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Livro - Texto - Unidade IV

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181
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
Unidade IV
7 GESTÃO DE CONTRATOS EMPRESARIAIS
7.1 Gestão de riscos contratuais
Sabe-se que as atividades econômicas, por si sós, não necessariamente são empresariais, já que a 
atividade econômica será empresarial desde que se constitua como atividade organizada, de forma 
profissional para produção ou circulação de bens ou serviços (CC, art. 966).
As operações econômicas empresariais se constituem por meio de contratos entabulados entre 
empresários cujo escopo é a associação para mútuas vantagens. Entretanto, os negócios jurídicos 
realizados entre empresas envolvem riscos que podem ser previsíveis ou não.
Lucas Fucci Amato (2014, p. 259) dispõe que “os contratos empresariais têm no preço seu principal 
mecanismo de alocação de riscos, ou seja, de contingência e incerteza sobre a ocorrência de eventos 
que podem prejudicar a realização dos interesses contratados”.
Por risco entende-se aquelas situações adversas e prejudiciais tendentes a reduzir as expectativas 
contratuais daquele que arcará com o encargo decorrente da adversidade não prevista no contrato. 
Dessa forma, qualquer fato desfavorável ou ocorrência imprevista que onere um dos contratantes, ou 
mesmo ambos, afetará substancialmente as expectativas de lucro e de sucesso do contrato.
 Observação
Por alocação de risco entende-se atribuição consensual entre os 
contratantes sobre a responsabilização de eventuais ocorrências que 
possam surgir no decorrer da execução do contrato.
7.1.1 Alocação de riscos nos contratos empresariais
O risco trata-se de evento futuro e incerto, portanto independente do concurso de vontades. Assim, 
quando tratamos de contratos privados, com relação aos riscos imprevisíveis, de fato, nenhuma das 
partes tem condições de prever. Entretanto, em se tratando de contratos empresariais, tendo em vista que 
o risco é inerente às atividades econômicas, eventualmente eles ocorrerão; previsíveis ou imprevisíveis, 
poderão onerar uma ou ambas as partes contratantes. Nesse caso, a alocação de riscos será definida 
pelas partes, devendo ser respeitada e observada (CC, art. 421-A, II).
Vejamos na figura a seguir os riscos mais comuns nos contratos empresariais.
182
Unidade IV
Riscos contratuais 
empresariais
Riscos decorrentes 
do projeto
Riscos 
jurídicos
Riscos de 
transporte
Riscos 
operacionais
Riscos 
financeiros
Riscos de 
mercado
Riscos 
políticos
Riscos de 
suprimento
Figura 27 – Riscos empresariais
Adaptada de: Amato (2014).
Os riscos decorrentes de projetos variam de acordo com a complexidade do contrato. Assim, variações 
orçamentárias e atrasos no pagamento podem inviabilizar a entrega de produtos ou serviços. No tocante 
aos riscos de suprimento, o aumento de preço nos insumos ou mesmo as crises de abastecimento podem 
acarretar graves prejuízos a toda uma cadeia de fornecimento (AMATO, 2014).
Para exemplificar, as mudanças de governo, os atentados terroristas (riscos políticos), o mau 
acondicionamento de produtos (risco de transporte), além da variação de preços (risco de mercado) e 
inflação ou variação cambial (riscos financeiros), são riscos empresariais que fazem parte da dinâmica 
empresarial. Além destes, existem os riscos jurídicos, “ligados a alterações legislativas ou jurisprudenciais” 
(AMATO, 2014, p. 260).
Como vimos, para mapear e gerenciar riscos, os empresários, ao contratarem entre si, buscam 
controlá-los (alocá-los) por meio de cláusulas que tenham o condão de mitigar as consequências 
advindas do evento previsível ou imprevisível, de forma a conferir segurança e previsibilidade na 
boa condução do contrato, ou seja, alocar riscos para minimizar prejuízos. Entretanto, devido à 
complexidade contratual própria dos contratos empresariais, ainda que os contratantes disciplinem 
de forma sistemática e equitativa a assunção dos riscos, alocando-os conforme as responsabilidades 
dos contratantes, os eventos podem ou não ocorrer e, em sua ocorrência, por vezes, os efeitos ficam 
aquém da previsibilidade.
183
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
Nesse sentido, na certeza de que as transações comerciais inevitavelmente expõem as partes a 
algum tipo de risco, as partes contratantes promovem a alocação de riscos. Assim, como já visto, 
parte-se do pressuposto de que os contratos entabulados entre empresas são simétricos e paritários, 
segundo o art. 421-A, II, do CC, com redação dada pela LLE:
 
Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários 
e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o 
afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em 
leis especiais, garantido também:
[…]
II – a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e 
observada (BRASIL, 2002).
De fato, a lei civil sinaliza para o equilíbrio de forças entre os contratantes que deve imperar nos 
contratos empresariais, não havendo que se falar em vulnerabilidade ou hipossuficiência de uma 
parte em relação à outra. Esse detalhe importante é que diferencia os contratos empresariais dos 
demais contratos.
Em síntese, vimos que os riscos são parte da atividade econômica empresarial e, portanto, inerentes 
aos contratos nesse segmento. Estudamos que, nos contratos empresariais, as partes contratantes se 
encontram numa equivalência de poderes para transacionar. Por essa razão, quando vão contratar, 
empresários e empresas cercam-se de “garantias”, geralmente fornecidas por terceiros, para mitigar 
qualquer ônus contratual. Assim ocorre, por exemplo, quando a empresa estabelece contrato de seguro 
com outra empresa, a fim de minimizar os riscos contratuais, ou mesmo quando há cláusula de não 
competição (CC, art. 1.147), como já se estudou, que é bastante utilizada nos contratos de distribuição 
e nos contratos de franquia.
 Lembrete
Cláusula de não competição (CC, art. 1.147) restringe a liberdade 
empresarial (proíbe àquele que aliena o estabelecimento comercial de se 
restabelecer no mesmo negócio por um determinado período em área 
geográfica específica).
O seguro-garantia inserido num contrato empresarial busca reequilibrar o contrato no âmbito 
econômico-financeiro, além de forçar o fiel cumprimento das obrigações pactuadas.
No mundo empresarial, a estratégia do lucro liga-se à ideia de melhor eficiência ao menor custo, 
contudo, já analisamos que a dinâmica empresarial gera impactos nos mais diversos agentes que 
também atuam no mercado: fornecedores, distribuidores, clientes, acionistas, consumidores, governo etc. 
184
Unidade IV
À vista disso, os contratos empresariais submetem-se aos princípios contratuais, destacando-se dois 
desses princípios: a boa-fé objetiva e a autonomia privada (LLE, art. 3º, V):
 
Art. 3º São direitos de toda pessoa, natural ou jurídica, essenciais para o 
desenvolvimento e o crescimento econômicos do País, observado o disposto 
no parágrafo único do art. 170 da Constituição Federal: […]
V – gozar de presunção de boa-fé nos atos praticados no exercício da 
atividade econômica, para os quais as dúvidas de interpretação do direito 
civil, empresarial, econômico e urbanístico serão resolvidas de forma a 
preservar a autonomia privada, exceto se houver expressa disposição legal 
em contrário (BRASIL, 2019).
Percebe-se que a boa-fé referida no artigo em comento insere-se num patamar objetivo, ou seja, 
relaciona-se com os efeitos externos do contrato empresarial, pois atinge de forma reflexa aqueles que 
não participaram da relação jurídica contratual e que, portanto, não têm acesso a todas as informações 
sobre o contrato. Assim, por exemplo, imaginemos um contrato de eventos entre empresas, que envolve 
uma rede de subcontratações, conforme veremos a seguir.
Exemplo de aplicação
A empresa A comprometeu-se a fornecer móveis e luminárias para a empresa B para um evento 
empresarial que seria realizado num dia inteiro com coffee break e almoço. No dia convencionado, a 
empresa A entregou com atraso os móveis e as luminárias, o que obrigou osparticipantes e palestrantes 
a aguardarem do lado de fora do local até a preparação do salão onde ocorreria o evento. Esse 
incidente provocou uma série de situações constrangedoras à empresa B: a empresa A não foi avisada 
sobre o atraso com antecedência; o coffee break teve de ser cancelado; houve atraso considerável nas 
palestras; houve diminuição do tempo para os palestrantes ministrarem as palestras; o tempo para 
o almoço foi reduzido; entre outros. Some-se a isso o desgaste dos organizadores para improvisar 
a agenda do evento e adequá-la aos horários, pois o contrato estabelecido entre a empresa B e a 
empresa C, que alugou o local para o evento, versava sobre horário do início e término da locação. Em 
não sendo possível essa adequação, a empresa B teve de arcar com a multa contratual estabelecida 
no contrato realizado com a empresa C (locadora), empresa D (serviço de buffet); empresa E (serviço 
de garçons); empresa F (serviço de valet). Além disso, afetou direitos de todos aqueles envolvidos 
indiretamente no evento (palestrantes, fornecedores, clientes).
Veja que, no caso em tela, o atraso na entrega dos móveis e das luminárias pela empresa A, bem 
como sua falta de comprometimento, acabou acarretando uma série de situações desagradáveis e de 
prejuízos financeiros que não puderam ser contornados pela empresa B. Esse fato onerou o contrato 
empresarial entabulado entre as empresas, que antes da execução apresentava-se equilibrado, mas, no 
momento da execução, desequilibrou-se em razão da má execução do contrato por uma das partes 
(empresa A). Dessa forma, não foram observados deveres contratuais importantes: confiança legítima, 
185
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
lealdade, probidade, transparência etc. Todos esses deveres contratuais encontram ressonância na 
boa-fé objetiva e na função social do contrato.
Vimos, portanto, a importância da boa-fé contratual e da função social do contrato, além de outros 
deveres anexos aos contratos, que, por certo, são verdadeiros lastros que sustentam o equilíbrio e a 
equidade nas relações jurídicas empresariais.
