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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 2 DEFINIÇÃO DE PERÍCIA AMBIENTAL ...................................................... 3 2.1 Objetivo ................................................................................................ 4 2.2 O Perito Ambiental ............................................................................... 5 2.3 Assistente Técnico ............................................................................... 7 3 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ........................................................................ 8 4 LAUDO PERICIAL .................................................................................... 13 5 TIPOS DE PERÍCIA .................................................................................. 14 5.1 Perícia judicial .................................................................................... 15 5.2 Perícia extrajudicial ............................................................................ 15 5.3 Perícia arbitral .................................................................................... 16 6 MÉTODOS APLICADOS À PERÍCIA AMBIENTAL .................................. 17 7 DANOS AMBIENTAIS............................................................................... 20 8 IMPACTOS E PASSIVOS AMBIENTAIS .................................................. 28 9 IMPACTO E ATIVOS AMBIENTAIS ......................................................... 31 10 DEFINIÇÃO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA) .......... 33 10.1 Conceitos de Impacto Ambiental ..................................................... 34 10.2 Estudos de avaliação de impacto ambiental ................................... 37 10.3 Diagnóstico ambiental da área de influência ................................... 38 11 MEDIDAS MITIGADORAS E COMPENSATÓRIAS DE IMPACTOS AMBIENTAIS ............................................................................................................. 42 12 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 45 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 46 2 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O grupo educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2 DEFINIÇÃO DE PERÍCIA AMBIENTAL Fonte: ibape.ecommerceflex.com.br Pode-se definir como Perícia, uma expressão genérica que abriga diversos tipos de exames de natureza especializada, visando esclarecer determinados fatos sob a ótica científica. Quando o conhecimento jurídico do magistrado não é suficiente para emitir opinião técnica, faz-se então, necessária a instauração de perícia para apurar circunstâncias e/ou causas relativas a fatos reais, com vistas ao esclarecimento da verdade (GONÇALVES, 2010). A Perícia Ambiental é solicitada em decorrência de uma demanda processual e possui como objeto de estudo o meio ambiente, nos seus aspectos abióticos, bióticos e socioeconômicos, correlacionando a natureza com as atividades humanas. É um meio de prova utilizado em processos judiciais para determinar a extensão do “dano” ambiental e estimar a indenização. A Constituição Federal Brasileira de 1988 no capítulo dedicado ao Meio Ambiente estabelece como forma de reparação do dano ambiental três tipos de responsabilidade, a saber: civil, penal e administrativa, todas independentes e autônomas entre si. Perícias, de um modo geral, são operações designadas a ministrar esclarecimentos técnicos à Justiça. A Perícia Ambiental torna-se de suma importância na atualidade, na qual a dinâmica e a velocidade das mudanças ocorridas na sociedade contemporânea promoveram um rápido processo de transformações no meio ambiente em decorrência da ação do homem, causando de forma acelerada e 4 acentuada o desequilíbrio, a redução e até mesmo o desaparecimento espécies e ecossistemas. A perícia ambiental é um meio de prova utilizado em processos judiciais, sujeito à mesma regulamentação prevista pelo CPC, com a mesma prática forense, mas que irá atender a demandas específicas advindas das questões ambientais, onde o principal objeto é o dano ambiental ocorrido, ou risco de sua ocorrência. Pericia ambiental, uma especialidade de perícia, relativamente nova no Brasil, mas que tem evoluído nos últimos anos devido ao aprimoramento da legislação ambiental e a própria necessidade humana de proteção e conservação do meio ambiente. Assim, trata-se de uma atividade profissional de relevante interesse social e de natureza complexa, a exigir uma prática multidisciplinar e a atuação de profissionais altamente qualificados para o trato das questões ambientais, além de estudos e pesquisas que fundamentem o desenvolvimento de seus aspectos jurídicos, teóricos, técnicos e metodológicos. A perícia ambiental é fundamental para elucidação dos processos ambientais. A perícia observa o contraditório e quando se trata de uma questão técnica é necessário ouvir todas as partes interessadas ou afetadas. A perícia ambiental não está restrita apenas ao solo, mas também ao ar, entorno, enfim, a toda dinâmica que existe no local (GONÇALVES, 2010). 2.1 Objetivo Objeto de estudo da Perícia Ambiental segundo a lei 9.605/98 - O Crime Ambiental pode ocorrer das seguintes formas: natureza dos crimes e do meio ocorrido: fauna, flora, administração ambiental, ordenamento urbano e territorial, poluição gerada por aspectos socioeconômicos e, outros. Ações de possíveis perícias ambientais: maus tratos em animais, ações antrópicas que dificultam o ciclo vital e, se o crime ocorre em área protegida ou não; desmatamento, queimadas, exploração de madeiras, produção de carvão; perícia sobre um RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) ou PCA (Plano de Controle Ambiental) aprovado indevidamente em Órgãos Ambientais; parcelamento do solo, ocupação indevida de áreas públicas, pichação de prédios públicos, depredação de sítios arqueológicos, parques, etc.; poluição sonora ou visual, temperatura, luminosidade, vibração, gases, chaminés, efluentes de: curtumes, agrotóxicos, matadouros domésticos, lixões e poluição residual (independentemente da origem, deixa sequelas ao homem e ao meio 5 ambiente); mineração, execução de aterros, drenagem, dragagem, barragens, erosão, voçoroca, resíduos sólidos e obras de engenharia em geral. Para analisar o aspecto do desenvolvimento socioeconômico e ambiental de uma região, um território ou local, que visa o crescimento sustentável (em processo de resolução), o Perito e/ou Assistente Técnico também faz consultoria capaz de emitir pareceres ambientais, provendo modificações e soluções necessárias para promoção de ações mitigadoras e compensatórias, evitando riscos: físico-ambientais e econômicos (multas), resultando na prevenção ambiental e valorando o “bem” privado ou público tornando-o sustentado(resolução efetivada). O Meio Ambiente tem valor econômico agregado a partir de um sólido projeto de Gestão Ambiental (GONÇALVES, 2010). As ações privadas (individuais ou organizadas) de expansão territorial no ordenamento de zonas ambientais, tanto urbanas como rurais, devem ser feitas de forma articulada, coordenada e sistêmica, devendo sempre ter o auxílio de um profissional ambiental, obedecendo às Leis e Ações Estatais, vindo a se beneficiar e valorando o seu “bem”. Exemplo concreto é a Bolsa Verde, que concede incentivo financeiro para proprietários ou posseiros rurais, que promovam a conservação da cobertura vegetal nativa em Minas Gerais. 2.2 O Perito Ambiental Perícia é uma diligência realizada ou executada por peritos, a fim de esclarecer ou evidenciar certos fatos. Significa, portanto, a investigação, o exame, a verificação da verdade, ou realidade de certos fatos por pessoas que tenham habilitação profissional; reconhecida experiência quando à matéria e idoneidade moral. O Perito e/ou Assistente Técnico Ambiental é um profissional importante para a interrupção de processos predatórios de crescimento urbano e produção Agroindustrial, sendo por isso mesmo uma categoria profissional cada vez mais requisitada e fundamental para a sociedade brasileira. (GONÇALVES, 2010). Perito ambiental é o profissional imbuído de averiguar e relatar informações relacionadas a crimes cometidos contra o meio ambiente. Sua missão é colher dados que esclareçam os fatos, validando informações que servirão como suporte para que o juiz aplique as devidas medidas punitivas. Perito Ambiental deve ser registrado nos Conselhos Regionais (art. 145 a 147 da sessão II da Constituição Federal), sendo sua ação disciplinada pela Lei de Perícia 6 Judicial - Lei 8.455/92 do Processo Civil. Tem por finalidade verificar fatos relativos à matéria em questão, certificando-os, apreciando-os ou interpretando-os. Seu parecer técnico, será representado, conforme determinação do Juiz, em inquirição, em audiência ou por escrito. Além dos Peritos, se faz necessário também os Assistentes Técnicos (profissional legalmente habilitado pelos Conselhos Regionais), que é indicado pelas partes e