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Extradição: Conceito, Modalidades e Requisitos

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Aula 06
Direito Internacional Público p/ Carreira
Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof.
Vanessa Arns
Autor:
Vanessa Brito Arns
Aula 06
10 de Março de 2021
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
Sumário 
Considerações Iniciais ........................................................................................................................... 2 
Extradição. ............................................................................................................................................ 3 
1. Extradição: conceito e espécies. .................................................................................................... 3 
2. Modalidades de Extradição ........................................................................................................... 7 
3. Requisitos .................................................................................................................................... 11 
4. Limitações à extradição............................................................................................................... 14 
5. Deportação e expulsão. ............................................................................................................... 16 
6. Expulsão. ..................................................................................................................................... 19 
Legislação e Jurisprudência Destacadas ............................................................................................. 22 
Resumo ............................................................................................................................................... 47 
Considerações Finais ........................................................................................................................... 62 
Questões Comentadas ........................................................................................................................ 63 
 
 
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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Na aula de hoje vamos continuar os estudos da disciplina de Direito Internacional, com foco em 
Nacionalidade. 
Vejamos os tópicos específicos do edital que serão abordados em aula: 
Personalidade internacional. Estrangeiros. Vistos. Deportação. Expulsão. Extradição. 
Conceito. Fundamento jurídico 
Estou à disposição se surgirem dúvidas! Boa aula! 
 
 
Instagram: https://www.instagram.com/vanessa.arns 
 
 
Vanessa Brito Arns
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EXTRADIÇÃO. 
1. EXTRADIÇÃO: CONCEITO E ESPÉCIES. 
A extradição é uma forma de cooperação jurídica em matéria penal internacional na qual um 
determinado Estado requer o envio de um indivíduo para que seja julgado criminalmente ( a 
chamada extradição instrutória) ou possa cumprir pena criminal ( a chamada extradição executória). 
Para Francisco Rezek: “Extradição é a entrega, por um Estado a outro, e a pedido deste, de pessoa 
que em seu território deva responder a processo penal ou cumprir pena.” 
Conforme ensina Valério Mazzuoli, entre os institutos mais importantes relativos à retirada de 
estrangeiros do território nacional está seguramente o da extradição. Diferente dos demais 
institutos (como repatriação, deportação e expulsão), não há na extradição qualquer iniciativa das 
autoridades locais, já que deve ser sempre requerida por outra potência estrangeira. 
Além disso, também diversamente daqueles institutos, deste processo extradicional participa a 
cúpula do Poder Judiciário do Estado requerido (no Brasil, o Supremo Tribunal Federal). Mazzuoli 
completa: 
“Por fim, a extradição se insere na relação jurídica entre dois Estados soberanos (o que 
está a justificar, inclusive, o seu estudo na órbita do Direito Internacional Público) que 
pretendem cooperar entre si para a repressão internacional de delitos”). 
 
 
Conforme já decidiu o STF, o instituto da Extradição não se confunde, contudo, com o da entrega – 
SURRENDER - (inclusive de nacionais) ao Tribunal Penal Internacional, previsto pelo art. 102 do 
Estatuto de Roma de 1998. Assim, extradição e entrega são institutos jurídicos distintos, tendo cada 
um deles aplicação para casos e situações diversas. Vejamos: 
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Estatuto de Roma. Incorporação dessa convenção multilateral ao ordenamento jurídico 
interno brasileiro (Decreto 4.388/2002). Instituição do Tribunal Penal Internacional. 
Caráter supraestatal desse organismo judiciário. Incidência do princípio da 
complementaridade (ou da subsidiariedade) sobre o exercício, pelo Tribunal Penal 
Internacional, de sua jurisdição. Cooperação internacional e auxílio judiciário: obrigação 
geral que se impõe aos Estados-partes do Estatuto de Roma (art. 86). Pedido de detenção 
de chefe de Estado estrangeiro e de sua ulterior entrega ao Tribunal Penal Internacional, 
para ser julgado pela suposta prática de crimes contra a humanidade e de guerra. 
Solicitação formalmente dirigida, pelo Tribunal Penal Internacional, ao governo brasileiro. 
Distinção entre os institutos da entrega (surrender) e da extradição. Questão prejudicial 
pertinente ao reconhecimento, ou não, da competência originária do STF para examinar 
este pedido de cooperação internacional. Controvérsias jurídicas em torno da 
compatibilidade de determinadas cláusulas do Estatuto de Roma em face da Constituição 
do Brasil. O § 4º do art. 5º da Constituição, introduzido pela EC 45/2004: cláusula 
constitucional aberta destinada a legitimar, integralmente, o Estatuto de Roma? A 
experiência do direito comparado na busca da superação dos conflitos entre o Estatuto 
de Roma e as Constituições nacionais. A questão da imunidade de jurisdição do chefe de 
Estado em face do Tribunal Penal Internacional: irrelevância da qualidade oficial, segundo 
o Estatuto de Roma (art. 27). Magistério da doutrina. Alta relevância jurídico-
constitucional de diversas questões suscitadas pela aplicação doméstica do Estatuto de 
Roma. Necessidade de prévia audiência da douta PGR. 
[Pet 4.625, ementa do despacho proferido pelo min. Celso de Mello, no exercício da 
Presidência, em 17-7-2009, DJE de 4-8-2009 e Informativo 554.] 
 
Encontramos o instituto da extradição na Constituição Federal em seu art. 5º,incisos LI e LII, com 
especial proteção aos brasileiros de uma possível extradição, salvo o naturalizado, em caso de 
crime comum, antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins (a qualquer tempo.) Fica também protegido da extradição um 
estrangeiro que tenha cometido crime político ou de opinião. 
 
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Vejamos: 
Art. 5º, LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime 
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião 
 
 
 
Brasileiro 
Nato 
Não pode ser
Extraditado! 
Brasileiro 
Naturalizado
Crime comum 
praticado antes da 
naturalização
Comprovado 
envolvimento em 
tráfico de 
Entorpecentes
Estrangeiro Pode ser extraditado, em regraNão pode ser 
extraditado por 
crime político ou de 
opinião.
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Professora, o que acontece com o brasileiro ou brasileira nata que perdeu a 
nacionalidade brasileira? 
 
 
 
A perda da nacionalidade brasileira nata, em razão da aquisição voluntária de outra, é 
chamada pela doutrina de "perda-mudança" e dar-se-á por decreto declaratório do 
Presidente da República, após procedimento administrativo onde 
sejam assegurados contraditório e ampla defesa. A título de curiosidade, há discussão 
doutrinaria e jurisprudencial sobre a natureza da nacionalidade readquirida pelo 
brasileiro nato que a perdeu pela aquisição voluntária de outra. 
Para Mazzuoli, ao se renaturalizar após perder a nacionalidade originária brasileira, o 
brasileiro nato passa a ser considerado naturalizado. Contudo, há julgado antigo do STF 
entendendo que, nestes casos, o brasileiro nato, ao readquirir sua nacionalidade, assim 
continua considerado (Extradição 441, 1986). 
 
 
 
Vejamos a decisão trazida pelo informativo 859 do STF: 
Se um brasileiro nato que mora nos EUA e possui o green card decidir adquirir a 
nacionalidade norte-americana, ele irá perder a nacionalidade brasileira. Não se pode 
afirmar que a presente situação se enquadre na exceção prevista na alínea “b” do inciso 
II do § 4º do art. 12 da CF/88. Isso porque, como ele já tinha o green card, não havia 
necessidade de ter adquirido a nacionalidade norte-americana como condição para 
permanência ou para o exercício de direitos civis. O estrangeiro titular de green card já 
pode morar e trabalhar livremente nos EUA. Dessa forma, conclui-se que a aquisição da 
cidadania americana ocorreu por livre e espontânea vontade. Vale ressaltar que, 
perdendo a nacionalidade, ele perde os direitos e garantias inerentes ao brasileiro nato. 
Assim, se cometer um crime nos EUA e fugir para o Brasil, poderá ser extraditado sem 
que isso configure ofensa ao art. 5º, LI, da CF/88. STF. 1ª Turma. MS 33864/DF, Rel. Min. 
Roberto Barroso, julgado em 19/4/2016 (Info 822). STF. 1ª Turma. Ext 1462/DF, Rel. Min. 
Roberto Barroso, julgado em 28/3/2017 (Info 859). 
 
