIZAÇÃO, RESPONSABILIZAÇÃO
SANITÁRIA, PORTA DE ENTRADA PREFERENCIAL,
ADSCRIÇÃO DE USUÁRIOS E DESENVOLVIMENTO DE
RELAÇÕES DE VÍNCULO, ACESSO, ACOLHIMENTO,
TRABALHO EM EQUIPE MULTIPROFISSIONAL,
RESOLUTIVIDADE, PROMOÇÃO DE ATENÇÃO
INTEGRAL, REALIZAÇÃO DE AÇÕES DE ATENÇÃO
DOMICILIAR, PROGRAMAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO
DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO À SAÚDE DE ACORDO
COM AS NECESSIDADES DE SAÚDE DA POPULAÇÃO,
IMPLEMENTAÇÃO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE COMO
UM PRINCÍPIO PARA O CUIDADO EM SAÚDE,
DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES DE PREVENÇÃO DE
DOENÇAS E AGRAVOS, DESENVOLVIMENTO DE
AÇÕES EDUCATIVAS, DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES
INTERSETORIAIS, PARTICIPAÇÃO DO
PLANEJAMENTO LOCAL DE SAÚDE, FORMAÇÃO E
EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE.
(BRASIL, 2017, p. 18)
Após a criação do SUS, ficaram perceptíveis os esforços políticos para garantir o direito ao
cidadão e à coletividade de ter acesso aos serviços de saúde nos diferentes níveis de atenção
à saúde. Sabemos que as falhas e as dificuldades existem, mas precisamos estar de prontidão,
exercendo nossa cidadania de maneira empoderada, para lembrar ao Estado que o direito à
saúde, no sentido mais amplo da palavra, é um direito do cidadão adquirido e previsto na
Constituição Federal.
A RELAÇÃO ENTRE CIDADANIA E SAÚDE
A especialista Carine Sena fala sobre a relação entre cidadania e saúde.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) REPRESENTOU UM MARCO DE
CONQUISTAS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA FRENTE AOS AVANÇOS
PARA MELHORAR O ACESSO DA POPULAÇÃO AOS SERVIÇOS DE
SAÚDE. O MODELO DEMOCRÁTICO DE DIREITO ESTIPULADO NO
BRASIL GARANTE, POR MEIO DO SUS, PROTEÇÃO E REDUÇÃO DAS
DESIGUALDADES EM SAÚDE PELA GARANTIA DO EXERCÍCIO DA
CIDADANIA, SEM JULGAMENTOS E PRECONCEITOS, COMO ESTÁ
PREVISTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. 
BASEADO NESSE ENTENDIMENTO, AS DUAS CARACTERÍSTICAS
IMPORTANTES DA POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE BRASILEIRA SÃO:
A) Paternalismo e filantropia
B) Liberalismo e meritocracia
C) Universalismo e igualitarismo
D) Nacionalismo e individualismo
E) Revolucionarismo e coparticipação
2. A CIDADANIA É UM CONCEITO QUE POSSUI DIVERSOS
SIGNIFICADOS, EM GERAL, RELACIONADOS COM A PARTICIPAÇÃO
SUJEITO-CIDADÃO DENTRO DA SOCIEDADE, BEM COMO COM SEUS
DIREITOS E DEVERES. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE MELHOR
EXPRESSA A IDEIA DE CIDADANIA:
A) A maneira que o indivíduo encontra para responsabilizar o Estado por sua condição.
B) A conjunção entre direitos políticos, civis e sociais.
C) O direito do cidadão de agir livremente na sociedade.
D) Uma perspectiva que considera o indivíduo responsável apenas por sua própria vida.
E) A garantia de igualdade perante a justiça.
GABARITO
1. O Sistema Único de Saúde (SUS) representou um marco de conquistas da população
brasileira frente aos avanços para melhorar o acesso da população aos serviços de
saúde. O modelo democrático de direito estipulado no Brasil garante, por meio do SUS,
proteção e redução das desigualdades em saúde pela garantia do exercício da
cidadania, sem julgamentos e preconceitos, como está previsto na Constituição Federal
de 1988. 
Baseado nesse entendimento, as duas características importantes da política pública de
saúde brasileira são:
A alternativa "C " está correta.
