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Contabilidade Criativa e Auditoria APRESENTAÇÃO A contabilidade está tomando rumos diferentes e quebrando paradigmas na sua área de atuação. Atualmente, não se prende à geração de informação, mas contribui para o arbitramento do conflito distributivo. A auditoria teve seu crescimento devido à necessidade de muitas empresas em saber se as informações registradas estão mesmo de acordo com os fatos ocorridos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar quais são esses rumos diferentes, os quais são chamados de contabilidade criativa. Você saberá também qual o impacto gerado no mercado. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Interpretar conceitos e definições relacionados à prática da contabilidade criativa.• Demonstrar os elementos positivos e negativos da contabilidade criativa.• Citar as práticas de contabilidade criativa.• DESAFIO A contabilidade criativa pode ser descrita como as ações realizadas para burlar as leis e criar vantagens para as empresas. Esta prática na maioria das vezes é ilegal e traz benefícios ilícitos, podendo ser realizada em qualquer setor da empresa. São necessárias diversas ações para evitar e coibir quem as pratica, fazendo com os controles internos estejam de acordo com as regulamentações e regas impostas ao setor em que a empresa está inserida. A Raffazzito Indústria e Comércio Ltda. é uma fabricante de sapatos com mais de 50 anos de mercado. Recentemente, foi vendida a um grupo de investidores que, através de auditoria e exames, identificou a prática da contabilidade criativa há quatro anos consecutivos no "contas a pagar", criando contas fantasmas em nome de funcionários e creditando valores como pagamentos. Você foi contratado pelos investidores para citar sugestões para eliminar a prática ilícita dentro da empresa. Liste as ações que podem ser feitas para melhorar o controle interno da empresa. INFOGRÁFICO São muitos os fatores que favorecem o exercício da criatividade contábil, mas talvez o maior dos incentivos seja a impunidade do manipulador da informação, a qual ocorre em todos os sentidos – jurídico, social, mercantil. Veja no infográfico algumas causas da origem da contabilidade criativa! CONTEÚDO DO LIVRO Os objetivos da contabilidade são obter, analisar e concluir toda a movimentação em relação ao patrimônio da empresa e, através do demonstrativo contábil, fornecer aos sócios e investidores uma informação que proporcione o conhecimento sobre a situação econômica e financeira da empresa. Na obra "Fundamentos de auditoria contábil", você compreenderá a contabilidade criativa, o oposto do objetivo contábil estabelecido, e qual o seu impacto na empresa e na sociedade. Inicie sua leitura pelo tópico e finalize no tópico Contabilidade criativa- conceito e finalize no tópico Facilitadores para a ocorrência da contabilidade criativa. Boa leitura! FUNDAMENTOS DE AUDITORIA CONTÁBIL Vaniza Pereira Contabilidade criativa e auditoria Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Interpretar conceitos e definições relacionados à prática de con- tabilidade criativa. � Demonstrar os elementos positivos e negativos da contabilidade criativa. � Citar as práticas de contabilidade criativa. Introdução O objetivo da contabilidade é obter, analisar e concluir toda movi- mentação em relação ao patrimônio da empresa. Através do de- monstrativo contábil, ela deve fornecer aos sócios e investidores uma informação que proporcione o conhecimento sobre a situação eco- nômica e financeira da empresa, e sobre a sua atuação no mercado. Os registros contábeis refletidos nos demonstrativos podem repre- sentar a forma que a empresa é gerenciada. Normalmente, quando os números de lucratividade caem, isso pode significar que há uma má administração ou um desequilíbrio de mercado. O que você não pode esquecer é que uma mesma informação pode ser entendida de várias maneiras de acordo com quem a observa. A Contabilidade está tomando rumos diferentes e quebrando para- digmas na sua área de atuação. Hoje ela não se prende apenas à ge- ração de informação, mas também contribui para o arbitramento do conflito distributivo. Por outro lado, a auditoria teve seu crescimento devido à necessidade de muitas empresas em saber