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UM GUIA PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE COMPREENSÃO, AVALIAÇÃO E MANEJO DO COMPORTAMENTO SUICIDA: https://www.artmed.com.br/ INTRODUÇÃO UM FENÔMENO GLOBAL O QUE É COMPORTAMENTO SUICIDA FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO ASPECTOS COGNITIVOS DO COMPORTAMENTO SUICIDA Aspectos do conteúdo cognitivo Aspectos relacionados ao processamento de informações AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO SUICIDA MANEJO DO COMPORTAMENTO SUICIDA Psicoeducação Plano de segurança Caixa da esperança/kit de sobrevivência Estratégias de resolução de problemas Desenvolvimento de habilidades interpessoais Uso de distratores e estratégias tranquilizantes Cartões de enfrentamento Comemorar pequenas conquistas PREVENÇÃO DE RECAÍDA CONSIDERAÇÕES FINAIS A ARTMED REFERÊNCIAS S U M Á R I O 2 3 5 6 8 9 10 12 15 16 17 20 20 21 22 22 22 23 24 26 27 Quando se trata do comportamento suicida, a informação é uma ferramenta poderosa. Com o tempo e conhecimento adequados, podemos auxiliar as pessoas a enfrentar os mo- mentos difíceis. Por isso, este material foi elaborado com o que há de mais atual e relevante para a compreensão e ma- nejo adequados de um fenômeno que é complexo e mul- tifatorial, resultante da interação entre aspectos biológicos, psicológicos, culturais e socioambientais. Esperamos que você encontre aqui ferramentas para auxi- liar em sua prática profissional! INTRODUÇÃO 2 Apenas uma pequena parcela das pessoas que apresen- tam pensamentos suicidas realmente planeja, e menos ainda efetivamente tenta. Assim, o número de pessoas que apresentam ideações é muito maior do que das que realmente morrem por suicídio (Burr et al., 2017; Kelly, 2018). Isso não significa, no entanto, que o assunto seja menos preocupante e mereça menos atenção dos res- ponsáveis por prover cuidados em saúde mental. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2021), por ano, cerca de 700 mil pessoas em todo o mun- do tiram a própria vida, o que significa algo próximo de uma pessoa a cada 40 segundos. O suicídio está entre as principais causas de morte em todo mundo e foi, em 2019, a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. UM FENÔMENO GLOBAL 3 4 No cenário brasileiro, o Sistema de Informação de Agravos de Notifi- cação (SINAN) registrou 48.200 casos de tentativas de suicídio de 2011 a 2016. Contudo, estima-se que o número de tentativas seja bem mais elevado, pois uma grande parte dos casos não são registrados. Já o Sis- tema de Informação sobre Mortalidade (SIM) registrou 55.649 óbitos por suicídio no Brasil entre 2011 e 2015, com taxas variando entre 5,3 e 5,7 a cada 100 mil habitantes (Ministério da Saúde, 2017). Apesar dos dados alarmantes, o comportamento suicida, ao ser ade- quadamente abordado, pode ser prevenido e tratado. Neste cenário, a Organização Mundial de Saúde lançou um plano para redução das ta- xas de suicídio global em um terço até 2030. Os dados epidemiológi- cos indicam que, entre 2000 e 2019, houve uma diminuição de 36% na taxa de suicídio, com as diminuições variando de 17% na região do Medi- terrâneo Oriental a 47% na região europeia e 49% no Pacífico Ocidental. Contudo, na região das Américas, as taxas aumentaram 17% no mesmo período (Organização Mundial de Saúde, 2021). A seguir, você encontra- rá informações a respeito da definição, avaliação, manejo e intervenção para comportamentos suicidas. O comportamento suicida é um fenômeno complexo e multifato- rial e, por isso, ainda não há consenso entre os pesquisadores sobre um esquema de classificação e nomenclatura que seja amplamente aceito. Nas pesquisas empíricas (Nock, 2014; Nock et al., 2008; Posner et al., 2007; Wenzel et al., 2010), é comumente organizado em ideação suicida, planejamento suici- da, tentativa de suicídio e suicídio consumado, e se difere de aspectos em que não há a deliberada intencionalidade de morte, como ideações vagas de morte, comportamentos de risco ou autolesão não-suicida. O comportamento suicida é visto como o problema primário, e não como um sintoma de um distúrbio ou quadro psicopatológico. De uma forma geral, o suicídio pode ser definido como a morte resultante de comportamento autolesivo