Vale lembrar que as cláusulas contratuais funcionam como instrumentais hábeis a conferir 
segurança e estabilidade aos contratos.
 Observação
Para mitigar os riscos oriundos da atividade, os contratos empresariais 
se antecipam por meio de determinadas cláusulas que funcionam como 
instrumentos de previsibilidade e segurança.
Sabe-se que os riscos são inerentes a toda e qualquer negociação empresarial, razão pela qual 
os contratantes se asseguram de alocá-los por meio de cláusulas contratuais a fim de estabelecer 
responsabilidades pela inexecução ou má execução do contrato.
No mundo globalizado dos negócios, onde transações internacionais movimentam o mercado 
mundial, determinados setores acabam sendo muito regulados em função dos riscos que apresentam à 
sociedade. É o caso do petróleo e gás, da energia, da saúde, entre outros mercados. Essa dinâmica obriga 
que os países adequem suas legislações à tendência internacional.
Paulo Vigna (2017), com muita propriedade, estatui que, atualmente, as empresas privadas e as 
empresas do setor público são cada vez mais pressionadas para melhorar suas performances financeiras 
e operacionais.
Com efeito, mercados muito regulados e a globalização cooperaram para que marcos regulatórios 
internacionais influenciassem os mercados nacionais no que tange à legislação. Assim ocorreu com a LDC, 
a Lei Anticorrupção e a Lei n. 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD).
7.1.2 Avaliação de riscos nos contratos empresariais
Conforme estudamos, os riscos advindos da contratação, embora sejam previsíveis, nem sempre são 
contornáveis, mas poderão ser bem administrados se houver uma boa gestão de riscos contratuais. Para 
isso, é preciso que haja uma boa avaliação sobre os riscos inerentes àquela transação.
186
Unidade IV
Avaliação 
de riscos
Mensuração 
de riscos
Mitigação 
de riscos
Análise 
de riscos
Figura 28 – Gestão de riscos contratuais
Análise de riscos
A análise de riscos contratuais se destina a promover um diagnóstico sobre os impactos do contrato 
com relação à empresa. São eles:
• custos (segurança da informação, seguro, logística);
• ciclo de vida dos produtos ou de serviços;
• impactos ambientais e sociais;
• externalidades etc.
Mensuração de riscos
A mensuração dos riscos contratuais equivale a identificar o custo-benefício no tocante ao 
investimento e à alocação de recursos necessários para viabilizar o contrato, além do cálculo efetivo 
sobre as probabilidades de o risco ocorrer e, nesse caso, suas possíveis consequências.
Nos contratos de fornecimento, por exemplo, mensurar riscos contratuais impõe a avaliação 
dos impactos e da intensidade sobre o fornecimento contratado, além das medidas de salvaguarda 
(CORREIA, 2014).
Em uma abordagem econômica dos contratos empresariais, Germano Manuel Correia (2014) sugere 
uma abrangência sistêmica do fornecimento:
• quanto à identificação do fornecedor;
• quanto à descrição do objeto do contrato;
187
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
• quanto às condições de entrega;
• quanto ao preço;
• quanto à análise de riscos contratuais.
Vejamos no quadro a seguir um protocolo de abordagem sistêmica de fornecimento:
Quadro 5 – Protocolo de abordagem sistêmica de fornecimento
Identificação Descrição do fornecimento
Condições de 
entrega Preço Análise de riscos contratuais
Fornecedor Descrição técnica do fornecimento Embalagem
Preço básico (com 
embalagem e 
transporte)
Atraso nas entregas (multa pecuniária 
proporcional ao atraso)
Atraso no pagamento (juros)
Objeto do 
fornecimento
Padrões de 
qualidade
Critérios de 
aceitação
Impostos e taxas 
incidentes sobre o 
fornecimento
Não conformidades (defeitos 
identificados, troca de mercadorias 
defeituosas, reembolso)
Referências sobre o 
contrato (número, 
data de celebração, 
prazo de validade)
Impactos 
ambientais e sociais
Local e data de 
entrega
Responsabilidade civil (danos diretos 
e a terceiros)
Contratação de seguro específico
Não cumprimento do contrato
Desistência do contrato pelo 
fornecedor
Insolvência ou falência
Adaptado de: Correia (2014).
No quadro anterior, é possível identificar que, quanto à análise de riscos, há de se determinar, 
além da identificação sobre fornecedor, objeto e informações básicas sobre o contrato, a descrição 
do fornecimento quanto aos padrões de qualidade e possíveis impactos ambientais e sociais, os quais 
são critérios aferidores de riscos imprescindíveis para uma boa gestão de contratos, assim como as 
condições de entrega e preço.
Atrasos na entrega e no pagamento acarretam instabilidade no âmbito contratual e geram perdas, 
muitas vezes irreparáveis, bem como não conformidades, podendo culminar, inclusive, em uma 
rescisão contratual.
Por essas e outras razões, quando se identificam os possíveis riscos de um contrato, é possível decidir 
com certa margem de segurança sobre as ações a serem tomadas, sejam elas a longo, médio ou curto 
prazo. Daí, a importância da análise de risco para tecer estratégias que possam auxiliar o gerenciamento 
dos contratos.
188
Unidade IV
Mitigação de riscos
Além da mensuração, devem ser analisadas questões que envolvam a mitigação dos riscos. Questões, 
como as listadas a seguir, precisam ser respondidas para que se promovam diligências necessárias a fim 
de minimizar as possíveis consequências (VIGNA, 2017, p. 25-26):
• Existe pessoal qualificado para gerir e controlar os riscos?
• Em caso positivo, esse pessoal possui expertise, tempo e recursos para gerir a performance desejada?
• Foram implementados mecanismos de ressarcimento (justo e razoável)?
• Existe a constituição de um seguro contra riscos?
• Há um plano de contingência com possível transferência de riscos?
Importante lembrar que os riscos do contrato sempre estarão conectados com o tipo e a estratégia 
de contratação. A depender do contrato empresarial, maioresou menores serão suas especificidades. 
Assim, aspectos como os mencionados a seguir deverão ser avaliados e considerados de acordo com 
cada contrato empresarial:
• tipo e porte econômico da empresa;
• segmento empresarial;
• principais atividades da empresa;
• quadro societário;
• clientes e rede de fornecedores;
• custos e valores envolvidos;
• performance da empresa;
• satisfação dos clientes;
• relações da empresa com público interno e externo;
• responsabilidade social e boas práticas corporativas;
• relações da empresa com o governo;
• finanças da empresa;
• capacidade produtiva;
• recursos humanos;
189
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
• padrões de qualidade para produtos e serviços;
• filosofia e missão da empresa;
• programas de integridade.
Vejamos o que nos ensina Paulo Vigna (2017, p. 20), ao discorrer sobre a estratégia dos contratos 
relacionada aos riscos do desenvolvimento:
 
Dentro de uma empresa, a estratégia para lidar com um contrato em 
particular deve refletir a estratégia geral da empresa em relação às suas 
compras, ao fornecimento e as suas contratações.
O desenvolvimento de uma estratégia contratual tem o objetivo de 
estabelecer a forma da compra ou fornecimento e prover auxílio na 
determinação da formulação da assinatura do contrato, bem como de seu 
estilo, tipo de gestão a ser adotada na hora de entrega de bens ou serviços, 
relações de gestão e administração contratual.
Verifica-se, portanto, que a alocação de riscos contratuais está intimamente relacionada com o 
desenvolvimento do contrato e com a forma como será realizada. Até porque, ao celebrar um contrato 
empresarial, os parceiros comerciais são livres para estabelecerem as cláusulas que melhor lhes favoreça, 
desde que elas não incorram em ilegalidades.
Note que, no tocante aos contratos empresariais, por mais que se busque prever ou mitigar riscos, 
é fato que não é possível prever todas as vicissitudes que possam alterar as condições contratuais. De 
toda forma, a disciplina dos contratos empresariais deve privilegiar a confiança recíproca, trazendo os 
menores custos de transação, o que permitirá tangenciar os interesses econômicos envolvidos e cumprir 
os princípios da boa-fé objetiva e a função social do contrato.
Sabe-se que o contrato é um instrumento jurídico que sela obrigações jurídicas a serem cumpridas 
pelas partes contratantes. No caso dos contratos empresariais, além das obrigações comerciais, vimos 
que é preciso estabelecer nesses contratos a alocação de riscos. Esta deve ser bem gerenciada, de forma 
a dar cumprimento à função social e econômica do contrato.
Em síntese, verificou-se que os contratos empresariais, celebrados entre empresas, diferenciam-se 
dos demais contratos pelo escopo de lucro e pela presunção de que exista uma paridade contratual em 
face dos interesses econômicos que esses contratos envolvem.
A importância da análise de alocação e mitigação de riscos para os contratos empresariais se justifica 
pelo fato de que, se os riscos não forem bem gerenciados, compromete-se toda a finalidade patrimonial 
do contrato, além de incorrer-se em prejuízos à organização, muitas vezes incontornáveis.
190
Unidade IV
7.2 Fases contratuais na análise de riscos
Adotar um sistema eficiente de gestão de contratos para que a empresa, em suas atividades negociais, 
tenha um bom desempenho financeiro e operacional é essencial.
O controle do capital de giro, dos lucros e da rentabilidade, assim como o monitoramento da saúde 
patrimonial da companhia são parte do planejamento estruturado. Esse monitoramento é vital para o 
ciclo de vida financeira da empresa.
A gestão de contratos surge como uma ferramenta hábil a gerenciar de forma eficiente não só o 
cumprimento de todas as etapas contratuais, mas também a instrumentalização das medidas garantidoras, 
caso o negócio apresente situações contingenciais contornáveis através de um bom plano de ação.