acompanham o Processo. Estes são de confiança das partes e ao contrário do que muitos rotulam não é um fiscal do Perito, mas um técnico coadjuvante dos trabalhos da Perícia, procurando satisfazer a busca da verdade, assemelhando-se ao Perito como auxiliar da Justiça. Com a publicação da Lei número 9.605 em 1998, conhecida por Lei de Crimes Ambientais, começou a surgir necessidade de um profissional para avaliar a dimensão dos danos cometidos contra o meio ambiente e fornecer laudos periciais para que as punições fossem adequadamente aplicadas. A atividade foi regulamentada pelo Código de Processo Civil, nos Artigos 420 a 439 e é permitida às pessoas que tenham qualquer formação em curso de nível superior, sendo necessária a inscrição em fórum localizado na região onde almeja trabalhar. A escolha será feita pelo respectivo juiz titular. Apesar disso, a formação mais indicada para a carreira é a graduação em Engenharia Ambiental, pois através de suas matrizes curriculares o curso aborda a legislação pertinente juntamente com as competências técnicas relacionadas à gestão e às tecnologias ambientais. Além dessa opção, existem cursos técnicos e também especializações e mestrados voltados à área ambiental (OLIVEIRA, 2010). A atuação do perito é feita após o crime ambiental ser denunciado ou flagrado. A perícia é realizada com aplicação da ciência e após profunda investigação dos fatos, buscando detectar suas causas e consequências para o ambiente. Caso seja necessário, o profissional pode solicitar o apoio de uma equipe multidisciplinar para dar suporte em casos que apresentem detalhes extremamente técnicos, já que as questões ambientais envolvem várias áreas do conhecimento humano. As atividades do perito ambiental podem ser realizadas com flexibilidade de horário, conforme seu planejamento. Suas tarefas incluem as etapas envolvidas na pesquisa de campo e a produção de um documento descritivo e analítico, o laudo pericial. Esse documento, extremamente importante, é considerado como prova e fator decisivo para as decisões de julgamento. 7 Para executar um bom laudo é preciso que o perito seja imparcial, não tendo nenhum parentesco ou ligação com as partes envolvidas. Ter uma postura ética e observadora também é imprescindível. O mercado de trabalho disponível é promissor e o profissional pode prestar concursos públicos para ingressar na Polícia ou no Ministério Público. Pode ministrar aulas em cursos correlatos de nível superior, ser consultor técnico ou científico em empresas de meio ambiente e também atuar em ações cíveis, trabalhistas e afins. 2.3 Assistente Técnico Fonte:zambonpericia.com.br Quando o perito possui a habilitação profissional na área, porém não domina determinado segmento, por exemplo, o perito é engenheiro civil, mas não domina o cálculo estrutural de concreto armado. Ele, então, contrata um expert no assunto, como é o caso de se contratar um professor universitário titular de uma disciplina nesse segmento. O professor contratado pode ajudar e ensinar o perito, inclusive no sentido de elaborar um relatório para ser anexado pelo perito ao seu laudo. Na maioria das vezes, ocorre de a empresa envolvida em um processo judicial indicar um profissional terceirizado como assistente técnico e colocar à disposição desse um ou mais de seus funcionários ligados ao tema da perícia que transcorre. 8 3 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I – Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II – Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III – Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV – Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V – Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI – Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII – Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. 9 § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurema preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Art. 1º Esta lei, com fundamento nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 235 da Constituição, estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA e institui o Cadastro de Defesa Ambiental. (Redação dada pelo(a) Lei nº 8.028, de 1990). Art. 2º A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: I – Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II – Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; III – Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV – Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V – Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; 10 VI – Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; VII – Acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII – recuperação de áreas degradadas; IX – Proteção de áreas ameaçadas de degradação; X – Educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. Art. 3º Para os fins previstos nesta lei, entende se por: I – Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; II – Degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; III – Poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; IV - Poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; V - Recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. (Redação dada pelo(a) Lei nº 7.804, de 1989) A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), instituída pela Lei 6.938/81, é considerada um marco legal da legislação ambiental brasileira. Tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida e visa a assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. Para a consecução desse objetivo, prevê a Avaliação de Impacto Ambiental (EIA) e uma série de outros instrumentos complementares inter-relacionados (BASTOS & ALMEIDA, 2009). “A lei estabelece o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), único conselho com poder de legislar” (IBAMA, 2016a). Além disso, a Lei 6.938/81, teve mérito de trazer o conceito normativo de meio ambiente, como objeto especifico de proteção em seus múltiplos aspectos, bem como os conceitos de degradação da qualidade ambiental, poluição, poluidor e recursos ambientais. Estabeleceu também o princípio segundo o qual os responsáveis por danos causados ao ambiente devem ser responsabilizados e obrigados a indenizá- los ou repará-los, independentemente da existência de culpa, prevendo uma Ação 11 Judicial específica para esse tipo de responsabilidade, qual seja: a Ação Civil Pública, que veio a ser regulamentada em 24/7/85 pela Lei Federal nº 7.347. Esta Lei é caracterizada como sendo de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valores artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer outro interesse difuso ou coletivo, e por infração à ordem econômica (Art. 1°, I a V). Em relação ao interesse difuso e coletivo, segundo Tocchetto (2012 apud BENEDET, JATAHY, LOCH, 2016), o meio ambiente não é bem público nem privado, e extrapola as noções de interesse individual e coletivo; é de interesse difuso por ser um “bem de uso comum do povo”, e por isso a Constituição de 88 “confere legitimidade a vários entes para promover a sua defesa”. O Código de Processo Civil (CPC) regulamenta, de forma genérica, os procedimentos relativos à Prova Pericial, sem especificar modalidades. As diversas modalidades de perícia, ou seja, pericias temática, dentre elas, de engenharia e ambiental, se definem pelas especificidades do objeto a ser periciado e pela área de conhecimento que as fundamentam, incluindo a legislação especifica, em complemento às normas do CPC. O instituto jurídico da responsabilidade civil por danos ambientais visa a imputar ao causador de um dano ambiental o ônus pela sua reparação. O objetivo principal e aparente é coibir ações predatórias. Contudo, muitas vezes, tais objetivos são mitigados com medidas puramente compensatórias. O Ibama foi criado em 1989, Lei nº 7.735/89, visando integrar a gestão ambiental brasileira, vinculando-a ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) (IBAMA, 2016a). Em 2006, o Ibama criou a Diretoria de Qualidade Ambiental (Diqua) “para se aperfeiçoar e aproximar suas ações às demandas de progresso do país, focalizando suas atividades na avaliação, licenciamento, controle e fiscalização de produtos e atividades potencialmente poluidoras e uso adequado dos recursos naturais”, principalmente no que diz respeito à Agenda Marrom, considerada a de maior prioridade para o Brasil (IBAMA, 2016b) Dentre as Leis que tutelam a área ambiental, é relevante destacar a Lei de Crimes ambientais n° 9605/98, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Quando um crime ambiental deixa vestígios, surge a necessidade de esclarecimentos acerca do objeto, sendo extremamente relevante para a área ambiental, já que a comprovação de 12 muitos fatos depende de conhecimento técnico apurado, como por exemplo, a identificação de uma espécie, o dimensionamento de um dano ou a avaliação de um impacto ambiental. A Lei em seu Art. 19, institui a utilização de perícia para a constatação do dano ambiental e, sempre que possível, fixara o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa (MATTEI, 2006; VIPIEVSKI JUNIOR & SOUZA, 2014). O novo Código Florestal, instituído pela Lei 12.651/2012, em seu Art. 1º estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de preservação permanente e as áreas de reserva legal; a exploração florestal; o suprimento de matéria-prima florestal; o controle da origem de produtos florestais e o controle e prevenção de incêndios florestais. Prevê ainda instrumentos econômicos e financeiros parao alcance de seus objetivos, aos quais essas condições devem ser consideradas quando se for periciar uma área com danos ambientais (BRASIL, 2012a). De acordo com o relatório sobre crescimento dos crimes ambientais no mundo, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Interpol, a definição de crime ambiental ainda é discutida no mundo. Estima-se que os crimes ambientais movimentaram entre 91 – 258 bilhões de dólares no mundo em 2015, o que representa um aumento de 26% em relação a 2014. A taxa de crescimento dos crimes ambientais é de 2 a 3 vezes maior que a taxa de crescimento da economia global, o que os coloca no 4° maior setor de crimes organizados mundiais em poucas décadas, atrás do tráfico de drogas, pirataria e tráfico de pessoas (NELLEMANN, 2016, pg. 7-21 apud BENEDET; JATAHY; LOCH, 2016). Segundo o mesmo relatório, estes crimes são alimentados pela corrupção (nacional e local); lacunas na legislação nacional; crimes corporativos, máfias e falhas na aplicação das leis (nacionais e internacionais); conflitos (nacionais e regionais) e demanda crescente (internacional e doméstica). O relatório ainda cita o caso brasileiro de combate ao desmatamento da Amazônia como um exemplo de sucesso, por ser um plano baseado na: Centralização do controle nas secretarias executivas da presidência em colaboração direta com a Polícia Federal; regularização de uso e posse da terra, monitorada por satélite; incentivos para atividades econômicas sustentáveis; e expansão das áreas protegidas e fiscalização. 13 No Brasil, o controle e fiscalização também podem (e devem) ser feitos pelos próprios cidadãos. O recebimento de denúncias de crimes ou agressões ambientais é descentralizado, podendo ser direcionados à vários órgãos públicos, pessoalmente, por telefone ou internet. 4 LAUDO PERICIAL Fonte: rescuecursos.com Deve-se ressaltar que comumente em relação às atribuições para realizar perícias ambientais, os Órgãos Executores, Fiscalizadores, Normativos e Deliberativos (IBAMA, IEF, IGAM, FEAM, Polícia Ambiental, etc.) não podem atuar como peritos nos crimes afetos à sua Fiscalização. A esses cabe criar políticas e diretrizes governamentais e fiscalizar os atos de autuação por infração com descrição precisa do fato delituoso. Tais Órgãos jamais devem fazer o levantamento e o exame do local, nem a emissão do Laudo Pericial, como acontece comumente nos casos de crimes ambientais. Os técnicos dos Órgãos Ambientais estão constantemente realizando relatórios para instrução de processo, tendo em vista que até o nome de “Laudo Pericial” não pode ser dado aos seus trabalhos, uma vez que este é restrito ao trabalho do Perito e/ou Assistente Técnico; estas “categorias “de profissionais que estão realizando trabalhos periciais. 14 A Perícia Ambiental tem como objetivo determinar a causa, a origem do Dano, Impacto e/ou Passivo Ambiental, se o mesmo foi ou não ato criminoso, se há risco à vida (como um todo/dentro do princípio de sustentabilidade), se houve falhas no sistema de proteção e operação do (s) Objeto (s) periciado (s). Dessa forma, o Laudo Pericial é uma modalidade de Auditoria Ambiental, tornando-se um instrumento de vigilância e regulamentação do contexto da Gestão Ambiental. 5 TIPOS DE PERÍCIA Provar, de um modo geral, é demonstrar de forma precisa uma determinada verdade, ou seja, busca evidenciar ou argumentar a existência de um fato. É um dos pontos fundamentais de qualquer demanda judicial, aparecendo, frequentemente, como momento-chave do processo ou da fase de conhecimento. A Perícia Ambiental é a caracterização, mensuração e valoração de um dano ambiental ocorrido, dando o seu enquadramento legal quanto a três elementos fundamentais no âmbito da Ação Civil Pública (GARUTTI JUNIOR, 2011; ARAÚJO, 2015 apud BENEDET; JATAHY; LOCH, 2016) Fonte: blog.ipog.edu.br 15 5.1 Perícia judicial O termo perícia judicial já induz ao pensamento de que esta é realizada sob a “proteção” do Poder Judiciário, portanto, revestida de todo o aparato legal, com regras e leis específicas. Portanto, tem seu fundamento numa ação postulada em Juízo, podendo ser determinada diretamente pelo juiz dirigente do processo ou a ele requerida pelas partes em litígio. Nessa espécie de perícia, o juiz será assistido por um profissional denominado de perito, conforme assegura o artigo 145 do Código de Processo Civil, citado a seguir: Art. 145 Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421. §1.º Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll, deste Código. §2.º Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos. §3.º Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz. Essa espécie de perícia tem importância fundamental no processo judicial, pois possui duas finalidades muito importantes, que são: servir como meio de prova ou de arbitramento. 5.2 Perícia extrajudicial Essa espécie de perícia diferencia-se das demais, pois está totalmente fora do Poder Judiciário (pois se estivesse nesse meio seria uma perícia judicial), e tampouco se processa sob jurisdições protegidas pelo Estado ou Município (o que nesse caso seria uma perícia semi judicial). Extrajudicial, “é aquela realizada fora do judiciário, por vontade das partes [...], demonstrar a veracidade ou não do fato em questão, discriminar interesses de cada pessoa envolvida em matéria conflituosa; comprovar fraude, desvios, simulação.” (ANCIOTO, COSTA, GOMES, 2009 p.14 apud SILVA, Luanda). 16 Na perícia extrajudicial, o que prevalece é a vontade legítima das partes na solução de controvérsias, em que as partes envolvidas não têm a capacitação técnica para tomar uma decisão de forma isolada, pois carecem de conhecimentos específicos, buscando um profissional competente que os auxilie. Na perícia extrajudicial há subdivisões em conformidade com a finalidade para as quais são contratadas, sendo classificadas em: demonstrativas, discriminativas e comprobatórias. Serão demonstrativas quando a finalidade é demonstrar, de forma insofismável (indiscutível), a veracidade, ou não, do objeto da perícia contratada, utilizando-se o perito de toda a técnica requerida para que não reste dúvida às partes sobre o que foi periciado. As discriminativas são voltadas para o detalhamento do objeto periciado, de forma a colocar para os interessados a pormenorização dos fatos constatados, para que os envolvidos possam ter conforto e segurança na tomada da melhor decisão que motivou o trabalho. Por fim, as comprobatórias terão a finalidade de comprovar, através de fatos e registros contábeis, eventuais distorções, erros, simulações, fraudes, ou qualquer situação que fuja à normalidade das transações ocorridas sobre o objeto periciado. 5.3 Perícia arbitral A perícia arbitral funciona como um mix entre a perícia judicial e a extrajudicial, portanto não se enquadra diretamente em nenhuma das demais espécies estudadas anteriormente. A perícia arbitral é voltada para aquelas situações em que o desejo das partes envolvidas é pela rapidez, segurança e credibilidade para a conclusão e o desfecho do litígio, com o rigor muito próximo àquele que seria obtido no Poder Judiciário. A arbitragem no Brasil foi normatizada pela Lei 9.307 de 23 de setembro de 1996, na qual institucionalizou no sistema brasileiro o juízo arbitral como a instância adequada para resolver conflitos com maior rapidez e segurança. 