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ATIVIDADES RÍTMICAS E EXPRESSIVAS CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Atividades Rítmicas e Expressivas – Prof.ª Dra. Catia Mary Volp, Prof.ª Ms. Telma Cristiane Gaspari Meu nome é Catia Mary Volp e sou licenciada em Educação Física pela USP-SP. Logo que me formei comecei a atuar no ensino superior indo para a Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Mestre em Artes, área de concentração "Motor Behavior" pela The University of Iowa, USA. Sou Doutora em Psicologia Escolar pelo Instituto de Psicologia da USP-SP e Livre Docente pela UNESP de Rio Claro na disciplina Atividades Rítmicas e Dança. Tenho atuado na linha de pesquisa sobre Estados Emocionais e Movimento. Desde que comecei a lecionar estou envolvida com as atividades rítmicas e as danças, passando por várias tendências da Educação Física desde a época em que me formei até agora. Portanto, sou testemunha de grandes mudanças na área e aprecio a renovação de valores educacionais que estamos vivendo neste momento. Continuo plantando minhas sementinhas e tenho certeza que continuarão a dar bons frutos, pois muitos de meus ex-alunos são excelentes profissionais e de projeção. Quero contribuir também neste trabalho para que possamos defender juntos o direito de todos à educação de qualidade e a uma vida digna. e-mail: cmvolp@rc.unesp.br Meu nome é Telma Cristiane Gaspari e sou licenciada em Educação Física pela UFSCar- SP. Sou bailarina profissional com DRT e atuo na Urze Cia de Dança/UFSCar. Também sou Mestre em Ciências da Motricidade, área de Pedagogia da Motricidade Humana e linha de pesquisa em Educação Física escolar. Tenho me dedicado ao estudo da Educação Física escolar e, em maior profundidade, sobre o conteúdo Atividades Rítmicas e Expressivas e, dentre elas, as danças no contexto educacional. Atualmente trabalho no Ensino Superior. Amo as artes e, em específico, a dança. Acredito que uma boa educação pode melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Então, espero que com este material possamos contribuir para uma formação crítica, autônoma, compromissada e, acima de tudo, prazerosa com a educação do nosso país. Desejo bons estudos a todos. e-mail: telmacristiane@terra.com.br Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação ATIVIDADES RÍTMICAS E EXPRESSIVAS Catia Mary Volp Telma Cristiane Gaspari Batatais Claretiano 2014 © Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP) Versão: ago./2014 793.3 V896a Volp, Catia Mary Atividades rítmicas e expressivas / Catia Mary Volp, Telma Cristiane Gaspari – Batatais, SP : Claretiano, 2014. 168 p. ISBN: 978-85-8377-137-1 1. Danças. 2. Movimentação Corporal. 3. Coordenação Motora. 4. Ritmo. 5. Criatividade. 6. Avaliação. 7. Educação Física Escolar. I. Gaspari, Telma Cristiane. II. Atividades rítmicas e expressivas. CDD 793.3 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Patrícia Alves Veronez Montera Raquel Baptista Meneses Frata Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rafael Antonio Morotti Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO ...................................................................... 13 UniDADE 1 – HISTÓRICO DAS ATIVIDADES RÍTMICAS E EXPRESSIVAS COM ÊNFASE NAS DANÇAS 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 41 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 41 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 41 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 42 5 HISTÓRIA ........................................................................................................... 43 6 A DANÇA ESTÉTICA NO BRASIL ....................................................................... 84 7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 91 8 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 91 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 92 UniDADE 2 – FINALIDADES E PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES RÍTMICAS E EXPRESSIVAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 93 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 93 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 94 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 94 5 POSSIBILITAR A EXPLORAÇÃO DA CRIATIVIDADE POR MEIO DA DESCOBERTA E DA BUSCA DE NOVAS FORMAS DE MOVIMENTAÇÃO CORPORAL ........................................................................................................ 95 6 VIABILIZAR A EDUCAÇÃO RÍTMICA, PELA DIVERSIFICAÇÃO NA DINÂMICA DAS AÇÕES MOTORAS E UTILIZAR A MÚSICA, A PERCUSSÃO, O CANTO E OUTROS RECURSOS COMO INSTRUMENTOS PARA AUMENTAR A MOTIVAÇÃO ............................................................................. 97 7 CANALIZAR PARA A EXPRESSIVIDADE, POR REFLETIR SENTIMENTOS, PENSAMENTOS E EMOÇÕES. .......................................................................... 98 8 AMPLIAR O VOCABULÁRIO MOTOR E O SENSO PERCEPTIVO ...................... 99 9 AMPLIAR OS HORIZONTES E FORMAR PENSAMENTOS CRÍTICOS, CONDUZINDO À PARTICIPAÇÃO, COMPREENSÃO, DESFRUTE E RECONSTRUÇÃO DAS ATUAIS CONJUNTURAS DAS ARTES E TAMBÉM DAS CONDIÇÕES DE CIDADANIA ..................................................................... 100 10 LEVAR OS ALUNOS À APRECIAÇÃO E VALORIZAÇÃO ARTÍSTICAS, MANIFESTAÇÕES RÍTMICAS E EXPRESSIVAS DA CULTURA POPULAR, DANDO ÊNFASE ÀS CONTRIBUIÇÕES CULTURAIS E HISTÓRICAS CONTIDAS NOS TRABALHOS DE DANÇA ........................................................101 11 DESENVOLVER E APRIMORAR HABILIDADES E CAPACIDADES FÍSICAS, PRINCIPALMENTE DA COORDENAÇÃO MOTORA, DO EQUILÍBRIO DINÂMICO, DA FLEXIBILIDADE E AMPLITUDE ARTICULARES, DA RESISTÊNCIA LOCALIZADA, DA AGILIDADE E DA ELASTICIDADE MUSCULAR ..... 103 12 SOCIALIZAR E RECREAR PORQUE PODE UNIFICAR O TRABALHO GRUPAL ....104 13 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 111 14 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 112 15 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 112 UniDADE 3 – CONTEÚDOS DAS ATIVIDADES RÍTMICAS E EXPRESSIVAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 113 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 113 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 114 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 115 5 FATORES DO MOVIMENTO .............................................................................. 115 6 RITMO ............................................................................................................... 117 7 CRIATIVIDADE ................................................................................................... 121 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 129 9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 129 10 E- REFERÊnCiASLiSTA DE FiGURAS ................................................................. 130 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 130 UniDADE 4 – METODOLOGIA E SISTEMATIZAÇÃO DO ENSINO DAS ATIVIDADES RÍTMICAS E EXPRESSIVAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 131 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 131 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 132 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 133 5 AS TRÊS DIMENSÕES DO CONTEÚDO: CONCEITUAL, PROCEDIMENTAL E ATITUDINAL ..................................................................... 134 6 COMO SISTEMATIZAR AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA AO VIABILIZAR O CONTEÚDO ATIVIDADES RÍTMICAS E EXPRESSIVAS? ............ 143 7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 157 8 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 157 9 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................ 158 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 158 UniDADE 5 – AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES RÍTMICAS E EXPRESSIVAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 159 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 159 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 160 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 160 5 AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA .............................................................................. 161 6 AVALIAÇÃO FORMATIVA .................................................................................. 162 7 AVALIAÇÃO SOMATIVA .................................................................................... 