 
Os princípios da universalidade e do igualitarismo relacionados à saúde estão determinados
pelo art. 196 da Constituição Federal de 1988. Enquanto a universalidade preza o acesso de
todos os cidadãos aos serviços de saúde, o igualitarismo traduz que tais serviços serão
prestados sem qualquer tipo de discriminação.
2. A cidadania é um conceito que possui diversos significados, em geral, relacionados
com a participação sujeito-cidadão dentro da sociedade, bem como com seus direitos e
deveres. Assinale a alternativa que melhor expressa a ideia de cidadania:
A alternativa "B " está correta.
 
Cidadania traduz a ideia de indivíduos com direitos nas esferas civis, sociais, coletivas,
econômicas, bioéticas e de saúde, permitindo, assim, uma atuação do Estado com o objetivo
de diminuir as desigualdades sociais.
MÓDULO 3
 Identificar as desigualdades sociais, a pobreza e a exclusão social como
determinantes no processo saúde-doença
 
Imagem: Shutterstock.com
DESIGUALDADES SOCIAIS
Atualmente, devido à desigualdade social, muitas pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, o
que as classifica como parte do grupo de extrema pobreza. O quadro em que esses indivíduos
se encontram envolve falta de acesso digno à moradia, à alimentação, à água encanada, ao
saneamento básico e aos serviços básicos de saúde.
Foto: Joa Souza / Shutterstock.com
Já em contraste com a situação de pobreza existente no mundo, os ricos, milionários e
bilionários vivem no luxo, com acesso a serviços de saúde de alto padrão e sem limites para
adquirir tudo por meio do dinheiro.
Foto: kibri_ho / Shutterstock.com
Davis e Moore (1945) desenvolveram uma explicação para a desigualdade social, baseados
em um sistema de remuneração salarial desigual. De acordo com os estudiosos, pessoas que
se preparam melhor para o mercado de trabalho se cercam de conhecimento de alto padrão e
conseguem melhores salários e maiores realizações na vida. Entretanto, existem críticas a
esse argumento fundamentadas no fato de que muitas pessoas possuem preparo e, nem
sempre, conseguem alcançar os melhores cargos.
Gans (1972) afirma que manter a desigualdade social é vantajoso para o grupo de indivíduos
ricos da sociedade, porque garante uma classe de proletariados baratos, que precisam de
renda para o sustento familiar.
 
Foto: John Jabez Edwin Mayal/Wikimedia Commons/Domínio Público.
Karl Marx constatouque a desigualdade social é resultado de uma predominância de poder
dos donos de indústrias, que passaram a acumular riquezas a partir do lucro obtido com os
baixos salários pagos aos trabalhadores.
KARL MARX (1818-1883)
“Sociólogo e filósofo alemão que se debruçou, em particular, sobre a formação e a
essência do capitalismo, considerando que este se fundamenta em uma apropriação
indevida da mais-valia gerada pelo trabalho em uma lógica de acumulação e
concentração de riqueza, que deixa completamente de lado a função social do trabalho e
reduz o proletariado a um estado de alienação, em que o trabalho deixa de ser um fator
de realização pessoal.”
Fonte: Infopédia – Dicionários Porto Editora.
A desigualdade social vem para desafiar os valores de justiça, equidade e igualdade de
oportunidades. Trata-se de uma violação aos direitos humanos que afeta toda a população
com sérias consequências econômicas e sociais.
Quanto mais pessoas pobres e na extrema pobreza, mais a sociedade é afetada.
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Crianças de famílias pobres, em diferentes países pelo mundo, têm pouca ou nenhuma
escolaridade e tendem a sofrer consequências na vida adulta, devido a uma inadequada
alfabetização ou ao baixo rendimento escolar. Elas poderão se transformar em adultos que
enfrentarão dificuldades para concorrer a uma vaga de emprego, por exemplo.
Fatores como a falta de saneamento básico em algumas regiões de um território, dificuldade de
acesso à água potável e taxa de mortalidade materna ou infantil são reflexos das
desigualdades sociais.
 VOCÊ SABIA
Nas camadas da sociedade em que a população possui renda familiar mais baixa, também há
maior concentração de enfermidades como hipertensão, diabetes, obesidade e doenças
cardíacas. Pessoas sem recursos financeiros adequados têm dificuldade em acessar alimentos
mais saudáveis e isso pode ter consequências a longo prazo.