176 MÉTODOS APLICADOS À PERÍCIA AMBIENTAL Fonte:gazetadopovo.com.br Sensoriamento remoto É uma tecnologia de obtenção de imagens e dados da superfície terrestre através da captação e registro da energia refletida/emitida pela superfície sem que haja contato físico entre o sensor e a superfície estudada (por isso é chamado de remoto). Os sensores óptico-eletrônicos utilizados para a captura dessa energia funcionam como uma câmera fotográfica (que capta e registra a radiação – luz – emitida/refletida pelo objeto) que tirasse fotos da superfície terrestre, só que um pouco mais sofisticados. O sensoriamento remoto atua contribuindo na geração e atualização da cartografia cadastral, não possui alta precisão como a fotogrametria, mas perante a ausência de cartografia precisa ou limitações orçamentárias para elaborar cartografia base de precisão por métodos fotogramétricos ou topográficos, as imagens de satélite trazem alguma informação da área, porém, é preciso levar em conta seu grau de confiabilidade (LOCH & ERBA, 2007 apud BENEDET; JATAHY; LOCH, 2016). Neste sentido, trazem um avanço revolucionário que podem auxiliar na elucidação de crimes e que apresentam aplicabilidade em variadas áreas de atuação, podendo desempenhar papéis importantes em casos diversos: de local de crime; varredura antibomba e pós-explosão; perícia em obras de engenharia civil, como 18 terraplanagem; e perícias de meio ambiente, tais como desmatamento, poluição hídrica, ocupação em áreas protegidas, extração mineral e incêndio florestal, dentre outras. Fotogrametria e Fotointerpretação A fotogrametria representa a criação do espaço-objeto (espaço tridimensional), utilizando o espaço-imagem (conjunto de imagens bidimensionais). O sistema bidimensional usado é o da própria câmara com as coordenadas preestabelecidas. O sistema tridimensional é o sistema de coordenadas que formam o terreno que serão obtidas imagens. Essas coordenadas podem ser geodésicas (latitude, longitude, altura e altitude) ou cartesianas (X, Y, Z). Segundo Loch & Erba (2007 apud BENEDET; JATAHY; LOCH, 2016) “a fotogrametria é a ciência que estuda e desenvolve instrumentos e metodologias que permitem obter medições confiáveis em fotogramas, a partir das quais é possível elaborar cartas básicas e temáticas”. A fotogrametria é muito utilizada na obtenção das ortofotos dos territórios, com boa geometria, em escala e precisão cadastral, apresentarão diferenças métricas do real muito pequenas. Já a fotointerpretação “é o ato de examinar fotografias com o fim de identificar objetos e determinar seus significados” (LOCH & ERBA, 2007 apud BENEDET; JATAHY; LOCH, 2016). Através da fotointerpretação, é possível fazer a análise temporal regressiva das áreas, comparando fotos anteriores e posteriores ao possível dano, e assim identificar e mensurar pequenos detalhes nas fotos, fornecendo provas inequívocas para a perícia ambiental. A possibilidade de análise temporal das zonas urbanas e rurais possibilita identificar quando os crimes ambientais começaram, e se continua a ser sofrido; e os dados acerca dos habitantes de cada parcela permite identificar os autores. Deste modo, são importantes contribuições para a perícia ambiental. Entretanto, a maioria dos municípios não possui base cartográfica atualizada, o que dificulta ou impossibilita o reconhecimento do seu próprio território. Sem transparência e divulgação de dados, os autores de crimes ambientais são favorecidos, e a democracia, garantida pela Constituição de 1988, não pode ser cumprida. Os métodos e técnicas que serão aplicados em uma Perícia Ambiental são definidos e aplicados no âmbito da vistoria, de acordo com o objeto de estudo do caso, 19 e estão englobados nos procedimentos técnicos que o Perito Ambiental deve seguir para a execução da Perícia. Exemplos de métodos e técnicas aplicáveis na execução de Perícias Ambientais: a) Medições e coleta de amostras para análise; b) Utilização de GPS para marcar pontos relevantes; c) Registro fotográfico e entrevistas; d) Confecção de croquis, por exemplo, croqui de localização da área, croqui de identificação de áreas direta e indiretamente afetadas, croqui demonstrando locais de coletas de amostras. O meio ambiente engloba os meios físico, químico e biológico. Assim, problemas ambientais podem afetar um ou mais meios, por exemplo, um aspecto de uma atividade pode causar poluição no ar, na água, no solo e prejudicar a fauna e flora local. Quando o Perito recebe o caso a ser estudado, ele precisa levantar quais foram os meios direta e indiretamente afetados por aquele problema e identificar os métodos que irá usar para quantificar a poluição e/ou contaminação. A grande maioria das Perícias Ambientais no Brasil está relacionada à água, ao lançamento de efluentes líquidos e à poluição de mananciais superficiais e subterrâneos pela disposição inadequada de resíduos sólidos. É importante ressaltar que como cada caso de Perícia Ambiental é diferente, cada Perícia irá envolver o levantamento dos métodos adequados ao estudo da mesma, o que pode ser realizado através de livros técnicos da área ou, até mesmo, através de consulta à legislação específica. 20 7 DANOS AMBIENTAIS Fonte: ogimg.infoglobo.com.br As atividades que os homens desenvolvem provocam impactos negativos ou positivos no meio ambiente, de imediato, podem ser fontes de perturbações toleráveis ou não. Nem todo dano ecológico pode ser reparado, pois esses são irreparáveis e infungíveis. Os danos ambientais são de difícil reparação, principalmente em razão de suas características que dificilmente são encontradas nos danos não ecológicos. Apresentam, portanto, as seguintes especificidades: os danos ao meio ambiente são irreversíveis; a poluição tem efeitos cumulativos; os efeitos dos danos ecológicos podem manifestar-se além das proximidades vizinhas; são danos coletivos e difusos em sua manifestação e no estabelecimento do nexo de causalidade; têm repercussão direta nos direitos coletivos e indiretamente nos individuais. É justamente em razão deste fato, que se prioriza a prevenção dos danos ambientais, porque se há possibilidade de serem quantificados os custos do dano ecológico, dificilmente se conseguirá restituí-lo ao estado primitivo COLOMBO, (2006 apud SILVA, 2015). Pode se classificar os crimes ambientais como: Crimes contra fauna; Poluição hídrica; Poluição sonora; Poluição do ar; Poluição do solo, radioativa, térmica e visual; podemos ainda citar: Crimes contra ordenamento urbano e patrimônio cultural. Os crimes contra fauna são aqueles que se constituem em: 21 a) Comércio ilegal: venda, exposição à venda, aquisição, guarda, transporte, exportação de espécimes vivos ou abatidos, ovos, filhotes, larvas. Podem fazer parte do comercio ilegal nacional e internacional, além de animais domésticos, os silvestres provenientes de criadouros comerciais, jardins zoológicos e comerciantes legalizados; b) Maus tratos: a crueldade contra animais pode ser praticada por ação ou omissão voluntaria, negligência, imperícia ou imprudência. A crueldade intencional inclui torturas, espancamentos e mutilações com possibilidade de utilização de instrumentos perfurantes, cortantes e contundentes, substancias químicas, toxicas ou escaldantes, choques elétricos e fogo; c) Caça: a captura ilegal de animais silvestres para alimentação, estimação e ornamentação são responsáveis pela extinção de populações faunísticas locais; e d) Pesca proibida: é proibida a captura de pescado em quantidades superiores as legais, de espécies protegidas, com tamanhos inferiores aos permitidos, em período de defeso ou piracema, em lugares interditados, com a utilização de aparatos e métodos ilícitos. Os crimes contra flora são o desmatamento, que implica na descontinuidade da distribuição da vegetaçãooriginal, reduz o habitat disponível aos organismos silvestres e acrescenta bordas a uma paisagem até então continua. Isso resulta em mudanças na distribuição e abundância dos organismos, afetando a demografia e a genética das populações e consequentemente a biodiversidade. Bastos e Silva (2010 apud SILVA, 2015) Outro problema sério, que provoca a destruição, são as queimadas e incêndios florestais. Muitos deles ocorrem por motivos econômicos, proibidos de queimar matas protegidas por lei, muitos fazendeiros provocam estes incêndios para ampliar as áreas abrindo estradas para motoristas. Bombeiros também afirmam que muitos incêndios têm como causa inicial as pontas de cigarros jogadas nas beiradas das rodovias. Referente à poluição hídrica, as fontes de poluição das águas podem ser agrupadas em: Poluição natural, poluição causada por esgotos domésticos, poluição causada por efluentes industriais, poluição causada por drenagem de áreas agrícolas e urbanas. Sendo a poluição natural o arraste pelas águas da chuva, de partículas orgânicas e inorgânicas do solo, de resíduos de animais silvestres e de folhas e galhos de arvores; a poluição produzida por esgotos tratados ou não, que alteram as características da água quando lançados nela; a poluição produzida por efluentes industriais que dependendo da natureza da indústria os efluentes podem conter 22 elevadas concentrações de produtos cancerígenos, teratogênicos, mutagênicos e microrganismos patogênicos; e a poluição causada por drenagem de áreas agrícolas e urbanas, na qual os materiais acumulados em valas e bueiros são arrastados pelas águas pluviais constituindo uma fonte de poluição enorme. O deflúvio superficial agrícola depende das práticas utilizadas na região. Fonte: limpafossaem.com.br Fonte: brasilescola.uol.com.br A poluição sonora não é, apenas um problema de desconforto acústico. O ruído passou a constituir atualmente um dos principais problemas ambientais dos grandes 23 centros urbanos e, de modo eminente, uma preocupação com a saúde pública. Tal fato comprovado pela ciência médica, os malefícios que os barulhos causam à saúde. Os ruídos em excesso provocam perturbação da saúde mental, ofende o meio ambiente e, consequentemente afeta o interesse difuso e coletivo, à medida que os níveis excessivos de sons e ruídos causam deterioração na qualidade de vida, na relação entre as pessoas, sobretudo quando acima dos limites suportáveis pelo ouvido humano ou prejudiciais ao repouso noturno e ao sossego público. Os