163 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 166 9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 167 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 168 Claretiano - Centro Universitário CRC Caderno de Referência de Conteúdo 1. INTRODUÇÃO Em que consiste o ensino das atividades rítmicas e expres- sivas? Qual a sua importância para se pensar na formação dos jo- vens e adolescentes da Educação Básica brasileira? É possível um professor de Educação Física ensinar atividades rítmicas e expres- sivas? Estes serão os desafios que teremos pela frente no desen- volvimento deste estudo. As atividades rítmicas e expressivas têm um campo vasto de reflexão e experiência corporal, cujo objetivo está em desen- volver as capacidades rítmicas, a espontaneidade e a criatividade para a comunicação corporal, como base essencial da expressão humana. Neste sentido, ensiná-la, significa ir além das possibili- dades de uma reprodução simplória das questões presentes em nossa realidade. Neste Caderno de Referência de Conteúdo (CRC), o objetivo será justamente esse: possibilitar uma reflexão criterio- sa acerca dos fundamentos das atividades rítmicas e expressivas, © Atividades Rítmicas e Expressivas10 no sentido de entender que essas atividades ultrapassam o limite da reprodução de obras coreográficas ou rítmicas e avançam para uma realidade mais autônoma e criativa. Nas unidades seguintes você terá a possibilidade de compreender esse universo conceitu- al, além dos seus desafios para promover um viés sistematizado da prática educativa. Por se tratar de um campo amplo de análise, destacamos os principais fundamentos ou conteúdos inerentes a qualquer ativi- dade rítmica e expressiva, levando em consideração que pode ha- ver outras possibilidades e terminologias além destas, a depender dos critérios de estudiosos da área, pois existem várias linhas e correntes de pensamentos. Assim, para este material, comporão o objeto deste Caderno de Referência de Conteúdo: na Unidade 1 trataremos da exposição das origens, história e possível classifica- ção das atividades rítmicas e expressivas e em específico das dan- ças como uma das atividades rítmicas e expressivas; na Unidade 2 discutiremos os objetivos ou finalidades das atividades rítmicas e expressivas no contexto da Educação Física escolar, abordando as especificidades do ensino das atividades rítmicas e expressivas; na Unidade 3 apresentaremos os conteúdos específicos das ativi- dades rítmicas e expressivas, sobre os saberes específicos de tais atividades; na Unidade 4 serão tratadas as maneiras de ensinar ati- vidades rítmicas e expressivas, isto é, as metodologias de ensino, à luz das propostas dos Parâmetros Curriculares nacionais da Educa- ção Física escolar, além de uma possível sistematização do ensino das atividades rítmicas e expressivas; e, finalmente, abordaremos na Unidade 5, as possíveis práticas avaliativas para as atividades rítmicas e expressivas na Educação Física escolar. Para uma melhor reflexão sobre os temas tratados neste CRC, sugerimos a leitura do texto a seguir no qual o autor apre- senta as principais variáveis do ensino das Atividades Rítmicas e Expressivas. 11 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Reflexões sobre o Ensino de Atividades Rítmicas e Expressivas ––––––––––––––––––– As reflexões sobre o ensino de Atividades Rítmicas e Expressivas têm tomado um percurso de âmbito teórico amplo, mas não se pode dizer o mesmo no âmbito prático. Em linhas gerais, pode-se dizer que a tendência é dos pesquisadores da área acadêmica tratar esse tema na perspectiva de uma apresentação histórica e de discussão sócio-filosófica e em menor grau, pedagógica.Assim, o que tem ocorrido é uma discussão a partir da interface entre o que os estudiosos (em específico da dança) entendem por dança e, conseqüentemente, o que significa ensinar dança. Isso nos remete a algo ainda mais específico e melindroso (talvez duvidoso) na área da Educação Física. Diz respeito à utilização dos termos "atividades rítmicas e expressivas" ou "dança". Mediante nossos estudos verificamos que o documento da Secretaria de Educação, Brasil (1997, 1998) iniciou o termo "Ati- vidades Rítmicas e Expressivas" como um dos blocos de conteúdos da cultura corporal de movimento passível de ser estudado na Educação Física escolar. Este documento que se constitui como uma base, um referencial ou parâmetro para o processo de ensino e aprendizagem da Educação Física, refere-se às atividades rítmicas e expressivas como todas as formas de manifestações da cul- tura corporal que têm como característica comum intenção explícita de expres- são e comunicação por meio de gestos na presença de ritmo, sons e da música na construção da expressão corporal. Dentre elas destacam-se as danças e as brincadeiras cantadas. É importante ressaltar que todas as práticas da cultura corporal se fazem na pre- sença do ritmo e de gestos expressivos. É só observarmos um jogo qualquer que presenciaremos gestos e códigos simbólicos que possuem significados próprios criados para aquele contexto ou, gestos de explícita expressividade de emoções, sentimentos e desejos. Mas estes, não se constituem como mote principal, ou seja, na prática do esporte coletivo "futebol" o objetivo é fazer gols em um núme- ro suficientemente maior que o da equipe adversária. Espontaneamente mani- festações corporais de dor, raiva e alegria vêm à tona e códigos são criados para aquele jogo de forma que os jogadores se compreendam melhor na execução tá- tica. Já as danças e brincadeiras cantadas possuem o ritmo e a expressão como mote principal. Não se objetiva competir nada e sim vivenciar tais capacidades. A pergunta: o que são atividades rítmicas e expressivas?, traz consigo outras reflexões necessariamente ligadas a ela: como se ensina, para quê e para quem se ensina as atividades rítmicas e expressivas? O que são as atividades rítmicas e expressivas? A estratégia mais utilizada é tomar um autor estudioso da área como referência e, a partir do que ele defi- ne como atividades rítmicas e expressivas, definir alguns pressupostos sobre o ensino das mesmas. Assim, neste curso, se fez com Soares et al (1992), Claro (1995), Brasil (1997, 1998), Bregolato (2000), Marques (2003), Barreto (2004), Gaspari (2005) e outras referências também importantes de serem estudadas para este conteúdo na Educação Física escolar. Tais reflexões enriquecem a reflexão do professor sobre seu trabalho e ampliam perspectivas teóricas para a abordagem das atividades rítmicas e expressivas. Como se ensina as atividades rítmicas e expressivas? Essa discussão pouco tem consistência nas obras dos profissionais da área de Educação Física, a maior atenção fica na seleção de textos e perspectivas historiográficas. Em geral, não se envolvem nas questões propriamente pedagógicas que debatem os procedi- © Atividades Rítmicas e Expressivas12 mentos de ensino. Soares et al (1992), em um momento de repensar a Educação Física escolar iniciou uma proposta metodológica baseada na abordagem crítico superadora, nada muito direcionado, mas propostas norteadoras para a prática pedagógica do professor de Educação Física. Claro (1995) introduz uma reflexão inovadora quanto ao conhecimento de áreas ortodoxas e alternativas para auxiliar na consciência corporal e criatividade para a dança na Educação Física. Estu- diosos da área elaboraram os Parâmetros Curriculares Nacionais, Brasil (1997, 1998), de forma a elencar possíveis objetivos, conteúdos, metodologias de ensino e aprendizagem e formas avaliativas do componente curricular Educação Física e contribui, mais especificamente, com a reflexão sobre o que desenvolver em cada um dos blocos de conteúdos da Educação Física escolar e com alguns exemplos de aplicação metodológica, dentre elas, as atividades rítmicas e expressivas. Bar- reto (2004) traz à luz a dança como um conteúdo pertinente tanto à área de Artes como à área de Educação Física, não deixando exatamente claro onde termina a ação pedagógica de uma e começa a da outra, mas ressaltando a importância dessa atuação pedagógica no contexto escolar. A autora ressalta a complementari- dade de ambos os componentes curriculares, ou seja, a dança enquanto objeto de estudos das Artes pode contribuir com a Educação Física através da experiência artística e da apreciação que estimula nos alunos os exercícios da imaginação e da criação de formas expressivas; a dança como objeto de estudos da Educação Física contribui com as Artes ampliando as discussões sobre corporeidade e mo- tricidade humana que atribuem ao corpo dançante um maior sentido em relação às práticas tradicionais. Já o grupo de estudos em Educação Física escolar da Unesp de Rio Claro vem desenvolvendo estudos na intenção principalmente de explicitar como realizar a prática pedagógica na Educação Física escolar. Neste sentido, Gaspari (2005) propõe metodologias de ensino facilitadoras para a prática pedagógica dos professores atuantes nesta área. Para quê se ensina atividades rítmicas e expressivas? Atualmente, pautando-se a Educação Física escolar na cultura corporal de movimento, ou seja, adotando-a como objeto de estudos, procura-se desenvolvê-la segundo tendências educacio- nais que tenham em comum formar cidadãos em uma perspectiva crítica, reflexi- va