intencional, associado a qualquer intenção de mor- rer. Para compreendê-lo, a Organização Mundial de Saúde e o EURO Multicentre Study propuseram uma tipologia para nomenclatura e classificação, organizada em agência, intenção e resultado (Nock, 2014): O QUE É O COMPORTAMENTO SUICIDA? a) Agência: o comportamento sui- cida é instigado ou iniciado pela própria pessoa, mas não necessa- riamente autoinfligido; Intenção: diz sobre o desejo de morrer. Trata-se de um aspecto controverso e ainda bastante criti- cado, por ser difícil de avaliar e in- terpretar na prática clínica; Resultado: o comportamento suicida deve ter um potencial real ou acreditado de causar a morte. 5 Talvez você já tenha tido contato com uma lista gi- gantesca de fatores de risco e proteção para o comporta- mento suicida. Entendemos por fator de risco um atribu- to, característica ou expo- sição de um indivíduo que aumenta a probabilidade de levar ao comportamento suicida, ao passo que o fa- tor de proteção pode ame- nizar ou inibir o impacto do risco (Franklin et al., 2017). A seguir, estão alguns fatores comumente citados pela li- teratura: FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO Fatores de risco e proteção para o comportamento suicida: FATORES DE RISCO FATORES DE PROTEÇÃO Tensões na vida (ex.: rompimentos român- ticos, problemas legais, falhas acadêmicas, etc.); Tentativas anteriores de suicídio; Exposição ao suicídio de outras pessoas; Quadros psicopatológicos (ex.: depressão, transtorno bipolar, transtornos de persona- lidade, problemas de abuso de substâncias, etc.); Problemas de saúde física graves ou crônicos; Acesso a meios letais; Abuso infantil; Momentos de crise; Isolamento social; Encarceramento; Violência; Ser migrante; Ser indígena; Se não-heterossexual; Ser praticante ou vítima de bullying. Estar empregado; Ter criança em casa; Ausência de sintomas psicopatológicos; Senso de responsabilidade com a famí- lia; Capacidade de solucionar problemas; Suporte familiar adequado; Crenças religiosas, culturais ou étnicas; Laços sociais estabelecidos; Ter animal de estimação; Ter vida social e lazer; Capacidade de procurar ajuda; Estar aberto ao conhecimento; Fatores culturais e sociodemográficos; Participar de atividades esportivas; Estar casado; Perceber uma boa saúde. 6 Apesar de os estudos indicarem uma associação entre os fatores de risco e de proteção e o comportamento suicida, quando são realizados estudos longitudinais prospectivos, os fatores de risco e proteção acabam não sendo predito- res confiáveis! Por exemplo, Franklin e colaboradores (2017) revisaram as pesquisas produzidas durante 50 anos (incluíram 395 estudos) e encontraram que, ao longo do tempo, os fato- res de risco foram apenas ligeiramente melhores do que o acaso para explicar o comportamento suicida. Esse re- sultado pode parecer bastante estranho em um primeiro momento, mas ele confirma o que já sabíamos: o com- portamento suicida é complexo e, para sua compreensão, faz-se importante considerar modelos e propostas mais amplas sobre os processos de saúde (Franklin et al. 2017; Friedman & Kern, 2014; Wenzel et al., 2010). Por isso, há algum tempo, os suicidologistas redireciona- ram seus esforços para identificar características individu- ais que tenham o potencial de ser mais direcionadas na compreensão e explicação do comportamento suicida (Nock, 2014). Atualmente, as variáveis cognitivas são com- preendidas como aspectos centrais para abordar o sui- cídio. Além de serem em grande parte passíveis de mo- dificação com intervenções estruturadas, elas nos dão indícios sobre o prognósticodos casos. Por isso, vamos nos debruçar sobre elas no próximo tópico. Por isso, há algum tempo, os suicidologistas redireciona- ram seus esforços para identificar características indi- viduais que tenham o potencial de ser mais direciona- das na compreensão e explicação do comportamento suicida (Nock, 2014). Atualmente, as variáveis cognitivas são compreendidas como aspectos centrais para abor- dar o suicídio. Além de serem em grande parte passíveis de modificação com intervenções estruturadas, elas nos dão indícios sobre o prognóstico dos casos. Por isso, va- mos nos debruçar sobre elas no próximo tópico. 