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FACULDADE ESTÁCIO CURSO: BACHARELADO EM DIREITO OFICINA DE LEITURA NARA LETYCIA GOMES ABREU A AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS SÃO LUÍS 2021 Resenha: COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 12. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2019. A presente análise paira sobre a obra “A afirmação Histórica dos Direitos Humanos” de Fábio Konder Comparato, a mesma fora atualizada e publicada em 2019 pela editora Saraiva. O ilustre autor estuda as sucessivas etapas da evolução histórica dos direitos humanos, fazendo correlação do contexto político, econômico e social da época com os fatos e documentos históricos. Análogo a isso, o estudo da obra tem o fito de demonstrar como ocorreu a progressão das instituições jurídicas de defesa da dignidade humana ao longo da história. Em A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos, o autor, ora citado, objetiva a compreensão do transcurso histórico dos direitos humanos, levando em consideração todo o percurso da humanidade no que tange as violações físicas e aos sofrimentos morais. É elucidado que as novas regras de convivência dignas eram desenvolvidas a partir de períodos de violência, massacres coletivos, torturas, entre outros fatos históricos de terror. Diante desse vínculo direto entre acontecimentos cruéis e avanços na proteção dos indivíduos estabelecia-se a necessidade de afirmação dos direitos humanos. Observa-se que antigamente se fazia premente a positivação em Constituições, leis e tratados internacionais para determinar caráter de obrigatoriedade desses direitos. Hodiernamente, felizmente já há o reconhecimento da validade dos direitos humanos independente de expressa previsão legal em virtude dos valores atinentes ao respeito à dignidade da pessoa humana, impostos a todos os poderes constituídos, oficiais ou não. Adentrando efetivamente no teor dos capítulos 8º (Constituição Mexicana de 1917) e capítulo 9º (Constituição Alemã de 1919) da supramencionada obra em evidência, nota-se que os direitos econômicos e sociais defendidos em momentos e cenários históricos anteriores só tiveram plena afirmação com as constituições Mexicana e Alemã. Nesse sentido, A primeira Constituição a elevar os direitos trabalhistas, ao “status” de direitos fundamentais, em conjunto com as liberdades individuais e os direitos políticos, foi a Carta Constitucional do México em 1917. Cumpre ressaltar que ela inspirou e regulamentou direitos trabalhistas, à exemplo, limitação da jornada de trabalho, o desemprego, a proteção da maternidade, a idade mínima de admissão de empregos nas fábricas e o trabalho noturno de menores na indústria. A Constituição Mexicana foi a primeira a estabelecer a desmercantilização do trabalho, designando o princípio da igualdade substancial de posição jurídica entre trabalhadores e empresários na relação contratual do vínculo empregatício. Ademais criou a responsabilidade e fomentação no que tange a questões de acidentes de trabalho, trazendo as possíveis consequências para responsabilidade dos empregadores, deslegitimando assim as práticas de exploração mercantil do trabalho. Desse modo estabeleceu as bases para a construção do moderno Estado Social do Direito. Todavia, apesar da Constituição Mexicana ser considerada o marco consagrador da nova concepção dos direitos fundamentais, é com a Constituição Alemã, que estes direitos ganharam maior amplitude. A Constituição Alemã, também conhecida como Constituição de Weimar tem uma estrutura claramente dualista: na primeira apresenta a organização do Estado e na segunda, a declaração dos direitos e deveres fundamentais, adicionando às clássicas liberdades individuais os novos direitos de conteúdo social. Nesse ínterim, é vislumbrado que o divisor de águas da Constituição da Alemanha está nitidamente na segunda parte, pois não se limitou apenas a declaração dos direitos e garantias individuais. Estes, na visão de Comparato são: instrumentos de defesa contra o Estado, delimitações do campo bem demarcado da liberdade individual, que os Poderes Públicos não estão autorizados a invadir. Os direitos sociais, ao contrário, têm por objeto não uma abstenção, mas uma atividade positiva do Estado, pois o direito à educação, à saúde, ao trabalho, à previdência social e outros do mesmo gênero só se realizam por meio de políticas públicas, isto é, programas de ação governamental. Diante disso é notável que a orientação predominante na Constituição de Weimar é visivelmente social e não individualista. Destaca-se alguns direitos sociais: inovação no campo familiar, estabeleceu pela primeira vez na história do direito ocidental, a regra de igualdade jurídica entre marido e mulher, equiparação entre filhos ilegítimos aos legitimamente havidos durante o matrimônio, família e juventude são postos, especificamente, sob a proteção estatal. Além da atribuição indispensável ao Estado do dever fundamental de educação escolar, limitação à liberdade de mercado, função social da propriedade e ordenação da economia, visando assegurar a todos uma existência conforme à dignidade humana, Ademais, os direitos trabalhistas e previdenciários são elevados ao nível constitucional de direitos fundamentais. É válido salientar que a Constituição de Weimar, conferiu a grupos sociais de expressão não alemã, o direito de conservarem o seu idioma, estabelecendo assim, a necessária distinção entre diferenças e desigualdades, que Comparato assim as define: As diferenças são biológicas ou culturais, e não implicam a superioridade de alguns em relação a outros. A desigualdade, ao contrário, são criações arbitrárias, que estabelecem uma relação de inferioridade de pessoas ou grupos em relação a outros. Assim, enquanto as desigualdades devem ser rigorosamente proscritas, em razão do princípio da isonomia, as diferenças devem ser respeitadas ou protegidas, conforme signifiquem uma deficiência natural ou uma riqueza cultural. Diante do exposto, nesses dois capítulos é evidenciado momentos de extrema importância no transcurso histórico na luta pelos direitos humanos. Ricos em dados e exemplos internacionais, estes e os demais capítulos, torna o livro um verdadeiro clássico entre as obras de Direitos humanos. Em suma, a centralização e maior discussão referente a dignidade humana no contexto das Constituições democráticas modernas, só foi possível depois de inúmeras atrocidades e ausência de medidas efetivas voltadas ao resguardo dos direitos tidos como fundamentais. Por conseguinte, espera-se que mediante toda essa luta histórica, os direitos humanos enquanto ferramentas para a concretização da dignidade humana, não fiquem só na teoria, mas que tenham sua efetividade na prática. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS BONAVIDES, Paulo. Os Direitos Humanos e a Democracia. In Direitos Humanos como Educação para a Justiça. Reinaldo Pereira e Silva org. São Paulo: LTr, 1998. COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos humanos e cidadania. São Paulo: Moderna, 2002. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 19 ed. São Paulo: Atlas, 2006.
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