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Atividade A4 Teoria Literaria

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Leia o excerto apresentado a seguir e, depois, responda ao que se pede.
 
Essa universalidade do teor lírico, contudo, é essencialmente social. Só entende aquilo que o poema diz quem escuta, em sua solidão, a voz da humanidade; mais ainda, a própria solidão da palavra lírica é pré-traçada pela sociedade individualista e, em última análise, atomística, assim como, inversamente, sua capacidade de criar vínculos universais (allgemeine Verbindlichkcit) vive da densidade de sua individuação. Por isso mesmo, o pensar sobre a obra de arte está autorizado e comprometido a perguntar concretamente pelo teor social, a não se satisfazer com o vago sentimento de algo universal e abrangente.
ADORNO, Theodor W.. Notas de Literatura I. São Paulo: Editora 34, 2003. Grifo nosso.
 
Assinale a alternativa que corresponde à corrente crítica que mais se aproxima dos postulados no excerto.
Resposta correta. O materialismo é a corrente crítica por excelência a estudar as relações entre a obra literária e o contexto social. Dividido entre materialismo histórico e materialismo dialético, ambas as vertentes apontam para a questão essencial da indissociabilidade entre arte e meio, sendo que tanto a arte pode tomar influências do meio, quanto o meio pode tomar influências da arte. No caso do trecho apresentado, mais especificamente, estamos falando do materialismo dialético, pois o que prevalece é justamente o diálogo intrínseco entre os mecanismos formais (a singularidade de um poema) e o teor social.
Leia os textos a seguir.
 
“Ele sentia-se tão feliz, sem nenhuma preocupação deste mundo. Uma refeição a sós com ela, um passeio à noite pela estrada, um gesto para lhe acariciar os cabelos, a presença do seu chapéu de palha pendurado no fecho de uma janela e ainda muitas outras coisas que lhe davam prazer e com as quais nunca sonhara formavam agora a sua contínua felicidade. De manhã, na cama, com a cabeça no travesseiro ao lado dela, contemplava a luz do Sol a passar entre a pelugem das suas faces louras, meio cobertas pelos folhos da touca. Vistos de tão perto, os seus olhos pareciam maiores, sobretudo quando abria as pálpebras várias vezes de seguida ao acordar; negros à sombra e azul-escuros à luz do dia, tinham como que camadas de cores sucessivas, mais densas no fundo e ficando mais claras à superfície do esmalte. Os olhos de Charles perdiam-se naquelas profundezas, e ali ele via a miniatura da sua imagem até aos ombros, com o lenço de seda atado na cabeça e o peito da camisa entreaberto. Levantava-se. Ela punha-se à janela para o ver sair; ficava encostada ao peitoril, entre dois vasos de gerânios, dentro do seu roupão, que lhe caía, folgado, em volta do corpo. (...)
FLAUBERT, Gustave. Madame Bovary. 2ª São Paulo: Martin Claret, 2003. (Ouro). Cap V-VI.
 
“Existindo então uma teoria do bovarismo, o leitor cultivado - francês ou brasileiro - localiza em sua memória a referência à célebre personagem criada por Gustave Flaubert (1821-1880). (...) Ele inaugurou uma narrativa impessoal, polifônica, uma técnica de escrita exigente e que demanda uma leitura criativa, não deixando a passividade se instalar no leitor. Segundo o especialista em Flaubert, Pierre-Marc de Biasi, os dois únicos elementos que acompanham o gosto do tempo são a análise psicológica e o retrato dos costumes. De resto, o leitor encontrava-se frente a uma escrita toda nova, desconcertante e transgressora. (...). Menos de dez anos depois da publicação do romance a palavra bovarismo já era de uso corrente para designar a representação de uma atitude tipicamente fundada na fantasia. Eis um termo que nadou de braçadas na imaginação coletiva. O passo seguinte - a elaboração de uma teoria do bovarismo - não se fez esperar.
‘(...) Em 1892, J. de Gaultier elabora a teoria do ‘bovarismo’, complexão psicológica da pessoa que se vê diversa do que é na realidade, e que se condena, por suas ilusões e ideias pré-estabelecidas, a estar sempre desiludida pela banalidade da existência’.”
SOUZA, Eliana Maria de Melo. Itinerários do bovarismo. Revista Ponto e Vírgula, São Paulo, p.01-20, jan. 2013.
 