7 A Terapia Cognitivo-comportamental (TCC) compreen- de que os sentimentos, pensamentos e comportamen- tos estão intimamente relacionados. Para a abordagem, as interpretações e percepções que as pessoas têm a respeito do ambiente são regidas por meio de três es- truturas mentais que se conectam às reações fisiológi- cas, comportamentais e emocionais (Assumpção et al., 2017). São elas: ASPECTOS COGNITIVOS DO COMPORTAMENTO SUICIDA Crenças centrais: são ideias e percepções globais, rí- gidas e hipergeneralizadas sobre si, os outros/o mun- do e o futuro. Trata-se do nível mais profundo da cog- nição; Crenças intermediárias: referem-se a atitudes, pres- supostos e regras; Pensamentos automáticos: são pensamentos es- pontâneos que aparecem na mente a partir dos acontecimentos diários, e representam o nível mais superficial da cognição. As crenças tendem a se manter estáveis ao longo do tempo e podem se ativar ou não, a depender das situações de vida experienciadas. Quando ativadas, as pessoas tendem a focar nas informações que confirmam suas crenças e a desconsi- derar informações contrárias a essa ideia central (Wenzel et al., 2010). Essas crenças podem se tornar desadaptativas, e, por isso, as intervenções objetivam modificá-las para alterar os padrões de cognição, emoção e comportamento. As variáveis cognitivas englobam um conjunto de crenças e formas de processamento e podem ser organizadas em dois aspectos. O primeiro é o conteúdo cognitivo, que se refere a pensamentos, suposições, atitudes e imagens. Em outras pa- lavras, é o conteúdo as pessoas estão pensando. O segundo está relacionado ao processamento de informação, e refere- -se a percepção, atenção, memórias, evocação e consolidação da informação, ou seja, é a forma como as pessoas estão pen- sando (Nock, 2014). A literatura em suicidologia indica uma série de variáveis cognitivas que são centrais para a compre- ensão do comportamento suicida. 8 Aspectos do conteúdo cognitivo Desesperança: expectativa negativa ou falta de expec- tativas com relação ao futuro e está associada ao aumento da ideação e intenção suicida. É um dos principais aspectos relacionados ao comportamento suicida e pode explicar as associações entre os fatores de risco e a ideação suicida. Por exemplo, após um rompimento romântico (fator de risco), o nível de desesperança pode aumentar e contribuir para o aparecimento e permanência do comportamento suicida (Nock, 2014; Wenzel et al., 2010). Perfeccionismo: estabelecimento de padrões elevados de desempenho, que são acompanhados por uma autocrí- tica elevada e uma preocupação constante em evitar falhas e erros. A dimensão de Perfeccionismo Socialmente Pres- crito, advinda do modelo proposto por Hewitt e Flett (1991), é a que apresenta maior relação com a ideação suicida e fala sobre a percepção de que as outras pessoas esperam um desempenho perfeito e estabelecem padrões de de- sempenho elevados voltados para o eu (Soares, et al., 2018). Sentir-se como um peso/estorvo: crença de que a incompetência pessoal afeta negativamente as outras pessoas. Trata-se de uma variável cognitiva, pois não é uma medida objetiva do quanto as ou- tras pessoas se sentem afetadas (Nock, 2014). Baixo pertencimento: percepção individual de não ser um membro importante de um grupo. O isolamento social é comum em pessoas que rela- tam ideação suicida bem como naqueles que mor- rem por suicídio (Nock, 2014; Wenzel, 2021). Perceber situações como insuportáveis: tendên- cia em reagir negativamente, a nível emocional, cognitivo e comportamental, às situações aversi- vas, além de dificuldade de encontrar estratégias adequadas para lidar com as situações. O compor- tamento suicida é visto como uma fuga de tal dor (Nock, 2014). 