A tecnologia tem desenvolvido formas de gestão contratual que facilitam a vida do gestor, tais como:
• automatização de documentos;
• proteção de dados em nuvem;
• assinaturas criptografadas etc.
Ademais, o sistema automatizado de gestão traz vários benefícios à empresa:
• economia de tempo;
• alocação de custos;
• maior controle sobre dados e documentos;
• maior segurança;
• melhora no desempenho da empresa com vistas a aumentar sua lucratividade.
 Observação
A gestão de contratos vincula-se às fases pré-contratual, contratual, 
de negociação e elaboração das cláusulas, pós-contratual, de execução e 
finalização das obrigações.
7.2.1 Fase pré-contratual
Na fase pré-contratual, é importante que o trajeto a percorrer seja alinhado por critérios. Assim, 
estabelecer regras de contratação para a empresa é fundamental para padronizar um sistema de 
contratação a ser seguido e observado. Nessa fase, é preciso, antes da assinatura do contrato, conhecer 
a empresa com quem se vai contratar, buscar referências, verificar o cumprimento da empresa com 
191
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
relação às suas obrigações legais, conhecer sua atuação comercial, entre outras questões relevantes 
e essenciais.
De acordo com as lições desenvolvidas por Germano Manuel Correia (2014, p. 224), quando duas 
empresas travam um relacionamento comercial, elas criam uma interface contratual para direcionar 
a “transação objeto” do relacionamento e maximizar os benefícios para as partes envolvidas, portanto 
essa interface deve ser muito detalhada.
Os contratos empresariais definem-se por meio de elementos básicos para serem concretizados, 
nomeadamente para aqueles que tratam da compra e venda. Vejamos esses elementos a seguir:
Contratos
Ativos Medidas de salvaguarda
Preço
Figura 29 – Condições básicas dos contratos
Com relação aos ativos, mobilizam-se recursos específicos para produção do bem a ser contratado; 
medidas de salvaguarda são as penalidades impostas aos contratantes no caso de eventual 
descumprimento do contrato. Além dessas condições, outras podem ser inseridas no contrato: 
quantidade, qualidade e prazo de entrega (CORREIA, 2014).
Assim, na fase pré-contratual, a avaliação econômica do contrato é de especial importância. 
Conjugam-se a essa fase requisitos imprescindíveis, tais como:
• consentimento;
• confiança;
• boa-fé;
• atribuição de responsabilidades;
• respeito aos deveres anexos ao contrato (cooperação, confiança legítima, lealdade).
192
Unidade IV
Um plano de negócios deve estar alinhado às estratégias corporativas e ao funcionamento da 
empresa. Para isso, esse plano deve definir os objetivos do contrato e do negócio objeto do contrato, em 
atendimento às necessidades da empresa de forma acessível e realizável (VIGNA, 2017).
Ao promover a gestão dos contratos empresariais, geralmente as empresas, notadamente as de 
grande porte, providenciam equipes responsáveis para lidar com a gestão desses contratos, nos mais 
variados níveis de alocação de riscos. Assim, poderá haver uma equipe que cuide da parte jurídica e de 
compliance, outra que responda pelo monitoramento de projetos e parcerias a serem realizadas, outra, 
ainda, responsável pela logística e pela parte administrativa.
 Observação
É possível que as avaliações de risco sejam empreendidas por uma única 
equipe responsável constituída por diversos membros com funções distintas.
7.2.2 Fechamento e assinatura do contrato
No que tange ao fechamento do contrato, Paulo Vigna (2017, p. 63) chama atenção para a fase da 
assinatura do contrato, já que ela “abarca uma série de aspectos importantes, como a comunicação ao 
parceiro/fornecedor de que a empresa o escolheu e comunicação aos que não foram escolhidos”. Além 
disso, adiciona o autor, é importante que se promova a “publicização da escolha”. Mas, segundo ele, 
existem mais algumas questões importantes a serem observadas. Vejamos:
• garantir que todas as partes do contrato conheçam seus papéis e suas reponsabilidades de imediato;
• checar se os procedimentos acordados serãocumpridos por todas as partes;
• garantir que todas as etapas até o momento sejam explicadas à equipe de gestão de contrato, 
uma vez que seus membros podem ser diferentes da equipe de projetos, que buscou parceiros;
• se for o caso, cuidar para que a transição do parceiro seja feita de maneira integrada e menos 
danosa possível.
Dessa forma, a uniformização de parâmetros quanto às responsabilidades das partes evita ou 
minimiza situações conflitantes. A checagem sobre as etapas e os prazos de cumprimento conjugada à 
descrição dos fatos e das equipes parceiras auxilia a condução do bom andamento do contrato.
7.2.3 Fase de execução
Após a fase pré-contratual e a assinatura do contrato, ocorre a execução do contrato. Durante 
essa fase, realiza-se o monitoramento do contrato e dos possíveis riscos envolvidos, com eventuais 
adaptações, se for o caso. Nessa fase, é necessário que não ocorram disputas ou elementos-surpresa, 
já que o planejamento de riscos antecede a fase pré-contratual e concretiza-se na elaboração e no 
193
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
fechamento do contrato, cujas condições e garantias, estipuladas e convencionadas pelas partes, as 
obrigam ao cumprimento.
A fase de execução do contrato enseja sua administração. Em fase posterior à assinatura, a gestão 
se destina a verificar o acompanhamento do bom desempenho contratual, ou seja, a efetivação 
do contrato (entrega do produto ou serviço), cumprimento das condições de entrega, enfim, a 
administração do contrato.
Gestão 
do contrato Acompanhamento
Administração 
do contrato
Figura 30 – Gestão de contratos posterior à assinatura
7.2.4 Monitoramento dos contratos empresariais
Vimos que a importância da gestão de contratos empresariais liga-se aos riscos envolvidos, portanto 
podemos dizer que se trata de uma gestão de riscos contratuais. Mas quais riscos são passíveis de 
monitorar em um contrato empresarial? Entre os riscos empresariais, podemos destacar:
• riscos que envolvem questões de ordem econômico-financeira;
• riscos jurídicos;
• riscos políticos;
• riscos de projeto e de execução que se classificam de acordo com as probabilidades de ocorrerem 
(ou não), bem como as dimensões impactantes desses riscos e a possibilidade de mitigá-los.
No quadro a seguir, vejamos alguns dos riscos envolvidos na vida dos contratos empresariais.
Quadro 6 – Análise de riscos
Riscos financeiros Riscos de projeto e execução Riscos jurídicos
Riscos econômicos 
e políticos
Orçamento
Formas de pagamento (à vista, 
financiado, parcelado)
Qualificação da equipe
Alterações ou modificações 
no projeto
Documentação
Riscos regulatórios
Riscos ambientais
Autorizações legais
Protestos, terrorismo, greves
Eleições
Conflitos armados
Investimento e financiamento Prazos (cumprimento)
Alterações legislativas
Caso fortuito
Intervenção estatal
Recessão
Inflação
Depreciação da moeda
Reajustes Insumos utilizados (substituição, por exemplo) Perecimento do bem
Sanções econômicas 
internacionais
194
Unidade IV
Dessa forma, constatamos que os riscos são inerentes às atividades empresariais. No entanto, vimos 
que é possível gerenciá-los por meio de uma análise preliminar dos contratos, avaliando as questões 
pontuais. Se o contrato se efetivar, será planejar um monitoramento do ciclo de vida desse contrato.
Sabe-se que mudanças contratuais são quase inevitáveis, entretanto é preciso que as alterações 
contratuais sejam gerenciadas de forma a trazer o mínimo de prejuízo às partes contratantes. 
Nesse sentido, a gestão dos contratos, com relação à entrega do produto ou serviço, relaciona-se 
à satisfação do cliente. Assim, mensurar a qualidade e o desempenho dos fornecedores nessa etapa 
(capacidade, benefícios alcançados, receptividade, relacionamento, lucros e custos obtidos) é de 
primordial importância (VIGNA, 2017).
No âmbito da gestão dos contratos, a relação com a outra parte contratante não é menos importante, 
tendo em vista que é nessa etapa que ocorre a administração do contrato. Dessa forma, manter os 
documentos relativos à contratação atualizados, além de um sistema de controle de mudanças 
contratuais com relatórios regulares, evitará que outras áreas atinentes à administração (custos, 
pagamentos, orçamentos, recursos e planejamento) sejam afetadas (VIGNA, 2017).
Conforme já vimos, o fechamento, ou seja, a finalização do contrato, conclui sua última etapa. Nesse 
momento, verificam-se se todos os procedimentos foram realizados, se houve falha no desempenho e se 
haverá interesse em dar continuidade à contratação com uma possível renovação.
Germano Manuel Correia (2014) ensina que o planejamento da gestão do contrato implica a 
verificação de todas as etapas anteriores ao fechamento deste, tais como:
• avaliação econômica do contrato;
• reinvindicações (claims);
• cronograma e progresso contratual;
• relatório econômico e financeiro.
Toda relação contratual deve ser acompanhada de uma auditoria inicial sobre o negócio a ser 
transacionado. Análise das documentações, da empresa contratada, verificação das responsabilidades 
e obrigações assumidas, bem como conhecimento do objeto contratado são procedimentos hábeis a 
mapear a futura transação a fim de que não haja surpresas que acarretem situações por vezes difíceis 
de contornar.
Assim, é importante que se tenha um cronograma para avaliar o progresso contratual. Este envolve 
desde a sequência cronológica contratual até a renegociação, alteração ou mesmo renovação contratual. 
Assim, o processo de gestão contratual envolve desde as atividades pré-contratuais, passando por 
aquelas a serem executadas, o tempo de duração do contrato, alcançando a parametrização diária das 
atividades contratuais, que poderão ser monitoradas se houver um planejamento eficiente de riscos.