especialistas da área da saúde auditiva informam que ficar surdo é só uma das consequências. Os ruídos são responsáveis por inúmeros outros problemas como a redução da capacidade de comunicação e de memorização, perda ou diminuição da audição e do sono, envelhecimento prematuro, distúrbios neurológicos, cardíacos, circulatórios e gástricos. Muitas de suas consequências nocivas são produzidas inclusive, de modo sorrateiro, sem que a própria vítima se dê conta. O resultado mais traiçoeiro ocorre em níveis moderados de ruído, porque lentamente vão causando estresse, distúrbios físicos, mentais e psicológicos, insônia e problemas auditivos. Além disso, sintomas secundários aparecem: aumento da pressão arterial, paralisação do estômago e intestino, má irrigação da pele e até mesmo impotência sexual. Fonte: gadoo.com.br A poluição do ar normalmente tem como causa a queima de campos e florestas, as instalações de incineração, a fumaça, o vapor e o gás poluem o ar mediante a 24 emissão de gases de poluentes, entre os quais os mais perigosos são oxido de enxofre, monóxido de carbono, fluoreto de hidrogênio, e cloreto de hidrogênio. A polução do ar podem ter causas naturais como a erupção vulcânica, decomposição de vegetais e animais, ação eólica lançando poeira no ar, ação biológica de microrganismos no solo, formação metano nos pântanos, aerossóis marinhos, incêndios, descargas elétricas; e causas antropogênicas devido as operações industriais, queima de combustível, queima de lixo, incineração, poeira fugitiva, limpeza de roupas a seco, poeiras de demolição civil, produtos químicos voláteis, pinturas em geral, equipamentos de refrigeração (SILVA, 2015). Fonte: dw.com Poluição do solo e do subsolo consiste na deposição, disposição, descarga, infiltração, acumulação, injeção ou enterramento no solo ou no subsolo de substâncias ou produtos poluentes, em estado sólido, líquido ou gasoso. Dentre o meio de poluição do solo. Destacam a infiltração do chorume proveniente de aterros sanitários e lixões; insumos agrícolas como corretivos, fertilizantes e agrotóxicos; solventes, tintas e metais pesados derivados de indústrias; necrochorume de cadáveres em cemitério; derramamento de combustíveis e lubrificantes nos postos de combustíveis; vazamentos causados por desastres no transporte de produtos químicos em rodovias; urina e fezes de animais domésticos nas praças, praias; depósitos de rejeitos químicos industriais e de mineradoras; irrigação de áreas agrícolas com água salobra, causando a salinização do solo; chuva ácida que modifica o pH do solo; e lodo de 25 esgoto, geralmente contendo metais pesados, provenientes das estações de tratamento de efluentes. Quando os poluentes são depositados no solo saudável sem que haja controle sobre essa ação, os lençóis freáticos podem acabar contaminados também. O resultado disso é a produção de gases tóxicos capazes de levar a alterações sérias no ambiente, tais como a chuva ácida. Outro efeito do descarte irregular de dejetos no solo está relacionado à decomposição. Isso porque alguns materiais demoram muito tempo para se decompor naturalmente. É o caso do vidro, por exemplo, que leva cerca de 5 mil anos para se decompor. Plásticos não biodegradáveis, por sua vez, podem demorar milhões de anos antes de serem desintegrados completamente. Além disso, o problema deve ser considerado gravíssimo, visto que qualquer descaracterização natural do solo pode levar a consequências que perduram na região por anos, afetando ainda a produção de alimentos, a saúde da população e a estabilidade da natureza. Fonte: ensamentoverde.com.br A Poluição radioativa também conhecida como poluição nuclear, é considerada o tipo mais perigoso de poluição devido a seus grandes efeitos negativos. Esse tipo é 26 proveniente da radiação, efeito químico derivado de ondas de energia, seja de calor, luz ou outras formas. A radiação é existente naturalmente no meio ambiente, porém, devido a ações do homem, ela vem sendo liberada em excesso, podendo causar mutações nas células e originar doenças, como câncer. Não existe nenhum processo para limpeza desses poluentes, sendo assim, um lugar uma vez contaminado não pode ser descontaminado. Além disso, os átomos radioativos têm uma durabilidade muito longa, o plutônio, por exemplo, apresenta como tempo de meia vida cerca de 24.300 anos. Fonte: pontosdevista.pt A Poluição térmica é pouco conhecida por não ser facilmente observável (ela não é visível ou audível), mas seu impacto é considerável. Ela ocorre quando a temperatura de um meio de suporte de algum ecossistema (como um rio, por exemplo) é aumentada ou diminuída, causando um impacto direto na população desse ecossistema. A poluição térmica do ar, embora menos comum, também pode provocar danos ambientais. A liberação de vapor de água por uma indústria em uma área com pouca dispersão do ar pode ocasionar a morte de pássaros, insetos e plantas. A poluição térmica, provocada principalmente devido à má utilização da água na refrigeração das turbinas e caldeiras, respectivamente das usinas hidroelétricas e termelétricas, afeta o aspecto físico-químico e biológico dos cursos hídricos. 27 Fonte: pensamentoverde.com.br Poluição visual é o excesso de elementos visuaiscriado pelo homem que estão, na maioria das vezes, espalhados em grandes cidades, e acabam promovendo certo desconforto visual e espacial. Ela pode ser causada por anúncios, propagandas, placas, postes, fios elétricos, lixo, torres de telefone, entre outros. Esse tipo de poluição está muito presente nos grandes centros urbanos pelas grandes quantidades de anúncios publicitários e sua falta de harmonia com o ambiente, desviando exageradamente a atenção dos habitantes. Fonte: ecycle.com.br 28 Destacam-se ainda os crimes contra ordenamento urbano e patrimônio cultural, como edificação em área de preservação permanente se configura numa infração praticada nos centros urbanos. O parcelamento ou desmembramento de áreas enquadradas como Zonas de Preservação Ambiental (ZPA’S) afronta a lei 6.766/79 que diz que somente será admitido parcelamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas, de expansão urbana ou urbanização Perícia Ambiental: Definições, Danos e Crimes Ambientais especifica, assim definidas pelo plano diretor e aprovadas por lei municipal (SILVA, 2015). 8 IMPACTOS E PASSIVOS AMBIENTAIS Fonte: blog.chicomaia.com.br Podem ser definidos como as obrigações de curto e longo prazo que as empresas assumem a fim de promover o melhoramento ambiental. Investimentos em ações para amenização ou extinção de danos causados pela produção e os processos relacionados. São consideradas, ainda, as dívidas contraídas para a preservação do meio ambiente, sejam novas ou antigas. Multas e indenizações também se encaixam nessa categoria (KRAEMER, 2003). Apesar de normalmente ter uma conotação negativa, os passivos ambientais podem ser decorrentes de atitudes positivas da empresa, como a contratação de pessoas para gerir um projeto ambiental ou o financiamento de maquinário, por 29 exemplo. São exemplos de passivos ambientais, os gastos da Petrobrás quando há vazamentos de óleo, como ocorreu em Cubatão em 1980 e na Baía de Guanabara em 2000. O passivo ambiental representa os danos causados ao meio ambiente, representando, assim, a obrigação, a responsabilidade social da empresa com aspectos ambientais. Uma empresa tem Passivo Ambiental quando ela agride, de algum modo e/ou ação, o meio ambiente, e não dispõe de nenhum projeto para sua recuperação, aprovado oficialmente ou de sua própria decisão. Passivo Ambiental representa toda e qualquer obrigação de curto e longo prazo, destinadas única e exclusivamente a promover investimentos em prol de ações relacionadas à extinção ou amenização dos danos causados ao meio ambiente, inclusive percentual do lucro do exercício, com destinação compulsória, direcionado a investimentos na área ambiental (KRAEMER, 2003). No Brasil, as regras contábeis, a literatura que envolve o Passivo Ambiental ainda é recente. Certas empresas têm atividades complexas dificultando o tratamento a ser dado no registro e na divulgação dos passivos ambientais. Os passivos ambientais normalmente são contingências formadas em longo período, sendo despercebido às vezes pela administração da própria empresa, envolvendo conhecimento específico. Neste caso, não só a administração da empresa se envolve, nem a contabilidade, mas também advogados, juristas, engenheiros, etc. Normalmente, o surgimento dos passivos ambientais dá-se pelo uso de uma área, lago, rio, mar e uma série de espaços que compõem nosso meio ambiente, inclusive o ar que respiramos, e de alguma forma estão sendo prejudicados, ou ainda pelo processo de geração de resíduos ou lixos industriais, de difícil eliminação. Ficaram amplamente conhecidos pela sua conotação mais negativa, ou seja, as empresas que o possuem agrediram significativamente o meio ambiente e, dessa forma, têm que pagar vultosas quantias a título de indenização de terceiros, de multas e para a recuperação de áreas danificadas (KRAEMER, 2003). Deve-se ressaltar que os passivos ambientais, não têm origem apenas em fatos de conotação tão negativa. Eles podem ser originários de atitudes ambientalmente responsáveis como os decorrentes da manutenção de sistema de gerenciamento ambiental, os quais requerem pessoas (que recebem uma remuneração) para a sua operacionalização. Tais sistemas exigem ainda a aquisição de insumos. Máquinas, equipamentos, instalações para funcionamento, o que, muitas vezes, será feito na forma de financiamento direto dos fornecedores ou por meio de instituição de crédito. 