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Vejamos o comentário feito pelo Juiz Federal e Professor Márcio André Lopes, do Dizer o Direito: 
O STF deferiu o pedido de extradição formulado pelos EUA por considerar que estavam 
preenchidos os requisitos previstos na Lei nº 6.815/80 e no Tratado de Extradição firmado 
entre o Brasil e aquele país. O STF, contudo, exigiu que a entrega da extraditanda somente 
ocorresse após os EUA assumirem o compromisso formal de: a) não aplicar penas que 
sejam proibidas pelo direito brasileiro, em especial a de pena de morte ou prisão 
perpétua (art. 5º, XLVII, “a” e “b”, da CF/88); b) respeitar o tempo máximo de 
cumprimento de pena previsto no ordenamento jurídico brasileiro (30 anos, nos termos 
do art. 75 do CP; e c) detrair da pena ("descontar") o tempo que a extraditanda ficou 
presa no Brasil aguardando a extradição. Volto a repetir: Maria foi extraditada porque, 
antes da extradição, ela perdeu a condição de brasileira nata. Se ela não tivesse perdido, 
não poderia ser extraditada. Brasileiro nato não pode ser extraditado. 
Ou seja: Brasileiro, titular de green card, que adquire nacionalidade norte-americana, perde a 
nacionalidade brasileira e pode ser extraditado pelo Brasil. 
 
 
Qual a Natureza Jurídica da Extradição? 
 A extradição configura cooperação penal entre Estados para a repressão 
internacional de crimes. Segundo Mazzuoli, Não se trata de pena, mas de medida de 
cooperação internacional na repressão ao delito, que visa à boa administração da 
justiça penal. 
 
2. MODALIDADES DE EXTRADIÇÃO 
A extradição apresenta basicamente duas modalidades principais: 
1. A extradição ativa - ocorre quando o nosso governo requer a outro país a extradição de 
criminoso foragido da justiça brasileira e a 
2. A extradição passiva - que ocorre quando um país estrangeiro solicita ao Brasil a extradição 
de indivíduo de lá foragido que se encontra em nosso território). 
 
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A Extradição Passiva deve ser sempre requerida (com o consequente pedido de entrega) por outro 
Estado estrangeiro, não havendo extradição espontânea ou ex officio. 
Vejamos o que diz a lei de Migração sobre a Extradição Ativa: 
Art. 88. Todo pedido que possa originar processo de extradição em face de Estado 
estrangeiro deverá ser encaminhado ao órgão competente do Poder Executivo 
diretamente pelo órgão do Poder Judiciário responsável pela decisão ou pelo processo 
penal que a fundamenta. 
§ 1º Compete a órgão do Poder Executivo o papel de orientação, de informação e de 
avaliação dos elementos formais de admissibilidade dos processos preparatórios para 
encaminhamento ao Estado requerido. 
§ 2º Compete aos órgãos do sistema de Justiça vinculados ao processo penal gerador de 
pedido de extradição a apresentação de todos os documentos, manifestações e demais 
elementos necessários para o processamento do pedido, inclusive suas traduções oficiais. 
§ 3º O pedido deverá ser instruído com cópia autêntica ou com o original da sentença 
condenatória ou da decisão penal proferida, conterá indicações precisas sobre o local, a 
data, a natureza e as circunstâncias do fato criminoso e a identidade do extraditando e 
será acompanhado de cópia dos textos legais sobre o crime, a competência, a pena e a 
prescrição. 
§ 4º O encaminhamento do pedido de extradição ao órgão competente do Poder 
Executivo confere autenticidade aos documentos. 
Vejamos o que diz a lei de Migração sobre a Extradição Passiva 
Art. 89. O pedido de extradição originado de Estado estrangeiro será recebido pelo órgão 
competente do Poder Executivo e, após exame da presença dos pressupostos formais de 
admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, encaminhado à autoridade judiciária 
competente. 
Parágrafo único. Não preenchidos os pressupostos referidos no caput , o pedido será 
arquivado mediante decisão fundamentada, sem prejuízo da possibilidade de renovação 
do pedido, devidamente instruído, uma vez superado o óbice apontado. 
 
Temos, também, segundo a doutrina, as denominadas extradição instrutória (para fins 
de julgamento, ou seja, quando o processo está em curso no país de origem) e em 
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extradição executória (quando a sua finalidade é fazer com que o extraditando cumpra a 
pena já imposta pelo Estado requerente). 
Nos casos em que couber solicitação de extradição executória, dispõe a Lei de Migração 
que “a autoridade competente poderá solicitar ou autorizar a transferência de execução 
da pena, desde que observado o princípio do non bis in idem” (art. 100, caput) 
 
Vejamos a chamada Extradição sem tratado. 
Conforme vimos, a extradição se efetiva quando o governo requerente se fundamenta em tratado 
ou quando houver promessa de reciprocidade entre os Estados requerente e requerido. Não 
havendo tratado de extradição entre o Estado requerente e o Estado requerido, a concessão da 
extradição passa a subordinar-se, exclusivamente, às disposições da legislação interna, desde que o 
Estado requerente ofereça “promessa de reciprocidade” ao Estado requerido.Segundo Valério Mazzuoli, “a promessa de reciprocidade nada mais é do que um acordo diplomático 
(normalmente materializado em uma Nota Diplomática) estipulado entre os dois Estados para a 
entrega de determinado indiciado, sem as formalidades de um tratado internacional. “. 
A Lei de Migração menciona a necessidade de “promessa de reciprocidade recebida por via 
diplomática” quando, na ausência de tratado, houver pedido de prisão cautelar do extraditando, 
que se dá em hipótese de urgência e com o objetivo de assegurar a executoriedade da medida 
extradicional (arts. 84, caput e § 2º). 
Vejamos o art. 84, § 2º, da Lei: 
 “O pedido de prisão cautelar poderá ser transmitido à autoridade competente para 
extradição no Brasil por meio de canal estabelecido com o ponto focal da Organização 
Internacional de Polícia Criminal (Interpol) no País, devidamente instruído com a 
documentação comprobatória da existência de ordem de prisão proferida por Estado 
estrangeiro, e, em caso de ausência de tratado, com a promessa de reciprocidade 
recebida por via diplomática”. 
A Seção Da Transferência da Execução da Pena a Lei menciona que, sem prejuízo do disposto no 
Código Penal, a transferência de execução da pena será possível quando, dentre outros requisitos, 
“houver tratado ou promessa de reciprocidade” (art. 100, inc. V). 
 Da mesma forma, na Seção Da Transferência de Pessoa Condenada a Lei dispõe que tal medida 
“poderá ser concedida quando o pedido se fundamentar em tratado ou houver promessa de 
reciprocidade” (art. 103, caput) 
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O Regulamento da Lei de Migração, por sua vez, menciona em seu art. 266, parágrafo único que o 
pedido de extradição passiva “não impedirá a transferência temporária de pessoas sob custódia para 
fins de auxílio jurídico mútuo, nos termos de tratado ou de promessa de reciprocidade de 
tratamento”; assim como ocorre na hipótese de extradição ativa (art. 278, parágrafo único). 
 
Existe ainda a possibilidade da chamada Extradição monocrática. 
A partir do julgamento da Questão de Ordem na Extradição nº 1476/DF, de 9 de maio de 2017, o STF 
passou a entender que, nos processos em que houver declaração de concordância espontânea do 
extraditando, com base em tratado internacional autorizativo e com a assistência de advogado ou 
defensor, poderá o Relator julgar monocraticamente o pleito extradicional. 
Conforme ensina Mazzuoli, na ocasião, a 2ª Turma do STF, ao homologar a declaração voluntária de 
concordância com a extradição realizada por cidadão português, entendeu devesse delegar ao 
Relator designado a competência de, em casos tais, decidir monocraticamente os pleitos 
extradicionais. 
Esse expediente, que se pode nominar de extradição monocrática, certamente facilita a 
extradição e melhor atende às expectativas do Estado requerente, quando 
voluntariamente o extraditando consente na sua efetiva entrega. Segundo a decisão do 
STF, porém, a extradição monocrática somente será possível (respeitados, 
evidentemente os demais requisitos da extradição, como a necessidade de dupla 
tipicidade e de dupla punibilidade) se houver tratado internacional entre os Estados em 
causa a autorizar a imediata entrega do extraditando, por meio de procedimento 
simplificado, quando o nacional estrangeiro manifeste sua inequívoca intenção de 
entregar-se ao Estado requerente, com assistência técnica de advogado ou defensor. 
Tal é o que prevê, v.ġ., o art. 19 da Convenção de Extradição entre os Estados Membros 
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, de 2005, em vigor no Brasil desde 2013, 
nestes termos: “O Estado requerido pode conceder a extradição se a pessoa reclamada, 
com a devida assistência jurídica e perante a autoridade judicial do Estado requerido, 
declarar a sua expressa anuência em ser entregue ao Estado requerente, depois de ter 
sido informada de seu direito a um procedimento formal de extradição e da proteção que 
tal direito encerra”. 
 A Lei de Migração, contudo, em dispositivo bastante similar ao que se acaba de transcrever, não 
exigiu deva haver tratado autorizando a entrega voluntária, senão apenas que assim declare 
expressamente o extraditando e que o mesmo seja assistido por advogado e seja advertido que tem 
direito ao processo judicial de extradição e à proteção que tal direito encerra (art. 87). 
 