9 Aspectos relacionados ao processamento de informações Déficits de resolução de problemas: falha pessoal em gerar soluções alternativas para os problemas da vida. Assim, o comportamento suicida aparece como uma solução viável (Nock, 2014; Wenzel, 2021). Estilo de memória generalizada: os indivíduos com ideação suicida são mais propensos a recuperar me- mórias mais genéricas e demoram mais para recupe- rar memórias específicas. Isso pode gerar dificuldade na resolução de problemas e em imaginar eventos fu- turos, colaborando para a desesperança (Nock, 2014). Pensamento dicotômico: tendência em fazer jul- gamentos extremos e polarizados (popularmente conhecido como uma atitude “8 ou 80”), com pouca consideração dada às informações ou evidências que podem levar a uma avaliação mais equilibrada. O pen- samento dicotômico tem o potencial de limitar os in- divíduos com ideação suicida a identificar e avaliar de forma precisa as soluções múltiplas para os problemas de vida (Nock, 2014; Wenzel, 2021). Pensamento futuro: os indivíduos com ideação sui- cida demonstram prejuízo na geração de expectativas positivas para o futuro. Ainda, quando geram expecta- tivas positivas (como metas), essas tendem a ser acom- panhadas de uma série de razões pelas quais não se- rão alcançadas (Nock, 2014). Alocação de atenção: tendência a direcionar a aten- ção para aspectos negativos do ambiente, que con- firmam as crenças desadaptativas. Por exemplo, uma pessoa pode se voltar para os erros cometidos em uma prova e ignorar os acertos (Nock, 2014; Wenzel, 2021). 10 Existem diferentes modelos desenvolvidos para a com- preensão do comportamento suicida e, dentre eles, Amy Wenzel e colaboradores (2010) propuseram o modelo cog- nitivo integrativo, composto por três processos centrais: cognitivos associados a distúrbios psiquiátricos, refe- re-se à ativação de crenças centrais associadas a quadros psicopatológicos, como sintomas depressivos, ansiosos, transtornos de personalidade, etc. Por fim, os processos cognitivos associados à crise estruturam-se durante os estados críticos; a desesperança e um processo de atenção seletiva colaboram para uma fixação atencional nos even- tos que desencadearam a crise e, juntamente às crenças pessoais de suicídio, podem levar a um episódio de autole- são ou tentativa de suicídio (a depender do limiar de tole- rância pessoal). Esses três processos descritos estão em in- teração e podem explicar os mecanismos subjacentes do comportamento suicida (Wenzel, 2021; Wenzel et al., 2010). FATORES DE VULNERABILIDADE; PROCESSOS COGNITIVOS ASSOCIADOS A DISTÚRBIOS PSIQUIÁTRICOS; PROCESSOS COGNITIVOS ASSOCIADOS À CRISE. Os fatores de vulnerabilidade estão relacionados a fatores individuais que colaboram para uma susceptibilidade ao comportamento suicida, tais como perfeccionismo, estilo de memória generalizado, características de personalida- de, impulsividade, entre outros. O segundo, os processos 11 O processo de avaliação visa a observar o risco do comportamento suicida, a fim de instruir adequada conduta terapêutica. Para isso, a melhor abordagem de avaliação é utilizar uma combinação de diferentes técnicas, como entrevistas (estruturadas, semiestrutura- das ou não-estruturadas), escalas de auto ou heterorrelato, obser- vação, testes situacionais, anamneses, entre outros. Abaixo seguem alguns aspectos relevantes que devem ser observados durante a avaliação (Wenzel,2021; Wenzel et al., 2010): AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO SUICIDA Expectativas com relação ao tratamento; Caso tenha havido uma tentativa anterior, avaliar as reações do(a) paciente (por exemplo, se está feliz ou triste por ter sobre- vivido); Crenças centrais, intermediárias e pensamentos automáticos; Presença de fatores de vulnerabilidade, risco e proteção; Estratégias existentes para lidar com os pensamentos suicidas; Planejamento e acesso a métodos; Apoio e vínculos sociais. Não raramente, as pessoas com comportamen- tos suicidas recebem tratamentos inadequados ou um suporte apenas nos momentos de crise, o que pode levar a um ciclo vicioso de múltiplas ten- tativas. Por isso, conhecer a respeito do processo de tratamento anterior acaba sendo fundamental. Um exemplo desse ciclo vicioso foi ilustrado por Wenzel (2021) e está representado a seguir: Ciclo vicioso de múltiplos episódios Tentativa de suícidio Hospitalização Retorno dos sintomas deprimidos Problemas interpessoais em casa Companheiro(a) deixa o(a) paciente Intensificação dos sintomas Vergonha/precisa ser punido Ceticismo em relação ao tratamento Encaminhamento para tratamento adicional Desesperança em relação ao tratamento 12 Com relação aos instrumentos disponíveis para o contexto brasileiro, Teodoro e colaboradores (2020) realizaram a adaptação transcultural do Frequency of Suicidal