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Estudos de Rítmica e Dança Professor Esp. Diego Fernando Rodrigues Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt 2021 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2021 Os autores Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP R696e Rodrigues, Diego Fernando Estudos de rítmica e dança / Diego Fernando Rodrigues Paranavaí: EduFatecie, 2022. 110 p.: il. Color. 1. Educação Física. 2. Danças. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD: 23 ed. 793.3 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock. AUTOR Professor Especialista Diego Fernando Rodrigues ● Licenciado em Educação Física (UNESPAR); ● Bacharel em Educação Física (UNIASSELVI); ● Especialista em Docência no Ensino Superior (UNIASSELVI); ● Especialista em Educação 5.0 (UniFatecie); ● Docente do curso de Educação Física (UniFatecie); ● Professor Tutor de Cursos EAD (UniFatecie); ● Supervisor de Tutores EAD (UniFatecie); ● Coordenador do curso de Gerontologia EAD na UniFatecie; ● Coordenador do curso de Biblioteconomia EAD na UniFatecie; ● Coordenador do curso de Terapia Ocupacional EAD na UniFatecie; ● Coordenador do curso de Psicopedagogia EAD na UniFatecie. Com grande conhecimento na área da Dança em academias, atuando a mais de 20 anos como professor e coreógrafo, legalmente registrado no Conselho Regional de Educação Física do Estado do Paraná, atuo como Docente no Ensino Superior do Colegiado de Edu- cação Física da UniFatecie, e também coordenando alguns cursos ligados à área da saúde. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/2839377452460491 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Olá, caro(a) acadêmico(a)! Seja muito bem-vindo(a)! Espero auxiliar com esta disciplina na amplitude de seu conhecimento e adquirindo novas experiências nesta modalidade. Estaremos juntos trilhando esse caminho a partir de agora, conhecendo um pouco mais sobre as modalidades de Rítmica e Dança pelo Brasil e pelo mundo. Na Unidade I vamos conhecer um pouco sobre a introdução da Dança suas rela- ções com a expressão corporal e aspectos históricos Com a Unidade II faremos uma abordagem dos elementos, instrumentos, improvi- sação e a ludicidade da aplicabilidade da dança. A classificação da dança, seus estilos e características, estarão presentes na terceira unidade. E para finalizar, na Unidade IV, aprenderemos sobre a composição coreográfica, seu papel na escola, como ensinar, a dança no espaço informal e as práticas profissionais. Agora sim, esteja preparado(a) para conhecer essa modalidade fascinante e apaixonante! Muito obrigado e bons estudos! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 3 Introdução aos Estudos de Rítmica e Dança UNIDADE II ................................................................................................... 27 Foco na Rítmica e Expressão Corporal UNIDADE III .................................................................................................. 48 Experiência Corporal de Dança UNIDADE IV .................................................................................................. 80 Prática Pedagógica: A Dança em Espaços Formais e Informais de Atuação Profissional 3 Plano de Estudo: ● Rítmica e Dança: relações entre elas e a expressão corporal; ● Conceitos de Rítmica, Dança e Expressão corporal; ● Panorama da Dança na contemporaneidade; ● Aspectos históricos- sociais da Dança e sua relação com a Educação Física; ● Dança e a formação do sujeito. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar os estudos de rítmica e dança; ● Compreender os tipos de atividades pedagógicas para inserir a dança nos estudos; ● Estabelecer a importância da atividade rítmica no contexto de aprendizagem. UNIDADE I Introdução aos Estudos de Rítmica e Dança Professor Esp. Diego Fernando Rodrigues 4UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), durante este estudo vamos conhecer a história da Dança e obser- var qual a importância dela no desenvolvimento do cidadão. Ao longo desta primeira unidade iremos identificar os momentos históricos que nos le- varam à prática da atividade física, que permanece cada vez mais presente no nosso cotidiano. Também observamos o porquê de, durante a evolução das civilizações, práticas da Dan- ça foram se alterando e se adequando aos tempos, culturas e momentos que estávamos vivendo. Com seus estudos vamos nos aprofundar nos meios que nos levaram a estar cada vez mais ativos e perpetuarmos a atividade física cada vez mais no nosso dia a dia, ofere- cendo qualidade de vida, saúde e bem-estar a todos que praticam. Agora bons estudos! 5UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 1. RÍTMICA E DANÇA: RELAÇÕES ENTRE ELAS E A EXPRESSÃO CORPORAL Durante a história da educação, foi possível perceber que a dança impõe alguns desafios para o profissional de Educação Física, concordando que de um lado existia uma visão da dança como arte e, de outro, às abordagens teóricas que perduram durante toda sua história a área da educação física, como a higienista, e militarista e a esportivista, ressaltando o corpo fisicamente treinável. Assim distorcendo a teoria para a real intenção de um exercício como conteúdo, não para a manutenção da saúde mas sim para o aumento da força e resistência de seus praticantes. O tecnicismo se faz presente quando tratamos a Educação Física numa formação profissional, assim não causando uma reflexão do fazer corporal em sua totalidade, isto é, que considere os aspectos motores, cognitivos, sociais, políticos, emocionais e culturais, distanciando a dança da área da educação física como uma linguagem corporal. Assim estudamos os aspectos da dança de uma forma a sistematizar a pedagogia dentro das escolas, potencializando a sua importância e querendo observar como ela deve se desenvolver. De acordo com Ribeiro (2019): No Brasil, este fato também é percebido nos principais documentos, diretrizes e orientações da dança como área do conhecimento vinculada à educação física, que revelam a falta de uma fundamentaçãoteórica e prática consis- tente para um trabalho crítico e consciente, com orientações metodológicas e didático-pedagógicas para o entendimento do conteúdo e a efetiva atuação do professor. (RIBEIRO, 2019, p. 25). 6UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança Considerando a exploração da dança como conteúdo nas aulas de educação física, percebe-se uma grande fragilidade, restringindo-se somente ao conhecimento à vivência do profissional, a coreografia reproduzida nas mídias e a produção de festividades como: festas juninas ou empórios culturais das quais os conhecimentos a outras culturas, incluindo a dança se faz presente. Esclarecendo, a sistematização do conhecimento sobre a dança no processo de linguagem corporal, é um potente conteúdo de comunicação corporal do aluno em seu ambiente sociocultural. FIGURA 1 - DANÇA NA ESCOLA Mergulhando no universo da dança, o professor permite identificar sua contribuição e suas reais possibilidades de trabalho com esse tema na escola, a democratização do conteúdo quanto a linguagem do corpo são vias de construção de um cidadão crítico e atuante na sociedade. Caminhando com a dança no universo da Educação Física, nos faz acreditar na necessidade de um campo teórico de habilidades e fundamentos comuns aos mais va- riados estilos e manifestações da dança, no sentido de permitir ao profissional da área democratizar a modalidade. Intencionalmente a aproximação do profissional de educação física oferece subsí- dio teórico-prático para o desenvolvimento do trabalho com tal tema, capítulos organizados possibilitam a apropriação do conteúdo, socializando ferramentas que construímos ao longo de nossa trajetória, podendo contribuir para um processo reflexivo e dialógico dos docentes na construção de suas práticas pedagógicas. 7UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança Para o professor, dar aulas de dança pode ser desafiador, ainda mais se tratando daqueles que não tem afinidade com a modalidade, pois se trata de uma área do conheci- mento, que muitas vezes, não é reconhecida. Por outro lado, percebemos a necessidade de apresentar o conteúdo e a falta de organização sistemática dos alfabetos da dança e dos objetivos pretendidos, bem como dos procedimentos pedagógicos a serem aplicados para cada faixa etária, assim devemos pensar que: Pensar a dança na disciplina de Educação Física é, inicialmente, aproximar- -se desse universo, reconhecendo-o como objeto de estudo, em virtude da familiarização do professor em relação ao campo esportivo e ao condiciona- mento físico, ginástico ou recreativo. (RIBEIRO, 2019, p. 34 ). O termo “expressão corporal” foi cunhado pela dançarina e mais tarde psicocine- sióloga Patricia Stokoe na década de 1950 para explicar a nova linguagem corporal que estava sendo criada e desenvolvida. Stokoe (1987), escolheu o nome Body Expression para seu novo conceito de dança, que permite aos homens transmitirem seus pensamentos, pensamentos e emoções através do corpo. A expressão corporal é uma atividade artística, baseada principalmente no movimento corporal, postura ou quietude. Nasceu de sentimentos, sensações, imagens e ideias e, com base na percepção dos sentidos e do movimento, integra o movimento humano e os reinos psicológicos. Este artigo mostra o momento histórico do surgimento da expressão física, seus objetivos, téc- nicas e métodos, principalmente sua natureza psicomotora. O nascimento da expressão corporal está intimamente relacionado à evolução da dança ocidental. De acordo com Garaudy (1980), a origem da dança é antes de tudo uma relação positiva entre o homem e a natureza, um movimento sincronizado com o universo. No Egito, há 6.000 anos, quando o amanhecer e a “dança das estrelas” acabaram, as pessoas se angustiam por não prestarem atenção ao movimento das estrelas no céu, imitando-o com balé simbólico, ensinando a lei a seus filhos e governando o dias e estações, e permitir que o rio Nilo transborde. Este é o nascimento da astronomia. Reconhecer o poder da natureza e imitá-lo através da dança são as necessidades originais da humanidade. Nas línguas europeias, a palavra dança (danza, dance, tanz) vem da raiz, que significa tensão em sânscrito. A dança será para viver e expressar fortemente qualquer relação entre o homem e o mundo, a natureza e os deuses. No entanto, com o passar do tempo, a dança sofreu uma transformação e foi gradualmente reduzida pela sociedade a uma forma de expressão organizada e disciplinada. Embora muitos historiadores apontem que a dança é a arte mais antiga, é paradoxal- mente - em sua forma mais cultural - o aparecimento mais recente na história da humanidade. 8UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança O esforço para superar a resistência da gravidade, o esforço de qualquer dançarino para dançar, também tem duas perspectivas completamente diferentes. No balé clássico, não há absolutamente nenhuma resistência. O dançarino é como uma existência etérea, não afetada pelas leis da física, e movimentos complexos parecem fáceis. O esforço inten- so feito pelos dançarinos é disfarçado, e sempre visa a gravidade, não o espaço ou o solo. Por outro lado, na dança moderna, o ar pode obter diferentes densidades de acordo com a relação subjetiva entre o dançarino e a vida espacial. De acordo com a intensidade, velocidade e direção do exercício, diferentes “qualidades esportivas” são produzidas no espaço. Os esforços feitos pelos dançarinos modernos para a dança são visíveis, e isso acontece em várias direções - enfrentar o solo, o ar, o outro - assim se torna o elemento expressivo da dança. O equilíbrio é um aspecto muito importante da dança clássica, mas geralmente é ignorado na dança moderna, porque para este conceito de dança, o movi- mento nasce da quebra do equilíbrio corporal. A relação entre dançarinos e espaço é outra diferença significativa entre essas duas formas de arte. Na dança clássica, essa relação nunca foi considerada um meio de expressão, às vezes um grupo com design de espaço decorativo é formado no palco, mas o espaço nunca é o parceiro do dançarino. O mundo ao seu redor não influencia seu humor. Na dança moderna, os dançarinos projetam suas emoções no espaço e recebem estímulos e reações do espaço o tempo todo. O espaço é o companheiro do dançarino, expressando emoções para o público em um diálogo constante. FIGURA 2 - A DANÇA COMO EXPRESSÃO CORPORAL 9UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança Na década de 1950, quando Stokoe (1987) começou a pensar na expressão física, a dança moderna foi criada por pioneiros: Isadora Duncan e Ruth Saint Denis, e também por outros importantes criadores como Ted Shawn, Martha Graham, Mary Wigman e Doris Humphrey. Existem outros criadores importantes, como Ted Sean, Martha Graham, Mary Wigman e Doris Humphrey. A partir da influência da dança moderna e de seus criadores, Stokoe (1987) relatou que seu comportamento como dançarina passou por uma mudança fundamental: descobrir novas formas de expressar o corpo, administrar o corpo de forma expressiva e usar o esforço e qualidades de movimento, que são ainda desconhecidos na visão de Toledo (2010): A expressão corporal está integrada ao conceito de dança, a dança é a ex- pressão corporal da poesia latente em todo ser humano. Cada movimento é único, e diz respeito à vida e à história de quem o realiza. Stokoe faz parte desse novo paradigma, que resgata o elo entre a dança e a vida, a emoção, a expressão. Esse é um dos grandes diferenciais da autora na sua maneira particular de compreender o movimento humano. Ela amplia e radicaliza bri- lhantemente o conceito de dança. (TOLEDO, 2010, p. 28) . 10UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 2. CONCEITOS DE RÍTMICA, DANÇA E EXPRESSÃO CORPORAL Isadora Duncan, nomeada “mãe” da dança Moderna enfatiza as primeiras idéias de Expressão Corporal na dança, passando ainterpretar o movimento, imitando a natureza e saindo do tão somente Balé Clássico, libertando o corpo e a mente para uma nova dança. A Dança Moderna trouxe uma nova forma para aquelas sociedades industrializa- das, Isadora Duncan era contra os movimentos repetidos e que marcavam aquele mo- mento industrializado do balé romântico encenando espetáculos com os pés descalços, livrando as bailarinas da tortura das sapatilhas, usando roupas da mais leves e com uma movimentação mais “livre”. Assim, ela não abandonou a harmonia preconizada pelo balé clássico, mas sim desenvolveu uma nova técnica conquistando seu espaço no campo cênico, mostrando que essa nova dança tinha o mesmo valor das danças feitas nas pontas dos pés. Observando um corpo dançante, traçando movimentos livres ou não, em ritmo acelerado ou lento, percebe-se a dança. O corpo é um veículo representativo, que está ligado à cultura, sociedade, história, técnica, ritmos entre outros. Não podemos deixar de lado várias definições a respeito da dança. Ellmerich (1964), traz um conceito diferente onde o ritmo aparece mudo e a música visível. Portinari (1985) destacou a dança como uma comunicação que dispensava as palavras, se referindo ao movimento expressivo que permite ser traduzido pelo corpo. 11UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança A linguagem não verbal e a expressão corporal, tem um sentido mais amplo sobre o entendimento do corpo, porém a idéia que a expressão corporal amplia todos os senti- dos do movimento humano, o tornando evidenciado na dança moderna chegando até a contemporânea. Segundo Stokoe (1987), a linguagem que o ser humano traz através das sensa- ções, sentimentos e pensamentos é por sua Expressão Corporal. Desempenhando todas as possibilidades do ser humano, construindo assim o movimento corporal, (BRIKMAN, 1989). Individualizado este movimento corporal, e com a capacidade de se manifestar, se apresenta através da vivência corporal, em situações do seu cotidiano e da sua arte. Lola Brikman (1989) apontava que nos anos 70 e 80, as inúmeras coincidências entre os brasileiros e o trabalho de Angel Vianna, Klaus Vianna e Dulce Aquino juntamente com os argentinos Patrícia Stokoe, Violeta de Gainza, Guilherni Graeter, Marina Hanke e Elisa Alcolumbres. O movimento que chega aos indícios da dança moderna vem da ideia de consciên- cia em diferentes técnicas. Podemos ter como foco de consciência o corpo descrito por Isadora, Delsarte, Dalcroze à Laban, Martha Graham e suas tendências. Portanto, a dança no final do século XIX, passou a ser uma concisa expressão da vida, da cultura, dos anseios e desejos, deixando de lado os irreal, o imensurável e o imaginável. Abandonando algumas hierarquias, a Dança Contemporânea, deixou que houves- se um bailarino melhor que o outro, surgindo uma dança praticada em prédios, praças, galerias de arte, não impondo modelos repetitivos de corpos dançantes. Estimulando a pesquisa e a criação de novas potencialidades de movimento. De difícil entendimento sobre a técnica praticada e a expressão corporal, Klaus Vianna (1990) enfatizava em suas aulas , tornando um resultado inconsciente que o baila- rino não discutia e não questionava a sua falta de liberdade, apenas executando o correto. Porém o que é correto? Se envolver de corpo e mente, não somente sair dançando, mas sim relacionando com todo seu entorno, para Vianna (1990), os bailarinos devem ser capa- zes de interpretar e representar, com uma linguagem própria e com seu próprio sentimento. Sugere-se não aceitar as técnicas prontas, mas buscar no seu interior espaços de um movimento único, próprio, contribuindo individualmente para as mudanças do tempo. Caminada (1999), diz que a dança considera-se a arte mais antiga, que dispensa ferramentas e materiais. Dependendo da vitalidade humana para cumprir sua função, um instrumento que afirma os sentimentos e subjetiva as experiências do homem. Como todas as manifestações artísticas, ela é fruto da expressão, dando conjunto as necessidades de expressão concretas e subjetivas. 12UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança Não buscando modificar seus conhecimentos em aprender novas metodologias, alguns professores de academias, não abrem oportunidade aos seus bailarinos de enten- derem seus movimentos como próprios, ficando somente presos às técnicas milenares e ao limite de seus anseios. Com certeza a maior contribuição das ideias de expressão corporal é justamente as influências diretas dos trabalhos realizados pelos bailarinos, marcando assim a transfor- mação de suas descobertas e conflitos. (...) no corpo, há o estigma de acontecimentos passados, desejos, fraquezas e erros nascem dele; Nele se entrelaçam e se expressam repentinamente, mas também nele se desatam, lutam, se apagam e continuam seu conflito inesgotável. (FOUCAULT, 1991, p. 52 ) São diferentes modos de se apreender no corpo, não instrumental e que reflita outros paradigmas, onde o sentido da racionalidade traz também as sensibilidades. 13UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 3. PANORAMA DA DANÇA NA CONTEMPORANEIDADE De um modo geral, a dança é considerada uma atividade de relaxamento ou entre- tenimento, e possui um modelo estético ideal. No entanto, em geral, também é uma ativi- dade recreativa que promove relaxamento e, consequentemente, melhora o desempenho escolar. Além disso, a dança geralmente não é considerada parte do currículo escolar! Nossa proposição é que nosso ponto de partida para a dança é outro: a dança é um campo do conhecimento, com sua particularidade, ou seja, possui características próprias. Mas mesmo com seu próprio campo de ação, a dança é uma combinação de conhecimen- tos. Envolve aspectos históricos, tradições, questões contemporâneas, poéticas e políticas. A dança pode trazer questões sobre o meio ambiente ou a cidade, roupas, tecnologia, etc. Nestes tempos que, eticamente, se coloca a importância de paradigmas, isto é, atitudes que pautem comportamentos morais ilibados, propomos a Dança como uma área de conhecimento que sensibiliza e estimula a inteligência criativa do(a) cidadão(ã) para aspectos éticos e estéticos. Aspectos estes, fundamentais para a formação de pessoas e que se voltem mais para o compartilhamento das diversidades ao invés de se apegarem à competição gerada pela insegurança, pela ganância, pela individualidade excessiva. Estética e ética não se separam. A apreciação estética – da natureza, de um bebê, de um idoso, das artes em geral, da beleza, da tristeza e repleta de parâmetros éticos. A Arte trata do belo, do sublime, do grotesco da pobreza, da denúncia. Essas noções são atadas a conceitos éticos que são parte da própria pessoa. Esses conceitos vão sendo absorvidos no seu desenvolvimento, na sua relação com o meio: a família, os processos escolares, educacionais, a mídia, o mundo, enfim. 14UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança Estudante, a disciplina Dança, Corpo e Contemporaneidade tem também como objetivo colaborar com a sua formação e a sua emancipação em uma proposta que o compreende na sociedade como parte e produtor de arte e cultura. Você é um(a) cidadão(ã) pensante e atuante, politicamente, afetivamente, intelectualmente, socialmente! FIGURA 3 - DANÇA ARTE A Dança não trata apenas de um modo específico de se fazer dança. Trata-se de uma ideia, de um conceito, de uma atitude. Vale ressaltar, que quando é usado o termo ideia, aborda-se a implementação da ideia na atitude comportamental das pessoas. Ideias, conceitos, propostas não são abstrações, são ações. Deste modo, preceitos artístico-e- ducacionais, em seus acertos e tentativas, elaboram o próprio sentido da vida, por meio da Dança. Você, com plena consciência do papel da Dança na sociedade é alguém que contribui para o desenvolvimento da nossa arte, cultura e educação. Assim, a Dança e as danças são produção de conhecimento.O que isto quer dizer: “produção de conhecimento”? Bom, a dança não é só um produto artístico, o processo da dança ou das danças é fundamental. Veja bem! Não há problema algum em a dança ser um produto artístico: um espetáculo, uma apresentação. Entretanto, o processo da criação do produto de dança é muito importante, pois nele temos a produção de conhecimento. Ou seja, criamos questionamentos, os solucionamos, discutimos o que estamos fazendo, narramos, descrevemos, analisamos. Escolhemos o tema que pode ser o uso do espaço, ou a violência contra a mulher, por exemplo. 15UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança Estamos, então, produzindo conhecimento! Propomos um modo de questionar o mundo, de refletir, de criticar, de concordar, de inventar um mundo. Tudo isso com a dança. Se você faz uma quadrilha e coloca as cores da sua cidade, ou faz pares de homens com homens, aí está: você está propondo um modo de ver o mundo, você está produzindo co- nhecimento. Quando você escolhe um gesto, um movimento, ali você sintetiza ou conjuga seus desejos, crenças, em relação ao que você pensa, sente, intui. Não necessariamente tudo o que você coloca na dança ou nos movimentos da sua aula é de modo consciente, mas conscientemente ou não, está expondo suas atitudes, tanto físicas quanto simbólicas diante da vida, da arte. Ao longo da história da dança variados modos foram propostos acerca do uso da música, do uso do espaço, de temáticas místicas, etéreas ou étnicas. Cada criador(a) ou professor(a) tem seu próprio modo de criar ou dar aulas, entretanto, de modo geral, há características de uma época. Houve períodos em que a dança era concebida como combinação de passos já existentes, sendo buscada a repetição, a mais fiel possível, deles. O público era entendido como um receptor passivo de uma dança que era para entreteni- mento, para distrair, ou seja, uma dança para não se refletir ou pensar... como se possível não pensar. Houve também momentos na história em que se buscou o não formalismo, o não entretenimento e a não padronização de um modelo ideal de corpo que dança. Houve ainda a adoção da improvisação, fosse na sala de ensaio e/ou aula para se criar coreografia ou na própria cena do palco e o público chamado a ser mais participativo. Portanto, caro(a) estudante, a dança tem muitas e muitas faces, há muitos e muitos modos de se dançar. Possível, então, se perceber que não há uma única definição para dança. Possível, também, compreender que propor a especificidade da dança está longe de isolá-la de seu aspecto relacional, ou seja, ela existe no mundo, junto com muitos outros saberes com os quais se relaciona. Como já dissemos: com a história, a tecnologia, a poe- sia, a política, entre tantas outras existências no mundo. A dança, qualquer dança, por mais que não se dê conta, tem uma multidisciplinaridade e diversidade de componentes além do corpo e do movimento. Ela pode ter textos verbais (poesias, recortes de jornal, ditados populares, frases que criamos), objetos, paisagens, diferentes figurinos ou o corpo nu. 16UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 4. ASPECTOS HISTÓRICOS - SOCIAIS DA DANÇA E SUA RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO FÍSICA Portinari (1989) disse: A imagem dançante mais antiga data do período Mesolítico (aproximadamente 8300 aC). Foi encontrada na caverna Cogul na província de Lleida, Es- panha. Ela mostra nove pessoas ao redor de um homem nu. Uma mulher mostra rituais de parto. Acredita-se que a dança do ventre nasceu desses rituais de fertilidade e hoje se tornou uma forma de dança novamente, especialmente no Ocidente. E Mendes (1987, p. 58) propôs outra versão do primeiro registro porque: “o registro mais antigo de atividades de dança pode ser rastreado até o final do período Paleolítico; quando as pessoas viviam em pequenas tribos e cultivavam o individualismo primitivo, preocupando-se apenas em colher alimentos.” O que justifica a presença da dança impregnada a muito tempo na sociedade e no homem. Há várias razões que levaram o homem primitivo a dançar, para a comunicação, celebração a natureza, as lutas, cultivando o físico, ligando-se a um tipo de ritual reli- gioso, com cerimônias sagradas, onde pediam chuva, fogo, fecundidade, vida, morte, colheita, felicidade, saúde… Os primitivos vivem das funções de ataque e defesa, implicando caça. Segundo Bourcier (1987), esta dança é destinada a animais. “Na caverna de Gabilou (Dordonha), é registrada a performance dos ancestrais da dançarina. Em 12.000 aC, uma espécie de salto”. 17UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança Isso nos fez entender que esse homem usava salto alto para caçar e dançar. Atual- mente, alguns pesquisadores israelenses estão tentando desvendar o passado, acreditando que uma dança deu início à prática de atividades esportivas. Segundo Lifar, citado por Masson (1988, p. 32) “a arte primitiva é composta principalmente de choro rouco e dança rítmica, acompanhada de palmas, pés, tambores, castanholas e acompanhamento”. Acredita-se que nessas danças os homens dançam pe- lados e observam combinações de diferentes movimentos, e vão perceber a ligação entre a dança e a necessidade de expressão de movimentos corporais e sons. A mais antiga representação de grupo data do Período Mesolítico (8.000 a.c), na gruta de Addaura, onde um grupo de sete homens nus dançam ao redor de outros dois (BOURCIER, 1987). Há relatos que no antigo Egito essa dança tem um caráter sagrado, Portinari (1989) comentou que sua invenção foi atribuída a Bes, um homem baixo e gordo que gostava do parto rápido e da deusa mãe Harthor representada por vacas, que dançavam com Ossíres, que acreditavam ter ensinado sobre a agricultura humana. Os hieróglifos deixados para trás indicam que as danças egípcias eram severas, com acrobacias e saltos, embora relaciona- das a cultos, são muito interessantes para os nobres. E Bourcier (1987) dá-nos alguns exemplos, como a dança de Deus Luqsor, onde os bailarinos o recebem quase nu, a dança anual da primavera, etc. As mãos e os pés estão apoiados no chão e o tronco e os membros inferiores formam um movimento de apoio para as costas em forma de arco. A dança egípcia tem muitos movimentos usados nos esportes hoje, como a ginástica olímpica. Em relação aos hebreus, sabe-se que dançam, mas estão proibidos de se manifestar em suas obras de seres vivos. Sendo eles o único povo antigo a não transformar a dança em arte, os principais registros são vistos na Bíblia. Para Bourcier (1987) Moisés descendo o monte Sinai encontrou o povo dançando ao redor do Bezerro de Ouro, girando e saltando significando a dança como movimentos religiosos e de fé. Sabemos que os gregos dançavam para homenagear inúmeros deuses, e essa ci- vilização deixou a maior parte das referências para pesquisas. Os gregos tornaram a dança acessível a todos os cidadãos por meio de cerimônias religiosas, educação, entretenimento ou vida diária. Para Bourcier (1987, p. 75) “dança grega originada em Creta”, “murais co- loridos mostram dançarinos se virando, às vezes dobrando os joelhos, às vezes pulando”, usando muita ginástica. “Dançar para os gregos é a essência da religião e da imortalidade. Presente e meios para se comunicar com eles.” vimos nos textos sobre os gregos que os filósofos e pensadores da época tinham opiniões sobre a dança. 18UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança Para Sócrates, a dança constituía um cidadão completo e era uma fonte de saúde; por outro lado, para Platão, deveria existir na educação, e existe. Portinari (1989) disse que a dança grega “é atribuída a titã Réia, a esposa de Cromos, a devoradora de prole” por sua invenção Réia mãe de Zeus sapateou para esconder o choro do filho, o salvando do canibalismo paterno. As pessoas perceberam a importância dos deuses na vida dos gregos e até dançaram diante de suas estátuas. Azevedo(1962, p. 12) comentou que “eles dançam em toda a Grécia, e há todos os tipos de dança”. Talvez a dança mais distinta seja a dança de Baco. E Dantas (1994, p. 54) afirmou que: “Dionísio é o deus da fertilidade e da fertilidade, mas também é o deus do álcool, da embriaguez, do êxtase e do impulso inconsciente”. Esta dança significa alegria e diversão e é realizada principalmente por mulheres. Segundo o mesmo autor, “a dança de Baco parece ser bastante livre e improvisada”. Seu apogeu está em meio a mudanças sociais, de uma sociedade patriarcal a mais Algo complicado, talvez seja uma forma de reconhecer e parecer um deus. São movimentos de salto, joelhos dobrados, braços estendidos ... Bourcier (1987) conta-nos que os espartanos de outra civilização antiga possuem características militaristas em suas danças, principalmente pela formação religiosa. O que é interessante é que quando leio livros de história do esporte raramente menciono a dança, principalmente a dança dos povos antigos. Apenas vejo o aspecto esportivo da atividade fí- sica, embora a dança tenha permeado o cotidiano, a sociedade, a educação na vida dessas pessoas. Segundo Mendes (1987) foi apenas com o declínio da cultura grega que a dança começou a perder sua dignidade e se tornou residência pura, e finalmente foi executada apenas pelos escravos orientais. Por outro lado, a dança romana foi claramente influenciada pelos orientais, etruscos e gregos. Às dança dionisíacas se tornaram bacanais, em homenagem a Baco (Dionísio romano). Foi em Roma que a dança atingiu o maior declínio no prestígio popular. De acordo com Portinari (1989) sua primeira instituição de dança, montada Numa Pom- pílio (715-673a.c) durante o reinado de os romanos pareciam preferir assistir batalhas violentas em vez de dançar. Era importante apenas para os patrícios que mandavam seus filhos e filhas às escolas, devido a influência grega. No período dos reis (séc.VIII à VI a.c), nos colégios, dançava-se nos altares e cantavam-se hinos salianos, era o início do academicismo, mas esquece-se o sentido religioso no período da República, vindo daí o surgimento dos bacanais, pura recreação. Já no período do Império, as classes altas se divertiam com a pantomima, uma mistura de teatro e dança, era o início da profissionalização dos dançarinos. 19UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança Outro local onde a dança possuía prestígio na sociedade eram as cortes impe- riais da China antiga. Confucio fazia com que todos cumprissem antigos ritos dos quais a dança fazia parte (PORTINARI, 1989). Dançava-se nas colheitas, casamentos e aos deuses chineses. Portinari (1989) nos dá um exemplo com dança que era em homenagem à Tsao-Chen, deus da comida, e era executada por mulheres carregando tigelas de arroz. No Japão, de acordo com os ensinamentos xintoístas, a dança do grande Deus do sol Amaterasu Omikani, assim Portinari (1989), explica que após uma briga com seu irmão, ela se escondeu em uma caverna. Os outros deuses foram deixados no escuro e no frio para atrair a atenção da deusa, começou a dançar em frente da caverna, ela ficou curiosa, saiu do esconderijo, riu, e o sol voltou. Esses fatos, lendas e crenças ilustram o surgimento da dança nesta civilização de uma forma especial. Nas antigas danças japonesas, podemos destacar três tipos, a Odori (popular), a Nô e a Kabuki. Portinari (1989) descreve esses três tipos da seguinte forma: O estilo Odori faz parte da festa, como plantar arroz, evocar o espírito da chuva, flores de cerejeira ...” São danças mistas populares nas quais homens e mulheres participam, explicando essa pessoa e suas crenças, normas, len- das. “Nô é uma dança expressiva executada por mascarados que também são responsáveis pela interpretação de personagens femininos. É importante destacar que desde a antiguidade os homens fazem parte do movimento da dança e em algumas civilizações são mais importantes que as mulheres, não existem estereótipos e preconceitos que incomodem o homem em dançar ou se dedicar à arte. “O gênero Kabuki apareceu no século 17 como um entre- tenimento para ricos empresários e seu poder é comparável ao da nobreza.” Este é o reino dos homens e até hoje, esse gênero só é explicado pelos ho- mens. (PORTINARI, 1989, p. 32) Sem dúvida, para muitos escritores, o período mais desfavorável para a evolução da dança foi a Idade Média. O cristianismo criou a visão do corpo no início do século III, “ir para o Céu”, porque nos conceitos religiosos, o corpo é o gerador do pecado e dos pensamentos impuros, que impedem a perfeição humana. Com as guerras e as mudanças econômicas na vida, a dança é considerada obscena. Durante o período de perseguição e morte, as únicas danças permitidas são aquelas que falam e louvam o Senhor. No entanto, algumas pessoas se reúnem ilegalmente em reuniões que ameaçam a vida e gostam de dançar. Outro fato comentado pelo autor mostra que mesmo sob as proibições, com o declínio da qualidade de vida e o surgimento de muitas doenças e pragas de insetos, a dança ainda existia no modo de vida dessas pessoas nos séculos XI e XII, ocorrendo a “dançamania”. Epidemias como a Peste Negra fazem as pessoas dançarem para expressar seu medo da morte. Na Itália, isso é chamado de Tarantismo porque se acredita que as pessoas foram mordidas por tarântulas. Quando 16 pessoas suaram junto com a dança. O risco de morte por envenenamento pode ser eliminado. Mais uma vez enfatizou a relação 20UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança homem/dança na história humana. Ao analisar esse período, afirmou: Azevedo (1962) diz que a vida religiosa e mística, estão suspeitas aos cuidados com o corpo. Portanto, a dança, as atividades desportivas e os jogos entraram em declínio, o que é muito signifi- cativo para o posterior desenvolvimento do desporto. Esta instituição se opõe totalmente ao ensino religioso e à sociedade estratificada, onde nobres e o clero (igrejas) dominam a burguesia, camponeses e servos. Para Zotovici (1995, p. 108) “sobreviveram apenas as danças macabras, danças de morte e contra a morte e as danças camponesas”. Isso se deve à proibição e ao medo da épo- ca. A explicação de que a dança camponesa sobreviveu pode ser explicada por Ossona (1988, p. 96), que afirmou que “é proibido dançar em palácios, templos e praças públicas, e buscar abrigo na aldeia”. Neste momento, os trabalhadores e camponeses têm suas ações imitadas. Segundo Mendes (1987) a dança é ainda uma ação de entretenimento não profis- sional entre a nobreza, a corte e as massas. Isso só aconteceu no final da Idade Média, quando a tolerância da igreja aumentou. Começou um processo de mudança, o dualismo cristão começará a mudar, a dança começará a sair das favelas e se transferir para uma sociedade mais conservadora. Foi um renascimento cultural, antes disso a dança e o esporte eram condenados como imorais, a purificação da alma. Agora, está mais exibido, exposto e ao alcance de todos. 21UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 5. DANÇA E A FORMAÇÃO DO SUJEITO A dança está cada vez mais incluída nos currículos escolares e fora do campus, pois o uso da dança como prática pedagógica pode trazer muitas contribuições para o processo de ensino. Segundo Verderi (2009, p. 30), “a dança escolar deve ter um papel fundamental como atividade docente ... e valorizar a autoestima, a autoimagem, a autoconfiança e o autoconceito por meio dessas atividades”. Essa frase nos faz compreender que a função educativa da dança visa o desenvolvimento físico, emocional e social dos alunos. Amplie seus horizontes sociais. A dança como recurso didático é fundamental porque ajuda a construir uma pessoa mais confiante entre os alunos, aumenta sua autoestima e faz com que se sintam úteis e capazes. Por fim, a dança ajuda a desenvolver a autonomia do aluno. De acordo com Piconez (2003) “Os alunos aprendemfazendo.” Portanto, o ensino de atividades de dança não pode isolar os alunos dentro de quatro paredes, mas estimular as crianças a descobrirem sua expressividade e potencial criativo. Consequentemente, é óbvio que a dança como processo de aprendizagem permite que os alunos aprendam por meio da própria experiência física, compreendam a perspec- tiva dos outros, desenvolvam habilidades e expressem sua criatividade. Ela sempre inspira os alunos, em vez do antigo conceito de muitos educadores, apenas alunos calados e silenciosos podem estabelecer o aprendizado. 22UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança Para Bertoni (1992), a dança como fator educacional contribui para o desenvolvi- mento da psicologia, da sociedade, da anatomia, da inteligência, da criatividade e da famí- lia. Nessa perspectiva, a dança contribui para a educação esportiva consciente e integral, proporcionando múltiplos benefícios nos aspectos físicos, sociais e intelectuais. Trabalhar com a dança também pode descobrir o seu próprio corpo e perceber que cada um tem formas diferentes de se movimentar.A fala de Bertoni reforçou ainda mais a ideia de que a dança contribui para o desenvolvimento geral dos alunos. Segundo Nanni (1995), a dança contribui para o desenvolvimento das funções in- telectuais, tais como: atenção, memória, raciocínio, curiosidade, observação, criatividade, exploração, compreensão qualitativa da situação e capacidade crítica. A educação pode dar uma grande contribuição para o desenvolvimento da aprendi- zagem. Por fim, a dança é propícia para uma boa aprendizagem, sem abandonar o plano de estudos, deve centrar-se no desenvolvimento dos elementos mais importantes do processo de ensino como a autoestima, a autoconfiança e a motivação. Portanto, Fux (1983) defende que a dança é atraente como recurso didático con- tribuinte, pois auxilia em diversas áreas que são essenciais para a construção do conheci- mento dos alunos, estimula a espontaneidade e a criatividade. Nesse sentido, é importante destacar que a dança, como prática docente, é propícia ao desenvolvimento do aluno, tornando-o um sujeito capaz de pensar de forma criativa, se expressar espontaneamente e se comunicar com o mundo ao seu redor. Isso também nos permite ver a dança como um meio natural de comunicação expressa por meio do corpo. Isso também nos faz refletir que trabalhar a dança em sala de aula deve sempre ter como foco o aprendizado, não uma forma de entretenimento. Porém, a liberdade do aluno é sempre incentivada, caso contrário ele será reprimido e não conseguirá atingir o objetivo da aula. Segundo Nanni (1995), os exercícios físicos são vitais para o desenvolvimento das crianças, pois ampliam seus conhecimentos por meio de suas habilidades motoras. Isso nos faz perceber que a partir do momento em que os alunos percebem a si mesmos e suas habilidades, ela pode se desenvolver e crescer, interagir com seu habitat, vivenciando experiências através do próprio corpo. Essa visão nos faz pensar que o corpo está internamente conectado, então o pen- samento está relacionado ao exercício. Portanto, o exercício estimulante levará à excitação da mente, o que beneficiará automaticamente o processo de aprendizagem. De acordo com Freinet (1991, p. 45): A educação infeliz visa, por meio de explicações teóricas, convencer os indi- víduos de que podem adquirir conhecimento pelo conhecimento e não pela experiência. Física e mentalmente, falsos intelectuais desadaptativos, pes- soas incompletas e incompetentes. 23UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança Com base nesse pensamento, o professor de Dança deve ser utilizado como um recurso interessante, que pode enriquecer a aprendizagem de várias disciplinas e estimular a aprendizagem de forma livre e agradável. Em relação ao corpo e incentivar a aprendizagem de forma livre e agradável sig- nifica estimular de forma a despertar o interesse dos alunos para que ele possa participar ativamente das atividades, ao invés de uma forma autoritária e repressiva. De acordo ainda com Ossona (1988) deve encarar o ensino de dança como uma espécie de atividade educativa, recreativa e criativa. E ainda, é necessário um plano de ensino e um plano de realização. Portanto, observamos que para a contribuição da dança no processo de ensino, é importante que primeiramente a entendamos como uma atividade educativa que pode ajudar os alunos a se desenvolverem de forma integral. Precisamos usar a dança nas atividades de ensino para permitir que os alunos experimentem o corpo o máximo possível para promover o seu desenvolvimento. Para tanto, enfatizamos também a necessidade de estar preparado. O professor precisa receber formação continuada e sempre preparar os cursos com antecedência, enfim, fazer o seu plano de ensino, mesmo que pareça não estar de acordo com o plano quando for executado. Essa atitude também auxilia no processo de ensino. Ossona (1988, p. 35) também enfatizou: “Nossos filhos são dotados de um grande potencial psicofísico e temos a responsabilidade de aumentar esse potencial”. No dizer de que: Nessa perspectiva, para que isso ocorra, é fundamental que nossas ativida- des geram sempre liberdade de expressão e beneficiem o desenvolvimento motor do aluno. Devemos explorá-lo ao máximo, tendo sempre o cuidado para não limitarmos e nem reprimirmos o seu desenvolvimento. (OSSONA, 1988, p. 48 ) Na verdade, nossos alunos são dotados de diversas habilidades e conhecimentos. Como professores, temos a responsabilidade de aprimorá-los, deixá-los se desenvolver e buscar mais conhecimentos. É importante ressaltar também que a dança, como processo de aprendizagem, contribui para a formação de um corpo vivo, pois além de ocupar espaço, tem forma, ex- pressão, desejo e pode interagir com as coisas da natureza. Isso nos permite entender que a dança ajuda a cultivar homens e mulheres que entendem melhor suas vidas, e é propício ao aprendizado dessa consciência e de outros processos mais educacionais. Nessa perspectiva, a dança vem formando o sujeito como cidadão crítico, reflexivo e participativo. Pode-se dizer assim, que a dança como processo educativo não é apenas um processo de cooperação com o ensino de habilidades, mas também um processo que contribui para o desenvolvimento do potencial humano e sua relação com o mundo, por isso também é a favor do processo de construção de conhecimento. 24UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança SAIBA MAIS A dança é uma atividade tipicamente humana. As pessoas quando ouvem música, na- turalmente movem os pés e batem palmas. É curioso como todo o corpo acompanha a música. Pesquisadores encontraram pinturas pré-históricas em cavernas que compro- vam movimentos de pessoas como se dançassem. Fonte: VIEIRA, E. Curiosidades sobre a dança e suas utilidades. Blastingnews, Suíça. Disponível em: https:// br.blastingnews.com/curiosidades/2018/02/curiosidades-sobre-a-danca-e-suas-utilidades-002391215. html. Acesso em: 21 ago. 2021. REFLITA A Dança é considerada a mais completa das artes, pois envolve elementos artísticos como a música, o teatro, a pintura e a escultura, sendo capaz de exprimir tanto as mais simples quanto as mais fortes emoções. Fonte: O que é dança? Brainly. Disponível em: https://brainly.com.br/tarefa/26938560. Acesso em: 21 ago. 2021. https://br.blastingnews.com/curiosidades/2018/02/curiosidades-sobre-a-danca-e-suas-utilidades-002391215.html https://br.blastingnews.com/curiosidades/2018/02/curiosidades-sobre-a-danca-e-suas-utilidades-002391215.html https://br.blastingnews.com/curiosidades/2018/02/curiosidades-sobre-a-danca-e-suas-utilidades-002391215.html https://brainly.com.br/tarefa/26938560 25UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante essa leitura conhecemos a história da Dança e suas contribuições para as mais diversas fases da evolução humana e suas civilizações. Percebemos que, ao longo davida, praticamos a Dança para nos mantermos sau- dáveis e muito mais para nos trazer felicidade e bem estar. A prática deve ser realizada de acordo com a realidade dos estudantes e da escola, como fonte inovadora e diversificada. A dança propiciará socialização entre os alunos e desenvolvimento de diferentes aspectos para sua formação. Para o bom desenvolvimento da dança na escola é importante a metodologia do professor, aplicando a temática da aula e do seu domínio do conteúdo. Assim a dança trará benefícios e é uma excelente forma de desenvolver seu aluno para esta prática em outros âmbitos de sua vida. Assim, espero ter contribuído para o conhecimento e amplitude de seus pensamen- tos junto à Dança. Até breve! 26UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Atividades Rítmicas e Expressivas Autor: Silvia Regina Ribeiro. Editora: InterSaberes. Sinopse: Esta obra fala sobre o papel da dança na formação integral dos indivíduos. Para isso, apresenta um breve histórico dessa atividade física e discute o que são atividades rítmicas e expressivas, investigando os desafios que costumam ser encon- trados pelos professores de educação física ao inserir a dança em suas práticas pedagógicas, buscando assim perceber a dança como uma forma de linguagem corporal. Link de acesso: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publi- cacao/169552/pdf/0?code=8fDqtbnOhGsLSxU1XQKbMglAI9cl- dFiKHfR4XvYG68Q5Oip3Z5IbidkzCEZVnLMf0UEGbS5Mk+j8r- B5+mHg0/Q== FILME Título: Us Again Ano: 2021. Sinopse: Enquanto as pessoas de Nova York dançam ao ritmo da música, o idoso Art permanece em seu apartamento e assiste TV mal-humorado. Sua esposa, Dot, entra e tenta fazer com que ele saia e aproveite o dia. Ele se recusa, deixando seu coração partido. Art logo se arrepende dessa decisão e vê uma foto sua e de Dot quando eram jovens e cheios de vida. Ele sai pela escada de incêndio de sua casa quando de repente começa a chover. A chuva o torna mais jovem e o rejuvenesce, levando-o a sair para a cidade à procura de Dot. Art e Dot encontram-se, sendo esta última também jovem por causa da chuva, junto a um bebedouro e começam a dançar de forma vibrante pelas ruas. Quando as nu- vens de chuva começam a se mover, a secura as reverte à velhice. Art começa a arrastar Dot pela cidade na tentativa de permanecer jovem com ela. Eles fogem para Paradise Pier com Dot ficando para trás de boa vontade, enquanto Art continua a perseguir as nuvens de chuva. Eventualmente, as nuvens saem completamen- te e Art volta a ser um homem velho junto com Dot. Art volta e vê Dot sentada sozinha em um banco e se junta a ela. Os dois se olham nos olhos e, sem palavras, reconhecem seu amor um pelo outro. Art e Dot continuam a dançar juntos, embora não tão vibrantes quanto antes, enquanto um casal mais jovem os observa admiravelmente de longe. A poça de chuva abaixo deles reflete o seu eu mais jovem. https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/169552/pdf/0?code=8fDqtbnOhGsLSxU1XQKbMglAI9cldFiKHfR4XvYG68Q5Oip3Z5IbidkzCEZVnLMf0UEGbS5Mk+j8rB5+mHg0/Q== https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/169552/pdf/0?code=8fDqtbnOhGsLSxU1XQKbMglAI9cldFiKHfR4XvYG68Q5Oip3Z5IbidkzCEZVnLMf0UEGbS5Mk+j8rB5+mHg0/Q== https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/169552/pdf/0?code=8fDqtbnOhGsLSxU1XQKbMglAI9cldFiKHfR4XvYG68Q5Oip3Z5IbidkzCEZVnLMf0UEGbS5Mk+j8rB5+mHg0/Q== https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/169552/pdf/0?code=8fDqtbnOhGsLSxU1XQKbMglAI9cldFiKHfR4XvYG68Q5Oip3Z5IbidkzCEZVnLMf0UEGbS5Mk+j8rB5+mHg0/Q== https://en.wikipedia.org/wiki/New_York_City 27 Plano de Estudo: ● Expressão corporal e o movimento; ● Música e seus elementos; ● Instrumentos musicais: vivências com a percussão; ● Improvisação; ● Jogos e brincadeiras como meio de expressão corporal. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar os modos de expressão corporal; ● Compreender os tipos de músicas e elementos que compõem a dança; ● Estabelecer a importância da ludicidade na interpretação associada aos movimentos. UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal Professor Esp. Diego Fernando Rodrigues 28UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 28UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal INTRODUÇÃO Olá, que bom nos encontrar novamente! Nesta unidade veremos as diferentes formas de se expressar com movimentos e técnicas de improvisação, para o aperfeiçoamento da consciência corporal. Também vamos entender os elementos que compõem a dança, como a música e seus instrumentos que são a alma da dança. O ato de improvisar também fará parte desta unidade, pois a dança não pode ser simplesmente técnica e rigorosa, mas sim um momento de distração e lazer para seus praticantes. E as brincadeiras dançantes tem alto poder de socialização, trazendo todos os indivíduos a praticarem de forma prazerosa, e evitando a exclusão daqueles que não tem muita aptidão com a dança. Então, bons estudos e muita dança a todos nós! 29UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 29UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal 1. EXPRESSÃO CORPORAL E O MOVIMENTO A definição de ser expressivo, quer dizer que transmitimos nossos sentimentos para os outros. Ao utilizar os movimentos para essa expressão transformamos nossos pensamentos em gestos, assim nos comunicando com todos os indivíduos através da expressão corporal. Segundo Silva e Schwartz (1999), o movimento corporal é uma linguagem que cada pessoa possui para manifestar-se e, a expressão corporal é o resgate dessa linguagem individual. E o nosso “ (...) corpo tem a capacidade de se manifestar, o que, na expressão corporal, se apresenta através do vivido corporal. Este viver corporal equivale à maneira pela qual o corpo apresenta-se disponível.” (SILVA e SCHWARTZ, 1999, p. 169). Nesse sentido, podemos apoiar a expressão do movimento através da experiência do corpo em termos de experiência física, podemos enriquecer os gestos expressivos e torná-los mais criativos e espontâneos. Ambos revelam seus pensamentos e transmitem informações: As atividades expressivas objetivam, através de vivências corporais, da dança e de outras manifestações, levar o homem, a mulher, a sentir o corpo-próprio, ampliar sua sensibilidade, eliminar os limites, as influências e preconceitos determinados pelo ambiente cultural. (SILVA, 1995, p. 93). 30UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 30UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal A respeito dessas considerações, Silva (1995) apontou portanto, que a expressão corporal, ao trabalhar de forma planejada, espontânea e criativa, não precisa colocar o corpo sob técnicas padronizadas, e os movimentos repetitivos podem trazer inúmeros benefícios. Segundo Brikman (1989), a expressão corporal salva e desenvolve todas as pos- sibilidades humanas (corpo e mente), disseminadas por meio do movimento corporal. A expressão corporal carrega a possibilidade do desenvolvimento global do corpo e dá ao corpo oportunidades de expor suas emoções, muitas vezes reprimidas e ignoradas, portan- to, a expressão corporal e todos os seus benefícios podem ser comprovados no processo de desenvolvimento e educação humana. 1.1 Expressão corporal e Educação Física Durante muito tempo a escola transmitia conhecimento ao aluno através da leitura, da escrita e dos cálculos, nunca em movimento. Tinha-se como verdade que o aluno só aprenderia se estivesse parado. A herança dessa educação tradicional e rígida está pre- sente até os dias de hoje. É comum vermos orientações em escolas para que os alunos não corram, não pulem, não se movimentam, além disso, muitas vezes o movimento está associado à indisciplina. Apesar destas atitudes ainda estarem presentes na escola, muitos estudos têm nos mostrado o contrário. Dessa forma, devemos buscar um diálogo entre o movimento corporal e o produzir conhecimento que supere essa concepção. Para Rego (2011), énecessária a busca de uma prática docente que possibilite aos alunos um pensamento crítico, a partir da valorização da criatividade, da reflexão e da participação, condições indispensáveis para a inserção social e construção da cidadania, assim Scarpato (2001) afirma que: O movimento é uma forma de expressão e comunicação do aluno, objetivan- do torná-lo um cidadão crítico, participativo e responsável, capaz de expres- sar-se em variadas linguagens, desenvolvendo a auto expressão e apren- dendo a pensar em termos de movimento. (SCARPATO, 2001, p. 59). Ainda para Scarpato (2001), o trabalho com o corpo gera a consciência corporal,o aluno começa a expressar seus desejos de modo mais espontâneo, o que pode criar dificul- dades numa pedagogia autoritária, que ainda acredita que ele só aprende sentado na carteira. Sendo o movimento indispensável para o processo educacional e o corpo objeto de estudo da Educação Física, este tem papel fundamental na escolarização e deve ter uma formação mais humana, que valorize a cultura corporal e tudo que a ela esteja relacionado. Podemos destacar também a importância da educação física como disciplina, que tem como objetivo: 31UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 31UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal Desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de repre- sentação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, ex- teriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásti- cos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica e outros, que podem ser identificados como formas de representação simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas (COLETI- VO DE AUTORES, 1992, p. 38). Diante disso, a Educação Física enfrenta o desafio de tornar a expressão corporal um conhecimento importante no processo de formação humana e dar a ela uma relevante importância no trabalho pedagógico na escola. 32UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 32UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal 2. MÚSICA E SEUS ELEMENTOS Durante esta unidade vamos observar alguns elementos básicos que compõem uma frase musical e a formação de uma música, dando sentido ao movimento e a ligação que a dança tem junto a música, tornando uma fusão importantíssima para a aquisição da produção coreográfica. 2.1 Componentes Básicos Quando se cria uma peça musical, o compositor combina diversos elementos que são importantes para a música, esses elementos chamamos de elementos musicais, assim destacando o ritmo, a melodia, a harmonia, o timbre, a textura e a forma. FIGURA 1 - MÚSICA 33UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 33UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal 2.2 Ritmo O ritmo é utilizado para descrever diversos modelos de sons musicais que agrupa- dos formam a música, assim a sua duração e os acentos formam as frases. Ao fundo de cada música há uma batida, considerada como o coração, ali nos referimos para medir o ritmo de cada canção. 2.3 Melodia Uma grande maioria de pessoas, tem a melodia como componente mais importante de uma peça musical. Sabemos que naturalmente a melodia, é uma palavra muito comum, que tem um significado ainda sem muita precisão, definindo que a sequência de notas, de diferentes sons, organizadas numa dada forma de modo a fazer sentido musical para quem escuta. Assim, ao reagirmos com a melodia criamos uma interpretação única. Faz sentido naquilo que para um pode ser inaceitável, e para outro, pode se tornar a canção mais interessante já ouvida. 2.4 Harmonia Quando mais de uma nota é ouvida ao mesmo tempo, chamamos de melodia, que produz o acorde. Os acordes podem ser de dois tipos: consoantes, quando as notas estão de acordo com as demais, e dissonantes, quando as notas não fazem sentido com as demais, assim tornando as frases musicais mais tensionadas. A harmonia pode ser usada de duas formas: para a referência à seleção de notas de determinam algum acorde e, também para descrevermos a progressão e o desenrolar de uma composição. 2.5 Timbre O instrumento é único, assim cada um produz um som diferente, isto sendo do mesmo modelo, essa sonoridade pode variar de instrumento por instrumento, nos fazendo distinguir a diferença de um som de um trompete e de um violino, por exemplo. Assim, com essa particularidade definimos o timbre de cada instrumento. 