195
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
Além das etapas iniciais, outras são relevantes para a gestão de contratos, notadamente aquelas 
posteriores à assinatura. Assim, a gestão da entrega do produto ou serviço, as possíveis alterações 
contratuais, reajustes, revisão e a finalização vão depender da boa gestão de vida do contrato, 
procedimento que permite a redução de custos, segurança contratual e higidez qualitativa, possibilitando 
uma medição razoável e fidedigna da performance dos contratantes.
Acabamos de estudar sobre gestão dos contratos desde sua fase inicial até seu encerramento. A 
seguir, analisaremos o gerenciamento e auditoria jurídica nos contratos empresariais.
7.3 Gerenciamento e auditoria nos contratos empresariais
Vimos que os contratos empresariais se constituem por meio de acordos básicos das relações 
empresariais. A análise de um planejamento de gestão de riscos é essencial para medir a performance dos 
contratantes e do próprio ciclo de vida dos contratos. Para isso, analisamos as etapas a serem observadas 
a partir da avaliação estratégica, para um melhor conhecimento do contrato e dos contratantes e para 
uma boa gestão de riscos contratuais.
Neste momento, estudaremos sobre o gerenciamento dos contratos em relação à auditoria contratual. 
Primeiro, é importante atentar para a diferença entre gestão de contratos e auditoria contratual. Na 
auditoria, há um acompanhamento e monitoramento do contrato para verificar a conformidade dele 
com a legislação vigente e as normas impostas pela organização. Na gestão de contratos, a finalidade é 
a verificação do ciclo de vida do contrato.
Nesse sentido, é possível perceber que, embora a atividade de auditoria seja parte indissociável da 
gestão de contratos, não é possível falarmos de gestão de ciclo de vida dos contratos sem considerar 
que eles devem ser auditados. Em outras palavras, a análise do ciclo de vida dos contratos engloba a 
conformidade do contrato com a lei e com as regras impostas pela empresa.
A auditoria analisa os documentos da companhia e verifica se estão de acordo com as políticas 
implementadas pela empresa, ou seja, se a documentação da companhia está compatível com a 
missão e a filosofiada organização. Além disso, o auditor, na análise dos contratos, verifica se as 
cláusulas contratuais apresentam falhas ou se há qualquer dispositivo contratual em desrespeito com 
a legislação.
No âmbito empresarial, a auditoria está vinculada aos processos internos da empresa e pode estar 
limitada a uma determinada área da organização. O processo de gerenciamento e de auditoria consiste 
em levantar a documentação da empresa, além de verificar os registros, as licenças, autorizações e 
outros documentos pertinentes à atividade-fim.
Ao finalizar uma auditoria, o auditor deverá apresentar um relatório à empresa auditada descrevendo 
todos os resultados bem como os problemas surgidos durante a auditoria, para que sejam realizadas 
correções e/ou alterações com indicação de melhorias para a empresa.
196
Unidade IV
O gerenciamento dos contratos, no que tange à auditoria, não se limita apenas à parte teórica das 
contratações, mas também ao mapeamento de todo o contrato e seu ciclo de vida, com vistas a apontar 
as inconsistências e possíveis melhorias.
Assim, a auditoria pode se realizar de forma interna ou externa. João Guterres de Mattos (2017, 
p. 30) explica a função do auditor interno:
 
O auditor interno avalia os fluxos dos processos apontando os pontos de 
riscos, também realiza testes nos processos de rotina das áreas auditadas 
para verificar a sua eficácia e eficiência. Ainda, o auditor interno analisa e 
testa os controles internos já mapeados de cada uma das áreas que audita, 
realizando testes substantivos quando necessário. Faz parte da rotina do 
auditor, além do cumprimento do plano de auditoria, atender a demandas 
especiais da gestão, como por exemplo investigações de possíveis fraudes 
ou erros operacionais.
Dessa forma, ao fazer uma auditoria, o auditor não se responsabiliza diretamente sobre os processos 
que analisa. Sua responsabilidade se resume ao parecer (relatório) final que deve apresentar com as 
recomendações sugeridas.
Importante ressaltar que a auditoria pode se dar em diversos segmentos:
• contábil;
• financeiro;
• fiscal;
• trabalhista;
• de sistemas e processamento de dados;
• jurídico etc.
7.3.1 Auditoria interna
O gerenciamento de processos contratuais aliado à auditoria interna deve ocorrer de forma 
periódica e contínua, pois somente assim será possível alcançar eficiência na prevenção de fraudes e de 
falhas na condução dos processos e das contratações empresariais e, por consequência, no aumento 
de credibilidade da empresa.
No quadro a seguir, encontramos algumas etapas da auditoria interna.
197
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
Quadro 7 – Fases da auditoria interna
O que será auditado? Escolha da área auditada, planejamento, critérios utilizados
Objetivos e resultados esperados Transparência, cultura empresarial, aperfeiçoamento dos controles internos e operacionais
Periodicidade da auditoria Cronograma, prazos
Etapas Planejamento, mapeamento e procedimento, identificação de riscos, prioridades e detalhamento de ações, desenvolvimento
Validação
Não conformidade, falhas
Propostas de melhoria (plano de ações futuras)
Monitoramento Processo contínuo e periódico
7.3.2 Auditoria externa
Além da auditoria interna, existe a auditoria externa ou independente. A finalidade da auditoria 
externa é ampliar o grau de credibilidade da empresa. Comumente, esse tipo de auditoria está mais 
ligado à contabilidade da empresa.
7.3.3 Auditoria contratual
A importância da auditoria contratual relaciona-se com a verificação de conformidade contratual. 
Nesse sentido, avaliam-se gerenciamentos, implementam-se procedimentos e objetividade nos 
controles operacionais internos, com vistas a promover adequação de boas práticas empresariais.
A auditoria, no âmbito dos contratos, é de vital importância, já que erros, fraudes e o descumprimento 
de obrigações contratuais geram situações contingenciais de difícil remediação. Logo, a auditoria na 
esfera contratual fornece subsídio para prevenção de falhas e fraudes que possam ocorrer, além de 
funcionar como ferramenta útil para diagnosticar possíveis fragilidades contratuais e organizacionais.
 Observação
Cabe ao advogado analisar as questões jurídicas e legais sobre o contrato.
Note que a antecipação de riscos, a partir de uma auditoria contratual, otimiza custos e viabiliza 
a circulação de riquezas para a empresa, visto que possibilita alocar os possíveis riscos contratuais – 
estratégia que aumenta oportunidades de negócio por meio de estruturação dos custos envolvidos 
no contrato.
De fato, identificam-se alguns compromissos que devem ser prestados pelos fornecedores 
(manuais de operações, reposição de peças, certificados etc.), além de outros aspectos contratuais 
que “devem ser verificados pelo gerente de contratos para garantir o cumprimento das obrigações 
assumidas pelo fornecedor no acordo contratual” (CORREIA, 2014, p. 243).
198
Unidade IV
A importância da auditoria nos contratos empresariais também se destina a aperfeiçoar o 
contrato, por exemplo na modificação das cláusulas em desacordo com as regras da empresa ou com 
a legislação, ou mesmo promover o equilíbrio contratual, quando ocorre a oneração excessiva para 
uma das partes contratantes. Além disso, a auditoria serve também para a apuração de possíveis falhas 
contratuais ou fraudes.
Em síntese, a auditoria nos contratos empresariais reduz custos para a companhia, ao diminuir o 
passivo judicial consistente em demandas desnecessárias. Além disso, preserva o acervo contratual da 
empresa por meio das análises realizadas e otimiza resultados positivos para a organização.
 Saiba mais
Lei o artigo a seguir:
QUARTZO. A quebra da Enron. 21 out. 2017. Disponível em: 
https://bit.ly/3JPqZZC. Acesso em: 23 fev. 2022.
8 PARCERIA, COLABORAÇÃO, FORNECIMENTO, TERCEIRIZAÇÃO E LICENCIAMENTO 
DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL
8.1 Contratos de parceria
Contratos de parceria são utilizados para firmar o interesse de empresários que pretendem realizar 
parceria em determinado segmento mercantil. Nos contratos de parceria, identifica-se uma relação de 
paridade que contempla a participação nos lucros e nas perdas. A ideia, aqui, é ampliar a lucratividade 
e melhorar a qualidade dos produtos e serviços.
8.1.1 Natureza jurídica
Trata-se de contrato atípico em razão de sua originalidade, que se caracteriza pelos interesses dos 
contratantes e pela ausência de um regime jurídico próprio aplicável a esse tipo de contrato.
8.1.2 Características
Os contratos de parceria caracterizam-se pela iniciativa dos contratantes em atingir um objetivo 
comum, portanto assemelham-se aos contratos de sociedade. Nesse tipo de contrato, inexiste 
qualquer tipo de subordinação, as partes contratantes são autônomas e participam tanto dos lucros 
quanto das perdas.
Nos contratos de parceria, procura-se otimizar as operações empresariais e a especialização, por 
exemplo em matéria de prestação de serviços. Regras referentes à comercialização e remuneração são 
comuns nesse tipo de contrato, além de cláusulas específicas, por exemplo a de confidencialidade.
199
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
A projeção da empresa e a ampliação da rede de contatos fazem desse modelo de contrato o 
mais procurado, não só porque as partes mantêm sua autonomia, mas também porque promove uma 
ampliação de negócios.
 Saiba mais
Leia o artigo a seguir:
SERPRO. Serpro e AWS juntas para impulsionar a transformação digital 
do país. 2 jun. 2020. Disponível em: https://bit.ly/36A82vA. Acesso em: 
23 fev. 2022.
Consulte também a legislação a seguir:
BRASIL. Lei n. 13.303, de 30 de junho de 2016. Brasília, 2016. Disponível 
em: https://bit.ly/35nA252. Acesso em: 23 fev. 2022.