e autônoma e não mais em uma tendência biologicista e esportivista, como foi outrora, na Educação Física. As atividades rítmicas e expressivas fazem parte da cultura corporal de movimento e podem proporcionar não somente a formação para o despertar e explorar as capacidades imaginativas para a expressividade, mímicas, formas de comunicação não verbal na presença de ritmos peculiares (existentes, modificados, transformados), mas também um resgate e manuten- ção da cultura viva representada nas manifestações rítmicas e expressivas do folclore brasileiro. Esta se constitui em uma verdadeira riqueza patrimonial do nosso povo. A Educação Física escolar pode auxiliar na manutenção, vivência e entendimento desse patrimônio cultural formado a partir da diversidade. Para quem se ensina atividades rítmicas e expressivas? As atividades rítmicas e expressivas podem ser viabilizadas desde a Educação Infantil até o Ensino Mé- dio, ou seja, para todos os alunos da Educação Básica. Ressalta-se a facilidade e o grande interesse das crianças da Educação Infantil pelas atividades rítmicas e expressivas e a menor afinidade conforme o avançar da idade, mediante uma educação que impõe padrões e limites para a expressividade gestual e à liberda- de de expressão, por outra imitativa e reprodutora imposta pela modernidade. Neste curso tomaremos como base, principalmente os Parâmetros Curriculares Nacionais, pois entendemos que além de servirem como apoio às concepções e práticas pedagógicas dos professores brasileiros, mais especificamente à Educação 13 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Física serve como uma proposta norteadora de como sistematizar as aulas de Edu- cação Física (visto que esta área não possui livro didático). É apenas um norte para dirigir as reflexões e escolhas da prática pedagógica em Educação Física e, mais especificamente, no que se refere ao conteúdo Atividades Rítmicas e Expressivas. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Após esta introdução aos conceitos principais, apresenta- mos a seguir, no Tópico ORiEnTAÇÕES PARA O ESTUDO, algumas orientações de caráter motivacional, dicas e estratégias de apren- dizagem que poderão facilitar o seu estudo. 2. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO Abordagem Geral Aqui, você entrará em contato com os assuntos principaisdeste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. No entan- to, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a partir do qual você possa construir um referencial te- órico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cogniti- va, ética e responsabilidade social. Alguns autores propõem uma classificação das danças na tentativa didática de organizar este universo tão amplo e facilitar o entendimento de cada tipo de manifestação dançante. Elegemos o que Bland (1976) denomina de as três faces da dança: • Natural: simples prazer do movimento físico – êxtase do movimento. • Social: elemento coesivo no grupo. • Estética: possibilidades da arte cinética – fusão perfeita do abstrato com o humano, da mente com a emoção, da disciplina com a espontaneidade. Como os primeiros homens dançavam? A esta dança chama- mos primitiva. Ainda hoje podemos encontrar manifestações de © Atividades Rítmicas e Expressivas14 dança primitiva em certos agrupamentos humanos. Os aborígenas da Austrália e as tribos indígenas de diversos países nos apresen- tam estas danças. Elas possuem como característica a simplicidade de movimentos e a repetição, mas são repletas de significado. O homem primitivo dançava: • Estágios da vida do homem. • Estágios da vegetação. • Estágios de desenvolvimento da tribo ou história mítica. Por estágios da vida do homem entendemos nascimento, entrada da vida na tribo, emancipação, marco da adolescência, ca- samento, cura, morte. Eram fatos/situações celebradas, verdadei- ros marcos, importantes na vida individual e principalmente para o grupo que vivia em comunhão e em co-dependência. Pode-se perceber o valor da comunicação via dança nestas manifestações. Valores eram transmitidos. Muitas danças também preparavam, física e psicologicamente, os dançarinos para suas atividades de caça, de colheita, de ritual de passagem. É impor- tante observar que valores individualistas não tinham ressonância, pois as necessidades comunitárias prevaleciam e todos os feitos referiam-se ao grupo, como um todo. A Idade Média ou Era das Trevas, foi marcada pela pobreza e brutalidade que se espalhou pela Europa com a invasão pelo nor- te. Nesta época acabaram-se os prazeres caros por contenção e a doutrina cristã tornou-se o refúgio da população, porque defendia o alívio da miséria material prometendo bênçãos após a morte. O Corpo era "como um animal a ser domado e subjugado" – era necessário controlá-lo – missão destinada aos eclesiásticos. Acentuou-se, então, a ideia dicotômica de corpo e alma, sendo o corpo depositário dos vícios que conduziam ao pecado. Os protestos eram em nome da moralidade e do cristianismo e aboliam qualquer manifestação corporal incluindo teatro circense e dança. A Doutrina Cristã se apresentava como refúgio espiritual 15 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo colocando-se contra os prazeres da carne. Assim sendo, a atitude cristã era contra a dança, mesmo a religiosa. A dança sobrevive nos vilarejos, nos festivais populares. Os ritos de fertilidade e as danças curativas garantiam a sobrevivência dos povos que as praticavam, por isso, mesmo que escondidas, elas continuavam sendo realizadas nos vilarejos até o século 16. A necessidade de entretenimento levou os residentes dos castelos a instaurar, como entretenimento, a prática de danças no hall principal dos mesmos. Em 1490, um espetáculo foi encena- do para o casamento do Príncipe Artur com Catarina de Aragon. Houve cenário próprio e, no final, os nobres da corte juntaram-se à companhia para dançar - embora de forma caótica. no final do século 14 a corte começa a tomar parte do final do espetáculo sem casualidade, como parte rotineira da festividade. Cem anos depois todos se misturavam, inclusive os atores e dançarinos com as da- mas da corte. Este é o primeiro passo para a dança da corte e daí para o Ballet Clássico. Em termos corporais, a maior preocupação não era com a aparência física em si, mas sim com "os bons modos", desenvol- vendo-se, portanto, toda uma etiqueta social. Esta preocupação resulta na incorporação de "poses" e no início do uso do en dehors. Esta denominação francesa é utilizada até os dias de hoje para sig- nificar a rotação das pernas e pés, a partir da articulação coxo- -femural, para fora. Essa ação projeta o corpo para frente e, para compensar esta tendência, o púbis se projeta à frente e a bacia se alinha alongando a coluna vertebral em seu eixo, verticalizando a figura humana. O resultado desta ação torna a figura humana mais visível, alinhada e elegante, além de permitir, na época, a visualiza- ção dos adornos dos sapatos. O vestuário típico daquele momen- to histórico também influenciava na movimentação geral de seus usuários e, consequentemente, nas ações associadas à etiqueta. Por volta de 1470, Paris começa a se estabelecer como o cen- tro Europeu. Catherine de Medici chega para casar com Henrique © Atividades Rítmicas e Expressivas16 ii da França - ela tem apenas 15 anos, é ativa, dominante e muito interessada nas artes. Torna-se figura forte da França e sua lideran- ça se estende por 50 anos. isso foi vital para a dança. note-se que ela é italiana e ao casar-se com Henrique II, traz toda sua vivência e paixão com as artes na Itália para a França ascendente. neste sentido, a dança deixa de ser expressão espontânea, se afasta das características da manifestação popular e passa a de- senvolver uma linguagem técnica específica, que por sua vez, exi- ge a especialização de profissionais, ou seja, começam a aparecer mestres de dança e dançarinos que se dedicam a dançar cada vez melhor. Entretanto, os papéis dos dançarinos começam a exigir cada vez mais tempo e dedicação dificultando a participação de todos. Foi necessário desenvolver uma linguagem unificada. Toda nomenclatura do ballet, tal como usado até hoje, é francesa, por- que, como dito anteriormente, a França surge como centro Euro- peu. Na corte da época dançava-se: 1) gavota; 2) pavana; 3) corante; 4) minueto. A maioria destas danças eram executadas aos pares, os ges- tos refinados e elegantes, os braços normalmente afastados do corpo (para permitir visualização das mangas), os pés apontados para fora (permitindo a visualização dos enfeites dos sapatos e a locomoção devido aos bicos finos e longos). Os cortesãos partici- pavam das danças e dançavam para o rei. Jean-Baptiste Lully passa a dirigir a Academia Real de Dan- ça e desenvolve um novo estilo de espetáculo de dança - menos pomposo e mais coerente. Pierre Beauchamp - mestre de ballet