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3. REQUISITOS 
A efetivação de uma extradição decorre ou do previsto em tratado (geralmente bilateral) entre os 
dois Estados, ou de disposição do Direito interno do Estado de refúgio, quando a legislação deste 
aceita as chamadas promessas de reciprocidade 
São condições básicas para a concessão da extradição, sem prejuízo de outras previstas em tratados: 
1) ter sido o crime cometido no território do Estado requerente ou serem aplicáveis ao 
extraditando as leis penais desse Estado; 
2) estar o extraditando respondendo a processo investigatório ou a processo penal ou ter 
sido condenado pelas autoridades judiciárias do Estado requerente a pena privativa de 
liberdade superior a dois anos (Lei de Migração, art. 83, incs. I e II; Regulamento, art. 263, 
incs. I e II). 
 Sem a presença de ambas as condições nenhum pleito extradicional poderá lograr êxito. 
Conforme ensina André de Carvalho Ramos, o juízo de delibação na extradição passiva consiste em 
avaliação, pelo STF, de cumprimento formal dos requisitos constitucionais, convencionais e legais 
que autorizam a extradição. 
Não visa verificar a culpa do extraditando, pois é um contencioso de legalidade no qual a defesa 
apontará eventuais ausências de requisitos essenciais no procedimento extradicional. 
Nesse sentido, a Lei n. 13.445/2017 estabelece que a defesa do extraditando deve versar 
sobre (i) a identidade da pessoa reclamada, (ii) defeito de forma de documento 
apresentado ou (iii) ilegalidade (e também inconvencionalidade, caso prevista em 
tratado) da extradição (art. 91, § 1º). Também a defesa pode sustentar eventual violação 
de direitos do extraditando previstos na CF/88 ou em tratados de direitos humanos 
celebrados pelo Brasil. 
Podemos dividir os requisitos essenciais para o deferimento pelo STF de uma extradição passiva 
em requisitos constitucionais e requisitos legais. Os requisitos constitucionais, conforme trazidos 
por André de Carvalho Ramos, são: 
 
1) Não ser o extraditando brasileiro nato e, no caso de naturalizado, ter sido o crime cometido 
antes da naturalização ou, a qualquer momento, no caso de comprovado envolvimento em 
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tráfico de entorpecente (princípio geral de inextraditabilidade do brasileiro, incluído o 
naturalizado). 
Como a Constituição exige “comprovado envolvimento”, só se admite a extradição passiva 
executória de brasileiro naturalizado envolvido em tráfico de entorpecentes após a 
naturalização (que se encerra após a solene entrega do certificado de naturalização pelo Juiz 
Federal). Logo, o Estado Requerente deverá apresentar certidão de transito em julgado da 
condenação criminal para que a extradição seja deferida 
 
2) Não for caso de crime político ou de opinião. 
Segundo André de Carvalho Ramos, “a Constituição não define o que vem a ser crime político, 
tendo o STF adotado a teoria mista para caracterizá-lo: é crime político aquele que é realizado 
com motivação e os objetivos políticos de um lado (elemento subjetivo), e, de outro, coma 
lesão real ou potencial a valores fundamentais da organização política do Estado (elemento 
objetivo). “ 
Como exemplo de reconhecimento de crime político está o caso de extraditando 
acusado de transmitir ao Iraque segredo do Estado Requerente (Alemanha), utilizável 
em projeto de desenvolvimento de armamento nuclear, tendo o STF indeferido a 
extradição (Ext 700, Rel. Min. Octavio Gallotti, julgamento em 4-3-1998, Plenário, DJ de 
5-11-1999.) 
Por outro lado, o STF não reconhece a excludente de crime político para casos de 
terrorismo, sejam atos cometidos por particulares, sejam atos perpetrados com o apoio 
oficial do próprio aparato governamental, no chamado terrorismo de Estado (Ext 855, 
Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 26-8-2004, Plenário, DJ de 1º-7-2005). 
 
A Lei n. 13.445/17 determina que o Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar 
crime político o atentado contra chefe de Estado ou quaisquer autoridades, bem como 
crime contra a humanidade, crime de guerra, crime de genocídio e terrorismo (art. 82, § 4º). 
Também a mesma lei determina que a extradição ocorrerá quando o fato objeto do pedido 
de extradição constituir, principalmente, infração à lei penal comum ou quando o crime 
comum, conexo ao delito político, constituir o fato principal (art. 82, § 1º). 
 
3) Ser respeitado o devido processo legal no Estado Requerente. 
A observância do devido processo legal pelo Estado Requerente no julgamento do 
extraditando é requisito constitucional implícito, de acordo com o STF (Ext 633-9, Rel. Min. 
Celso de Mello, julgamento em 28-8-1996, DJ de 6-4-2001), podendo ser extraído ainda da 
proibição legal de julgamento do extraditando por juízo de exceção. 
 
4) Ser comutada a pena de morte ou de caráter perpétuo em pena privativa de liberdade não 
superior a 30 anos. 
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 A comutação da pena de caráter perpétuo foi considerada pelo STF como requisito implícito 
da CF/88 indispensável para que a extradição passiva possa ser deferida (Ext 855, Rel. Min. 
Celso de Mello, julgamento em 26-8-2004, Plenário, DJ de 1º-7-2005). Atendendo essa 
posição do STF, a Lei 13.445/17 dispõe que o Estado estrangeiro requerente deve assumir o 
compromisso de comutar a (i) pena corporal, (ii) perpétua ou de (iii) morte em pena privativa 
de liberdade de, no máximo, cumprimento por 30 anos (art. 96, III). 
 
Seguindo o Curso de Direitos Humanos de André de Carvalho Ramos, são os seguintes os principais 
requisitos legais previstos na Lei n. 13.445/17 e nos principais tratados de extradição: 
1) Obediência e Prevalência dos Tratados. 
A extradição será regida pelo tratado eventualmente firmado pelo Brasil e pelo Estado 
Requerendo, afastando-se a Lei n. 13.445, pois o tratado é lex specialis em relação à lei. 
2) Reciprocidade na ausência de tratado. 
A extradição só será autorizada pelo Brasil caso haja tratado ou, na sua ausência, caso haja 
promessa de reciprocidade pelo Estado Requerente (art. 84, § 2º , o qual deve ser utilizado 
como cláusula genérica de reciprocidade) assegurando que, na hipótese de o Brasil solicitar 
extradição em caso similar, o Estado estrangeiro a deferirá). 
3) Especialidade. 
O Estado Requerente deve se comprometer a só processar ou punir o extraditando pelo crime 
que estiver no pedido de extradição. Não pode também extraditar para outro Estado 
(extradição camuflada para terceiro). 
4) Identidade ou dupla tipicidade e punibilidade (também chamado modelo do crime 
hipotético ou paralelismo). 
Só cabe extradição caso a conduta cometida pelo extraditando for, hipoteticamente, crime 
no Estado Requerente e também no Brasil, sem qualquer caso de extinção da punibilidade de 
acordo com os dois ordenamentos jurídicos. Não se exige o mesmo tipo penal ou a mesma 
denominação: basta que o fato seja crime punível nos dois Estados. 
5) Preferência da jurisdição nacional penal. 
Não será concedida extradição caso o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o 
crime imputado ao extraditando. 
6) Proibição do ne bis in idem. 
Não será concedida a extradição, caso o extraditando estiver a responder a processo ou já 
houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido. 
7) Proibição de Juízo de Exceção. 
Não se concede extradição caso o extraditando houver de responder, no Estado requerente, 
perante Tribunal ou Juízo de Exceção. Essa proibição legal é compatível com a exigência do 
“devido processo legal” no Estado requerente, que é requisito constitucional implícito, na 
visão do STF. 
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8) Proibição de determinadas penas e de tratamento cruel, desumano e degradante. 
Como já apontado acima, a Lei n. 13.445/2017 absorveu a jurisprudência atual do STF e 
determinou a necessidade de comutação da pena corporal, perpétua e de morte, que o 
extraditando poderia estar submetido pela lei do Estado requerente, bem como estipulou o 
limite máximo de 30 anos para o cumprimento da pena privativa de liberdade. Além disso, o 
Estado requerente não poderá submeter o extraditando a (i) tortura ou a (ii) outros 
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. A fiscalização do cumprimento 
desses deveres do Estado requerente incumbe ao Estado brasileiro, nas suas relações 
diplomáticas. 
9) Exigência de crime grave. Só será concedida extradição se a lei brasileira impuser, 
hipoteticamente, ao crime cometido pena de prisão igual ou superior a dois anos (não cabe 
extradição para ilícito cível ou contravenção penal). 
 
