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XXXIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO– PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL – DIREITO PENAL Página 2 *ATENÇÃO: ANTES DE INICIAR A PROVA, VERIFIQUE SE TODOS OS SEUS APARELHOS ELETRÔNICOS FORAM ACONDICIONADOS E LACRADOS DENTRO DA EMBALAGEM PRÓPRIA. CASO, A QUALQUER MOMENTO DURANTE A REALIZAÇÃO DO EXAME, VOCÊ SEJA FLAGRADO PORTANDO QUAISQUER EQUIPAMENTOS PROIBIDOS PELO EDITAL, SUAS PROVAS PODERÃO SER ANULADAS, ACARRETANDO SUA ELIMINAÇÃO DO CERTAME. ------------------------------------------------------------------------- PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Breno, 19 anos, no dia 03 de novembro de 2017, quando estava em uma festa em que era proibida a entrada de menores de 18 anos, conheceu Carlos. Após ingerirem grande quantidade de bebida alcoólica, Breno conta para Carlos que estava portando uma arma de fogo e que tinha a intenção de subtrair o dinheiro da loja de conveniência de um posto de gasolina. Carlos concorda, de imediato, com o plano delitivo, desde que ficasse com metade dos bens subtraídos. A dupla, então, comparece ao local, anuncia o assalto para o único funcionário presente e, no exato momento em que abriram o caixa onde era guardado o dinheiro, são abordados por policiais militares, que encaminham a dupla para a Delegacia. Em sede policial, foi constatado que Carlos era adolescente de 16 anos e que tinha se valido de documento falso para ingressar na festa em que conheceu Breno. A arma de fogo foi apreendida e devidamente periciada, sendo identificado que estava municiada e que era capaz de efetuar disparos. Houve, ainda, a juntada da Folha de Antecedentes Criminais de Breno, onde constava a existência de 03 inquéritos policiais em que figurava como indiciado em investigações relacionadas a crimes patrimoniais, além de 05 ações penais em curso, duas delas com condenações de primeira instância, pela suposta prática de crimes de roubo majorado, em nenhuma havendo trânsito em julgado. Antes do oferecimento da denúncia, o Ministério Público solicitou que fossem realizadas diligências destinadas à obtenção da filmagem do estabelecimento onde os fatos teriam ocorrido, razão pela qual houve relaxamento da prisão de Breno. Após conclusão das diligências, sendo acostado ao procedimento a filmagem que confirmava a autoria delitiva de Breno, em 05 de junho de 2019, Breno foi denunciado pelo Ministério Público, perante a 1ª Vara Criminal da Comarca de Florianópolis/SC, órgão competente, como incurso nas sanções penais do Artigo 157, § 2º, inciso II e § 2º-A, inciso I, do Código Penal e do Art. 244-B da Lei no 8.069/90, na forma do Art. 70 do Código Penal. Após regular processamento, durante audiência de instrução e julgamento, o magistrado optou por perguntar diretamente para as testemunhas de acusação e defesa, não oportunizando manifestação das partes, tendo a defesa demonstrado seu inconformismo com a conduta. A vítima confirmou os fatos narrados na denúncia, destacando que ficou muito assustada porque Breno e Carlos eram muito altos e fortes, parecendo jovens de aproximadamente 25 anos de idade, além de destacar que havia cerca de R$ 5.000,00 no caixa do estabelecimento que seriam subtraídos se não houvesse a intervenção policial. O réu, em seu interrogatório, permaneceu em silêncio. Após apresentação de manifestação derradeira pelas partes, foi proferida sentença condenatória nos termos da denúncia, conforme requerido pelo Ministério Público. Na primeira fase, fixou o magistrado a pena base dos crimes de roubo e corrupção de menores acima do mínimo legal, em razão da personalidade do réu, que seria voltada para prática de crimes, conforme indicaria sua folha de antecedentes criminais, restando a pena do roubo em 4 anos e 06 meses de reclusão e 12 dias multa e da corrupção em 01 ano e 02 meses de reclusão. Na segunda fase, não foram reconhecidas agravantes e nem atenuantes. Na terceira fase, a pena base do crime de corrupção de menores foi