de Louis - criou as cinco posições de pernas e braços e enfatizou 17 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo passos e movimentos técnicos em contraste ao movimento sim- plesmente geométrico vigente até então. noverre, no século 18, reúne as noções do "ballet de ação", no qual o balé deve narrar uma ação dramática sem se perder em divertimentos que cortam o movimento, a dança deve ser natural e expressiva, o rosto é expressivo, as máscaras devem ser banidas, os trajes devem ser mais leves e permitir movimentos, a técnica deve dar lugar aos sentimentos, à graça ingênua, à expressão. Pela implementação destas noções na dança, noverre pode ser con- siderado seu reformador. Ele não conseguiu entrar na Academia Real de Dança, mas propôs reforma desta instituição em nome de uma formação mais completa dos bailarinos. Aos poucos o conteúdo das representações vai sendo subs- tituído pelo sentimentalismo, passando pelo super-emocionalismo até o melodrama que prenuncia o próximo período – o romântico. Até este momento, século 19, as personagens principais são homens e todo o início da linguagem técnica da dança clássica (bal- let) é proveniente e caracteristicamente impregnada de energiamasculina, embora o ícone da bailarina, nos leve a considerar o bal- let, no senso comum, como uma expressão tipicamente feminina. O movimento romântico na dança começa depois que já se manifestara nas outras artes. Ele é o culto do indivíduo, na medida em que o indivíduo se torna tema da arte. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para temas que retratam o drama hu- mano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. É fácil entender que no romantismo a sensibilidade tem primazia sobre a razão. O coração e a imaginação assumem o poder, sem o controle da autocensura. O resultado é uma inflação dos senti- mentos e de sua expressão. La Sylphide foi criado em 1832 por Filipo Taglioni. Esta obra mistura religião, magia e sedução. Põe no palco Marie Taglioni, fi- lha de Filipo, que interpreta uma fantasma sedutora, ou seja, ideias espirituais, leves. Ela parecia que voava no palco, imagem enfatiza- © Atividades Rítmicas e Expressivas18 da pela saia branca transparente que depois, tornou-se uniforme das bailarinas. Também para enfatizar este sentido de leveza ela usa a sapatilha de ponta, que posteriormente, foi incorporada ao ballet. Gisele foi criada em 1841, com coreografia de Jules Perrot, inspirado na bailarina Carlotta Gris. Esta obra é um apelo à inocên- cia e à alegria da vida em natureza. Em 1890, Petipa convence Tchaikovsky a compor para um ballet, pois até então o compositor regular da companhia, Ludwig Minkus, o fazia. A obra foi a A Bela Adormecida que dá início a uma nova geração de produções. Seguem-se o Quebra Nozes (1892) e a Morte do Cisne. Petipa produz em seus 30 anos de trabalho 40 ballets novos; 35 danças para óperas e refaz 17 produções. A nova geração dos ballets russos, como ficou conhecida, é representada pelo trio Diaghilev, Fokine e Stravinsky. Serge Diaghi- lev chega em St. Petersburg como dirigente do teatro. Em 1898, com 25 anos, era editor da Revista Iskusstra e conhece Benois e Bakst, artistas plásticos, que o coloca em contato com a dança. Ele se torna, então, organizador de exibições artísticas. Em 1906, ele organiza uma exposição de pintores e escultores em Paris e aí começa seu sucesso. Fokine coreografou em 1909: O Pavilhão de Armid, Príncipe Igor, A Sílfide e Cleópatra. Em 1910: Carnaval, Shéhérazade e Pás- saro de Fogo. Os anos de 1900 foi uma época de mudanças na vida e na so- ciedade. Valores foram reformulados por conta destas mudanças. Logo depois nijinsky começa a atuar como coreógrafo, reno- vando e escandalizando em: • L’Aprés-midi d’un faune (A Tarde de um Fauno) - no qual usa princípios rítmicos Dalcrozianos e música emotiva de Debussy. (nijinsky foi censurado pelos gestos, considera- dos obscenos). 19 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo • Jeux (Jogo) – obra de realismo contemporâneo, em que usavam figurino de tenistas que dançavam com raquete de tênis. Música também de Debussy, saindo do clássico romântico. Portanto, temos que Nijinsky é um bailarino renovador, Foki- ne é um coreógrafo renovador, Diaghilev é um dirigente renovador, Stravinsky é um músico renovador, e este trio garante por muito tempo "surpresas" ao público, inovando os ballets e perpetuando esta arte. François Delsarte (1811-1871), orador, filósofo e homem do teatro, é considerado o descobridor dos princípios fundamentais da dança moderna. Fracassou como cantor, o que o levou a refle- tir sobre os mecanismos pelos quais o corpo traduz as emoções chegando a concluir que a intensidade do sentimento comanda a intensidade do gesto. Observando o homem em seu cotidiano podemos traçar princípios da expressão humana que influenciaram as ginásticas, a dança e o teatro. Na dança moderna podemos destacar os seguin- tes princípios: • Todo corpo expressa – incluindo o torso. • A expressão decorre de contração e relaxamento – tension- release que Martha Graham incorpora em sua dança. • O corpo se molda às emoções – o gesto reforça a emoção e vice-versa. Émile Jacques Dalcroze (1877-1927), músico e pedagogo suíço, dava aula de solfejo e preocupado com as dificuldades de seus alunos desenvolveu estratégias de ensino que incluíam todo o corpo, ou seja, desenvolveu um solfejo corporal levando seus alunos a vivenciarem plenamente o ritmo. Suas ideias e seu tra- balho também influenciaram as ginásticas da época, a dança e o teatro. A obra de Nijinsky, a Sagração da Primavera, foi baseada nos princípios dalcrozianos. © Atividades Rítmicas e Expressivas20 Com a morte de Diaghilev, Balanchine vai para os Estados Unidos e funda o American Ballet (1934), tendo como sustentá- culo sua definição da dança como "a necessidade que temos de exprimir o que sentimos ao escutar a música." Serge Lifar vai para Paris e ressuscita a dança no Ópera de Paris (1929 a 1958), mas não renova o academismo russo no qual se formou. Jerome Rob- bins, nos Estados Unidos, mostra que sua dança é voltada para a expressão dos sentimentos e para a alegria do movimento. Leva a arte da dança para o cinema onde, com Leonard Bernstein na direção e composição musical, produzem West Side Story, versão cinematográfica do clássico Romeu e Julieta de Shakespeare. Pro- duziu também The Cage em 1951. Uma das personalidades marcantes desta época de transi- ção influenciando fortemente o que viria ser a dança moderna é isadora Duncan (1877-1927). Filha de imigrantes, nasceu em São Francisco, Estados Unidos. Seus pais eram artistas, e sua mãe, mu- lher de personalidade forte, foi responsável por muito de sua edu- cação diversificada e rica. A dança para Duncan era tudo, mas sua necessidade de se expressar era tão intensa que não se moldava aos métodos do ballet clássico. Ela queria dançar a vida e buscava sua conexão com a natureza, observando e dançando seus fenô- menos. Inspirava-se em gravuras, pintura de vasos gregos e nas frisas dos templos da antiga Grécia; usava vestes soltas, leves e transparentes e dançava descalça. Assim ela se colocava: "dança é viver". O seu desejo era uma escola de vida. Seu princípio estético estava nos movimentos livres e na improvisação. Impulsionou e fortaleceu o que viria ser a dança moderna. A primeira escola, como instituição, a formar os dançarinos que criaram a dança moderna foi a Denishawn-School of Dancing and Related Arts, fundada por Ruth Saint-Denis (1878?-1968) e Ted Shawn (1891-1972), em 1915, em Los Angeles, Califórnia. Para Ruth a origem da dança está na emoção religiosa, na qual envolve todo o corpo no espaço, inclui movimentos ondula- 21 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo tórios e poses significativas que pontuam a frase ondulante. Para Ted Shawn, a dança é uma obra dramática, com ações dinâmicas e seus temas são sempre o homem consigo mesmo, com o mundo, com o sobrenatural. De 1916 em diante ele compõe obras para homens. Assim, a dança que concebiam não se assemelhava ao ballet, mas possuíam características únicas. Doris Humphrey (1895–1958) nasceu em illinois, dançarina e coreógrafa que faz parte da segunda geração dos pioneiros da dança moderna. Entre seus discípulos destaca-se Mary Wigman. Uma das obras famosas de Wigman é Witch Dance (dança da Bruxa), um solo em que Wigman apresenta o grotesco como estética e revo- luciona os padrões do momento. Profissionais da dança como Pina Bausch e William Forsythe utilizaram-se bastante do trabalho de Laban, que conheceremos mais adiante. Martha Graham (1894-1991) nasceu na Pennsylvania. Sua técnica, que pode ter sido influenciada pelos interesses médicos de seu pai nas relações entre mente e corpo, resultou em uma linguagem codificada de dança moderna. Rudolf Von Laban (1879-1958) nasceu na Áustria-Hungria. Foi o grande teórico do