4. LIMITAÇÕES À EXTRADIÇÃO. 
As chamadas limitações à extradição se confundem, muitas vezes, com seus requisitos. 
O exame judiciário da extradição deve atender a determinados pressupostos, previstos na lei interna 
ou em tratados internacionais. 
Um desses pressupostos diz respeito à nacionalidade do extraditando, sendo o Brasil um dos 
países que somente extraditam estrangeiros ou brasileiros naturalizados (nunca os brasileiros 
natos). 
No caso dos brasileiros naturalizados, os motivos que ensejam a extradição são apenas 
(a) o crime cometido antes da naturalização e (b) o comprovado envolvimento no 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins (em ambos os casos, a extradição 
independerá da perda da nacionalidade brasileira – Regulamento da Lei de Migração, 
art. 267, § 5º). 
Conforme vimos, tais regras vêm disciplinadas no art. 5º, incs. LI e LII, da Constituição de 1988, que 
dispõem, respectivamente, que “nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso 
de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei” (nesse último caso, independentemente de 
cronologia); e também que “não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de 
opinião”. 
De acordo com o art. 82, § 1º, da Lei de Migração, a extradição é somente vedada no caso de serem 
puramente políticos os atos imputados ao extraditando, não se excluindo a possibilidade da 
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extradição se se tratar de infração comum da lei penal estrangeira, ou quando o crime comum, 
conexo ao delito político, constituir o fato principal. 
O STF, no entanto, com a relatoria do Min. Marco Aurelio, decidiu de forma diferente: 
 
 
Uma vez constatado o entrelaçamento de crimes de natureza política e comum, impõe 
indeferira extradição. 
[Ext 994, rel. min. Marco Aurélio, j. 14-12-2005, P, DJ de 4-8-2006.] 
 
Segundo Mazzuoli: 
“Para nós, contudo, tal exceção não pode ser admitida, por ser inconstitucional à luz do 
que dispõe a Carta Magna de 1988. Ora, o que o texto constitucional brasileiro protege é 
o crime político enquanto tal, não a lei penal comum estrangeira, que sobre ele não 
prevalece. É dizer, o delito de caráter político tem primazia sobre os crimes comuns, não 
o contrário. Assim, havendo conexão entre um delito político e um crime comum, o 
problema se resolve em favor do primeiro, sob pena de violação do comando 
constitucional que impede a extradição em razão de crime político. Essa, inclusive, a 
solução apontada pela maioria dos textos constitucionais contemporâneos. 
Além dos casos da vedação da extradição de nacionais e de não nacionais por motivo de crime 
político ou de opinião, 245 a Lei de Migração elenca ainda outras hipóteses de vedação da extradição 
(art. 82, incs. II a IX), que ocorrerão quando: 
a) o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente 
(requisito da dupla tipicidade ou dupla incriminação) 
b) o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando; 
c) a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão igual ou inferior a 2 (dois) anos; 
d) o extraditando estiver respondendo a processo ou já houver sido condenado ou absolvido 
no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido; 
e) estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a lei brasileira ou a do Estado 
requerente (requisito da dupla punibilidade) 247 ; 
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f) o extraditando tiver de responder pelo crime, no Estado requerente, perante tribunal ou 
juízo de exceção; e 
g) o extraditando for beneficiário de refúgio, nos termos da Lei nº 9.474/97, ou de asilo 
territorial. Ressalte-se, por fim, que o fato de o extraditando ter esposa ou filhos brasileiros 
não é óbice à concessão da extradição, como já decidiu o Supremo Tribunal Federal: “Não 
impede a extradição a circunstância de ser o extraditado casado com brasileira ou ter filho 
brasileiro” (Súmula 421) 
Segundo Mazzuoli: 
O problema da prisão perpétua e da pena de morte extradição diz respeito àqueles países 
que impõem pena de prisão perpétua (ou, até mesmo, pena de morte) para o crime ou 
crimes imputados ao extraditando. O Brasil poderia extraditar um estrangeiro para país 
que prevê pena de prisão perpétua, ou de morte, para o crime cometido pelo 
extraditando? A Constituição brasileira permite a pena de morte “em caso de guerra 
declarada” (art. 5º, inc. XLVII, alínea a), mas proíbe terminantemente as penas de caráter 
perpétuo (alínea b do mesmo inciso). 
À égide do Estatuto do Estrangeiro, o STF não demonstrava preocupação em autorizar extradições 
 
 
 
5. DEPORTAÇÃO E EXPULSÃO. 
A deportação consiste na retirada compulsória do estrangeiro do território nacional, fundamentada 
no fato de sua irregular entrada (geralmente tida como clandestina) ou permanência no país. 
A deportação só tem lugar depois que o estrangeiro ingressou no país, não se 
confundindo com o impedimento de ingresso acima estudado, no qual o estrangeiro não 
chega a efetivamente entrar no território nacional, não passando da barreira policial da 
fronteira, porto ou aeroporto. 
 A permanência irregular no país quase sempre se dá por excesso de prazo, ou pelo exercício de 
trabalho remunerado, no caso dos turistas. 
• No Brasil, o Departamento de Polícia Federal (por meio dos seus agentes policiais federais) 
tem competência para deportar estrangeiros com entrada ou permanência irregular no país 
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(iniciativa local), sem envolvimento da cúpula do governo e independentemente de qualquer 
processo judicial. 1 
• O procedimento instaurado pela Polícia Federal deverá conter o relato do fato motivador da 
medida e sua fundamentação legal, e determinará: 
I – a juntada do comprovante da notificação pessoal do deportando prevista no art. 176 do 
Regulamento; e II – notificação, preferencialmente por meio eletrônico: 
a) da repartição consular do país de origem do imigrante; 
b) do defensor constituído do deportando, quando houver, para apresentação de 
defesa técnica no prazo de dez dias; e 
c) da Defensoria Pública da União, na ausência de defensor constituído, para 
apresentação de defesa técnica no prazo de vinte dias (Regulamento, art. 188, § 1º) 
A causa da deportação é o não cumprimento dos requisitos necessários para o ingresso 
regular ou para a permanência do estrangeiro no país. 
Nos termos do art. 50, § 1º, da Lei de Migração, a deportação “será precedida de notificação pessoal 
ao deportando, da qual constem, expressamente, as irregularidades verificadas e prazo para a 
regularização não inferior a 60 (sessenta) dias, podendo ser prorrogado, por igual período, por 
despacho fundamentado e mediante compromisso de a pessoa manter atualizadas suas informações 
domiciliares”. 
• Tal notificação não impede a livre circulação da pessoa pelo território nacional, devendo o 
deportando apenas informar o seu domicílio e suas atividades (art. 50, § 2º). 
• Vencido o prazo de 60 dias referido pelo art. 50, § 1º, sem que se regularize a situação 
migratória, a deportação poderá ser executada (art. 50, § 3º). 
• A saída voluntária da pessoa notificada para deixar o país equivale ao cumprimento da 
notificação de deportação para todos os fins (art. 50, § 5º). 
Nos termos da Lei de Migração não há mais a possibilidade de prisão da pessoa enquanto não 
efetivada a deportação. Isso significa que vencido o prazo de 60 dias sem que o deportando 
regularize sua situação migratória, a deportação poderá ser executada, sem que fique preso 
durante esse período (art. 50, §§ 1º e 3º). 
• A deportação tem efeitos imediatos (automáticos), uma vez verificada a causa que a 
legitimou. 
• Uma vez esgotado o prazo deve o Departamento da Polícia Federal proceder à imediata 
deportação do estrangeiro, para o país de sua nacionalidade ou de sua procedência 
• Nada impedeque o deportado retorne posteriormente ao nosso país, desde que com sua 
documentação regularizada, uma vez que a medida não é punitiva, mas administrativa. 
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É vedada a deportação de estrangeiros se esta implicar extradição não admitida pela legislação 
brasileira, segundo dispõe o art. 53 da Lei de Migração. Trata-se do caso em que o estrangeiro está 
sendo deportado para país em que foi processado (ou já se encontra condenado) por crime que, 
segundo a legislação brasileira, não autoriza a extradição. 
Segundo Mazzuoli, o estrangeiro poderá invocar essa disposição legal a seu favor dentro do prazo 
concedido para a sua saída do país; o pedido (assim como eventual habeas corpus) deve ser 
conhecido pelo Juízo Federal de primeira instância. 
 Também não se descarta a utilização, pelo estrangeiro, do instrumento do mandado de segurança 
como meio de controlar o ato administrativo e garantir direito líquido e certo seu. A deportação é 
sempre realizada individualmente, não se admitindo qualquer tipo de deportação coletiva (de 
pessoas ou grupos de pessoas). 
 