confirmada como definitiva, enquanto a pena de roubo foi aumentada em 2/3, em razão do emprego de arma de fogo, diante das previsões da Lei nº 13.654/18, restando a pena definitiva do roubo em 07 anos e 06 meses de reclusão e 20 dias multa, já que não foram reconhecidas causas de diminuição de pena. O regime inicial fixado foi o fechado, em razão da pena final de 8 anos e 8 meses de reclusão e 20 dias multa (Art. 70, parágrafo único, CP). O Ministério Público, intimado da sentença, manteve-se inerte. Você, como advogado(a) de Breno, é intimado(a) no dia 03 de dezembro de 2019, terça-feira, sendo o dia seguinte útil em todo o país, bem como todos os dias da semana seguinte, exceto sábado e domingo. Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado de Breno, redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e embargos de declaração, apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para interposição. (Valor: 5,00) Obs.: o(a) examinando(a) deve abordar todas os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. EXCELENTÍSSIMO DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE FLORIANÓPOLIS/SC Processo... Breno, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a decisão de fls... interpor RECURSO DE APELAÇÃO, com base no artigo 593, inciso I, do código de processo penal. Nestes termos, requer que seja recebido e processado o recurso, já com as razões inclusas, encaminhando-se os autos ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Nestes termos, pede deferimento Local... 09 de dezembro de 2019 Advogado... OAB... EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA Processo... Apelante: BRENO Apelado: MINISTÉRIO PÚBLICO RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO Egrégio Tribunal de Justiça de estado de Santa Catarina Colenda Câmara Criminal I- DOS FATOS Breno foi denunciado pelo Ministério Público pelas sanções dos artigos 157, §2º, inciso II e §2º-A, inciso I do Código Penal e no artigo 244-B da Lei 8.069/90, na forma do artigo 70 do código penal. Após regular processamento, ocorreu audiência de instrução e julgamento com oitiva da vítima, das testemunhas e do réu. Logo depois, houve manifestação derradeira das partes. Nestes termos, o juiz proferiu sentença condenatória, intimando-se o Ministério Público e a defesa para manifestação. II- DO DIREITO a) Da nulidade pelo cerceamento de defesa Durante a audiência de instrução, o magistrado optou por perguntar diretamente as testemunhas. No entanto, de acordo com o artigo 212 do Código de Processo Penal, as perguntas devem ser formuladas diretamente pelas partes. Deste modo, ao não oportunizar a manifestação das partes o juiz cerceou o direito de defesa do réu, ferindo o contraditório e a ampla defesa, conforme artigo 5º, inciso LV da Constituição Federal. Sendo assim, requer que seja declarada a nulidade da instrução, por violação direta ao artigo 212 do Código de Processo Penal e artigo 5°, inciso LV da Constituição Federal, conforme exigência do artigo 564, IV do Código de Processo Penal. Ademais, ressalta-se que ficou demonstrado claro prejuízo para a defesa, inclusive, suscitado em momento oportuno em audiência. b) Da corrupção de menores O magistrado condenou o réu, nos termos da denúncia, pelo crime de corrupção de menores do artigo 244-B da lei 8.069/90. No entanto, o réu não conhecia da idade de Carlos, uma vez que o conheceu em um local em que era proibida a entrada de menores de idade. Além disso, Carlos de valeu de documento falso para ingresso no local supracitado. Desta forma, Breno não pode ser responsabilizado pelo crime de corrupção de menores, por desconhecer as circunstâncias do crume, incorrendo em erro de tipo, conforme artigo 20, caput,do Código Penal. Sendo assim, há exclusão do dolo na conduta, não podendo responder na modalidade culposa por ausência de previsão expressa. Nestes termos, requer a absolvição do crime do artigo 244-B do Estatuto da Criança e do adolescente, nos termos do artigo 386, inciso VI do Código de Processo penal. c) Do