movimento do século 20. Observou o movimen- to humano em todas as suas manifestações, e sua formação, diversi- ficada, lhe permitiu estabelecer os princípios do movimento. Maria Duchenes que também foi aluna de Laban,firmou re- sidência em São Paulo, Brasil, e aqui divulgou seus ensinamentos. Regina Miranda, estudiosa do movimento, desenvolveu seu tra- balho no Rio de Janeiro, introduziu o Sistema Laban/Bartenieff no Brasil e tem publicações na área. Atualmente encontramo-nos em um momento da história da dança em que a Dança Contemporânea abarca a expressão da dança em um conceito "guarda-chuva": se utiliza de várias técnicas em busca de inovações. nem sentimentalismo puro, nem coletivis- © Atividades Rítmicas e Expressivas22 mo puro, mas algo que inove e busque os acontecimentos atuais. Não há uma técnica única específica. A tecnologia está presente em muitas destas manifestações. Há inclusive dança para a tela - a videodança. Todos podem dançar. As danças sociais (hoje expressadas pelo Funk, Axé e outras), as danças típicas regionais e nacionais continuam a existir. Esta é a história da dança que um docente da área de Educa- ção Física necessita conhecer e informar aos seus alunos, mas não são exatamente suas técnicas de execução que serão oferecidas na escola, mas sim uma educação estética e sua viabilização que estaremos a discutir nas próximas unidades. Para esta unidade procuramos nos guiar pela seguinte ques- tão: para que ensinar atividades rítmicas e expressivas na Educa- ção Física escolar? E, em seguida, nos deparamos com a necessida- de de planejar, estabelecer metas a atingir de forma que a prática pedagógica docente seja guiada sabendo-se onde, como e quando se quer chegar. Os conteúdos programáticos escolhidos foram: • Finalidades para as atividades rítmicas e expressivas. • Análise das finalidades das atividades rítmicas e expressi- vas no percurso da Educação Física. • Planejamento das metas para o alcance das finalidades/ objetivos das atividades rítmicas e expressivas. Para uma melhor compreensão das finalidades que se quer atingir com as atividades rítmicas e expressivas entendemos que a verificação do seu papel na Educação Física deve ficar clara. O pa- pel a ser desempenhado com as atividades rítmicas e expressivas, que integra a cultura corporal de movimento, é proporcionar a for- mação para despertar e explorar as capacidades imaginativas para a expressividade, mímicas, formas de comunicação não verbal na presença de ritmos peculiares e também resgatar e manter a cul- 23 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo tura viva, representada nas manifestações rítmicas e expressivas do folclore brasileiro. Com base nessa clareza do papel a ser desempenhado pelas atividades rítmicas e expressivas nos preocupamos em estabelecer metas a atingir durante toda a Educação Básica (Educação infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), bem como analisar suas im- portâncias. São elas: reproduzir, modificar, transformar, produzir, apreciar e ser crítico das obras de produções coreográficas bem como dos brinquedos cantados e atividades que envolvam o ritmo e a expressividade. Tais objetivos/finalidades foram esmiuçados em metas como: 1) Possibilitar a exploração da criatividade por meio da descoberta e da busca de novas formas de movimenta- ção corporal. A Educação Física escolar tem a finalidade de estimular os alunos na experimentação de movimentos próprios, bem como explorar o corpo, produzindo novos movimentos. Copiar também é possível, dançar igual a um grupo musical qualquer é interessan- te, mas se perder na repetição e reprodução de gestos resulta em perda de autonomia e não é isso que se espera para a educação de homens e mulheres para a formação de cidadãos. Dessa forma, estimulamos os alunos a reproduzir, modificar, transformar e produzir movimentos rítmicos e expressivos. 2) Viabilizar a educação rítmica, pela diversificação na di- nâmica das ações motoras e por utilizar a música, a per- cussão, o canto e outros recursos como instrumentos para aumentar a motivação. O ritmo está em todas as práticas corporais. Somos portado- res de ritmo pelo próprio batimento cardíaco. Mas é preciso uma educação rítmica para melhor usufruto dessa capacidade física. O que pretendemos é adequar o ritmo de cada pessoa ao de uma música, ou sons percussivos, ou ao canto como estratégia © Atividades Rítmicas e Expressivas24 de desenvolvimento e treinamento desta capacidade física, prin- cipalmente levando-se em consideração o aspecto motivacional. Do mesmo modo é importante adequar o ritmo que cada aluno aplica em uma situação de jogo, prática esportiva ou qualquer tipo de brincadeira para que possa desenvolver economia de energias desprendidas para a realização das atividades motoras. Logo, para esta meta é válido uma educação rítmica. 3) Canalizar para a expressividade, por refletir sentimen- tos, pensamentos e emoções. As atividades expressivas e dentro delas também se encon- tram as danças, tem na sua essência a expressão do ser humano, as maneiras que os indivíduos encontram para expor, manifestar o que sentem, individual ou coletivamente. Portanto, ao se privile- giar o conteúdo de atividades expressivas em uma aula de Educa- ção Física, é possível desenvolver atividades de comunicação não verbal. Tais atividades podem ser realizadas por meio de dinâmi- cas, de brincadeiras, de jogos teatrais, de danças em que o corpo expressa seu interior (sentimentos, emoções, estados de ânimo, desejos). Tais atividades podem ser rítmicas ou não. 4) Ampliar o vocabulário motor e o senso perceptivo. O professor é mediador de novos movimentos, seja por meio de sugestões verbais seja corporais. Também pode ampliar o voca- bulário motor de seus alunos ao mostrar-lhes referenciais diversos mediante gravações (filmes, documentários, desenhos, fotogra- fias), ou ainda por meio da observação dos próprios colegas. Ampliar o vocabulário motor é objetivo das atividades rítmi- cas e expressivas exatamente na contraposição às formas de pa- dronizações do movimento expressivo. 5) Ampliar os horizontes e formar pensamentos críticos, conduzindo à participação, compreensão, desfrute e re- construção das atuais conjunturas das artes e também das condições de cidadania. Dar condições de cidadania está implícito usufruir de mo- 25 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo mentos de lazer. Então, todo professor de Educação Física, para ampliar os horizontes e formar pensamentos críticos dentre os alunos, deve, senão ser o exemplo para os alunos, levá-los a co- nhecer outras manifestações do universo rítmico e expressivo, elaborando estratégias para mostrar o que existe aos alunos, para quando os mesmos tiverem independência e autonomia, quando não mais estiverem nos bancos escolares tenham senso crítico de escolher aquela com que mais se identifica. 6) Levar os alunos à apreciação e valorização artísticas, manifestações rítmicas e expressivas da cultura popular, dando ênfase às contribuições culturais e históricas con- tidas nos trabalhos de dança. Só é possível apreciar e posteriormente valorizar, depois de conhecer. Estar em contato com determinadas formas de manifes- tações da cultura corporal dançante pode proporcionar uma melhor aceitação, apreciação, valorização e compreensão das obras de ar- tes dançantes. A contextualização das obras de arte também se faz necessário para uma melhor compreensão e, portanto, desfrute. 7) Desenvolver e aprimorar habilidades e capacidades físi- cas, principalmente da coordenação motora, do equilí- brio dinâmico, da flexibilidade e amplitude articulares, da resistência localizada, da agilidade e da elasticidade muscular. Toda prática corporal tem implícito um desenvolvimento das capacidades e habilidades motoras. Dependendo da prática corpo- ral há ênfase maior em determinada capacidade física e habilidade motora. No caso das atividades rítmicas e expressivas e dentre elas alguns tipos de danças, propiciam uma maior exploração das capa- cidades físicas como a coordenação motora, o equilíbrio dinâmico, a flexibilidade e amplitude articulares,a resistência localizada, a agilidade e, principalmente, o ritmo. É importante também ressaltar a intensa integração dos do- mínios cognitivos, afetivos, sociais e motores, pois permite a me- morização para o movimento, improvisação em meio a situações © Atividades Rítmicas e Expressivas26 de exposição pessoal de sentimentos, personalidades e a estética nas habilidades motoras. 