8.1.3 Formalização
A formalização dos contratos de parceria segue a regra dos contratos em geral, ou seja, segundo as 
normas do CC com respeito às obrigações, aos princípios da boa-fé e da função social dos contratos, 
prazos, formas de pagamento, penalidades e hipóteses de rescisão.
Esse tipo de contratoocorre em razão de empreendimento que se pretende desenvolver, portanto, 
além das cláusulas básicas, é necessário que sejam redigidas cláusulas específicas quanto às exigências 
e aos limites do que foi pactuado.
Cláusulas específicas
Cláusulas como não concorrência, exclusividade, confidencialidade ou sigilo devem estar bem 
redigidas, de forma clara, sem dubiedades, para que não ocorra um desequilíbrio contratual.
Assim ocorre nos contratos de parcerias comerciais, por exemplo compra e venda de 
estabelecimentos comerciais, em que se coloca uma cláusula de não concorrência. O art. 1.147 do CC 
dispõe que, em não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer 
concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência.
A cláusula de não concorrência deve trazer o prazo a que se refere, atrelado ao objeto do contrato, 
ou seja, com a descrição sobre o que seria objeto de concorrência (quais atividades são concorrentes). 
Além disso, não pode contrariar a lei, sob pena de abuso de direito.
200
Unidade IV
 Observação
A Corte do STJ decidiu sobre a validade e eficácia de cláusula de não 
concorrência, inserida em contrato comercial associativo, para proteger 
o know-how em razão de investimentos da empresa em tecnologia, 
treinamento, qualificação, marketing e credenciamento (STJ, 3ª T., REsp 
n. 1.203.109/MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 5-5-2015, DJe, 11-5-2015).
Com relação à cláusula de exclusividade, desde que não incorra em abuso de direito, é admissível 
nos contratos empresariais. Essa prática é comum no mercado empresarial e visa manter a fidelidade do 
parceiro comercial.
 Lembrete
A cláusula de exclusividade é válida e utilizada em contratos de parceria 
destinados a investir em tecnologia, qualificação e treinamento.
Quando há um acordo de confidencialidade e de sigilo, proíbe-se a divulgação de dados ou 
informações confidenciais e sigilosas a que as partes tiveram acesso. Esse expediente é utilizado para 
evitar ou mesmo minimizar possíveis riscos ou prejuízos à empresa pela divulgação, por exemplo, de 
segredo industrial.
8.2 Contratos de colaboração
Nesse tipo de contrato, diferentemente do que ocorre com os contratos de parceria, segundo 
Paula Forgioni (2020, p. 201), há uma dependência recíproca, uma vez que se conjugam colaboração 
e intercâmbio.
Nos contratos de colaboração, em que a intermediação está presente, a ideia é ampliar e consolidar 
o mercado de produtos. De um lado, tem-se o colaborador e de outro, o fornecedor. Cabe ao colaborador 
envidar esforços na divulgação e na propagação do produto ou serviço.
8.2.1 Principais características
Colaboração por aproximação
Na colaboração por aproximação, não há revenda de produtos do fornecedor, mas sim um trabalho 
de identificação dos interessados em adquirir os produtos do fornecedor (por exemplo, representação 
comercial, na qual o colaborador é remunerado por seus serviços de acordo com um percentual acordado).
201
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
Colaboração por intermediação
Na colaboração por intermediação, há uma relação de compra e venda, ou seja, o intermediador 
(colaborador) se compromete a revender os produtos do fornecedor, por exemplo como ocorre 
com a franquia.
Nos contratos de colaboração, verifica-se um vínculo associativo para investimentos específicos por 
conta dos contratantes, sendo que o colaborador se obriga a criar e fixar mercado para a negociação de 
produtos ou serviços para o outro contratante. Nesse tipo de contrato, está presente a união de força 
que corrobora o desempenho das empresas em suas atividades.
8.2.2 Tomada de decisão
Nos contratos associativos, a tomada de decisão é mais dificultosa (FORGIONI, 2020), tendo em vista 
que não se trata de contrato de sociedades, onde as decisões são legalmente dispostas e previstas 
em lei. Assim, a solução seria estabelecer, de forma antecipada, as tomadas de decisão a que as partes 
são obrigadas a aceitar. Contudo, é impossível que um contrato possa prever toda e qualquer 
situação contingencial.
8.2.3 Inadimplemento
Com relação ao inadimplemento, segue a regra geral do art. 476 do CC: “Nos contratos bilaterais, 
nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro” 
(BRASIL, 2002). Assim, a lei civil dispõe sobre a cláusula resolutiva do contrato pelo não adimplemento.
Paula Forgioni (2020, p. 209) ressalta que, nos contratos de colaboração, muitas vezes o contratante 
cumpre a obrigação, mas “não o faz exatamente da forma contratada”. Nesse sentido, a solução 
tradicional direciona-se pela possibilidade da denúncia para parte “inocente”, conforme versa o 
art. 475 do CC.
Assim, conforme o artigo em comento, a parte lesada pelo inadimplemento poderá pedir a resolução 
do contrato, a menos que prefira exigir o cumprimento. Tanto na exigência do cumprimento da obrigação 
contratual quanto na resolução do contrato, caberão, ainda, perdas e danos.
A parte lesada tem duas escolhas:
• Requerer resolução contratual com perdas e danos.
• Exigir o cumprimento do contrato com perdas e danos.
202
Unidade IV
Inadimplemento e culpa recíproca
No caso de inadimplemento recíproco, Paula Forgioni (2020, p. 208) ressalta que esse é um dos 
problemas mais comuns nos contratos associativos, ou seja, “quando ambos os participantes não 
cumprem suas obrigações, ou cumprem-nas com deficiências”.
Qual a solução jurídica nesse caso? Na falta de norma específica, a autora aduz que devem ser 
utilizados os “vértices gerais do sistema de direito comercial”, ou seja, as cláusulas gerais dos contratos 
(FORGIONI, 2020, p. 209):
• vedação do enriquecimento sem causa;
• respeito à boa-fé objetiva;
• proteção da legítima expectativa da outra parte;
• usos e costumes;
• vedação do aproveitamento da própria torpeza, de modo que nenhuma das partes pode tirar 
benefícios de sua culpa.
8.3 Terceirização
O fenômeno pós-Revolução Industrial imprimiu a terceirização como modelo de negócio. Por essa 
estratégia empresarial, as empresas passaram a transferir a responsabilidade sobre determinado serviço 
para uma ou mais empresas.
A terceirização é uma tendência contemporânea do sistema capitalista, que consiste em uma 
empresa prestar serviço para outra em regime de contratação. Esse tipo de estratégia aparece na 
realidade brasileira a partir dos anos 1990, com a liberalização econômica.
Trata-se de contrato celebrado pela empresa de trabalho temporário e a tomadora de serviços, 
devendo ser realizado por escrito (Lei n. 13.429/2017, art. 9º).
A terceirização, portanto, funciona da seguinte forma: a empresa prestadora de serviços a terceiros é 
a pessoa jurídica de direito privado destinada a prestar à contratante serviços determinados e específicos.
E qual a vantagem para as empresas ao terceirizar serviços? Uma das vantagens da terceirização 
é a redução de custos com relação aos recursos humanos, eliminando os gastos com contratação e 
pagamento de pessoal. É de notar que as empresas organizam suas atividades administrativas 
e operacionais alocando riscos e diminuindo os custos para a organização. A terceirização propicia 
conferir uma melhor especialização dos serviços ao terceirizá-los a empresas com maior expertise.
203
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
Figura 31 – Terceirização
Disponível em: https://bit.ly/3IeiIh7. Acesso em: 23 fev. 2022.
Para exemplificar melhor, tomemos a cadeia produtiva da indústria automobilística brasileira. Na 
década de 1990, as empresas automobilísticas resolveram terceirizar seus serviços, e a justificativa para 
isso foi o fato de não existir, na época, uma rede de fornecedores confiáveis quanto à entrega de 
produtos ou em relação aos preços desejados. Além disso, as empresas buscavam maior flexibilidade e 
centralização no foco de produção (AMATO NETO; MARINHO; AMATO, 2014).
Atualmente, além da terceirização, para maior descentralização de atividades, as empresas passaram 
a adotar o regime de parcerias,como já vimos, de forma a promover associação de empresas para 
atingir um objetivo comum.
A terceirização pode acarretar ganhos de produtividade se bem conduzida, além da oportunidade de 
expansão da empresa no seu ramo de atividade. Portanto, esse expediente empresarial otimiza custos 
de produção e agrega valor à organização.
Atente para as palavras de Amato Neto e Marinho (2014, p. 49):
 
A terceirização é uma técnica administrativa que possibilita o 
estabelecimento de um processo gerenciado de transferência, a terceiros, 
das atividades acessórias e de apoio ao escopo da empresa, permitindo 
a esta (chamada empresa-mãe) concentrar-se no seu negócio principal, ou 
seja, no seu core business. Para a empresa subcontratada, o próprio serviço 
prestado na forma de terceirização integra sua atividade-fim.
204
Unidade IV
Assim, vimos que a terceirização é uma modalidade de negócios para a empresa. Ao terceirizar, a 
companhia, de forma estratégica, delega serviços a outras empresas que ela mesma poderia realizar. 
Ao transferir a outra empresa a realização de um determinado serviço, não só amplia as formas de 
contratação, mas também flexibiliza o direcionamento de suas atividades.
8.3.1 Regime de contratação temporária
A Lei n. 13.429, de 5 de setembro de 2017, alterou o regime de contratação temporária, disciplinado 
pela Lei n. 6.019, de 3 de janeiro de 1974, regulamentando a terceirização e as relações de trabalho na 
empresa de trabalho temporário, na empresa de prestação de serviços e nas respectivas tomadoras de 
serviço e contratante (Lei n. 6.019/1974, art. 1º).
De acordo com o art. 2º da Lei n. 6.019/1974, com redação dada pela Lei n. 13.429/2017:
 
Art. 2º Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada 
por uma empresa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma 
empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de substituição 
transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de 
serviços (BRASIL, 1974).