2.6 Textura As peças musicais podem apresentar sonoridades de diferentes tipos, como as de com sons rarefeitos e esparsos, já outras ricas e fluídas com mais facilidade. Quando descrevemos os aspectos musicais, a textura é uma palavra muito utilizada, pois compara a trama de um tecido, para com os sons que compõem a música. 34UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 34UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal As três formas básicas de compor uma música pode ser: ● Monofônica: constituída por uma única linha melódica, destituída de qualquer espécie de harmonia; ● Polifônica: duas ou mais linhas melódicas entretecidas ao mesmo tempo; ● Homofônica: uma única linha melódica é ouvida contra um acompanhamento de acordes. “melodia + acompanhamento”. 2.7 Forma A forma musical descreve qual será o projeto ou configuração de um compositor para construção de uma obra musical. Inúmeros são as suas configurações, assim obtidas através de diferentes períodos da história incluindo os métodos utilizados em cada época. 35UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 35UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal 3. INSTRUMENTOS MUSICAIS: VIVÊNCIAS COM A PERCUSSÃO A importância de salvar a música no ambiente escolar, como recurso no processo de ensino, pode favorecer o conhecimento interdisciplinar dos alunos e o desenvolvimento da cultura, da moral, do movimento psicológico e da sociedade. A arte e a música devem ocupar uma posição mais importante do que dão, por meio de um ensino mais prático do que a cultura. Com o objetivo de fazer da educação musical uma espécie de portador de conhecimento e contribuir para visões interculturais e alternativas frente à atual vida real global e tecnológica. A música é uma das formas mais antigas e valiosas de expressão humana e sem- pre existe na vida das pessoas. A música acompanha a humanidade desde os tempos pré-históricos e tornou-se um elemento característico da humanidade. Sem música, é impossível pensar no mundo de hoje. A música desempenha um papel muito importante ao contar a história de um lugar e integrar as crenças étnicas e religiosas de diferentes culturas na sociedade. É necessário capacitar o público-alvo a usar a música como linguagem de expressão e identidade na sociedade. O desenvolvimento de uma boa aula requer prepa- ração e disciplina, planejando refletir sobre as condições existentes e implementar formas alternativas de ação, sabendo que o comportamento das crianças em comunidades pobres muitas vezes está sujeito a uma disciplina irregular. O comprometimento dos educadores é muito importante, é preciso buscar a aproximação, incentivar os alunos a participarem da sala de aula, opinar, levar temas da realidade e conteúdos diversificados para os alunos que ainda não se tornaram robôs. 36UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 36UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal Usando a teoria psicogenética e técnicas construtivistas que podem ser usadas, como linguagem descritiva, canções locais, jogos, danças, expressões físicas em sua área, aprendizagem e comunicação próxima que inclui os alunos e a participação efetiva de todos os alunos. O Brasil é um país multicultural, nossa música goza de privilégios e é influenciada por múltiplas culturas, vários instrumentos musicais logo apareceram e seus sons e ritmos aqui existentes. Agora podemos entender alguns instrumentos de introdução e suas origens e sua forma de execução. Organologiaé o estudo da composição e classificação dos instrumentos musicais, levando em consideração os materiais utilizados, a forma, a qualidade do som produzi- do, o timbre, a forma de execução e a história de cada instrumento. A classificação dos instrumentos musicais mais comumente usados hoje foi criada por Curt Sachs e Eric Von Hornbostel e foi publicada pela primeira vez na Alemanha em 1914. Não há dúvida de que o ensino da percussão é uma importante prática musical que pode ser desenvolvida nas escolas. A prática de jogar juntos envolve muitas habilidades e trabalho em equipe, e é uma forma muito produtiva de aprender na escola. Com base na organização e nos princípios do ensino coletivo de instrumentos musicais, na organização e preparação de apresentações musicais, este tipo de prática coletiva de instrumentos musicais possibilita a interação social e desempenha um papel muito importante no processo de aprendizagem musical. Envolve “aprendizagem colabora- tiva” entre os elementos de um grupo, motivação mútua, orientação, verificação e avaliação (MORAES, 1997, p. 71). O currículo começa com a música como princípio da prática social / através da re- lação que as crianças estabelecem na música junto ao seu grupo social. (SOUZA, 2004). De certa forma, acreditamos que a música “é uma comunicação simbólica e emocional e, portanto, social.” De um modo geral, “libera a crença de que nossos alunos podem mostrar e formular hipóteses sobre sua experiência musical. E podemos conversar com eles. (SOUZA, 2004, p. 09) diz que “A teoria da vida diária fornece um complemento para a compreensão das relações sociais musicais estabelecidas nas atividades diárias de ensino de música”. Acredita-se que, na relação com o mundo ao seu redor, as crianças adquirem conhe- cimentos sobre música. Conhecimentos musicais que aparecem nas atividades musicais rít- micas, como: percussão ou movimento corporal; bela melodia ao cantar suas faixas favoritas; além das habilidades envolvidas no aprendizado de instrumentos em diversos locais e por meio de diversas mídias. Diante de várias formas de contato e experiência musical na vida cotidiana, as crianças desenvolveram seus conhecimentos e habilidades musicais. 37UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 37UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal Quando pensamos na vida diária, pensamos na “educação musical diária”. A edu- cação se estabelece no “universo íntimo” de cada um, na relação micro-social da família, dos colegas, da mídia (livros, TV, internet), dos jogos, etc. Segundo Souza (2000), cotidiano. é visto como um lugar social de processos de crenças, de achar sentido comu- nicativo e interativo, nos quais os participantes da sociedade constroem suas identidades sociais e em cujas molduras se estabelece um entendimento sobre as normas sociais, realizam-se as interações sociais e se reconhecem proces- sos intersubjetivos como sua parte essencial. (SOUZA, 2000, p. 28). Nesse sentido, segundo Souza (2000, p. 27) afirma que a vida cotidiana inclui “uma espécie de orientação pedagógica para professores” , que para nós, professores de música, fazemos com que a direção musical faça uma viagem ao universo e que os alunos estarão conhecendo, tornando assim uma orientação da prática pedagógico-musical. 38UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 38UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal 4. IMPROVISAÇÃO Para definir os métodos de improvisação precisamos discutir de forma polêmica e por muitas vezes recorrente. “A improvisação” não pode ser considerada um único modo, monolítico, de organização. Segundo Nelson (2006), a improvisação é uma palavra escor- regadia, genericamente aplicada, e que exige uma abordagem detalhada. Algumas classi- ficações observadas auxiliam na análise e no entendimento, que recorrem a algum tipo de uso, que delimita as restrições que são aplicadas nas propostas e desenvolvimentos. As maiores tendências são aquelas que predominam com a relação artista/contexto, que durante a improvisação elaboram alguns acordos prévios. Indicando assim aspectos compartilhados, delimitando alguns grupos que se assemelham, assim denominando for- mas de improvisação, restringindo alguns acordos já implicados nos objetivos de uso. 4.1 Formas de improvisação Vamos, agora, te apresentar formas de improvisação que podemos executar, apre- sentando dois modelos de uso geral: 4.1.1 Improvisação sem acordos prévios Essas improvisações são elaboradas a partir do contexto único de apresentação, apresentando relações somente dos hábitos da dança. A sua inspiração ocorre durante a apresentação, não havendo ensaios nem relações com elementos pré elaborados. Assim 39UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 39UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal podendo ser criadas versões únicas do tempo em que estão sendo realizadas. Carter (1999) alerta que pode estar havendo características de movimentos repetidos e que fazem parte do repertório do bailarino que a apresenta, alerta também a falta de anseio para uma coreografia mais simples e sem a perspectiva de espetáculo. Zambrano et al. (2000, p. 76), diz que: É possível ter expectativas sobre o que vai acontecer numa improvisação, quando as pessoas que estão improvisando se conhecem e treinam juntas, e isso ocorre por reconhecimento das informações de técnicas de dança inscri- tas nos corpos, que carregam possibilidades de decisões legíveis. Assim, Dunn, Paxton, Nelson, Hagendoorn, Zambrano, entre outros, criaram al- guns tipos de treinos para as improvisações. Esses criadores contestam a importância da criação com um conceito que de coerência a apresentação, buscando novas metodologias de improvisação. Vejamos alguns grupos de improvisação que propõem essa forma em cena, como é o caso da Cia. Nova Dança 42 e Magpie Music Dance Company. Esses grupos treinam juntos há vários anos, assim eles propõem parâmetros de apresentação, mas sem uma proposta concreta. Alguns encontros de improvisação são chamados Jam Session considerados sem acordos prévios. Tratando de encontros abertos a todos os interessados para prática de improvisação, sejam eles artistas ou não artistas. Também existem os encontros de Jam em grupos restritos, que fazem o treino junto porém não se apresentam no mesmo grupo, somente pela experiência da vivência em uma outra configuração de dança. 