se as informa- ções registradas estão mesmo de acordo com os fatos ocorridos. Nes- te texto, você verá quais são esses rumos diferentes, o que é chamado de contabilidade criativa, e qual o seu impacto no mercado. Contabilidade criativa – conceito A contabilidade criativa é a manipulação de números que refletem nas de- monstrações financeiras de uma empresa, com a finalidade de mostrar uma Fundamentos_U4C16.indd 151 26/09/2016 14:12:00 imagem melhorada da situação econômica e financeira da entidade. Utili- zando das flexibilidades e omissões presentes nas normas contábeis, esse tipo de contabilidade faz alterações e maquiagem nos demonstrativos contábeis, para evidenciar uma realidade diferenciada da empresa na sua estabilidade e estrutura. O termo americano earnings management pode ser traduzido de duas formas: 1. Contabilidad creativa, pela corrente europeia. 2. Gerenciamento de resultados, pela norte-americana. O Quadro 1 apresenta algumas definições para contabilidade criativa: (Continua) Autor Definição Ian Griffith (1988) Todas as empresas manipulam seus resultados; e as de- monstrações contábeis publicadas estão baseadas em livros contábeis que foram “retocados” com mais ou menos delicadeza. Assim, as cifras que se divulgam ao público investidor são alteradas para proteger o culpado (esconder a culpa) – o que é a maior farsa desde o “Cavalo de Tróia” – e, na realidade, tratam-se de artifícios que não infringem as regras do jogo, sendo considerados totalmente legítimos, e que são denominados como contabilidade criativa. Michael Jameson (1988) A contabilidade criativa é essencialmente um processo de uso das normas contábeis, que consiste em dar voltas às legislações para buscar uma escapatória baseada na flexibilidade e nas omissões existentes dentro delas para fazer com que as demonstrações contábeis pareçam algo diferente ao que estava estabelecido em ditas normas. Terry Smith (1992) A contabilidade criativa é uma prática inadequada porque dá a impressão de que grande parte do aparente desenvol- vimento empresarial, ocorrido nos anos 1980, foi mais um re- sultado do jogo de mãos contábeis do que do genuíno cres- cimento econômico, já que muitas empresas se utilizaram dela para apresentar indicadores de crescimento econômico e financeiros não reais que, em um segundo momento, poderiam se tornar verdadeiros colapsos empresariais. Quadro 1. Fundamentos de auditoria contábil152 Fundamentos_U4C16.indd 152 26/09/2016 14:12:00 Fonte: Cosenza & Grateron (2004) apud Kraemer (2005). Autor Definição Kamal Naser (1993) Contabilidade criativa é o resultado da transformação das cifras contábeis de aquilo que realmente são para aquilo que aqueles que a elaboram desejam que sejam, aproveitando-se das facilidades que as normas existentes proporcionam, ou mesmo ignorando-as. José JuanBlasco Lang (1998) O termo contabilidade criativa foi introduzido na literatura contábil para descrever o processo mediante o qual se uti- lizam os conhecimentos das normas contábeis para mani- pular as cifras das demonstrações contábeis, sendo na ver- dade um eufemismo utilizado para evitar fazer referência a essas práticas pelos seus verdadeiros nomes: artifícios contábeis, manipulações contábeis ou fraudes contábeis. José Maria Gay Saludas (1999) A contabilidade criativa é uma arte na qual os grandes artistas da contabilidade – os contadores e os audi- tores – se aproveitam das brechas oferecidas pelas rigorosas normativas para imaginar um enredo fiscal ou financeiro que lhes permita espelhar a imagem fiscal ou societáriadesejada para suas companhias. Assim, a contabilidade criativa pode ser catalogada como uma magnífica falsidade de obras de arte contábil deman- dadas de estruturas de verdadeira engenharia contábil. Oriol Amat e John Blake (1999) A contabilidade criativa é o processo mediante o qual os contadores utilizam seus conhecimentos sobre as normas contábeis para manipular os valores incluídos nas demonstrações contábeis que divulgam. José Laínez Gadea e Susana Callao (1999) A contabilidade criativa consiste em aproveitar as pos- sibilidades oferecidas pelas normas (oportunidades, subjetividades, opções de escolha, vazios jurídicos, etc.) para apresentar demonstrações contábeis que reflitam a imagem desejada e não