Ideation Inventory (FSII), um instrumento de autorrelato compos- to por 5 itens respondidos em uma escala likert, que objetiva avaliar a frequência de ideação suicida no ano anterior. Inventário da Frequência de Ideação Suicida (FSII) Tradução e adaptação brasileira por Souza & Teodoro (2016) Instruções Por favor, indique a frequência com que você teve pensamentos so- bre suicídio no último ano (últimos 12 meses). Marque os itens abaixo usando a seguinte escala: 1 = Nunca 2 = Menos do que três ou quatro vezes no ano 3 = Aproximadamente uma vez por mês 4 = Aproximadamente uma vez por semana 5 = Quase todos os dias 1. Durante o último ano, quan- tas vezes você pensou em se machucar? 2. Durante o último ano, quan- tas vezes você acreditou que não valia a pena viver? 3. Durante o último ano, quan- tas vezes você se perguntou o que teria acontecido se tivesse acabado com sua vida? 4. Durante o último ano, quan- tas vezes você pensou em co- meter suicídio? 5. Durante o último ano, quan- tas vezes você desejou não existir? Nunca Menos do que três ou quatro vezes no ano Aproximadamente uma vez por mês Quase todos os dias 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 13 Ainda, para investigar as princi- pais razões individuais para não cometer suicídio, Baptista & Go- mes (2012) adaptaram a Reasons for Living Scale, construída por Linehan et. al., (1983). Esse instru- mento é composto por 48 itens avaliados em uma escala de 6 pontos. Após a coleta dos dados e com- preensão do funcionamento cognitivo (ex.: por meio da con- ceitualização cognitiva), deter- minamos qual é o risco apresen- tado pelo(a) paciente. Podemos classificá-lo em de alto ou baixo risco, considerando a chance de aparecimento do comporta- mento suicida. Parâmetros para Avaliação de Risco de Comportamento Suicida PARÂMETRO ALTO RISCO BAIXO RISCO Circunstâncias do com- portamento suicida Sozinho Planejado Métodos letais Próximo a alguém Não planejado Métodos de baixa leta- lidade Intenção de morrer Alta Baixa Psicopatologia Presente e grave Ausente ou leve Mecanismos de enfrentamento Fraco julgamento Fraco controle de impulsos Alta desesperança Alta impotência Bom julgamento Bom controle de impulsos Baixa desesperança Baixa impotência Comunicação Fraca ou ambivalente Boa, clara Apoio familiar Inconsistente e grave Consistente ou leve Estresse ambiental Alto e grave Baixo ou leve Fonte: Adaptado de Pfeffer (1995) e retirado de Franzin et al. (2017). 14 Antes de iniciar o acompanhamento e tratamento de pacien- tes com comportamento suicida, certifique-se de estar con- fortável com o caso. Fique atento(a) às preocupações e sensa- ções que o(a) paciente desperta em você. Ainda, certifique-se de estar disponível para o acompanhamento, pois não é re- comendado acolher muitos pacientes com comportamentos autolesivos ou suicidas ao mesmo tempo. Quando possível, busque trabalhar com uma equipe mul- tidisciplinar, pois os(as) pacientes podem se beneficiar bas- tante de um trabalho em rede, desenvolvido por um time composto por diversos especialistas (dentre eles psi- cólogos, psiquiatras, nutricionistas, terapeutas ocupa- cionais, entre outros). Além disso, a TCC tem se mos- trado como uma excelente ferramenta para manejo dos casos (Nock, 2014). Por isso, listamos a seguir uma série de técnicas comumente utilizadas na TCC para abordar o comportamento suicida e que visam a al- terar os esquemas e crenças centrais desadaptativas (Wenzel, 2021; Nock, 2014). Você pode adequá-las para facilitar a compreensão e engajamento do(a) pacien- te. MANEJO DO COMPORTAMENTO SUICIDA 15 Quanto mais informações sobre a condição de saú- de e seu funcionamento (cognitivo, comportamen- tal e emocional) e sobre a forma de condução do tratamento o(a) paciente tiver, maior poderá ser sua motivação e participação no processo de mu- dança. Por isso, o(a) paciente deverá ser capaz de compreender a relação entre pensamentos, com- portamentos e emoções, bem como identificar as- pectos centrais de seu funcionamento (ex.: o que colabora para o aparecimento de crises). Para pacientes com ideação suicida, é importante abordar os mitos e verdades sobre o tema. Alguns mitos comuns são: “o suicídio é falta de religiosida- de”, “toda pessoa com ideação suicida