30 Esses são os passivos que devem dar origem aos custos ambientais, já que são inerentes à manutenção normal do processo operacional da companhia. O passivo ambiental, como qualquer passivo, está dividido em capital de terceiros e capital próprio os quais constituem origens de recursos da entidade: • Bancos - empréstimos de instituições financeiras para investimento na gestão ambiental; • Fornecedores - compra de equipamentos e insumos para o controle ambiental; • Governo - multas decorrentes a infração ambiental; • Funcionários - remuneração de mão-de-obra especializada em gestão ambiental; • Sociedade - indenizações ambientais; • Acionistas - aumento do capital com destinação exclusiva para investimentos em meio ambiente ou para pagamento de um passivo ambiental; • Entidade - através de destinação de partes dos resultados (lucro) em programas ambientais. Os passivos ambientais devem ser tratados com muita atenção, e devem fazer parte da tomada de decisões das organizações na aquisição de outras empresas, na formação de cluster, nas fusões, nas análises de riscos do negócio, na venda da empresa e na concepção de novos produtos, dentre outras transações. Um passivo ambiental deve ser reconhecido quando existe uma obrigação por parte da empresa que incorreu em um custo ambiental ainda não desembolsado, desde que atenda ao critério de reconhecimento como uma obrigação. Deste modo, esse tipo de passivo é definido como sendo uma obrigação presente da empresa que surgiu de eventos passados. A identificação do passivo ambiental está sendo muito utilizada em avaliações para negociações de empresas e em privatizações, pois a responsabilidade e a obrigação da restauração ambiental podem recair sobre os novos proprietários. Ele funciona como um elemento de decisão no sentido de identificar, avaliar e quantificar posições, custos e gastos ambientais potenciais que precisam ser atendidos a curto, médio e a longo prazo. O cuidado que se há de ter com o passivo ambiental não está 31 restrito ao empresário ou industrial, mas atinge o cidadão comum no seu cotidiano (KRAEMER, 2003). 9 IMPACTO E ATIVOS AMBIENTAIS Fonte:educare.bio.br São todos os insumos já adquiridos, empregados e disponibilizados por uma instituição com a finalidade de controlar o impacto ambiental, preservar e recuperar o meio ambiente. Estão incluídos nesse critério as máquinas, os equipamentos e insumos utilizados diretamente no processo produtivo, empregados na eliminação de resíduos poluentes ou para o descarte correto de resíduos sólidos (HENDGES, 2013). Os ativos ambientais agregam ainda itens consumidos na pós-operação para a limpeza dos locais afetados por poluentes ou para purificar os resíduos produtivos, como as águas, os gases e os detritos que serão depostos no meio ambiente natural de alguma maneira. Há diferenças significativas entre os ativos ambientais das diversas organizações, exatamente, porque os possíveis danos ambientais e o modo de prevenção são diferentes para cada processo de produção. Além disso, os ativos ambientais devem ser classificados ainda entre estoques ambientais, ativo permanente imobilizado e diferido ambiental. 32 A identificação dos ativos ambientais é utilizada em negociações, avaliações, transferências, fusões e aquisições entre empresas, comprovando-se a viabilidade legal, a sustentabilidade e a adequação das atividadese valorizando financeiramente o empreendimento. A evidenciação dos ativos na contabilidade ambiental é um elemento fundamental para identificar, avaliar e quantificar os custos e gastos ambientais que necessitam de atenção em curto, médio ou longo prazo, assim como relacionar os investimentos necessários. Os ativos ambientais não precisam estar diretamente vinculados aos balanços patrimoniais, constituindo-se em relatórios complementares específicos em que são discriminados estes recursos econômicos destinados ao controle, preservação e recuperação do meio ambiente. Os ativos ambientais estão relacionados com investimentos em tecnologias, matérias primas e processos de prevenção, contenção, diminuição ou eliminação de aspectos poluentes ou que representam riscos ao meio ambiente, à saúde pública ou dos trabalhadores em uma perspectiva de geração de benefícios econômicos e valorização dos empreendimentos, assim como ao estabelecimento de diferenciais de mercado vinculados com a responsabilidade social e ambiental das empresas (HENDGES, 2013). São exemplos de ativos ambientais: • Imobilizado: investimentos na aquisição de itens que reduzam os resíduos durante a produção e que tenham vida útil além do exercício social. Exemplos: máquinas, equipamentos, instalações e infraestruturas relacionadas ao controle de aspectos ambientais; • Estoques: insumos aos processos de produção, armazenagem, transporte e distribuição para reduzir e/ou controlar os impactos ambientais decorrentes; • Diferido: despesas relacionadas diretamente com receitas futuras em períodos específicos. Exemplos: pesquisas, desenvolvimento de tecnologias, substituição de matérias primas; • Provisão de desvalorização: perda do valor de ativos em função de alterações no meio ambiente. Exemplo: construção de obras em áreas de ocupação humanas ou industriais que obriguem a remoção, deslocamento ou atenção especial. Exemplo: construção de usinas nucleares ou termoelétricas próximas de áreas de ocupação humana; 33 • Depreciação: em função da destruição, poluição ou alterações ambientais. Exemplo: construção de usinas hidrelétricas em áreas de ocupação humana; • Goodwill: diferença entre os valores econômicos do ativo ambiental e o valor total da empresa na geração de lucros futuros. Exemplos: boa reputação entre os fornecedores, funcionários, comunidade, clientes, localização geográfica favorável, know-how (saber fazer), Know who (quem sabe fazer) (HENDGES, 2013). 10 DEFINIÇÃO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA) A Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA, instituída pela Lei 6.938/81, tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. O Estudo de Impacto Ambiental - EIA, foi introduzido no sistema normativo brasileiro, via Lei 6.803/80, no seu artigo 10, § 3º, que tornou obrigatória a apresentação de “estudos especiais de alternativas e de avaliações de impacto” para a localização de polos petroquímicos, cloroquímicos carboquímicas e instalações nucleares. De forma abrangente, a avaliação de impacto ambiental é um instrumento de política ambiental formado por um conjunto de procedimentos capaz de assegurar, desde o início do processo, que se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta (projeto, programa, plano ou política) e de suas alternativas, e que os resultados sejam apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles devidamente considerados. Portanto, sua aplicação é determinada pelos objetivos e princípios que norteiam essa política e pelo quadro institucional que a sujeita. O conceito vigente de meio ambiente indica o escopo e a abrangência dos estudos e AIA. O que se leva em conta para determinar a qualidade ambiental a ser mantida ou alcançada pode variar de acordo com o momento e a região ou país onde se aplica a AIA. Além do mais, o controle ambiental implica em custos que crescem exponencialmente, à medida que se aumentam as exigências. 