necessariamente aquela que seria na realidade. Logo, ela se encontra em um caminho entre as práticas verdadeiramente corretas e éticas e a ilegalidade ou a fraude, se bem que é difícil delimitar onde acaba a ética e inicia a cria- tividade e onde termina esta e começa a fraude. Quadro 1. (Continuação) 153Contabilidade criativa e auditoria Fundamentos_U4C16.indd 153 26/09/2016 14:12:00 Início da contabilidade criativa A prática de contabilidade criativa iniciou com o escândalo da Enron, uma das maiores empresas americanas que, ao admitir adoção de manobras de informações e resultados, trouxe à tona práticas ilícitas de manipulações em outras grandes empresas, como a Worldcom e a Arthur Andersen. A partir daí, o mercado percebeu que essas práticas eram mais comuns do que se imagi- nava, o que levou à maior crise de credibilidade do mercado de capitais norte- -americano desde a quebra da bolsa de Nova lorque em 1929. No Brasil, também ocorreram alguns casos de fraudes, como o caso do Banco Nacional, Banco Santos, da Schincariol e da Daslu. As manipulações de dados contábeis ocorreram relacionando essas empresas com o uso da contabilidade criativa, que é a forma pela qual a administração da empresa modifica as in- formações divulgadas nas demonstrações contábeis. Esses escândalos, principalmente, no setor de Instituições Financeiras, como o Banco Nacional que na época era o segundo em lucratividade, escondia graves problemas financeiros através de balanços fraudados. Desde 1986, o banco utilizava de práticas questionáveis para esconder sua falta de liquidez; ou seja, o patrimônio do banco era insuficiente para cobrir suas dívidas. Os registros contábeis em balanços eram maquiados, resultado da concessão de falsos e grandes empréstimos utilizando contas inativas ou inexistentes do banco. Isso aumentava a coluna do patrimônio da instituição e fazia o balanço refletir uma situação patrimonial sólida e promissora. Dessa forma, permitia ao banco manter seu status de prestígio junto aos clientes e acionistas, e também captar recursos do Banco Central e de outras instituições. A contabilidade criativa foi utilizada para evitar a liquidação do banco, assim como a venda dos bens de seus sócios e administradores, para poder honrar os compromissos com os credores. Apesar de a falência do banco ter sido adiada por alguns anos, isso não evitou que o Banco Central determi- nasse sua liquidação extrajudicial em 2005 e, consequentemente, sua venda ao Unibanco. A fiscalização ineficiente da auditoria externa e de órgãos de fiscalização, como a CVM – Comissão de Valores Imobiliários –, o Banco Central e a FE- BRABAN – Federação dos Bancos, bem como a falta de ética contribuíram para a fraude que se estendeu por muitos anos envolvendo bilhões de reais. Fundamentos de auditoria contábil154 Fundamentos_U4C16.indd 154 26/09/2016 14:12:00 Os envolvidos na fraude foram acusados de quatro crimes listados na Lei do Colarinho Branco (Lei nº 7.492 / 86): 1. Divulgar informações falsas. 2. Gerir temerariamente instituição financeira. 3. Induzir a erro acionistas e o Banco Central. 4. Falsificar demonstrações contábeis. Em relação às empresas que exerceram controle externo sobre as atividades do banco, o comportamento da KPMG em ter aprovado um balanço fraudado ainda é questionável, já que era ela que auditava as contas da empresa há vinte anos e tinha total entendimento sobre elas. Em 2004, o Banco Central decretou a intervenção do Banco Santos, esti- mando um déficit patrimonial de R$ 700 milhões. Após uma investigação mais acurada, porém, esse valor subiu para R$ 2,2 bilhões. Algumas das prin- cipais transações que resultaram nesse rombo estão relacionadas a operações de empréstimos, envolvendo o uso de contabilidade criativa, para manutenção do esquema de “desvio de dinheiro” e inclusive transações ilegais e fraudu- lentas. O Banco Santos condicionava a concessão de financiamentos e empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) à apli- cação de uma porcentagem dos recursos concedidos a seus clientes em de- bêntures de empresas não financeiras pertencentes ao presidente do banco. Os clientes aceitavam essa condição porque os rendimentos oferecidos pelas debêntures eram altos. Além disso, algumas das emissoras dessas