Assinale a alternativa que relaciona corretamente os conceitos críticos elaborados no artigo com elementos da narrativa.
Resposta correta. Em diversos momentos vemos marcas da desilusão de Emma em relação à realidade, como no trecho “As comparações de noivo, de esposo, de amante celeste e de casamento eterno, que aparecem repetidamente nos sermões, despertavam-lhe no íntimo da alma imprevistas doçuras.” em que constrói-se a fantasia da vida matrimonial e, depois, em “Antes de casar, Emma julgara sentir amor; mas a felicidade que deveria resultar desse amor não aparecera, pelo que se deveria ter enganado, pensava ela. Procurava agora saber o que se entendia, ao certo, nesta vida, pelas palavras felicidade, paixão e êxtase, que, nos livros, Lhe haviam parecido tão belas.” a desilusão com a vida de casada.
Observamos em “O universo, para ele, não ultrapassava a roda do seu saiote de seda; acusava-se de não a amar suficientemente e sentia vontade de voltar a vê-la; voltava apressadamente a casa com o coração palpitante.” o que se diz, no artigo, a respeito da banalidade da existência.
Observa-se uma atitude transgressora na narração no trecho “Os olhos de Charles perdiam-se naquelas profundezas, e ali ele via a miniatura da sua imagem até aos ombros, com o lenço de seda atado na cabeça e o peito da camisa entreaberto.”
Apesar de fazer-se menção à polifonia do texto de Flaubert no artigo, no trecho em destaque não existem momentos em que este recurso é utilizado.
O trecho “As comparações de noivo, de esposo, de amante celeste e de casamento eterno, que aparecem repetidamente nos sermões, despertavam-lhe no íntimo da alma imprevistas doçuras.” representa bem o que, no artigo, se diz sobre o bovarismo enquanto comportamento pautado na fantasia.
“Antes de casar, Emma julgara sentir amor; mas a felicidade que deveria resultar desse amor não aparecera, pelo que se deveria ter enganado, pensava ela. Procurava agora saber o que se entendia, ao certo, nesta vida, pelas palavras felicidade, paixão e êxtase, que, nos livros, Lhe haviam parecido tão belas.” é um trecho que marca com muita profundidade os costumes da época.
 
Leia o excerto apresentado a seguir e, depois, responda ao que se pede.
 
Husserl afirma que, ao nível da consciência, podemos ter a certeza sobre a forma como apreendemos os fenómenos em si mesmos, ilusórios ou reais, mesmo que não exista evidência sobre a existência independente das coisas. Toda a consciência é consciência de alguma coisa, isto é, não há consciência sem um objecto de referência, porque um pensamento está sempre ‘voltado para algum objecto. O mundo exterior fica assim reduzido àquilo que se forma na nossa consciência, às realidades que constituem os puros fenômenos (...). Se não pode existir um acto de pensamento consciente sem um objecto de referência, também não pode existir um objecto sem existir também um sujeito capaz de o interpretar e apreender.
E-Dicionário de Termos Literários (EDTL), coord. de Carlos Ceia, ISBN: 989-20-0088-9, <http://www.edtl.com.pt>, consultado em 20 ago. 2019. Grifo nosso.
 
Assinale a alternativa que corresponde à corrente crítica que mais se aproxima dos postulados no excerto.
Resposta correta. A palavra-chave neste trecho é “fenômeno”. Mais uma vez, a associação do nome dos principais teóricos à terminologia nos auxilia nesta questão, visto que temos a citação de Husserl e de suas ideias. A crítica fenomenológica caracteriza-se por ser um modelo focado na apreensão de objetos concretos: um objeto só pode ser percebido se há quem o perceba; da mesma forma, só pode perceber algo quem tem um objeto a ser percebido. A crítica fenomenológica distancia-se de qualquer tentativa de explicação metafísica dos fenômenos, pautando-se exclusivamente naquilo que é real. Também se afasta completamente do psicologismo.
Fenomenologia.
 
Semiótica.
Pós-estruturalismo.
Formalismo.
Materialismo.
 
Leia o trecho a seguir, extraído doartigo Psicologia da literatura e psicologia na literatura, de Rosemary Conceição dos Santos et al. A seguir, responda ao que se pede.
 
Considerando que o comportamento resulta dessa interação organismo-ambiente, Leite entende que a psicologia atual deve ter, portanto, recursos para explicar duas formas de comportamento que interessam diretamente à literatura, que são, o pensamento criador e a leitura de obra literária. Examinar a adequação da psicologia para explicar esses dois comportamentos é lançar luz sobre como se realiza, e concretiza, a tentativa de tanto o psicólogo quanto o ficcionista apresentar a descrição convincente de uma pessoa e de um personagem.
SANTOS, Rosemary Conceição dos; SANTOS, João Camilo dos; SILVA, José Aparecido da. Psicologia da literatura e psicologia na literatura. Temas psicol., Ribeirão Preto , v. 26, n. 2, p. 767-780, jun. 2018 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2018000200009&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 24 ago. 2019. http://dx.doi.org/10.9788/TP2018.2-09Pt>.
 