34 A AIA toma a forma de um conjunto de procedimentos, denominado processo de AIA, que combina os arranjos institucionais (legais e administrativos) destinados a orientar sua aplicação e os métodos e técnicas usados para a realização dos estudos correspondentes. Os procedimentos devem assegurar que a avaliação seja realizada desde o início do processo, planejamento ou da tomada de decisão, de modo a possibilitar a comparação entre as alternativas e a adoção de medidas corretivas dos impactos. Avaliar impactos ambientais após ter sido tomada uma decisão, ou depois de executado um projeto, faz com que a AIA perca suas finalidades, limitando-se os estudos a oferecer sugestões para a correção dos efeitos mais evidentes. O exame sistemático dos impactos implica nas atividades de identificação e valoração dos prováveis impactos, através de métodos e técnicas objetivos, de modo a garantir resultados consistentes. Significa também considerar não só os impactos no meio natural, como também os impactos sociais e as interações existentes entre eles. A AIA pode ser aplicada a diversos tipos de ações como: Projetos individuais de uma unidade industrial, uma rodovia, uma lavra de minério ou uma estação de tratamento de esgotos sanitários; planos de desenvolvimento, como um novo distrito industrial, o aproveitamento turístico de uma área costeira ou um plano de renovação urbana; políticas ou programas mais amplos, como uma proposta legislativa para regular o uso de agrotóxicos, um programa de desenvolvimento de alternativas energéticas ou um programa de desenvolvimento econômico regional. A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) pode ser caracterizada como um “processo de exame das consequências futuras de uma ação presente ou proposta”. Sánchez (2013, p. 45 apud GALLARDO, Amarilis 2015) 10.1 Conceitos de Impacto Ambiental O meio ambiente, além de sua evolução natural, está sujeito a constantes alterações. Uma alteração pode ser causada por fenômenos naturais ou provocada pelo homem. As alterações naturais se processam mais ou menos lentamente, em escalas temporais que variam desde centenas de anos a poucos dias, como no caso As alterações resultantes da ação do homem são usualmente denominadas efeitos ambientais. A maioria dos autores associa o termo impacto ambiental à uma 35 inclusão, na definição de efeito ambiental, de um julgamento de valor. Assim, define- se impacto ambiental como qualquer alteração significativa no meio ambiente, em um ou mais de seus componentes, provocada por uma ação humana. Um impacto ambiental é sempre consequência de uma ação. Porém, nem todas as consequências de uma ação do homem podem ser consideradas como impactos ambientais. Os fatores que levam a qualificar um efeito ambiental como significativo são particulares, envolvendo escolhas de natureza técnica, política ou social. Mais uma vez, a noção de meio ambiente é fundamental para o entendimento e a aplicação do conceito de impacto ambiental. De acordo com a legislação, as opções políticas, os interesses dos grupos sociais, ou mesmo a competência técnica, devem-se definir os componentes, fatores e parâmetros ambientais considerados relevantes. Os impactos ambientais possuem dois atributos principais: a magnitude e a importância. A magnitude é a grandeza de um impacto em termos absolutos, podendo ser definida como a medida da alteração no valor de um fator ou parâmetro ambiental, em termos quantitativos ou qualitativos. Para o cálculo da magnitude, devem-se considerar o grau de intensidade, a periodicidade e a amplitude temporal do impacto, conforme o caso. Uma ação pode vir a causar inúmeros impactos, muitas vezes estreitamenteinterligados, fazendo com que seja importante ter em mente suas diversas características. Características de valor: • Impacto positivo, ou benéfico: Quando uma ação resulta na melhoria da qualidade de um fator ou parâmetro ambiental; • Impacto negativo, ou adverso: Quando a ação resulta em um dano à qualidade de um fator ou parâmetro ambiental. Características de ordem: • Impacto direto: Quando resulta de uma simples relação de causa e efeito; também chamado impacto primário ou de primeira ordem; • Impacto indireto: Quando é uma reação secundária em relação à ação, ou quando é parte de uma cadeia de reações; também chamado impacto secundário, ou de enésima ordem (segunda, terceira, etc.), de acordo com sua situação na cadeia de reações. Características espaciais: 36 • Impacto local: Quando a ação afeta apenas o próprio sítio e suas imediações; • Impacto regional: Quando um efeito se propaga por uma área além das imediações do sitio onde se dá a ação; • Impacto estratégico: Quando é afetado um componente ambiental de importância coletiva ou nacional. Características temporais ou dinâmicas: • Impacto imediato: Quando o efeito surge no instante em que se dá a ação; • Impacto a médio ou longo prazo: Quando o efeito se manifesta depois de decorrido um certo tempo após a ação; • Impacto temporário: Quando o efeito permanece por um tempo determinado, após a execução da ação; • Impacto permanente: Quando, uma vez executada a ação, os efeitos não cessam de se manifestar, num horizonte temporal conhecido. Os impactos ambientais podem ser caracterizados ainda por sua reversibilidade, de acordo com a possibilidade de o fator ambiental afetado retornar às suas condições originais. Entre os impactos totalmente irreversíveis e os reversíveis existem intermináveis gradações. A reversão de um fator ambiental às suas condições anteriores pode ocorrer naturalmente ou como resultado de uma intervenção do homem. 37 10.2 Estudos de avaliação de impacto ambiental Fonte: besthqwallpapers.com Além dos requisitos legais e administrativos estabelecidos no processo de AIA (Avaliação de Impacto Ambiental), os estudos de avaliação de impacto pressupõem algumas considerações, de modo a assegurar resultados objetivos: • O conhecimento das possíveis alternativas da proposta em estudo, inclusive aquela de não se proceder à sua implantação (6); as alternativas podem ser de localização ou de processo operacional; • O nível de detalhamento dos estudos, que deve ser determinado em função dos fatores ambientais, como a fragilidade dos sistemas ou a importância estratégica dos componentes a serem afetados, e dos recursos disponíveis para a execução dos trabalhos (orçamento, conhecimento técnico, dados, informações e tempo); • As diversas etapas de realização do projeto; em geral, a avaliação é feita apenas para as etapas de implantação e de operação. Entretanto, algumas propostas merecem que se considerem também os impactos gerados nas etapas de planejamento e desativação; • A necessidade de se contar com uma equipe técnica multidisciplinar, já que qualquer estudo de AIA abrange uma ampla gama de disciplinas, coordenada por profissional que tenha conhecimentos gerais sobre as diversas áreas 38 científicas envolvidas e sobre o processo de AIA, de modo a poder orientar os trabalhos setoriais, promover a interação de seus resultados e apresentá-los de forma adequada. Os limites da área geográfica a ser afetada, denominada área de influência, a serem determinados de acordo com a natureza e os impactos potenciais da proposta; a área de influência pode chegar a ter dimensões consideráveis, abrangendo territórios de outras unidades político-administrativas, até mesmo outros países (SÁNCHEZ, 2013). Os estudos de AIA devem desenvolver um conjunto de atividades, aqui descritas em uma certa ordem apenas para efeito de apresentação, não implicando que se realizem, necessariamente, umas após as outras. De fato, algumas são interdependentes e outras se processam ao longo de todo o estudo, podendo ser aperfeiçoadas à medida que os trabalhos se desenvolvem. 10.3 Diagnóstico ambiental da área de influência A primeira atividade ou tarefa de um estudo de AIA é a realização de um diagnóstico ambiental da área a ser afetada pela proposta, o que significa conhecer os componentes ambientais e suas interações, caracterizando assim a situação ambiental dessa área, antes da implantação do projeto. Os resultados desta atividade servirão de base à execução das demais. A primeira questão a surgir é o problema de disponibilidade e organização dos dados necessários: informações cartográficas atualizadas e em escalas adequadas, dados referentes aos componentes físicos e biológicos do meio ambiente, dados econômicos e sociais das populações locais. Nem sempre existem todos esses dados, o que exige, muitas vezes, trabalhos de campo para complementação. Mesmo os existentes podem se encontrar dispersos por instituições diferentes e, em geral, foram coletados e armazenados de acordo com os objetivos específicos dessas instituições. Em alguns países, os órgãos públicos de controle ambiental organizam e mantêm bancos de dados atualizados para orientar suas atividades técnicas e políticas, o que facilita a execução de estudos consistentes de AIA. Dentro do universo de dados e informações existentes, devem ser selecionados aqueles que serão efetivamente utilizados nos estudos. 