debên- tures figuravam como coligadas do Banco Santos. Assim, como a empresa estava com dificuldade de obter créditos, a única opção era concordar com os termos. O esquema funcionava da seguinte forma: quando o cliente pegava um empréstimo de R$ 120 mil do Banco Santos, via BNDES, ele tinha de adquirir, por exemplo, R$ 80 mil em debêntures das empresas não financeiras do presidente do banco. Dessa forma, o cliente conseguia recursos livres no montante de R$ 40 mil e as empresas não financeiras recebiam R$ 80 mil diretamente dos clientes, sem se comprometerem. A questão envolvendo a contabilidade criativa foi descoberta quando o Banco Central verificou que algumas operações de crédito já haviam sido liquidadas por meio da compra de debêntures de empresas não financeiras relacionadas 155Contabilidade criativa e auditoria Fundamentos_U4C16.indd 155 26/09/2016 14:12:00 ao Banco Santos. No entanto, na contabilidade do banco, elas constavam como créditos a receber. Essa maquiagem fazia o banco parecer mais saudável do que realmente estava. Mais um caso de fraude em empresas brasileiras é o da Schincariol, a se- gunda maior fabricante de cerveja do Brasil. Em 2005, a Schincariol esteve envolvida em um grande esquema de sonegação de impostos que ganhou re- percussão nacional. No caso Schincariol, a criatividade não se encontrava diretamente na forma de registrar os fatos contábeis, mas nas estratégias para burlar a lei e o fisco que, consequentemente, tiveram repercussão nos demonstrativos da empresa. O esquema montado, segundo a Folha de São Paulo, apontava a existência dos seguintes artifícios: � Subfaturamento das notas fiscais de venda, com recebimento “por fora” da diferença entre o valor real e o da nota. � Compra de matéria-prima sem nota fiscal de empresas inexistentes nos estados do Nordeste. � Exportações fictícias para aproveitar as vantagens fiscais e vendas no mercado interno. � Importação com a classificação e a quantidade das mercadorias incor- retas nas notas fiscais. � Triangulação de notas fiscais ou a utilização de “notas fiscais via- jadas”; ou seja, a emissão de notas fiscais destinadas a estados com tributação favorável quando, na verdade, as mercadorias eram levadas para outros estados tributados a uma alíquota maior. Havia a utilização da nota fiscal mais de uma vez, até que ela recebesse o carimbo da fiscalização estadual na fronteira. Além disso, a placa do caminhão utilizado para o transporte era trocada para que combinasse com a que estava especificada na nota fiscal. � Distribuidoras, em nome de “laranjas”, que não tinham estrutura para funcionar obtinham liminares na Justiça Estadual e Federal para não pagarem o Imposto sobre circulação de mercadorias (ICMS) e o Im- posto sobre produtos industrializados (IPI). Assim, quando a liminar era cassada, outra distribuidora repetia a ação. Tais práticas, por seu caráternotadamente ilícito, implicaram os crimes de sonegação fiscal, fraude no mercado de distribuição de bebidas e formação de quadrilha. Fundamentos de auditoria contábil156 Fundamentos_U4C16.indd 156 26/09/2016 14:12:00 A contabilidade criativa relacionada à sonegação de impostos importa na desfiguração da função dos demonstrativos contábeis de fornecer informa- ções verdadeiras, evidenciando transparência e confiabilidade. Quando uma organização utiliza de fraude, seus demonstrativos são caracterizados como irreais e, portanto, perdem a comparabilidade e prejudicam a qualidade da informação proveniente das análises. Outro escândalo parecido ocorreu com a grife de luxo Daslu. Uma operação da Polícia Federal, denominada “Operação Narciso”, desmantelou o esquema de sonegação fiscal e importação irregular. Com ajuda de empresas impor- tadoras, algumas fantasmas, a Daslu substituía as notas verdadeiras dos for- necedores estrangeiros por notas falsas subfaturadas. Já no esquema de im- portação ilegal, a empresa importadora introduzia as mercadorias no país em seu nome, pagando Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) somente pelo valor da carga, e depois repassava essa mercadoria para a Daslu. Assim, a grife deixava de recolher o Imposto sobre a margem de lucro, caso importasse diretamente em seu nome. Essa transação era realmente uma fraude. A Multimport, por