A desigualdade social é um tema no qual a Sociologia se fundamentou para discutir as
relações humanas e sociais, baseada em desigualdades de classe e poder datadas da
Revolução Industrial. Seu estudo é importante, pois, a partir dele, conseguimos entender
diversos problemas e conflitos de ordem global, que, junto à pobreza e à exclusão social,
traçam a perspectiva de vida para grande parte da população mundial que vive em situação
desfavorável.
POBREZA
A palavra pobre vem do latim paupe (pau = pequeno + pário = dou à luz) e, originalmente,
referia-se a terrenos agrícolas ou gado que não produziam o desejado.
Para as Ciências Sociais, como a Antropologia e a Sociologia, a pobreza é um fenômeno
complexo, pois é difícil criar uma abordagem para defini-la.
 
Imagem: Shutterstock.com
Por ser uma manifestação que apresenta uma multiplicidade de fatores agregados, a pobreza
precisa ser vista sob as perspectivas sociais, econômicas, políticas e culturais. Ela faz parte da
história, desde que grupos e classes sociais foram estabelecidos, dentro dos quais sempre
existiram os mais privilegiados.
 
Foto: Shutterstock.com
Dentro dos marcos históricos que podemos traçar para entender como a distribuição desigual
de recursos se iniciou, revisitamos o Egito, onde o Faraó exigia do povo parte de suas
colheitas, ou a Grécia Antiga, onde a divisão de terras foi realizada apenas entre os
descendentes dos chefes e poderosos da época. É possível observar que a terra e a produção
estavam intimamente vinculadas ao poder.
Para Abreu (2012), a pobreza deve atingir muito mais pessoas do que aquelas que realmente
são identificadas como pobres. Podemos afirmar que a incapacidade do sujeito que possui
uma renda insuficiente em prover suas necessidades básicas:
autor/shutterstock
A falta de trabalho e de rendimento coloca esse indivíduo em um ciclo vicioso: ele não
consegue alcançar seu lugar no mercado de trabalho para melhorar de vida porque não tem
condições financeiras para se estruturar e se tornar competitivo aos outros que possuem toda
essa estrutura.
A importância do trabalho no processo histórico da humanidade pode ser expressa nas
seguintes palavras:
O PRESSUPOSTO DE TODA A EXISTÊNCIA E TAMBÉM,
PORTANTO DE TODA A HISTÓRIA, A SABER, O
PRESSUPOSTO DE QUE OS HOMENS TÊM DE ESTAR
EM CONDIÇÕES DE VIVER PARA PODER ‘FAZER
HISTÓRIA’. MAS, PARA VIVER, PRECISA-SE, ANTES
DE TUDO, DE COMIDA, BEBIDA, MORADIA,
VESTIMENTA E ALGUMAS COISAS MAIS. O PRIMEIRO
ATO HISTÓRICO É, POIS, A PRODUÇÃO DOS MEIOS
PARA A SATISFAÇÃO DESSAS NECESSIDADES, A
PRODUÇÃO DA PRÓPRIA VIDA MATERIAL, E ESTE É,
SEM DÚVIDA, UM ATO HISTÓRICO, UMA CONDIÇÃO
FUNDAMENTAL DE TODA A HISTÓRIA, QUE AINDA
HOJE, ASSIM COMO HÁ MILÊNIOS, TEM DE SER
CUMPRIDA DIARIAMENTE, A CADA HORA,
SIMPLESMENTE PARA MANTER OS HOMENS VIVOS.
(MARX; ENGELS, 2007, p. 32-33)
Nesse debate a respeito da pobreza, alguns sociólogos como Crespo e Gurovitz (2002) a
dividem em dois tipos:
POBREZA RELATIVA
Desigualdade de distribuição de renda, onde o sujeito possui menos renda comparado a outros
que possuem mais.
POBREZA ABSOLUTA
Aquela estabelecida por meio de padrões mínimos de sobrevivência. Quem fica abaixo desses
padrões está na linha da pobreza.
EXCLUSÃO SOCIAL
A pobreza está intimamente vinculada à exclusão social, pois o indivíduo que está no grupo
estabelecido como pobre é excluído socialmente. A pobreza propicia um aumento da mão de
obra barata, então, empregos legais e ilegais surgem e a população mais pobre são
submetidas a condições precárias de trabalho.