39 São recomendáveis estudos de consistência e análise estatística, podendo as deficiências de dados serem com pensadas por comparação com sistemas ambientais semelhantes (SÁNCHEZ, 2013). Alguns componentes ambientais podem ser descritos através de dados numéricos mais ou menos precisos, enquanto outros só podem ser expressos por dados qualitativos de natureza subjetiva. Isto faz com que a realização dos estudos de diagnóstico ambiental apresente dificuldades relativas à determinação das interações desses componentes. Além da dinâmica dos sistemas ambientais, os estudos devem contemplar também os problemas de variação cíclica de certos fatores. Não existem listas de componentes, fatores e parâmetros ambientais que possam servir para orientar todos e quaisquer estudos de AIA. Os profissionais encarregados de sua execução devem desenvolver uma listagem apropriada ao estudo que realizam, podendo ser orientados por instruções específicas a certo tipo de projeto, estabelecidas nas normas legais ou fornecidas pela autoridade que determinou a execução de AIA. Na ausência dessas instruções, o pré-conhecimento dos impactos potenciais da proposta, outros estudos semelhantes e os métodos correntes de AIA podem auxiliar a elaboração da listagem dos itens a serem considerados. A partir do conhecimento da proposta, suas alternativas, e do diagnóstico ambiental da área afetada, desenvolve-se a atividade seguinte, que consiste na identificação dos impactos que serão objeto de pesquisas mais detalhadas. A identificação dos impactos, de maneira geral, é tarefa complexa, por causa da enorme variedade de impactos que podem vir a ser gerados, pelos inúmeros tipos de projeto e ações correspondentes, em diferentes sistemas ambientais. Estudos de AIA de projetos semelhantes e os métodos de AIA publicados podem orientar a execução desta tarefa. A identificação de impactos não deve se limitar à fase inicial dos estudos, de modo a aproveitar as informações e os dados que se tornem disponíveis ao longo dos estudos, tanto sobre o projeto quanto sobre o meio ambiente. Nas primeiras avaliações de impacto ambiental realizadas, a tendência era identificar todos os impactos que porventura pudessem ocorrer e proceder a estudos detalhados de medição e valoração. Muitas vezes aconteceu que, após os estudos, muitos dos impactos pesquisados foram consideradosde pouca importância científica 40 ou mesmo irrelevantes para os grupos sociais afetados, o que, juntamente com a necessidade de se economizarem recursos financeiros e tempo, reduzindo os prazos de aprovação dos projetos e aprimorando a eficiência da avaliação, fez com que se passasse a proceder a uma seleção prévia dos impactos a serem objeto de estudos posteriores, chamada definição do escopo. A definição do escopo consiste, portanto, em discussões destinadas a selecionar, dentre os prováveis impactos de uma proposta, aqueles que são importantes o bastante para merecer estudos mais detalhados. Quanto maior o número de representantes dos setores envolvidos com o processo de AIA (técnicos especialistas, órgãos públicos encarregados da análise e aprovação dos estudos e da tomada de decisão, associações comunitárias interessadas no projeto) maior a possibilidade de os resultados dos estudos serem representativos e validados por esses setores (SÁNCHEZ, 2013). A previsão e medição dos impactos, trata-se de prever as características e prognosticar a magnitude dos impactos anteriormente identificados. Quanto mais amplamente forem consideradas as características dos impactos ambientais. A magnitude pode ser expressa em termos quantitativos, através de valores numéricos que representem a alteração a ser produzida pela ação num determinado parâmetro ou fator ambiental, ou em termos qualitativos, expressando a provável variação de qualidade a ser observada no fator ambiental afetado. Algumas vezes, pode ser definida por uma combinação de valores quantitativos e qualitativos. Para a previsão e medição dos impactos nos componentes físicos do meio ambiente, existem inúmeras abordagens científicas que utilizam técnicas há muito tempo conhecidas, como os modelos matemáticos analíticos, os modelos físicos em escala reduzida, as análises probabilísticas, etc. Também há técnicas específicas para o cálculo dos impactos no meio biológico, tais como métodos para a quantificação das perturbações nas cadeias alimentares, da redução do número de indivíduos em determinadas espécies, das perdas de produtividade, etc. Os efeitos diretos da proposta sobre os fatores sociais, econômicos e culturais, bem como os efeitos causados na comunidade humana pelos demais impactos da proposta podem ser estimados quer pelo uso das técnicas tradicionais, quer pelo uso de outras recentemente desenvolvidas para esse fim; em especial, para os impactos econômicos, utilizam-se as técnicas tradicionais de análise de projeto. 41 A Interpretação e valoração dos impactos está ligada à definição da importância dos impactos, esta atividade consiste em duas operações distintas. A primeira, chamada interpretação dos impactos, dedica-se a estabelecer a importância de cada um dos impactos em relação aos fatores ambientais afetados, o que, naturalmente, vai depender do projeto que se analisa e de sua localização. A segunda, denominada valoração dos impactos, refere-se à determinação da importância relativa de cada impacto, quando comparado aos demais; esta operação oferece certo grau de comp1exidade, na medida em que se propõe a comparar valores expressos em unidades diferentes. Para isto, alguns métodos de AIA procedem à normalização desses valores, outros comparam-nos a índices de qualidade ambiental ou estabelecem escalas verbais ou numéricas que reflitam a ordem de importância entre os impactos. A importância de um impacto significa sua resposta social, isto é, o quanto é importante esse impacto para a qualidade de vida do grupo social afetado e para os demais, e depende de um julgamento de valor. O grau de importância determinado pe1os técnicos que executam os estudos será certamente diferente dos atribuídos pelas decisões e pelos representantes da comunidade. Daí a necessidade de se criarem condições para o envolvimento, nesta atividade, de todos os participantes do processo de AIA, em especial, dos grupos sociais afetados pelo projeto. Existem inúmeros métodos que permitem o envolvimento do público nas tarefas destinadas a definir graus de importância dos impactos confiáveis e representativos, evitando-se assim que os estudos apresentem resultados insatisfatórios para um ou outro ator do processo de AIA (SÁNCHEZ, 2013). 42 11 MEDIDAS MITIGADORAS E COMPENSATÓRIAS DE IMPACTOS AMBIENTAIS Fonte:gmgssma.com O ser humano modifica constantemente o meio ambiente, resultando em impactos ambientais positivos e negativos como dito anteriormente. Eventualmente, esses impactos podem acarretar em um vasto desequilíbrio ecológico, dizimando algumas espécies e devastando ecossistemas. Com o objetivo de tentar evitar e minimizar tais impactos, os órgãos relacionados à preservação do meio ambiente desenvolveram diretrizes e mecanismos; dentre eles, são consideradas muito importantes as Medidas Mitigadoras e Compensatórias de Impactos Ambientais. As medidas mitigadoras são ações que visem à redução ou eliminação dos impactos negativos. Identificados esses impactos, devem-se pesquisar quais os mecanismos capazes de cumprir esta função, avaliando-se sua eficiência. Os equipamentos para tratamento de despejos e emissões para a atmosfera incluem-se no elenco das medidas mitigadoras conhecidas para a correção das diversas formas de degradação ambiental. Existe, na literatura especializada, uma vasta gama de medidas mitigadoras já utilizadas, o que pode auxiliar a execução desta atividade. 43 Estas medidas são empregadas com o auxílio governamental e constituem leis específicas que subjugam o uso dos ambientes e recursos naturais. As referidas medidas também funcionam como critério de avaliação dos prejuízos ambientais que venham a ser causados por empreendimentos e que explorem áreas destinadas à preservação ambiental ou caso estes, de alguma forma, extrapolarem os limites preestabelecidos para as suas atividades. As medidas compensatórias são aplicadas para compensar, de alguma forma, os prejuízos e danos ambientais efetivos advindos da atividade modificadora do ambiente. De acordo com o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), estas medidas ainda podem ser subdividias em: • Medidas Mitigadoras Preventivas: estas têm como principal objetivo erradicar ou minimizar ocorrências que se revelem com capacidade de causar danos aos elementos ambientais do meio natural (biótico, físico e antrópico). A medidas preventivas procuram preceder os impactos negativos. • Medidas Mitigadoras Corretivas: têm por finalidade reconstruir o cenário precedente à ocorrência de um evento danoso sobre o recurso ambiental destacado nos meios físico, biótico e antrópico, por meio de atividades de controle ou de erradicação do agente provocador do impacto. • Medidas Mitigadoras Compensatórias: são as medidas que visam à reposição dos patrimônios socioambientais lesados, em virtude das atividades indiretas ou diretas do empreendimento. São alguns exemplos destas medidas: o plantio compensatório de mudas pela necessidade de supressão vegetal, a aquisição de áreas de reserva ambiental pela empresa, as atividades ambientais junto à população local. • Medidas Potencializadoras: estas, por sua vez, têm por objetivo maximizar e intensificar o efeito de um impacto positivo resultante direta ou indiretamente da construção do empreendimento. As Medidas Mitigadoras e Compensatórias devem ser consideradas, principalmente, com base: • No recurso ambiental lesado ou prejudicado; • Em qual etapa da construção do empreendimento deverão ser executadas; • Na natureza de sua eficácia: corretiva ou preventiva, 44 • No agente encarregado pela sua execução, com delimitação de responsabilidades. Para implementar medidas, especialmente, aquelas vinculadas ao cenário socioeconômico, é importante
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