Resumindo: 
A deportação é a determinação de saída compulsória de estrangeiro que ingressou de 
modo irregular no território nacional ou que, apesar da entrada regular, sua estadiaencontra-se irregular (v.g., expiração do prazo de permanência, desempenho de 
atividade vedada, como o trabalho etc.). 
 O estrangeiro é notificado e lhe é dado prazo para a saída do Brasil. Vencido o prazo de 
saída voluntária da pessoa notificada, a deportação poderá ser executada, de acordo com 
o art. 50, § 3º, da Lei n. 13.445/2017. Não é possível, de acordo com o art. 53 da Lei n. 
13.445/2017, a deportação como substituto de extradição não admitida. 
 Assim, criminoso estrangeiro procurado pelo estado de sua nacionalidade, que ingressa 
de modo irregular em nosso território, deve ser submetido a processo de extradição, que 
prevalece sobre a deportação. Caso contrário, haveria o risco de violação da regra da 
vedação da deportação como sucedâneo da extradição proibida. 
Conforme Accioly, “foi o que ocorreu, aparentemente, no caso noticiado em 2005 do criminoso 
norte-americano Jesse James Hollywood, que, do Rio de Janeiro, foi deportado pelo Brasil, com 
destino aos Estados Unidos, para ser submetido a eventual pena de morte. A extradição, no caso, só 
ocorreria se os Estados Unidos aceitassem o compromisso de comutar a pena capital em pena 
privativa de liberdade. Consequentemente, a deportação, como foi feita, violou o art. 63 da Lei n. 
6.815/80, que hoje é reproduzido no art. 53 acima citado. “ 
As diferenças entre a deportação e a expulsão existem quanto à causa, quanto ao processo e ainda 
quanto aos efeitos. Neste último caso, vê-se que, na deportação, o estrangeiro pode reingressar no 
país, bastando que cumpra os requisitos legais ou previstos em tratado específico. 
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 Quando ocorrer expulsão, conforme veremos, para que seja possível a volta do indivíduo em 
questão ao território do estado, é necessário o cumprimento do prazo de impedimento de 
reingresso, que consta do ato administrativo de expulsão. 
O prazo de impedimento de reingresso será proporcional à pena criminal aplicada e nunca será 
superior ao dobro do seu tempo. 
 
6. EXPULSÃO. 
A expulsão é a medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou visitante do 
território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado (Lei de 
Migração, art. 54, caput). 
Com a expulsão, o Estado retira de seu território (impedindo que a este retorne por 
prazo determinado) o estrangeiro que cometeu crimes graves no país, atentando, 
portanto, contra dignidade nacional, a segurança e a tranquilidade do Estado, ainda que 
neste tenha ingressado regularmente. 
 
Nos termos do art. 54, § 1º, da Lei de Migração, poderá dar causa à expulsão: 
1. A condenação com sentença transitada em julgado relativa à prática de crime de genocídio, 
2. Crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos 
pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (inc. I), ou de 
3. Crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a gravidade e 
as possibilidades de ressocialização em território nacional (inc. II). 
A expulsão não é pena no sentido criminal, uma vez que o legislador brasileiro não a incluiu no elenco 
dessas medidas jurídico-penais. Ou seja, a expulsão não figura entre as penas principais e acessórias 
previstas nos arts. 32 a 52 do Código Penal, apesar de seus pressupostos autorizadores não 
prescindirem da configuração de um ilícito penal. 
A expulsão é medida político-administrativa de salvaguarda da ordem pública e do interesse social 
decorrente do poder de polícia do Estado, sem qualquer intervenção do Poder Judiciário no que 
tange ao mérito da decisão. 
Trata-se de medida administrativa discricionária e não de ato arbitrário do governo. A diferença é 
que, nesse último caso, não existem condições nem limites à atuação do Executivo, enquanto 
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naquela (na medida discricionária) o governo está condicionado às hipóteses previstas em lei, sendo 
o seu ato irrestrito tão somente no que toca à conveniência e oportunidade da medida. 
A discricionariedade é permissiva da medida, não estando o governo obrigado a procedê-la, mesmo 
nos casos em que todos os requisitos necessários à sua realização se façam presentes. Daí a redação 
do art. 54, § 1º, da Lei de Migração, segundo o qual “poderá dar causa à expulsão” a condenação 
relativa aos crimes que estabelece. 
Cabe ao Ministro da Justiça e Segurança Pública resolver sobre a expulsão, a duração do 
impedimento de reingresso e a suspensão ou a revogação dos efeitos da expulsão, observado o 
disposto na Lei de Migração (art. 54, § 2º). 
 O Inquérito Policial de Expulsão será instaurado pela Polícia Federal, de ofício ou por 
determinação do Ministro da Justiça e Segurança Pública, de requisição ou de 
requerimento fundamentado em sentença, e terá como objetivo produzir relatório final 
sobre a pertinência ou não da medida de expulsão, com o levantamento de subsídios para 
a decisão, realizada pelo Ministro da Justiça e Segurança Pública, acerca (a) da existência 
de condição de inexpulsabilidade, (b) da existência de medidas de ressocialização, se 
houver execução de pena, e (c) da gravidade do ilícito penal cometido (Regulamento, art. 
195, § 1º, incs. I a III. 
Iniciado o processo de expulsão, o expulsando será notificado da sua instauração, além da data e 
do horário fixados para o seu interrogatório (Regulamento, art. 197). 
Se o expulsando não for encontrado, a Polícia Federal dará publicidade à instauração do Inquérito 
Policial de Expulsão em seu sítio eletrônico e tal publicação será considerada como notificação para 
todos os atos do referido procedimento (art. 197, parágrafo único). 
Na hipótese de expulsando preso fora das dependências da Polícia Federal, a sua presença na 
repartição policial será solicitada ao juízo de execuções penais, sem prejuízo da autorização para 
realização de qualificação e interrogatório no estabelecimento penitenciário (art. 198). O 
expulsando que, regularmente notificado, não se apresentar ao interrogatório será considerado 
revel e a sua defesa caberá à Defensoria Pública da União ou, em sua ausência, a defensor dativo 
(art. 199). Na hipótese de revelia e de o expulsando se encontrar em lugar incerto e não sabido, a 
Polícia Federal providenciará a qualificação indireta do expulsando (art. 199, parágrafo único). 
A Lei de Migração destaca que o processamento da expulsão em caso de crime comum 
não prejudica a progressão de regime, o cumprimento da pena, a suspensão condicional 
do processo, a comutação da pena ou a concessão de pena alternativa, de indulto 
coletivo ou individual, de anistia ou de quaisquer benefícios concedidos em igualdade 
de condições ao nacional brasileiro (art. 54, § 3º). Aduz, também, que o prazo de 
vigência da medida de impedimento vinculada aos efeitos da expulsão será 
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proporcional ao prazo total da pena aplicada e nunca será superior ao dobro de seu 
tempo (art. 54, § 4º). 
O estrangeiro expulso é encaminhado para qualquer país que o aceite, embora somente o seu 
Estado patrial tenha o dever de recebê-lo. Sendo apátrida o estrangeiro, o Estado deve encaminhá-
lo para o país da nacionalidade perdida, podendo também encaminhá-lo para o país de onde 
anteriormente proveio. O que não pode o Estado fazer é enviá-lo para terceiro Estado onde esteja 
o estrangeiro sendo procurado pela prática de algum crime, como forma devingança, o que se 
configuraria em flagrante arbitrariedade estatal. 
Ao contrário da deportação, a expulsão não tem efeitos imediatos. Sua decretação (ou 
revogação) depende, no que toca à conveniência e oportunidade, de ato formal do Poder 
Executivo. O governo, portanto, não é obrigado a expulsar. Ele poderá fazê-lo, se assim 
entender necessário (conveniente ou oportuno), sendo certo que essa discricionariedade 
varia de governo a governo. É evidente, porém, que discricionariedade não é o mesmo 
que arbitrariedade; assim, não pode o governo expulsar sem causa definida em lei ou em 
violação das liberdades individuais garantidas pela Constituição ou por tratados 
internacionais. 
Nos termos do art. 55, inc. II, da Lei de Migração, não se procederá à expulsão quando o 
expulsando: 
• tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva 
ou tiver pessoa brasileira sob sua tutela; 
• tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem discriminação alguma, reconhecido 
judicial ou legalmente; 
• tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de idade, residindo desde então no país 
• ou d) for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida no País há mais de 10 (dez) anos, 
considerados a gravidade e o fundamento da expulsão. 
Conforme vimos, não há deportação nem expulsão de cidadão brasileiro (nato ou naturalizado). A 
expulsão é medida reconhecidamente inaplicável aos nacionais de um Estado. 
Segundo Mazzuoli, 
 “O banimento, que é pena excepcional, consistente no envio compulsório de brasileiro 
para o exterior, foi felizmente abolido do nosso sistema jurídico pelo art. 5º, inc. XLVII, 
alínea d, da Constituição de 1988. Também não há o Brasil o desterro, que consiste no 
confinamento do nacional dentro do próprio território do Estado, o que não significa 
prisão, mas sim que se tem a cidade onde se está por ménage (é dizer, por morada 
obrigatória). Foi o que ocorreu com o ex-presidente Jânio Quadros, que, no ano de 1968, 
foi compelido pelo regime militar a restar confinado (desterrado) por 120 dias (no Hotel 
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Santa Mônica, na cidade de Corumbá) no interior do que hoje é o Estado de Mato Grosso 
do Sul. “ 
No processo de expulsão são garantidos o contraditório e a ampla defesa (Lei de Migração, art. 
58). Além disso, a Defensoria Pública da União será notificada da instauração do processo de 
expulsão, se não houver defensor constituído (§ 1º). Caberá pedido de reconsideração da decisão 
sobre a expulsão no prazo de 10 (dez) dias, a contar da notificação pessoal do expulsando (§ 2º). 
 
LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA DESTACADAS 
LEGISLAÇÃO 
Conforme vimos, encontramos o instituto da extradição na Constituição Federal em seu art. 5º,incisos 
LI e LII, com especial proteção aos brasileiros de uma possível extradição, salvo o naturalizado, em 
caso de crime comum, antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito 
de entorpecentes e drogas afins (a qualquer tempo.) Fica também protegido da extradição um 
estrangeiro que tenha cometido crime político ou de opinião. 
 
 
Vejamos: 
Art. 5º, LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime 
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião 
 
Pela importância da Lei de Migração e por ser uma lei relativamente nova, vamos grifar seus principais 
aspectos: 
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LEI Nº 13.445, DE 24 DE MAIO DE 2017. 
 
 
Institui a Lei de Migração. 
Seção III 
Do Asilado 
Art. 27. O asilo político, que constitui ato discricionário do Estado, poderá ser diplomático ou 
territorial e será outorgado como instrumento de proteção à pessoa. 
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre as condições para a concessão e a manutenção de asilo. 
Art. 28. Não se concederá asilo a quem tenha cometido crime de genocídio, crime contra a 
humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos do Estatuto de Roma do Tribunal Penal 
Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto nº 4.388, de 25 de setembro de 2002 . 
Art. 29. A saída do asilado do País sem prévia comunicação implica renúncia ao asilo. 
Seção IV 
Da Autorização de Residência 
Art. 30. A residência poderá ser autorizada, mediante registro, ao imigrante, ao residente fronteiriço 
ou ao visitante que se enquadre em uma das seguintes hipóteses: 
I - a residência tenha como finalidade: 
a) pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; 
b) tratamento de saúde; 
c) acolhida humanitária; 
d) estudo; 
e) trabalho; 
f) férias-trabalho; 
g) prática de atividade religiosa ou serviço voluntário; 
h) realização de investimento ou de atividade com relevância econômica, social, científica, 
tecnológica ou cultural; 
i) reunião familiar; 
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II - a pessoa: 
a) seja beneficiária de tratado em matéria de residência e livre circulação; 
b) seja detentora de oferta de trabalho; 
c) já tenha possuído a nacionalidade brasileira e não deseje ou não reúna os requisitos para 
readquiri-la; 
d) (VETADO); 
e) seja beneficiária de refúgio, de asilo ou de proteção ao apátrida; 
f) seja menor nacional de outro país ou apátrida, desacompanhado ou abandonado, que se encontre 
nas fronteiras brasileiras ou em território nacional; 
g) tenha sido vítima de tráfico de pessoas, de trabalho escravo ou de violação de direito agravada por 
sua condição migratória; 
h) esteja em liberdade provisória ou em cumprimento de pena no Brasil; 
III - outras hipóteses definidas em regulamento. 
§ 1º Não se concederá a autorização de residência a pessoa condenada criminalmente no Brasil ou no 
exterior por sentença transitada em julgado, desde que a conduta esteja tipificada na legislação penal 
brasileira, ressalvados os casos em que: 
I - a conduta caracterize infração de menor potencial ofensivo; 
II - (VETADO); ou 
III - a pessoa se enquadre nas hipóteses previstas nas alíneas “b”, “c” e “i” do inciso I e na alínea “a” 
do inciso II do caput deste artigo. 
§ 2º O disposto no § 1º não obsta progressão de regime de cumprimento de pena, nos termos da Lei 
nº 7.210, de 11 de julho de 1984 , ficando a pessoa autorizada a trabalhar quando assim exigido pelo novo 
regime de cumprimento de pena. 
§ 3º Nos procedimentos conducentes ao cancelamento de autorização de residência e no recurso 
contra a negativa de concessão de autorização de residência devem ser respeitados o contraditório e a 
ampla defesa. 
Art. 31. Os prazos e o procedimento da autorização de residência de que trata o art. 30 serão 
dispostos em regulamento, observado o disposto nesta Lei. 
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§ 1º Será facilitada a autorização de residência nas hipóteses das alíneas “a” e “e” do inciso I do art. 
30 desta Lei, devendo a deliberação sobre a autorização ocorrer em prazo não superior a 60 (sessenta) 
dias, a contar de sua solicitação. 
§ 2º Nova autorização de residência poderá ser concedida, nos termos do art. 30, mediante 
requerimento. 
§ 3º O requerimento de nova autorização deresidência após o vencimento do prazo da autorização 
anterior implicará aplicação da sanção prevista no inciso II do art. 109. 
§ 4º O solicitante de refúgio, de asilo ou de proteção ao apátrida fará jus a autorização provisória de 
residência até a obtenção de resposta ao seu pedido. 
§ 5º Poderá ser concedida autorização de residência independentemente da situação migratória. 
Art. 32. Poderão ser cobradas taxas pela autorização de residência. 
Art. 33. Regulamento disporá sobre a perda e o cancelamento da autorização de residência em razão 
de fraude ou de ocultação de condição impeditiva de concessão de visto, de ingresso ou de permanência 
no País, observado procedimento administrativo que garanta o contraditório e a ampla defesa. 
Art. 34. Poderá ser negada autorização de residência com fundamento nas hipóteses previstas nos 
incisos I, II, III, IV e IX do art. 45. 
Art. 35. A posse ou a propriedade de bem no Brasil não confere o direito de obter visto ou 
autorização de residência em território nacional, sem prejuízo do disposto sobre visto para realização de 
investimento. 
Art. 36. O visto de visita ou de cortesia poderá ser transformado em autorização de residência, 
mediante requerimento e registro, desde que satisfeitos os requisitos previstos em regulamento. 
(...) 
Seção II 
Do Impedimento de Ingresso 
Art. 44. (VETADO). 
Art. 45. Poderá ser impedida de ingressar no País, após entrevista individual e mediante ato 
fundamentado, a pessoa: 
I - anteriormente expulsa do País, enquanto os efeitos da expulsão vigorarem; 
II - condenada ou respondendo a processo por ato de terrorismo ou por crime de genocídio, crime 
contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de 
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Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto nº 4.388, de 25 de setembro 
de 2002 ; 
III - condenada ou respondendo a processo em outro país por crime doloso passível de extradição 
segundo a lei brasileira; 
IV - que tenha o nome incluído em lista de restrições por ordem judicial ou por compromisso 
assumido pelo Brasil perante organismo internacional; 
V - que apresente documento de viagem que: 
a) não seja válido para o Brasil; 
b) esteja com o prazo de validade vencido; ou 
c) esteja com rasura ou indício de falsificação; 
VI - que não apresente documento de viagem ou documento de identidade, quando admitido; 
VII - cuja razão da viagem não seja condizente com o visto ou com o motivo alegado para a isenção 
de visto; 
VIII - que tenha, comprovadamente, fraudado documentação ou prestado informação falsa por 
ocasião da solicitação de visto; ou 
IX - que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal. 
Parágrafo único. Ninguém será impedido de ingressar no País por motivo de raça, religião, 
nacionalidade, pertinência a grupo social ou opinião política. 
CAPÍTULO V 
DAS MEDIDAS DE RETIRADA COMPULSÓRIA 
Seção I 
Disposições Gerais 
Art. 46. A aplicação deste Capítulo observará o disposto na Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997 , e 
nas disposições legais, tratados, instrumentos e mecanismos que tratem da proteção aos apátridas ou de 
outras situações humanitárias. 
Art. 47. A repatriação, a deportação e a expulsão serão feitas para o país de nacionalidade ou de 
procedência do migrante ou do visitante, ou para outro que o aceite, em observância aos tratados dos 
quais o Brasil seja parte. 
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Art. 48. Nos casos de deportação ou expulsão, o chefe da unidade da Polícia Federal poderá 
representar perante o juízo federal, respeitados, nos procedimentos judiciais, os direitos à ampla defesa e 
ao devido processo legal. 
Seção II 
Da Repatriação 
Art. 49. A repatriação consiste em medida administrativa de devolução de pessoa em situação de 
impedimento ao país de procedência ou de nacionalidade. 
§ 1º Será feita imediata comunicação do ato fundamentado de repatriação à empresa transportadora 
e à autoridade consular do país de procedência ou de nacionalidade do migrante ou do visitante, ou a 
quem o representa. 
§ 2º A Defensoria Pública da União será notificada, preferencialmente por via eletrônica, no caso do § 
4º deste artigo ou quando a repatriação imediata não seja possível. 