Levando em consideração os seus conhecimentos a respeito das diversas teorias de psicologia aplicáveis à crítica literária, assinale a alternativa que corresponde ao ramo da psicologia elaborado no texto.
Resposta correta. As palavras-chave neste excerto são “ambiente”, “interação” e “comportamento”. Como sabemos, a Psicologia Social, que tem seu maior expoente em Lev Vygotsky, preconiza as interações entre sujeito e ambiente para a formação de personalidade. Deste modo, estará presente na análise literária embasada na Psicologia Social a consideração dos fatores sócio-culturais que moldam, em relação dialética, a personalidade do autor, das personagens, dos leitores, bem como a recepção de uma obra
Psicologia Social.
Psicologia Analítica.
 
Psicologia Clínica.
Psicanálise.
Gestalt.
 
Leia o trecho a seguir, retirado do texto O fim do poema, do pós-estruturalista Giorgio Agamben e, em seguida, responda ao que se pede.
 
Se a poesia não vive senão na inexaurível tensão entre a série semiótica e a série semântica, o que acontece no momento do fim, quando a oposição das duas séries não é mais possível? Teríamos aí, finalmente, um ponto de coincidência, no qual o poema, enquanto ‘seio de todo sentido’, ajusta as contas com seu elemento métrico para transitar definitivamente para a prosa? As bodas místicas do som e do sentido poderiam, então, ter lugar.
Ou, pelo contrário, o som e o sentido estariam agora para sempre separados, sem contato possível, cada um perpetuamente em sua parte, como os dois sexos na poesia de Vigny? Neste caso, o poema não deixaria detrás de si um espaço vazio (...).
Tudo se complica com o fato de não haver no poema, a pretexto de exatidão, duas séries ou linhas de fuga em paralelo, mas só uma, percorrida ao mesmo tempo pela corrente semântica e pela corrente semiótica; e, entre os dois fluxos, a brusca parada que a mechané poética se aplica tão obstinadamente a manter. (O som e o sentido não são duas substâncias, mas duas intensidades, duas tenói da única substância linguística). E o poema é como o catéchon da epístola de Paulo aos Tessalonicenses (II, 2, 7-8): algo que freia e retarda o advento do Messias, portanto daquele que, cumprindo o tempo da poesia e unificando os dois éones, destruiria a máquina poética precipitando-a no silêncio.
AGAMBEN, Giorgio. O fim do poema. São Paulo: Cacto, 2002. Trad. Sérgio Alcides.
 
Leia as afirmações a seguir:
 
1. Na visão do teórico, o poema se constitui em uma tensão entre forma e conteúdo, mais especificamente som e sentido.
2. O fim do poema configura-se enquanto ruptura da tensão semântica e semiótica.
3. O último verso do poema é, sobretudo, uma escolha entre forma ou conteúdo, que encerra o sentido da máquina poética.
 
É correto o que se afirma em:
Resposta incorreta. Agamben recorre à teorização do formalista Jakobson a respeito da obra poética: o poema, para este autor, constitui-se em uma relação de tensão entre o aspecto semântico (formal) e semiótico (conteúdo). Som e sentido são a base do poema. Agamben, em seu texto, teoriza a respeito do que seria o fim do poema sob estes aspectos, compreendendo-o enquanto uma ruptura, momento de confluência entre som e sentido, momento de choque que precipita a máquina poética no silêncio - sem encerrar o sentido, mas sim, multiplicando as possibilidades justamente neste silêncio.
 
I e III, apenas.
I, apenas.
I, II e III.
 
I e II, apenas.
II e III, apenas
O trecho a seguir foi retirado do livro A hora da estrela, de Clarice Lispector. Leia-o e, depois, responda ao que se pede.
 