afastamento da causa de aumento de pena pelo uso de arma de fogo O Ministério Público denunciou o réu pelo roubo majorado pelo emprego de arma de fogo, conforme artigo 157, §2º- A, inciso I do código penal. No entanto, a mencionada majorante só foi acrescida ao Código Penal em 23-04 de 2018, após a ocorrência e consumação do delito, no dia 03 de novembro de 2017. Desta forma, tendo em conta o princípio da legalidade penal, a lei penal mais gravosa não pode retroagir, salvo para beneficiar o réu, conforme exposto no artigo 5°, inciso XL da Constituição Federal. Nestes termos, requer o afastamento da agravante do artigo 157, §2°-A, inciso I do Código Penal, para assegurar a legalidade penal também exposta no artigo 1° do Código Penal. d) Da pena-base no mínimo legal O juiz fixou a pena base acima do patamar mínimo, por considerar a personalidade o agente negativa em razão da folha de antecedentes criminais. No entanto, tanto os inquéritos policiais em curso, quanto as ações penais pendentes de trânsito em julgado não podem ser utilizadas para agravar a pena base, de acordo com o que dispõe a súmula 444 do Superior Tribunal de Justiça. Além disso, considerar as ações penais e inquéritos policiais em curso para agravar a pena base viola o princípio da presunção de inocência, insculpido no artigo 5°, inciso LVII da Constituição Federal. Nestes termos, tendo as demais circunstâncias judiciais favoráveis, requer a fixação da pena-base no mínimo legal. e) Da menoridade O magistrado não reconheceu nenhuma atenuante durante a aplicação da pena. Entretanto, na data dos fatos Breno contava com a idade de 19 anos, conforme certidão de nascimento anexa aos autos. Nestes termos, requer o reconhecimento e aplicação da atenuante do artigo 65, inciso I do Código Penal. f) Da tentativa O magistrado condenou o réu pelo crime de roubo consumado, nos termos do artigo 157 do Código Penal. No entanto, o crime de roubo não chegou a ser consumado porque os policiais abordaram Breno e Carlos antes da inversão da posse do objeto do roubo. Deste modo, conforme a súmula 582 do Superior tribunal de justiça, a consumação do crime de roubo depende a inversão da posse do bem. Ademais, destaca-se que a própria vítima destacou em juízo que haviam R$ 5.000 reais no caixa que seriam subtraídos se a polícia não tivesse agido. Nestes termos, requer o reconhecimento da tentativa do artigo 14, inciso II do Código Pnela, com a consequente aplicação da causa de diminuição de penal. g) Do regime inicial de cumprimento de penal O magistrado determinou na sentença que o cumprimento da pena se daria em regime fechado. No entanto, levando-se em conta o reconhecimento da tentativa e aplicação da atenuante, os bons antecedentes, bem como a absolvição pelo crime de corrupção de menores, requer a fixação do regime inicial aberto ou semi-aberto, com base no artigo 33, §2°, alíneas ”b” ou “c” do Código Penal. III- DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer que seja CONHECIDO e PROVIDO o recurso, a fim de que se opere a reforma para que ocorra: a) O reconhecimento da nulidade pelo cerceamento de defesa, nos termos dos artigos 212 e 564, inciso IV, ambos do Código de processo penal; b) A absolvição do crime de corrupção de menores do artigo 244-B da Lei 8.069/90, com fundamento nos artigos 20 do código penal e 366, inciso VI do Código de Processo penal; c) O afastamento da causa de aumento de pena do roubo majorado pelo emprego da arma de fogo, com base no artigo 5°, inciso XL da Constituição Federal; d) A fixação da pena base no mínimo legal; e) O reconhecimento da tentativa do roubo e aplicação do artigo 14, inciso II do Código Penal; f) O reconhecimento da atenuante da menoridade, com base no artigo 65, inciso I do Código Penal; g) A fixação do regime inicial de cumprimento de pena aberto ou semi-aberto, conforme artigo 33, §2° alíneas “b” ou “c” do Código Penal. Nestes termos, pede deferimento Local...09 de Dezembro de 2019 Advogado... OAB...
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