está depri- mida” e “apenas pessoas fracas pensam nisso”. O uso de materiais escritos, o incentivo à participa- ção, a solicitação de feedback e a recomendação de leituras podem ser ferramentas norteadoras na aplicação da psicoeducação (Carvalho et al., 2020). Psicoeducação 16 O plano de segurança consiste em uma lista de estratégias e recursos para enfrentar momentos de cri- se. Ele precisa ser de fácil acesso e construído de forma colaborativa. Ao lado, estão algumas orientações: Plano de segurança Ao listar as atividades, pense junto ao(a) paciente sobre possíveis obstáculos (ex.: chover torna mais difícil fazer caminhada em um parque). É recomendado indicar objetivamente a atividade, deixando-a bastante específica (ex.: coloque o nome do filme e a forma como ele pode ser acessado); Pode ser feito um role-play ensaiando o que o(a) paciente poderia conversar com os(as) amigos(as) ou familiares ao ligar em momentos de crise. Verifique a qualidade do vínculo entre o(a) paciente e o contato; Liste um ou mais serviços de saúde que sejam próximos aos locais comumen- te frequentados pelo(a) paciente (ex.: escola, trabalho, casa, academia); Verifique a possibilidade de o(a) paciente utilizar o plano em momentos de crise. Veja os desafios prováveis e trabalhe para diminuí-los ao máximo possível; Pergunte sobre onde o(a) paciente manterá o plano de segurança. O ideal é que este seja de fácil acesso durante todos os momentos. Por isso, algumas có- pias podem estar disponíveis nos principais locais frequentados pelo(a) paciente e em dispositivos eletrônicos; Uma forma de adaptação do plano de segurança é anotar estratégias especí- ficas para as sensações comumente vivenciadas (por exemplo, “maneiras de lidar com a vergonha e a sensação de fracasso: rever meu vídeo de apresentação no balé”); 17 Instrução: Se você tiver ideias de se machucar, comece pelo Passo 1. Siga cada passo até que você esteja seguro. Plano de segurança LEMBRE-SE: Pensamentos suicidas podem ser muito fortes e pode parecer que durarão para sempre. Com ajuda e tempo, esses pensamentos sempre passam. Quando eles passarem, você pode investirenergia em solucionar os problemas que contribuíram para que você se sentisse tão mal. A desesperança que você sente neste momento não durará para sempre. É importante que você obtenha ajuda e suporte. Você pode superar esse momento difícil. Como pode ser difícil ter foco e pensar claramente quando você tem pensamentos suicidas, por favor faça cópias deste plano e coloque-o em lugares que você possa facilmente encontrar, como sua mochila, bolsa, carteira ou ao lado do telefone. 18 Fazer as seguintes atividades para me acalmar/confortar: Fonte: adaptado por Ana Irene Fonseca Mendes para uso nos atendimentos do Laboratório de Pesquisa e Intervenção Cognitivo-Comportamental da Universidade de São Paulo (LaPICC-USP) do original de Stanley e colaboradores (2008). Retirado de Franzin et al. (2017). Lembrar das minhas razões para viver: Telefonar para um amigo ou membro da família: Telefonar para outra pessoa que possa me ajudar caso não encontre o contato descrito acima: Telefonar para meu(minha) psicólogo/psiquiatra: Telefonar para o CVV – Centro de Valorização à Vida Ir a um lugar onde eu esteja seguro Ir para o Serviço de Urgência do hospital mais próximo Se eu sentir que não posso chegar ao hospital com segu- rança, telefonar para requerer transporte para o hospital. Eles vão enviar alguém para me transportar em segurança. 1. 2. 3. 1. 2. 3. Nome: Telefone: Nome: Telefone: Nome: Telefone: Telefone: 141 1. 2. 3. Listar hospitais com serviço de urgência próximos à casa, ao trabalho e aos locais que o paciente comumente frequenta. Telefone: 192 1 2 3 4 5 6 7 8 9 19 Podemos solicitar ao(à) paciente que crie uma caixa com fotos, poesias, textos, cartas, bilhetes, cartões de enfrenta- mento e qualquer outro item significativo que traga boas recordações de motivos para viver e que possa ser aces- sada em momentos de crise (Wenzel, 2021; Wenzel, et al., 2010). Caixa da esperança/kit de sobrevivência A técnica de estratégias de resolução de problemas ob- jetiva incentivar o(a) paciente a identificar as situações- -problema (podem ser as já vivenciadas ou as esperadas), levantar e avaliar possíveis