Trabalho 
temporário
Demanda 
complementar de 
serviços
Atender à necessidade 
de substituição 
transitória de pessoal 
permanente
Tomadora de serviços Pessoa física
Figura 32 – Lei n. 6.019/1974, art. 2º, com redação dada pela Lei n. 13.429/2017
 Observação
A empresa contratante não possui vínculo empregatício com os 
colaboradores, mas estes possuem vínculo empregatício com a contratada.
Formalização
O contrato de trabalho temporário, de acordo com a Lei n. 6.019/1974, pode versar sobre o 
desenvolvimento de atividades-meio e atividades-fim (art. 9º, § 3º) a serem executadas na empresa 
205
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
tomadora de serviços e, portanto, deverá ser realizado por escrito, ficando à disposição da autoridade 
fiscalizadora no estabelecimento da tomadora de serviços.
Esse tipo de contrato deve conter as seguintes especificações (BRASIL, 1974):
• qualificação das partes;
• motivo justificador da demanda de trabalho temporário;
• prazo da prestação de serviços;
• valor da prestação de serviços;
• disposições sobre a segurança e a saúde do trabalhador, independentemente do local de realização 
do trabalho.
A Lei n. 6.019/1974 também dispõe que será de responsabilidade da empresa contratante garantir 
as condições de segurança, higiene e salubridade dos trabalhadores, quando o trabalho for realizado em 
suas dependências ou em local por ela designado.
8.3.2 Relações jurídicas na terceirização
Verifica-se que há uma relação tridimensional na terceirização, já que o trabalhador terceirizado 
mantém vínculo empregatício com a empresa prestadora de serviço (empresa terceirizada) e esta mantém 
contrato de prestação de serviços com a empresa tomadora de serviços. Veja na figura a seguir:
Prestadora de 
serviços
Empresa 
tomadora
Trabalhador 
terceirizado
Relação de emprego 
(contrato de trabalho)
Contrato de prestação 
de serviços
Figura 33 – Terceirização: relação tridimensional
A empresa prestadora de serviços a terceiros, como pessoa jurídica de direito privado, destina-se a 
prestar à contratante serviços determinados e específicos.
206
Unidade IV
Empresa prestadora de serviços
Contrata
Remunera
Subcontrata outras empresas para 
realização desses serviços
Dirige o trabalho realizado 
por seus trabalhadores 
Figura 34 – Empresa prestadora de serviços
Relações jurídicas estratégicas
Amato Neto, Marinho e Amato (2014) afirmam que a terceirização pode ser identificada em duas 
estratégias distintas: estratégia articulada e estratégia restritiva. Vejamos as distinções de cada uma 
delas, segundo os autores:
• Estratégia articulada: a empresa-mãe (empresa contratante) e a empresa-destino (empresa de 
terceirização) se esforçam, em conjunto, para qualificar fornecedores e aumentar a qualidade do 
produto, com a consequente obtenção de vantagem competitiva.
• Estratégia restritiva: a contratante transfere atividades para terceiros sem muita preocupação 
com sua escolha ou com a avaliação da qualidade do produto ou serviço.
Objetivos da terceirização
Entre os objetivos da terceirização, Amato Neto, Marinho e Amato (2014) destacam:
• maior flexibilidade e agilidade nos sistemas de produção e de gerenciamento de empresas;
• focalização na sua core competence (competência nuclear);
• melhor qualidade do produto ou serviço;
• diminuição dos custos fixos, referentes a instalações, equipamentos, espaço físico, mão de obra 
indireta de suporte etc.;
• redução do próprio tamanho da empresa (maior agilidade de competição).
207
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
Principais cláusulas
O contrato de terceirização deve trazer obrigatoriamente:
• a qualificação das partes;
• a especificação do serviço a ser realizado pela terceirizada;
• o prazo para a realização do serviço, se for o caso;
• o valor do serviço prestado.
Além disso, o contrato deverá acompanhar memorial descritivo com especificação dos serviços a 
serem realizados e produtos utilizados. Vejamos na figura a seguir:
Necessidades do 
tomador dos serviços
Periodicidade do 
fornecimento
Volume dos serviços a 
serem fornecidos
Local onde os serviços 
serão executados
Níveis de qualidade 
exigidos
Figura 35 – Memorial descritivo
Adaptada de: Amato Neto, Marinho e Amato (2014).
Prazo de vigência
Por fim, o prazo de vigência do contrato terceirizado não pode exceder 180 dias consecutivos, mas 
poderá ser prorrogado por noventa dias se comprovada a necessidade de fazê-lo.
8.4 Contrato de fornecimento
Estudamos que os contratos em geral podem ser realizados entre pessoas físicas ou jurídicas. Vimos 
a possibilidade de haver terceirização de atividades estabelecendo contratos com empresas que prestem 
serviços a outras empresas.
Agora, estudaremos os contratos de fornecimento, entendidos como aqueles de relação continuada. 
Nesse tipo de contrato, verificam-se alianças estratégicas, como a integração de objetivos entre 
compradores e fornecedores, interdependência entre contratantes, compartilhamento de riscos e 
ganhos, relacionamento a longo prazo etc.
208
Unidade IV
A ideia de cadeia produtiva na qual as mercadorias chegam ao consumidor final requer uma série 
de processos, dada a complexidade dessa dinâmica. Assim, nas últimas décadas, assistiu-se a uma 
flexibilização nas relações empresariais, limitando as atividades operacionais e gerenciais da empresa 
para constituir o fornecimento como estratégia de negócios por meio de uma rede de fornecedores, 
parcerias e colaboração empresarial.
Nesse sentido, criam-se laços jurídicos que promovem uma interdependência empresarial (ou não) 
entre os contratantes, a variar de acordo com o contrato a ser entabulado. Nesse tipo de contrato, 
procura-se estabelecer regras de procedimento que funcionarão como linhas mestras para a negociação 
de cada contrato pontual (AMATO NETO; MARINHO; AMATO, 2014).
Nos contratos de fornecimento, verifica-se não só o grau de interdependência, mas também, ao 
mesmo tempo, uma forma de cooperação entre os contratantes, pois estarãoligados por um lapso 
temporal longo ou enquanto durar o sucesso do negócio.
8.4.1 Natureza jurídica
Apesar de muito utilizado, o contrato de fornecimento é um contrato atípico, de prestação periódica 
e continuada que tem por escopo o abastecimento ou provisão, conforme a necessidade daquele 
que contrata.
Com a globalização, esse tipo de contrato tornou-se muito comum, graças à compra e à venda 
realizada com periodicidade e de forma continuada. Os bens definidos como objeto do contrato podem 
ser de natureza durável, consumível, fungível ou não fungível.
8.4.2 Principais características
O contrato de fornecimento é contrato bilateral, consensual, oneroso, comutativo, nominado, atípico 
informal e de trato sucessivo ou de duração. No quadro a seguir, vejamos a definição dessas características.
Quadro 8 – Características dos contratos de fornecimento
Bilateral Uma parte se obriga à entrega periódica e a outra se obriga a pagar o preço
Oneroso Há contraprestação por cada um dos contratantes
Comutativo As prestações, em regra, são conhecidas e equivalentes, mas não se afasta a possibilidade de ser aleatório
Informal Não há obrigatoriedade de forma, pode ser verbal ou escrito
Sucessivo ou de duração O fornecimento, por sua natureza, estende-se no tempo
Fonte: Venosa (2021, p. 686).
209
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
Com relação ao contrato de fornecimento, não é demasiado insistir que a continuidade é a marca 
distintiva desse tipo de contrato, que, por período determinado ou indeterminado, possui padrões 
previamente acordados que estabelecem as condições ideais em que o produto ou serviço deverá 
ser entregue.
Assim, entre as características, devem constar nesse tipo de contrato: o encarregado de receber o 
produto ou serviço e que deve realizar as verificações de acordo com o que foi contratado; o valor a ser 
pago; as condições de pagamento (forma, local, prazos), entre outras que servirão de critérios a serem 
analisados e clausulados em contrato.
A ideia de contrato de fornecimento engloba a percepção de provisão de bens e insumos e pode 
incluir a prestação de serviços de forma complementar. Mas também pode gerar certa complexidade 
contratual, como a compra e venda, a locação, a franquia, a manutenção, a assistência técnica etc. 
(VENOSA, 2021).
Nesse sentido, o fornecedor obriga-se a entregar a coisa de forma periódica e continuada, mas 
também presta um serviço com vistas a “desenvolver e manter o funcionamento da empresa ou atividade 
do fornecimento, fazendo com que os bens sejam entregues na forma, qualidade, quantidade e tempo 
oportunos” (VENOSA, 2005, p. 500).
8.4.3 Prazo
No contrato de fornecimento, as partes se obrigam ao que convencionaram. Se não houver prazo 
estipulado, a regra geral é a adoção dos usos e costumes locais.
De todo modo, a globalização e a função econômica dos contratos possibilitaram o surgimento 
de contratos de longa duração, com segmento contínuo e cuja periodicidade muitas vezes não pode 
ser interrompida.
 Observação
Esse tipo de contrato empresarial diferencia-se de outros tipos de 
contrato em função de sua peculiaridade contínua, ou seja, de trato 
sucessivo e periódico.
Não obstante, a extinção do contrato de fornecimento, em se tratando de prazo indeterminado, 
dependerá de notificação prévia. O art. 473 do CC assim dispõe: “A resilição unilateral, nos casos em 
que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte” 
(BRASIL, 2002).
Entretanto, esse mesmo dispositivo legal estabelece que, a depender da natureza do contrato, quando 
uma das partes houver feito investimentos consideráveis para sua execução, a denúncia unilateral só 
produzirá efeitos depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos 
(CC, art. 473).