8) Socializar e recrear porque pode unificar o trabalho gru- pal. O trabalho grupal em atividades rítmicas e expressivas facili- ta a socialização. É necessário comunicação entre os pares, expo- sição de idéias rítmicas e expressivas em meio aos gestos, o que pode ser viabilizado em um ambiente lúdico que permite a des- contração. Essas são as metas almejadas para o conteúdo Atividades Rítmicas e Expressivas no componente curricular Educação Física, ou seja, estabelecemos onde queremos chegar. Mas para atingi-las é necessário um planejamento prévio. O docente também deve organizar como e quando atingir os objetivos, pois toda prática pe- dagógica implica em uma reflexão antes da ação, durante a ação e depois da ação. Desta forma, procuramos iniciar nosso estudo com a reflexão antes da ação ou da prática pedagógica. De início, almejamos destacar o que desenvolver das ativi- dades rítmicas e expressivas na Educação Física escolar. Privilegia- mos focar as atividades rítmicas e expressivas e, dentre elas, as danças, cirandas, brinquedos cantados e manifestações rítmicas e expressivas da cultura popular no ambiente escolar, portanto, educacional. Sendo assim, objetivamos verificar quais são os saberes ne- cessários para compreender o universo das atividades rítmicas e expressivas nas aulas de Educação Física escolar e, especificamen- te, quais são os elementos ou fundamentos do conteúdo Ativida- des Rítmicas e Expressivas na Educação Física escolar. Seguem os conteúdos que destacaremos: fatores do movimento, ritmo, criati- vidade e elementos estéticos. 27 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Fatores do movimento 1) Espaço: onde é realizado o movimento e as dimensões do espaço à direita/à esquerda, perto/longe, níveis alto/ médio/baixo, para frente/para trás. 2) Tempo: quanto tempo demora a ser realizado o movi- mento, ou seja, de acordo com uma designação rítmica o movimento pode ser rápido, lento ou moderado. 3) Peso: é a intensidade que se atribui ao movimento como forte ou fraco; leve ou pesado. 4) Fluência: dá a idéia de movimento que tenha continui- dade ou, inversamente, a falta de fluência corresponde à interrupção do movimento, assim, ele pode ser contí- nuo, fluido, ligado ou inversamente interrompido, des- tacado. Ritmo Ritmo, fisiologicamente, se apresenta no ser humano como uma capacidade física inata e, portanto, pode ser treinada. O termo ritmo, do grego rhytmos quer dizer: aquilo que flui, que se move de forma regulada. Pode-se compará-lo ao movimen- to das ondas do mar, também aos batimentos cardíacos por serem recorrentes e periódicos. Está ligado ao tempo e este pode ser rápido, moderado e lento. Estudar o ritmo nas aulas do conteúdo Atividades Rítmicas e Expressivas implica em destacar a sua importância na vida das pessoas e treiná-lo para que sua manifestação seja eficiente. Des- tacamos sua importância: 1) Para alcançar uma boa qualidade de vida nas atividades diárias, de trabalho e de lazer. 2) Para auxiliar na incorporação de técnica do movimento. A regularidade permite uma melhor fluidez para a exe- cução da técnica de determinados movimentos o que pode aumentar a qualidade de execução. © Atividades Rítmicas e Expressivas28 3) Para estimular a atividade do praticante, adotando um estilo de vida mais saudável. As interrupções podem de- sanimar ou não trazer os benefícios esperados quando se pratica alguma prática corporal, seja esportiva ou de outra natureza. 4) Para incentivar a economia do trabalho físico e mental. Tudo que se faz com regularidade tende a automatizar, chegando ao ponto de não exigir mais de tanto esforço físico e nem mental. 5) Para reforçar a memória. A regularidade auxilia na me- morização. Não se esquece facilmente àquilo que se re- pete muitas vezes. 6) Para facilitar a realização do movimento com naturali- dade. Assim, desenvolver o ritmo na vida das pessoas implica em melhorar sua qualidade de vida diária e não é apenas um recurso utilizado para dançar acompanhando uma música (como espera o senso comum). Criatividade Este elemento é essencialmente característico dos seres hu- manos, pois as pessoas são dotadas de qualidades sensíveis. É o que torna o cidadão verdadeiramente humano. Apontamos algumas características consideradas importan- tes de destacar: 1) A criatividade está pautada em possibilidades sensíveis. 2) A criatividade pressupõe conhecimento e espontaneidade. 3) A criatividade está pautada na superação (ou no superar-se). 4) Tem que ser algo prazeroso. 5) A criatividade é um processo interno e altamente sub- jetivo. Para professores de Educação Física escolar é importante partir do princípio que há infinidades de fontes geradoras da cria- tividade, cabendo a ele, enquanto mediador viabilizá-las. 29 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Assim, sugerimos um trabalho de mobilização da imagem in- terna por meio de estímulos. O professor pode ser o estimulador de forma a emergir movimentos criativos, por meio de estratégias verbais, auditivas, visuais e táteis. Portanto, pode estimular: • O imaginário do aluno: movendo seus desejos, sonhos, imagens que guarda em sua mente. • A realidade experimentada: então o aluno poderá reprodu- zir tudo o que vê, assiste, ouve, ou seja, basear-se nos mo- delos já existentes à sua volta, das tendências dançantes. Ao docente, cabe proporcionar situações didático-pedagógi- cas que viabilizem o desenvolvimento da criatividade. Logo, os conteúdos inerentes às manifestações rítmicas e ex- pressivas são: os fatores do movimento, o ritmo e a criatividade. Na quarta unidade almejamos verificar as possíveis formas de mediar o conhecimento. Implica em descobrir como os conteú- dos deverão ser viabilizados. Para isso o docente realiza escolhas e neste caso, a nossa foi pela indicação feita pelos Parâmetros Curri- culares nacionais, Brasil (1998). Dimensão conceitual do conteúdo: são os conhecimentos sobre as manifestações rítmicas e expressivas de diferentes contextos e épocas, as manifestações rítmicas e expressivas da cultura popular e também da cultura erudita. Dimensão procedimental do conteúdo: corresponde ao saber fazer as manifestações rítmicas e expressivas como vivenciar as danças folclóricas e regionais, saber aplicar os princípios básicos para a construção de desenhos coreográficos utilizando os fatores do mo- vimento, saber utilizar o ritmo individual e grupal de acordo com as necessidades de estímulos externos, saber explorar os gestos e técnicas de outros movimentos expressivos. Dimensão Atitudinal do conteúdo: são os valores e atitudes a se tomar mediante as manifestações rítmicas e expressivas, como ati- tudes não discriminatórias, a valorização de todas as práticas rít- micas e expressivas advindas da cultura popular, a cooperação do trabalho em equipe, formar o aluno sob um olhar crítico ao assistir manifestações dançantes (BRASiL, 1997). © Atividades Rítmicas e Expressivas30 Além desta metodologia de ensino indicada pelos Parâme- tros Curriculares destacamos outras possibilidades como: • Planejamento participativo: desenvolver os conteúdos de uma forma participativa, na qual os alunos tenham auto- nomia de escolhas no planejamento dos conteúdos e de como desenvolvê-lo. • Abordagens pedagógicas: as tendências ou abordagens pedagógicas apresentam-se como ideais e metodologias de ensino. São elas: Psicomotricidade, Construtivista, De- senvolvimentista, Crítico-superadora, Crítico-emancipa- tória, Jogos Cooperativos, Sistêmica, Cultural e Cidadã.• Projetos Interdisciplinares: desenvolver a dança na escola através de projetos interdisciplinares com os temas trans- versais (pluralidade cultural, saúde, orientação sexual, meio ambiente, trabalho e consumo e ética). Estas são algumas possibilidades que apresentamos para mediar o conhecimento, ou seja, corresponde às metodologias de ensino e aprendizagem para as atividades rítmicas e expressivas na Educação Física escolar. Além de realizar escolhas metodológicas também se faz ne- cessário sistematizar os conteúdos das atividades rítmicas e ex- pressivas, ou seja, qual conteúdo desenvolver primeiro, segundo ou por último. Isso é uma questão de escolhas do professor, sendo que a maioria opta por ir do mais simples para o mais complexo, ou das partes para o todo. Logo, é inviável iniciar um trabalho de ativi- dades rítmicas e expressivas e mais especificamente do conteúdo dança pela coreografia, já que a mesma contém vários elementos que necessitam ser codificados, compreendidos, estudados no de- correr de um processo. Resumindo: as metodologias de ensino e aprendizagem para as atividades rítmicas e expressivas podem ser: as três dimensões do conteúdo, planejamento participativo, pelas abordagens peda- gógicas de ensino e pela interdisciplinaridade. A sistematização do 31 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo ensino se faz necessária para uma melhor organização do trabalho pedagógico. Avaliar é um ato subsidiário do processo de construção de resultados satisfatórios, ou seja, é um ato investigatório da quali- dade dos resultados intermediários ou finais de uma ação e possui a finalidade de orientar o aluno, professor ou equipe pedagógica para os objetivos e metas que se espera atingir. Há várias maneiras de desenvolver o processo avaliativo. Sugerimos a avaliação diagnóstica, formativa e somativa nas três dimensões do conteúdo. • Avaliação diagnóstica: maneira informal do professor per- ceber os conhecimentos prévios dos alunos e também, por outro lado, é interessante motivar os alunos para que auxiliem no levantamento de materiais ou de assuntos e temas de seus próprios interesses. • Avaliação Formativa: é a avaliação que se faz durante o processo. Durante as aulas de atividades rítmicas e ex- pressivas, o docente de acordo com suas estratégias me- todológicas de ensino, poderá observar cotidianamente o envolvimento do aluno durante o processo e fornecer-lhes dicas para melhor execução, compreensão e valorização dos conteúdos e temas estudados. O docente deve ob- servar suas dificuldades, facilidades e avanços dos alunos. Também pode solicitar tarefas em forma de pesquisas de campo, ou pela internet, livros, jornais, revistas sobre o assunto que se está estudando. Estas são algumas manei- ras de ampliar e frisar os conhecimentos que o aluno está formando. • Avaliação Somativa: é o momento de verificar se todo o conteúdo desenvolvido foi assimilado pelo aluno. Indica- mos algumas mas maneiras de avaliação somativa. 