4.2.2 Improvisação com acordos prévios Desta forma, cobrimos improvisações que são previamente acordadas durante o processo de preparação, tanto no seu processo como na sua apresentação. As recomen- dações são divididas em duas categorias: - Criação de improviso durante o processo criativo - por exemplo, um experi- mento antes de uma exibição pública; - Improvisação de roteiros - possui regras prévias relacionadas às condições e possibilidades de improvisação. Improvisação no processo criativo: Esses processos criativos contam com a improvisação para encorajar sua investigação. Esses processos ocorreram no período anterior à apresentação da dança, eram experiências realizadas entre artistas durante os ensaios e posteriormente formalizadas em suas obras. 40UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 40UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal Hoje em dia, muitos artistas realizam seu processo criativo por meio da improvisa- ção. Recomenda-se a realização de experimentos, como pesquisar e desenvolver questões relacionadas ao trabalho em andamento. A opção de trabalhar neste formato tem a ver com sua imprevisibilidade. Assim, vamos apresentar duas propostas para seu processo da elaboração de acordos: - Criação de improviso durante o processo criativo - por exemplo, um experi- mento antes de uma exibição pública; - Improvisação com roteiros - possui regras prévias quanto às condições e pos- sibilidades de improvisação. - Processo de improvisação: esses processos criativoscontam com a improvisa- ção para estimular sua investigação. Esses processos acontecem no palco que antecede a apresentação da dança, são experiências entre artistas em ensaios e posteriormente formalizados em suas obras. Hoje em dia, muitos artistas realizam o processo criativo por meio da improvisação. Recomenda-se a realização de experimentos, como pesquisar e desenvolver questões relacionadas ao trabalho em andamento. A escolha de trabalhar dessa forma está relacio- nada à imprevisibilidade de seus experimentos, podendo produzir soluções inusitadas e diversas, pois os artistas envolvidos têm autonomia sobre o processo. Usamos os procedimentos de improvisação para desenvolver sua pesquisa. Esta sala tem como foco a preparação para a síntese de exercícios, para isso começa com problemas específicos e os discute no corpo, estudando a qualidade do exercício muito precisa. Seu experimento prevê a repetição e persistência do problema de motivação, inspirando o desenvolvimento de uma composição futura. Improvisação e scripting: O termo scripting aqui é usado como regra anterior, relacionado às condições e possibilidades da improvisação. O roteiro é usado como parâ- metro para definir: o desenvolvimento da improvisação; e / ou o tipo de ação; e / ou a relação entre a dança e outras linguagens; e / ou a relação entre os artistas; e / ou a relação com o público ; e assim por diante. São restrições predeterminadas, dispostas durante a mostra para manter a autonomia do artista na composição. Experimentando algumas estruturas desse tipo que aconteciam durante a prática no palco, onde dançarinos colaboraram para desenvolver materiais esportivos, inventaram métodos de distribuição de regras em tempo real, reagruparam pessoas e criaram no palco de acordo com essas restrições. Por exemplo, operando entre essas regras gerais: (1) entrada e saída; (2) como viver em um espaço, que ocorre várias vezes ao mesmo tempo; (3) combinar estrutura coreográfica com a liberdade de transição improvisada. 41UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 41UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal A “pontuação ajustada” (tuning score) criada por Nelson (2006) pode ser considerada uma possibilidade organizacional, que ocorre sob regras previamente definidas. Os participan- tes improvisados têm comandos verbais e lidam com as restrições do jogo, usando chamadas como “repetir”, “desfazer”, “adicionar” e “encerrar”. Para estar na estrutura, é preciso se tornar dançarino e observador, e passar de uma função para outra é lidar com essas regras. 42UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 42UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal 5. JOGOS E BRINCADEIRAS COMO MEIO DE EXPRESSÃO CORPORAL A expressão corporal é um comportamento espontâneo. É uma linguagem usa- da pelos humanos para expressar sentimentos, emoções e pensamentos com o corpo. Combinada com outras linguagens de expressão, como falar, pintar e escrever, ajuda a desenvolver a expressão geral na primeira infância Educação. Qualquer ação que uma criança realiza em uma atividade pode se tornar uma ação de expressão física que precisa ser explorada. Segundo Andrade (2006), o uso da consciência corporal pela criança de uma maneira lúdica e expressiva trará, em primeiro lugar, a satisfação da descoberta e o alívio da tensão e da ansiedade e, em segundo lugar, sua percepção das possibilidades e limitações do corpo é benéfica. Com isso, as crianças encontrarão maneiras de usar os gestos de forma criativa e espacial. Quando falamos sobre a expressão por meio do corpo, aplicamos o aprendizado ao conteúdo que orienta a criatividade pessoal, a comunicação e a integração. Stokoe e Harf (1987) dizem que, o indivíduo que enfatiza o uso do corpo para se expressar deve compreender que vive em sociedade com outras pessoas que também usam o corpo para se expressar. Andrade (2006), enfatiza que a expressão física é a herança da humanidade. É citado que os povos primitivos podem buscar recursos de sobrevivência por meio de seus corpos. Nesse momento, habilidades excelentes, especialmente capacidade de percepção, são necessárias para observar e avaliar o mundo ao seu redor. É por meio dos gestos, sonoros ou não, que os humanos utilizam essa matéria-prima para construir a linguagem. 43UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 43UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal O educador desempenha um papel importante na aplicação das atividades expres- sivas, deve perceber que a participação das crianças no mundo da fantasia é propícia à formação de pessoas sensíveis à mudança. Em um ambiente de jogo, as crianças podem expressar fantasias. O dever de nos- sos educadores é envolver a imaginação das crianças para transformar este rico material em projetos realizáveis, que podem assumir a forma desenho, de poesia, de música, de uma dança, de um simples objeto feito de caixas, ou de uma história representada ou apenas para o grupo (ANDRADE, 2006). Segundo Brasil (1998), a expressão corporal está contida no bloco de atividade de expressão, que inclui a manifestação da cultura corporal. A característica comum é a clara intenção de se expressar e comunicar por meio de gestos na presença de ritmo, som e música na construção da expressão corporal, o uso da sinergia enriquece o processo de informação e treinamento como um indivíduo, melhora a interação do grupo e muitas vezes salva a cultura pop da região. Stokoe e Harf (1987) incluem a expressão corporal como um conceito aliado à dança, que pode ser entendida como a resposta do corpo a determinados motivos. Não devemos esquecer que se trata de dança no contexto da expressão física, onde os movimentos são obtidos de forma espontânea mas organizada através da criatividade de cada indivíduo, é diferente do ambiente de dança coreografado onde o professor impõe os movimentos a ser realizada, e o objetivo não é o treinamento mas que trabalhe na expressão e na criatividade. Enfatizando um trecho de Bertazzo et al. (2004, p. 5 - 6) que infere: Na diversidade do corpo, nas expressões específicas de várias posturas, há uma variedade de pensamentos, imagens, sonhos e desejos, cada um dos quais respeitar sua integridade. Sexo, particularidade e autonomia. O movi- mento de harmonia é estabelecido combinando as diferenças em comum e as semelhanças nas diferenças por meio da prática. Podemos definir dança como diferentes maneiras pelas quais as crianças experi- mentam a expressão, ao invés da linguagem. Ao falar com o corpo, abre a possibilidade de se conhecer de outra forma e melhorar a autoestima. A introdução da expressão física na educação infantil pode alterar significativamente as atitudes das crianças na escola, pois a expressão física no ambiente escolar busca desenvolver não só as habilidades motoras, mas também a imaginação e a criatividade. No conteúdo da expressão física, estarão en- volvidos jogos de canto, linguagem de expressão e jogos de canto de ação na educação infantil. Adultos em diferentes períodos históricos usaram o brincar, o canto e a dança como forma de celebração ou como meio de transmissão cultural. 44UNIDADE I Introdução aos Estudos da Rítmica e Dança 44UNIDADE II Foco na Rítmica e Expressão Corporal Fazendo rodas e cantando cara a cara, as crianças estabeleceram uma parceria. Essa parceria se repetirá em outros espaços. O ritmo individual dá lugar ao ritmo coletivo, que surge como recurso e elemento-chave para o alcance de objetivos educacionais e de promoção desenvolvimento por meio da colocação intencional.Os objetos simbólicos permitem que a imaginação das crianças seja refletida e a função de ensino apóia o desen- volvimento geral das crianças. (KISHIMOTO, 1998, p. 22). Brincar permite que as crianças desenvolvam autonomia, criatividade e cooperação por meio de desempenho e experi- mentação, e entrem no mundo do trabalho,
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