§ 3º Condições específicas de repatriação podem ser definidas por regulamento ou tratado, 
observados os princípios e as garantias previstos nesta Lei. 
§ 4º Não será aplicada medida de repatriação à pessoa em situação de refúgio ou de apatridia, de 
fato ou de direito, ao menor de 18 (dezoito) anos desacompanhado ou separado de sua família, exceto nos 
casos em que se demonstrar favorável para a garantia de seus direitos ou para a reintegração a sua família 
de origem, ou a quem necessite de acolhimento humanitário, nem, em qualquer caso, medida de 
devolução para país ou região que possa apresentar risco à vida, à integridade pessoal ou à liberdade da 
pessoa. 
§ 5º (VETADO). 
Seção III 
Da Deportação 
Art. 50. A deportação é medida decorrente de procedimento administrativo que consiste na retirada 
compulsória de pessoa que se encontre em situação migratória irregular em território nacional. 
§ 1º A deportação será precedida de notificação pessoal ao deportando, da qual constem, 
expressamente, as irregularidades verificadas e prazo para a regularização não inferior a 60 (sessenta) dias, 
podendo ser prorrogado, por igual período, por despacho fundamentado e mediante compromisso de a 
pessoa manter atualizadas suas informações domiciliares. 
§ 2º A notificação prevista no § 1º não impede a livre circulação em território nacional, devendo o 
deportando informar seu domicílio e suas atividades. 
§ 3º Vencido o prazo do § 1º sem que se regularize a situação migratória, a deportação poderá ser 
executada. 
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§ 4º A deportação não exclui eventuais direitos adquiridos em relações contratuais ou decorrentes da 
lei brasileira. 
§ 5º A saída voluntária de pessoa notificada para deixar o País equivale ao cumprimento da 
notificação de deportação para todos os fins. 
§ 6º O prazo previsto no § 1º poderá ser reduzido nos casos que se enquadrem no inciso IX do art. 45. 
Art. 51. Os procedimentos conducentes à deportação devem respeitar o contraditório e a ampla 
defesa e a garantia de recurso com efeito suspensivo. 
§ 1º A Defensoria Pública da União deverá ser notificada, preferencialmente por meio eletrônico, para 
prestação de assistência ao deportando em todos os procedimentos administrativos de deportação. 
§ 2º A ausência de manifestação da Defensoria Pública da União, desde que prévia e devidamente 
notificada, não impedirá a efetivação da medida de deportação. 
Art. 52. Em se tratando de apátrida, o procedimento de deportação dependerá de prévia autorização 
da autoridade competente. 
Art. 53. Não se procederá à deportação se a medida configurar extradição não admitida pela 
legislação brasileira. 
Seção IV 
Da Expulsão 
Art. 54. A expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou 
visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado. 
§ 1º Poderá dar causa à expulsão a condenação com sentença transitada em julgado relativa à 
prática de: 
I - crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nostermos 
definidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto nº 
4.388, de 25 de setembro de 2002 ; ou 
II - crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a gravidade e as 
possibilidades de ressocialização em território nacional. 
§ 2º Caberá à autoridade competente resolver sobre a expulsão, a duração do impedimento de 
reingresso e a suspensão ou a revogação dos efeitos da expulsão, observado o disposto nesta Lei. 
§ 3º O processamento da expulsão em caso de crime comum não prejudicará a progressão de regime, 
o cumprimento da pena, a suspensão condicional do processo, a comutação da pena ou a concessão de 
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pena alternativa, de indulto coletivo ou individual, de anistia ou de quaisquer benefícios concedidos em 
igualdade de condições ao nacional brasileiro. 
§ 4º O prazo de vigência da medida de impedimento vinculada aos efeitos da expulsão será 
proporcional ao prazo total da pena aplicada e nunca será superior ao dobro de seu tempo. 
Art. 55. Não se procederá à expulsão quando: 
I - a medida configurar extradição inadmitida pela legislação brasileira; 
II - o expulsando: 
a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva ou tiver 
pessoa brasileira sob sua tutela; 
b) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem discriminação alguma, reconhecido judicial 
ou legalmente; 
c) tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de idade, residindo desde então no País; 
d) for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida no País há mais de 10 (dez) anos, 
considerados a gravidade e o fundamento da expulsão; ou 
e) (VETADO). 
Art. 56. Regulamento definirá procedimentos para apresentação e processamento de pedidos de 
suspensão e de revogação dos efeitos das medidas de expulsão e de impedimento de ingresso e 
permanência em território nacional. 
Art. 57. Regulamento disporá sobre condições especiais de autorização de residência para viabilizar 
medidas de ressocialização a migrante e a visitante em cumprimento de penas aplicadas ou executadas em 
território nacional. 
Art. 58. No processo de expulsão serão garantidos o contraditório e a ampla defesa. 
§ 1º A Defensoria Pública da União será notificada da instauração de processo de expulsão, se não 
houver defensor constituído. 
§ 2º Caberá pedido de reconsideração da decisão sobre a expulsão no prazo de 10 (dez) dias, a contar 
da notificação pessoal do expulsando. 
Art. 59. Será considerada regular a situação migratória do expulsando cujo processo esteja pendente 
de decisão, nas condições previstas no art. 55. 
Art. 60. A existência de processo de expulsão não impede a saída voluntária do expulsando do País. 
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Seção V 
Das Vedações 
Art. 61. Não se procederá à repatriação, à deportação ou à expulsão coletivas. 
Parágrafo único. Entende-se por repatriação, deportação ou expulsão coletiva aquela que não 
individualiza a situação migratória irregular de cada pessoa. 
Art. 62. Não se procederá à repatriação, à deportação ou à expulsão de nenhum indivíduo quando 
subsistirem razões para acreditar que a medida poderá colocar em risco a vida ou a integridade pessoal. 
CAPÍTULO VI 
DA OPÇÃO DE NACIONALIDADE E DA NATURALIZAÇÃO 
Seção I 
Da Opção de Nacionalidade 
Art. 63. O filho de pai ou de mãe brasileiro nascido no exterior e que não tenha sido registrado em 
repartição consular poderá, a qualquer tempo, promover ação de opção de nacionalidade. 
Parágrafo único. O órgão de registro deve informar periodicamente à autoridade competente os 
dados relativos à opção de nacionalidade, conforme regulamento. 
Seção II 
Das Condições da Naturalização 
Art. 64. A naturalização pode ser: 
I - ordinária; 
II - extraordinária; 
III - especial; ou 
IV - provisória. 
Art. 65. Será concedida a naturalização ordinária àquele que preencher as seguintes condições: 
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; 
II - ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 (quatro) anos; 
III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e 
IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei. 
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Art. 66. O prazo de residência fixado no inciso II do caput do art. 65 será reduzido para, no mínimo, 1 
(um) ano se o naturalizando preencher quaisquer das seguintes condições: 
I - (VETADO); 
II - ter filho brasileiro; 
III - ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar dele separado legalmente ou de fato no 
momento de concessão da naturalização; 
IV - (VETADO); 
V - haver prestado ou poder prestar serviço relevante ao Brasil; ou 
VI - recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística. 
Parágrafo único. O preenchimento das condições previstas nos incisos V e VI do caput será avaliado 
na forma disposta em regulamento. 
Art. 67. A naturalização extraordinária será concedida a pessoa de qualquer nacionalidade fixada no 
Brasil há mais de 15 (quinze) anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeira a 
nacionalidade brasileira. 
Art. 68. A naturalização especial poderá ser concedida ao estrangeiro que se encontre em uma das 
seguintes situações: 
I - seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos, de integrante do Serviço Exterior 
Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior; ou 
II - seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular do Brasil por 
mais de 10 (dez) anos ininterruptos. 
Art. 69. São requisitos para a concessão da naturalização especial: 
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; 
II - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e 
III - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei. 