210
Unidade IV
8.5 Licenciamento de propriedade industrial
A propriedade industrial vem regulamentada pela LPI, sem prejuízo dos dispositivos do CC que versam 
sobre os contratos em geral. A proteção legal da LPI abrange:
• a invenção;
• o modelo de utilidade;
• o desenho industrial;
• a marca.
A Convenção de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial (1967) amplia o conceito de proteção 
de propriedade industrial:
 
Artigo 1 […] 2) A proteção da propriedade industrial tem por objeto as 
patentes de invenção, os modelos de utilidade, os desenhos ou modelos 
industriais, as marcas de fábrica ou de comércio, as marcas de serviço, o 
nome comercial e as indicações de proveniência ou denominações de 
origem, bem como a repressão da concorrência desleal.
Para efeitos legais, os direitos de propriedade industrial são considerados pela norma como bens 
móveis, sendo negociados no segmento empresarial, uma vez que se trata de ativo econômico e essencial 
para a circulação de riquezas e para a concorrência. Desse modo, o proprietário de um bem (ou ativo) 
econômico pode ceder de forma definitiva seus direitos sobre o bem a terceiros, para que possam usar, 
podendo explorá-lo ou licenciá-lo, por determinado período.
 Lembrete
O art. 5º da LPI considera bens móveis, para os efeitos legais, os direitos 
de propriedade industrial.
8.5.1 Cessão
O art. 58 da LPI dispõe que o pedido de patente ou a patente, ambos de conteúdo indivisível, poderão 
ser cedidos, total ou parcialmente, cabendo ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) fazer 
as seguintes anotações:
• da cessão, fazendo constar a qualificação completa do cessionário;
• de qualquer limitação ou ônus que recaia sobre o pedido ou patente;
• das alterações de nome, sede ou endereço do depositante ou titular.
211
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
Vê-se que a LPI permite a cessão da patente, total ou parcialmente. Entretanto, a LPI dispõe sobre 
a indivisibilidade de conteúdo. Quer dizer: o que é indivisível é a reivindicação. A importância da 
reivindicação é que fixa os direitos do titular da patente, bem como os limites de proteção sobre a 
exclusividade dos direitos do titular da patente.
 Observação
O INPI, criado em 1970, é uma autarquia federal vinculada ao Ministério 
da Economia, responsável pelo sistema brasileiro de concessão e garantia 
dos direitos de propriedade intelectual para a indústria.
Assim como a patente, a marca também pode ser protegida legalmente por meio do registro (LPI, 
art. 133), cuja tutela vigorará pelo prazo de dez anos, contado da data da concessão do registro, podendo 
ser prorrogável por períodos iguais e sucessivos.
O art. 134 da LPI dispõe que tanto o pedido quanto o registro serão passíveis de cessão, atendidos 
aos requisitos legais.
Note que a cessão da marca deve compreender todos os registros ou pedidos, em nome do cedente, 
de marcas iguais ou semelhantes, relativas a produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, sob 
pena de cancelamento dos registros ou arquivamento dos pedidos não cedidos.
Importante ressaltar que o contrato de cessão se constitui como instrumento pelo qual se 
transfere de forma permanente, por meio de contrato, uma marca, patente ou desenho industrial. Já 
o contrato de licenciamento de propriedade industrial tem como objeto conceder a autorização 
de forma temporária, o uso de marca ou exploração de patente ou desenho industrial para terceiros, 
sem o repasse da titularidade, ou seja, não há transferência de propriedade pelo titular do bem, 
apenas a licença para usá-lo ou explorá-lo.
8.5.2 Natureza jurídica do licenciamento de propriedade industrial
O licenciamento de propriedade industrial é um negócio jurídico, conforme versa Paulo Brancher 
(2019), cujo ativo intangível é disponibilizado por meio de contrato para uso comercial, empresarial 
ou científico.
De acordo com a LPI, é possível que aquele que detém o ativo exerça o direito de utilizar, 
comercializar, melhorar, analisar ou mesmo ter acesso ao conhecimento sobre produtos, processos, 
serviços ou quaisquer itens protegidos legalmente. Assim, podemos notar que o licenciamento é um 
negócio jurídico cuja natureza é empresarial,pois permite que o titular de um ativo possa exercer os 
direitos sobre o bem, objeto do contrato de licenciamento de propriedade industrial, sem constrição 
ou oposição de outros empresários, mediante uma contraprestação de natureza remuneratória.
212
Unidade IV
Em síntese, o uso e a exploração de marcas e patentes materializa-se por meio de um contrato 
empresarial, chamado de contrato de licenciamento, devendo ser averbado junto ao INPI. Essa licença 
é temporária, ou seja, deve viger pelo tempo que durar o uso ou a exploração do ativo industrial.
Nesse sentido, o licenciado, adquirente de um determinado bem, por não ter recursos ou estrutura 
para explorar esse ativo, por exemplo, escolhe realizar um contrato de licenciamento e receber por isso.
Paulo Brancher (2019) traz em destaque os três estágios básicos do contrato de licenciamento de 
propriedade industrial:
• Construção de relacionamento entre licenciador e licenciado: para o licenciador, envolve 
o valor da tecnologia objeto de patente e o preço de mercado estabelecido. Para o licenciado, 
envolve a melhor escolha da tecnologia, autorização de uso etc.
• Elaboração e negociação do contrato: não se trata de contrato de adesão imposto pelo 
licenciador. A conveniência de licenciar, as vantagens e desvantagens a partir dos termos e 
condições estabelecidos no âmbito das negociações e a maximização de ganhos de ambas as 
partes são entraves que merecem o dimensionamento dos benefícios e riscos.
• Execução e gerenciamento do contrato e da relação jurídica: essa parte envolve fiscalização 
e controle de utilização da tecnologia de forma consistente com as orientações do licenciador, 
monitoramento do contrato, controle de vendas, auditoria etc.
 Lembrete
Na licença, o titular da patente autoriza o uso e a exploração do bem, 
mas será sempre o titular desse bem. Na cessão, o cedente transfere a 
propriedade do bem, passando o cessionário a deter sua titularidade.
8.5.3 Licença e averbação
Com relação à regulação legal sobre o licenciamento de propriedade industrial, a LPI regulamenta a 
licença voluntária da patente:
 
Art. 61. O titular de patente ou o depositante poderá celebrar contrato de 
licença para exploração.
Parágrafo único. O licenciado poderá ser investido pelo titular de todos os 
poderes para agir em defesa da patente (BRASIL, 1996).
Por sua vez, o art. 62 da LPI prevê que o contrato de licença voluntária deverá ser averbado no INPI 
para que produza efeitos a terceiros, a partir da data de sua publicação. Assim, o titular da patente 
213
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
licencia seus direitos de uso àquele que pretende explorá-la (licenciado), que será investido de poderes 
que lhe permitam agir para a defesa da patente (LPI, art. 61, parágrafo único).
No caso de licenciamento de marcas (LPI, art. 139), o contrato também deverá ser averbado no INPI 
para que produza efeitos a terceiros (LPI, art. 140).
Mas quais seriam as vantagens em licenciar uma marca, por exemplo? Para o licenciado da marca, 
a maior vantagem é o acesso ao mercado, por meio da alavancagem de vendas; e para o licenciador, a 
vantagem de receber remuneração pela marca, além do pagamento dos royalties.
E no caso das patentes? O licenciamento de patente permite que as empresas produzam e 
comercializem o produto patenteado. Assim, para o licenciado que tem recursos e estrutura para 
explorar o produto patenteado, nasce a oportunidade de ascender ao mercado utilizando-se da licença 
para negociar o produto; enquanto, para o titular da patente, a possibilidade de receber os royalties 
pela licença de uso é uma forma de atuar no mercado sem precisar mobilizar recursos para explorar a 
patente, ou seja, licenciá-la se torna mais vantajoso.
 Observação
Por royalties, na esfera do contrato de propriedade industrial, 
podemos entender como a remuneração paga a licenciador de marca ou 
patente, por aquele que obteve a licença de uso e exploração de bem de 
titularidade de licenciador.
Licença compulsória
Além da licença voluntária, a LPI, no art. 68, dispõe sobre a licença compulsória da patente. A 
licença compulsória significa a suspensão temporária do direito de exclusividade que foi concedido ao 
titular da patente. Nesse sentido, a lei permite que terceiro se utilize, produza e comercialize o produto 
patenteado sem o consentimento do titular da patente.
E qual a razão para esse expediente? A concessão, de ofício, da licença compulsória pode ocorrer nos 
casos de emergência nacional ou interesse público. No caso desse último, apenas para uso não comercial 
(Decreto n. 3.201/1999, art. 1º).
A medida compulsória justifica-se pela “forma abusiva” ou pela “prática de abuso de poder 
econômico”, se comprovado por decisão administrativa ou judicial. Desse modo, a licença compulsória, 
nos termos da lei, ocorre quando o titular pratica abuso de poder econômico ou quando incide nos 
incisos I e II do art. 68 da LPI. Vejamos a seguir:
214
Unidade IV
Art. 68. O titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente 
se exercer os direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela 
praticar abuso de poder econômico, comprovado nos termos da lei, por 
decisão administrativa ou judicial.
§ 1º Ensejam, igualmente, licença compulsória:
I – a não exploração do objeto da patente no território brasileiro por falta 
de fabricação ou fabricação incompleta do produto, ou, ainda, a falta de 
uso integral do processo patenteado, ressalvados os casos de inviabilidade 
econômica, quando será admitida a importação; ou
II – a comercialização que não satisfizer às necessidades do mercado 
(BRASIL, 1996).
Isso significa que o titular da patente poderá perder o direito de exclusividade de uso e exploração, 
permitindo que terceiros possam negociar o produto. Portanto, a licença compulsória é a exceção pelo 
mau uso do direito conferido pela lei ou pelo fato de o titular da patente não cumprir a função social da 
propriedade, já que não houve exploração do objeto da patente no território brasileiro ou nos casos de 
não comercialização ou de comercialização que não satisfaça às necessidades do mercado.