soluções, tomar decisões e ela- borar e implementar um planejamento. Essa técnica pode ser organizada em seis etapas: Estratégias de resolução de problemas DEFINIÇÃO OPERACIONAL DO PROBLEMA; LEVANTAMENTO DE POSSÍVEIS SOLUÇÕES; AVALIAÇÃO DAS SOLUÇÕES PROPOSTAS; TOMADA DE DECISÃO SOBRE QUAL SOLUÇÃO UTILIZAR; IDENTIFICAÇÃO DE ETAPAS E OBSTÁCULOS PARA IMPLE- MENTAR A SOLUÇÃO; E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS. As etapas não são sempre lineares, e, caso necessário, po- demos retornar às etapas anteriores para prosseguir com a melhor implementação da estratégia. Você pode per- guntar como o(a) paciente resolveria um problema similar ou como aconselharia outra pessoa a resolver o problema (Wenzel, 2021). 20 O desenvolvimento de habilidades interpessoais pode auxiliar o(a) paciente a investir ou modificar os rela- cionamentos existentes ou construir novos relacio- namentos. Para isso, deve-se identificar quais são as pessoas próximas ou em quais ambientes o(a) paciente deseja estabelecer ou desenvolver vínculos significa- tivos. Verifique quais são os pontos fortes e fracos das habilidades pessoais do(a) paciente e escolha (cola- borativamente) uma habilidade para desenvolver. Por meio da dramatização/role-play, pode-se modelar o uso apropriado da habilidade, que deve ser aplicada nas in- terações planejadas e, posteriormente, generalizada para outros contextos (Wenzel, 2021). Desenvolvimento de habilidades interpessoais 21 Para os momentos de crise, os(as) pacientes podem se be- neficiar de técnicas tranquilizantes, como realizar ativi- dades físicas, praticar o relaxamento muscular, tomar um banho ou colocar uma parte do corpo (ex.: mãos ou pés) em água fria, estourar plástico bolha, prestar atenção nos sentidos (ex.: tato, som, olfato) ou repetir uma palavra por um tempo até que ela comece a soar estranha (como re- petir a palavra “papel” por um minuto) (Nock, 2014; Wenzel, 2021; Wenzel et al., 2010). Uso de distratores e estratégias tranquilizantes Convidamos o(a) paciente a confeccionar um cartão por es- crito que resuma coisas importantes aprendidas durante o processo terapêutico. Pode ser, por exemplo, uma resposta para um pensamento automático ou soluções para algum problema. Esse cartão pode ser consultado periodicamen- te ou quando ele(a) estiver sentindo que entrará em um estado de crise. Serve como um lembrete rápido e deve ser mantido por perto (como em uma escrivaninha, carteira, geladeira, painel do carro, entre outros) (Beck, 2014). Cartões de enfrentamento Podemos incentivar os(as) pacientes a se recompensarem e aproveitarem as conquistas pessoais, sejam elas peque- nas ou grandes. Isso não significa fazer grandes eventos comemorativos ou receber prêmios pela conquista, mas voltar a atenção para aspectos positivos das experiências. Alguns pacientes podem se beneficiar de listas contendo as conquistas alcançadas. Também, o(a) paciente pode ser solicitado(a) a listar diariamente suas conquistas pes- soais, como uma espécie de diário (Beck, 2014; Wright et al., 2008). Comemorar pequenas conquistas 22 Quando os(as) pacientes relatarem não apresentar mais o desejo de cometer suicídio ou comportamentos autolesi- vos e apresentarem habilidades para o enfrentamento de problemas futuros, devemos prepará-los(as) para a finaliza- ção do tratamento ou encaminhamentos necessários. Essa etapa do tratamento pode ser em 5 fases (Wenzel, 2021): PREVENÇÃO DE RECAÍDA Preparar o(a) paciente para o processo de encerramento ou encaminhamento, abordando as reações emocionais negativas; Revisar como o(a) paciente relembra e relata o cenário da crise anterior; Analisar como o(a) paciente descreve estratégias de en- frentamento adaptativas para lidar com a crise anterior; Imaginar possíveis crises futuras e quais poderiam ser as estratégias para lidar com elas; Resumir quais foram os aprendizados e mudanças ob- servadas durante a psicoterapia 1. 2. 3. 4. 5. 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esperamos que este material tenha trazido contribuições relevantes para a sua prática profissional. Buscamos, aqui, sintetizar o que há de mais atual e baseado em evidências. Recomendamos a busca por outros materiais de apoio para abordar o comportamento suicida, como os materiais produzidos pelo Cen- tro de Valorização da Vida e as cartilhas produzidas pelo Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio e pela Socieda- de Brasileira de Neuropsicologia. 