Como parte de um processo iniciado na década de 1980, o termo marginalizado, ou seja,
aquele que está à margem da sociedade, foi deixado de lado, e os autores começaram a
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utilizar a expressão exclusão social para se referir àqueles que estavam justamente na
pobreza.
Fatores como estar desempregado, fazer parte de uma minoria social e ser portador de
necessidades especiais são aspectos levados em consideração dentro de uma sociedade para
colocar determinados grupos como excluídos sociais.
Quando se fala em exclusão social, a referência é uma sociedade composta de aspectos
diversos considerados básicos, incluindo os políticos, sociais e culturais, que se
complementam e se sobrepõem. A ausência desses recursos cria barreiras que dificultam o
acesso ao mercado de bens e serviços, assim como maiores dificuldades aos prestadores de
serviços, mesmo àqueles que estão total ou parcialmente protegidos.
Dessa maneira, para alguns autores, a exclusão social pode ser classificada como um
processo que abrange as situações superficiais e as profundas.
As situações superficiais consideram, por exemplo, a falta de recurso para adquirir bens que
os mais ricos conseguem com facilidade.
Já as situações profundas dizem respeito às pessoas que não têm moradia garantida, por
exemplo.
A noção de exclusão social surgiu em meio às discussões de sociólogos para entender as
questões de disparidades dentro da sociedade. A expressão é utilizada para tentar explicar
como alguns grupos ou indivíduos são separados do todo da sociedade em casos específicos.
Em outros termos:
A EXCLUSÃO SOCIAL LEVANTA A QUESTÃO DA
RESPONSABILIDADE PESSOAL. AFINAL, A PALAVRA
EXCLUSÃO IMPLICA QUE ALGUÉM OU ALGO É
DEIXADO DE FORA. CERTAMENTE, EXISTEM CASOS
EM QUE INDIVÍDUOS SÃO EXCLUÍDOS COMO
RESULTADOS DE DECISÕES QUE ESTÃO FORA DO
SEU PRÓPRIO CONTROLE. OS BANCOS PODEM SE
RECUSAR A ABRIR UMA CONTA CORRENTE OU DAR
UM CARTÃO DE CRÉDITO A INDIVÍDUOS QUE VIVEM
EM DETERMINADAS ÁREAS DA CIDADE, AS
SEGURADORAS PODEM REJEITAR UM PEDIDO DE
APÓLICE COM BASE NO HISTÓRICO PESSOAL DO
CANDIDATO, UM EMPREGADO DESPEDIDO NA
VELHICE PODE NÃO CONSEGUIR OUTRO EMPREGO
POR CAUSA DA IDADE.
(GIDDENS, 2012, p. 357)
Giddens (2012) identifica as seguintes três formas de exclusão:
EXCLUSÃO ECONÔMICA
Que envolve os aspectos de aquisição de bens.
EXCLUSÃO POLÍTICA
Que ocorre quando o indivíduo não possui informação ou recursos que possibilitem sua
participação no processo político.
EXCLUSÃO SOCIAL
Que se origina da faltade infraestrutura que permite à população ter acesso a espaços que
promovem integração social e cultural.
Portanto, para Giddens (2012, p. 325), a exclusão social é entendida como: “as formas pelas
quais os indivíduos podem ser afastados do pleno envolvimento na sociedade.”
PROGRAMAS SOCIAIS
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Para diminuir os impactos causados pela pobreza e pela exclusão social na saúde da
população, o governo brasileiro vem, desde 1980, lançando vários programas sociais de
combate à fome e à miséria, tais como o Fundo de Combate à Pobreza, o Bolsa Família e o
Fome Zero.
Como já discutido anteriormente, dentro desse processo de pobreza e exclusão social, é
importante incentivar a conscientização da população quanto a seus direitos, a fim de que as
pessoas tenham conhecimento suficiente para agir e romper com as amarras das
desigualdades e iniquidades sociais, e que sejam inseridas no meio social sem nenhum tipo de
barreira.