exemplo, uma das empresas importadoras, só registrava prejuízos em seus balanços e con- tava com uma única cliente: a Daslu. Além do caráter ilegal da sonegação, ca- racterizado pelo desrespeito a vários princípios legais, é notável a faceta nada ética dos casos em que houve transferência de receita governamental, desti- nada à satisfação de necessidades públicas, para os cofres dos envolvidos nos escândalos. Não foi apenas o Governo como órgão recolhedor de impostos que foi lesado, mas toda a população como portadora do direito de receber serviços prestados pelo Estado. Com a competitividade mundial, as empresas buscam uma estrutura financeira que tenha credibilidade perante os acionistas, credores, e assim por diante, mas nem sempre os registros contábeis verdadeiros refletem lucratividade. A contabilidade criativa, ou manipulação contábil, por outro lado, é de mag- nitude e complexidade crescente. O estudo da contabilidade criativa se tornou importante porque as consequências da utilização de práticas dessa natureza afetam diretamente todas as partes interessadas nas informações geradas pela contabilidade. Isso, na verdade, pode vir a trazer distorções significativas na interpretação dos dados pelos usuários. Vale lembrar que a responsabilidade em relação às informações disponibilizadas aos usuários externos, no que diz respeito à contabilidade criativa, é do contador. 157Contabilidade criativa e auditoria Fundamentos_U4C16.indd 157 26/09/2016 14:12:01 Facilitadores para a ocorrência da contabilidade criativa São muitos os fatores que favorecem o exercício da criatividade contábil. Mas talvez o maior deles seja a impunidade do manipulador da informação em todos os sentidos, jurídico, social, mercantil, etc. Os auditores citam as se- guintes causas como origem da contabilidade criativa: a. Características dos princípios e normas contábeis: ■ Existência de múltiplas estimativas. ■ Flexibilidade, arbitrariedade e subjetividade na aplicação. ■ Diferentes, porém válidas, interpretações dos princípios e normas contábeis. ■ Conceito base de Imagem Fidedigna pouco claro ou indeterminado. ■ Cuidados da administração na aplicação de princípios como pru- dência, confrontação de receitas e despesas, e uniformidade. b. Características sociais e de comportamento humano: ■ Valores éticos e culturais. ■ Atitude do administrador diante da fraude. A prática da contabilidade criativa utiliza-se da flexibilidade dos princípios e normas contábeis a que a empresa se obriga. A contabilidade como uma ciência social, deve se preocupar com os princípios éticos, procurando sempre uma finalidade social superior nos serviços que executa. O contador deve ter a consciência de seu papel, o qual não se restringe ao registro de fatos contábeis e documentos que atendam a exigências fiscais e legais. Para que isso aconteça, porém, é necessário que o contador desempenhe suas funções com atitudes que valorizem a classe; ou seja, com ética. O progresso e a valorização social do profissional de contabilidade só vão acontecer quando esses profissionais assumirem com competência a capacidade técnica e o comportamento ético. No link abaixo, você encontra um vídeo produzido para a edição digital da Revista Exame (edição 1042/29.05.2013): https://www.youtube.com/watch?v=mo3e1aY5EJQ Fundamentos de auditoria contábil158 Fundamentos_U4C16.indd 158 26/09/2016 14:12:01 159Contabilidade criativa e auditoria Fundamentos_U4C16.indd 159 26/09/2016 14:12:01 KRAEMER, M. E. P. Contabilidade criativa: maquiando as demonstrações contábeis. Pen- sar Contábil, Rio de Janeiro, v. 7, n. 28, 2005. Leituras recomendadas CONTABILIDADE criativa e a ética profissional. In: CONGRESSO UFSC DE CONTROLADO- RIA E FINANÇAS, 1., [2011], Florianópolis. Anais ... Florianópolis: UFSC, [2011]. Disponível em: <http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/anais/1CCF/20090727150634.pdf>. Acesso em: 16 set. 2016. DINIZ, F. O fenômeno da contabilidade criativa. Portal Ciências Contábeis, dez. 2013. Disponível em: <http://www.cienciascontabeis.com.br/fenomeno-contabilidade-cria- tiva/>. Acesso em: 16 set. 2016. DESTINONEGÓCIO. Saiba o que é contabilidade criativa e quais seus prejuízos. Ago. 2015. Disponível em: <http://comunidad.destinonegocio.com.br/t/saiba-o-que-e-contabili- dade-criativa-e-quais-seus-prejuizos/3746>. Acesso em: 16 set. 2016. Fundamentos de auditoria contábil160 Fundamentos_U4C16.indd 160 26/09/2016 14:12:01 Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Uma das formas de se evitar a contabilidade criativa nas empresas é investir em uma auditoria, seja interne ou externa. Isso auxilia a evitar a manipulação dos registros e das informações contábeis. Outra ação que pode ser adotada é a implantação de comitês seja de auditoria ou de conselheiros da empresa e até mesmo a adequação às normas de contabilidade. O vídeo a seguir traz dicas sobre como diminuir a prática da contabilidade criativa. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A contabilidade está tomando rumos diferentes e quebrando paradigmas na sua área de atuação. Atualmente, não se prende apenas à geração de informação, mas contribui para o arbitramento do conflito distributivo. A contabilidade criativa é: A) Uma contabilidade em que a criatividade é fundamental para os lançamentos. B) Utilizar de formas e modelos que facilitam o trabalho da contabilidade. C) Utilizar de todas as fórmulas de análise contábil para surpreender os diretores e acionistas. D) Um demonstrativo de resultado financeiro claro e de fácil entendimento. E) É a manipulação de números que refletem nas demonstrações financeiras de uma empresa, com a finalidade de mostrar uma imagem melhorada da situação econômico-financeira da entidade. 2) Como a contabilidade criativa é desenvolvida? A) Utilizando-se das flexibilidades e da omissão presente nas normas contábeis e também da falta de ética do contador. B) Utilizando as normas contábeis. C) Utilizando os manuais de contabilidade da empresa. D) Utilizando conceitos estabelecidos pelo CRC. E) Contratando um consultor que conhece muito bem as atividades da empresa e que seja ético. 3) A contabilidade criativa veio à tona com as práticas ilícitas de manipulações em outras grandes empresas. Isso ocorreu com: A) A crise da Bolsa de Nova York em 1929. B) Com a crise imobiliária americana em 2009. C) Com o escândalo envolvendo as grandes empresas Enron, Worldcom e Arthur Andersen. D) No início da globalização. E) O avanço da tecnologia. 4) No Brasil, podem ser citadoscomo casos de fraudes as situações ocorridas no Banco Nacional, no Banco Santos, na Schincariol e na Daslu. O que contribuiu para que a contabilidade criativa fosse utilizada por essas empresas? A) O exemplo dos escândalos contábeis internacionais. B) A queda da lucratividade no setor bancário. C) Brecha na legislação contábil, falta de fiscalização dos órgãos reguladores e falta de ética dos contadores das instituições. D) Os contadores foram manipulados e ameaçados pelos diretores dessas instituições. E) Manipulações políticas. 5) A contabilidade criativa é vista como uma atividade ilícita e prejudica não somente as empresas que a utilizam, mas todos que a envolvem. Qual seria a forma de combater a contabilidade criativa? A) Fazendo auditorias periódicas. B) Aumentando os controles internos. C) Publicando os demonstrativos de resultados mensalmente. D) Contratando contadores profissionais e éticos que prezam pela classe. E) Envolvendo todos os funcionários no processo decisório. NA PRÁTICA A contabilidade criativa nada mais é do que uma maneira que algumas empresas encontram para manter um status e o posicionamento sustentável irreal perante a sociedade. Enquanto essa manipulação não vem à tona, tudo parece maravilhoso, mas as informações, hoje, são cruzadas, e qualquer operação ilícita está sujeita a análises e exames. No caso de confirmação da irregularidade, não somente a empresa perde, mas todos que estão ligados a ela e também os sócios e acionistas. Veja o que aconteceu com o presidente do Banco Santos após a comprovação do uso da contabilidade criativa: SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Contabilidade criativa No link abaixo você vai ler um texto sobre a percepção de estudantes e profissionais de contabilidade sobre o uso da expressão contabilidade criativa. Este estudo foi feito abordando conceitos que compreendem os métodos e sistematizações na área contábil. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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