Se a moça soubesse que minha alegria também vem de minha mais profunda tristeza e que tristeza era uma alegria falhada. Sim, ela era alegrezinha dentro de sua neurose. Neurose de guerra. E tinha um luxo, além de uma vez por mês ir ao cinema: pintava de vermelho grosseiramente escarlate as unhas das mãos. Mas como as roia quase até o sabugo, o vermelho berrante era logo desgastado e via-se o sujo preto por baixo.
E quando acordava? Quando acordava não sabia mais quem era. Só depois é que pensava com satisfação: sou datilógrafa e virgem, e gosto de coca-cola. Só então vestia-se de si mesma, passava o resto do dia representando com obediência o papel de ser. Será que eu enriqueceria este relato se usasse alguns difíceis termos técnicos? Mas aí que está: esta história não tem nenhuma técnica, nem estilo, ela é ao deus-dará. Eu que também não marcharia por nada deste mundo com palavras brilhantes e falsas uma vida parca como a da datilógrafa. Durante o dia eu faço, como todos, gestos despercebidos por mim mesmo. Pois um dos gestos mais despercebidos é esta história de que não tenho culpa e que sai como sair. A datilógrafa vivia numa espécie de atordoado nimbo, entre céu e inferno. Nunca pensara em ‘eu sou eu’. Acho que julgava não ter direito, ela era um acaso. Um feto jogado na lata de lixo embrulhado em um jornal. Há milhares como ela? Sim, e que são apenas um acaso. Pensando bem: quem não é um acaso na vida?
Quanto a mim, só me livro de ser apenas um acaso porque escrevo, o que é um ato que é um fato. É quando entro em contato forças interiores minhas, encontro através de mim o vosso Deus. Para que escrevo? E eu sei? Sei não. Sim, é verdade, às vezes também penso que eu não sou eu, pareço pertencer a uma galáxia longínqua de tão estranho que sou de mim. Sou eu? Espanto-me com o meu encontro.
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. São Paulo: Rocco, 1998. Disponível em: <http://colegioplante.com.br/wp-content/uploads/2016/06/A-Hora-da-Estrela-Clarice-Lispector.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2019.
 
Sob o ponto de vista da crítica literária de viés psicológico, assinale a alternativa correta.
Resposta correta. Em todo o romance aparecem marcas da subjetividade - ou nulidade da subjetividade - da personagem Macabéa. A frase “sou datilógrafa e virgem” é apenas uma delas, voltada, segundo a psicanálise, a uma pulsão sexual.
A psicanálise aplicada neste trecho apontaria as pulsões que estão por trás da construção do “eu” dada pela frase “sou datilógrafa e virgem”.
A Gestalt buscaria compreender as relações de espelhamento entre o narrador e a personagem.
A psicologia social verificaria as pulsões de morte representadas no trecho “Um feto jogado na lata de lixo embrulhado em um jornal”.
A psicologia cognitiva se adensaria à forma elíptica do trecho, buscando estabelecer um espelhamento entre narrador e personagem.
 
A psicologia analítica buscaria encaixar a personagem em um arquétipo de neurose para explicar sua falta de subjetividade ou traços de personalidade.
Leia o excerto apresentado a seguir e, depois, responda ao que se pede.
 
Sem deixar de estabelecer as necessárias conexões entre os gêneros e as diversas obras da mesma série, a postura imanentista encara o texto como objeto autônomo, e não como documento ou manifestação de qualquer instância exterior. O (...) propõe o abandono do exame particular das obras, tomando-as como manifestação de outra coisa para alémdelas próprias: a estrutura do discurso literário, formado pelo conjunto abstrato de procedimentos que caracterizam esse discurso, enquanto propriedade típica da organização mental do homem.
 CULT: Fortuna crítica 4. São Paulo: Bregantini, out. 1998. Grifo Nosso
 
Assinale a alternativa que corresponde à corrente crítica que mais se aproxima dos postulados no excerto.
 
Resposta correta. A palavra-chave da vez, nesta questão, é “estrutura”. Para os teóricos do Estruturalismo, o trabalho de linguagem em uma obra literária corresponde a uma regularidade dentre um conjunto abstratamente concebido de um tipo de discurso específico: o discurso literário. A obra literária é, então, compreendida como um organismo e analisada segundo as teorias do discurso.
Neo-crítica.
Formalismo Russo.
Estruturalismo.
Pós-estruturalismo.
Materialismo.
 
O poema a seguir é de autoria de Fernando Pessoa, poeta português conhecido por sua vasta produção heteronímica. Leia-o e, depois, responda ao que se pede.
 
AUTOPSICOGRAFIA
 
O poeta é um fingidor,
Finge tão completamente,
Que chega a fingir que é dor,
A dor que deveras sente.
 
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só as que eles não têm.
 
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
PESSOA, Fernando. Autopsicografia. In: PESSOA, Fernando. Cancioneiro. Lisboa: Ática, 1981.
 