DESIGUALDADE SOCIAL E POBREZA
A especialista Carine Sena fala sobre a exclusão social e os determinantes no processo saúde-
doença.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. PARA ALGUNS SOCIÓLOGOS, COMO O ALEMÃO MAX WEBER (1864-
1920), OS CONFLITOS SOCIAIS QUE GERAM A EXCLUSÃO SOCIAL
SERIAM RESULTADOS DAS POSIÇÕES ASSIMÉTRICAS QUE OS
INDIVÍDUOS OCUPAM NA SOCIEDADE. TAMBÉM ESTUDIOSO DEDICADO
A ENTENDER AS QUESTÕES RELACIONADAS À POBREZA E À
EXCLUSÃO SOCIAL, GIDDENS (2012) ESTRATIFICA A EXCLUSÃO EM
TRÊS ESFERAS. SÃO ELAS:
A) Política, comportamental e jurídica
B) Econômica, social e política
C) Jurídica, participativa e relacional
D) Pública, privada e política
E) Política, participativa e privada
2. CRIADO EM 2003, O BOLSA FAMÍLIA É UM PROGRAMA DE
TRANSFERÊNCIA DE RENDA QUE REUNIU OUTROS AUXÍLIOS.
ATUALMENTE, O VALOR MÉDIO RECEBIDO POR FAMÍLIA É DE R$191,00.
É INCORRETO AFIRMAR QUE O PROGRAMA TEM O OBJETIVO DE:
A) Diminuir as taxas de mortalidade infantil.
B) Reduzir os índices de evasão escolar.
C) Assegurar o acesso a serviços essenciais.
D) Minimizar a migração interna no Brasil.
E) Garantir o acesso aos serviços básicos.
GABARITO
1. Para alguns sociólogos, como o alemão Max Weber (1864-1920), os conflitos sociais
que geram a exclusão social seriam resultados das posições assimétricas que os
indivíduos ocupam na sociedade. Também estudioso dedicado a entender as questões
relacionadas à pobreza e à exclusão social, Giddens (2012) estratifica a exclusão em três
esferas. São elas:
A alternativa "B " está correta.
 
De acordo com Giddens (2012), os indivíduos podem ser afastados da sociedade por
intermédio da exclusão econômica, social e política. Enquanto a exclusão econômica está
relacionada à aquisição de bens, a exclusão política refere-se à impossibilidade de participação
do processo político por ausência de informação/recurso. Já a exclusão social se origina da
falta de acesso aos serviços de integração social e cultural.
2. Criado em 2003, o Bolsa Família é um programa de transferência de renda que reuniu
outros auxílios. Atualmente, o valor médio recebido por família é de R$191,00. É
incorreto afirmar que o programa tem o objetivo de:
A alternativa "E " está correta.
 
Os objetivos do programa Bolsa família estão relacionados a três eixos importantes:
Alívio imediato da pobreza – por meio da transferência direta de renda às famílias.
Ampliação do acesso a serviços públicos que representam direitos básicos nas áreas de
Saúde, Educação e Assistência Social – por meio das condicionalidades, contribuindo
para que as famílias rompam o ciclo intergeracional de reprodução da pobreza.
Coordenação com outras ações e outros programas dos governos, em suas três esferas,
e da sociedade – de modo a apoiar as famílias para que superem a situação de
vulnerabilidade e pobreza.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A globalização, a pobreza e a exclusão social são questões recentes no processo
metodológico de estudos científicos que dependem de várias vertentes para serem analisadas.
As sociedades são diretamente influenciadas pelo contexto social no qual as pessoas estão
inseridas, e questões como essas são reflexos de como a distribuição de recursos é feita à
população.
Os aspectos políticos, sociais e econômicos são de interesse dos estudiosos sobre o assunto,
pois são os principais pilares que definem a desigualdade instalada na sociedade atual.
Estamos vivendo em um período de transformação global que, provavelmente, é tão profunda
e sentida de maneira mais ampla em áreas maiores do mundo. No entanto, neste momento,
precisamos de novas teorias para nos ajudar a entender e explicar os novos conhecimentos
que estão transformando as sociedades de hoje em dia.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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EXPLORE+
Para aprofundar os seus conhecimentos a respeito do conteúdo estudado:
Pesquise a Portaria nº 373/2002 e conheça a Norma Operacional Básica da Assistência à
Saúde (NOAS-SUS);
Pesquise a Portaria nº 2.436/2017 e conheça a Política Nacional de Atenção Básica e os
esforços para estabelecer uma atenção à saúde da população, respeitando todas as
diretrizes do SUS.
CONTEUDISTA
Carine Sena Sousa dos Santos
 CURRÍCULO LATTES
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