1) Avaliação escrita. 2) Autoavaliação. © Atividades Rítmicas e Expressivas32 3) Relatos de experiência. 4) Entrevistas. 5) Apreciação a um evento de dança. 6) Pesquisas e seminários. As práticas avaliativas devem ser uma constante para verificar se o aluno está avançando, para identificar possíveis dificuldades e o professor poder refletir maneiras de ajudá-lo em seu progresso. Esperamos que com essa síntese, tenhamos êxito ao que proposto como ideal para as atividades rítmicas e expressivas atu- almente. Só podemos entendê-las quando o docente assume o papel de mediador do conhecimento com responsabilidade pro- fissional. Lembramos que nossa profissão exige dedicação aos es- tudos e aos alunos que são seres humanos e necessitam ter suas individualidades respeitadas. O nosso estudo não termina aqui ele apenas está iniciando e esperamos que essa vontade do saber seja ferramenta essencial de seus estudos e a partir dela vamos construir nossa cadeia de conhecimentos. Desejamos a todos uma boa jornada de estudos neste as- sunto que para nós, é mais que um dos conteúdos da Educação Física escolar, é um prazer e condição de qualidade de vida. Glossário de Conceitos O Glossário permite a você uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos ter- mos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos te- mas tratados em Atividades Rítmicas e Expressivas. Veja a seguir a definição dos principais conceitos: 1) Atividades Rítmicas e Expressivas: todas as formas de manifestações da cultura corporal que têm como carac- terística comum intenção explícita de expressão e comu- nicação por meio de gestos na presença de ritmo, sons e 33 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo da música na construção da expressão corporal. Dentre elas, destacam-se as danças e as brincadeiras cantadas. Gestos realizados em um espaço, em um tempo, com certo peso e inspirado por determinada energia além da fluência do movimento expressivo. 2) Avaliação: é a verificação sobre algo que pode fornecer indicações sobre as reflexões e medidas a serem toma- das de forma a propiciar o ensino e a aprendizagem, neste caso, na área de atividades rítmicas e expressivas da Educação Física escolar. Ela pode ser: diagnóstica: é o tipo de verificação sobre os conhecimentos que os alunos já possuem antes de iniciar um estudo sistema- tizado; formativa: é o tipo de verificação do ensino e aprendizagem que ocorre durante o processo em que se está desenvolvendo determinado conteúdo das ativida- des rítmicas e expressivas; somativa: é a verificação do ensino e aprendizagem após a conclusão do desenvolvi- mento do conteúdo. 3) Cultura Corporal de Movimento: tudo o que o homem acumulou historicamente e produziu socioculturalmen- te enquanto prática corporal. A Educação Física tem na cultura corporal de movimento seu objeto de estudos. Ela utiliza-se de algumas destas práticas corporais atra- vés por meio das quais estuda o ser humano em suas re- lações, no ato do jogo, da prática esportiva, da ginástica, da dança, da luta e das manifestações rítmicas e expres- sivas. É através mediante da cultura corporal de movi- mento que o homem pode se tornar mais autônomo e crítico quanto a sua qualidade de vida ativa. 4) Dimensões do conteúdo: as dimensões do conteúdo referem-se a como as atividades rítmicas e expressivas podem ser estudadas. De forma conceitual, é a dimen- são pela qual se estuda os conhecimentos sobre as ativi- dades rítmicas e expressivas. De forma procedimental, é a dimensão pela qual se estuda a realização ou o próprio movimentar-se. De forma atitudinal é a dimensão pela qual se estuda os comportamentos, valores atribuídos às relações estabelecidas ao se praticar atividades rítmi- cas e expressivas. © Atividades Rítmicas e Expressivas34 5) Elementos, conteúdos ou fundamentos das atividades rítmicas e expressivas e em especial da dança: Espaço – local onde o movimento expressivo e ritmado se realiza. Ele tem altura ou níveis espaciais, direções e sentidos e ainda, ao realizar o movimento em grupo, o mesmo pode ocorrer em formas geométricas no espaço. Tempo – quanto o movimento rítmico e expressivo pode durar, ou seja, o movimento pode ser realizado de maneira rá- pida, moderada ou lenta. Peso: é a intensidade do movi- mento que pode ser forte ou fraco, leve ou pesado. Flu- ência: a movimentação dançante por meio de dosagens de energias pode ser contínua ou interrompida, livre ou controlada. Esquema dos Conceitos Chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções.É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en- tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque- mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen- to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. 35 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es- colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na idéia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es- tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas idéias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape- nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci- so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con- siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas idéias e os novos concei- tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog- nitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações in- ternas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por ob- jetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de co- nhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/eduto- ols/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 28 ago. 2010). © Atividades Rítmicas e Expressivas36 LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA COORD. ENGELS CÂMARA DISCIPLINA: ATIVIDADES RÍTMICAS E EXPRESSIVAS AUTORAS: TELMA GASPARI E CÁTIA VOLP PREPARAÇÃO: SIMONE RODRIGUES UNIDADE 1 Cultura Corporal de Movimento Atividades Rítmicas e Expressivas DANÇAS Social Estética Natural ELEMENTOS COREOLÓGICOS Espaço Peso Fluência Tempo Criatividade Figura 1 Esquema dos conceitos chave do Caderno de Referência de Conteúdo de Atividades Rítmicas e Expressivas Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im- portantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-aprendizagem. O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien- 37 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza- das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EAD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co- nhecimento. Observamos que o mapa conceitual é mais um dos recursos de aprendizagem que vem somar-se aqueles disponíveis no am- biente virtual com suas ferramentas interativas, bem como as ati- vidades didático-pedagógicas realizadas presencialmente no polo. Lembre-se de que você, como aluno na modalidade a distância, pode valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co- nhecimento. Questões Autoavaliativas no final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha ou abertas com respostas objetivas ou dis- sertativas. Vale ressaltar que se entendem as respostas objetivas como as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática das atividades rítmicas e expressivas pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação final, que será disser- tativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabari- to, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões autoavaliativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas). © Atividades Rítmicas e Expressivas38 As questões dissertativas obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado. Por isso, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma. Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio- grafias complementares. Figuras (ilustrações, quadros...) neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte- grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra- tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con- teúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con- ceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Dicas (motivacionais) Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com- partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade EAD e futuro profissional da educação, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação 39 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode- rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ- ções científicas. Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. no final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure- cimento intelectual. Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referênciade Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. Claretiano - Centro Universitário 1 EA D Histórico das Atividades Rítmicas e Expressivas com Ênfase nas Danças 1. OBJETIVOS • Conhecer e compreender a história das atividades rítmi- cas e expressivas, destacando a dança. • Analisar e relacionar a história da dança com o contexto social e de Educação Física escolar. 2. CONTEÚDOS • História da Dança. • Análise história para a compreensão estética da dança. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: © Atividades Rítmicas e Expressivas42 1) Procure acompanhar e relacionar a unidade de estudo com o Esquema dos Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades deste CRC. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho. 2) Lembre-se que a internet pode ser uma importante ferramenta para complementar os estudos e sanar as curiosidades. Pesquise sempre, em livros ou na Inter- net a importância das atividades rítmicas e expressivas como benefício para o desenvolvimento humano e, se encontrar algo interessante, disponibilize tal informação para seus colegas na Lista. Lembre-se de que você é pro- tagonista do processo educativo. 3) Ao ler os Parâmetros Curriculares nacionais (PCn), algo que não deve ser uma obrigação a você – antes, deve ser uma maneira de estar por dentro do que acontece com a educação em nossas escolas – procure descobrir quais são as propostas essenciais contempladas neles. A que tipo de perfil de egresso ele quer levar? 4) Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje com o material didático e discuta a unidade com seus colegas e com o tutor. Até o momento, nosso percurso foi marcado pela multiplicidade de pensamentos acerca da possibilidade de ensinar atividades rítmicas e expressivas. Então, rece- ba tais informações como possibilidade de orientação da sua futura prática pedagógica e não como uma "receita de bolo", algo pronto, definido e inflexível. 5) Procure ler o texto complementar e fazer as atividades, pois ajudarão você a elaborar seu próprio planejamento no conteúdo de atividades rítmicas e expressivas. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Para entendermos o objeto de estudo dança, temos, inicial- mente, que entender o que vem a ser esta manifestação e qual o caminho percorrido até os dias de hoje para chegar até nós tal como se apresenta. 43 Claretiano - Centro Universitário © U1 – Histórico das Atividades Rítmicas e Expressivas com Ênfase nas Danças Tarefa não muito fácil e penosa, pois o assunto é bastante am- plo e há muita coisa que aconteceu no passado e que não foi regis- trado. Nossos pares primitivos dançavam e nem imaginavam que hoje, seus descendentes homens, estariam estudando a dança. Então, vamos conhecer a história da dança! 5. HISTÓRIA Quando o homem começou a sistematizar o conhecimen- to buscando referências no passado antigo, encontrando sítios e materiais históricos, tentou organizá-los segundo suas interpreta- ções. imaginem alguns destes estudiosos curiosos, em diferentes partes do mundo, encontrando materiais diferentes (mas simila- res), catalogando segundo suas próprias referências e levando es- tes "documentos históricos" para suas cidades! Pois é, começamos assim. Estes documentos históricos – que podem ser desde pedras até pergaminhos com mensagens escritas – fora de seus sítios, sob olhares completamente alheios à cultura de origem, sofreram in- terpretações muito variadas que nos impedem hoje de fazer uma leitura fidedigna. Mas, algumas afirmações podemos fazer e antes delas preci- samos esclarecer que dança é esta que estamos tratando. Estamos falando de dança como manifestação natural do ser humano. Há inclusive controvérsias sobre o que se manifestou ini- cialmente – a dança, a fala ou o canto? Com certeza, uma coisa levou à outra e todas serviram ao propósito da comunicação, uniram um ao outro e permitiram a consideração do próprio mundo particular. Alguns autores propõem uma classificação das danças na tentativa didática de organizar este universo tão amplo e facilitar o entendimento de cada tipo de manifestação dançante. Vamos eleger o que Bland (1976) denomina de as três faces da dança, pois acreditamos que estas faces dão conta de esclarecer os tipos de dança que conhecemos. © Atividades Rítmicas e Expressivas44 Assim ele as descreve: Natural - simples prazer do movimento físico – êxtase do movimento. Social - elemento coesivo no grupo. Estética - possibilidades da arte cinética – fusão perfeita do abstra- to com o humano, da mente com a emoção, da disciplina com a espontaneidade (...) (BLAnD, 1976, p.6). Por natural entendemos a manifestação que traz o simples prazer do movimento físico, no qual observamos o êxtase do movi- mento, tão típico das manifestações infantis. A criança dança natu- ralmente, sob os olhares admirados dos adultos, sem domínio téc- nico, sem conhecimento de diferentes estilos. Poderíamos, como adultos, manter esta manifestação natural, mas, socialmente, per- demos esta "liberdade" e adicionamos uma série de pré-conceitos associados a uma autocobrança de técnica e conhecimento espe- cífico. Simplesmente, nos esquecemos que dançar é uma manifes- tação natural do ser humano. A face social nos traz a dança que se manifesta nas situa- ções sociais e normalmente se apresenta como elemento coesivo no grupo. Ao observarmos este tipo de dança fica-nos evidente a harmonia de ritmo e movimento daqueles que dançam como se o movimento/dança de um concordasse com o movimento/dança do(s) outro(s). Aqui são exemplos as danças de salão, muitas dan- ças folclóricas e outras. A face estética engloba todas as manifestações artísticas em que podemos observar a fusão perfeita do abstrato com o huma- no, da mente com a emoção, da disciplina com a espontaneidade. Aquelas manifestações que nos fazem sair do cotidiano, como diz Duarte Júnior (1995), que transformam o momento de apreciação um momento mágico e que nos une ao universo em uma compre- ensão não conceitual e tão pouco traduzida pela palavra. Estas faces da dança são capazes de nos mostrar que todos nós, uma vez ou outra, ou a vida toda, dançamos! 45 Claretiano - Centro Universitário © U1 – Histórico das Atividades Rítmicas e Expressivas com Ênfase nas Danças Bland (1976) enfatiza que o movimentar-se é natural no ho- mem e que ninguém entendeu completamente, ainda, o movimen- to, comum à vida. E vai além quando expressa que "o movimento permanece como o mistério primário do universo e a dança, que é sua poesia, partilha de sua divindade" (p. 10). Como os primeiros homens dançavam? A esta dança chama- mos primitiva. Ainda hoje podemos encontrar manifestações de dança primitiva em certos agrupamentos humanos. Os aborígenas da Austrália, as tribos indígenas de diversos países, nos apresen- tam estas danças. Elas possuem como característica a simplicidade de movimentos e a repetição, mas, são repletas de significado. Um dos primeiros registros confiáveis ao qual podemos nos referir data de 14.000 anos. neste período (paleolítico) o homem era predador, caçava animais e dançava a caça imitando os ani- mais. Desta forma, o homem se apropriava das características dos animais e se preparava para a caça. Percebe-se nestes registros, algo como um sentimento religioso de culto aos animais. Observa- se a existência de máscaras, muitas vezes confeccionadas com a própria pele do animal e há movimentos que sugerem giros. Existe uma grande similaridade em todas as primeiras ma- nifestações humanas de dança. Há uma semelhança incrível em todas as culturas primitivas, exceto vestimenta, música e nomen- clatura. O homem primitivo dançava: • Estágios da vida do homem. • Estágios da vegetação. • Estágios de desenvolvimento da tribo ou história mítica. Por estágios da vida do homem entendemos nascimento, entrada
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