O art. 71 da LPI dispõe que, nos casos de emergência nacional ou interesse público, declarados em 
ato do Poder Executivo federal, desde que o titular da patente ou seu licenciado não atenda a essa 
necessidade, poderá ser concedida, de ofício, licença compulsória, temporária e não exclusiva, para a 
exploração da patente, sem prejuízo dos direitos do respectivo titular.
De todo modo, no ato de concessão de licença compulsória estabelecer-se-ão o prazo de vigência e 
a possibilidade de prorrogação (LPI, art. 71, parágrafo único).
 Saiba mais
Leia a matéria a seguir:
REDAÇÃO MIGALHAS. Senado aprova quebra de patentes de vacinas 
contra covid-19. Migalhas, 30 abr. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3JNxXy3. 
Acesso em: 23 fev. 2022.
O Decreto n. 3.201, de 6 de outubro de 1999, dispõe sobre a concessão, de ofício, sobre a licença 
compulsória de emergência nacional de interesse público. No quadro a seguir, vejamos alguns aspectos 
desse decreto.
215
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
Quadro 9 – Aspectos do Decreto n. 3.021/1999
A concessão, de ofício, de licença compulsória, no caso de interesse público, refere-se apenas 
para uso público não comercial Art. 1º
Entende-se por emergência nacional o iminente perigo público, ainda que apenas em parte 
do território nacional Art. 2º, § 1º
Interesse público: fatos relacionados, dentre outros, à saúde pública, nutrição, defesa do 
meio ambiente e fatos de primordial importância para o desenvolvimento tecnológico ou 
socioeconômico do país
Art. 2º, § 2º
O ato do Poder Executivo federal que declarar a emergência nacional ou o interesse público 
será praticado pelo Ministro do Estado responsável pela matéria em causa deverá ser 
publicado no Diário Oficial da União (DOU)
Art. 3º
Constatada a impossibilitada de o titular da patente ou o seu licenciado atender a situação 
de emergêncianacional ou interesse público, o poder público concederá, de ofício, a licença 
compulsória, de caráter não exclusivo
Art. 4º
O ato de concessão de licença compulsória deve estabelecer:
– prazo de vigência da licença e possibilidade de prorrogação;
– condições oferecidas pela União, em especial a remuneração do titular
Art. 5º, caput, I e II
Adaptado de: Brasil (1999).
Verifica-se que, com relação à imposição de licença compulsória, a LPI c/c o Decreto n. 3.021/1999 
trazem preceitos de ordem pública e, que, por certo, promovem reflexos nos contratos de licenciamento, 
tendo em vista que não só o titular, mas também o licenciador ficam impossibilitados de exercer os 
direitos de patente (Decreto n. 3.201/1999, art. 4º).
Nos contratos de licenciamento, não raro estão presentes cláusulas restritivas de direito.
O Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio (Acordo 
TRIPS ou Acordo ADPIC) de 1994, no artigo 40, que versa sobre o controle de práticas de concorrência 
desleal em contratos de licenças, dispõe que: “algumas práticas ou condições de licenciamento relativas 
a direitos de propriedade intelectual que restringem a concorrência podem afetar adversamente o 
comércio” (OMC, 1994). Nesse sentido, essas práticas ou condições de licenciamento podem impedir a 
transferência e a disseminação de tecnologia. Para evitar o abuso de poder econômico, as autoridades 
dos países-membros do Acordo devem adotar medidas apropriadas para evitar ou mesmo impedir, por 
meio de controle e fiscalização, tais práticas consideradas desleais e anticoncorrenciais.
Na hipótese de manobra monopolística, por exemplo, por parte daquele que exerce poder econômico 
e dele abusa, a LDC dispõe, nos casos previstos no art. 36, § 3º:
• impedir o acesso de concorrente às fontes de insumo, matérias-primas, equipamentos ou 
tecnologia, bem como aos canais de distribuição;
• açambarcar ou impedir a exploração de direitos de propriedade industrial ou intelectual ou 
de tecnologia;
216
Unidade IV
• exercer ou explorar abusivamente direitos de propriedade industrial, intelectual, tecnologia 
ou marca.
É possível que o Cade possa determinar o licenciamento compulsório de direitos de propriedade 
intelectual, como medida restritiva em atos de concentração, em razão da conduta abusiva de poder 
econômico (LDC, art. 61, § 2º, V). Dessa forma, o licenciamento compulsório, por ser preceito de ordem 
pública, vem justificado pelo direito de acesso aos produtos e insumos e pela viabilidade de implantar 
políticas industriais com vistas a promover o desenvolvimento econômico e tecnológico.
É fato que o licenciamento de propriedade industrial é uma das formas de exploração dos direitos 
de propriedade intelectual que, por certo, diversifica projetos de desenvolvimento na área industrial, 
além de alocar recursos. Entretanto, importa ressaltar que não deve ser utilizado para eliminação 
da concorrência.
De todo modo, para a preservação de direitos fundamentais, em especial a livre-iniciativa e a 
liberdade de concorrência, o pedido de licença compulsória, baseado em abuso de poder econômico, 
deve ser comprovado e reconhecido pelo órgão administrativo (Cade) ou por decisão judicial.
 Resumo
Esta unidade buscou responder ao tratamento conferido à gestão de 
contratos empresariais em suas peculiaridades com relação à gestão e 
alocação de riscos.
Estudamos que os riscos, nos contratos empresariais, são comuns 
e variam de acordo com a complexidade contratual. Por essa razão, os 
contratantes alocam suas responsabilidades de forma a conferir segurança 
às relações jurídicas contratuais e obter um mínimo de previsibilidade.
Ao se submeter aos princípios contratuais e aos deveres anexos aos 
contratos impostos pela lei civil, os empresários, ao contratarem entre 
si, responsabilizam-se pelos efeitos internos e externos ao contrato, já 
que também os contratos empresariais se vinculam à boa-fé objetiva e 
a função social.
Destacamos nesta unidade os vetores de funcionamento dos contratos 
empresariais e suas noções econômicas. Vimos que esses contratos envolvem 
uma interpretação não só sob o ponto de vista jurídico, mas também de natureza 
econômica. Daí, a razão para estudarmos detidamente algumas peculiaridades 
dos contratos empresariais que formam sua estrutura lógica.
Questões de ordem econômico-financeira, os riscos jurídicos, políticos, 
de projeto e de execução são alguns exemplos de riscos empresariais que 
217
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
demandam mapeamento dos contratos empresariais com rigor e critério, 
por conta de mudanças que, sabe-se, são inevitáveis. Daí, a necessidade de 
que esses contratos sejam auditados e monitorados – parte de uma boa 
gestão e de um bom gerenciamento contratual, que geram positiva relação 
custo-benefício para a empresa.
Nesta unidade, estudamos alguns fenômenos empresariais no âmbito 
da gestão estratégica e de periodicidade dos contratos, tais como a 
terceirização, cuja característica é reduzir custos e otimizar as atividades 
da empresa; e os contratos de fornecimento, que se destacam pela peculiar 
continuidade e periodicidade.
Vimos que o fornecimento apresenta uma característica que o destaca 
em relação aos contratos em geral: a cooperação entre os contratantes. 
Nesse tipo de contrato, há uma ligação entre os contratantes, graças ao 
longo lapso temporal ou ao tempo de sucesso do negócio.
Por fim, estudamos o contrato de licenciamento de propriedade 
industrial e a lei regente da propriedade industrial. Verificamos que se trata 
de negócio jurídico empresarial que viabiliza a um dos contratantes obter 
o licenciamento de um ativo a fim de exercer os direitos sobre ele. Assim, 
por meio de um contrato de licenciamento de propriedade industrial, o 
licenciado poderá usar e explorar determinado ativo sem sofrer constrição 
ou oposição de outros empresários. Nesse estudo, verificamos que a 
LPI é uma lei que apresenta normas de ordem pública, já que impõe 
a licença compulsória sob determinados requisitos impostos em lei, por 
exemplo o abuso do poder econômico, a emergência nacional e o iminente 
interesse público.
Analisou-se que os contratos empresariais se firmam em uma lógica 
própria, em situações de paridade ou de dependência econômica. A depender 
do modelo adotado pelas empresas, variará o grau de comportamento das 
partes contratantes.
Em síntese, verificou-se que, nos contratos entabulados entre 
empresários, a confiança atrela-se à boa-fé objetiva e à função social do 
contrato. No contexto econômico em que esses contratos se realizam, 
a dinâmica neles inserida assume nuances diferenciadas daquelas dos 
contratos civis, tendo em vista o profissionalismo que qualifica a condição 
dos contratantes.
218
Unidade IV
 Exercícios
Questão 1. As transações comerciais expõem, impreterivelmente, os contratantes a algum tipo de 
risco. Dessa forma, as partes procuram de alguma maneira controlar esses riscos, a fim de minimizar 
os prejuízos.
Nesse sentido, os riscos podem:
I – Ser previsíveis ou imprevisíveis e poderão onerar um ou ambos os contratantes.
II – Ser de natureza política, como mudanças de governo ou de natureza financeira, como inflação 
ou variação cambial, por exemplo.
III – Ser incontornáveis; no entanto, podem ser bem administrados, se houver boa gestão de 
riscos contratuais.
É correto o que se expõe em:
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
Resposta correta: alternativa E.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta.
Justificativa: cada parte ou contratante deverá estar ciente, de modo claro e objetivo, da sua 
responsabilidade frente a eventuais riscos, respeitados os princípios da boa-fé contratual.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: os riscos mais comuns nos contratos empresariais são os operacionais, financeiros, 
jurídicos, políticos, de mercado e decorrentes de projeto etc.
219
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
III – Afirmativa

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