A partir da leitura do poema, assinale a alternativa correta.
Resposta correta. Este poema é um marco para os críticos literários que se ocupam da obra de Fernando Pessoa porque antecipa algumas questões centrais da heteronímia. O sistema heteronímico constrói-se primordialmente a partir da despersonalização do poeta, através do fingimento de emoções, sensações e experiências, em uma espécie de empatia levada ao seu grau mais extremo - culminando em um processo de outrar-se. Nisto, a poética pessoana evidencia bem o trabalho linguístico que se dá no poema para que o leitor seja capaz de experienciar e sentir alguma emoção em uma primeira leitura.
 
O poema anuncia o processo de despersonalização do sujeito poeta enquanto um fingidor, capaz de fingir sentimentos que não existiram.
O poeta evidencia no poema que não age de modo pensado, psicografando sentimentos que, depois, serão experienciados pelo leitor.
O título do poema nos leva a uma interpretação de que o espírito de Alberto Caieiro, principal heterônimo de Fernando Pessoa, já incorporava no poeta antes mesmo deste assumir a heteronímia.
O pacto velado entre autor e leitor se dá de forma tão brilhante neste poema de forma que o leitor, em uma segunda leitura, não consegue diferenciar o que ficção e o que é realidade.
 
O poema aponta para um aspecto psicológico muito fortemente ligado à psicologia clínica, equiparando o fazer literário a uma forma de expressar as angústias, por parte do autor, para que os leitores possam saber a dor que ele sente.
 Leia o trecho a seguir.
 
É, entretanto, com a obra do filósofo alemão Wilhelm Dilthey (1833-1911) que a hermenêutica alcança o regulamento de um método de conhecimento especialmente apto para dar conta do facto humano, inflexível em si mesmo aos fenômenos naturais. [...]
Dilthey passou a encarar a compreensão como referência às objetivações da vida, à medida que o sujeito vive em sua dimensão histórica. Seguia-se a Hermenêutica como base para as disciplinas cujo objeto era a compreensão da arte, do comportamento e da escrita humana e seu pressuposto não era a compreensão do discurso em sua reação com a língua, mas em sua relação com a vida.
Portanto, toda manifestação da vida possui um significado que é expresso em forma de signo, ou seja, a própria vida só existe em si mesma. A compreensão é um tipo particular de explicação relativa à acção humana e que não se encontra acima nem independe do nível causal.
CRISTÓFANO, Sirlene. Hermenêutica e literatura: aportes para a interpretação e compreensão do mundo. Revista Diálogo e Interação, Cornélio Procópio, v. 2, dez. 2009. Grifo nosso.
 
No trecho em destaque, a autora faz um apanhado das principais características deste ramo da filosofia chamado Hermenêutica. Com base em seus conhecimentos, assinale a alternativa em que cita-se uma corrente literária que está em consonância com a Hermenêutica aplicada à literatura.
Resposta correta. Observa-se o caráter multidisciplinar da Fenomenologia, enquanto teoria que engloba saberes filosóficos, literários e históricos em si. É possível perceber as relações entre Fenomenologia e Hermenêutica no trecho em destaque principalmente nos momentos em que a autora sintetiza os principais postulados desta metodologia sobre o dialogismo entre leitor e texto, em uma situação de interdependência. A Fenomenologia na literatura, então, é a teoria dentre as apresentadas nas alternativas que, de fato, está em perfeita consonância com estes postulados.
Feminismo.
Materialismo.
Psicanálise. 
Fenomenologia.
Formalismo.
Leia o excerto apresentado a seguir e, depois, responda ao que se pede.
 
Definida como ciência geral dos signos, (...) tem por objeto os processos de significação que constituem a linguagem, não se ocupando, a princípio, com a obra de arte literária, de modo específico. Decorre então que essa teoria não oferece aos que se dedicam ao estudo do texto poético ou de ficção, um modelo de análise voltado para suas características particulares.
REVISTA DIÁLOGOS. Pernambuco: Editora da Universidade de Pernambuco, 2018. D.o.i. 10.13115/2236-1499v2n19p473. Grifo nosso.
 
Assinale a alternativa que corresponde à corrente crítica que mais se aproxima dos postulados no excerto.
Resposta correta. Apesar de não haver consenso entre os linguistas, pode-se tratar como Semiótica o estudo do universo dos signos (PEIRCE, 1977). A ciência dos signos e significantes, sendo uma teoria particularmente linguística que pode ser aplicada ao estudo de literatura, bem como ao estudo de todas as linguagens artísticas, possui diversas subcategorias teóricas de atuação. O trecho em destaque fala mais especificamente da Semiótica francesa, pautada na análise de discurso e interdisciplinaridade entre significantes de diversos gêneros.
Fenomenologia.
Formalismo Russo.
 
Pós-estruturalismo.
Materialismo.
Semiótica.

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