24 https://www.cvv.org.br/blog/ https://www.cvv.org.br/blog/ https://vitaalere.com.br/materiais-online/cartilhas-e-manuais/ https://sbnpbrasil.com.br/wp-content/uploads/2018/11/Cartilha-suic%C3%ADdio_final.pdf https://sbnpbrasil.com.br/wp-content/uploads/2018/11/Cartilha-suic%C3%ADdio_final.pdf WILLIAN DE SOUSA RODRIGUES Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Psi- cologia: Cognição e Comportamento (PPG-CogCom) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Gradua- do em Psicologia pela UFMG. Pesquisador membro do Laboratório de Avaliação e Intervenção na Saúde (LAVIS/ UFMG). Membro da Comissão Jovem da Associação de Terapias Cognitivas de Minas Gerais (ATC-Minas). Mem- bro da Diretoria Consultiva da Liga de Terapias Cognitivo- -Comportamentais da UFMG (LiTeCC-UFMG). CARMEM BEATRIZ NEUFELD Psicóloga. Pós-Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Coordenadora do Laboratório de Pesquisa e Intervenção Cognitivo-Comportamental – LaPICC-USP. Professora Associada do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – USP. Presi- dente da Associação Latino Americana de Psicoterapias Cognitivas - ALAPCO (2019-2022). Presidente da Associa- ção de Ensinoe Supervisão Baseados em Evidências - AESBE (2020-2023). Este material foi escrito por: Editora-chefe 25 A ARTMED Este conteúdo foi útil para você? A Artmed é o maior hub de educação para saúde do país! No nosso site, você encontra soluções para continuar se atualizan- do na área de Psicologia quando e onde quiser. Acesse o site e confira as opções de livros, cursos e programas de atualização para se aprimorar profissionalmente: https://www.artmed.com.br 26 REFERÊNCIAS Assumpção, A. A., Teodoro, M. M. L., Maltoni, J., & Neufeld, C. B. (2017). A Perspectiva Adolescente na Teoria Cognitiva de Beck. In C. B. Neufeld (Org.), Terapia Cognitivo- -Comportamental para Adolescentes: Uma Perspectiva Transdiagnóstica e Desenvolvimental, (pp.42-58). Artmed Editora. Beck, J. (2014). Terapia Cognitivo-Comportamental: Teoria e Prática (2ª Ed.). Artmed Editora. Burr, E. M., Rahm-Knigge, R. L., & Conner, B. T. (2018). The Differentiating Role of State and Trait Hopelessness in Suicidal Ideation and Suicide Attempt. Archives of Suicide Research, 22(3), 510–517. doi:10.1080/13811118.2017.1366960 Carvalho, M. R., Malagris, L. E. N., & Rangé, B. (2020). A psicoeducação na Terapia Cognitivo-Comportamental. In M. R. Carvalho, L. E. N. Malagris & B. P. Rangé (Orgs.), Psicoeducação em Terapia Cognitivo-Comportamental. (2ªEd, pp.15-28). Sinopsys Editora. Franklin, J. C., Ribeiro, J. D., Fox, K. R., Bentley, K. H., Kleiman, E. M., Huang, X., Musacchio, K. M., Jaroszewski, A. C., Chang, B. P., & Nock, M. K. (2017). Risk factors for suicidal thoughts and behaviors: A meta-analysis of 50 years of research. Psychological Bulletin, 143(2), 187–232. doi:10.1037/bul0000084 Franzin, R., Reis, A. H. & Neufeld, C. B. (2017). Emergência Psiquiátrica em Adolescentes: Uma Abordagem Integrada entre Farmacologia e TCC. In C. B. Neufeld (Org.), Terapia Cognitivo-Comportamental para Adolescentes: Uma Perspectiva Transdiagnóstica e Desenvolvimental, (pp.321-377). Artmed Editora. Friedman, H. S., & Kern, M. L. (2014). Personality, Well-Being, and Health. Annual Review of Psychology, 65(1), 719–742. doi:10.1146/annurev-psych-010213-115123 Kelly, B. D. (2018). Are we finally making progress with suicide and self-harm? An overview of the history, epidemiology and evidence for prevention. 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Death Studies. doi:10.1080/07481187.2020.1824201 Wenzel, A. (18 de setembro de 2021). Suicidal Behaviors and Self-harm: Strategies for Coping [Workshop]. I World TCC do Pelo Mundo das TCCs, Brasil. Wenzel, A., Brown, G. K., & Beck, A. T. (2010). Terapia cognitivo-comportamental para pacientes suicidas. Artmed Editora. Wright, J. H., Basco, M. R., & Thase, M. E. (2008). Aprendendo a Terapia Cognitivo-Comportamental: Um Guia Ilustrado. Artmed Editora. 28 https://www.artmed.com.br/
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