Art. 70. A naturalização provisória poderá ser concedida ao migrante criança ou adolescente que 
tenha fixado residência em território nacional antes de completar 10 (dez) anos de idade e deverá ser 
requerida por intermédio de seu representante legal. 
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Parágrafo único. A naturalização prevista no caput será convertida em definitiva se o naturalizando 
expressamente assim o requerer no prazo de 2 (dois) anos após atingir a maioridade. 
Art. 71. O pedido de naturalização será apresentado e processado na forma prevista pelo órgão 
competente do Poder Executivo, sendo cabível recurso em caso de denegação. 
§ 1º No curso do processo de naturalização, o naturalizando poderá requerer a tradução ou a 
adaptação de seu nome à língua portuguesa. 
§ 2º Será mantido cadastro com o nome traduzido ou adaptado associado ao nome anterior. 
Art. 72. No prazo de até 1 (um) ano após a concessão da naturalização, deverá o naturalizado 
comparecer perante a Justiça Eleitoral para o devido cadastramento. 
Seção III 
Dos Efeitos da Naturalização 
Art. 73. A naturalização produz efeitos após a publicação no Diário Oficial do ato de naturalização. 
Art. 74. (VETADO). 
Seção IV 
Da Perda da Nacionalidade 
Art. 75. O naturalizado perderá a nacionalidade em razão de condenaçãotransitada em julgado por 
atividade nociva ao interesse nacional, nos termos do inciso I do § 4º do art. 12 da Constituição Federal . 
Parágrafo único. O risco de geração de situação de apatridia será levado em consideração antes da 
efetivação da perda da nacionalidade. 
Seção V 
Da Reaquisição da Nacionalidade 
Art. 76. O brasileiro que, em razão do previsto no inciso II do § 4º do art. 12 da Constituição Federal , 
houver perdido a nacionalidade, uma vez cessada a causa, poderá readquiri-la ou ter o ato que declarou a 
perda revogado, na forma definida pelo órgão competente do Poder Executivo. 
CAPÍTULO VII 
DO EMIGRANTE 
Seção I 
Das Políticas Públicas para os Emigrantes 
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CAPÍTULO VIII 
DAS MEDIDAS DE COOPERAÇÃO 
Seção I 
Da Extradição 
Art. 81. A extradição é a medida de cooperação internacional entre o Estado brasileiro e outro Estado 
pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou 
para fins de instrução de processo penal em curso. 
§ 1º A extradição será requerida por via diplomática ou pelas autoridades centrais designadas para 
esse fim. 
§ 2º A extradição e sua rotina de comunicação serão realizadas pelo órgão competente do Poder 
Executivo em coordenação com as autoridades judiciárias e policiais competentes. 
Art. 82. Não se concederá a extradição quando: 
I - o indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for brasileiro nato; 
II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente; 
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando; 
IV - a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a 2 (dois) anos; 
V - o extraditando estiver respondendo a processo ou já houver sido condenado ou absolvido no 
Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido; 
VI - a punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente; 
VII - o fato constituir crime político ou de opinião; 
VIII - o extraditando tiver de responder, no Estado requerente, perante tribunal ou juízo de exceção; 
ou 
IX - o extraditando for beneficiário de refúgio, nos termos da Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997 , ou 
de asilo territorial. 
§ 1º A previsão constante do inciso VII do caput não impedirá a extradição quando o fato constituir, 
principalmente, infração à lei penal comum ou quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir 
o fato principal. 
§ 2º Caberá à autoridade judiciária competente a apreciação do caráter da infração. 
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§ 3º Para determinação da incidência do disposto no inciso I, será observada, nos casos de aquisição 
de outra nacionalidade por naturalização, a anterioridade do fato gerador da extradição. 
§ 4º O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar crime político o atentado contra chefe 
de Estado ou quaisquer autoridades, bem como crime contra a humanidade, crime de guerra, crime de 
genocídio e terrorismo. 
§ 5º Admite-se a extradição de brasileiro naturalizado, nas hipóteses previstas na Constituição 
Federal. 
Art. 83. São condições para concessão da extradição: 
I - ter sido o crime cometido no território do Estado requerente ou serem aplicáveis ao extraditando 
as leis penais desse Estado; e 
II - estar o extraditando respondendo a processo investigatório ou a processo penal ou ter sido 
condenado pelas autoridades judiciárias do Estado requerente a pena privativa de liberdade. 
Art. 84. Em caso de urgência, o Estado interessado na extradição poderá, previamente ou 
conjuntamente com a formalização do pedido extradicional, requerer, por via diplomática ou por meio de 
autoridade central do Poder Executivo, prisão cautelar com o objetivo de assegurar a executoriedade da 
medida de extradição que, após exame da presença dos pressupostos formais de admissibilidade exigidos 
nesta Lei ou em tratado, deverá representar à autoridade judicial competente, ouvido previamente o 
Ministério Público Federal. 
§ 1º O pedido de prisão cautelar deverá conter informação sobre o crime cometido e deverá ser 
fundamentado, podendo ser apresentado por correio, fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro meio 
que assegure a comunicação por escrito. 
§ 2º O pedido de prisão cautelar poderá ser transmitido à autoridade competente para extradição no 
Brasil por meio de canal estabelecido com o ponto focal da Organização Internacional de Polícia Criminal 
(Interpol) no País, devidamente instruído com a documentação comprobatória da existência de ordem de 
prisão proferida por Estado estrangeiro, e, em caso de ausência de tratado, com a promessa de 
reciprocidade recebida por via diplomática. 
§ 3º Efetivada a prisão do extraditando, o pedido de extradição será encaminhado à autoridade 
judiciária competente. 
§ 4º Na ausência de disposição específica em tratado, o Estado estrangeiro deverá formalizar o 
pedido de extradição no prazo de 60 (sessenta) dias, contado da data em que tiver sido cientificado da 
prisão do extraditando. 
§ 5º Caso o pedido de extradição não seja apresentado no prazo previsto no § 4º, o extraditando 
deverá ser posto em liberdade, não se admitindo novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato sem que 
a extradição tenha sido devidamente requerida. 
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§ 6º A prisão cautelar poderá ser prorrogada até o julgamento final da autoridade judiciária 
competente quanto à legalidade do pedido de extradição. 
Art. 85. Quando mais de um Estado requerer a extradição da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá 
preferência o pedido daquele em cujo território a infração foi cometida. 
§ 1º Em caso de crimes diversos, terá preferência, sucessivamente: 
I - o Estado requerente em cujo território tenha sido cometido o crime mais grave, segundo a lei 
brasileira; 
II - o Estado que em primeiro lugar tenha pedido a entrega do extraditando, se a gravidade dos 
crimes for idêntica; 
III - o Estado de origem, ou, em sua falta, o domiciliar do extraditando, se os pedidos forem 
simultâneos. 
§ 2º Nos casos não previstos nesta Lei, o órgão competente do Poder Executivo decidirá sobre a 
preferência do pedido, priorizando o Estado requerente que mantiver tratado de extradição com o Brasil. 
§ 3º Havendo tratado com algum dos Estados requerentes, prevalecerão suas normas no que diz 
respeito à preferência de que trata este artigo. 
Art. 86. O Supremo Tribunal Federal, ouvido o Ministério Público, poderá autorizar prisão albergue ou 
domiciliar ou determinar que o extraditando responda ao processo de extradição em liberdade, com 
retenção do documento de viagem ou outras medidas cautelares necessárias, até o julgamento da 
extradição ou a entrega do extraditando, se pertinente, considerando a situação administrativa migratória, 
os antecedentes do extraditando e as circunstâncias do caso. 
Art. 87. O extraditando poderá entregar-se voluntariamente ao Estado requerente, desde que o 
declare expressamente, esteja assistido por advogado e seja advertido de que tem direito ao processo 
judicial de extradição e à proteção que tal direito encerra, caso em que o pedido será decidido pelo 
Supremo Tribunal Federal. 
Art. 88. Todo pedido que possa originar processo de extradição em face de Estado estrangeiro deverá 
ser encaminhado ao órgão competente do Poder Executivo diretamente pelo órgão

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